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Distúrbios do Esôfago Esôfago: tem como principal função o transporte do alimento da boca ao estômago. DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO Afecção crônica decorrente do fluxo retrógrado de parte do conteúdo gastroduodenal para o esôfago e/ou órgãos adjacentes, acarretando variável espectro de sintomas (esofágicos ou extra- esofágicos), associados ou não a lesões teciduais. O refluxo pode resultar em esofagite (inflamação do esôfago). (Ver resumo de DRGE). Tônus sendo normal são necessários mais de 380mL de volume intragástrico para que ocorra refluxo, enquanto no “EEI hipotônico” bastam 140mL. Fatores predisponentes Obesidade e gravidez aumentam a pressão intra- abdominal, que força os conteúdos ácidos do estômago para cima do esôfago. Hérnia de Hiato – ocorre alteração da anatomia esofagogástrica (protusão do estômago para dentro do tórax), com forte associação com a esofagite. Presença de hérnia não é sinônimo de refluxo, mas a aumenta o risco. Conduta nutricional Objetivos: Aumentar a motilidade do TGI (esvaziamento gástrico retardado aumenta o risco de refluxo), diminuir a produção da secreção gástrica, reduzir os sintomas nos pacientes com refluxo ou esofagite, prevenir a irritação da mucosa esofágica na fase aguda, contribuir para o aumento da pressão do EEI, corrigir e manter o peso ideal, auxiliar na prevenção do RGE. Energia – manter peso ou perder peso LIP – hipolipídica <20% VET Hiperproteica ✓ Evitar alimentos e preparações gordurosas que a pressão do EEI (CCK) e retardam esvaziamento gástrico ✓ Proteínas estimulam a secreção gastrina e a pressão sobre o EEI ✓ Evitar exageros de carnes (estimulante do HCL pelas proteínas e purinas) ✓ Fase aguda: dieta líquida ou semilíquida com evolução até geral (com melhora da disfagia) ✓ Fracionar dieta em 6 a 8 pequenas refeições de pequenos volumes para evitar o refluxo ✓ Ingerir líquidos preferencialmente entre as refeições (evitar nas refeições principais para diminuir o volume ingerido, pois plenitude gástrica aumenta a distensão e produção de secreção gástrica) Evitar Alimentos que a pressão do EEI: café comum e descafeinado, mate, chá preto, bebidas alcoólicas, chocolate, cebola, alho, hortelã Alimentos que irritam a mucosa inflamada: sucos e frutas ácidas, tomate; gorduras decompostas (frituras, óleo dos refogados e manteiga/margarina) Alimentos que estimulam a secreção ácida: com alto teor de purinas, café, refrigerantes, bebidas alcoólicas Recomendações gerais ✓ Não comer antes de dormir (espaço de duas a três horas) ✓ Manter a cabeceira da cama elevada (15cm) ✓ Usar roupas razoavelmente folgadas ✓ Relaxar sentado depois de comer (não deitar) ✓ Controlar peso corpóreo ✓ Redução drástica ou cessação do tabagismo. ESÔFAGO DE BARRETT O esôfago de Barrett (EB) é uma condição pré- cancerosa em que o epitélio escamoso normal do esôfago é substituído por um epitélio colunar anormal conhecido como metaplasia intestinal especializada (tecido semelhante ao revestimento do intestino). A causa exata do EB é desconhecida, mas a DRGE é um fator de risco para a condição. As pessoas com EB correm risco maior de contrair um câncer denominado adenocarcinoma esofágico. Os fatores de risco de EB incluem histórico prolongado de sintomas relacionados com a DRGE (mais de 5 anos), meia idade, pessoas brancas do sexo masculino, obesidade, tabagismo e histórico familiar de EB ou adenocarcinoma esofágico. O estrogênio pode ser um elemento de proteção responsável pela menor incidência de EB nas mulheres. ESOFAGECTOMIA As indicações para cirurgia do esôfago são megaesôfago grau IV, câncer de esôfago ou o esôfago de Barrett com alto grau de displasia. Na maioria das vezes, o paciente submetido à esofagectomia apresenta condições como disfagia, redução do apetite, efeitos colaterais da quimioterapia e perda de massa corporal. A esofagectomia requer a colocação de outro canal para o transporte do alimento da orofaringe para o restante do sistema GI para fins de digestão e absorção. A colocação de uma sonda de alimentação enteral antes da cirurgia, ou no momento da cirurgia, permite acesso enteral a pacientes com dificuldade para se alimentar e reduz a transição de retorno a uma dieta normal. A nutrição por via enteral é preferível; entretanto, se o sistema GI não estiver funcionando, deve-se recorrer à nutrição parenteral (NP). Dietoterapia Pré-operatório Consistência da dieta conforme o grau de disfagia. Em casos de consumo alimentar inferior a 75% das necessidades nutricionais, disfagia para consistência pastosa e/ou radioterapia neoadjuvante, indica-se terapia nutricional enteral (TNE). Pós-operatório Um procedimento de transposição de tubo gástrico (gastric pull-up) envolve a remoção de um segmento ou da totalidade do sistema esofágico e a sua substituição pelo tecido estomacal. Entre as complicações após esse procedimento estão o maior risco de aspiração, disfagia, vazamento anastomótico, infecção da ferida cirúrgica e estenose no local da anastomose. O cronograma da sonda de terapia nutricional pode passar de contínuo a cíclico durante a noite, enquanto o paciente faz a transição para uma dieta por via oral durante o dia. 1º DPO: Iniciar dieta por SNE, hiperproteica imunomoduladora na vazão de 20ml/h. Avaliar a tolerância do paciente. 2º-3º DPO: Progredir o volume da dieta gradativamente até o suprimento das necessidades nutricionais do paciente. 5-9º DPO: Após descartar deiscência de anastomose, através do teste com azul de metileno, iniciar a dieta líquida de prova e progredir até dieta pastosa, conforme aceitação do paciente. Após a aceitação de no mínimo 75% das necessidades nutricionais, retirar a sonda nasoenteral. Alta hospitalar: Orientar dieta de consistência pastosa com progressão para dieta branda após 7 ou 15 dias, hiperproteica, hipercalórica, fracionada e em volumes reduzidos. Retornar para avaliação nutricional após 30 dias.
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