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MODIFICAÇÕES GERAIS DO ORGANISMO MATERNO ALTERAÇÕES METABÓLICAS O ganho de peso varia com o peso pré-gravídico. Fala-se que a gestante, deve ganhar por volta de 11 kg durante a gestação inteira. No começo, toda a glicose que a gestante tem, ela armazena, para que a célula se mantenha nutritiva. A primeira fase da gestação é chamada de anabólica, pelo estoque de glicose. Na segunda metade, o regime torna-se catabólico, pois é o momento que o bebê ganha muito peso, portanto precisa de muita glicose, que já foi armazenada na primeira metade. A liberação do hormônio lactogênio placentário, faz com que a glicose passe diretamente pro feto. Esse hormônio é liberado pela placenta e esse hormônio pode fazer com que a mãe desenvolva DM gestacional. O hormônio lactogênio placentário tem efeito lipolítico, aumenta a resistência materna à ação da insulina e estimula o pâncreas na secreção de insulina, ajudando no crescimento fetal, pois proporciona maior quantidade de glicose e de nutrientes para o feto em desenvolvimento. ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS Essas alterações vão se iniciar na 4a semana (quando descobre que está grávida), com pico entre a 28a e 34a, depois se mantém em platô. Aumento do volume sanguíneo em 50%, necessário para atender a demanda do crescimento uterino, a pressão da paciente gestante é mais baixa, com IG mais avançada o retorno venoso fica deficitário, logo, quando a gestante levanta tem maiores chances de hipotensão (posição supina e ereta), mais sangue tenta reverter a hipotensão. Além disso, há sangramento de aproximadamente 1L no parto normal e de 2L na cesárea, o aumento do volume sanguíneo evita que a paciente choque no momento do parto. Há aumento do plasma e de eritrócitos, sendo o aumento do plasma maior, o hematócrito diminui, assim como a viscosidade (hemo diluída), isso ajuda pois os vasos da placenta são finos e pequenos o sangue fluido facilita sua passagem para vasos placentários. Além disso, o coração terá que bombear o aumento do volume sanguíneo, se o sangue fosse muito viscoso o coração não aguentaria. Normalmente até 8 semanas pós parto há eliminação do sangue excedente, voltando aos níveis pré-gravídicos. Hemoglobina: quantidade mais baixa do que de uma pessoa não gestante. 1o trimestre: 11 mg/dL 2o trimestre: 10 mg/dL (30 a 34 semanas) → pico volêmico, mais diluída 3 trimestre: 11 mg/dL → preparando para sangrar, é necessário mais hemoglobina Leucócitos: imuno modulação (NÃO É IMUNODEPRESSÃO). Ou seja, a gestante reage menos quando encontra um antígeno. Pois há no corpo o antígeno do bebê, assim o corpo materno não vai combater o seu bebê, dando seguimento na gestação. Portanto, em uma infecção a gestante irá reagir menos. Assim, ocorre aumento do número de leucócitos, para tentar ter uma resposta semelhante a uma paciente não gestante. - 5 a 16000/mm3 - leucócitos funcionam diferente (como se funcionasse menos - não responde exageradamente aos antígenos - por isso, aumenta-se a quantidade, para que funcione de forma eficiente) pela presença do bebê (durante a gestação). Isso não é obrigatório, entretanto não fecha diagnóstico de infecção. - No pós-parto: até 25000/mm3 - Estimulação supra-renal: stress no momento do parto, independente do tipo de parto. Por conta da dor, desconforto e trabalho de parto que é estressante metabolicamente, processo cirúrgico etc. - Retorno a circulação dos leucócitos removidos - útero contrai muito e todo o sangue que estava na cavidade uterina, volta pra circulação para o excesso ser eliminado. Consequentemente, ao ser dosado, o nível de leucócitos é muito maior. Plaquetas e fatores de coagulação: - Aumento dos fatores de coagulação, exceto XI e XIII - Aumento do fibrinogênio - Aumento da capacidade de neutralização de heparina: funciona menos - Aumento do D-dímero em até 50% - Diminuição da proteína S - Resistência da proteína C - Placenta diminui a capacidade fibrinolítico - Coagulação intravascular de baixo grau = Coagulação intravascular de baixo grau. Qualquer evento causa coagulação exacerbada, quando sangrar no parto precisa de rápida coagulação para evitar hemorragia pós parto. ALTERAÇÕES HEMODINÂMICAS E CARDIOVASCULARES O coração precisa bombear todo o volume excedente de sangue durante a gestação, com aumento de pulso de 15 a 20 bpm. - Rotação para esquerda e para cima (RX com aumento da área cardíaca e ECG normal) - Sopro sistólico (90% das gestantes): pelo aumento do volume sanguíneo e maior FC. - Atividade cardíaca aumentada = POI (maior de 80%) - pico de volemia (32a semana) e no pós parto imediato. Toda a quantidade excedente de sangue volta para circulação e vai direto para o coração. Cuidado importante com pacientes cardíacas. - Aumento da parede do VE (para bombear todo sangue) = consequente aumento da dimensão diastólica final = aumento do volume sistólico = aumento do DC → importante pois a gestante vai estar hipotensa. Se ficar hipotensa com mesmo DC não terá quantidade de O2 circulante ideal. Para sobrepor a vasodilatação há aumento de DC, causado pelo aumento de V sanguíneo e pelo aumento de atividade cardíaca durante a gestação. CIRCULAÇÃO - DC com aumento de até 50%: aumenta plasma, aumenta células. Por isso, é preciso que o vaso se adapte para aguentar esse fluxo sem causar hipertensão. - Com o decorrer da gestação, o útero vai aumentando e comprimindo tanto a aorta quanto a VC. A aorta não sente tanto o efeito quanto a veia cava, que vai diminuir seu lúmen. A VCI é responsável pelo retorno venoso dos MMII e pelve, como ela está colabada, acumula mais sangue na parte inferior do corpo e consequentemente as veias que estão mais pra baixo aumentam seu calibre com o aumento da pressão, causando as varizes. - DC DLE (decúbito lateral esquerdo) > DDH (decúbito dorsal horizontal) (20%) → em DDH há redução da circulação sanguínea - Aumento do DC no TP → puxos e contrações, no momento da contração sai sangue do útero e vai para a corrente sanguínea, aumenta a quantidade de sangue circulante, aumenta o DC (preocupação com pacientes cardiopatas, chance de descompensação pelo aumento do DC. Portanto, pacientes cardiopatas não podem ficar por muito tempo em contração.) - Estagnação do fluxo → compressão das veias pélvicas e V. cava inferior. Repouso do útero para a direita. O edema de MMII ocorre por causa disso. - Diminuição do fluxo e aumento da pressão venosa - Edema nos MMII - Veias varicosas em pernas e vulva: ocorre pelo aumento do acúmulo de sangue - Hemorróida - Indicar a paciente deitar do lado esquerdo para melhora da circulação. Se for grave pode fazer uso da meia elástica, evitando repercussões graves. - Compensação com vasodilatação: melhorar a condição e aguentar melhor a volemia e quanto menor a pressão, melhor a nutrição do útero e maior o fluxo na placenta. - Aumento de Pc I2 (prostaciclina I2) + aumento de Tx A2 (tromboxano A2) - São prostaglandinas. A Pc I2 dilata e o Tx A2 contrai. Há muito mais aumento de Pc I2, a relação entre eles resulta em vasodilatação. - Progesterona: relaxa a musculatura lisa = vasodilata. - Endotélio produz NO HIPOTENSÃO SUPINA - Estase - menor retorno venoso: já começa desde o início da gestação pelo aumento de prostaglandina e progesterona, além da compressão da VCI, o que vai causar a diminuição da pré-carga. - menor pré-carga - menor FC: por causa da diminuição da FC - reflexo vagal: estimulado pela baixa FC. Causa bradicardia. - lipotímia: causado pelo reflexo vagal ALTERAÇÕES RESPIRATÓRIAS Aumento do transporte de O2, pois é necessário nutrir a mãe e o bebê. Para isso, ocorrerá diminuição da diferença de O2 entre o sangue arterial e venoso, ou seja, mesmo o sangue venoso irá transportar mais O2. O cérebro interpreta a maior necessidade de O2 como falta de O2, logo, irá ter aumento da consciência do desejo respiratório, ficando dispneica. Além disso, com o decorrer da gestação o útero aumenta e eleva o diafragma, causando a sensação de dispneia. Na gestação a progesterona relaxa a musculatura lisa dos brônquios, logo, os brônquiosrelaxados aumentam a área de transporte de oxigênio. Elevação do diafragma por volta de 4cm, consequentemente o pulmão diminui, mas não pode diminuir capacidade pulmonar, portanto há aumento latero-lateral de 2 cm, e aumento da circunferência torácica em até 6 cm. Hiperemia, hiperatividade glandular, aumento da atividade fagocítica, aumento do conteúdo do mucopolissacarídeo, isso pode causar epistaxe (sangramento nasal). Crescimento das conchas nasais e de sua função. Fora isso, como há aumento das glândulas a paciente pode ter sensação de congestão nasal. Indicar soro fisiológico no nariz. ALTERAÇÕES URINÁRIAS RIM E URETERES Ocorre aumento do rim em 30%, pois terá que filtrar maior quantidade de sangue. Aumento do TFG (50% no 2o trimestre, pico de volemia), com queda da ureia e creatinina. Durante o dia há acúmulo de água, causando edema, e durante a noite há mobilização de líquidos e excreção, causando noctúria, pois durante a noite ela deita, ajudando o fluxo sanguíneo, no momento que o útero descomprime o vaso mais sangue chega ao rim e o rim filtra maiores quantidades, causando a noctúria. Para urinar mais, o rim produz mais secreção, o ureter se torna mais funcionante. Mas o ureter é uma musculatura lisa, portanto sofre ação da progesterona. Como vai estar mais relaxado, ele vai drenar menos essa urina do que na pré gestação. O esvaziamento do ureter é diminuído. O complexo venoso ovariano passa sobre o ureter e por estarem maiores e mais nutridos, podem comprimir os ureteres, causando hidronefrose bilateral, sendo comum. Geralmente ocorre mais à direita, mas pode ocorrer bilateralmente. Após a gestação, diminuição da progesterona e saída do útero dali, isso resolve, por volta da 6a a 12a semana pós gestação. BEXIGA O útero cresce cada vez mais, causando convexidade na parte superior da bexiga. Há alteração na circulação e na drenagem linfática do órgão. A bexiga é musculatura estriada, portanto não sofre repercussão da progesterona, mas o crescimento do útero a deixa cada vez menor, necessitando mecanismo de compensação, logo, com o aumento da pressão vesical ocorre o aumento da pressão intrauretral. Devido a isso, é comum a incontinência urinária nas gestantes caso haja falha no mecanismo de compensação. Com o fato da drenagem linfática estar diminuída, a chance de ter ITU é maior. ALTERAÇÕES GASTROINTESTINAIS ESTÔMAGO E INTESTINO Com o crescimento do útero há ocupação do espaço antes ocupado pelo intestino, estas estruturas são deslocadas para partes mais superiores do abdome. Ocorre alteração mecânica (deslocação para cima) e a ação da progesterona causa diminuição do esvaziamento gástrico e do trânsito intestinal. Mais chance de azia e constipação. Lembrar que o apêndice também está deslocado para cima. Queixa de dor lombar pode ser apendicite. TGI A azia pode ocorrer também por conta do esôfago. O esfíncter do esôfago fica com o tônus alterado por causa da progesterona. Além disso, o útero empurra o estômago para cima e aumenta sua pressão. O esfíncter esofágico diminuído também diminui a pressão esofagiana, junto com uma diminuição da velocidade de peristalse estomacal. completar FÍGADO E VESÍCULA Aumento hepático, podendo ser palpável. Aumento da fosfatase alcalina (FA) de 2 a 4x - alcalina placentária (não ajuda no diagnóstico de doença hepática). A vesícula é musculatura lisa, portanto estará relaxada devido ação da progesterona, diminuindo sua contração há aumento da estase e possível colelitíase. Há retenção dos sais biliares, causando prurido gravídico, o tratamento disso é o parto, mas existem medicações que podem aliviar. Há também aumento do colesterol total e dos triglicerídeos. ALTERAÇÕES ENDOCRINOLÓGICAS HIPÓFISE A hipófise tem um aumento de 135%, por conta de toda alteração hormonal. O que é preciso se atentar, é quando os pacientes possuem hemorragia pós parto, chegando a ser um choque hipovolêmico. Em algum momento, os vasos vão se contrair. Na gestação ela precisou criar novos vasos, mas são mais frágeis. No choque hipovolêmico, há vasoconstrição em toda a gestante, podendo causar hipóxia e consequentemente necrose da hipófise. Tendo necrose, é preciso ver em qual sistema houve a necrose. Pode ter deficiência de FSH, TSH, ACTH, ADH, GH e prolactina. Tendo deficiência de todos há a síndrome de Sheehan. TIREOIDE Também aumenta, hiperplasia e hipertrofia. O aumento da tireoglobulina, com T4 total aumentado, faz com que a paciente se mantenha eutireoidea. Além da TFG aumentada, diminuindo a taxa de iodo sanguíneo - mecanismos regulatórios. Todo gestante com bócio precisa ser investigado. ALTERAÇÕES MUSCULOESQUELÉTICAS COLUNA Diferença no centro de gravidade, como a barriga cresce, a coluna deve se adaptar, fazendo uma lordose progressiva e uma cifose compensatória. Pensando nisso, no parto é necessário que a pubi tenha mobilidade, a mobilidade é aumentada devido o afrouxamento dos ligamentos. Com a lordose progressiva, pacientes que já têm hérnia tem mais chance de ter desconforto, a dor lombar é comum em todas as pacientes. A compensação da cifose pode causar compressão de nervos na região do pescoço, causando dor, fraqueza e parestesia. É indicado usar top (para dar suporte ao seio, que também está crescendo, pesa para frente e causa maior chance de pinçamento dos nervos). LIGAMENTOS Todos os ligamentos vão estar mais frouxos, para facilitar a movimentação do bebê. No pé, os ligamentos também estarão mais frouxos, portanto é contra indicado o uso de salto, pelo desequilíbrio. PELE Dilatação muito grande e rápida da pele, podendo causar estrias no abdome, mama e coxa. Pode ocorrer diástase de músculo reto, pelo aumento da tensão abdominal. Isso pode voltar ao normal ou não, no pós-parto. Por conta da progesterona pode ter aumento da coloração da pele causando melasma e a linha nigra (ou linha alba). Se não houver cuidado elas podem ficar permanentes e não saírem depois da gestação, com cuidado pode sair após 1 ano pós parto. Pode haver prurido na região da barriga devido a distensão da pele. ALTERAÇÃO PSICOLÓGICA Mercado de trabalho, pressão, regras e cobranças (amamentação, cuidados com o bebê). Blues puerperal = queda abrupta da progesterona pode causar tristeza, desmotivação, pode durar cerca de 15 dias, é como uma depressão pós-parto, mas passa sem necessidade de medicação. Blues puerperal unido às pressões pode aumentar a incidência da depressão pós-parto, principalmente quando já tinham alteração psicológica anterior ao parto.
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