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GRAZIELE TUANE DOS SANTOS RA: 8089632 TURMA: DGMAT1901BHOA0S FUNÇÕES DE DUAS OU MAIS VARIÁVEIS, SUAS DERIVADAS E INTEGRAIS BELO HORIZONTE 2021 GRAZIELE TUANE DOS SANTOS RA: 8089632 TURMA: DGMAT1901BHOA0S FUNÇÕES DE DUAS OU MAIS VARIÁVEIS, SUAS DERIVADAS E INTEGRAIS Projeto apresentado ao Centro Universitário Claretiano para a disciplina de Cálculo Diferencial e Integral: funções de várias variáveis, ministrada pelo tutor Sergio Luís Balthazar . BELO HORIZONTE 2021 INTRODUÇÃO A gênese de muitas descobertas matemáticas que nos beneficia até os dias atuais ocorreu num passado bastante remoto. Várias pessoas ligadas à matemática, seja pelo profissionalismo ou mesmo pela simples admiração pela ciência das formas e nos números, contribuíram para a sua evolução, dedicando seu tempo, seus esforços e doando ao mundo um pouco da sua capacidade intelectual. O conhecimento matemático evolui pela sua disseminação, pelo compartilhamento, assim como todo conhecimento. Uma das principais motivações para a introdução da ideia de função é a noção de trajetória, que associa um movimento a uma curva que poderá ser expressa por meio de uma equação”. Os problemas envolvendo as funções reais de várias variáveis reais independentes aparecem com mais frequência do que as funções reais de uma variável real em nosso dia a dia. Suas derivadas são mais variadas e interessantes por causa das diferentes maneiras como as variáveis podem interagir. O Cálculo Diferencial e Integral deu um grande passo com o surgimento das funções de várias variáveis. Muitas pessoas se perguntam onde irão utilizar tal fórmula. O Cálculo está presente em nossas vidas, mais do que imaginamos. Ele é uma das grandes realizações do intelecto humano. Inspirados por problemas de astronomia, Newton e Leibniz desenvolveram as ideias de Cálculo há 300 anos. Desde então cada século demonstrou o poder do Cálculo para iluminar questões de Matemática, das ciências físicas, sociais e biológicas. OBJETIVOS Compreender a história de funções de duas ou mais variáveis. Mostrar a aplicação das funções de várias variáveis em situações do cotidiano. ORIGEM DAS FUNÇÕES DE DUAS OU MAIS VARIÁVEIS Para entender a origem de funções de várias variáveis, primeiramente, é necessário fazer uma breve explanação do surgimento de funções matemáticas. Na antiguidade para o conceito de função, os matemáticos Babilônicos utilizavam tabelas de quadrados, raízes quadradas e cúbicas. Depois de Galileu (1564-1642), a ideia de variação em função do tempo se tornou fundamental na Física. Onde no início do século XVII, Descartes e Pierre Fermat introduziram as coordenadas cartesianas, se tornou possível transformar problemas geométricos em problemas algébricos. A matemática recebeu um grande impulso em sua aplicabilidade em outras ciências, tudo isso permitiu a criação de novas curvas e imagens geométricas definidas por relações entre variáveis. Simplificadamente tudo o que envolve uma taxa de variação pode ser entendida com uma derivada. Descartes (1596-1650) havia percebido que tomando infinitos valores para x, acham-se também infinitos valores para y. Assim, as quantidades que eram calculadas a partir de outra eram esboçadas graficamente por uma curva, num plano cartesiano. Aqui o conceito de função atual tomava forma, mas a restrição de relação de conjuntos de chegada e partida não era obedecida, como no caso da equação da circunferência, e que segundo Descartes poderia ser algo que ainda viria a ser chamada de função. As funções de Descartes eram limitadas as equações algébricas, o que seria expandido por Leibniz (1646-1716) mais tarde. Essa restrição cartesiana se tornara um inconveniente, já que a introdução das series infinitas no estudo das curvas possibilitou adicionar as curvas transcendentes neste estudo. A partir deste momento da história, as curvas passaram a ser expressas por séries e no século XVIII, tais séries se tornariam o principal objeto de estudo das relações entre variáveis quantificáveis. A definição formal de função veio, inicialmente em 1718, por um artigo de Bernoulli apresentado à Academia de Ciências de Paris: “Chamamos função de uma grandeza variável uma quantidade composta, de um modo qualquer, desta grandeza variável e de constantes” (BERNOULLI, 1718, apud ROQUE, 2012). Jacques Bernoulli encontrou a equação da isócrona, a curva plana ao longo da qual um objeto cai com velocidade uniforme. Ao publicar o trabalho no Acta Eruditorum em 1690, introduziu a palavra “integral”. A matematização da física com o progressivo emprego de técnicas de cálculo diferencial e integral deu origem à teoria de equações diferenciais, tema ao qual se dedicou Jacques Bernoulli. Este estudou equações diferenciais da forma 𝑦′ + 𝑃(𝑥) = 𝑄(𝑥)𝑦 , hoje conhecidas como “equações de Bernoulli”, resolvida por uma mudança de variáveis 𝑧 = 𝑥1−𝑛 e transformada em uma equação linear. É devido a Jacques Bernoulli o uso de coordenadas polares, o estudo da catenária (a curva descrita por uma corda apoiada em suas extremidades sob o efeito de seu próprio peso). Nesse interim, muitos matemáticos estudaram as relações de funções, relacionando-as ao Cálculo Diferencial e Integral. Um deles foi Leonhard Euler, que entendeu o papel e a estrutura de funções, estudou suas propriedades e definições rapidamente chegou à conclusão que a teoria de funções eram a chave para entender as equações diferenciais e desenvolver métodos para encontrar suas soluções. Uma das obras de Euler, em 1755, foi o primeiro livro a tratar de funções de maisde uma variável, onde seu principal objetivo não era o estudo de curvas e sim, de funções. Neste novo paradigma, a escolha de uma diferencial constante tem uma interpretação aparentemente simples: a variável independente terá diferencial constante; as outras variáveis serão funções da primeira e terão, em geral, diferenciais não constantes. Para entender a origem destas dificuldades, é necessário ter em conta que o cálculo diferencial de funções de duas variáveis não surgiu do estudo de superfícies, e sim de estudos (entre 1692 e 1740) de famílias de curvas, e em particular de problemas de trajectórias (por exemplo, trajectórias ortogonais a famílias de curvas).[...] Nesse contexto, ao contrário das utilizações mais típicas do cálculo diferencial, em que se estuda o comportamento local de uma função, as duas variáveis não têm comportamentos simétricos (uma das variáveis é o parâmetro da família de curvas) e não faz sentido tomar ambas com diferenciais constantes. Além disso, não faria muito sentido pensar em famílias de curvas como representadas por gráficos-superfícies, o que mais tarde terá limitado a intuição geométrica de Euler quando iniciou a sistematização do cálculo de funções de duas variáves. (DOMINGUES, 2013, p. 60). Euler, usando o seu conhecimento sobre funções, desenvolveu procedimentos para encontrar soluções de vários tipos de equações. Foi o primeiro a entender as propriedades e os papéis das funções exponenciais, logarítmicas, trigonométricas e muitas outras funções elementares. Euler também desenvolveu várias funções baseadas em soluções em séries de tipos especiais de equações diferenciais. Em 1739, desenvolveu um método de variação de parâmetros. Seu trabalho também inclui o uso de aproximações numéricas e o desenvolvimento de métodos numéricos, os quais promoveram soluções aproximadas para quase todas as equações. Euler então continuou aplicando o trabalho em mecânica que levou a modelos de equações diferenciais e soluções. Ampliando a definição de funções, os matemáticos foram capazes de estudar estranhos objetos matemáticos, tais como funções que não são diferenciáveis em qualquer de seus pontos. Tais funções, inicialmente foramtidas como puramente imaginárias e chamados geneticamente de “monstros”. Mas no final do século XX, foram identificadas como importantes para a construção de modelos físicos de fenômenos tais como o movimento browniano. Joseph Lagrange (1736-1814), também se dedicou às equações diferenciais e aos problemas de extremos. Ele corrigiu algumas definições de funções de mais variáveis. O método dos multiplicadores de Lagrange, hoje é usado para encontrar extremos da função 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) sujeita à condição 𝑔(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 0. O astrônomo, matemático e físico alemão Johannes Kepler (1571-1630) contribuiu grandemente através do desenvolvimento das suas três leis do movimento planetário. Estes resultados mudaram a astronomia e desempenharam um papel crucial no desenvolvimento da física newtoniana e do cálculo. Seu trabalho ajudou a desacreditar o modelo geocêntrico de Ptolomeu e ajudou a estabelecer a teoria heliocêntrica de Copérnico. Também montou o cenário para o surgimento da matemática aplicada em várias variáveis. Depois do desenvolvimento do cálculo de uma variável no século 17, sua aplicação para resolver problemas em um mundo multidimensional resultou na necessidade de generalização para incluir funções de mais de uma variável e cálculo de várias variáveis. O que seriam os análogos da derivada e da integral para funções de mais de uma variável? Jean d'Alembert (1717-1783) desenvolveu e usou o cálculo de várias variáveis para lidar com métodos para resolver equações diferenciais e movimento de corpos considerando a resistência do meio. De várias maneiras, usou os trabalhos de Newton, L'Hospital e dos Bernoullis para estender os conceitos de cálculo para várias variáveis. D'Alembert pesquisou nesta área e publicou muitos trabalhos em matemática e física matemática. Seu trabalho principal foi o Traité de dynamique (1743), o qual ajudou a fazer com que a diferenciação parcial fizesse parte do cálculo [...] (UFMG, 2014 apud SILVA NETO e GONÇALVES, p. 19). D’Alembert produziu ainda trabalhos sobre equações diferenciais. Seus estudos sobre as vibrações de uma corda o levaram à equação diferencial 𝜕2𝑢 𝜕𝑡2 = 𝑘2𝜕2𝑢 𝜕𝑥2 , fato que o faz ser considerado como um dos fundadores da teoria das equações diferenciais parciais, utilizando o Cálculo de várias variáveis. Em 1814, Cauchy apresentou à Academia Francesa um trabalho que continha os germes de sua teoria de variáveis complexas ou variáveis ‘imaginárias’, conforme a terminologia da época. A representação gráfica de uma função 𝑤 = 𝑓(𝑧), onde 𝑤 e 𝑧 são variáveis complexas, ao necessitar de quatro dimensões reais, impossibilitava o recurso `a visualização geométrica. Assim, Cauchy tinha noção de que um nível maior de abstração seria necessário para lidar com funções complexas, o que significaria também uma dose maior de rigor, direção na qual seu trabalho caminhou. Ao estabelecer novos conceitos e ferramentas, Cauchy transformou o estudo de funções de variáveis complexas em uma área com vida própria. Desde o nascimento do Cálculo diferencial e integral, os métodos dessa teoria foram usados para o estudo de curvas e superfícies. Gauss, em sua obra Disquisitiones circa superficies curvas (Investigações sobre superfícies curvas), de 1827, inovou o estudo da geometria de superfícies ao usar métodos analíticos para explorar suas propriedades locais. O texto de Gauss foi marcante no desenvolvimento da geometria diferencial, apontando direções para o avanço da teoria. Nele, Gauss inovou ao estudar superfícies partindo de suas equações paramétricas. O estudo das funções caminhava junto com o estudo das expressões analíticas, o que era reafirmado na época ao encontrar uma função dada uma curva. Contudo, uma mesma função pode ser representada por várias expressões analíticas diferentes num mesmo domínio. Ao resolver o problema físico, como era comum na época, Fourier desenvolveu um novo tipo de serie para o estudo das funções relacionadas ao problema do calor, porém nunca chegou a demostrar as suas afirmações. Mais tarde em 1837, Dirichlet (1805-1859) retomou o problema dando condições especiais para que a série de Fourier pudesse realmente ocorrer. Dessa maneira, as definições de funções foram desprendidas das ideias de expressões analíticas. Através de Dirichlet, surgiu-se uma nova definição de função aprimorada das ideias de Fourier, como sendo correspondência arbitrária entre variáveis que representam conjuntos numéricos. Uma função, então, tornou-se uma correspondência entre duas variáveis, de modo que, para qualquer valor da variável independente, haja um e apenas um valor da variável dependente. A partir daí a noção de função englobaria também as definições de teoria de conjuntos, satisfazendo as condições de unicidade entre os conjuntos numéricos, aumentando ainda mais o leque de funções conhecidas, já no século XX. Com o desenvolvimento paralelo da álgebra, a noção de função passa também a ser considerada como um caso especial de relação. Essa relação é entendida hoje em dia como uma sucessão de regras, deixando de lado o teor discursivo em suas definições. A eficiência do método analítico e os movimentos de álgebra na análise tornaram a função como peça fundamental da atividade matemática, física e química. A associação de funções com as representações de curvas e expressões fundadas nas ferramentas algébricas se revela tão bem-sucedido no passado que ainda hoje tem papel essencial na prática da Matemática atual. APLICAÇÕES Neste trabalho serão apresentados casos reais e momentos e aplicações que utilizamos cálculo sem nem mesmo perceber, ou dar devida atenção. Tendo como exemplos os aspectos observados vemos que podemos utilizar cálculos derivadas e limites em muitas situações de nosso dia a dia, e que as vezes por falta de conhecimento sequer imaginaríamos tal quantificação Matemática. A matemática não se limita, como pensam os leigos, a um conjunto de números munido de algumas propriedades e operações elementares, mas sim, em modelar situações reais. As funções multivariáveis podem ser aplicadas em várias situações do nosso cotidiano, como por exemplo: para calcular volumes (determinar o volume de uma piscina), estimar derramamentos de óleo em corpos d’água, calcular a pressão de um determinado gás, calcular as variações de preço de algum produto; entre outros. No que se refere ao estudo das técnicas da oceanografia operacional, temática escolhida para demonstrar uma aplicação do uso das funções multivariáveis, muitos estudos têm utilizado essa ferramenta para criar, disseminar e interpretar medições de mares e oceanos (temperatura à superfície da água, a intensidade e direção do vento ou correntes marítimas, altura e direção das ondas). Estas características são exemplos de dados espaço-temporais multivariáveis, porque para um determinado espaço e tempo, existem múltiplas variáveis com diferentes valores e magnitudes a serem representadas. Através dos pontos de máximo e mínimo, por exemplo, podemos determinar quais as dimensões de uma janela para ter a maior luminosidade possível; determinar a máxima produção de uma firma com um dado orçamento; a maior temperatura em uma chapa de metal aquecida; o maior volume de uma caixa sem tampa, se tivermos uma quantidade fixa de certo material etc. SITUAÇÕES-PROBLEMAS Exemplo 1: O único supermercado de uma pequena cidade do interior trabalha com duas marcas de suco de laranja, uma marca local que custa no atacado 30 centavos a garrafa e uma marca nacional muito conhecida que custa no atacado 40 centavos a garrafa. O dono do supermercado estima que, se cobrar x centavos pela garrafa da marca local e y centavos pela garrafa da marca nacional, venderá 70 − 5𝑥 + 4𝑦 garrafas da marca local e 80 + 6𝑥 − 7𝑦 garrafas da marca nacional por dia. Por quanto o dono do supermercado devevender as duas marcas de suco de laranja para maximizar o lucro? Solução: I. Compreender o problema Através da leitura do problema iremos extrair os dados e elementos desconhecidos. Determinar e interpretar os dados do problema. • O supermercado trabalha com duas marcas de suco de laranja; • Uma marca de suco de laranja local e uma marca nacional; • A marca de suco de laranja local custa no atacado 30 centavos a garrafa; • A marca de suco de laranja nacional custa no atacado 40 centavos a garrafa. O objetivo do problema é determinar por quanto o dono do supermercado deve vender as duas marcas de suco de laranja para maximizar o lucro. II. Construção do modelo matemático Determinar as variáveis: • A variável 𝑥 representa os centavos cobrados pela venda da garrafa da marca local e a variável y os centavos cobrados pela venda da garrafa da marca nacional. Construção da função que envolve duas variáveis: 𝐿𝑎𝑡𝑎𝑠 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑖𝑑𝑎𝑠 𝑑𝑎 𝑚𝑎𝑟𝑐𝑎 𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙 = (70 − 5𝑥 + 4𝑦) 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑙𝑎𝑡𝑎 𝑑𝑎 𝑚𝑎𝑟𝑐𝑎 𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙 = (𝑥 − 30) 𝐿𝑎𝑡𝑎𝑠 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑖𝑑𝑎𝑠 𝑑𝑎 𝑚𝑎𝑟𝑐𝑎 𝑛𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 = (80 + 6𝑥 − 7𝑦) 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑙𝑎𝑡𝑎 𝑑𝑎 𝑚𝑎𝑟𝑐𝑎 𝑛𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 = (𝑦 − 40) O lucro diário com a venda de suco de laranja é dado pela função: (lucro total) = (lucro com a venda da marca local) + (lucro com a venda da marca nacional) 𝑓(𝑥, 𝑦) = (70 − 5𝑥 + 4𝑦) . (𝑥 − 30) + (80 + 6𝑥 − 7𝑦) . (𝑦 − 40) III. Solução do modelo matemático 𝑓(𝑥, 𝑦) = (70 − 5𝑥 + 4𝑦) . (𝑥 − 30) + (80 + 6𝑥 − 7𝑦) . (𝑦 − 40) 𝑓(𝑥, 𝑦) = −5𝑥2 + 10𝑥𝑦 − 20𝑥 − 7𝑦2 + 240𝑦 − 5300 Calculamos as derivadas parciais e igualamos estas derivadas a zero: 𝑓𝑥 = −10𝑥 + 10𝑦 – 20 e 𝑓𝑦 = 10𝑥 − 14𝑦 + 240 𝑓𝑥 = 0 → −10𝑥 + 10𝑦 − 20 = 0 e 𝑓𝑦 = 0 → 10𝑥 − 14𝑦 + 240 = 0 Resolvemos este sistema de equações para obter 𝑥 = 53 e 𝑦 = 55. Assim, P (53, 55) é o único ponto crítico de 𝑓. O passo seguinte consiste em aplicar o teste das derivadas parciais de segunda ordem. Como 𝑓𝑥𝑥 = −10 𝑓𝑦𝑦 = −14 𝑒 𝑓𝑥𝑦 = 10 Obtemos | −10 10 10 −14 | = 140 − 100 = 40 IV. Interpretar a solução Como 𝐷(53, 55) = 40 > 0 𝑒 𝑓𝑥𝑥(53, 55) = −10 < 0 A conclusão é que 𝑓 possui um máximo (relativo) para 𝑥 = 53 , 𝑦 = 55. Em outras palavras, o dono do supermercado pode maximizar o lucro vendendo a marca local de suco de laranja por 53 centavos a garrafa e a marca nacional por 55 centavos a garrafa. Exemplo 2: Sabendo que o índice de calor (sensação de calor) 𝐼encontra-se em função da temperatura real 𝑇 e da umidade relativa 𝑇. A Temperatura real 𝑇é dada em (ºF) e a Umidade relativa 𝐻 em (%). Fornecemos, abaixo, a tabela de valores do Serviço Nacional de Previsão do Tempo norte-americano. Fonte: Stewart, 2007, p. 924. De acordo com a tabela, determine a aproximação linear para o índice de calor 𝐼 = 𝑓(𝑇, 𝐻) quando 𝑇 está próximo de 96 º𝐹 e 𝐻 está próximo de 70%. Use essa estimativa do índice de calor quando a temperatura estiver a 97º𝐹 e a umidade relativa for 72%. Solução: I. Compreender o Problema Através da leitura do problema iremos extrair os dados desconhecidos do problema. • Estimativa: avaliação ou cálculo aproximado de algo; estima, estimação. O objetivo do problema é determinar a aproximação linear para o índice de calor 𝐼 = 𝑓(𝑇, 𝐻) quando T está próximo de 96 º𝐹 e 𝐻 está próximo de 70%. II. Construção do modelo matemático Determinar as variáveis: • A variável 𝐼 representa o índice de calor (sensação de calor), 𝑇a temperatura real e 𝐻 a umidade relativa. Construção da função de aproximação linear envolvendo duas variáveis Como (𝑇 a temperatura, 𝐻 umidade relativa) = (96, 70), então 𝑓(96, 70) = 125. III. Solução do modelo matemático Dada a função 𝑓(96, 70) = 125. Usaremos os seguintes valores tabelados para estimar 𝑓𝑡(96,70) ≈ 3,75 𝑒 𝑓ℎ(96,70) ≈ 0,9. 𝑓(𝑇, 𝐻) ≈ 𝑓(96, 70) +𝑓𝑇 (96, 70)(𝑇 − 96) + 𝑓𝐻(96, 70)(𝐻 − 70)≈ 125 + 3,75 (𝑇 − 96) + 0,9 (𝐻 − 70) Em particular 𝑓(97, 72) ≈ 125 + 3,75 (1) + 0,9 (2) = 130,55 Desse modo, calculamos a aproximação linear ou aproximação pelo plano tangente de 𝑓 em (𝑎, 𝑏) que é assim denotada: 𝑓(𝑥, 𝑦) ≈ 𝑓(𝑎, 𝑏) + 𝑓𝑥(𝑎, 𝑏)(𝑥 − 𝑎) + 𝑓𝑦(𝑎, 𝑏)(𝑦 − 𝑏) IV. Interpretação da solução Portanto, quando a temperatura 𝑇 = 97 °𝐹 e a umidade relativa 𝐻 = 72%, o índice de calor é 𝐼 ≈ 131 ℉ Exemplo 3: Estima-se que a produção semanal de uma fábrica é dada pela função 𝑓(𝑥, 𝑦) = 1200𝑥 + 500𝑦 + 𝑥2𝑦 − 𝑥3 − 𝑦2 unidades, onde 𝑥 é o número de operários especializados e 𝑦 o número de operários não especializados utilizados no trabalho. No momento, a mão de obra disponível é constituída por 30 operários especializados e 60 operários não especializados. Use a análise marginal para estimar a variação da produção se mais 1 operário especializado for contratado e o número de operários não especializado permanecer constante. Solução: I. Compreender o problema Através da leitura do problema iremos extrair os dados e elementos desconhecidos. • Análise Marginal: em economia se refere ao uso de uma derivada para estimar a variação do valor de uma função em consequência de uma mudança no valor de uma das variáveis. • Taxa de Variação: calcular a função com uma das variáveis enquanto a outra permanece constante, o que corresponde a derivar a função em relação a uma das variáveis mantendo fixa a outra variável. Este processo é conhecido como derivação parcial; a derivada resultante é chamada de derivada parcial da função. Determinar e interpretar os dados do problema. • A fábrica possui operários especializados e não especializados para produção semanal em unidades. • A mão de obra disponível é constituída por 30 operários especializados. • 60 operários não especializados. O objetivo do problema é determinar a variação da produção se mais 1 operário especializado for contratado e o número de operários não especializado permanecer constante. II. Construção do modelo matemático Determinar as variáveis • A variável 𝑥 representa o número de operários especializados e a variável 𝑦 o número de operários não especializados utilizados no trabalho. • 𝑥 ∈ ℝ e 𝑦 ∈ ℝ. Construção da função que envolve duas variáveis: Como 𝑓(𝑥, 𝑦) = (𝑛° 𝑑𝑒 𝑜𝑝𝑒𝑟á𝑟𝑖𝑜𝑠 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜𝑠, 𝑛° 𝑑𝑒 𝑜𝑝𝑒𝑟á𝑟𝑖𝑜𝑠 𝑛ã𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜𝑠) , então a função 𝑓(𝑥, 𝑦) = 1200𝑥 + 500𝑦 + 𝑥2𝑦 − 𝑥3 − 𝑦2 representa as unidades produzidas por semana. Em vários problemas nos quais envolvem funções de duas variáveis, temos como objetivo calcular a taxa de variação da função com uma das variáveis enquanto a outra permanece constante, isso significa derivar a função obtida ao manter-se uma variável fixa. Este procedimento chama-se derivação parcial, sendo que a derivada resultante é chamada de derivada parcial da função. Seguindo com o problema, se o número de operários não especializados permanecer constante, a taxa de variação da produção em relação ao número de operários especializados pode ser obtida derivando 𝑓(𝑥, 𝑦) apenas em relação à 𝑥 . Isto é, consideramos a função 𝑔 de uma variável obtida fixando-se a variável 𝑦 = 𝑘 na função 𝑓, ou seja, 𝑔(𝑥) = 𝑓(𝑥, 𝑘). A taxa de variação da produção em função do número de operários é dada, portanto, pela derivada da função de uma variável g. Definimos a derivada de g como sendo a derivada parcial de 𝑓 em relação à 𝑥 e a representamos pelo símbolo 𝑓𝑥(𝑥, 𝑦). Em símbolos matemáticos, 𝑓𝑥(𝑥, 𝑘) = 𝑔’(𝑥). Da mesma forma, mantendo-se o número de operários especializados fixo, então a taxa de variação do número de operários nãoespecializados é dado pela derivada parcial de 𝑄 em relação à 𝑦. Isto é, mantendo-se x constante, tal variação é obtida derivando-se 𝑓(𝑥, 𝑦) em relação à 𝑦. Essa derivada é representada pelo símbolo 𝑓𝑦(𝑥, 𝑦). III. Solução do modelo matemático Dada à função: 𝑓(𝑥, 𝑦) = 1200𝑥 + 500𝑦 + 𝑥2𝑦 − 𝑥3 − 𝑦2, queremos calcular o aumento da produção semanal se aumentarmos o número de operários especializados e mantivermos o número de operários não especializados fixo. Para tal objetivo, devemos derivar parcialmente a função 𝑓(𝑥, 𝑦) em relação à 𝑥, permanecendo 𝑦 constante. A partir da 𝑓(𝑥, 𝑦) = 1200𝑥 + 500𝑦 + 𝑥2𝑦 − 𝑥3 − 𝑦2, obtemos a derivada parcial 𝑓𝑥(𝑥, 𝑦) seguindo os seguintes passos: lim ℎ→0 1200(𝑥 + ℎ) + 500𝑦 + (𝑥 + ℎ)2𝑦 − (𝑥 + ℎ)3 − 𝑦2 − (1200𝑥 + 500𝑦 + 𝑥2𝑦 − 𝑥3 − 𝑦2) ℎ lim ℎ→0 1200𝑥 + 1200ℎ + 500𝑦 + 𝑦(𝑥2 + 2𝑥ℎ + ℎ2) − (𝑥3 + 3𝑥2ℎ + 3𝑥ℎ2 + ℎ3) − 𝑦2 − 1200𝑥 − 500𝑦 − 𝑥2𝑦 + 𝑥3 + 𝑦2 ℎ lim ℎ→0 1200𝑥 + 1200ℎ + 500𝑦 + 𝑥2𝑦 + 2𝑥ℎ𝑦 + ℎ2𝑦 − 𝑥3 − 3𝑥2ℎ − 3𝑥ℎ2 − ℎ3 − 𝑦2 − 1200𝑥 − 500𝑦 − 𝑥2𝑦 + 𝑥3 + 𝑦2 ℎ lim ℎ→0 1200ℎ + 2𝑥ℎ𝑦 + ℎ2𝑦 − 3𝑥2ℎ − 3𝑥ℎ2 − ℎ3 ℎ lim ℎ→0 1200 + lim ℎ→0 2𝑥𝑦 + lim ℎ→0 ℎ𝑦 − lim ℎ→0 3𝑥2 − lim ℎ→0 3𝑥ℎ − lim ℎ→0 ℎ2 = 1200 + 2𝑥𝑦 + 0 − 3𝑥2 − 0 − 0 = 1200 + 2𝑥𝑦 − 3𝑥2 Desse modo, calculamos a derivada parcial 𝑓𝑥(𝑥, 𝑦) que é denotada por: 𝑓𝑥(𝑥, 𝑦) = lim ℎ→0 𝑓(𝑥 + ℎ, 𝑦) − 𝑓(𝑥, 𝑦) ℎ Visando fixar a noção de derivada parcial, calculamos também 𝑓𝑦(𝑥, 𝑦): lim ℎ→0 1200𝑥 + 500(𝑦 + ℎ) + 𝑥2(𝑦 + ℎ) − 𝑥3 − (𝑦 + ℎ)2 − (1200𝑥 + 500𝑦 + 𝑥2𝑦 − 𝑥3 − 𝑦2) ℎ lim ℎ→0 1200𝑥 + 500𝑦 + 500ℎ + 𝑥2𝑦 + 𝑥2ℎ − 𝑥3 − 𝑦2 − 2𝑦ℎ − ℎ2 − 1200𝑥 − 500𝑦 − 𝑥2𝑦 + 𝑥3 + 𝑦2 ℎ lim ℎ→0 500ℎ + 𝑥2ℎ − 2𝑦ℎ − ℎ2 ℎ lim ℎ→0 500 + lim ℎ→0 𝑥2 − lim ℎ→0 2𝑦 − lim ℎ→0 ℎ = 500 + 𝑥2 − 2𝑦 Dessa forma, calculamos a derivada parcial 𝑓𝑦(𝑥, 𝑦) que é dada por 𝑓𝑦(𝑥, 𝑦) = lim ℎ→0 𝑓(𝑥, 𝑦 + ℎ) − 𝑓(𝑥, 𝑦) ℎ IV. Interpretação da solução Seguindo com o problema dado, essa derivada parcial 𝑓𝑥(𝑥, 𝑦) = 1200 + 2𝑥𝑦 − 3𝑥 2 é a taxa de variação da produção em relação ao número de operários especializados, mantendo o número de operários não especializados constante. Para quaisquer valores de x e y, esta é uma aproximação do número de unidades a mais que serão produzidas por semana se o número de operários especializados aumentar de 𝑥 para 𝑥 + 𝑘, onde 𝑘 é um número natural, e o número 𝑦 de operários não especializados permanecer constante. Em particular, se o número de operários especializados aumentar de 30 para 31 e o número de operários não especializados permanecer constante em 60, a variação da produção será aproximadamente 𝑓𝑥(30,60) = 1200 + 2 ∙ 30 ∙ 60 − 3 ∙ 602 = 2100 unidades. Com o objetivo de chegarmos ao resultado da variação exata, substituímos os valores dados na função 𝑓(𝑥, 𝑦) = 1200𝑥 + 500𝑦 + 𝑥2𝑦 − 𝑥3 − 𝑦2: 𝑓(31,60) = 1200 ∙ 31 + 500 ∙ 60 + 312 ∙ 60 − 313 − 602 = 91469 𝑓(30,60) = 1200 ∙ 30 + 500 ∙ 60 + 302 ∙ 60 − 303 − 602 = 89400 Então, a variação exata é ∆𝑓 = 𝑓(31,60)– 𝑓(30,60) = 91469 – 89400 = 2069 Comparando a variação exata com a variação estimada pela derivada parcial, concluímos que obtivemos uma aproximação com erro muito pequeno. CONSIDERAÇÕES FINAIS As coisas parecem fazer mais sentido a partir do momento que se conhece a sua origem, a necessidade que levou à sua criação e até as dificuldades encontradas até se obter o resultado esperado. No caso do cálculo diferencial e integral, desde as primeiras evidências de estudos sobre o assunto até a atualidade, já se passaram mais de 300 anos, e ainda não se sabe tudo sobre ele, nem sobre a extensão potencial de aplicabilidade dessa poderosa ferramenta da matemática, pois continuamente estão sendo descobertas novas utilidades. Atualmente, além dos usos que levaram à sua criação, nas áreas de física e astronomia, o cálculo é fundamental para as engenharias, na formulação de modelos matemáticos que permitem prever a evolução de doenças no corpo humano, efeito de medicamentos na farmacologia, a reprodução de bactérias em biologia, crescimento populacional para planejamentos de políticas sociais, acompanhamento de movimentos migratórios, entre outros tantos. Em nosso cotidiano, está presente desde a hora que acordamos. Se observarmos o fato do café quente esfriar, ou as obras deslumbrantes de alguns monumentos arquitetônicos, perceberemos a presença do Cálculo. Analisando a história, percebe-se que todas as descobertas se deram com muito estudo. Algumas delas são aprimorações de realizações de matemáticos que viveram anteriormente, como se cada nova descoberta fosse apenas mais uma etapa da construção de um conhecimento universal. REFERÊNCIAS: DOMINGUES, J. C. Dificuldades de Euler com o cálculo de funções de duas variáveis. Suplemento do Boletim da SPM 69, Outubro 2013, pp. 59-60. Centro de Matemática da Universidade do Minho, 2013. MOL, R. S., Introdução à história da Matemática. Belo Horizonte: CAED-UFMG, 2013. RODRIGUES, F. S.; NASCIMENTO, P. H. R. Licenciatura em Matemática: Cálculo III. Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC), 2007. ROQUE, T. História da matemática: uma visão crítica, desfazendo mitos e lendas. Editora Zahar, 2012. SILVA NETO, A.J; GONÇALVES, J. B. Cálculo III. Batatais: Claretiano, 2014. STEWART, J. Cálculo, Volume II, [Tradução Antonio Carlos Moretti, Antonio Carlos Gilli Martins], São Paulo: Thomson Learning, 2007. VIEIRA, L. S. O registro semiótico de função de várias variáveis nos livros de Cálculo: uma análise a luz da teoria de Raymond Duval. 2018. p. Monografia (Licenciatura em Matemática)- Instituto de Ciências Exatas e Naturais do Pontal, Universidade Federal de Uberlândia, Ituiutaba.
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