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Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 1 22/02/2021 Conceito • resposta estatal, no exercício do ius puniendi Pena é a sanção aflitiva (aquela que leva ao sofrimento).Imposta pelo Estado, por meio da ação penal, ao autor de uma infração (penal). Trata-se de uma forma de retribuição de seu ato ilícito. Consiste na diminuição de um bem jurídico. Cuja finalidade é evitar a prática de novos delitos. BEM JURÍDICO: liberdade, patrimônio, vida (pena de morte - art. 5.º, XLVII, “a”, da CF) ou outro direito qualquer, em conformidade com a legislação em vigor (penas restritivas de direitos). Princípios a) Princípio da reserva legal ou da estrita legalidade: art. 5.º, XXXIX, da CF, e art. 1.º do Código Penal. Apenas haverá pena, se estiver previsto em lei. b) Princípio da anterioridade: CF, art. 5.º, XXXIX, e CP, art. 1.º. Previsto em lei anterior à prática do fato. c) Princípio da personalidade, intransmissibilidade, intranscendência ou responsabilidade pessoal: CF, art. 5.º, XLV. A pena não pode passar da pessoa do condenado. d) Princípio da inderrogabilidade ou inevitabilidade: Obrigado a cumprir a pena. e) Princípio da intervenção mínima: direito penal é usado em último caso – ratio. Está relacionado com a fragmentariedade do direito penal. f) Princípio da humanidade ou humanização das penas: CF, art. 5.º, XLIX e art. 5.º, XLVII. Respeito aos direitos fundamentais do condenado. g) Princípio da proporcionalidade: legislativo e judiciário. Pena proporcional ao ato praticado. Utilizado pelo legislativo (criação dos tipos penais) e judiciário (dosimetria da pena). h) Princípio da individualização: art. 5.º, XLVI, da CF. Pena deve ser adequada a cada condenado. Isto acontece no âmbito legislativo (define máximo e mínimo da pena), no judiciário e na fase de execução da pena (por exemplo, concedimento de benefícios – mudança de regime, 3 dias de trabalho resultam na diminuição de um dia de pena). Teorias das penas e finalidades Relaciona-se com as finalidades da pena. Três teorias principais: Teoria absoluta ou da retribuição, Teoria relativa e, por fim, Teoria mista ou eclética. 1. Teoria absoluta e finalidade retributiva Pena: retribuição estatal justa ao mal injusto provocado pelo condenado Não tem finalidade prática – castigo Georg Wilhelm Friedrich Hegel e de Emmanuel Kant Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 2 2. Teoria relativa e finalidades preventivas Finalidade – prevenir novos delitos. O castigo é irrelevante. Esta teoria subdivide-se em prevenção geral e especial Prevenção geral Visa a sociedade. • Negativa: intimidação dirigida à sociedade: “coação psicológica”. A pena é um contraestimulo para não cometer crimes – “Ele foi preso. Tome cuidado, se você fizer igual... será também”. • Positiva: pena serve como rforço à validade das normas na consciência social. Serve para RATIFICAR A CONFIANÇA INSTITUCIONAL, não de modo intimidador. Prevenção especial Von Liszt. Visa o infrator/indivíduo que já delinquiu. Procura a readaptação social do infrator e sua segregação. Subdivide-se em: • Teoria da prevenção especial - ideia principal a neutralização • Teoria da prevenção especial positiva - finalidade de ressocializar o delinquente. Teoria mista ou eclética Retribuição e prevenção Art. 59 do CP: Art. 59 - O juiz [...] estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime;” Lei 7.210/1984 – Lei de Execução Penal Cominação das penas Podem ser cominadas em abstrato por diversas modalidades: a) isoladamente: Se comina uma única pena para o delito. Ex: art. 121, caput, do Código Penal, com pena de reclusão. “reclusão, de seis a vinte anos.” b) cumulativamente: Duas espécies de penas cumuladas Ex: art. 157, caput, do Código Penal. “reclusão, de quatro a dez anos, e multa.” c) paralelamente: duas modalidades de penas (uma ou outra). Ex: art. 235, § 1.º, do Código Penal. “reclusão ou detenção, de um a três anos.” Modalidade: pena privativa de liberdade. d) alternativamente: duas espécies de penas. Ex: art. 140, caput, do Código Penal. “detenção, de um a seis meses, ou multa.” Espécies: privativa de liberdade e multa. Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 3 Classificação das penas - Espécies Art 32, são: • Privativas de liberdade. • Restritivas de direito. • Multa. Pena privativa de liberdade Espécie de sanção penal que retira do condenado seu direito de locomoção, em razão da prisão por tempo determinado. MODALIDADES • Reclusão e detenção, relativas a crimes (CP, art. 33, caput), • Prisão simples, inerente às contravenções penais (LCP, art. 5.º, I). Ex: Banca de jogo do bicho, perturbação de sossego. RECLUSÃO: cumprida inicialmente em regime fechado, semiaberto ou aberto (CP, art. 33, caput, 1.ª parte). DETENÇÃO: cumprida inicialmente em regime semiaberto ou aberto (CP, art. 33, caput, in fine). Não se admite o início de cumprimento da pena no fechado, contudo é possível a regressão. PRISÃO SIMPLES: para as contravenções - cumprida, sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semiaberto ou aberto. Separado dos condenados à pena de reclusão ou de detenção (LCP, art. 6.º, caput e § 1.º). REGIMES PENITENCIÁRIOS Meio pelo qual se efetiva o cumprimento da pena privativa de liberdade. Três regimes (art. 33, § 1.º, do CP): a) fechado b) semiaberto c) aberto Fixação do regime inicial de cumprimento de pena privativa de liberdade At. 33, §§ 2.º e 3.º, do CP • Três fatores são decisivos na escolha do regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade: reincidência, quantidade da pena e circunstâncias judiciais. PENA DE RECLUSÃO a) REINCIDENTE - regime fechado, independentemente da quantidade da pena aplicada. Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 4 Relativização da regra -> Súmula 269 STJ: “É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a 4 (quatro) anos se favoráveis as circunstâncias judiciais”; b) PRIMÁRIO – pena superior a 8 - regime fechado; c) PRIMÁRIO – pena superior a 4 anos - regime semiaberto; d) PRIMÁRIO – pena igual ou inferior a 4 (quatro) anos - regime aberto. PENA DE DETENÇÃO inicialmente em regime semiaberto ou aberto (CP, art. 33, caput, in fine). CRITÉRIOS para fixação do regime inicial : a) reincidente - regime semiaberto, seja qual for a quantidade da pena aplicada; b) o primário – pena superior a 4 anos - regime semiaberto; c) o primário – pena igual ou inferior a 4 anos - regime aberto. PENA DE PRISÃO SIMPLES Contravenções penais Sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semiaberto ou aberto. Separado (LCP, art. 6.º, caput e § 1.º). Não há regime fechado DIFERENÇA ENTRE RECLUSÃO E DETENÇÃO: 1º) regime 2º) no caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se aquela por primeiro (CP, art. 69, caput, in fine) Executa-se a mais grave. 3º) reclusão - internação na medida de segurança (hospital de custódia). Na detenção - pode tratamento ambulatorial (CP, art. 97, caput). 4º) art. 92, II, CP: “a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado; 5º) art. 2.º, III, da Lei 9.296/1996 - interceptação de comunicações telefônicas somente nos crimes punidos com reclusão. Crimes hediondos e equiparados art. 1.º da Lei 8.072/1990 e art. 5.º, XLIII, da CF. Ex de equiparados: tráficode drogas, tortura e terrorismo). A pena privativa de liberdade deve ser cumprida em regime inicialmente fechado - Art. 2º, § 1º da Lei 8.072/90 STF já decidiu pela inconstitucionalidade - STF – HC nº 111.840/ ES – 27/06/2012– inicial fechado para pena não superior a 8 anos é inconstitucional Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 5 Regime prisional mais rigoroso SUM 719 do STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea. art. 33, § 3.º, do CP: § 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se- á com observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código. Competência para execução da pena PRIVATIVA DE LIBERDADE LEP, art. 1.º e Súmula 192 do STJ: “Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das penas impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à administração estadual”. OBSERVAÇÃO: O juízo da execução não pode modificar a pena fixado na decisão condenatória, mesmo que tenha sido decidida de forma equivocada. Progressão de regimes Chamado de sistema progressivo ou inglês. Definido no art. 33, § 2.º, do CP e art. 112 da Lei de Execução Penal. 2 requisitos cumulativos: objetivo e subjetivo • OBJETIVO - Lapso temporal. - Quantidade de pena que tem que ser cumprida. Súmula 715 do STF: “A pena unificada para atender ao limite de 40 anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça; II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça; III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça; IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou grave ameaça; V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário; VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 6 a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado o livramento condicional; b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada; VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou equiparado; VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional. EX: 10 A – 50% = 5 anos -> progressão de regime para o semiabertos. PENA CUMPRIDA É PENA EXTINTA Para o aberto ele tem que cumprir com base no restante da pena 5ª – 50%=2 A e 6M 03/03/2021 Proibição da progressão por saltos Súmula 491 STJ: “É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional”. Nosso sistema é progressivo. Progressão e crimes hediondos ou equiparados • A lei dos crimes hediondos -> lei 8.072/1990 - art. 2.º, § 1.º - regime integralmente fechado. Vedada a progressão de regime. Isto começou a ser discutido, será mesmo que é constitucional? E o princípio da individualização da pena? Então chega um Habeas Corpus... • HC 82.959/ STF – 23 de fevereiro de 2006 – declarado inconstitucional – com base na individualização da pena e a dignidade da pessoa humana. Não tinha distinção de crime hediondo ou não. Mas, isso começou a ser questionado... O crime hediondo não deveria ter um tratamento mais grave? • 29 de março de 2007 entrou em vigor a Lei 11.464/2007, alterando a redação do art. 2.º, § 1.º, da Lei 8.072/1990 -a pena por crime hediondo ou equiparado será cumprida inicialmente em regime fechado. • STF – HC nº 111.840/ ES – 27/06/2012– inicial fechado para pena não superior a 8 anos é inconstitucional. § 2º - A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar- se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente. (revogada pacote anticrime) Qualquer reincidência. • Súmula Vinculante 26 do STF: “Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 7 benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.” • Sum 471 do STJ – Aqueles que praticaram antes 2007, segue a regra de 1/6, a partir disso 2/5e 3/5 • Lei nº 13.964, de 2019 (Pacote anticrime) – Outra mudança. ➢ Como ficou com o pacote anticrime?? o Se o indivíduo é primário em crimes hediondos ou equiparados, ele progride com 40%. Se o crime envolver morte, progride com 50%. ➢ Se o indivíduo é reincidente em crime hediondo ou equiparado, progride com 605 sem morte e 70% se houver morte. Mas, se o indivíduo cumpre pena de um crime hediondo ou equiparado juntamente com um não hediondo? Como calculo a progressão? 1) Calculo separadamente cada crime. Crime hediondo – resultado morte – não reincidente -> 10 A – 50% = 5 anos Crime não hediondo – sem violência – reincidente -> 5 A – 20% = 1 ano 2) Somatória Total para progredir = 6 anos • REQUISITO SUBJETIVO ➔ Trata-se da boa conduta carcerária. Por meio de um documento “Atestado de conduta carcerária”, elaborado pelo diretor do presídio. Até 2003: para progressão era necessário o exame criminológico, composta por uma banca de psicólogos, assistente social e membros do presídio. Eram realizadas entrevistas. Porém, o processo era muito demorado. Atualmente, o Juiz pode solicitar o exame criminológico – Súmula 439 STJ. Para o Juiz determinar a progressão, deve ser motivada (devido ao contraditório e ampla defesa). 3§ progressão especial – requisitos mais brandos para mulhjer gestante, mae ou responsável por crianças ou pessoa com deficiência. Não considerado no caso de crime de tráfico de drogas Art 112 da LEP – DEFINE O REQUISITO SUBJETIVO Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 8 § 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se ostentar boa conduta carcerária, comprovada pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. (Lei nº 13.964, de 2019) Lei 10.792/03 Súmula 439 STJ: “Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada”. § 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de regime será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério Público e do defensor, procedimento que também será adotado na concessão de livramento condicional, indulto e comutação de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes. (Lei nº 13.964, de 2019) § 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência, os requisitos para progressãode regime são, cumulativamente: (Lei nº 13.769, de 2018) – Progressão especial – Requisitos: I - não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; II - não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente; III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior; IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento; V - não ter integrado organização criminosa. (hoje, a progressão especial não pode ser em crimes hediondos ou equiparados). § 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a revogação do benefício previsto no § 3º deste artigo. (regressão). Crime hediondo ou equiparado § 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o crime de tráfico de drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. (Lei nº 13.964, de 2019) § 6º O cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa de liberdade interrompe o prazo para a obtenção da progressão no regime de cumprimento da pena, caso em que o reinício da contagem do requisito objetivo terá como base a pena remanescente. (Lei nº 13.964, de 2019) o Se o indivíduo que está cumprindo pena privativa de liberdade comete uma falta grave, isto interrompe o requisito objetivo dele, ou seja, zerarEx: celular dentro do presídio, tentar fugir, ter instrumento capaz de ferir. o Ex: O preso está no regime fechado. Para progredir: 10 A– 50%= 5 A Ele cumpriu 3 A mas comete uma falta de natureza grave. O prazo zera, vai ter que começar a contar novamente do que sobra, ou seja, 7 anos. 7 A – 50%= 3 A e 6M Regressão ➔ artigo 118 da LEP Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado: I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave; Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 9 II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime (artigo 111, § único, da LEP). o Ex: Indivíduo está cumprindo uma pena de 6 anos no semiaberto. Contudo, chega uma pena de uma nova condenação de 10 A. Logo, não pode continuar no semiaberto, de acordo com o art. 33 (superior a 8 anos = regime fechado). 6 A (SA) + 10 A = 16 A REGRESSÃO POR SALTOS -> É possível. “Para qualquer dos regimes mais rigorosos”. 08/03/2021 Detração Penal art. 42 do Código Penal: “Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior.” • É para evitar o bis in idem na execução da pena privativa de liberdade. Ser condenado duas vezes pelo mesmo fato. • “prisão provisória” • É possível ter desconto de Medida de segurança provisória - CPP, art. 319, VII Competência art. 66, III, “c”, da LEP – juiz de execução. Alteração: Lei 12.736/2012 - § 2º do art. 387 do CPP: “§ 2º O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade”. ➔ Computado na determinação do regime inicial de pena. Passou a ser do juízo de conhecimento. O juiz na hora de sentenciar, ele vai verificar a detração. ➔ Detração é usada para determinar regime inicial de cumprimento de pena. Ex: Condenado a 9 anos, mas cumpriu 1 ano de prisão provisória 9 A – 1 A= 8ª • 8 anos é regime semiaberto DETRAÇÃO PENAL E PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS É possível. CP, “Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto no § 4º do art. 46”. PENA DE MULTA – art. 42 do CP – não é admitido detração. Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 10 PRISÃO PROVISÓRIA EM OUTRO PROCESSO EX 1: Fui preso provisoriamente em um processo A. No A, fui absolvido, posso usar o tempo de prisão provisória A na detração de outro processo? Esse tempo pode ser usado no processo B? ➔ impede “conta corrente penal” (STJ e STF). Fui preso cautelarmente, 6 meses preso. Tenho 6 meses de crédito? Naooooo ➔ Mas, é possível para processos distintos desde que o processo pelo qual você foi condenado tenha sido praticado antes da prisão cautelar. EX 2: Indivíduo praticou crime A. No processo B ele foi preso cautelarmente por 6 meses. Contudo, foi absolvido. Então, ele é condenado no processo A, ao qual o crime foi realizado antes da prisão cautelar. Esses 6 meses podem ser utilizados no processo A. CRIME PRATICADO ANTES DA PRISÃO CAUTELAR. NESSE CASO, NÃO É CRÉDITO. É POR ALGO QUE VOCÊ JÁ REALIZOU. A – não preso B – preso e absolvido Aplicação da pena privativa de liberdade • exclusivamente judicial. • consiste em fixar a pena, na sentença. • ato discricionário juridicamente vinculado. (juiz tem direito de escolha, mas não pode sair da cabeça dele). PRESSUPOSTO • culpabilidade do agente Ausente a culpabilidade outros caminhos são seguidos: como exemplo, → adolescente – ECA. Doença mental→medida de segurança - medida de segurança - maior de 18 anos de idade e dotado de periculosidade. A periculosidade - pressuposto de aplicação da medida de segurança. SISTEMAS OU CRITÉRIOS PARA APLICAÇÃO DA PENA • critério trifásico Art. 68, caput, do CP: “A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento.” 1º) fixa a pena-base – art 59 2º) atenuantes e agravantes genéricas 3º) causas de diminuição e de aumento da pena. PENA DE MULTA - sistema bifásico (CP,art. 49, caput e § 1.º). Fixa-se o número de dias-multa, e, após, calcula-se o valor de cada dia-multa. Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 11 OBERVAÇÕES → CONCEITOS IMPORTANTES • elementares e circunstâncias - Elementares: são os fatores que compõe o tipo penal. Sem isso, não teremos o crime. Ex: furto – subtrair para si coisa alheia; matar alguém – homicídio. - Circunstâncias: está ao redor do delito, não influencia na sua existência, apenas na quantidade de pena. Ex: furto – durante o repouso noturno; homicídio – razão de relevante valor moral; Pode ser agravante, atenuante genérica, aumento e diminuição de pena ou qualificadora. CIRCUNSTÂNCIAS PODEM SER: • AGRAVANTES GENÉRICAS Estão previstas no art. 61 e 62 do cp. Sempre aumentam a pena. Ex: reincidente. Crime contra criança ou maior de 60 anos. • CAUSAS DE AUMENTO DE PENA Podem estar na parte geral e especial do cp. Vem com um percentual de aumento. Ex: art. 155, §1º; • QUALIFICADORAS: Se altera limite mínimo e máximo da pena. Parte especial Ex: art. 121, caput CP – 6 a 20 A §2º - 12 a 30 A • ATENUANTES GENÉRICAS Estão no art. 65 e 66, do CP. Se aplicam a todos os delitos. Não diz o quanto diminui. Ex: ser menor de 21 anos; ter confessado o crime; • CAUSAS DE DIMINUIÇÃO DA PENA: Podem estar na parte geral, especial do CP e em legislação especial. Trazem frações de redução de pena. Ex: crime tentado → art. 14, §único do CP – diminui 1/3 a 2/3 Art. 121 §1º - homicídio privilegiado → possui percentual de diminuição. Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 12 10/03/2021 CRITÉRIO TRIFÁSICO • art. 68 do Código Penal Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradasas circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. ➢ Cada etapa deve ser suficientemente fundamentada pelo julgador ➢ Deve ser fundamentada a pena, devido ao princípio de individualização da pena (CF, art. 5.º, XLVI). ➢ O Juiz precisa fundamentar para garantir a ampla defesa do réu. ➢ Se falta a fundamentação temos a nulidade da sentença, devido ao dispositivo da CF, art. 93,IX. ➢ Após a obtenção da quantidade de pena, o Juiz irá fixar o regime inicial de cumprimento de pena. O Juiz ainda terá que verificar se é possível a substituição por penas alternativas (restritivas de direito). Se não for possível, ele tem que verificar se é possível a suspensão condicional da pena. Por fim, se o réu pode ou não apelar em liberdade. COPIARIMAGEM A primeira fase da dosimetria da pena Fixação da pena-base Para fixar a pena-base serão utilizadas as circunstâncias judiciais: art. 59 do CP: “O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime” Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 13 ➔ circunstâncias extremamente favoráveis ao réu = pena fica no mínimo, agora o contrário fixa no máximo. ➔ conhecidas como inominadas. ➔ possuem caráter residual ou subsidiário - para evitar o bis in idem Ou seja, apenas irei usar uma das situações como circunstância judicial na primeira fase, se essa situação não for uma atenuante, agravante, causas de aumento ou diminuição de pena ou qualificadora. Só uso senão servir para outra coisa. Não posso usar duas vezes. EXEMPLO: crime de homicídio é praticado por motivo fútil (isso é qualificadora), não pode ser usado para aumentar a pena-base, primeira fase da dosimetria, pois será usado em outras fases. o Qualificadora: já decide com base nela nessa fase. No caso de duas ou mais qualificadoras: • deve utilizar uma delas para qualificar o crime - para aumentar limite mínimo e máximo da pena, e as demais como agravantes genéricas, na segunda fase, (arts. 61 e 62 do Código Penal). • se não houver essa correspondência, essa qualificadora irá funcionar como circunstâncias judiciais desfavoráveis (1.ª fase). • Temos 8 (oito) circunstâncias judiciais no art. 59 - devem ser enfrentadas pelo magistrado fundamentadamente, caso contrário ocorrerá nulidade da sentença. ➔ cultura da pena mínima - patamar mínimo, não necessita de fundamentação judicial = ERRADO ISSO, É NECESSÁRIO FUNDAMENTAR. ➔ Juiz tem que agir com base no princípio da proporcionalidade. Quanto mais condições judiciais desfavoráveis, maior a pena. Quanto menos circunstâncias judiciais favoráveis, menor a pena. Circunstâncias judiciais: 1) CULPABILIDADE juízo de reprovabilidade – reprovação da sociedade ▪ “grau de culpabilidade” ▪ Ex: duas pessoas cometem o mesmo crime. Uma no calor do momento e a outra planejou tudo. O que é mais reprovável? O que planejou. 2) ANTECEDENTES Trata-se da vida pregressa do réu na seara criminal – história de vida no âmbito do crime. ▪ E o que são maus antecedentes? Autorizam o aumento da pena base. São condenações definitivas que não caracterizam reincidência (agravante genérica). ▪ Ex: Pratica crime A – foi condenado e cumpriu a pena. 15 anos depois, isso não vale mais como reincidência. Depois de 5 anos volta a ser primário. Pratica o crime B, 15 anos depois, crime A não serve mais como reincidente. Contudo, é um mau antecedente. ▪ Inquérito ou ação penal em andamento ou arquivado não são maus antecedentes. Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 14 → Súmula 444 do STJ: “É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base”. 3) CONDUTA SOCIAL Comportamento do réu na vida em sociedade. 4) PERSONALIDADE DO AGENTE Trata-se do perfil psicológico, a índole. 5) MOTIVOS DO CRIME Fator psicológico que leva à prática do delito. Só tem cabimento quando a motivação do crime não caracterizar qualificadora, causa de diminuição ou de aumento da pena, ou atenuante ou agravante genérica. 6) CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME Forma como o crime foi executado. Vinculam-se ao aumento da pena. 7) CONSEQUÊNCIAS DO CRIME Conjunto de efeitos danosos provocado pelo crime (vítima, família, coletividade). 8) COMPORTAMENTO DA VÍTIMA Atitude da vítima que tem a capacidade de provocar ou facilitar a prática do crime. Ex: Cada 10 casos de roubo de veículo, 8 casos a vítima deixou a chave no contato. 15/03/2021 A segunda fase da dosimetria da pen – AGRAVANTES E ATENUNTES GENÉRICAS ❖ exclusivamente em sua Parte Geral ❖ prejudiciais ao réu - arts. 61e 62 do Código Penal - rol taxativo ❖ favoráveis - rol exemplificativo - art. 65 do Código Penal - atenuantes ❖ art. 66 CP (art aberto) ❖ aplicação compulsória – é obrigatória a aplicação ➔ Teoria das margens – Juiz está vinculado a essa teoria na primeira fase, na segunda fase o juiz também deve respeitar os limites impostos pela lei. Ex: pena de 4 a 12 anos (primeira fase). as atenuantes genéricas, mesmo que haja muitas no caso concreto, serão ineficazes quando a pena-base (1.ª fase) for estiver fixada no mínimo legal. Súmula 231 STJ: “A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal”. – Trata da teoria das margens, o Juiz está vinculado. Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 15 ❖ prática forense – aumento ou diminuição deve ser de 1/6 (um sexto) sobre a pena- base. Agravantes Genéricas 1. REINCIDÊNCIA (ART. 61, I, DO CP) • Fundamento constitucional - atenderia ao princípio da individualização da pena. • Tratar os desiguais de forma desigual. CONCEITO ”Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.” REQUISITOS (ordenados cronologicamente) a) um crime, cometido no Brasil ou em outro país; b) condenação definitiva (sentença condenatória transitada em julgado). c) prática de novo crime. CRIME E CONTRAVENÇÃO PENAL art. 7.º do Decreto-lei 3.688/1941 – Lei das Contravenções Penais: Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou no Brasil, por motivo de contravenção. Crime + Contravenção = Reincidente Contravenção + Contravenção = Reincidente TABELA ESQUEMÁTICA Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 16 NATUREZA JURÍDICA Trata-se de uma agravante genérica (CP, art. 61, I). De caráter subjetivo ou pessoal (não se comunica para coautores e participes) VALIDADE DA CONDENAÇÃO ANTERIOR PARA FINS DE REINCIDÊNCIA Art. 64 - Para efeito de reincidência: I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação; EX: pratica crime A, TJ (condenado 7 A). Cumpriu. Depois que termina, se ele ficar 5 anos sem praticar nenhum delito, e depois de 6 anos ele pratica novo delito. Não será reincidente. Passou o período depurador. 5 anos trata-se do período depurador. II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos. TERMINOLOGIAS a) REINCIDENTE (se encaixa no art 63 do CP e 7 da lei de contravenções); b) PRIMÁRIO(aquele que não se encaixa no conceito de reincidente); c) TECNICAMENTE PRIMÁRIO (utilizada na práxis forense, duassituações: 1. Vários crimes, mas nenhum depois do TJ. 2. Tem condenações, cumpriu pena, mas passou os 5 A; d) MULTIRREINCIDENTE: 3 ou mais condenações depois do TJ EFEITOS DA REINCIDÊNCIA (efeitos desfavoráveis) → Influência de modo negativo em toda a vida criminal do réu. a) reclusão - impede o início do cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semiaberto ou aberto, e, na pena de detenção, obsta o início do cumprimento da pena privativa de liberdade em regime aberto (CP, art. 33, caput, e § 2.º); b) quando em crime doloso, é capaz de impedir a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos (CP, art. 44,II); c) no concurso com atenuantes genéricas, possui caráter preponderante (CP, art. 67); d) se em crime doloso, salvo quando imposta somente a pena de multa, impede a concessão do sursis (CP, art. 77, I e § 1.º); e) autoriza a revogação do sursis (CP, art. 81, I e § 1.º), do livramento condicional (CP, art. 86, I e II, e art. 87) e da reabilitação, se a condenação for a pena que não seja de multa (CP, art. 95); f) quando em crime doloso, aumenta o prazo para a concessão do livramento condicional (CP, art. 83, II); G) progressão de regime REINCIDÊNCIA E MAUS ANTECEDENTES ➔ São coisas distintas; não posso considerar duas vezes; Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 17 SUM 241 do STJ: “A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial.” 17/03/2021 TER O AGENTE COMETIDO O CRIME (art. 61, II, do CP) 1. POR MOTIVO FÚTIL OU TORPE (ALÍNEA “A”) • Motivo fútil – àquele insignificante; de pouca importância e desproporcional. Ex: Indivíduo agride garçom pois o mesmo serviu cerveja quente. • Motivo torpe – repugnante; reprovável; normalmente relacionado com o recebimento de alguma vantagem. Ex: matar parente para receber herança. 2. PARA FACILITAR OU ASSEGURAR A EXECUÇÃO, A OCULTAÇÃO, A IMPUNIDADE OU A VANTAGEM DE OUTRO CRIME (ALÍNEA “B”) • Conexão de dois ou mais delitos. Ex: para facilitar um sequestro, mata-se o segurança; Atear fogo no local que realizou o furto; • Configura-se a agravante genérica mesmo que não seja iniciado o crime - Basta sua intenção de cometê-lo. 3. À TRAIÇÃO, DE EMBOSCADA, OU MEDIANTE DISSIMULAÇÃO, OU OUTRO RECURSO QUE DIFICULTOU OU TORNOU IMPOSSÍVEL A DEFESA DO OFENDIDO (ALÍNEA “C”) • Trata-se do modo de execução. Ex: facada, asfixia, arma de fogo, etc. • Traição = quebra de confiança. Ex: a vítima confia no réu que pratica o crime. • Emboscada = cilada; fazer tocaia. Ex: indivíduo quer dar uma surra no desafeto, para isso fica escondido numa árvore. • Dissimulação = disfarce; ocultamento da vontade criminosa. Ex: indivíduo chega na casa de determinada pessoa vestido de agente da vigilância sanitária, entra na casa e realiza estupro. ➢ Interpretação analógica – o legislador traz uma cláusula genérica: “ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido” Ex: atacar vítima que está dormindo ou embriagada, analogicamente. 4. COM EMPREGO DE VENENO, FOGO, EXPLOSIVO, TORTURA OU OUTRO MEIO INSIDIOSO OU CRUEL, OU DE QUE POSSA RESULTAR PERIGO COMUM (ALÍNEA “D”) • Tratam-se de meios de execução. • Há interpretação analógica – “Ou outro meio insidioso ou cruel (ex – tortura = asfixia) ou que possa resultar perigo comum” (pessoas colocadas em risco; trata-se do que Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 18 parece com fogo e explosivo que pode colocar em perigo comum – desmoronamento; (vida e patrimônio) 5. CONTRA DESCENDENTE, ASCENDENTE, IRMÃO OU CÔNJUGE (ALÍNEA “E”) • Pena agravada em razão da apatia moral do agente → pratica o crime contra alguém que deveria proteger. • Não ingressam na agravante: parentesco por afinidade, tais como sogra e genro, cunhados etc. • União estável também não se encaixa; 6. COM ABUSO DE AUTORIDADE OU PREVALECENDO-SE DE RELAÇÕES DOMÉSTICAS, DE COABITAÇÃO OU DE HOSPITALIDADE, OU COM VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NA FORMA DA LEI ESPECÍFICA (alínea “f”) • ABUSO DE AUTORIDADE- relaciona-se ao direito privado. Ex: tutor em relação ao tutelado. • RELAÇÕES DOMÉSTICAS - criadas entre os membros de uma família, podendo ou não existir ligações de parentesco. • União estável • COABITAÇÃO: moradia sob o mesmo teto, ainda que por breve período. Ex: REPÚBLICA – amigo entra no quarto e subtraí celular. • HOSPITALIDADE: recepção eventual. Ex: parente que vem visitar; • COM VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER –acrescentada pela Lei 11.340/2006 – Lei Maria da Penha. → não trouxe nenhuma utilidade prática. 7. COM ABUSO DE PODER OU VIOLAÇÃO DE DEVER INERENTE A CARGO, OFÍCIO, MINISTÉRIO OU PROFISSÃO (ALÍNEA “G”) • Duas agravantes diversas: ABUSO DE PODER e VIOLAÇÃO DE DEVER. • 1º parte - cargo: agente tem condição de FP ( funcionário publico). • 2º parte “violação de dever inerente a ofício, ministério ou profissão” - atividades de natureza privada - Ofício : manual, como mecânico, assistência técnica. Quebra um dever de ofício para praticar um crime. Ex: ar-condicionado quebrado, determinado profissional diz que custará 5500 reais devido a fonte quebrada, contudo, descobre-se que este não era o problema de fato, era algo mais simples. Mentiu para obter vantagem. - Ministério: líder religioso. Ex: pastor se apropria de dinheiro da igreja - Profissão: preponderância de atividade intelectual (advogados, médicos, engenheiros). Ex: advogado se apropria de ação do cliente. Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 19 8. CONTRA CRIANÇA (12 anos), MAIOR DE 60 (SESSENTA) ANOS, ENFERMO (leva a debilidade física ou mental) OU MULHER GRÁVIDA (ALÍNEA “H”) • Em razão da fragilidade ou debilidade da vítima, sendo necessário nexo entre fragilidade da vítima e prática do delito. Ex: pessoa de 60 anos, praticaram estelionato contra a mesma (não há nexo, poderia ser praticado contra alguém de qualquer idade). Mas se roubam um senhor de 80 anos? Tem nexo, pois o mesmo é frágil. 9. QUANDO O OFENDIDO ESTAVA SOB A IMEDIATA PROTEÇÃO DA AUTORIDADE (ALÍNEA “I”) Ex: caso de resgate de preso. Facção contrária ataca o preso para matá-lo. 10. EM OCASIÃO DE INCÊNDIO, NAUFRÁGIO, INUNDAÇÃO OU QUALQUER CALAMIDADE PÚBLICA (por exemplo, tornado) , OU DE DESGRAÇA PARTICULAR DO OFENDIDO (ex- dirigindo caminhão, tomba, pessoal saqueia carga) (ALÍNEA “J”) 11. EM ESTADO DE EMBRIAGUEZ PREORDENADA (ALÍNEA “L”) Se embriaga propositalmente para praticar o crime. Agravantes no concurso de pessoas (art. 62 do CP) Concurso de pessoas → Tipo penal praticado por mais de uma pessoa. * Autor: pratica a ação nuclear * Partícipe: não praticou a ação nuclear, contudo contribuí com a prática delitiva. Agrava a pena: I) promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; ➢ Trata-se do arquiteto mental - autor intelectual do crime. Define tudo – “cérebro do delito”. De modo geral, não pratica o núcleo do tipo. ➢ Pode acontecer do partícipe ter uma pena mais grave do que o autor do crime, devido organizar o crime. II) coage ou induz outrem à execução material do crime; Dois tipos de coação: dependendo de qual tipo for, irá interferir na culpabilidade ou tipicidade. 1) Coação física irresistível → fato atípico/conduta atípica. 2) Coação moral irresistível → exclui culpabilidade (inexigibilidade de conduta diversa). Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 20 ➔ Se resistível – há concurso de pessoas. Coagido terá pena reduzida (art. 65, III, “c”, do CP) • O coator em qualquer tipo de coação terá agravante. • Induzir trata-se de fazer nascer a ideia. III) instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punívelem virtude de condição ou qualidade pessoal; • Determinar é ordenar alguém. Pode ser qualquer espécie de subordinação – pública ou privada. • Instigar – “vai lá, faz” • Até instigando ou determinando inimputáveis →teremos a autoria mediata. Ex: Ordeno que minha prima – criança pegue celular alheio na mesa vazia ao lado. A criança foi apenas um instrumento. IV) executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa. • Criminoso mercenário – pratica o crime devido pagamento ou promessa de dar o dinheiro pós crime. • No caso da promessa de recompensa, não precisa receber. Já caracteriza-se a agravante. 22/03/2021 Atenuantes genéricas – arts. 65 e 66 do CP Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença; II - o desconhecimento da lei; • Embora inescusável – erro de proibição (supõe permitido o que é proibido) (art. 21 do CP: “O desconhecimento da lei é inescusável (ninguém pode alegar que não conhece a lei). O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.” • Emaranhado de leis, toda hora há mudanças. III - ter o agente: a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; • Social: atende anseios da coletividade. Ex: agredir estuprador. Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 21 • Moral: relaciona-se com a individualidade - própria, o qual é menos reprovável para a sociedade. Ex: na infância fui vítima de estupro, anos depois encontro o estuprador, pratico agressão contra o mesmo. b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime (quebrei a perna de alguém, pago os gastos médicos) , evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano (pratiquei um crime, foi consumado, produziu dano e antes do julgamento repara o dano – ex: furto de moto de 4mil reais -> devolve a moto ou dinheiro) • Não confundir a 1º parte com arrependimento eficaz (art. 15 do CP) – não se consuma. Aqui se consuma. • A parte final – diferente do arrependimento posterior (art. 16 do CP) c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; • Coação resistível – coator (pena agravada – art. 62, II do CP) e coagido (pena atenuada) • Ordem não manifestamente ilegal (exclui culpabilidade – art. 22 do CP) Manifestamente ILEGAL – superior (agravante - art. 62, III do CP) e subalterno (atenuante) • Influência de violeta emoção (perturba o ânimo) ➔ Isso é a mesma coisa do domínio previsto nos art. 121, § 1º e art. 129, § 4º? Não! Domínio é algo mais amplo, não se encaixa. Nessa atenuante não tem a exigência do “logo depois”. d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime; • Limite temporal: até o TJ da sentença. Por exemplo, não adianta confessar depois que não cabe mais recursos e está cumprindo pena. • Retratação: Por exemplo, na delegacia, sem a presença do advogado, o indivíduo confessa. Contudo, na hora em juízo diz que não foi ele e que confessou porque foi obrigado. Isso vale? STF – confissão retratada se insere como atenuante desde que ela servir para a condenação. ➔ Súmula 545 do STJ - “Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no art.65, III, d, do Código Penal” • Confissão qualificada: Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 22 É aquela em que o indivíduo reconhece sua participação no ato criminoso, mas alega uma excludente de ilicitude. Ex: “eu furtei, mas foi estado de necessidade”; “Eu matei, mas foi legítima defesa). Neste caso, temos dois posicionamentos: 1) STF diz que não atenua a pena, pois é exercício da autodefesa. 2) Já o STJ, defende que se a confissão qualificada for utilizada como fundamento da condenação teremos uma atenuante genérica. e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou. • Trata-se de crime multitudinário. Ex: passeata – pessoas começam a saquear lojas. • Neste momento, a pessoa tem uma deformação transitória da personalidade. Praticou o crime devido ao tumulto – “efeito manada”. • Quem provoca o tumulto não se beneficia. ATENUANTES INOMINADAS Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei. ➔ Tudo aquilo que puder beneficiar o réu poderá ser entendido como atenuante. Ex: coculpabilidade – dentro de uma sociedade existem pessoas que tem acesso as condições de uma vida digna e o mínimo necessário para viver. No entanto, outra parte da população é abandonada pelo Estado. Se uma pessoa dessa parcela que foi marginalizada pelo Estado, vem a praticar um crime, a responsabilidade é dela e do Estado, que não deu condições para a mesma. - Praticou pequeno comércio de tráfico de drogas para sustentar a família. ISSO NÃO É USADO NA PRÁTICA. EXISTE UMA “COCUPABILIDADE ÀS AVESSAS”. CONCURSO DE CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES E ATENUANTES GENÉRICAS ❖ Regra geral: uma neutraliza a eficácia da outra - equivalência das circunstâncias. ❖ Contudo, existem alguma circunstância preponderante, ou seja, possuem mais valor que outras. ➢ art. 67 do CP: “No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar -se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência.” ✓ Há agravantes e atenuantes genéricas mais valiosas do que outras. Sendo elas, as relacionadas aos motivos do crime, personalidade do agente e reincidência Ordem de importância para compensação e solução do conflito: 1) Motivos determinantes do crime (agravante ou atenuante), personalidade do agente (agravante ou atenuante) e reincidência(agravante); Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 23 2) Demais circunstâncias CONCURSO ENTRE REINCIDÊNCIA E CONFISSÃO ESPONTÂNEA Qual destas circunstâncias legais deve prevalecer? STF: reincidência prepondera sobre a atenuante da confissão espontânea. STJ: devem ser compensadas. Na prova, usa a do STJ para não ter que fazer conta. Reincidência anula confissão. 24/03/2021 Terceira fase da dosimetria da pena 3º) FASE: CAUSAS DE AUMENTO (MAJORANTES) E DE DIMINUIÇÃO (MINORANTES) • Circunstâncias obrigatórias ou facultativas de aumento ou de diminuição da pena, previstas na Parte Geral ou na Parte Especial do Código Penal , e também na legislação especial, em quantidade fixa ou variável. • Exemplos: diminuição – art. 14, parágrafo único, CP (tentativa); art.121, §1º, CP; art. 155, §2º, CP. aumento – art.70, CP; art. 121, §7º, CP. • Aplica-se no montante resultante da segunda fase • Juiz, não está vinculado a teoria das margens, podem levar a pena acima do máximo legal, ou trazê-la abaixo do mínimo. ➢ art. 68, parágrafo único, do CP: “No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua”. Conclusões: a) duas ou mais causas de aumento ou de diminuição previstas na Parte Geral : ambas deverão ser aplicadas, desde que obrigatórias. Exemplo: Pena: 6 A Aumento ½ e 1/3 Incidência isolada: 3 A + 2 A = 11 A Incidência cumulativa: 9 A + 1/3 = 12 A ➔ aumento (incidência isolada) ➔ Evitar pena “zero” – diminuição (incidência cumulativa) b) duas ou mais causas de aumento ou de diminuição previstas na Parte Especial, ou na legislaçãoespecial: o juiz pode limitar-se a um só aumento ou a uma só Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 24 diminuição, ainda que obrigatórias, prevalecendo, nesse caso, a causa que mais aumente ou mais diminua - faculdade judicial. Ex: art. 250, § 1º, I e II, do CP Nada impede a incidência de todas Remanescentes: 1) causa de aumento – agravantes genéricas (art. 61 e 62 do CP ou, residualmente, como circunstâncias judiciais desfavoráveis 2) causa de diminuição: atenuantes genéricas nominadas (art. 65 do CP) ou inominadas (art. 66 do CP) c) uma causa de aumento e uma causa de diminuição , simultaneamente, ambas deverão ser aplicadas, desde que obrigatórias. Primeiro as de aumento, depois as de diminuição Ex: concurso formal e semi imputabilidade d) se existirem, ao mesmo tempo, duas causas de aumento, ou então duas causas de diminuição, previstas uma na Parte Geral e outra na Parte Especial ou legislação especial, todas elas serão aplicáveis. Primeiro as causas de aumento e diminuição da parte especial ou legislação especial, depois, da parte geral. Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 25 Penas restritivas de direitos CONCEITO • “penas alternativas” • Propósito – evitar o encarceramento para aqueles que possuem condições pessoais favoráveis e praticaram delitos de baixa gravidade. Evitar a prática de novos crimes. • Restrição de direitos; não é encarcerado. ESPÉCIES Art. 43. As penas restritivas de direitos são: I - prestação pecuniária; indivíduo paga um valor II - perda de bens e valores; III - limitação de fim de semana. IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; V - interdição temporária de direitos; VI - limitação de fim de semana. rol é exaustivo – taxativo. NATUREZA JURÍDICA: penas art. 5.º, XLVI, da Constituição Federal - rol exemplificativo Características: substitutividade (substitui a pena privativa de liberdade, se possível. Não está escrito no tipo penal) e autonomia (só cumpre a alternativa). • Lei de Drogas – quebrou a regra da substitutividade • CTB – quebrou a regra da autonomia DURAÇÃO DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS art. 55 do CP: “As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto no § 4o do art. 46.” • prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas superior a 1 (um) ano pode ser cumprida em menor tempo, nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada (CP, art. 46, § 4.º). Ex: 2 A → Prestação de serviço a comunidade. Pode cumprir isso em 1 A e 1 dia. • Regra não se aplica às penas de prestação pecuniária e perda de bens e valores 29/03/2021 Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 26 REQUISITOS art. 44, I a III, do Código Penal duas ordens: objetivos e subjetivos REQUISITOS OBJETIVOS Trata-se a natureza do crime e à quantidade da pena. I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; a) Natureza do crime • O crime doloso tem que ter sido praticado sem violência ou grave ameaça a pessoa. ➔ Violência imprópria é uma espécie de violência, também não se admite substituição da pena. • Delitos de menor potencial ofensivo: quando praticadas com emprego de violência ou grave ameaça à pessoa –-> possível. Ex: lesão corporal leve e ameaça. • É possível para crime culposo. b) Quantidade da pena aplicada • pena efetivamente aplicada na situação concreta ➔ crimes dolosos (sem violência ou grave ameaça) - limite de 4 (quatro) anos. ➔ crimes culposos - qualquer que seja a quantidade de pena privativa de liberdade. REQUISITOS SUBJETIVOS a) Não ser reincidente em crime doloso (art. 44, II) ❖ Exceção - CP, art. 44, § 3.º: “Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.” B) Princípio da suficiência (III): “a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.” Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 27 CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS E PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS • Regra – não é possível fazer a substituição, pois normalmente a pena é maior que quatro anos e com violência/grave ameaça. Contudo, existem exceções: art. 217 – A. Foi tentado e pena menor de 4 anos. ➔ tráfico de drogas - art. 33, § 4.º, da Lei11.343/2006 impediu expressamente a substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos no tráfico de drogas. ▪ STF declarou inconstitucionalidade esse impedimento de substituição da pena - ofensa ao princípio da individualização da pena. ▪ eficácia erga omnes – Senado (art. 52, inc. X, da CF) editou a Resolução n.º 5, de 2012: “É suspensa a execução da expressão ‘vedada a conversão em penas restritivas de direitos do § 4.º do art. 33 da Lei n.º 11.343, de 23 de agosto de 2006, declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal nos autos do Habeas Corpus n.º 97.256/RS”. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA OU FAMILIAR CONTRA A MULHER art. 17 da Lei 11.340/2006: “É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa”. ➔ somente aquelas expressamente indicadas, penas de caráter pecuniário ❖ Jurisprudência (maior eficácia à Lei Maria da Penha) - proibição total de aplicação de penas restritivas de direitos nos crimes praticados com violência doméstica ou familiar contra a mulher. Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 28 ❖ SUM 588 do STJ: “A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.” MOMENTO DA SUBSTITUIÇÃO sentença condenatória REGRAS DA SUBSTITUIÇÃO Art. 44, § 2º “Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.” (1988) Não vale → Art. 60, § 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de multa, observados os critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código. RECONVERSÃO OBRIGATÓRIA DA PENA RESTRITIVA DE DIREITOS Art. 44, § 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta . No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão. Ex: 1 A, cumpriu 6 M = 6M 1 A – 11 M 20 D = 30 D Em caso de prestação pecuniária; multa 1 mil reais – 500 → ele tinha 1 A de pena, pagou metade, logo cumpre 6M. RECONVERSÃO FACULTATIVA art. 44, § 5º : Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior. Cumprindo uma restritiva, então veio uma condenação de pena privativa. O Juiz pode reconverter. Quando houver compatibilidade,não precisa. Ex: prestação de serviço + 1 ano de regime aberto ( dá para cumprir as duas). Prestação pecuniária + 6 A regime fechado. 31/03/2021 Pena de multa CONCEITO • espécie de sanção penal, de cunho patrimonial, consistente no pagamento de determinado valor em dinheiro em favor do Fundo Penitenciário Nacional. • Deve seguir os princípios da reserva legal e da anterioridade Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 29 CRITÉRIO ADOTADO PARA A PENA DE MULTA - dia-multa • preceito secundário de cada tipo penal se limita a cominar a pena de multa, sem indicar seu valor – calculado com base nos critérios previstos no art. 49 do CP. “A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa APLICAÇÃO DA PENA DE MULTA → sistema bifásico ❖ 1.ª fase: estabelece o número de dias-multa - varia entre o mínimo de 10 (dez) e o máximo de 360 (trezentos e sessenta) - art. 49, caput, parte final, do CP. Leva em consideração o critério trifásico – leva em consideração → art. 59, caput, do CP, eventuais agravantes e atenuantes genéricas, e ainda causas de aumento e de diminuição da pena. ❖ 2.ª fase: fixação do valor de cada dia-multa - não pode ser inferior a um trigésimo (1/30) do maior salário-mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a cinco vezes esse salário (CP, art. 49, § 1.º). art. 60, caput, do CP: “Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica do réu.” QUADRO ESQUEMÁTICO VALOR INEFICAZ DA PENA DE MULTA Art. 60, § 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo , se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo. ➔ pagamento voluntário ou espontâneo - deve ser efetuado no prazo de 10 (dez) dias depois do trânsito em julgado da sentença condenatória (art. 50, caput, 1.ª parte, do CP) ➔ Parcelamento: é possível, mas é requerido ao juiz. EXECUÇÃO DA PENA DE MULTA • omissão do condenado durante o prazo legal. Vedada a sua conversão para pena privativa de liberdade. • Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 30 normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. (Lei nº 13.964, de 2019) ➔ COMO SE O VALOR NÃO PAGO TORNA-SE UM TRIBUTO NÃO PAGO. ISSO NÃO RETIRA O CARÁTER PENAL DA MULTA. art. 5º, XLVI, c, da CF Antes: 3 posições ADI 3150 de 13 de dezembro de 2018 - caso o MP não proponha a execução da multa no prazo de 90 dias após o trânsito em julgado da sentença, o juízo da vara criminal comunicará ao órgão competente da Fazenda Pública para efetuar a cobrança na vara de execução fiscal. Hoje: execução será promovida exclusivamente pelo MP, perante o juiz da VEC Preserva caráter de pena – art. 5º, XLVI, c, da CF. • Se ocorre morte, quem paga? Apenas o autor da infração pode pagar . Princípio da intranscendência. PENA DE MULTA E HABEAS CORPUS • Multa não paga não pode mais ser convertida em privativa de liberdade. Logo, não coloca em perigo a liberdade de locomoção do réu. • Súmula 693 do STF: “Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada”. PENA DE MULTA NA LEI DE DROGAS • Segue o sistema do dia multa, no entanto, as regras relativas ao número de dias-multa e ao valor de cada dia-multa são diversas das estabelecidas pelo CP. Artigo 28, § 6º Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê- lo, sucessivamente a: I - admoestação verbal; II - multa. (regras diferentes) Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se refere o inciso II do § 6º do art. 28, o juiz, atendendo à reprovabilidade da conduta, fixará o número de dias-multa, em quantidade nunca inferior a 40 (quarenta) nem superior a 100 (cem), atribuindo depois a cada um, segundo a capacidade econômica do agente, o valor de um trinta avos até 3 (três) vezes o valor do maior salário mínimo. Da Sanção Penal Brendha Ariadne Cruz – 3º Termo (Toledo Prudente) 31 Esse valor de multa é pago para o Fundo Nacional Antidrogas (art. 28). Art. 33 a 39 da Lei de drogas Quantidade: • Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a personalidade e a conduta social do agente. Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. 33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 desta Lei, determinará o número de dias-multa, atribuindo a cada um, segundo as condições econômicas dos acusados, valor não inferior a um trinta avos nem superior a 5 (cinco) vezes o maior salário-mínimo.
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