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Doenças do trato gastrointestinal – parte 1 Professora Camila Costa Universidade Estácio de Sá Fisiopatologia da Nutrição e Dietoterapia I Saúde oral Saúde Oral: Cárie dental Processo infeccioso evitável da cavidade oral Metabólitos ácidos produzidos por microrganismos da cavidade oral desmineralização do esmalte e destruição da estrutura dental Fatores relacionados à cariogenicidade: Alimentos cariogênicos (servem de alimento para as bactérias): fermentam e reduzem o pH < 5,5, produzindo ácidos (carboidratos fermentáveis) – Ex: balas e doces Alimentos cariostáticos: não são metabolizados e não diminuem o pH – Ex: proteínas e gorduras Líquidos e fibra (celulose): limpeza Consistência: líquidos são menos cariogênicos (tempo de aderência menor) A dieta deve ser normoglicídica, sem concentração de sacarose, normolipídica e normo a hiperproteica (0,8 -1,2) Aumentar a ingestão de líquidos e fibras (celulose) Aumentar o fracionamento e reduzir o volume das refeições Evitar temperaturas extremas Fluxo salivar remove os alimentos ao redor do dente por meio de um sistema tampão neutraliza o ácido bacteriano Xerostomia favorece formação de cáries (dormindo, jejum, irradiação e medicações) Saúde Oral: Cárie dental Glossite / Queilose / Mucosite / Estomatite: Hiperproteica (1,2g/kg) cicatrização, inflamação; normoglicídica, sem sacarose, normolipídica Fibras modificadas pela cocção (sem alimentos crus duros) Vitaminas do complexo B (riboflavina e folato) Diminuir volume das refeições e aumentar fracionamento Sem temperaturas extremas estimula inflamação da mucosa Evitar condimentos, inclusive sal Evitar bebidas ácidas e gasosas Saúde Oral: Glossite, queilose, mucosite e estomatite Glossite, queilose, mucosite e estomatite Glossite Queilose Mucosite Estomatite Cuidados nutricionais: Normalmente a mastigação, deglutição, salivação e paladar são afetados Quando QT e RT são feitas: náuseas, vômitos e anorexia Monitorar disfagia Prevenir desnutrição adaptar a dieta aos efeito do tratamento e da cirurgia Câncer de boca e orofaringe Câncer de boca Câncer de orofaringe Cuidados nutricionais: Consistência conforme tolerância: líquidos e pastosos VET de acordo com EN Hiperproteica: 1,2 – 1,4g/kg Fibras abrandadas pela cocção Evitar extremos de temperatura Reduzir condimentos irritantes Pós-operatório: pode ser necessária TNE Câncer de boca e orofaringe 3x mais comum em homens que mulheres Locais mais afetados: laringe, cavidade oral, faringe e glândulas salivares Diagnóstico tardio perda de peso e desnutrição Dificuldade de alimentação Tamanho do tumor, obstrução e ulceração Classificado de acordo com a localização: Orofaringe: base da língua, amigdalas, palato mole, úvula Nasofaringe: posterior da cavidade nasala, paredes da faringe Hipofaringe: ocorrência menos comum Câncer de cabeça e pescoço Fatores de risco: tabagismo, alcoolismo, má higiene bucal Fatores de risco nutricionais: Alimentos defumados Carne vermelha e processadas Chimarrão temperatura Churrasco (carvão) Fatores de prevenção: Dieta rica em vitaminas A, C e E: frutas, verduras, laticínios e óleos vegetais Câncer de cabeça e pescoço Nutrição no tratamento: QT, RT e cirurgias podem promover grande perda de peso IMC próximo de 25 melhor resposta ao tratamento Repouso oral por até 30 dias TNE Se for possível nutrição oral: líquida ou pastosa; fracionamento > e volume < Observar: alterações na mastigação, secreção de enzimas salivares, deglutição, redução da função motora e sensitiva da boca, alteração do EES Objetivos: prevenir ou corrigir perda de peso e DEP, favorecer cicatrização, facilitar ingestão, evitar broncoaspiração Câncer de cabeça e pescoço Esôfago Fisiopatologia Estrutura tubular muscular; 30cm de comprimento; Esôfago proximal, médio e distal – esfíncter esofagiano superior e inferior; Função: propulsão do bolo alimentar em direção ao estômago. Fisiopatologia Fase oral da deglutição A deglutição começa com o processo de mastigação, que umidifica a comida e a transforma em bolo alimentar maleável, com formato e tamanho apropriados para ser engolido. A língua pressiona a comida contra o palato, forçando-a para a faringe. Essa parte inicial é chamada de fase oral da deglutição e é feita através da contração voluntária dos músculos da face e cavidade oral. Fase faríngea da deglutição Ao chegar na faringe, o processo de deglutição torna-se involuntário – atuação do SNC. A faringe é uma via comum para o ar e o alimento e para que não haja risco do bolo alimentar ir em direção aos pulmões, a passagem para a laringe/traqueia precisa ser ocluída no momento da deglutição – não conseguimos engolir e respirar ao mesmo tempo. A proteção das vias aéreas ocorre graças à epiglote, uma estrutura em forma de lâmina, que fica por trás da língua e age como um portão, fechando a passagem para a traqueia toda vez que a língua faz o movimento de deglutição. Uma vez que a comida ou a bebida tenham passado em direção ao esôfago, a epiglote volta à sua posição original, permitindo o reinício da respiração. Fase esofagiana da deglutição Consiste na passagem do alimento pelo esôfago (peristalse involuntária). No início e no fim do esôfago existem dois músculos em formato de anel, chamados, respectivamente, de esfíncter esofagiano superior e esfíncter esofagiano inferior. A função de ambos os esfíncteres é impedir que o conteúdo presente no estômago volte em direção à boca. Fisiopatologia Esfíncter Esofagiano Superior (EES) Limite proximal do esôfago; Age como barreira entre a faringe e o esôfago, prevenindo a entrada de ar no trato digestório; Previne o refluxo do material do esôfago para a faringe durante a deglutição. Esfíncter Esofagiano Inferior (EEI) Localiza-se no hiato diafragmático; Barreira antirrefluxo; Em contração tônica 15-30mmHg; Refluxo pode ocorrer caso esta pressão seja inferior a 5mmHg (cafeína, alimentos gordurosos, álcool, etc). Doenças do esôfago Os distúrbios do esôfago podem ser causados por alteração do mecanismo de deglutição, obstrução, inflamação ou função anormal do esfíncter. Os sintomas mais comuns são: Disfagia; Odinofagia; Pirose (azia); Regurgitação ácida. As doenças mais frequentes são: Hérnia hiatal; Refluxo gastroesofágico e esofagite. Disfagia orofaríngea Desordem na deglutição e/ou potencial desabilidade em deglutir provocando prejuízos na segurança, eficiência e na qualidade de comer e beber. Os objetivos da dietoterapia para pacientes com disfagia são: Prevenir a aspiração e sufocação; Facilitar uma alimentação segura e independente; Melhorar e/ou manter o estado nutricional e a hidratação. Disfagia orofaríngea Modificar a consistência da dieta além de favorecer a deglutição, aumenta o aporte calórico e diminui o risco de aspiração (utilizar suplementos orais e/ou modificadores de consistência). A textura da dieta é modificada de acordo com o grau de disfagia: Disfagia para líquidos – nutrição enteral. Grau 1 - GRAVE Grau 2 - MODERADA Grau 3 - LEVE Grau 4 - NORMAL Grau de purê (semilíquida) – preparações homogêneas e pudins. Grau de alteração mecânica (pastosa). Consumo de alimentos semissólidos, frutas e vegetais. Grau de maciez (branda). Sólidos macios, carnes, frutas e vegetais. Qualquer alimento de textura sólida (normal). Disfagia esofágica Acalasia – distúrbio da motilidade do esôfago inferior (aperistalse). Destruição do plexo de Auerbach diminuição da inervação colinérgica da musculatura esofágica Hipertonia e não relaxamento do EEI – destruição dos nervos Disfagia e dificuldade de deglutição O esôfago passa a acumular os alimentos ingeridos e o EEI abre com a pressãoda gravidade permitindo passagem de pequenos volumes para o estômago. Consistência da dieta adequada ao grau de disfagia. Hérnia hiatal Provocada por uma protusão de parte do estômago sobre o músculo diafragmático, causando um alargamento da abertura diafragmática = parte do estômago invade a cavidade torácica e se liga ao esôfago. A hérnia de hiato favorece o aparecimento do refluxo gastroesofágico. Hérnia hiatal Etiologia: Incompetência do hiato diafragmático (buraco no diafragma para passagem do esôfago) – velhice; Aumento da pressão intra-abdominal (obesidade, constipação, gravidez, dentre outros...). Sintomas: Regurgitação ácida; Pirose; Eructação; Soluço, hematêmese, melena (hemorragia intestinal – presença de sangue nas fezes), tosse, dentre outros. Terapia nutricional – mesmas condutas para o DRGE e esofagite. Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) A DRGE é uma forma crônica ou prolongada mais séria de refluxo gastroesofágico, definida como sintomas ou complicações resultantes do refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago ou além, e até mesmo para a cavidade bucal (inclusive a laringe) ou para os pulmões. Doença prolongada pode causar esofagite (inflamação), erosão, ulceração, hemorragia, perfuração, estenose, disfagia e câncer. Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) Etiologia: Hérnia hiatal (funcionamento inadequado da barreira antirrefluxo – EEI); Distensão gástrica; Aumento da pressão intra-abdominal; Postura [predominante em decúbito supino (face para cima) ou lateral]. Complicação (2 a 5 % dos casos): Esôfago de Barrett – preocupação em pacientes com refluxo de longa duração – nessa condição as células que recobrem a parte distal do esôfago se tornam anormais e pré-malignas podendo causar adenocarcinoma de esôfago. Diagnóstico Exames: Endoscopia Digestiva Alta (EDA) com Biópsia Esofágica; Manometria Esofágica (força e função da musculatura); Exame Radiológico Contrastado do Esôfago; Cintilografia Esofágica; pHmetria 24h (acidez no esôfago). EDA com Biópsia Esofágica: Método de escolha para avaliar a mucosa do esôfago e detectar anomalias estruturais; Inspeção visual: fissuras, úlceras, estenoses, lesões da mucosa (esôfago de Barrett e hérnia hiatal). Conduta dietoterápica (hérnia hiatal, DRGE e esofagite) Característica Recomendação nutricional Valor energético total Suficiente para manter o peso ideal. Se necessário promover a perda de peso. Lipídios Normo a hipolipídica (25 a 30% VET). Evitar preparações gordurosas. CCK diminui a pressão do EEI. Proteínas Normo a hiperproteica (0,8 a 1,2 g/kg de peso) Carboidratos Normoglicídica (evitar fermentação e desconforto gastrointestinal) – 55 a 65% VET Consistência Fase aguda: líquida ou semilíquida com evolução até a dieta geral ( com melhora da disfagia). Fracionamento 6 a 8 refeições de pequenos volumes para evitar o refluxo. Líquidos Entre as refeições – evitar nas refeições principais para diminuir o volume ingerido Excluir Alimentos que diminuem a pressão do EEI: café, mate, chá preto, bebidas alcoólicas, chocolate, lipídios. Alimentos que irritam a mucosa inflamada: sucos e frutas cítricas, tomate, refrigerantes, condimentos (pimenta vermelha e do reino), alimentos ásperos (batatas fritas, bolachas crocantes e cascas secas). Modificação comportamental Evitar ficar deitado após as refeições, elevar a cabeceira – evitar o refluxo, a aspiração e outras complicações; Elevar a cabeceira da cama em 10 a 15 cm para diminuir a probabilidade do refluxo noturno; Fazer refeições 2 horas antes de dormir; Evitar usar roupas apertadas – aumentam a pressão intra- abdominal e diminuem a pressão do EEI; Evitar o tabagismo – reduz a pressão do EEI; Evitar a obesidade e se apresentar excesso de peso, emagrecer; Evitar atividade física após se alimentar; Manter horários regulares de alimentação para não comer demais (fracionamento aumentado). Câncer de esôfago Epidemiologia 6º mais frequente entre os homens e 13º entre as mulheres. Etiologia Alcoolismo, tabagismo, acalasia, esôfago de Barret, chá quente, alimentos defumados. Sintomas Disfagia, odinofagia, náuseas, vômitos e perda do apetite. Tratamento Esofagectomia total ou distal + gastrectomia proximal + remoção do nervo vago. Câncer de esôfago Esofagectomia total ou distal Esofagectomia é a retirada cirúrgica do esôfago. Para que o esofagectomizado possa continuar a se alimentar, o esôfago pode ser substituído por um tubo produzido com o estômago, com o intestino delgado ou com o intestino grosso. Câncer de esôfago Conduta nutricional Pós-operatório: repouso da região da anastomose por 5 a 12 dias. 1º ao 8º DPO – nutrição enteral via jejunostomia; 8º ao 10º DPO – esofagografia = iniciar via oral líquida; 10º em diante (sem complicações) – evoluir dieta para semilíquida, pastosa, branda. Suspensão da dieta enteral – 75% das necessidades por via oral (VO); Atentar para o restabelecimento da VO - problemas adaptativos cirúrgicos, ansiedade. Pós-operatório: repouso da região da anastomose por 5 a 12 dias. 1º ao 8º DPO – nutrição enteral via jejunostomia; 8º ao 10º DPO – esofagografia Iniciar via oral líquida; 10º em diante (sem complicações) – evoluir dieta para semilíquida, pastosa, branda. Suspensão da dieta enteral – 75% das necessidades por via oral (VO) = NE: primeira escolha ou combinação NE + NP (quando paciente não atender pelo menos 60% pela NE). Atentar para o restabelecimento da VO – problemas adaptativos cirúrgicos, ansiedade. Terapia nutricional pós-operatória JJT: Permite alimentação precoce no pós-op. Preserva a função intestinal Melhor cicatrização Via Oral: Evolui lentamente Insuficiente para suprir as necessidades, inicialmente + NE noturna Terapia nutricional pós-operatória Esofagectomia ALTERAÇÕES NO ESTILO DE VIDA:
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