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• Condição em que ocorre a formação e concentração de cristais no trato urinário, sendo extremamente dolorosa e de alto custo (devido a necessidade de cirurgia) • Extremamente comum → prevalência em torno de 3% da população o 12% das pessoas irão desenvolver cálculos urinários em algum momento → 20-30% necessitarão de abordagem terapêutica intervencionista o Encontro do cálculo renal revela um distúrbio permanente → pcte sujeito a novos cálculos → doença crônica que deve ser controlada ▪ Taxa de recorrência de 10% no primeiro ano, 35% nos 5 subsequentes e 50-60% em dez ▪ Quando um indivíduo desenvolve um cálculo, a prevenção da recidiva é essencial. • Países pobres → mais comum em crianças, na forma de cálculos vesicais de ácido úrico o Países ricos → mais prevalente em adultos, maioria dos cálculos compostos por cálcio • É mais comum em homens, com pico de incidência entre 20-40 anos → relação 2:1 • A prevalência é cerca de 50% menor em indivíduos negros, em comparação aos brancos o Dados sugerem uma prevalência crescente, resultado da ocidentalização do estilo de vida (mudanças dietéticas, aumento do índice de massa corporal) ❖ PRINCIPAIS FATORES DE RISCO → a nefrolitíase é um distúrbio sistêmico, varias condições predispõem a formação de cálculos o Má absorção gastrintestinal, obesidade, DM2, acidose tubular distal o História pessoal ou familiar de nefrolitíase, baixa ingesta hídrica o Urina acida, história de gota, HAS, ITU recorrente o Uso prolongado de certos medicamentos (Indinavir, Aciclovir, Sulfadiazina) • Risco de DRC → pacientes com nefrolitíase + HAS, + doença coronariana, + obesidade, + DM • Existem diversos tipos de cálculos → importante identificar, para realizar o prognóstico e o esquema preventivo ideal para evitar recidivas CÁLCULOS POR SAIS DE CÁLCIO • 70-80% dos casos → metade puro e metade misturado a outros sais ❖ OXALATO DE CÁLCIO → 40-70% • Dois tipos → o monoidratado (wewelita) e o di-hidratado (wedelita) o A maioria dos cálculos de oxalato de cálcio cresce sobre o fosfato de cálcio na extremidade da papila renal (placa de Randall) ❖ FOSFATO DE CÁLCIO → denominado apatita, encontrado com mais frequência misturado ao oxalato de cálcio, incomum na forma pura • Tipo mais comum encontrado é a hidroxiapatita e menos comum é a brushita • Fosfato de cálcio se deposita no ramo delgado da AH e estende-se até a papila → provoca erosão do epitélio papilar, fornecendo local de deposição de cristais de oxalato de cálcio e de fosfato de cálcio • Tampões tubulares de fosfato de cálcio podem ser iniciador → o processo de formação pode começar vários anos antes da identificação de um cálculo clinicamente detectável CÁLCULOS DE ESTRUVITA • Segundo tipo mais frequente → 10-20% • Se desenvolve na presença de bactérias produtoras de urease na urina (cálculo infeccioso) • Mais comum de fazer cálculos coraliformes → que se alojam na pelve CÁLCULOS DE ACIDO URICO → 5-10% CÁLCULOS DE CISTINA → 2-3% Cálculos raros são os de xantina (indivíduos com deficiência da xantina oxidase) e os de di-hidroxiadenina (portadores de deficiência de adenina fosforribosiltransferase) Os cálculos podem aparecer na urina e serem vistos a olho nu → cada tipo tem características próprias de forma, cor e consistência → mas só análise físico química confirma a natureza • O EAS pode mostrar os microlitos (ou cristais), que apresentam importantes diferenças morfológicas na microscopia óptica e de luz polarizada (birrefringência) • A formação acontece quando elementos químicos se combinam, formando sais insolúveis → que formam cristais, os quais crescem e se agregam formando o cálculo renal • Quando a excreção de soluto / conservação de água aumenta, há desequilíbrio entre soluto e solvente o Faz o elemento, que geralmente já têm baixa solubilidade, ficar em concentração elevada o suficiente (supersaturado) para precipitar → forma cristais que se agregam e formam o cálculo o Porém, em condições fisiológicas, inibidores da cristalização impedem a formação contínua de cálculos na maior parte da população → há indivíduos formadores de cálculo • O valor de supersaturação calculado não prevê perfeitamente a formação de cálculos → mas é um guia útil por integrar os múltiplos fatores medidos em uma coleta de urina de 24 horas • Condições que favorecem a supersaturação urinária favorecem a formação de cálculos → hiperexcreção de solutos, volume urinário reduzido, alterações do pH e deficiência dos inibidores da cristalização • Alterações anatômicas facilitam ao produzirem estase urinária → duplicidade pielocalicial, rim esponjoso medular, rim em ferradura, ureterocele ❖ O processo de formação dos cristais chama-se nucleação, e pode ser de dois tipos: • HOMOGÊNEA (PRIMÁRIA) o Cristal é puro → apenas cálcio e oxalato por exemplo o Exige concentrações urinárias muito elevadas dos elementos envolvidos o Preciso que as concentrações iônicas estejam acima do produto de formação de cristais • HETEROGÊNEA (EPITAXIAL OU SECUNDÁRIA) o Cristal formado sobre a superfície de outro cristal de composição diferente ▪ Exemplo os cristais de oxalato de cálcio que se formam sobre cristais de fosfato de cálcio ou ácido úrico o Pode ocorrer com concentrações levemente acima do produto de solubilidade Depois que os cristais são formados eles podem ou não se transformar em cálculos macroscópicos → o fluxo urinário pode eliminar os cristais antes que eles cresçam e se tornem cálculos verdadeiros ❖ Crescimento e Agregação • Os cristais se formam aderidos à superfície do epitélio urinário, geralmente nas papilas renais • Uma matriz proteica contida nos cálculos pode servir como “âncora” para fixação → adesão mecânica garante tempo suficiente para o crescimento e agregação • Frequente encontrar cálculos nascendo na intimidade dos cálices renais, antes de migrar para a pelve ❖ ÁGUA é o principal • Uma urina diluída reduz a concentração de todos os seus elementos químicos → diminui a chance de nucleação e aumenta o fluxo de urina, facilitando a eliminação de cristais recém-formados • Aumento da ingesta hídrica inibe todas as fases de formação de um cálculo renal o Quando o débito urinário é < 1 L/dia, o risco de formação de cálculos aumenta mais de 2x ❖ CITRATO E MAGNÉSIO são importantes inibidores da nucleação do oxalato de cálcio o O magnésio se liga ao oxalato e o citrato se liga ao cálcio, impedindo a agregação ❖ PIROFOSFATO é outro inibidor fisiológico do crescimento e agregação dos cristais de cálcio ❖ Diversas proteínas urinárias inibem o crescimento e a agregação dos cristais de oxalato de cálcio → como a PROTEÍNA DE TAMM-HORSFALL (secretada pelos túbulos renais) • Alguns formadores crônicos de cálculos parecem ter atividade inibitória reduzida desta proteína • A nefrocalcina (glicoproteína ácida produzida pelo rim) e a uropontina (glicoproteína fosforilada) também podem estar alteradas em alguns pacientes • Fatores de risco dietéticos → incluem proteína animal, oxalato, sódio, sacarose e frutose ❖ HIPERCALCIÚRIA → oxalato de cálcio geralmente se associa com excreção urinária de cálcio > 300 mg/dia em homens e 250 em mulheres • Absorção gastrintestinal maior de cálcio constitui fator contribuinte → é idiopática em 55% • Outro possível fator pode ser um turnover ósseo (com redução na densidade mineral óssea) o Normalmente em dietas com alto teor de sódio, uso de diuréticos de alça, acidose tubular renal distal, sarcoidose, síndrome de Cushing, excesso de aldosterona ou distúrbios associados Uma dieta com maior aporte de cálcio está associada a redução do risco o Pela diminuição da absorção intestinal de oxalato da dieta → nível urinário mais baixo de oxalato • A baixa ingesta é contraindicada, pois aumenta o risco e contribui para menor densidade óssea nos indivíduos formadoresde cálculos ❖ HIPEROXALÚRIA → o oxalato origina-se da produção endógena e da absorção do oxalato dietético • Excreção de oxalato urinário > 45 mg/dia é forte fator de risco para cálculos de oxalato de cálcio → ainda que tenha formação bem abaixo desse nível • O oxalato da dieta é o principal fator contribuinte → uma ingesta maior de cálcio dietético diminui a absorção gastrintestinal de oxalato e, portanto, reduz o oxalato urinário. • Também por hiperoxalúria primária → condição genética, causa produção endógena excessiva do fígado ❖ HIPERURICOSÚRIA → excreção de ácido úrico > 800 mg/dia em homens ou 750 em mulheres o Condição associada com maior frequência de nefrolitíase em indivíduos acometidos pela Gota o Geralmente condição genética causando maior produção de AU → ou consumo excessivo de purinas ❖ HIPOCITRATÚRIA → excreção urinária de citrato < 320 mg/dia predispõe • A reabsorção do citrato é influenciada pelo pH intracelular de células tubulares proximais. • A acidose metabólica, incluindo pela ingesta aumentada de carne, leva a redução da excreção de citrato pelo aumento da reabsorção ❖ CISTINÚRIA → distúrbio autossômico recessivo que causa reabsorção anormal de aminoácidos básicos filtrados • Excreção aumentada de cistina forma cálculos de cistina, que é pouco solúvel • PH URINÁRIO • Influencia a formação do produto da solubilidade → urina alcalina favorece supersaturação do fosfato de cálcio (apatita) e fosfato de amônio magnesiano (estruvita) • pHu ácido reduz a solubilidade do ácido úrico e cistina → principal determinante pra cálculos de AU o Fatores que diminuem o pHu → obesidade, DM tipo 2 e alto consumo de proteínas animais • OUTROS • Ingesta mais alta de potássio diminui a excreção de cálcio, e muitos alimentos ricos em potássio aumentam a excreção urinária de citrato, por seu conteúdo alcalino • Infecção por bactérias produtoras de urease → maior fator de risco para cálculos de estruvita o Formados apenas quando a porção superior do TU é infectada por essas bactérias → Proteus mirabilis, Klebsiella pneumoniae... o A urease produzida hidrolisa a ureia em amônia + CO2 + H2O → a amônia aumenta o pH > 8, saturando a urina o Causa a formação de cristais de estruvita por sua junção com fosfato e magnésio → se unem formando cálculo que pode preencher todo o sistema coletor renal • A formação e o crescimento de cálculos caracterizam-se por serem clinicamente silenciosos • São observadas 2 coisas comuns no episódio agudo → cólica renal e hematúria macroscópica indolor o Hematúria detectada em 90%, muitas vezes sendo o único sintoma • A dor típica dos cálculos é decorrente de sua mobilização → que causa graus variáveis de obstrução ao fluxo de urina, conforme o tamanho o Algumas pessoas podem eliminar pequenas concreções arenosas com quase nenhuma dor → outras podem apresentar sintomas graves de obstrução ureteral → Cólica Nefrética • Os cálculos obstruem o sistema coletor em três pontos principais → pontos de constricção do ureter o Junção ureteropélvica → mais comum o Terço médio do ureter → cruzamento com os vasos ilíacos internos o Junção vesicureteral • Na maioria das vezes, os cálculos impactam transitoriamente, por serem pequenos → migrando para a bexiga e sendo eliminados na urina • Quando um cálculo migra da pelve para o ureter, o pcte experimenta uma dor variavelmente intensa → ocasionada pela impactação do cálculo nos pontos de constricção do ureter o Na tentativa de forçar a passagem do cálculo, o ureter se contrai com espasmos repetitivos → crises de dor em cólica que costumam durar entre 20 a 60 minutos o Quando um cálculo se desloca pelo ureter, o desconforto costuma começar com o aparecimento súbito de dor unilateral no flanco • A intensidade da dor pode aumentar rapidamente, e não existem fatores que produzam alívio • Essa dor pode irradiar-se, dependendo da localização do cálculo o Quando se aloja na parte superior do ureter, pode irradiar-se anteriormente o Se na parte inferior do ureter, pode irradiar para o testículo ipsilateral ou p grande lábio ipsilateral ▪ Na junção vesicureteral pode ser confundido com cistite bacteriana → cursa com disúria, polaciúria, urgência e dor uretral ❖ Se essa impactação provocar obstrução importante ocorre grande aumento na pressão do trato urinário → gerando DISTENSÃO AGUDA DA CÁPSULA RENAL o Havendo presença de punho-percussão lombar positiva (Giordano +) → dor geralmente insuportável, necessitando de analgesia opioide parenteral Manifestações como náuseas, vômitos, sudorese fria e síncope costumam acompanhar a dor → assim como taquicardia e hipertensão arterial • No EF, apesar de poder haver dor abdominal, não se espera irritação peritoneal na cólica nefrética (Blumberg +) → Diagnóstico Diferencial • A dor pode mudar suas características no decorrer do tempo pela movimentação do cálculo o Pacientes com história prévia de nefrolitíase sintomática muitas vezes conseguem dizer em que porção do cálculo se encontra → prevê com relativa acurácia quando será eliminado INFECÇÃO • Complicação mais temível da litíase com cálculo impactado no ureter → considerada emergência medica • Pcte evolui com febre alta, calafrios e leucocitose com desvio à esquerda → achados não esperados o Por ser uma pielonefrite complicada (infecção fechada), a sepse costuma ser intensa e de rápida instalação → cursando com bacteremia • Se o rim não for logo desobstruído existe grande chance de ser rapidamente destruído (dias) → pionefrose → exige stent ureteral ou nefrostomia percutânea OBSTRUÇÃO • Quando o cálculo impacta no ureter, geralmente causa obstrução apenas parcial • Mas pode ser total, acarretando hidronefrose progressiva → com perda do parênquima renal (semanas a meses) caso a obstrução não seja desfeita NEFROCALCINOSE • Calcificação do parênquima renal na litíase por fosfato de cálcio → cristais se depositam difusamente sobre as papilas renais • Pode ser assintomática, se exteriorizando como múltiplas calcificações encontradas num RX o Ou determinar cólica pelo seu desprendimento para a pelve renal CÁLCULOS CORALIFORMES • Cálculos geralmente assintomáticos que crescem de modo a ocupar quase toda a pelve e cálices renais o Comumente formados por estruvita, porém, podem ser de cistina ou ácido úrico • Se associam a mau prognóstico do rim acometido → degeneração parenquimatosa • Sempre indicam terapia intervencionista • A avaliação diagnostica deve levar em conta 3 fatores → confirmar a existência da nefrolitíase, identificar a composição do cálculo e qual fator predispôs sua formação • A suspeita de nefrolitíase, na prática, deve sempre ser formulada diante de 3 apresentações → síndrome de “cólica nefrética”, hidronefrose e hematúria • Costuma ser estabelecido com base na anamnese, exame físico e exame de urina → pode não ser necessário aguardar uma confirmação radiográfica para tratar os sintomas. ❖ Primeiramente deve-se analisar DIAGNÓSTICO DIFERENCIAIS • Aneurisma de aorta abdominal em expansão, apendicite e diverticulite aguda, pielonefrite, cistite bacteriana e o infarto renal (oclusão aguda de artéria renal) o Urinocultura e dosagem de LDH podem ajudar na diferenciação com ITU e oclusão arterial renal o Exame abdominal e imagem podem descartar o aneurisma, apendicite, diverticulite... ▪ Exame de urina pode confundir o diagnóstico → alguns casos de aneurisma em expansão ou apendicite aguda PODEM cursar com hematúria, devido à irritação ureteral direta ❖ Achados da bioquímica do soro costumam ser normais → a contagem de leucócitos pode estar elevada • O EAS, em geral, revela hemácias e leucócitos → em certas ocasiões cristais o Presença de cristais não garante o diagnóstico → pode ocorrer em não formadores de cálculo o Ausência de hematúria não descarta a possibilidade de cálculo → principalmentequando o fluxo está totalmente obstruído • Deve ser feito para esclarecer a presença ou não • 1ª linha → TC helicoidal não contrastada e USG do trato urinário (2ª escolha) • RX simples e urografia excretora não são mais rotina • RNM inferior a TC para visualização de cálculos → considerada em gravidas por não expor a radiação TC HELICOIDAL NÃO CONTRASTADA • Padrão-ouro → sensibilidade 98% e especificidade 100% • Vantagem de ser realizada sem contraste e mais rápido que urografia excretora, identificando diversos tipos de cálculos → inclusive de ácido úrico que n aparecem no RX o Detecta cálculos pequenos (1mm) que passam despercebidos por outros métodos o Pode diagnosticar outras causas de dor em flanco como torção ou cisto de ovário, apendicite • Desvantagem de não medir função renal e a exposição à radiação ionizante USG RENAL • Menos sensível para visualizar cálculos → método de escolha quando não tem TC ou em gestantes • Sensibilidade maior para cálculos da pelve ou cálices renais → não identifica cálculos mais distais o Mas se pode constatar presença da hidronefrose (dilatação pieloureteral) devido à obstrução • A desvantagem é que o exame depende mto do examinador RX ABDOME • Não é feito de rotina → sensibilidade menor • Vê apenas cálculos radiopacos (não detecta os de ácido úrico) • Pode não detectar no ureter ou no rim, mesmo se radiopaco → e não fornece informações sobre possível obstrução UROGRAFIA EXCRETORA • Sensibilidade 90%, mas tem menor acurácia do que a TC helicoidal • Vantagem de avaliar indiretamente a função renal e detectar cálculos mais distais • Desvantagem pelo uso do contraste iodado • Direciona melhor a investigação diagnóstica do distúrbio metabólico subjacente → permite elaboração de estratégia preventiva específica • Para ter acesso a análise direta do cálculo (melhor forma de avaliação), pede-se para o pcte filtrar a urina através de gaze, para coletar o cálculo quando passar pela uretra o Envia-se para laboratório → onde se faz espectroscopia por infravermelho ou difração por raios- X (análise colorimétrica é obsoleta) • EAS identifica pH, e pode revelar a presença de cristais → mas nem sempre os encontrados tem a mesma composição do cálculo sintomático → pode haver 2 distúrbios metabólicos • Deve ser feito URINOCULTURA para identificar a presença de germes produtores de urease • URINA 24H em 2 amostras → pH, volume, ureia, creatinina, cálcio, AU, citrato, fosfato, Mg, K, Cl... • DOSAGEM SERICA → Ca, fosfato, Na, K, Cl, HCO3, AU, ureia, Cr, albumina, PTH • Apenas uma pequena parcela da população é capaz de formar cálculos renais → formadores de cálculo • Antes de surgir o cálculo é preciso que cristais sejam formados (nucleação), cresçam e sofram agregação • A nucleação só ocorre quando as concentrações dos íons do cristal excedem um determinado limite Terapia Médica Expulsiva → aines + alfa bloqueador • Maioria das ureterolitíases sintomáticas deve ser manejada de forma conservadora, já que os cálculos com frequência são pequenos (< 5 mm), com grande chance de eliminação espontânea • Pctes com cálculos ureterais ≤ 10 mm, que não apresentam indicações formais para abordagem urológica imediata → podem tentar a TME por até 4-6 semanas o Deve-se reavaliar o paciente (USG após 7-14d) → verificar se houve migração do cálculo ANALGESIA ❖ AINEs VO 1ª opção (parenteral se dor severa e vômitos) → cetorolaco • Têm efeito analgésico excelente, e previnem o espasmo da musculatura lisa do ureter • Opioides são utilizados somente em pctes que não respondem ou não toleram AINEs → não amenizam o espasmo ureteral e tem mais efeitos adversos ❖ Bloqueadores Alfa-1-Adrenérgicos • Relaxam a musculatura lisa ureteral → diminui o espasmo e facilita a movimentação do cálculo de modo a aumentar a chance de eliminação espontânea • Reduzem a intensidade e as recidivas da cólica nefrética o Tamsulosin 0,4 mg/dia Bloqueadores de canais de cálcio também podem ser usados com o mesmo intuito → menos eficazes HIDRATAÇÃO • Nenhuma evidência científica comprovou seu benefício, apesar de recomendada antes • Hidratação venosa deve ser instituída quando for necessário corrigir um quadro de franca desidratação ou houver indicação de analgesia parenteral Se a dor for controlada e o pcte for capaz de ingerir líquidos por VO, pode-se evitar a hospitalização DISSOLUÇÃO QUÍMICA DO CÁLCULO • O único cálculo comprovadamente passível de ser dissolvido é o de ÁCIDO ÚRICO • Como só se forma em urinas ácidas, alcalinização urinária pode o dissolver → bicarbonato VO por ex o Dissolução completa e em curto prazo é incomum → por isso pouco empregado na atualidade • Quando o calculo é > 5 mm a chance de eliminação espontânea diminui de forma progressiva → muito baixa com cálculos maiores do que 10 mm • Uma intervenção urológica precoce deve ser indicada de imediato se o Calculo > 10 mm o Infecção urinaria associada (apenas desobstrução da via) o Sintomas refratários ao tratamento clinico (dor, náuseas, vômitos) o Obstrução persistente ou progressiva o Insuficiência renal aguda (obstrução bilateral completa ou unilateral em rim único) LITOTRIPSIA COM ONDAS DE CHOQUE EXTRACORPÓREA (LOCE) • 1ª escolha na maioria dos casos • Um aparelho gera ondas mecânicas convergentes que se propagam através dos tecidos, tendo ponto focal no cálculo → é pulverizado em fragmentos, que passam espontaneamente pelo ureter o Pcte colocado em tanque d’água, em posição que o cálculo é centrado no foco de dois refletores o A localização do cálculo é feia por radioscopia ou USG ❖ Indicação → cálculos renais e ureterais proximais < 20 mm o Sucesso terapêutico em 90-100% (renais e ureter proximais) e 85% (ureter distal) • Não indicada (menos eficaz – gera fragmentos grandes demais) se o Cálculos > 20 mm o Cálculos localizados no pólo inferior do rim o Cálculos “duros”, como os de cistina Gravidez, marca-passo, HAS severa, aneurisma de a renal → contraindicação absoluta ❖ Complicações → hematoma perinéfrico, é a principal (rara <1%) o Hematúria, cólica, pancreatite • Pacientes em uso de AAS devem ter a droga suspensa 2 semanas antes o AINEs empregados no esquema de analgesia devem ser suspensos pelo menos 48h antes LITOTRIPSIA POR URETERORRENOSCOPIA • Ureteroscópio rígido, semirrígido ou flexível é introduzido sob visão cistoscópica direta no óstio ureteral, podendo ser levado até o interior da pelve para fragmentação dos cálculos o O tipo de sonda mais utilizado é o Holmium-YAG laser → a passagem de baskets (cestas coletoras) ou tubos de aspiração permite a retirada dos fragmentos produzidos • Método de escolha para retirada dos cálculos impactados no ureter distal → sucesso de 100% o Em ureter médio, cerca de 90% • Cálculos impactados em ureter proximal/junção ureteropélvica são melhor tratados com LOCE ou nefrolitotomia percutânea → litotripsia segunda escolha NEFROLITOTOMIA PERCUTÂNEA • Substituiu a cirurgia aberta na nefrolitíase • Guiado pela radioscopia ou usg, o urologista faz uma punção percutânea da pelve renal → introduz um guia e diversos dilatadores, de modo a formar um pertuito de acesso aos cálculos o Introduz o nefroscópio, munido de fórcipe removedor e sondas de litotripsia intracorpórea • Cálculos < 1 cm podem ser removidos diretamente pelo fórcipe, pelo canal de nefrostomia o Com > 2 cm devem ser primeiro fragmentados pela litotripsia in situ (intracorpórea) • Indicado quando o tamanho for > 2 cm o Cálculos coraliformes → devem ser primeiro submetidos a nefrolitomia percutânea o Localizados no pólo renal inferior o Refratários à LOCE • Cálculos residuais presentes pós procedimento → devem ser abordados com LOCE, seguida por uma nova nefrolitotomia → terapia sanduiche NEFROLITOTOMIAABERTA (ANATRÓFICA) • Primeiro procedimento cirúrgico utilizado para a retirada de cálculos renais → hoje quase n usada • Indicada caso refratariedade aos métodos não invasivos ou minimamente invasivos o Ou se cálculos anatomicamente complexos e extensos, geralmente coraliformes • Pode ser uma pielolitotomia aberta simples ou uma nefrolitotomia “anatrófica” o Sem atrofia pois o parênquima é incisado numa região conhecida como linha avascular de Brodel → evita a ocorrência de lesão vascular iatrogênica A perda da função do rim acometido (confirmada por cintilografia), associada a cálculo renal impactado ou coraliforme, indica a realização de uma nefrectomia. • Quando há cálculo obstrutivo associado à pielonefrite ou quando sobrevém IRA pós-renal, por obstrução ureteral total bilateral ou em rim único o Primeira preocupação não é retirar o cálculo, mas desobstruir a via urinária → evita perda irreversível do parênquima • Pielonefrite obstruída leva facilmente à sepse urinária fulminante, bacterêmica → enorme letalidade • 2 procedimentos emergenciais podem ser usados o Nefrostomia percutânea (cateter “único-J”) → a extremidade não “dobrada” está fora do corpo, desviando a urina para uma bolsa coletora externa. o Stent ureteral (cateter “duplo-J” → uma extremidade na pelve renal, e a outra na bexiga • Formadores crônicos de cálculos devem receber tratamento preventivo para evitar novos episódios • Conduta se baseia no tipo de cálculo encontrado e no distúrbio metabólico predisponente ❖ MEDIDAS GERAIS DE PREVENÇÃO • Aumento da ingestão hídrica, com 2-3L de água/dia o Dilui íons urinários, reduzindo a chance de formar cristais o Elimina cristais pré-formados, pelo aumento do fluxo • Estímulo a atividade física e orientação dietética de acordo com o distúrbio metabólico associado a formação do cálculo. HIPERCALCIÚRIA ❖ Restrição dietética de sal e proteínas de origem animal → reduz calciúria pois a reabsorção de Ca no TCP está atrelada ao Na • A restrição salina reduz a volemia, aumentando a reabsorção de Na e consequentemente de Ca • O metabolismo proteico gera ácidos → H+ é tamponado pelos ossos, em troca da retirada de Ca desses tecidos, aumentando a Calciúria → restringir as proteínas ameniza a produção ácida e reduz a calciúria Diuréticos Tiazídicos → usados caso a hipercalciúria persista com as restrições o Hidroclorotiazida → reduz a reabsorção da Na → túbulos aumentam reabsorção de Ca o Diuréticos de alça não devem ser usados pois fazem o contrario Quelantes de Ca nas refeições → para hipercalciúria idiopática refratária o Reduz a biodisponibilidade do Ca dietético o Fosfato inorgânico, fosfato de celulose e citrato de potássio. ❖ HIPERPARATIREOIDISMO PRIMÁRIO • PTH promove aumento na reabsorção de cálcio pelo túbulo distal → mas taxa de filtração do Ca é tão grande (aumento sérico), que o balanço final resulta em mais cálcio eliminado que reabsorvido • Tratamento → paratireoidectomia subtotal • Diversas outras desordens cursam com elevação persistente da calcemia → sarcoidose, intoxicação pela vitamina D, neoplasias, imobilização prolongada e tireotoxicose HIPEROXALATÚRIA • Redução de oxalato e gordura da dieta, amento da ingesta hídrica • Suplementos orais de Ca e Colestiramina (quelante de oxalato e sais biliares) • Também ser primária por problemas de VIT B6 → transplante hepático ou reposição de piridoxina HIPOCITRAÚRIA • Reposição oral de citrato → CITRATO DE K é o mais indicado → não induz expansão da volemia ❖ ACIDOSE TUBULAR DISTAL - TIPO I • Distúrbio na secreção de h+ no túbulo coletor, com incapacidade de acidificar a urina → acidose metabólica hiperclorêmica, acompanhada de hipocitratúria e supersaturação de fosfato de cálcio na urina o A acidemia crônica retira cálcio e fósforo dos ossos, que então são excretados na urina o Em adultos, podemos ter formação de cristais de cálcio no interstício renal → nefrocalcinose → pode levar à nefrite intersticial crônica e perda de função renal • Tratamento → reposição oral de álcali (citrato de potássio) • Reduz a acidose metabólica e diminui a taxa de formação de cálculos ANORMALIDADES DA ESTRUTURA RENAL • A adesão de cristais à superfície do epitélio tubular, principalmente regiões de baixo fluxo urinário, predispõe a nefrolitíase • Anomalias como rim esponjoso medular, rim ectópico, rim policístico e rim em ferradura • Os cálculos infecciosos também são favorecidos por essas alterações na morfologia renal CÁLCULO DE ESTRUVITA – PREVENÇÃO • Utilização de ATB esteriliza temporariamente a urina, porém infecção retorna → o ATB não atinge as bactérias que residem no interior dos cálculos • Se recomenda a remoção completa de todos os cálculos, eliminando a obstrução também o Nefrolitotomia percutânea é a abordagem inicial → mas pode requerer uma nefrolitotomia aberta • Em pctes com anomalias urinárias impossibilitadas de correção cirúrgica → ATB profilática por tempo indeterminado Ácido Acetoidroxâmico – Antagonista da uréase → usado como adicional, mas tem muitos efeitos colaterais HIPERURICOSURIA TRATAMENTO • Restrição de alimentos ricos em purina (fígado, miolos, aves, alguns peixes) deve ser recomendada • Medicações que ALCALINIZAM a urina devem ser empregadas → bicarbonato de K e Citrato de K o Acetozolamida (inibe da anidrase carbônica) induz diurese alcalina → aumenta solubilidade d AU Alopurinol – Inibidor da xantina oxidase (enzima do metabolismo das purinas) o Efeitos colaterais – rash cutâneo, leucopenia, icterícia colestárica. CÁLCULOS DE CISTINA - PREVENÇÃO • A solubilidade da cistina aumenta muito em PH alcalino → citrato de K com acetozolamida consegue impedir recidivas em indivíduos que seguem à risca as recomendações de ingesta hídrica. o Recomenda-se também restringir METIONINA (percursor de cistina) na dieta Penicilamina → forma um composto solúvel com a cisteína – impedindo a formação de cistina o Tem efeitos colaterais, por isso só usa em falência das medidas conservadoras • Objetivo é manter excreção de cistina abaixo do limiar de solubilidade de 250mg/l • Agente hipouricemiante mais comumente utilizado → melhor fármaco capaz de reduzir o urato sérico nos indivíduos com hiperprodução, formadores de cálculos de urato e pacientes com doença renal. • Análogo da hipoxantina, reduz a síntese de ácido úrico por inibição competitiva da xantina oxidase o É convertido em aloxantina pela xantina oxidase → eficaz inibidor não competitivo da enzima o Também ocorre certa inibição da síntese de purinas. • É eficaz no tratamento da hiperuricemia primária da GOTA → e secundária a distúrbios hematológicos ou terapia antineoplásicas na dose de 100 mg/dia • Durante o tratamento, a ingestão de líquidos deve manter diurese > 2L e alcalinidade suave da urina. ❖ Reduz a concentração dos uratos e ácido úrico relativamente insolúveis nos tecidos, plasma e urina • Ao mesmo tempo aumenta a concentração de seus precursores mais solúveis → xantinas e hipoxantinas • A deposição de cristais de urato nos tecidos é revertida, e a formação de cálculos renais é inibida. Administrado VO, o alopurinol é bem absorvido → o metabolito oxipurinol possui meia-vida de 18h Adm em dose única pela manhã → 100 mg no início e aumentando até 800 mg, se necessário EFEITOS ADVERSOS: • Distúrbios GI, rashes cutâneo, leucopenia, icterícia → desaparecem com a suspensão do fármaco o Exacerba a inflamação e dor em crises agudas de gota o Doenças de pele como necrólise epidérmica tóxica e síndrome de Stevens-Johnson são raras o Supressão da medula, vasculites, insuficiência renal • O alopurinol aumenta o efeito da mercaptopurina → antimetabólito usado na quimioterapia ▪ Também da azatioprinaB • O efeito da varfarina aumenta porque seu metabolismo é inibido
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