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1 Curso Ênfase © 2018 DIREITO CIVIL – CAROLINE ANDRIOTT I 60018 AULA19 - DIREITO CIVIL IV - USOFRUTO E USO HABITAÇÃO 1. USUFRUTO Retomando nosso tema sobre direitos das coisas e direitos reais, passaremos ao inciso IV do art. 1.225, o qual tratará do estudo dos direitos reais sobre coisa alheia, de uso, gozo e fruição, iniciando a aula com o elemento mais amplo: usufruto (art. 1.390 a 1.411). Essa espécie de direito real sobre coisa alheia tem como característica primordial a possibilidade de percepção de frutos sobre coisa alheia. O direito real de usufruto envolve duas figuras: nu proprietário e usufrutuário - benefício de quem é instituído o usufruto -, caracterizando-se pela transferência da possibilidade de fruição da coisa das mãos do proprietário ao usufrutuário. O usufrutuário teria como dever principal a conservação da substância da coisa, ou seja, o usufruto garante ao usufrutuário a possibilidade de percepção dos frutos naturais, civis, industriais, que decorram da utilização econômica da coisa, porém, é necessário preservar a sua substância da qual detém a posse a título de usufrutuário. O objeto do usufruto pode ser tanto bens móveis quanto bens imóveis, bens corpóreos ou incorpóreos (títulos de crédito e ações de companhia, por exemplo), logo, a possibilidade do objeto do usufruto é bastante ampla, desde que esses bens comportem algum tipo de fruição. Acrescenta-se ainda a possibilidade de usufruto da universalidade de bens, como todo o patrimônio de uma determinada pessoa como parte dele, restrita, por exemplo, a imóvel. Uma classificação inserida no usufruto refere-se a sua possibilidade plena e restrita. Tratando-se do usufruto pleno, o nu proprietário transfere ao usufrutuário todas as utilidades econômicas da coisa, isto é, toda a fruição completa das utilidades econômicas daquela coisa; enquanto no usufruto restrito, confere-se a determinado usufrutuário parte da percepção dos frutos que decorram daquela determinada coisa que é objeto do direito real de usufruto. Em regra, o usufruto é disposto pelo CC a respeito da possibilidade de ser instituído sobre bens infungíveis (bens insubstituíveis por outros da mesma qualidade, gênero e quantidade) e inconsumíveis. Repisa-se que bens fungíveis são o oposto do caso da infungibilidade e bens consumíveis são aqueles bens que se exaurem a partir Direito Civil – Caroline Andriott i 60018 Aula19 - Direito Civil IV - Usofruto e Uso Habitação 2 Curso Ênfase © 2018 da sua utilização, desta forma, a substância da coisa se perde, e, por isso, o usufruto se incidirá sobre coisas infungíveis e inconsumíveis, pois é de sua natureza a manutenção da substância da coisa, visto que os frutos não diminuem e são renováveis periodicamente. À vista disso, o usufrutuário pode deles se valer sem destruir a substância da coisa. O CC excepciona aquele desgaste da coisa que decorre da sua utilização normal ou natural, porque ele é esperado em face também do nu proprietário, ou seja, a utilização normal causa desgaste e deterioração, mas nunca destrói a substância do bem por completo. No entanto, o Código Civil faz uma exceção quanto aos acessórios e acrescidos, em outras palavras, não quanto ao bem objeto principal, mas como o usufruto em regra abrangido também pelos acessórios e acrescidos, dentre eles pode haver bens consumíveis. Nesse caso, a regra do art. 1.392, §1º, dispõe a necessidade de que esses bens sejam repostos ao fim do usufruto. Art. 1.392. Salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se aos acessórios da coisa e seus acrescidos. § 1o Se, entre os acessórios e os acrescidos, houver coisas consumíveis, terá o usufrutuário o dever de restituir, findo o usufruto, as que ainda houver e, das outras, o equivalente em gênero, qualidade e quantidade, ou, não sendo possível, o seu valor, estimado ao tempo da restituição. § 2o Se há no prédio em que recai o usufruto florestas ou os recursos minerais a que se refere o art. 1.230, devem o dono e o usufrutuário prefixar-lhe a extensão do gozo e a maneira de exploração. § 3o Se o usufruto recai sobre universalidade ou quota-parte de bens, o usufrutuário tem direito à parte do tesouro achado por outrem, e ao preço pago pelo vizinho do prédio usufruído, para obter meação em parede, cerca, muro, vala ou valado. Portanto, o CC por disposição expressa, permite a consuntibilidade de bens objeto do usufruto, desde que sejam acessórios ou acrescidos. Cabe resvalar, a figura do usufruto impróprio, o qual seria justamente quando o bem objeto principal do usufruto for consumível ou fungível, porém, se degenera em mútuo, pois não será devolvida a própria coisa ao final do usufruto. 1.1. CARACT ERÍST ICAS PRINCIPAIS DO USUFRUTO Direito Civil – Caroline Andriott i 60018 Aula19 - Direito Civil IV - Usofruto e Uso Habitação 3 Curso Ênfase © 2018 O usufruto sempre será temporário, dada sua finalidade de benefício da fruição das utilidades econômicas do bem, descolada do proprietário, ainda que seja estabelecido de forma vidual, vitalícia, sempre terá um termo final. Deste modo, não poderá ser por prazo totalmente indeterminado. Ainda, considera-se personalíssimo, porque sua finalidade refere-se ao benefício do usufrutuário, vez que ele possa ser conferido a título oneroso. A natureza mais elementar do usufruto nasce justamente dessa característica da pessoalidade. Por consequência, retrata-se como intransmissível e inalienável, bem como impenhorável, sendo assim, essas características decorrem de ser personalíssimo. Entretanto, o próprio CC estabelece - já fora objeto de prova dos concursos -, não obstante a impossibilidade de transmissão, a possibilidade de cessão do exercício do usufruto. Art. 1.393. Não se pode transferir o usufruto por alienação; mas o seu exercício pode ceder-se por título gratuito ou oneroso. Deve-se atentar que, apesar de ser intransmissível e intransferível o usufruto por ato inter vivos ou mortis causa, é possível a cessão do exercício, por exemplo, através de locação ou comodato. Tem-se uma exceção importante que já foi objeto de prova de concurso. Ademais, a jurisprudência também possui precedentes no sentido de que, nada obstante seja impenhorável o usufruto, há possibilidade nos casos de cessão onerosa de seu exercício por locação, por exemplo, em penhorar dívidas do usufrutuário e os frutos que decorram da cessão onerosa do usufruto. PENHORA. USUFRUTO. IMÓVEL. RESIDÊNCIA. O tribunal a quo reconheceu a possibilidade da penhora do direito ao exercício de usufruto vitalício da ora recorrente. Porém, o usufruto é um direito real transitório que concede a seu titular o gozo de bem pertencente a terceiro durante certo tempo, sob certa condição ou vitaliciamente. O nu-proprietário do imóvel, por sua vez, exerce o domínio limitado à substância da coisa. Na redação do art. 717 do CC/1916, vigente à época dos fatos, deduz-se que o direito de usufruto é inalienável, salvo quanto ao proprietário da coisa. Seu exercício, contudo, pode ser cedido a título oneroso ou gratuito. Resulta daí a jurisprudência admitir que os frutos decorrentes dessa cessão podem ser penhorados, desde que tenham expressão econômica imediata. No caso, o imóvel é ocupado pela própria devedora, que nele reside, não produzindo qualquer fruto que possa ser penhorado. Direito Civil – Caroline Andriott i 60018 Aula19 - Direito Civil IV - Usofruto e Uso Habitação 4 Curso Ênfase © 2018 Assim, não é cabível a penhora do exercício do direito ao usufruto do imóvel ocupado pelo recorrente, por ausência de amparo legal. Logo, a Turma deu provimento ao recurso. Precedentescitados: REsp 925.687-DF, DJ 17/9/2007; REsp 242.031-SP, DJ 29/3/2004, e AgRg no Ag 851.994-PR, DJ 1º/10/2007. REsp 883.085-SP, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 19/8/2010. Informativo 443. Em suma, o usufruto pode ser constituído de forma gratuita ou onerosa, podendo ser por total liberalidade, com uma finalidade assistencial de permitir que o terceiro usufrutuário utilize economicamente da coisa com a percepção dos seus frutos, ou de forma onerosa, o que não raro acontece no caso dos títulos de créditos e ações de companhias. Também poderá ser instituído por disposição testamentária ou por usucapião (hipótese rara). Os autores dão exemplo quando há transferência: a concessão do direito real de usufruto a non domino. Isso significa que o nu proprietário não era o real proprietário, embora haja título que transfira o usufruto por quem não era dono e, nesse caso, seria possível entender não propriamente a usucapião, a vontade de possuir como seu, mas sim a vontade de possuir como usufrutuário. Diante disso, haveria a possibilidade remota de aquisição do usufruto por usucapião. Se o objeto do usufruto for bem imóvel, o direito real se constitui através de registro do RGI, caso contrário, se o objeto do usufruto for bem móvel, em regra, se constitui pela tradição, salvo se houver dispositivo específico em lei, como no caso de bens móveis específicos, como títulos de crédito e ações de companhias. Pode haver necessidade, em especial, nas ações de companhia de registro do usufruto, ao qual serão pagos os dividendos daquela ação concedida em usufruto. Trata-se, também, de outra distinção, o usufruto por alienação, o qual se distinguiria do usufruto por retenção ou deducto. Por alienação são os casos em que o nu proprietário concede o usufruto ao usufrutuário e permanece com a propriedade, já o usufruto por retenção compreende ao proprietário transferir a propriedade a terceiro, resguardando-se como usufrutuário da coisa. Dessa forma, existem duas possibilidades de usufruto, uma por alienação, usufruto clássico em que o proprietário concede o bem em usufruto a terceiro; e outra referente à transferência da propriedade para se garantir a fruição do bem, se reservando o usufruto da coisa. Direito Civil – Caroline Andriott i 60018 Aula19 - Direito Civil IV - Usofruto e Uso Habitação 5 Curso Ênfase © 2018 Outra importante distinção seria o usufruto disposto no art. 1.390 e seguintes para o usufruto legal, especial, que ocorre em matéria de direito de família, como o usufruto previsto no art. 1.689, inciso I: pais em relação aos bens dos filhos enquanto não atingem a capacidade plena ou usufruto dos bens particulares do cônjuge que estejam na posse de outro cônjuge. O usufruto é ex lege, mas tem características peculiares relativas ao direito de família, cuja finalidade não é propriamente protetiva daquele que não detém capacidade. Diferencia-se muito do usufruto convencional, do direito real de usufruto da parte do direito real, o qual, na realidade, institui-se por base na vontade a partir do registro, a sua origem. Portanto, tem o propósito de beneficiar aquele determinado terceiro para perceber os frutos da exploração da coisa. São institutos diversos, mas ainda assim consta a distinção do usufruto legal, mais afeto ao direito de família, decorrente da disposição expressa em lei, enquanto o direito real tem origem na vontade das partes, embora se constitua formalmente a partir do registro, em especial no caso de incidir sobre bens imóveis. O CC ainda traz quais seriam os direitos e os deveres do usufrutuário, sobrelevando maior importância ao direito à percepção dos frutos. Com o intuito de percebê-los, a ele será conferida a administração do bem, isto é, administrará e perceberá os frutos a que tem direito. Uma vez instituído o usufruto, o usufrutuário se considerará ao desdobramento da posse, tornando-se o possuidor direto da coisa, enquanto o nu proprietário transforma-se em possuidor indireto da coisa. Basicamente os principais direitos seriam: administrar a coisa, perceber seus frutos e proteger a posse não só em face de terceiros como também em relação ao próprio nu proprietário. Há uma certa divergência quanto à possibilidade de fruição dos produtos, no entanto, parece ter razão a doutrina que entende os produtos não integradores da possibilidade de fruição ao usufrutuário, visto que o produto atribui-se à utilização econômica, decorrente da exploração da coisa, mas que importa gradativamente em diminuição de sua substância. Também vimos sua finalidade primordial, findo o usufruto, consequentemente, torna-se dever do usufrutuário restituir a coisa em sua integralidade ao final do usufruto, não incluído o desgaste natural da utilização. Direito Civil – Caroline Andriott i 60018 Aula19 - Direito Civil IV - Usofruto e Uso Habitação 6 Curso Ênfase © 2018 Dentre os deveres do usufrutuário, já que administrará a coisa alheia, está a imposição do dever de inventariar os bens recebidos em usufruto, indicando quais são suas qualidades, seu estado de conservação, para que, ao final, seja justamente possível restituir o bem da forma com que lhe foi entregue ao início do usufruto, previsto pelo CC. Um dos principais deveres impostos pelo CC ao usufrutuário refere-se à realização do inventário dessas coisas, pois tem o dever de restituir o bem, findo o usufruto, mantendo a substância do bem e não alterando a sua destinação econômica, ou seja, se aquele bem imóvel, por exemplo, tinha destinação econômica residencial, não pode ser alterada para comercial, salvo registro da anuência do nu proprietário. As despesas ordinárias de conservação da coisa devem ser realizadas, incumbente ao proprietário pagar despesas como, por exemplo, seguro relativo à coisa e outras despesas ordinárias. O CC faz distinção entre o usufrutuário pagar as despesas ordinárias e as despesas módicas, enquanto o nu proprietário pagaria as extraordinárias e não módicas, estabelecendo um parâmetro de valor no art. 1.404, quando se entende módica ou não essa despesa que deve ser feita pelo usufrutuário. Art. 1.404. Incumbem ao dono as reparações extraordinárias e as que não forem de custo módico; mas o usufrutuário lhe pagará os juros do capital despendido com as que forem necessárias à conservação, ou aumentarem o rendimento da coisa usufruída. § 1o Não se consideram módicas as despesas superiores a dois terços do líquido rendimento em um ano. § 2o Se o dono não fizer as reparações a que está obrigado, e que são indispensáveis à conservação da coisa, o usufrutuário pode realizá-las, cobrando daquele a importância despendida. O próprio CC fornece parâmetro de quando compete despesas ao usufrutuário e ao nu proprietário, inclusive, também prevê que este último pode exigir caução no usufruto. Nesse caso, também haverá o dever de prestar essa caução, e não a prestando, perderia a administração dos bens, manteria a possibilidade de percepção de frutos. A administração não ficaria a cargo do usufrutuário, como tem-se a regra. A caução nem sempre poderá ser exigida, mas caso seja, o usufrutuário possui o dever de prestá-la. Direito Civil – Caroline Andriott i 60018 Aula19 - Direito Civil IV - Usofruto e Uso Habitação 7 Curso Ênfase © 2018 No que diz respeito às formas de extinção do usufruto, ela se extingue, e, portanto, deve ser averbado na matrícula do imóvel caso se trate de bem imóvel, por renúncia do usufrutuário ou mortedeste, nos casos de usufruto vidual. Pode se extinguir, ainda, por culpa da deterioração da coisa, causa relacionada ao usufrutuário, ou seja, formas de extinção relacionadas a atos ou fatos relativos ao usufrutuário. Além disso, a extinção do usufruto poderá se dar pela anulação da pessoa jurídica, expresso pelo CC, assim como a possibilidade de instituição de usufruto em favor de pessoa jurídica, mas, nesse caso, não se permite que seja “vidual”, em se tratando de pessoa jurídica. Se ela se extinguir, consequentemente, extingue-se o usufruto, caso contrário, o prazo máximo previsto é de 30 anos. Ainda, a modalidade mais polêmica quanto às causas de extinção do usufruto por fato relacionado ao usufrutuário não se relaciona ao uso. O CC dispõe expressamente no inciso VIII do art. 1.410. Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de Imóveis: I - pela renúncia ou morte do usufrutuário; II - pelo termo de sua duração; III - pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído, ou, se ela perdurar, pelo decurso de trinta anos da data em que se começou a exercer; IV - pela cessação do motivo de que se origina; V - pela destruição da coisa, guardadas as disposições dos arts. 1.407, 1.408, 2ª parte, e 1.409; VI - pela consolidação; VII - por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os bens, não lhes acudindo com os reparos de conservação, ou quando, no usufruto de títulos de crédito, não dá às importâncias recebidas a aplicação prevista no parágrafo único do art. 1.395; VIII - Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai (arts. 1.390 e 1.399). Indaga-se se o CC esqueceu de por um prazo concernente a esse não uso ou se fora feito propositalmente. Desse modo, há um silêncio eloquente: não o faz porque, na realidade, não quis dar um prazo pelo não uso, mas sim privilegiar a função social do instituto do direito real de usufruto, a fim de estabelecer que aquele que não o frui Direito Civil – Caroline Andriott i 60018 Aula19 - Direito Civil IV - Usofruto e Uso Habitação 8 Curso Ênfase © 2018 ou não o usa, extingue, por si só, o elemento do próprio direito, aquele direito real sobre o usufruto, uma vez que não foi atingida a sua finalidade econômico-social no contexto promovido pelo instituto. A esse respeito, muitos autores entendiam o oposto, que houve equívoco no silenciamento do CC, logo, dever-se-ia aplicar o prazo de 10 anos, seja por força do art. 205 (regra geral de que não havendo prazo menor no CC, o prazo da prescrição extintiva é de 10 anos), seja por uma aplicação analógica do art. 1.389, III, das disposições sobre extinção da servidão. Art. 1.389. Também se extingue a servidão, ficando ao dono do prédio serviente a faculdade de fazê-la cancelar, mediante a prova da extinção: I - pela reunião dos dois prédios no domínio da mesma pessoa; II - pela supressão das respectivas obras por efeito de contrato, ou de outro título expresso; III - pelo não uso, durante dez anos contínuos. Parte da doutrina entendia que, na verdade, esse não uso seria por 10 anos. Haveria prazo a ser aplicado em analogia ao art. 1.389. De acordo com a professora, parece ser a melhor doutrina, aprovada em um dos enunciados das jornadas de Direito Civil do CJF, pois dada a natureza do benefício instituído em favor do usufrutuário, a extinção, nesse caso, presente no Enunciado 252, independe do prazo do art. 1.389, III. Não precisa da configuração dos 10 anos do não uso, porque, na realidade, ela deseja promover a função social do instituto. Em virtude da caracterização do não uso ou da não fruição, dentro de uma análise do caso concreto, poder-se-ia dizer na extinção do usufruto, requerendo o nu proprietário judicialmente, o reconhecimento dessa extinção com base no inciso VIII. O usufruto pode, ainda, extinguir-se: por fatos ou atos relativos ao objeto da relação jurídica; pelo termo de sua duração, ou seja, pelo advento do prazo final do usufruto em razão de ser temporário; e pela cessação do motivo pelo qual se originou, se foi instituído e dele constou a finalidade expressa de sua instituição. Uma vez cessado esse motivo, beneficente, por exemplo, também poderá ser requerida a sua cessação. Por destruição da coisa da qual é objeto - extingue-se o objeto -, sendo o usufruto direito real sobre coisa alheia, o usufruto também será extinto, e ainda pela consolidação ou confusão, com a coincidência entre as figuras do nu proprietário e do Direito Civil – Caroline Andriott i 60018 Aula19 - Direito Civil IV - Usofruto e Uso Habitação 9 Curso Ênfase © 2018 usufrutuário quando, por exemplo, o usufrutuário adquire a propriedade do bem do qual já era usufrutuário. Consolida-se, desse modo, a propriedade e a percepção dos frutos na mesma pessoa. No caso de pluralidade de usufrutuários (mais de um usufrutuário sobre a mesma coisa e bens), ainda tratando-se de caso da extinção do usufruto, da ocorrência de um desses fatos supracitados em relação a um dos usufrutuários, não há, em regra, direito de acrescer. Os demais não possuem direito de se tornarem, cada um à cota- parte que disser respeito, com relação à parte do usufrutuário que se extinguiu. O direito de acrescer, no caso de pluralidade de usufrutuários, só ocorre por expressa disposição no ato constitutivo, precisa de manifestação expressa para que haja direito de acrescer entre usufrutuários no caso de extinção do usufruto em relação a qualquer deles. Em regra, extinto quanto a uns, não havendo disposição em contrário que estabeleça o direito de acrescer, aquela parte em relação à qual se extinguiu, retorna a percepção daquela parte dos frutos à titularidade do nu proprietário. Alguns julgados mais recentes relativos ao usufruto, verificados dentre os direitos reais sobre coisa alheia de gozo e fruição, possuem questões naturais sobre o usufruto do que sobre o uso e habitação, os quais estudaremos a seguir. Primeiramente, discutia-se a possibilidade de haver ou não direito à proteção possessória, visto que é possuidor direto da coisa, objeto do usufruto. A jurisprudência já reconheceu, em julgado noticiado no Informativo 550 do STJ, que também deveria se resguardar ao usufrutuário a proteção petitória, ou seja, o direito de reivindicar a coisa. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. LEGITIMIDADE E INTERESSE PROCESSUAL DO USUFRUTUÁRIO PARA A PROPOSITURA DE AÇÃO DE CARÁTER PETITÓRIO. O usufrutuário possui legitimidade e interesse para propor ação reivindicatória - de caráter petitório - com o objetivo de fazer prevalecer o seu direito de usufruto sobre o bem, seja contra o nu-proprietário, seja contra terceiros. A legitimidade do usufrutuário para reivindicar a coisa, mediante ação petitória, está amparada no direito de sequela, característica de todos os direitos reais, entre os quais se enquadra o usufruto, por expressa disposição legal (art. 1.225, IV, do CC). A ideia de usufruto emerge da consideração que se faz de um bem, no qual se destacam os poderes de usar e gozar ou usufruir, sendo entregues a uma pessoa distinta do proprietário, enquanto a este remanesce apenas a substância da coisa. Ocorre, portanto, um desdobramento dos poderes emanados da propriedade: Direito Civil – Caroline Andriott i 60018 Aula19 - Direito Civil IV - Usofruto e Uso Habitação 10 Curso Ênfase © 2018 enquanto o direito de dispor da coisa permanece com o nu-proprietário (ius abutendi), a usabilidade e a fruibilidade (ius utendi e ius fruendi) passam para o usufrutuário. Assim é que o art. 1.394 do CC dispõe que o "usufrutuário tem direito à posse, uso, administraçãoe percepção dos frutos". Desse modo, se é certo que o usufrutuário - na condição de possuidor direto do bem - pode valer-se das ações possessórias contra o possuidor indireto (nu-proprietário), também se deve admitir a sua legitimidade para a propositura de ações de caráter petitório - na condição de titular de um direito real limitado, dotado de direito de sequela - contra o nu-proprietário ou qualquer pessoa que obstaculize ou negue o seu direito. A propósito, a possibilidade de o usufrutuário valer-se da ação petitória para garantir o direito de usufruto contra o nu-proprietário, e inclusive erga omnes, encontra amparo na doutrina, que admite a utilização pelo usufrutuário das ações reivindicatória, confessória, negatória, declaratória, imissão de posse, entre outras. Precedente citado: REsp 28.863-RJ, Terceira Turma, DJ 22/11/1993. REsp 1.202.843-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 21/10/2014. Embora classicamente se distinga que o usufrutuário tem direito ao uso, gozo e fruição da coisa, enquanto permanece ao nu proprietário o poder de disposição e reivindicação (titular da propriedade), a jurisprudência entendeu, com relação à reivindicação, a possibilidade de reivindicar a coisa, logo, ajuizando uma pretensão petitória com relação àquele determinado bem decorrente da própria força de direito real do usufruto: o usufrutuário teria esse direito que decorre do direito de sequela dos direitos reais. Em outro precedente, com relação à possibilidade de penhora do bem objeto do usufruto quanto às dívidas do nu proprietário, torna-se acessível, inclusive a alienação em hasta pública, todavia, até a extinção do usufruto, é necessário que se resguarde os direitos do usufrutuário. RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. PENHORA SOBRE NUA-PROPRIEDADE DE IMÓVEL GRAVADO COM USUFRUTO VITALÍCIO. POSSIBILIDADE. CLÁUSULA DE INALIENABILIDADE. IMPENHORABILIDADE E INCOMUNICABILIDADE DO BEM. 1. Ação de cobrança, em fase de cumprimento de sentença estrangeira, por carta rogatória, autuada em 18/02/2011, da qual foi extraído este recurso especial, interposto em 03/06/2014, conclusos ao gabinete em 30/11/2017. 2. O propósito recursal é dizer sobre a possibilidade de penhora de imóvel gravado com cláusulas de usufruto vitalício, inalienabilidade e incomunicabilidade. 3. A nua- Direito Civil – Caroline Andriott i 60018 Aula19 - Direito Civil IV - Usofruto e Uso Habitação 11 Curso Ênfase © 2018 propriedade pode ser objeto de penhora e alienação em hasta pública, ficando ressalvado o direito real de usufruto, inclusive após a arrematação ou a adjudicação, até que haja sua extinção. 4. A cláusula de inalienabilidade vitalícia implica a impenhorabilidade e a incomunicabilidade do bem (art. 1.911 do CC/02) e tem vigência enquanto viver o benef iciário. 5. Recurso especial desprovido. (REsp 1712097/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 22/03/2018, DJe 13/04/2018) A venda em hasta pública torna-se possível, bem como ressalvar o direito real do usufrutuário, inclusive após a arrematação e adjudicação. Por fim, também o STJ, em julgado mais recente, compreendeu que a ausência de pagamento de débitos fiscais por um prazo determinado pode evidenciar a hipótese de deterioração ou ruína do bem, o que importa em extinção do usufruto, pois, se ao final o bem estiver consumido em dívidas, não será possível a restituição da substância da coisa já onerada com dívidas excessivas. Seria uma hipótese em que o nu proprietário poderia entrar com ação buscando a extinção do usufruto. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. USUFRUTO. EXTINÇÃO. DÉBITOS FISCAIS. IPTU. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. ARTIGO 1.410, INCISO VII, DO CÓDIGO CIVIL. BEM IMÓVEL. DETERIORAÇÃO OU RUÍNA. OCORRÊNCIA. REEXAME DE FATOS E PROVAS. SÚMULA N° 7/STJ. 1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 1973 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2. A ausência de pagamento de débitos fiscais, de forma a possibilitar a alienação judicial, evidencia a hipótese de deterioração ou ruína do bem imóvel, sendo causa de extinção do usufruto. Precedentes. 3. A reforma do julgado demandaria o reexame do contexto fático-probatório, procedimento vedado na estreita via do recurso especial, a teor da Súmula nº 7/STJ. 4. Agravo interno não provido. (AgInt no AREsp 854.103/MS, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 20/03/2018, DJe 03/04/2018) 2. USO Segue-se o estudo do uso, direito real de uso previsto no art. 1.225, V e a partir do arts. 1.412 e 1.413 do CC. O direito real de uso também é um direito real sobre coisa alheia de uso e fruição, envolvendo duas figuras, o proprietário e o usuário. Nesse caso específico, considera-o como um direito real de uso e fruição, uso e gozo, mais restrito que o Direito Civil – Caroline Andriott i 60018 Aula19 - Direito Civil IV - Usofruto e Uso Habitação 12 Curso Ênfase © 2018 usufruto, vez que a pessoa pode utilizar o bem objeto do direito real de uso. No entanto, a fruição ou possibilidade da utilização dos frutos da coisa se vincula às necessidades de subsistência do usuário e sua família. Esta é uma possibilidade de fruição com uma finalidade específica, a qual refere-se ao suprimento das necessidades de subsistência do usuário e da sua família. O art. 1412, § 2º, do CC, diz o que se entende por família no caso do direito real de uso: Art. 1.412. O usuário usará da coisa e perceberá os seus frutos, quanto o exigirem as necessidades suas e de sua família. § 1o Avaliar-se-ão as necessidades pessoais do usuário conforme a sua condição social e o lugar onde viver. § 2o As necessidades da família do usuário compreendem as de seu cônjuge, dos filhos solteiros e das pessoas de seu serviço doméstico. Essa definição do que se compreende por família deve ser revista para se adequar à própria decisão do STF na tese 622: A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede o reconhecimento do vínculo de filiação concomitante baseado na origem biológica, com os efeitos jurídicos próprios. Repisa-se o envolvimento da possibilidade de multiparentalidade para adequar uma visão moderna do direito de família, o qual engloba qualquer tipo de família segundo nosso ordenamento. A moderna noção de família, no nosso Direito Constitucional, implica a revisão do art. 1.412 para incluir dentro das necessidades vinculadas à subsistência de qualquer tipo de família. O rol constitucional, como disse o próprio STF, é exemplificativo, e abarca o casamento, a união estável, a família monoparental, anaparental, homoafetiva, pluriparental e diversas outras modalidades de família em rol exemplificativo que deve ser avaliado, no caso concreto, se trata-se ou não, em razão do próprio princípio da afetividade, ou seja, se aquelas pessoas estão ligadas por vínculos familiares de afetividade e não apenas o cônjuge e filhos solteiros como quer o art. 1.412, §2º. Deve-se fazer uma releitura do art. 1.412, §2º, para ampliar, dessa forma, a noção de família exposta. Em resumo, o uso pode se estabelecer com objeto tanto bem móvel quanto imóvel; pode ser instituído por ato gratuito ou oneroso; e seu contrato, em regra, será gratuito, pois visa satisfazer necessidades de subsistência daquela família, via de regra. Direito Civil – Caroline Andriott i 60018 Aula19 - Direito Civil IV - Usofruto e Uso Habitação 13 Curso Ênfase © 2018 Tem como características ser personalíssimo, intransferível, inalienável e impenhorável. A ele se aplicam, supletivamentepor disposição expressa, as regras do CC por usufruto, dada a similitude entre os institutos, embora seja mais restrito, não obstante exclui-se da possibilidade do uso - regra do usufruto não aplicável ao uso e à habitação -, há possibilidade de cessão do seu exercício. 3. HABITAÇÃO Para terminarmos a trinca dos direitos de uso e fruição clássicos expostos no CC, temos o direito real de habitação: um direito real restrito à finalidade habitacional, o qual envolve o proprietário e o habitante. Por isso apenas pode se dar por forma gratuita, o que evidencia fortemente a finalidade de beneficiar o terceiro com relação a esta finalidade exclusiva habitacional. Não faz sentido desnaturar-se em locação, caso fosse gratuito. Para obter o direito real de habitação, deve haver uma instituição, seja por ato inter vivos ou mortis causa, uma concessão gratuita. Diz respeito somente a imóveis habitáveis. Tece-se crítica à caracterização do que é imóvel atualmente, as várias formas de habitação possíveis, porém, a regra relaciona-se ao direito real de habitação em casa alheia. Ou seja, apenas em imóveis. Também é personalíssimo, inalienável, e, como já dito, não é possível a cessão de seu exercício ou a penhora dos bens decorrentes do uso, pois não comporta essa fruição que não seja a própria habitação. No que não for incompatível, se aplicará supletivamente as regras do usufruto, tal como ocorre com o uso. Traz-se a importância de distinguirmos, conforme noticiado no Informativo 543 do STJ, a forma de constituição do direito real de habitação do direito das coisas, o qual se institui mediante registro no RGI, já que vimos que se trata apenas de bens imóveis, do direito real de habitação conferido no direito sucessório, art. 1.831 do CC. Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar. Configura-se um direito real de habitação decorrente da lei, logo, dispensa o registro para ser reconhecido como tal. Sua instituição não depende necessariamente de registro para conferência de todos os atributos que dali decorrem. Direito Civil – Caroline Andriott i 60018 Aula19 - Direito Civil IV - Usofruto e Uso Habitação 14 Curso Ênfase © 2018 DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECONHECIMENTO DO DIREITO REAL DE HABITAÇÃO DO COMPANHEIRO SOBREVIVENTE EM AÇÃO POSSESSÓRIA. Ainda que o companheiro supérstite não tenha buscado em ação própria o reconhecimento da união estável antes do falecimento, é admissível que invoque o direito real de habitação em ação possessória, a fim de ser mantido na posse do imóvel em que residia com o falecido. O direito real de habitação é ex vi legis decorrente do direito sucessório e, ao contrário do direito instituído inter vivos, não necessita ser registrado no Cartório de Registro de Imóveis. É de se ver, portanto, que há direito sucessório exercitável desde a abertura da sucessão, sendo que, a partir desse momento, terá o cônjuge/companheiro sobrevivente instrumentos processuais para garantir o exercício do direito de habitação, inclusive, por meio dos interditos possessórios. Assim sendo, é plenamente possível a arguição desse direito para fins exclusivamente possessórios, até porque, entender de forma diversa, seria negar proteção justamente à pessoa para o qual o instituto foi desenvolvido e em momento pelo qual ele é o mais efetivo. Vale ressaltar que a constituição do direito real de habitação do cônjuge/companheiro supérstite emana exclusivamente da lei, "sendo certo que seu reconhecimento de forma alguma repercute na definição de propriedade dos bens partilhados. Em se tratando de direito ex vi lege, seu reconhecimento não precisa necessariamente dar-se por ocasião da partilha dos bens deixados pelo de cujus" (REsp 1.125.901/RS, Quarta Turma, DJe 6/9/2013). Adequada, portanto, a sentença que apenas vem a declarar a união estável na motivação do decisório, de forma incidental, sem repercussão na parte dispositiva e, por conseguinte, sem alcançar a coisa julgada (CPC, art. 469), mantendo aberta eventual discussão no tocante ao reconhecimento da união estável e seus efeitos decorrentes. Ante o exposto, não há falar em falta de interesse de agir, nem de questão prejudicial, pois, como visto, a sentença que reconheça o direito do companheiro em ação possessória não depende do julgamento de outro processo. Além do mais, uma vez que o direito real está sendo conferido exatamente àquela pessoa que residia no imóvel, que realmente exercia poder de fato sobre a coisa, a proteção possessória do companheiro sobrevivente está sendo outorgada à luz do fato jurídico posse. Nesse contexto, vale ressaltar o disposto no art. 1.210, § 2º, do CC, segundo o qual "não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa", e o Enunciado 79 das Jornadas de Direito Civil, que dispõe que "a exceptio proprietatis, como defesa oponível às ações Direito Civil – Caroline Andriott i 60018 Aula19 - Direito Civil IV - Usofruto e Uso Habitação 15 Curso Ênfase © 2018 possessórias típicas, foi abolida pelo Código Civil de 2002, que estabeleceu a absoluta separação entre os juízos possessório e petitório". RESP 1.203.144-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 27/5/2014. Basicamente, seriam esses os principais pontos em relação aos direitos reais de coisa alheia de uso, gozo ou fruição. A seguir, avaliaremos duas questões já mencionadas em aulas passadas, contudo, verificaremos apenas a parte que diz respeito à esta aula, analisando as assertivas sobre o direito real de usufruto. 2013 - CESPE - T RF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL No que se refere aos direitos reais, assinale a opção correta. A) A legislação civil consagra requisitos específicos para o negócio jurídico constitutivo de penhor, anticrese ou hipoteca, visando a sua especialização, e, à luz da jurisprudência do STJ, a falta desses requisitos gera a nulidade do direito real. B) O compromisso de compra e venda de imóvel, devidamente registrado na matrícula constante do registro de imóveis competente, transforma o contrato preliminar em direito real de aquisição em favor do comprador, inserindo-se no rol dos direitos reais de gozo ou fruição. C) A propriedade superficiária não pode ser, de forma autônoma, objeto de direitos reais de gozo e de garantia, como é o caso, por exemplo, da hipoteca. D) A servidão e a passagem forçada, institutos previstos na codificação civil, não se confundem. A servidão, em razão de sua natureza, é compulsória e exige o pagamento de indenização, enquanto a passagem forçada, instituto afeto ao direito de vizinhança, é facultativa. E) O usufruto é inalienável, mas é possível ceder o exercício do bem usufrutuário em comodato ou locação. COMENTÁRIO DA QUESTÃO A opção correta é a assertiva sobre o usufruto (E). O art. 1.393 do CC prevê expressamente a possibilidade de cessão do exercício do usufruto a despeito de ser inalienável. 2013 - CESPE - T RF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL A respeito da superfície, servidões, usufruto, penhor e hipoteca, assinale a opção correta. Direito Civil – Caroline Andriott i 60018 Aula19 - Direito Civil IV - Usofruto e Uso Habitação 16 Curso Ênfase © 2018 A) O direito subjetivo integra o patrimônio do superficiário, podendo este transferir o direito de superfíciea terceiro por negócio jurídico; no entanto, não haverá a saisine em favor dos herdeiros quando do seu falecimento. B) A servidão de passagem, direito real que surge em razão da necessidade/utilidade de trânsito através de determinado imóvel, por constituir forma de proteção à função social da propriedade, embora se presuma, deve ser interpretada restritivamente. C) O proprietário resolúvel pode conceder o bem em hipoteca, não lhe sendo vedado onerar a coisa; no entanto, verificado o evento futuro e incerto, o ônus real subsistirá, gravando-se a coisa. D) No intuito de assegurar o cumprimento da função social da propriedade gravada, o Código Civil, sem prever prazo determinado, autoriza a extinção do usufruto pelo não uso ou pela não fruição do bem sobre o qual ele recai. E) O valor do crédito e o bem dado em garantia com as suas especificações constituem elementos nucleares do contrato de penhor, de forma que, faltando um deles, a validade do pacto estará comprometida. COMENTÁRIO DA QUESTÃO Também a resposta correta era relativa ao usufruto (D). É exatamente o enunciado aprovado pela doutrina reunida nas jornadas de Direito Civil do CJF. Não se aplica o prazo de 10 anos por analogia da extinção pelo não uso de 10 anos contínuos da servidão.
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