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Direito Civil: Usufruto e Uso Habitação

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Curso	Ênfase	©	2018
DIREITO	CIVIL	–	CAROLINE	ANDRIOTT I
60018	AULA19	-	DIREITO	CIVIL	IV	-	USOFRUTO	E	USO	HABITAÇÃO
1.	USUFRUTO
Retomando	nosso	tema	sobre	direitos	das	coisas	e	direitos	reais,	passaremos	ao
inciso	IV	do	art.	1.225,	o	qual	tratará	do	estudo	dos	direitos	reais	sobre	coisa	alheia,	de
uso,	gozo	e	fruição,	iniciando	a	aula	com	o	elemento	mais	amplo:	usufruto	(art.	1.390	a
1.411).
Essa	espécie	de	direito	real	sobre	coisa	alheia	tem	como	característica	primordial
a	 possibilidade	 de	 percepção	 de	 frutos	 sobre	 coisa	 alheia.	O	 direito	 real	 de	 usufruto
envolve	duas	figuras:	nu	proprietário	e	usufrutuário	-	benefício	de	quem	é	instituído	o
usufruto	-,	caracterizando-se	pela	transferência	da	possibilidade	de	fruição	da	coisa	das
mãos	do	proprietário	ao	usufrutuário.
O	usufrutuário	teria	como	dever	principal	a	conservação	da	substância	da	coisa,
ou	 seja,	 o	 usufruto	 garante	 ao	 usufrutuário	 a	 possibilidade	 de	 percepção	 dos	 frutos
naturais,	 civis,	 industriais,	 que	 decorram	da	 utilização	 econômica	 da	 coisa,	 porém,	 é
necessário	preservar	a	sua	substância	da	qual	detém	a	posse	a	título	de	usufrutuário.
O	 objeto	 do	 usufruto	 pode	 ser	 tanto	 bens	 móveis	 quanto	 bens	 imóveis,	 bens
corpóreos	ou	incorpóreos	(títulos	de	crédito	e	ações	de	companhia,	por	exemplo),	logo,
a	 possibilidade	 do	 objeto	 do	 usufruto	 é	 bastante	 ampla,	 desde	 que	 esses	 bens
comportem	algum	tipo	de	fruição.	Acrescenta-se	ainda	a	possibilidade	de	usufruto	da
universalidade	de	bens,	 como	 todo	o	 patrimônio	de	uma	determinada	pessoa	 como
parte	dele,	restrita,	por	exemplo,	a	imóvel.
Uma	 classificação	 inserida	 no	 usufruto	 refere-se	 a	 sua	 possibilidade	 plena	 e
restrita.	Tratando-se	do	usufruto	pleno,	o	nu	proprietário	transfere	ao	usufrutuário	todas
as	 utilidades	 econômicas	 da	 coisa,	 isto	 é,	 toda	 a	 fruição	 completa	 das	 utilidades
econômicas	 daquela	 coisa;	 enquanto	 no	 usufruto	 restrito,	 confere-se	 a	 determinado
usufrutuário	parte	da	percepção	dos	frutos	que	decorram	daquela	determinada	coisa
que	é	objeto	do	direito	real	de	usufruto.
Em	 regra,	 o	 usufruto	 é	 disposto	 pelo	 CC	 a	 respeito	 da	 possibilidade	 de	 ser
instituído	sobre	bens	infungíveis	(bens	insubstituíveis	por	outros	da	mesma	qualidade,
gênero	e	quantidade)	e	 inconsumíveis.	Repisa-se	que	bens	fungíveis	são	o	oposto	do
caso	da	infungibilidade	e	bens	consumíveis	são	aqueles	bens	que	se	exaurem	a	partir
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da	sua	utilização,	desta	forma,	a	substância	da	coisa	se	perde,	e,	por	isso,	o	usufruto	se
incidirá	sobre	coisas	infungíveis	e	inconsumíveis,	pois	é	de	sua	natureza	a	manutenção
da	 substância	 da	 coisa,	 visto	 que	 os	 frutos	 não	 diminuem	 e	 são	 renováveis
periodicamente.	 À	 vista	 disso,	 o	 usufrutuário	 pode	 deles	 se	 valer	 sem	 destruir	 a
substância	da	coisa.
O	CC	excepciona	aquele	desgaste	da	coisa	que	decorre	da	sua	utilização	normal
ou	 natural,	 porque	 ele	 é	 esperado	 em	 face	 também	 do	 nu	 proprietário,	 ou	 seja,	 a
utilização	normal	 causa	desgaste	e	deterioração,	mas	nunca	destrói	 a	 substância	do
bem	por	completo.	No	entanto,	o	Código	Civil	faz	uma	exceção	quanto	aos	acessórios
e	 acrescidos,	 em	 outras	 palavras,	 não	 quanto	 ao	 bem	 objeto	 principal,	mas	 como	 o
usufruto	em	regra	abrangido	também	pelos	acessórios	e	acrescidos,	dentre	eles	pode
haver	bens	consumíveis.	Nesse	caso,	a	regra	do	art.	1.392,	§1º,	dispõe	a	necessidade	de
que	esses	bens	sejam	repostos	ao	fim	do	usufruto.
Art.	1.392.	Salvo	disposição	em	contrário,	o	usufruto	estende-se	aos	acessórios	da
coisa	e	seus	acrescidos.
§	1o	Se,	 entre	os	acessórios	e	os	acrescidos,	 houver	 coisas	 consumíveis,	 terá	o
usufrutuário	 o	 dever	 de	 restituir,	 findo	 o	 usufruto,	 as	 que	 ainda	 houver	 e,	 das
outras,	o	equivalente	em	gênero,	qualidade	e	quantidade,	ou,	não	sendo	possível,	o
seu	valor,	estimado	ao	tempo	da	restituição.
§	2o	Se	há	no	prédio	em	que	recai	o	usufruto	florestas	ou	os	recursos	minerais	a
que	se	refere	o	art.	1.230,	devem	o	dono	e	o	usufrutuário	prefixar-lhe	a	extensão
do	gozo	e	a	maneira	de	exploração.
§	 3o	 Se	 o	 usufruto	 recai	 sobre	 universalidade	 ou	 quota-parte	 de	 bens,	 o
usufrutuário	tem	direito	à	parte	do	tesouro	achado	por	outrem,	e	ao	preço	pago	pelo
vizinho	 do	 prédio	 usufruído,	 para	 obter	 meação	 em	 parede,	 cerca,	 muro,	 vala	 ou
valado.
Portanto,	 o	 CC	 por	 disposição	 expressa,	 permite	 a	 consuntibilidade	 de	 bens
objeto	do	usufruto,	desde	que	sejam	acessórios	ou	acrescidos.	Cabe	resvalar,	a	figura
do	 usufruto	 impróprio,	 o	 qual	 seria	 justamente	 quando	 o	 bem	 objeto	 principal	 do
usufruto	 for	 consumível	 ou	 fungível,	 porém,	 se	 degenera	 em	 mútuo,	 pois	 não	 será
devolvida	a	própria	coisa	ao	final	do	usufruto.
1.1.	CARACT ERÍST ICAS	PRINCIPAIS	DO	USUFRUTO
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O	usufruto	sempre	será	temporário,	dada	sua	finalidade	de	benefício	da	fruição
das	 utilidades	 econômicas	 do	 bem,	 descolada	 do	 proprietário,	 ainda	 que	 seja
estabelecido	de	forma	vidual,	vitalícia,	sempre	terá	um	termo	final.	Deste	modo,	não
poderá	ser	por	prazo	totalmente	indeterminado.
Ainda,	considera-se	personalíssimo,	porque	sua	finalidade	refere-se	ao	benefício
do	 usufrutuário,	 vez	 que	 ele	 possa	 ser	 conferido	 a	 título	 oneroso.	 A	 natureza	 mais
elementar	do	usufruto	nasce	justamente	dessa	característica	da	pessoalidade.
Por	 consequência,	 retrata-se	 como	 intransmissível	 e	 inalienável,	 bem	 como
impenhorável,	 sendo	 assim,	 essas	 características	 decorrem	 de	 ser	 personalíssimo.
Entretanto,	 o	 próprio	 CC	 estabelece	 -	 já	 fora	 objeto	 de	 prova	 dos	 concursos	 -,	 não
obstante	a	 impossibilidade	de	 transmissão,	a	possibilidade	de	cessão	do	exercício	do
usufruto.
Art.	1.393.	Não	se	pode	transferir	o	usufruto	por	alienação;	mas	o	seu	exercício
pode	ceder-se	por	título	gratuito	ou	oneroso.
Deve-se	atentar	que,	apesar	de	ser	intransmissível	e	intransferível	o	usufruto	por
ato	inter	vivos	ou	mortis	causa,	é	possível	a	cessão	do	exercício,	por	exemplo,	através	de
locação	ou	comodato.	Tem-se	uma	exceção	importante	que	já	foi	objeto	de	prova	de
concurso.
Ademais,	a	jurisprudência	também	possui	precedentes	no	sentido	de	que,	nada
obstante	seja	 impenhorável	o	usufruto,	há	possibilidade	nos	casos	de	cessão	onerosa
de	seu	exercício	por	 locação,	por	exemplo,	em	penhorar	dívidas	do	usufrutuário	e	os
frutos	que	decorram	da	cessão	onerosa	do	usufruto.
PENHORA.	 USUFRUTO.	 IMÓVEL.	 RESIDÊNCIA.	 O	 tribunal	 a	 quo	 reconheceu	 a
possibilidade	da	penhora	do	direito	ao	exercício	de	usufruto	vitalício	da	ora	recorrente.
Porém,	o	usufruto	é	um	direito	real	transitório	que	concede	a	seu	titular	o	gozo	de	bem
pertencente	a	 terceiro	durante	certo	 tempo,	 sob	certa	condição	ou	vitaliciamente.	O
nu-proprietário	 do	 imóvel,	 por	 sua	 vez,	 exerce	 o	 domínio	 limitado	 à	 substância	 da
coisa.	Na	redação	do	art.	717	do	CC/1916,	vigente	à	época	dos	fatos,	deduz-se	que	o
direito	de	usufruto	é	inalienável,	salvo	quanto	ao	proprietário	da	coisa.	Seu	exercício,
contudo,	 pode	 ser	 cedido	 a	 título	 oneroso	 ou	 gratuito.	 Resulta	 daí	 a	 jurisprudência
admitir	 que	 os	 frutos	 decorrentes	 dessa	 cessão	 podem	 ser	 penhorados,	 desde	 que
tenham	 expressão	 econômica	 imediata.	 No	 caso,	 o	 imóvel	 é	 ocupado	 pela	 própria
devedora,	 que	nele	 reside,	 não	produzindo	qualquer	 fruto	 que	possa	 ser	 penhorado.
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Assim,	não	é	cabível	a	penhora	do	exercício	do	direito	ao	usufruto	do	imóvel	ocupado
pelo	 recorrente,	 por	 ausência	 de	 amparo	 legal.	 Logo,	 a	 Turma	 deu	 provimento	 ao
recurso.	 Precedentescitados:	 REsp	 925.687-DF,	 DJ	 17/9/2007;	 REsp	 242.031-SP,	 DJ
29/3/2004,	 e	 AgRg	 no	Ag	 851.994-PR,	DJ	 1º/10/2007.	 REsp	 883.085-SP,	 Rel.	Min.	 Sidnei
Beneti,	julgado	em	19/8/2010.	Informativo	443.
Em	suma,	o	usufruto	pode	ser	constituído	de	forma	gratuita	ou	onerosa,	podendo
ser	 por	 total	 liberalidade,	 com	uma	 finalidade	 assistencial	 de	 permitir	 que	 o	 terceiro
usufrutuário	utilize	economicamente	da	coisa	com	a	percepção	dos	seus	frutos,	ou	de
forma	 onerosa,	 o	 que	 não	 raro	 acontece	 no	 caso	 dos	 títulos	 de	 créditos	 e	 ações	 de
companhias.
Também	 poderá	 ser	 instituído	 por	 disposição	 testamentária	 ou	 por	 usucapião
(hipótese	 rara).	 Os	 autores	 dão	 exemplo	 quando	 há	 transferência:	 a	 concessão	 do
direito	real	de	usufruto	a	non	domino.	Isso	significa	que	o	nu	proprietário	não	era	o	real
proprietário,	 embora	 haja	 título	 que	 transfira	 o	 usufruto	 por	 quem	 não	 era	 dono	 e,
nesse	 caso,	 seria	 possível	 entender	 não	 propriamente	 a	 usucapião,	 a	 vontade	 de
possuir	 como	 seu,	 mas	 sim	 a	 vontade	 de	 possuir	 como	 usufrutuário.	 Diante	 disso,
haveria	a	possibilidade	remota	de	aquisição	do	usufruto	por	usucapião.
Se	 o	 objeto	 do	 usufruto	 for	 bem	 imóvel,	 o	 direito	 real	 se	 constitui	 através	 de
registro	 do	RGI,	 caso	 contrário,	 se	 o	 objeto	 do	 usufruto	 for	 bem	móvel,	 em	 regra,	 se
constitui	pela	tradição,	salvo	se	houver	dispositivo	específico	em	lei,	como	no	caso	de
bens	móveis	específicos,	como	títulos	de	crédito	e	ações	de	companhias.	Pode	haver
necessidade,	 em	especial,	 nas	 ações	 de	 companhia	 de	 registro	 do	 usufruto,	 ao	 qual
serão	pagos	os	dividendos	daquela	ação	concedida	em	usufruto.
Trata-se,	 também,	 de	 outra	 distinção,	 o	 usufruto	 por	 alienação,	 o	 qual	 se
distinguiria	do	usufruto	por	retenção	ou	deducto.	Por	alienação	são	os	casos	em	que	o
nu	proprietário	concede	o	usufruto	ao	usufrutuário	e	permanece	com	a	propriedade,	já
o	usufruto	por	retenção	compreende	ao	proprietário	transferir	a	propriedade	a	terceiro,
resguardando-se	como	usufrutuário	da	coisa.	Dessa	forma,	existem	duas	possibilidades
de	usufruto,	uma	por	alienação,	usufruto	clássico	em	que	o	proprietário	concede	o	bem
em	 usufruto	 a	 terceiro;	 e	 outra	 referente	 à	 transferência	 da	 propriedade	 para	 se
garantir	a	fruição	do	bem,	se	reservando	o	usufruto	da	coisa.
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Outra	 importante	 distinção	 seria	 o	 usufruto	 disposto	 no	 art.	 1.390	 e	 seguintes
para	o	usufruto	 legal,	especial,	que	ocorre	em	matéria	de	direito	de	 família,	 como	o
usufruto	previsto	no	art.	1.689,	 inciso	I:	pais	em	relação	aos	bens	dos	filhos	enquanto
não	 atingem	 a	 capacidade	 plena	 ou	 usufruto	 dos	 bens	 particulares	 do	 cônjuge	 que
estejam	 na	 posse	 de	 outro	 cônjuge.	 O	 usufruto	 é	 ex	 lege,	 mas	 tem	 características
peculiares	relativas	ao	direito	de	família,	cuja	finalidade	não	é	propriamente	protetiva
daquele	que	não	detém	capacidade.
Diferencia-se	 muito	 do	 usufruto	 convencional,	 do	 direito	 real	 de	 usufruto	 da
parte	do	direito	 real,	o	qual,	na	 realidade,	 institui-se	por	base	na	vontade	a	partir	do
registro,	 a	 sua	 origem.	 Portanto,	 tem	 o	 propósito	 de	 beneficiar	 aquele	 determinado
terceiro	 para	 perceber	 os	 frutos	 da	 exploração	 da	 coisa.	 São	 institutos	 diversos,	mas
ainda	 assim	 consta	 a	 distinção	 do	 usufruto	 legal,	 mais	 afeto	 ao	 direito	 de	 família,
decorrente	 da	 disposição	 expressa	 em	 lei,	 enquanto	 o	 direito	 real	 tem	 origem	 na
vontade	das	partes,	embora	se	constitua	formalmente	a	partir	do	registro,	em	especial
no	caso	de	incidir	sobre	bens	imóveis.
O	 CC	 ainda	 traz	 quais	 seriam	 os	 direitos	 e	 os	 deveres	 do	 usufrutuário,
sobrelevando	maior	 importância	ao	direito	à	percepção	dos	 frutos.	Com	o	 intuito	de
percebê-los,	 a	 ele	 será	 conferida	 a	 administração	 do	 bem,	 isto	 é,	 administrará	 e
perceberá	os	frutos	a	que	tem	direito.	Uma	vez	instituído	o	usufruto,	o	usufrutuário	se
considerará	 ao	 desdobramento	 da	 posse,	 tornando-se	 o	 possuidor	 direto	 da	 coisa,
enquanto	o	nu	proprietário	transforma-se	em	possuidor	indireto	da	coisa.
Basicamente	 os	 principais	 direitos	 seriam:	 administrar	 a	 coisa,	 perceber	 seus
frutos	e	proteger	a	posse	não	só	em	face	de	 terceiros	como	também	em	relação	ao
próprio	nu	proprietário.
Há	 uma	 certa	 divergência	 quanto	 à	 possibilidade	 de	 fruição	 dos	 produtos,	 no
entanto,	 parece	 ter	 razão	 a	 doutrina	 que	 entende	 os	 produtos	 não	 integradores	 da
possibilidade	 de	 fruição	 ao	 usufrutuário,	 visto	 que	 o	 produto	 atribui-se	 à	 utilização
econômica,	decorrente	da	exploração	da	coisa,	mas	que	importa	gradativamente	em
diminuição	 de	 sua	 substância.	 Também	 vimos	 sua	 finalidade	 primordial,	 findo	 o
usufruto,	 consequentemente,	 torna-se	 dever	 do	 usufrutuário	 restituir	 a	 coisa	 em	 sua
integralidade	ao	final	do	usufruto,	não	incluído	o	desgaste	natural	da	utilização.
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Dentre	 os	 deveres	 do	 usufrutuário,	 já	 que	 administrará	 a	 coisa	 alheia,	 está	 a
imposição	do	dever	de	inventariar	os	bens	recebidos	em	usufruto,	indicando	quais	são
suas	 qualidades,	 seu	 estado	 de	 conservação,	 para	 que,	 ao	 final,	 seja	 justamente
possível	 restituir	 o	 bem	 da	 forma	 com	 que	 lhe	 foi	 entregue	 ao	 início	 do	 usufruto,
previsto	pelo	CC.
Um	 dos	 principais	 deveres	 impostos	 pelo	 CC	 ao	 usufrutuário	 refere-se	 à
realização	 do	 inventário	 dessas	 coisas,	 pois	 tem	 o	 dever	 de	 restituir	 o	 bem,	 findo	 o
usufruto,	mantendo	a	substância	do	bem	e	não	alterando	a	sua	destinação	econômica,
ou	seja,	se	aquele	bem	imóvel,	por	exemplo,	tinha	destinação	econômica	residencial,
não	pode	ser	alterada	para	comercial,	salvo	registro	da	anuência	do	nu	proprietário.
As	 despesas	 ordinárias	 de	 conservação	 da	 coisa	 devem	 ser	 realizadas,
incumbente	ao	proprietário	pagar	despesas	como,	por	exemplo,	seguro	relativo	à	coisa
e	outras	despesas	ordinárias.	O	CC	faz	distinção	entre	o	usufrutuário	pagar	as	despesas
ordinárias	 e	 as	 despesas	 módicas,	 enquanto	 o	 nu	 proprietário	 pagaria	 as
extraordinárias	 e	 não	módicas,	 estabelecendo	 um	 parâmetro	 de	 valor	 no	 art.	 1.404,
quando	se	entende	módica	ou	não	essa	despesa	que	deve	ser	feita	pelo	usufrutuário.
Art.	1.404.	Incumbem	ao	dono	as	reparações	extraordinárias	e	as	que	não	forem
de	 custo	módico;	mas	 o	 usufrutuário	 lhe	 pagará	 os	 juros	 do	 capital	 despendido
com	as	que	 forem	necessárias	à	conservação,	ou	aumentarem	o	rendimento	da
coisa	usufruída.
§	1o	Não	se	consideram	módicas	as	despesas	superiores	a	dois	terços	do	líquido
rendimento	em	um	ano.
§	 2o	 Se	 o	 dono	 não	 fizer	 as	 reparações	 a	 que	 está	 obrigado,	 e	 que	 são
indispensáveis	 à	 conservação	 da	 coisa,	 o	 usufrutuário	 pode	 realizá-las,	 cobrando
daquele	a	importância	despendida.
O	próprio	CC	fornece	parâmetro	de	quando	compete	despesas	ao	usufrutuário	e
ao	 nu	 proprietário,	 inclusive,	 também	 prevê	 que	 este	 último	 pode	 exigir	 caução	 no
usufruto.	 Nesse	 caso,	 também	 haverá	 o	 dever	 de	 prestar	 essa	 caução,	 e	 não	 a
prestando,	perderia	a	administração	dos	bens,	manteria	a	possibilidade	de	percepção
de	frutos.	A	administração	não	ficaria	a	cargo	do	usufrutuário,	como	tem-se	a	regra.	A
caução	nem	sempre	poderá	ser	exigida,	mas	caso	seja,	o	usufrutuário	possui	o	dever
de	prestá-la.
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No	 que	 diz	 respeito	 às	 formas	 de	 extinção	 do	 usufruto,	 ela	 se	 extingue,	 e,
portanto,	deve	ser	averbado	na	matrícula	do	imóvel	caso	se	trate	de	bem	imóvel,	por
renúncia	 do	 usufrutuário	 ou	 mortedeste,	 nos	 casos	 de	 usufruto	 vidual.	 Pode	 se
extinguir,	ainda,	por	culpa	da	deterioração	da	coisa,	causa	relacionada	ao	usufrutuário,
ou	seja,	formas	de	extinção	relacionadas	a	atos	ou	fatos	relativos	ao	usufrutuário.
Além	 disso,	 a	 extinção	 do	 usufruto	 poderá	 se	 dar	 pela	 anulação	 da	 pessoa
jurídica,	 expresso	pelo	CC,	 assim	como	a	possibilidade	de	 instituição	de	usufruto	em
favor	 de	 pessoa	 jurídica,	 mas,	 nesse	 caso,	 não	 se	 permite	 que	 seja	 “vidual”,	 em	 se
tratando	 de	 pessoa	 jurídica.	 Se	 ela	 se	 extinguir,	 consequentemente,	 extingue-se	 o
usufruto,	caso	contrário,	o	prazo	máximo	previsto	é	de	30	anos.
Ainda,	a	modalidade	mais	polêmica	quanto	às	causas	de	extinção	do	usufruto
por	 fato	 relacionado	 ao	 usufrutuário	 não	 se	 relaciona	 ao	 uso.	 O	 CC	 dispõe
expressamente	no	inciso	VIII	do	art.	1.410.
Art.	 1.410.	 O	 usufruto	 extingue-se,	 cancelando-se	 o	 registro	 no	 Cartório	 de
Registro	de	Imóveis:
I	-	pela	renúncia	ou	morte	do	usufrutuário;
II	-	pelo	termo	de	sua	duração;
III	-	pela	extinção	da	pessoa	jurídica,	em	favor	de	quem	o	usufruto	foi	constituído,
ou,	 se	 ela	 perdurar,	 pelo	 decurso	 de	 trinta	 anos	 da	 data	 em	que	 se	 começou	 a
exercer;
IV	-	pela	cessação	do	motivo	de	que	se	origina;
V	-	pela	destruição	da	coisa,	guardadas	as	disposições	dos	arts.	1.407,	1.408,	2ª
parte,	e	1.409;
VI	-	pela	consolidação;
VII	-	por	culpa	do	usufrutuário,	quando	aliena,	deteriora,	ou	deixa	arruinar	os	bens,
não	 lhes	 acudindo	 com	 os	 reparos	 de	 conservação,	 ou	 quando,	 no	 usufruto	 de
títulos	 de	 crédito,	 não	 dá	 às	 importâncias	 recebidas	 a	 aplicação	 prevista	 no
parágrafo	único	do	art.	1.395;
VIII	-	Pelo	não	uso,	ou	não	fruição,	da	coisa	em	que	o	usufruto	recai	(arts.	1.390	e
1.399).
Indaga-se	se	o	CC	esqueceu	de	por	um	prazo	concernente	a	esse	não	uso	ou	se
fora	feito	propositalmente.	Desse	modo,	há	um	silêncio	eloquente:	não	o	faz	porque,
na	realidade,	não	quis	dar	um	prazo	pelo	não	uso,	mas	sim	privilegiar	a	função	social
do	instituto	do	direito	real	de	usufruto,	a	fim	de	estabelecer	que	aquele	que	não	o	frui
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ou	 não	 o	 usa,	 extingue,	 por	 si	 só,	 o	 elemento	 do	 próprio	 direito,	 aquele	 direito	 real
sobre	o	usufruto,	uma	vez	que	não	foi	atingida	a	sua	finalidade	econômico-social	no
contexto	promovido	pelo	instituto.
A	 esse	 respeito,	 muitos	 autores	 entendiam	 o	 oposto,	 que	 houve	 equívoco	 no
silenciamento	do	CC,	logo,	dever-se-ia	aplicar	o	prazo	de	10	anos,	seja	por	força	do	art.
205	 (regra	 geral	 de	 que	 não	 havendo	 prazo	 menor	 no	 CC,	 o	 prazo	 da	 prescrição
extintiva	 é	 de	 10	 anos),	 seja	 por	 uma	 aplicação	 analógica	 do	 art.	 1.389,	 III,	 das
disposições	sobre	extinção	da	servidão.
Art.	1.389.	Também	se	extingue	a	servidão,	ficando	ao	dono	do	prédio	serviente	a
faculdade	de	fazê-la	cancelar,	mediante	a	prova	da	extinção:
I	-	pela	reunião	dos	dois	prédios	no	domínio	da	mesma	pessoa;
II	-	pela	supressão	das	respectivas	obras	por	efeito	de	contrato,	ou	de	outro	título
expresso;
III	-	pelo	não	uso,	durante	dez	anos	contínuos.
Parte	 da	 doutrina	 entendia	 que,	 na	 verdade,	 esse	 não	 uso	 seria	 por	 10	 anos.
Haveria	prazo	a	ser	aplicado	em	analogia	ao	art.	1.389.
De	acordo	com	a	professora,	parece	ser	a	melhor	doutrina,	aprovada	em	um	dos
enunciados	 das	 jornadas	 de	 Direito	 Civil	 do	 CJF,	 pois	 dada	 a	 natureza	 do	 benefício
instituído	em	favor	do	usufrutuário,	a	extinção,	nesse	caso,	presente	no	Enunciado	252,
independe	do	prazo	do	art.	1.389,	III.	Não	precisa	da	configuração	dos	10	anos	do	não
uso,	porque,	na	realidade,	ela	deseja	promover	a	função	social	do	instituto.	Em	virtude
da	 caracterização	 do	 não	 uso	 ou	 da	 não	 fruição,	 dentro	 de	 uma	 análise	 do	 caso
concreto,	 poder-se-ia	 dizer	 na	 extinção	 do	 usufruto,	 requerendo	 o	 nu	 proprietário
judicialmente,	o	reconhecimento	dessa	extinção	com	base	no	inciso	VIII.
O	 usufruto	 pode,	 ainda,	 extinguir-se:	 por	 fatos	 ou	 atos	 relativos	 ao	 objeto	 da
relação	 jurídica;	pelo	 termo	de	sua	duração,	ou	seja,	pelo	advento	do	prazo	 final	do
usufruto	em	razão	de	ser	temporário;	e	pela	cessação	do	motivo	pelo	qual	se	originou,
se	 foi	 instituído	 e	 dele	 constou	 a	 finalidade	 expressa	 de	 sua	 instituição.	 Uma	 vez
cessado	esse	motivo,	beneficente,	por	exemplo,	 também	poderá	ser	 requerida	a	sua
cessação.
Por	 destruição	 da	 coisa	 da	 qual	 é	 objeto	 -	 extingue-se	 o	 objeto	 -,	 sendo	 o
usufruto	direito	real	sobre	coisa	alheia,	o	usufruto	também	será	extinto,	e	ainda	pela
consolidação	ou	confusão,	com	a	coincidência	entre	as	figuras	do	nu	proprietário	e	do
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usufrutuário	 quando,	 por	 exemplo,	 o	 usufrutuário	 adquire	 a	 propriedade	 do	 bem	 do
qual	 já	era	usufrutuário.	Consolida-se,	desse	modo,	a	propriedade	e	a	percepção	dos
frutos	na	mesma	pessoa.
No	 caso	 de	 pluralidade	 de	 usufrutuários	 (mais	 de	 um	 usufrutuário	 sobre	 a
mesma	coisa	e	bens),	ainda	tratando-se	de	caso	da	extinção	do	usufruto,	da	ocorrência
de	um	desses	fatos	supracitados	em	relação	a	um	dos	usufrutuários,	não	há,	em	regra,
direito	de	acrescer.	Os	demais	não	possuem	direito	de	se	tornarem,	cada	um	à	cota-
parte	 que	 disser	 respeito,	 com	 relação	 à	 parte	 do	 usufrutuário	 que	 se	 extinguiu.	 O
direito	 de	 acrescer,	 no	 caso	 de	 pluralidade	 de	 usufrutuários,	 só	 ocorre	 por	 expressa
disposição	no	ato	constitutivo,	precisa	de	manifestação	expressa	para	que	haja	direito
de	acrescer	entre	usufrutuários	no	caso	de	extinção	do	usufruto	em	relação	a	qualquer
deles.
Em	 regra,	 extinto	 quanto	 a	 uns,	 não	 havendo	 disposição	 em	 contrário	 que
estabeleça	o	direito	de	acrescer,	aquela	parte	em	relação	à	qual	se	extinguiu,	retorna	a
percepção	daquela	parte	dos	frutos	à	titularidade	do	nu	proprietário.
Alguns	julgados	mais	recentes	relativos	ao	usufruto,	verificados	dentre	os	direitos
reais	sobre	coisa	alheia	de	gozo	e	fruição,	possuem	questões	naturais	sobre	o	usufruto
do	que	sobre	o	uso	e	habitação,	os	quais	estudaremos	a	seguir.
Primeiramente,	 discutia-se	 a	 possibilidade	 de	 haver	 ou	 não	 direito	 à	 proteção
possessória,	visto	que	é	possuidor	direto	da	coisa,	objeto	do	usufruto.	A	jurisprudência	já
reconheceu,	em	julgado	noticiado	no	Informativo	550	do	STJ,	que	também	deveria	se
resguardar	ao	usufrutuário	a	proteção	petitória,	ou	seja,	o	direito	de	reivindicar	a	coisa.
DIREITO	 PROCESSUAL	 CIVIL.	 LEGITIMIDADE	 E	 INTERESSE	 PROCESSUAL	 DO
USUFRUTUÁRIO	PARA	A	PROPOSITURA	DE	AÇÃO	DE	CARÁTER	PETITÓRIO.	O	usufrutuário
possui	legitimidade	e	interesse	para	propor	ação	reivindicatória	-	de	caráter	petitório	-
com	o	objetivo	de	fazer	prevalecer	o	seu	direito	de	usufruto	sobre	o	bem,	seja	contra	o
nu-proprietário,	seja	contra	terceiros.	A	legitimidade	do	usufrutuário	para	reivindicar	a
coisa,	mediante	ação	petitória,	está	amparada	no	direito	de	sequela,	característica	de
todos	os	direitos	reais,	entre	os	quais	se	enquadra	o	usufruto,	por	expressa	disposição
legal	(art.	1.225,	IV,	do	CC).	A	ideia	de	usufruto	emerge	da	consideração	que	se	faz	de
um	bem,	no	qual	se	destacam	os	poderes	de	usar	e	gozar	ou	usufruir,	sendo	entregues
a	uma	pessoa	distinta	do	proprietário,	enquanto	a	este	remanesce	apenas	a	substância
da	coisa.	Ocorre,	portanto,	um	desdobramento	dos	poderes	emanados	da	propriedade:
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enquanto	o	direito	de	dispor	da	coisa	permanece	com	o	nu-proprietário	(ius	abutendi),
a	 usabilidade	 e	 a	 fruibilidade	 (ius	 utendi	 e	 ius	 fruendi)	 passam	 para	 o	 usufrutuário.
Assim	é	 que	 o	 art.	 1.394	 do	CC	 dispõe	 que	 o	 "usufrutuário	 tem	direito	 à	 posse,	 uso,
administraçãoe	percepção	dos	frutos".	Desse	modo,	se	é	certo	que	o	usufrutuário	-	na
condição	de	possuidor	direto	do	bem	-	pode	valer-se	das	ações	possessórias	contra	o
possuidor	indireto	(nu-proprietário),	também	se	deve	admitir	a	sua	legitimidade	para	a
propositura	 de	 ações	 de	 caráter	 petitório	 -	 na	 condição	 de	 titular	 de	 um	direito	 real
limitado,	dotado	de	direito	de	sequela	 -	 contra	o	nu-proprietário	ou	qualquer	pessoa
que	obstaculize	ou	negue	o	seu	direito.	A	propósito,	a	possibilidade	de	o	usufrutuário
valer-se	da	ação	petitória	para	garantir	o	direito	de	usufruto	contra	o	nu-proprietário,	e
inclusive	 erga	 omnes,	 encontra	 amparo	 na	 doutrina,	 que	 admite	 a	 utilização	 pelo
usufrutuário	das	ações	reivindicatória,	confessória,	negatória,	declaratória,	 imissão	de
posse,	entre	outras.	Precedente	citado:	REsp	28.863-RJ,	Terceira	Turma,	DJ	22/11/1993.
REsp	1.202.843-PR,	Rel.	Min.	Ricardo	Villas	Bôas	Cueva,	julgado	em	21/10/2014.
Embora	classicamente	se	distinga	que	o	usufrutuário	tem	direito	ao	uso,	gozo	e
fruição	 da	 coisa,	 enquanto	 permanece	 ao	 nu	 proprietário	 o	 poder	 de	 disposição	 e
reivindicação	 (titular	 da	 propriedade),	 a	 jurisprudência	 entendeu,	 com	 relação	 à
reivindicação,	 a	 possibilidade	 de	 reivindicar	 a	 coisa,	 logo,	 ajuizando	 uma	 pretensão
petitória	com	relação	àquele	determinado	bem	decorrente	da	própria	força	de	direito
real	do	usufruto:	o	usufrutuário	teria	esse	direito	que	decorre	do	direito	de	sequela	dos
direitos	reais.
Em	outro	precedente,	com	relação	à	possibilidade	de	penhora	do	bem	objeto	do
usufruto	quanto	às	dívidas	do	nu	proprietário,	torna-se	acessível,	inclusive	a	alienação
em	hasta	pública,	todavia,	até	a	extinção	do	usufruto,	é	necessário	que	se	resguarde	os
direitos	do	usufrutuário.
RECURSO	 ESPECIAL.	 PROCESSO	 CIVIL.	 CUMPRIMENTO	 DE	 SENTENÇA.	 PENHORA
SOBRE	 NUA-PROPRIEDADE	 DE	 IMÓVEL	 GRAVADO	 COM	 USUFRUTO	 VITALÍCIO.
POSSIBILIDADE.	 CLÁUSULA	 DE	 INALIENABILIDADE.	 IMPENHORABILIDADE	 E
INCOMUNICABILIDADE	 DO	 BEM.	 1.	 Ação	 de	 cobrança,	 em	 fase	 de	 cumprimento	 de
sentença	estrangeira,	por	carta	rogatória,	autuada	em	18/02/2011,	da	qual	foi	extraído
este	recurso	especial,	interposto	em	03/06/2014,	conclusos	ao	gabinete	em	30/11/2017.
2.	O	propósito	recursal	é	dizer	sobre	a	possibilidade	de	penhora	de	imóvel	gravado	com
cláusulas	 de	 usufruto	 vitalício,	 inalienabilidade	 e	 incomunicabilidade.	 3.	 A	 nua-
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propriedade	 pode	 ser	 objeto	 de	 penhora	 e	 alienação	 em	 hasta	 pública,	 ficando
ressalvado	o	direito	real	de	usufruto,	 inclusive	após	a	arrematação	ou	a	adjudicação,
até	 que	 haja	 sua	 extinção.	 4.	A	cláusula	de	 inalienabilidade	vitalícia	 implica	a
impenhorabilidade	e	a	incomunicabilidade	do	bem	(art.	1.911	do	CC/02)	e	tem
vigência	 enquanto	 viver	 o	 benef iciário.	 5.	 Recurso	 especial	 desprovido.	 (REsp
1712097/RS,	Rel.	Ministra	NANCY	ANDRIGHI,	 TERCEIRA	 TURMA,	 julgado	 em	22/03/2018,
DJe	13/04/2018)
A	venda	em	hasta	pública	torna-se	possível,	bem	como	ressalvar	o	direito	real	do
usufrutuário,	inclusive	após	a	arrematação	e	adjudicação.
Por	fim,	também	o	STJ,	em	julgado	mais	recente,	compreendeu	que	a	ausência
de	 pagamento	 de	 débitos	 fiscais	 por	 um	 prazo	 determinado	 pode	 evidenciar	 a
hipótese	 de	 deterioração	 ou	 ruína	 do	 bem,	 o	 que	 importa	 em	 extinção	 do	 usufruto,
pois,	se	ao	final	o	bem	estiver	consumido	em	dívidas,	não	será	possível	a	restituição	da
substância	da	coisa	já	onerada	com	dívidas	excessivas.	Seria	uma	hipótese	em	que	o
nu	proprietário	poderia	entrar	com	ação	buscando	a	extinção	do	usufruto.
AGRAVO	 INTERNO	 NO	 AGRAVO	 EM	 RECURSO	 ESPECIAL.	 USUFRUTO.	 EXTINÇÃO.
DÉBITOS	 FISCAIS.	 IPTU.	 AUSÊNCIA	 DE	 PAGAMENTO.	 ARTIGO	 1.410,	 INCISO	 VII,	 DO
CÓDIGO	 CIVIL.	 BEM	 IMÓVEL.	 DETERIORAÇÃO	 OU	 RUÍNA.	 OCORRÊNCIA.	 REEXAME	 DE
FATOS	 E	 PROVAS.	 SÚMULA	 N°	 7/STJ.	 1.	 Recurso	 especial	 interposto	 contra	 acórdão
publicado	na	vigência	do	Código	de	Processo	Civil	de	1973	(Enunciados	Administrativos
nºs	2	e	3/STJ).	2.	A	ausência	de	pagamento	de	débitos	fiscais,	de	forma	a	possibilitar	a
alienação	judicial,	evidencia	a	hipótese	de	deterioração	ou	ruína	do	bem	imóvel,	sendo
causa	 de	 extinção	 do	 usufruto.	 Precedentes.	 3.	 A	 reforma	 do	 julgado	 demandaria	 o
reexame	 do	 contexto	 fático-probatório,	 procedimento	 vedado	 na	 estreita	 via	 do
recurso	especial,	 a	 teor	 da	Súmula	nº	7/STJ.	 4.	 Agravo	 interno	não	provido.	 (AgInt	 no
AREsp	854.103/MS,	Rel.	Ministro	RICARDO	VILLAS	BÔAS	CUEVA,	TERCEIRA	TURMA,	julgado
em	20/03/2018,	DJe	03/04/2018)
2.	USO
Segue-se	o	estudo	do	uso,	direito	real	de	uso	previsto	no	art.	1.225,	V	e	a	partir	do
arts.	1.412	e	1.413	do	CC.
O	 direito	 real	 de	 uso	 também	 é	 um	 direito	 real	 sobre	 coisa	 alheia	 de	 uso	 e
fruição,	 envolvendo	 duas	 figuras,	 o	 proprietário	 e	 o	 usuário.	 Nesse	 caso	 específico,
considera-o	 como	 um	 direito	 real	 de	 uso	 e	 fruição,	 uso	 e	 gozo,	 mais	 restrito	 que	 o
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usufruto,	 vez	 que	 a	 pessoa	 pode	 utilizar	 o	 bem	 objeto	 do	 direito	 real	 de	 uso.	 No
entanto,	 a	 fruição	 ou	 possibilidade	 da	 utilização	 dos	 frutos	 da	 coisa	 se	 vincula	 às
necessidades	de	subsistência	do	usuário	e	sua	família.
Esta	 é	 uma	 possibilidade	 de	 fruição	 com	 uma	 finalidade	 específica,	 a	 qual
refere-se	ao	suprimento	das	necessidades	de	subsistência	do	usuário	e	da	sua	família.
O	art.	1412,	§	2º,	do	CC,	diz	o	que	se	entende	por	família	no	caso	do	direito	real	de	uso:
Art.	1.412.	O	usuário	usará	da	coisa	e	perceberá	os	seus	frutos,	quanto	o	exigirem
as	necessidades	suas	e	de	sua	família.
§	1o	Avaliar-se-ão	as	necessidades	pessoais	do	usuário	conforme	a	sua	condição
social	e	o	lugar	onde	viver.
§	2o	As	necessidades	da	família	do	usuário	compreendem	as	de	seu	cônjuge,	dos
filhos	solteiros	e	das	pessoas	de	seu	serviço	doméstico.
Essa	 definição	 do	 que	 se	 compreende	 por	 família	 deve	 ser	 revista	 para	 se
adequar	à	própria	decisão	do	STF	na	tese	622:
A	paternidade	socioafetiva,	declarada	ou	não	em	registro	público,	não	impede	o
reconhecimento	 do	 vínculo	 de	 filiação	 concomitante	 baseado	 na	 origem	 biológica,
com	os	efeitos	jurídicos	próprios.
Repisa-se	o	envolvimento	da	possibilidade	de	multiparentalidade	para	adequar
uma	 visão	 moderna	 do	 direito	 de	 família,	 o	 qual	 engloba	 qualquer	 tipo	 de	 família
segundo	 nosso	 ordenamento.	 A	 moderna	 noção	 de	 família,	 no	 nosso	 Direito
Constitucional,	 implica	 a	 revisão	 do	 art.	 1.412	 para	 incluir	 dentro	 das	 necessidades
vinculadas	à	subsistência	de	qualquer	tipo	de	família.	O	rol	constitucional,	como	disse	o
próprio	 STF,	 é	 exemplificativo,	 e	 abarca	 o	 casamento,	 a	 união	 estável,	 a	 família
monoparental,	anaparental,	homoafetiva,	pluriparental	e	diversas	outras	modalidades
de	família	em	rol	exemplificativo	que	deve	ser	avaliado,	no	caso	concreto,	se	trata-se
ou	não,	em	razão	do	próprio	princípio	da	afetividade,	ou	seja,	se	aquelas	pessoas	estão
ligadas	por	vínculos	familiares	de	afetividade	e	não	apenas	o	cônjuge	e	filhos	solteiros
como	quer	o	art.	1.412,	§2º.	Deve-se	fazer	uma	releitura	do	art.	1.412,	§2º,	para	ampliar,
dessa	forma,	a	noção	de	família	exposta.
Em	 resumo,	 o	 uso	 pode	 se	 estabelecer	 com	 objeto	 tanto	 bem	 móvel	 quanto
imóvel;	pode	ser	instituído	por	ato	gratuito	ou	oneroso;	e	seu	contrato,	em	regra,	será
gratuito,	pois	visa	satisfazer	necessidades	de	subsistência	daquela	família,	via	de	regra.
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Tem	 como	 características	 ser	 personalíssimo,	 intransferível,	 inalienável	 e
impenhorável.	A	ele	se	aplicam,	supletivamentepor	disposição	expressa,	as	regras	do
CC	por	usufruto,	 dada	a	 similitude	entre	 os	 institutos,	 embora	 seja	mais	 restrito,	 não
obstante	exclui-se	da	possibilidade	do	uso	-	regra	do	usufruto	não	aplicável	ao	uso	e	à
habitação	-,	há	possibilidade	de	cessão	do	seu	exercício.
3.	HABITAÇÃO
Para	terminarmos	a	trinca	dos	direitos	de	uso	e	fruição	clássicos	expostos	no	CC,
temos	o	direito	real	de	habitação:	um	direito	real	 restrito	à	 finalidade	habitacional,	o
qual	 envolve	 o	 proprietário	 e	 o	 habitante.	 Por	 isso	 apenas	 pode	 se	 dar	 por	 forma
gratuita,	o	que	evidencia	fortemente	a	finalidade	de	beneficiar	o	terceiro	com	relação
a	 esta	 finalidade	 exclusiva	 habitacional.	 Não	 faz	 sentido	 desnaturar-se	 em	 locação,
caso	fosse	gratuito.
Para	obter	o	direito	real	de	habitação,	deve	haver	uma	instituição,	seja	por	ato
inter	 vivos	 ou	mortis	 causa,	 uma	 concessão	 gratuita.	 Diz	 respeito	 somente	 a	 imóveis
habitáveis.	 Tece-se	 crítica	 à	 caracterização	 do	 que	 é	 imóvel	 atualmente,	 as	 várias
formas	de	habitação	possíveis,	porém,	a	regra	relaciona-se	ao	direito	real	de	habitação
em	casa	alheia.	Ou	seja,	apenas	em	imóveis.
Também	é	personalíssimo,	 inalienável,	e,	como	já	dito,	não	é	possível	a	cessão
de	seu	exercício	ou	a	penhora	dos	bens	decorrentes	do	uso,	pois	não	comporta	essa
fruição	 que	 não	 seja	 a	 própria	 habitação.	 No	 que	 não	 for	 incompatível,	 se	 aplicará
supletivamente	as	regras	do	usufruto,	tal	como	ocorre	com	o	uso.
Traz-se	a	 importância	de	distinguirmos,	conforme	noticiado	no	 Informativo	543
do	STJ,	a	forma	de	constituição	do	direito	real	de	habitação	do	direito	das	coisas,	o	qual
se	institui	mediante	registro	no	RGI,	já	que	vimos	que	se	trata	apenas	de	bens	imóveis,
do	direito	real	de	habitação	conferido	no	direito	sucessório,	art.	1.831	do	CC.
Art.	1.831.	Ao	cônjuge	sobrevivente,	qualquer	que	seja	o	 regime	de	bens,	 será
assegurado,	sem	prejuízo	da	participação	que	lhe	caiba	na	herança,	o	direito	real	de
habitação	relativamente	ao	imóvel	destinado	à	residência	da	família,	desde	que	seja	o
único	daquela	natureza	a	inventariar.
Configura-se	 um	 direito	 real	 de	 habitação	 decorrente	 da	 lei,	 logo,	 dispensa	 o
registro	para	ser	reconhecido	como	tal.	Sua	instituição	não	depende	necessariamente
de	registro	para	conferência	de	todos	os	atributos	que	dali	decorrem.
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DIREITO	 CIVIL	 E	 PROCESSUAL	 CIVIL.	 RECONHECIMENTO	 DO	 DIREITO	 REAL	 DE
HABITAÇÃO	 DO	 COMPANHEIRO	 SOBREVIVENTE	 EM	 AÇÃO	 POSSESSÓRIA.	 Ainda	 que	 o
companheiro	 supérstite	 não	 tenha	 buscado	 em	 ação	 própria	 o	 reconhecimento	 da
união	 estável	 antes	 do	 falecimento,	 é	 admissível	 que	 invoque	 o	 direito	 real	 de
habitação	 em	 ação	 possessória,	 a	 fim	 de	 ser	 mantido	 na	 posse	 do	 imóvel	 em	 que
residia	com	o	 falecido.	O	direito	 real	 de	habitação	é	ex	vi	 legis	decorrente	 do	 direito
sucessório	e,	ao	contrário	do	direito	instituído	inter	vivos,	não	necessita	ser	registrado	no
Cartório	 de	 Registro	 de	 Imóveis.	 É	 de	 se	 ver,	 portanto,	 que	 há	 direito	 sucessório
exercitável	desde	a	abertura	da	sucessão,	sendo	que,	a	partir	desse	momento,	terá	o
cônjuge/companheiro	sobrevivente	instrumentos	processuais	para	garantir	o	exercício
do	direito	de	habitação,	inclusive,	por	meio	dos	interditos	possessórios.	Assim	sendo,	é
plenamente	 possível	 a	 arguição	 desse	 direito	 para	 fins	 exclusivamente	 possessórios,
até	porque,	entender	de	forma	diversa,	seria	negar	proteção	justamente	à	pessoa	para
o	qual	o	instituto	foi	desenvolvido	e	em	momento	pelo	qual	ele	é	o	mais	efetivo.	Vale
ressaltar	 que	 a	 constituição	 do	 direito	 real	 de	 habitação	 do	 cônjuge/companheiro
supérstite	 emana	 exclusivamente	 da	 lei,	 "sendo	 certo	 que	 seu	 reconhecimento	 de
forma	 alguma	 repercute	 na	 definição	 de	 propriedade	 dos	 bens	 partilhados.	 Em	 se
tratando	de	direito	ex	vi	lege,	seu	reconhecimento	não	precisa	necessariamente	dar-se
por	 ocasião	 da	 partilha	 dos	 bens	 deixados	 pelo	de	 cujus"	 (REsp	 1.125.901/RS,	 Quarta
Turma,	DJe	 6/9/2013).	 Adequada,	 portanto,	 a	 sentença	 que	 apenas	 vem	a	 declarar	 a
união	 estável	 na	 motivação	 do	 decisório,	 de	 forma	 incidental,	 sem	 repercussão	 na
parte	 dispositiva	 e,	 por	 conseguinte,	 sem	 alcançar	 a	 coisa	 julgada	 (CPC,	 art.	 469),
mantendo	aberta	eventual	discussão	no	tocante	ao	reconhecimento	da	união	estável	e
seus	efeitos	 decorrentes.	Ante	o	 exposto,	 não	há	 falar	 em	 falta	de	 interesse	de	agir,
nem	de	questão	prejudicial,	pois,	como	visto,	a	sentença	que	 reconheça	o	direito	do
companheiro	 em	 ação	 possessória	 não	 depende	 do	 julgamento	 de	 outro	 processo.
Além	 do	mais,	 uma	 vez	 que	 o	 direito	 real	 está	 sendo	 conferido	 exatamente	 àquela
pessoa	 que	 residia	 no	 imóvel,	 que	 realmente	 exercia	 poder	 de	 fato	 sobre	 a	 coisa,	 a
proteção	possessória	do	companheiro	sobrevivente	está	sendo	outorgada	à	luz	do	fato
jurídico	 posse.	 Nesse	 contexto,	 vale	 ressaltar	 o	 disposto	 no	 art.	 1.210,	 §	 2º,	 do	 CC,
segundo	 o	 qual	 "não	 obsta	 à	manutenção	 ou	 reintegração	 na	 posse	 a	 alegação	 de
propriedade,	 ou	 de	 outro	 direito	 sobre	 a	 coisa",	 e	 o	 Enunciado	 79	 das	 Jornadas	 de
Direito	 Civil,	 que	 dispõe	 que	 "a	 exceptio	 proprietatis,	 como	 defesa	 oponível	 às	 ações
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possessórias	típicas,	foi	abolida	pelo	Código	Civil	de	2002,	que	estabeleceu	a	absoluta
separação	 entre	 os	 juízos	 possessório	 e	 petitório".	 RESP	 1.203.144-RS,	 Rel.	 Min.	 Luis
Felipe	Salomão,	julgado	em	27/5/2014.
Basicamente,	seriam	esses	os	principais	pontos	em	relação	aos	direitos	reais	de
coisa	alheia	de	uso,	gozo	ou	fruição.
A	 seguir,	 avaliaremos	 duas	 questões	 já	 mencionadas	 em	 aulas	 passadas,
contudo,	 verificaremos	 apenas	 a	 parte	 que	 diz	 respeito	 à	 esta	 aula,	 analisando	 as
assertivas	sobre	o	direito	real	de	usufruto.
2013	-	CESPE	-	T RF	-	5ª	REGIÃO	-	JUIZ	FEDERAL
No	que	se	refere	aos	direitos	reais,	assinale	a	opção	correta.
A)	 A	 legislação	 civil	 consagra	 requisitos	 específicos	 para	 o	 negócio	 jurídico
constitutivo	de	penhor,	anticrese	ou	hipoteca,	visando	a	sua	especialização,	e,	à	luz	da
jurisprudência	do	STJ,	a	falta	desses	requisitos	gera	a	nulidade	do	direito	real.
B)	 O	 compromisso	 de	 compra	 e	 venda	 de	 imóvel,	 devidamente	 registrado	 na
matrícula	 constante	 do	 registro	 de	 imóveis	 competente,	 transforma	 o	 contrato
preliminar	em	direito	real	de	aquisição	em	favor	do	comprador,	inserindo-se	no	rol	dos
direitos	reais	de	gozo	ou	fruição.
C)	 A	 propriedade	 superficiária	 não	 pode	 ser,	 de	 forma	 autônoma,	 objeto	 de
direitos	reais	de	gozo	e	de	garantia,	como	é	o	caso,	por	exemplo,	da	hipoteca.
D)	A	servidão	e	a	passagem	forçada,	institutos	previstos	na	codificação	civil,	não
se	 confundem.	 A	 servidão,	 em	 razão	 de	 sua	 natureza,	 é	 compulsória	 e	 exige	 o
pagamento	de	 indenização,	enquanto	a	passagem	 forçada,	 instituto	afeto	ao	direito
de	vizinhança,	é	facultativa.
E)	O	usufruto	é	inalienável,	mas	é	possível	ceder	o	exercício	do	bem	usufrutuário
em	comodato	ou	locação.
COMENTÁRIO	DA	QUESTÃO
A	 opção	 correta	 é	 a	 assertiva	 sobre	 o	 usufruto	 (E).	 O	 art.	 1.393	 do	 CC	 prevê
expressamente	 a	 possibilidade	 de	 cessão	 do	 exercício	 do	 usufruto	 a	 despeito	 de	 ser
inalienável.		
2013	-	CESPE	-	T RF	-	1ª	REGIÃO	-	JUIZ	FEDERAL
A	respeito	da	superfície,	servidões,	usufruto,	penhor	e	hipoteca,	assinale	a	opção
correta.
Direito	Civil 	–	Caroline	Andriott i
60018	Aula19	-	Direito	Civil 	IV	-	Usofruto	e	Uso	Habitação
16
Curso	Ênfase	©	2018
A)	 O	 direito	 subjetivo	 integra	 o	 patrimônio	 do	 superficiário,	 podendo	 este
transferir	o	direito	de	superfíciea	terceiro	por	negócio	jurídico;	no	entanto,	não	haverá
a	saisine	em	favor	dos	herdeiros	quando	do	seu	falecimento.
B)	 A	 servidão	 de	 passagem,	 direito	 real	 que	 surge	 em	 razão	 da
necessidade/utilidade	de	trânsito	através	de	determinado	imóvel,	por	constituir	forma
de	proteção	à	função	social	da	propriedade,	embora	se	presuma,	deve	ser	interpretada
restritivamente.
C)	O	proprietário	 resolúvel	 pode	 conceder	 o	 bem	em	hipoteca,	 não	 lhe	 sendo
vedado	 onerar	 a	 coisa;	 no	 entanto,	 verificado	 o	 evento	 futuro	 e	 incerto,	 o	 ônus	 real
subsistirá,	gravando-se	a	coisa.
D)	 No	 intuito	 de	 assegurar	 o	 cumprimento	 da	 função	 social	 da	 propriedade
gravada,	o	Código	Civil,	sem	prever	prazo	determinado,	autoriza	a	extinção	do	usufruto
pelo	não	uso	ou	pela	não	fruição	do	bem	sobre	o	qual	ele	recai.
E)	 O	 valor	 do	 crédito	 e	 o	 bem	 dado	 em	 garantia	 com	 as	 suas	 especificações
constituem	 elementos	 nucleares	 do	 contrato	 de	 penhor,	 de	 forma	 que,	 faltando	 um
deles,	a	validade	do	pacto	estará	comprometida.
COMENTÁRIO	DA	QUESTÃO
Também	 a	 resposta	 correta	 era	 relativa	 ao	 usufruto	 (D).	 É	 exatamente	 o
enunciado	aprovado	pela	doutrina	reunida	nas	jornadas	de	Direito	Civil	do	CJF.	Não	se
aplica	o	prazo	de	10	anos	por	analogia	da	extinção	pelo	não	uso	de	10	anos	contínuos
da	servidão.

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