Buscar

Distúrbios da Cavidade Oral

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Distúrbios da Cavidade 
Oral 
 
Boca: processo da mastigação (dentes e língua); 
esmaga o alimento e o mistura com a saliva. A saliva 
é secretada pelas glândulas salivares e tem função 
de umidificar e lubrificar o alimento. Também leva e 
tira as partículas de alimento que, de outro modo, 
promoveriam cárie; neutraliza os ácidos 
promotores de cárie produzidos pelas bactérias na 
boca; neutraliza o ácido por conter bicarbonato em 
sua composição e, portanto, protege o esôfago do 
refluxo gastroesofágico. 
 
O comprometimento do fluxo salivar resulta em 
perda das funções físicas, químicas e imunológicas 
exercidas pela saliva = desequilíbrio da microbiota 
bacteriana oral. 
 
MUCOSITE/ESTOMATITE 
Inflamação da mucosa oral caracterizada pela 
presença de eritema (vermelhidão inflamatória) 
e/ou ulceração. 
 
A etiopatogênese é pouco conhecida, com interação 
de vários fatores incluindo o tratamento contra o 
câncer (terapia antineoplásica – mucosite radio-
induzida ou droga-induzida). 
 
Fatores relacionados à Radioterapia: tipo de 
radiação, duração do tratamento, localização da 
lesão, volume de tecido irradiado e fatores 
predisponentes do paciente (nível de higiene oral, 
focos de infecção, uso de fumo e álcool). 
 
Manifestações clínicas 
Edema e dor intensa a cada tentativa de comer e 
beber, especialmente no grau 3 (o paciente 
apresenta úlceras e só consegue ingerir líquidos) e 
no grau 4 (não consegue se alimentar). 
 
Dietoterapia 
Baseada no estado nutricional prévio do paciente e 
tratamento previsto. Prefere-se a via oral para 
alimentação, com modificações dietéticas de acordo 
com as queixas e limitações detectadas. 
 
A dieta deve ser normoglicídica, sem 
concentração de sacarose, normolipídica, 
normo a hiperprotéica (1 a 1,2g/kg) 
 
Nutrição Enteral (por sonda) – quando os efeitos 
colaterais do tratamento impedem ingestão 
alimentar satisfatória. 
 
✓ Evitar alimentos ácidos e crus 
✓ Evitar alimentos muito quentes ou muito 
frios 
✓ Preferir alimentos pastosos, macios e leves 
(livres de temperos excessivos) 
✓ Aumentar a ingestão de líquidos 
✓ Fibras abrandadas pela cocção 
✓ Aumentar o fracionamento e diminuir o 
volume 
✓ Providenciar alívio da dor, especialmente 
antes das refeições (prescrição médica). 
 
MONILÍASE/CANDIDÍASE ORAL 
Doença oportunista causada pela proliferação de 
espécies de Cândida, principalmente Candida 
albicans (infecção fúngica). São lesões 
esbranquiçadas que não se desprendem com 
facilidade (popularmente conhecido como 
"sapinho"). Pode se localizar em qualquer área da 
mucosa bucal, mas é mais comum que apareça na 
língua. 
 
Pode ser observada em lactentes, pacientes com 
AIDS, câncer oral ou transplantes. 
 
Causas 
Imunossupressão, comprometimento do fluxo 
salivar, injúrias a mucosa. 
 
Manifestações clínicas 
Dor e/ou sensação de queimação, infecção, lesões, 
capacidade alterada de se alimentar; disgeusia 
 
Recomendações 
✓ Dieta branda ou individualizada, adequada em 
proteína e Kcal; se necessário, administrar 
suplementos orais. 
✓ Aumentar consumo de alimentos ricos em 
vitaminas e demais micronutrientes. 
✓ Diminuir alimentos ácidos e quentes, 
condimentos e sal, carboidratos refinados, 
alimentos secos e duros. 
 
XEROSTOMIA 
Ausência de saliva. Compromete a mastigação, 
deglutição, dificuldades na fala, sensação de paladar 
(disgeusia); causa dor e aumenta o risco de cáries 
dentais e infecções. 
 
Pode ser observada em diabetes mellitus mal 
controlada, doenças autoimunes, consequência de 
“radioterapia” e certas medicações 
(antidepressivos, anti-hipertensivos, diuréticos, 
anticonvulsivantes, sedativos, tranquilizantes). 
 
 
Recomendações 
✓ Estimular a produção de saliva: goma de 
mascar, pastilhas de limão (sem açúcar) 
✓ Se a saliva estiver grossa, enxaguar a boca com 
água ou soro fisiológico após a ingestão dos 
alimentos 
✓ Ingerir alimentos ricos em água. Alimentos 
mastigáveis, secos, esfarelados e pegajosos 
podem ser pouco tolerados 
✓ Ingerir líquidos nas refeições e nos seus 
intervalos 
✓ Evitar alimentos açucarados devido a 
diminuição da salivação. 
 
DISGEUSIA 
Diminuição do paladar. 
 
Recomendações 
✓ Enxaguar a boca antes das refeições 
✓ A tolerância é maior aos alimentos frios 
✓ Chupar balas azedas ou amargas (hortelã, de 
preferência sem açúcar) ou gotas de limão 
✓ Alimentos ácidos e temperados podem realçar 
o sabor. Evite-os no caso de desconforto para 
engolir estes alimentos 
✓ Evitar os alimentos desagradáveis ao paladar 
✓ Usar temperos mais fortes para intensificar o 
sabor dos alimentos, como: manjericão, 
orégano, hortelã e salsinha 
✓ Consumir alimentos com alto teor de zinco 
(carnes bovina, de frango e peixe, fígado, 
cereais, legumes, tubérculos, etc) → 
deficiência de Zn: disgeusia/ageusia e 
anorexia. 
 
DISFAGIA OROFARÍNGEA 
Dificuldade de transferir o alimento da boca até a 
faringe e o esôfago. É mais provável que existam 
problemas em deglutir líquidos, especialmente 
líquidos ralos, pois são deglutidos rapidamente e 
não mantem a sua forma dentro da cavidade oral, ou 
seja, parte do alimento pode escorrer 
prematuramente para a faringe e penetrar nas vias 
aéreas ainda abertas (aspiração). 
 
Comum aparecer em AVC e câncer de cabeça e 
pescoço. 
 
 
Recomendações 
Líquidos espessados produzem consistência mais 
segura, favorecem melhor controle oral sobre o 
bolo e possibilitam tempo maior para que o reflexo 
da deglutição seja desencadeado. 
 
Importante o auxílio de um fonoaudiólogo para 
avaliação clínica das condições de deglutição do 
paciente e determinar a possibilidade ou não da 
alimentação via oral segura, com recomendações 
das características mais adequadas para a dieta via 
oral. Ele conduz a progressão da consistência da 
dieta, na transição da sonda/parenteral para oral 
exclusiva. 
 
O grau de disfagia pode ser avaliado pela escala 
funcional de alimentação (Functional Oral Intake 
Scale - FOIS) que compreende 7 níveis, e classifica o 
paciente quanto ao nível de alimentação por via oral. 
 
 
 
 
 
Agentes espessantes: amido de milho (maisena), fécula de 
batata, farinha de trigo, farinha de aveia, farinha de 
mandioca refinada, farinha de arroz, fubá. 
 
Vantagem:  valor nutricional e a densidade calórica a um 
custo reduzido 
 
 
Cautela: amido que hidrata-se facilmente, incha 
rapidamente, rompe-se e possui baixa viscosidade, 
produzindo uma pasta pouco encorpada e com alta 
adesividade (grudenta), dificultando a deglutição. 
 
Amido modificado: amido tratado física ou quimicamente, 
modificando uma ou mais de suas prioridades. Existem 
amidos modificados especializados para uso em dietas 
para disfagia, que não alteram o sabor do alimento e 
qualquer líquido pode ser espessado com esses produtos. 
Boa opção para espessar líquidos frios. 
 
GENGIVITE 
Forma precoce de inflamação e infecção da gengiva 
ao passo que a periodontite é decorrente da perda 
gradual da ligação do dente ao osso. 
 
Um dos fatores etiológicos é a presença da placa 
bacteriana no sulco gengival, produzindo toxinas 
que destroem o tecido e levam às perdas dentárias. 
A falta de vitamina C, folato e zinco aumenta a 
permeabilidade da barreira gengival no sulco 
gengival, aumentando a suscetibilidade para 
doenças periodontais. 
 
Dietoterapia 
 
Dieta hiperproteica (1,2 - 1,4g/kg), 
normoglicídica, normolipídica. 
 
✓ A dieta hiperproteica promove a cicatrização e 
atende às necessidades aumentadas 
(inflamação, infecção e febre) 
✓ Sem concentração de sacarídeos simples para 
evitar fermentação e dada a sua 
cariogenicidade 
✓ Fibras modificadas pela cocção e vitaminas 
aumentadas (Vitamina C, A e complexo B). 
✓ Temperatura: morna a fria, sem extremos. 
 
GLOSSITE E QUEILOSE 
Glossite – Inflamação na língua. Pode estar 
associada a infecção crônica por Candida sp. 
 
Queilose – inflamação nas fissuras labiais. 
 
(Ver dietoterapia para gengivite.) 
 
CÂNCER DE BOCA 
Normalmente, a mastigação, deglutição, salivação e 
paladarsão afetados. Extensas cáries dentárias 
(cáries de radiação). necroses ósseas 
(osteorradionecrose) e infecções por patógenos 
oportunistas podem ocorrer. Quando a QT é 
instituída como tratamento, podem ocorrer 
náuseas, vômitos e anorexia. Deve-se monitorar a 
disfagia, dificuldades de mastigação, prevenir a 
desnutrição, adaptar a dieta aos efeitos indesejáveis 
do tratamento QT, RT e/ou cirúrgico. 
 
Recomendações 
Energia e macronutrientes – Ver resumo de câncer. 
 
✓ Consistência conforme tolerância do paciente, 
preferencialmente alimentos mais líquidos e 
pastosos. 
✓ Fibras abrandadas pela cocção. 
✓ Temperatura morna a fria, evitando-se os 
extremos. 
✓ Fracionamento aumentado das refeições, com 
menor volume. 
✓ Reduzir condimentos irritantes (inclusive o sal, 
se necessário). 
✓ Evitar ácidos e bebidas gasosas. 
✓ Aumentar a ingestão de líquidos. 
✓ Geralmente no PO pode-se necessitar de dieta 
enteral por sonda. Com a reintrodução da via 
oral deve-se iniciar dieta líquida restrita, 
evoluindo-se até a dieta geral (conforme 
tolerância). 
 
AMIGDALECTOMIA/TONSILECTOMIA 
As amídalas são tecidos linfáticos que fazem parte 
do sistema imunológico. Atualmente esta cirurgia é 
pouco frequente, mas é realizada para reduzir 
número e frequência de infecções no ouvido, 
amigdalites e sinusites. 
 
Conduta nutricional 
✓ Preferir alimentos frios, sabor suave e 
consistência amolecida e úmida (proteção 
contra sangramento) 
✓ Primeiras 24h – Utilizar alimentos de melhor 
aceitação como: bebidas lácteas (leite, leite 
maltado e gemadas), sorvete, pêra, pêssego ou 
damasco. 
✓ No 2º dia – introdução de líquidos mornos e 
alimentos macios, após este período 
introdução de alimentos quentes. 
✓ Dieta normal instituída de 3 a 5 dias. 
 
CIRURGIAS BUCOMAXILOFACIAIS 
Impossibilidade variável de mastigação no pós-
operatório por período variável: em torno de 10 
dias. No PO o paciente pode apresentar náuseas e 
vômitos por deglutir muita quantidade de sangue. 
 
Conduta nutricional 
✓ Aumentar fracionamento. 
✓ Fornecer via oral líquida (suplementada e 
incrementada para atingir o VET) ou enteral 
com o uso de sondas passadas durante a 
cirurgia. 
 
✓ A partir da possibilidade de mastigação a 
consistência da dieta deve progredir até geral. 
 
CÁRIES 
A cárie dental é um processo infeccioso evitável da 
cavidade oral, na qual metabólitos ácidos orgânicos 
produzidos pelos microrganismos da cavidade oral 
leva à desmineralização gradual do esmalte, seguida 
por rápida destruição proteolítica da estrutura 
dental. 
 
Possui etiologia multifatorial (susceptibilidade do 
hospedeiro; microrganismos como Streptococcus 
mutans, Lactobacillus casein, Streptococcus 
sanguis; presença de carboidratos fermentáveis; 
tempo para fermentação até pH <5,5). 
 
Alimentos cariogênicos – diminuem o pH <5,5, 
produzindo ácidos (caramelos e balas). 
Alimentos cariostáticos – não são metabolizados 
pela placa e não diminuem o pH para níveis <5,5 
(proteínas e gorduras). 
Alimentos anticariogênicos – impedem a placa de 
reconhecer o alimento (manitol, xilitol). 
 
Recomendações 
✓ Aumentar a ingestão de líquidos 
✓ Manter higiene bucal 
✓ Combinar alimentos cariogênicos com 
alimentos cariostáticos 
✓ Limitar a ingestão de alimentos e bebidas de 
carboidratos fermentáveis entre as refeições.

Outros materiais