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Laryssa Barros – Med – P7 – Tutoria pneumo CONCEITO As doenças pulmonares parenquimatosas difusas incluem um grande número (> 200) de condições heterogêneas que afetam o parênquima pulmonar com graus variados de inflamação e fibrose (inflamação inicial e fibrose avançada). O parênquima pulmonar é representado pelos septos alveolares com as principais células do tecido pulmonar, como os pneumócitos tipo I, os pneumócitos tipo II e as células endoteliais. Difere do interstício pulmonar que é representado por tecido conjuntivo que preenche o interior desses septos e a bainha que reveste os vasos pulmonares, brônquios e bronquíolos O local dominante de envolvimento é o remodelamento do espaço intersticial (entre o endotélio e o epitélio alveolar). outro ponto importante na definição deste grupo de pneumopatias é o fato de se excluírem as causas infecciosas (tais como as pneumonites intersticiais causadas por Mycoplasma pneumoniae, vírus, Pneumocystis carinii, Mycobacterium tuberculosis) e neoplásicas (tais como o linfoma BALT e a linfangite carcinomatosa), que podem levar a um acometimento muito semelhante do parênquima pulmonar. PATOLOGIA Fase inicial= alveolite (pneumonite)→ acúmulo de células inflamatórias nos septos alveolares (macrófagos, linfócitos e/ou neutrófilos e, em determinadas entidades, eosinófilos), que se encontram espessados e edemaciados. As células inflamatórias também extravasam para o lúmen, formando exsudatos alveolares. O epitélio do alvéolo está lesado, havendo degeneração dos pneumócitos tipo I (células planas) e proliferação dos pneumócitos tipo II (células cuboides). Em um subgrupo de doenças, o infiltrado de macrófagos e linfócitos forma nódulos de granuloma na parede dos alvéolos. Fase crônica/ tardia= doenças que não se resolvem com reconstituição do parênquima pulmonar e evolui com fibrose→ fibrose ocupa os septos alveolares e preenche os seus espaços aéreos, levando à destruição progressiva do parênquima. Formam-se múltiplas áreas císticas com paredes fibróticas, que podem ser visualizadas no RX ou TC, sendo descritas como “pulmão em favo de mel” ou “faveolamento pulmonar”. QC a maioria dos pacientes que acaba sendo diagnosticada com uma DPI chega ao médico com relato de dispneia progressiva aos esforços ou com tosse seca persistente. A evolução pode variar desde um curso insidioso (anos) até uma forma abrupta (dias). O protótipo deste grupo é a fibrose pulmonar idiopática, uma das causas mais comuns e mais graves. O agravamento súbito da dispneia, se associado a dor pleural, pode indicar um pneumotórax espontâneo. O pneumotórax espontâneo é um achado característico que pode ocorrer em doenças como histiocitose pulmonar de células de Langerhans, esclerose tuberosa, linfangioleiomiomatose e neurofibromatose -Outros= hemoptise, chiado, dor torácica, sintomas extrapulmonares (colagenases ou DII). Em algumas doenças, os sintomas são mais graves do que poderia sugerir o infiltrado radiológico→fibrose pulmonar idiopática, a esclerodermia e a silicose. Por outro lado, algumas entidades cursam oligossintomáticas, apesar do achado de extensos infiltrados pulmonares→sarcoidose, pneumonites por hipersensibilidade, síndromes pulmonares eosinofílicas e a pneumonite intersticial linfocítica. Algumas DPIs fazem parte de distúrbios multissistêmicos, alguns pacientes serão identificados com base na sintomatologia não respiratória (p. ex., espessamento da pele em casos de esclerose sistêmica, ou nos achados do exame físico (p. ex., desvio ulnar dos dedos em casos de artrite reumatoide [AR]. Exame físico= geralmente é inespecífico→Estalidos ou "estertores de velcro"; Roncos agudos inspiratórios tardios dispersos, chamados de guinchos inspiratórios. Em estágios avançados pode ter achados de hipertensão pulmonar e cor pulmonale (edema periférico, elevação do ventrículo direito, segunda bulha cardíaca acentuada) as DPIs também podem ser identificadas incidentalmente com base nos resultados anormais de testes de função pulmonar, radiografias de tórax, tomografia computadorizada (TC) de tórax e abdome (que podem visualizar, pelo menos em parte, o parênquima pulmonar) e tomografia por emissão de pósitrons (PET). RX= infiltrado bilateral difuso 1- Infiltrado reticulonodular com predomínio nos lobos inferiores: Doença Pulmonar Intersticial Laryssa Barros – Med – P7 – Tutoria pneumo 2- Infiltrado nodular ou reticulonodular com predomínio dos 2/3 superiores 3- Infiltrado pulmonar associado à adenomegalia hilar ou mediastinal 4- Infiltrado pulmonar associado ao derrame pleural. DIAGNÓSTICO Para um diagnóstico confiável, há necessidade do peso combinado de dados clínicos, exames laboratoriais, provas de função pulmonar, exames de imagem e histopatologia (se obtida). Nenhum dado confere isoladamente um diagnóstico. A etapa mais importante na avaliação inicial de um paciente com suspeita de doença pulmonar intersticial é obter uma história completa. A documentação cuidadosa da história médica pregressa é importante porque a causa da doença é freqüentemente reconhecida pela história do paciente. Além de uma revisão completa das condições sistêmicas anteriores e dos fatores de risco do HIV. Pesquisar idade e gênero; iníco dos sintomas (agudo ou progressivo); história médica pregressa (doenças do tecido conjuntivo, DII, neoplasias, medicamentos); história de tabagismo (histiocitose pulmonar de células de Langerhans, pneumonite intersticial descamativa, bronquiolite respiratória - doença pulmonar intersticial e fibrose pulmonar idiopática); História familiar; exposições ocupacionais e ambientais EX. uma biópsia pulmonar demonstrando um padrão de pneumonia intersticial usual (PIU) é útil no diagnóstico de um paciente com fibrose pulmonar idiopática (FPI), mas também pode estar presente em algumas doenças do tecido conectivo (DTC) Podem estar associadas com altas taxas de morbidade e mortalidade e, embora o prognóstico dependa da extensão e da especificidade da doença, este fato as torna importantes distúrbios para serem reconhecidos em tempo hábil. O diagnóstico é dificl devido a achados clínicos variados e sobreposição de achados de imagem e histopatologia . a maioria dos centros de DPI recomenda uma abordagem multidisciplinar para o diagnóstico (e, em alguns casos, para o manejo) das DPIs→ Ex. uma reunião com pneumologistas, reumatologistas, radiologistas e patologistas em que todos os dados gerados em um paciente possam ser discutidos e revisados em conjunto pelas pessoas com experiência única no cuidado de pacientes com DPI. CLASSIFICAÇÃO Podem ser classificadas pelo fato de terem ou não uma causa conhecida e pelo padrão de inflamação alveolar (inespecífica X granuloma) →CAUSAS CONHECIDAS= incluem exposições ocupacionais (p. ex., asbestose), medicamentos (nitrofurantoína) e aquelas relacionadas com doença sistêmica subjacente (pneumonia em organização criptogênica [POC] em casos de polimiosite). Doenças granulomatosas como pneumonite de hipersensibilidade [PH] devido à exposição crônica a pássaros Laryssa Barros – Med – P7 – Tutoria pneumo →CAUSAS DESCONHECIDAS= grupos de distúrbios raros muitas vezes com apresentações clássicas ( pneumotórax espontâneo em mulher jovem com alterações císticas difusas em TC de tórax pode sugerir linfangioleiomiomatose [LAM]) e o grupo mais comum de DPI, as pneumonias intersticiais idiopáticas (PII); doenças granulomatosas como a sarcoidose. ENTIDADES →+ comuns= FPI, sarcoidose e DPIs relacionadas com DTCs PROVA DE FUNÇÃO PULMONAR Este exame nos fornece três grupos de parâmetros: (1) volumes pulmonares estáticos; (2) volumes pulmonares dinâmicos; e (3) fluxos expiratórios. Oexame é feito da seguinte forma: o paciente inspira fundo (o máximo que ele pode) e logo em seguida expira todo o ar que puder, primeiro de forma lenta e depois de forma forçada. Esta parte do exame, chamada espirometria, determina os volumes dinâmicos e os fluxos expiratórios. Os volumes estáticos são determinados utilizando-se um outro recurso. →VOL. ESTÁTICOS= CPT E VR; →VOL DINÂMICO= CV, CVF, VEF1, VEF1/CVF (normal de 75-80%); →FLUXOS ESPIRATÓRIOS= Máximo→ peak flow e o médio entre 25-75% do volume expirado. • FISIOPATOLOGIA A infiltração e a fibrose parenquimatosa progressiva reduzem a complacência e os volumes pulmonares, revelando um padrão restritivo na prova de função pulmonar. -A redução da complacência estática aumenta o trabalho da musculatura respiratória, principal elemento que explica a dispneia desses pacientes. INÍCIO= A capacidade vital e a capacidade pulmonar total são os primeiros volumes a se reduzirem. Na espirometria, o VEF1,0 reduz proporcionalmente à CVF, ou a CVF reduz mais que o VEF1,0, mantendo normal ou elevado o índice de VEF1,0/ CVF. Os fluxos expiratórios forçados estão todos normais, se o padrão for restritivo puro. CRONIFICAÇÃO= Com a progressão da doença, todos os volumes pulmonares podem se reduzir: volume residual, capacidade residual funcional, capacidade pulmonar e, por fim, o volume corrente. Nas fases avançadas, para manter o volume-minuto, o paciente torna-se cronicamente taquipneico. Algumas PID, como a silicose e a sarcoidose, geralmente revelam um padrão misto de comprometimento – obstrutivo + restritivo. →TESTE DE DIFUSÃO COM CO= um dos primeiros exames a se alterar→ no início há hipoxemia apenas aos esforços; Com o avançar do processo, o distúrbio V/Q torna-se Laryssa Barros – Med – P7 – Tutoria pneumo cada vez mais grave, até que o paciente evolui para hipoxemia crônica e cor pulmonale. TTO GERAL O tratamento da NSIP depende da causa, gravidade da doença e taxa de progressão. -Exposição a drogas ou inalação - Para pacientes com NSIP associada a uma exposição a drogas ou inalatória, o primeiro passo é remover a exposição inicial. -Doença do tecido conjuntivo - Para pacientes com NSIP que complica uma doença conhecida do tecido conjuntivo (por exemplo, polimiosite / dermatomiosite, artrite reumatoide, esclerose sistêmica), terapias específicas para essas doenças podem orientar o tratamento do NSIP. -Infecção por HIV - Para pacientes com infecção por HIV, relatos de casos sugerem que a NSIP pode melhorar espontaneamente . Outros responderam aos glicocorticóides sistêmicos em combinação com a terapia anti-retroviral (TARV). -Suporte= cessar tabagismo e vacina contra influenza e pneumocócica. -Doença leve= <20% melhoram ou estabilizam sem terapia. Esses pacientes geralmente apresentam poucos sintomas (por exemplo, dispneia aos esforços moderados) e comprometimento mínimo nos testes de função pulmonar. -Doença moderada= sintomas moderados e comprometimento nos testes de função pulmonar, e também anormalidades difusas na tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR), sugerimos o início de glicocorticóides sistêmicos= prednisona 0,5-1 mg/kg. Para pacientes com doença inicial mais grave ou uma resposta inadequada ou intolerância aos glicocorticoides, a terapia geralmente é expandida para incluir um medicamento imunossupressor adicional, como azatioprina ou micofenolato. -Doença refratária= definida como pacientes que apresentam comprometimento respiratório progressivo, apesar da terapia com glicocorticoides sistêmicos e um agente imunossupressor adicional→ciclofosfamia, rituximab, inibidores da calcineurina. -Pacientes com NSIP grave que é progressivo e incapacitante, apesar da terapia imunossupressora, podem ser considerados para transplante de pulmão https://www.uptodate.com/contents/azathioprine-drug-information?search=doen%C3%A7as+pulmonares+intersticiais&topicRef=4306&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/mycophenolate-mofetil-cellcept-and-mycophenolate-sodium-myfortic-drug-information?search=doen%C3%A7as+pulmonares+intersticiais&topicRef=4306&source=see_link Laryssa Barros – Med – P7 – Tutoria pneumo CONCEITO é uma forma específica de pneumonia intersticial idiopática crônica, fibrosante e de caráter progressivo e curso variável. anteriormente conhecida como alveolite fibrosante criptogênica (CFA) na Europa O padrão histológico e/ ou radiológico associado à FPI é o de pneumonia intersticial usual (PIU)→ uma vez confirmado, se estabelece um prognóstico significativamente pior do que o observado em outras pneumonias intersticiais crônicas. É importante pontuar que o padrão morfológico PIU e FPI não são sinônimos, sendo conhecidas inúmeras causas determinando esse padrão, entre elas: exposições a drogas, doenças ocupacionais (por exemplo, asbestose), pneumonite por hipersensibilidade e doenças do tecido conjuntivo. EPIDEMIO É a DPI de causa desconhecida + comum Prevalência= 50-200:100.000, e aumenta com a idade Idade= adultos idosos, 6ª-7ª décadas de vida. Raramente observada em menos de 50 anos Sobrevida= mediana de sobrevida de 50% em 2,9 anos, a partir do momento do diagnóstico. Sexo= H=M (medcurso); H>M (harrison)e uptodate até o ano de 2000, o termo FPI apresentava variações de denominações (alveolite fibrosante, pneumonia crônica idiopática e pneumonite fibrosante) e englobava diversos padrões histológicos • FR O tabagismo é um fator de risco leve, além de outras exposições ambientais, como exposição a pedra, metal, madeira e poeiras orgânicas. O refluxo gastroesofágico pode contribuir para a lesão pulmonar por microaspiração, embora essa associação seja mais difícil de interpretar PATOGÊNESE A patogênese da FPI / pneumonia intersticial usual (PIU) é complexa e provavelmente envolve ciclos de lesão de células epiteliais e reparo desregulado. • GENÉTICA Tem um tipo familiar (fibrose pulmonar familiar)= responsável por menos de 5% dos pacientes com FPI. A herança parece seguir um padrão autossômico dominante com penetração variável. QC Os sintomas iniciais são a dispneia aos esforços de instalação insidiosa (ao longo de anos ou meses), associada à tosse seca. Apenas alguns pacientes apresentam sintomas constitucionais (Fadiga, febre, mialgias e artralgia). • HISTÓRIA a história deve incluir perguntas sobre qualquer história familiar de doença pulmonar; sintomas sugestivos de doença reumática (por exemplo, artralgias, olhos secos, boca seca, fraqueza muscular, dormência, fenômeno de Raynaud, formigamento); medicamentos atuais e recentes; e exposição a vapores, pós (por exemplo, amianto, sílica) ou irradiação terapêutica Exame físico= revela classicamente os estertores crepitantes (teleinspiratórios em velcro) no terço inferior dos campos pulmonares. Pacientes com doença mais avançada podem apresentar "guinchos" inspiratórios finais devido à bronquiectasia de tração. O baqueteamento digital pode estar presente em 40-50% dos casos, MAS pode ser encontrado nas formas graves de outras PIDs, como nas pneumoconioses e colagenoses. • AVALIAÇÃO CLÍNICA requer uma combinação de etapas: Exclusão de causas identificáveis de doença pulmonar intersticial (DPI) com base na história, exames físicos e laboratoriais. ●Uma avaliação do padrão e da gravidade do comprometimento respiratório em testes de função pulmonar. ●Tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR) de tórax para confirmar a presença de DPI e caracterizar a distribuição e o padrão das opacidades. ●Uma discussão multidisciplinar clínica, radiológica e patológica é útil para chegar ao diagnósticofinal mais preciso. Fibrose Pulmonar Idiopática Laryssa Barros – Med – P7 – Tutoria pneumo LABORATÓRIO= Para pacientes submetidos a uma avaliação inicial para possível FPI, os estudos sorológicos podem ser benéficos na identificação de doença reumática subclínica→testes para anticorpos antinucleares, anticorpos anti- peptídeo citrulinado cíclico e fator reumatoide. A proteína C reativa (PCR) e a velocidade de hemossedimentação são medidas inespecíficas de inflamação e são obtidas por alguns especialistas. Radiografia de tórax - uma radiografia de tórax é normalmente obtida em adultos com tosse e / ou falta de ar progressiva. Os achados mais comuns na FPI são um aumento nas marcações reticulares, embora seja um achado inespecífico que também está associado a outras doenças pulmonares intersticiais e insuficiência cardíaca. DIAGNÓSTICO Para o diagnóstico definitivo de FPI é necessário uma abordagem multidisciplinar integrada, envolvendo pneumologistas, radiologistas e patologistas. O diagnóstico é baseado na ausência de uma causa conhecida de fibrose pulmonar, associada à presença de padrão PIU. A caracterização de padrões típicos de PIU na TCAR apresenta alta concordância com a biópsia cirúrgica em múltiplas séries (90-100%), sendo que, atualmente, um diagnóstico imagenológico confiável de padrão PIU é considerado suficiente para a confirmação desse padrão morfológico, dispensando a realização de biópsia cirúrgica. Em padrões tomográficos menos característicos, a correlação histopatológica estaria indicada segundo as recomendações atuais, e, nessa situação, o diagnóstico será estabelecido em combinações específicas de achados imagenológicos e histopatológicos. Dessa forma, se padrão PIU típico (biópsia cirúrgica não recomendada), padrão PIU possível e padrão inconsistente com PIU (requerem correlações histopatológicas por biópsia cirúrgica). Mesmo quando a biópsia pulmonar cirúrgica (BPC) revela o padrão histológico de PIU, é necessário excluir outras condições clínicas que se associam com esse padrão, incluindo doenças do tecido conectivo, pneumonite de hipersensibilidade na fase crônica (PHC), lesão pulmonar por drogas, asbestose, fibrose pulmonar familiar e síndrome de Hermansky-Pudlak. casos de fibrose não classificável podem ser secundários a erros de amostragem ou a outras condições clínicas que não FPI. Outro ponto relevante é a possibilidade de uma TCAR inconsistente com PIU ainda poder ser compatível com FPI. A presença de opacidades em vidro fosco em regiões basais e subpleurais, observadas principalmente na forma acelerada da doença, se associadas à BPC com PIU definitiva ou provável pode, dentro do contexto apropriado, ser compatível com FPI. EXAMES 1- RADIOGRAFIA DE TÓRAX mostra um infiltrado reticular ou reticulonodular bilateral de predomínio nas bases. Nas fases mais avançadas podem-se perceber diversas áreas de faveolamento pulmonar, marcadas pela presença de múltiplos cistos medindo de 0,5 a 1 cm. 2- TOMOGRAFIA →PADRÃO PIU TÍPICO= apresenta opacidades reticulares de predomínio periférico e basal, associado a faveolamento, estando presentes ou não bronquiolectasias de tração. Não devem estar presentes nenhuma das alterações descritas no padrão inconsistente com PIU. Havendo preenchimento de todos esses critérios, os achados são considerados patognomônicos para PIU, dispensando a correlação com a biópsia cirúrgica. →PADRÃO PIU POSSÍVEL= apresenta opacidades reticulares de predomínio periférico e basal, sem faveolamento ou alterações descritas no padrão inconsistente com PIU. a especificidade para diagnóstico de PIU é menor, e o principal diagnóstico diferencial a ser considerado é a pneumonia intersticial não específica (PINE) fibrótica→ favorecida por aspectos como Ausência de faveolamento, maior extensão de padrão típico de pneumonia intersticial usual. Imagens de TC do tórax em janela de pulmão no plano axial (em A) mostrando opacidades reticulares, bronquiectasias de tração e extenso faveolamento associado, e imagens em reformatação coronal (em B) evidenciando gradiente apicobasal do acometimento. Laryssa Barros – Med – P7 – Tutoria pneumo padrão em vidro fosco, preservação relativa do interstício subpleural (subpleural sparing) e redução volumétrica de lobos inferiores. →PADRÃO INCONSISTENTE COM PIU= Dentre as características desse padrão, temos: a) doença de distribuição longitudinal nos campos pulmonares médios e superiores; b) predomínio peribroncovascular das alterações no eixo axial; c) padrão em vidro fosco desproporcional (maior extensão que as opacidades reticulares); d) micronódulos esparsos, bilaterais, predominando em campos pulmonares superiores; e) cistos (múltiplos, bilaterais, dissociados das áreas de fibrose); f) padrão de perfusão em mosaico/ aprisionamento aéreo, bilateral, em mais de três lobos; e g) consolidações. Os achados descritos nesse padrão devem suscitar a busca por diagnóstico diferencial, vários deles remetendo a pneumonite de hipersensibilidade crônica (PHC). ***OBS= Embora um aspecto tomográfico típico possa predizer o diagnóstico histopatológico de PIU, achados característicos podem estar ausentes em até 30% dos pacientes ASPECTOS TÉCNICOS A aquisição de imagens com parâmetros satisfatórios é fundamental para o diagnóstico correto: a) imagens adquiridas em inspiração plena, sem artefatos de movimentação; b) imagens axiais finas, sequenciais ou volumétricas, com intervalo de reconstrução ≤ 2 cm; c) espessura de corte ≤ 2 mm; d) utilização de algoritmo de alta resolução; e) campo de visão otimizado para incluir somente parênquima pulmonar; f) aquisições expiratórias são úteis para definição de aprisionamento aéreo; g) utilização de decúbito ventral em caso de dúvida com opacidades decúbito-dependentes; e h) utilização de reconstruções multiplanares no caso de aquisição volumétrica. -Manobras inspiratórias inadequadas podem determinar aumento/heterogeneidade na atenuação pulmonar e gerar artefatos de movimentação→prejuízo. padrão possível de pneumonia intersticial usual. Imagens de TC em janela de pulmão no plano axial (em A) e reformatação coronal (em B) mostrando opacidades reticulares e bronquiolectasias de tração de distribuição periférica (em A), com gradiente apicobasal (em B), sem definição de faveolamento. padrão inconsistente com pneumonia intersticial usual, com diagnóstico de pneumonite de hipersensibilidade crônica. Imagem de TCAR do tórax em janela de pulmão no plano axial evidenciando opacidades reticulares esparsas com bronquiolectasias de tração, destacando-se importante acometimento do feixe peribroncovascular no lobo superior direito (seta). Laryssa Barros – Med – P7 – Tutoria pneumo DIAGNÓSTICO DE FAVEOLAMENTO A correta percepção tomográfica de faveolamento é um passo crucial na definição de padrão PIU típico e diagnóstico clinicoimagenológico de FPI. Entretanto, mesmo entre examinadores com alta experiência em doença intersticial pulmonar, há relevante variabilidade interobservador tanto na detecção quanto na diferenciação de outros padrões, como bronquiectasias de tração, doença cística e superposição com enfisema pulmonar. →CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO DE FAVEOLAMENTO= a) cistos entre 3-10 mm agrupados, compartilhando paredes relativamente espessas (1-3 mm); e b) disposição em camadas usualmente em situação subpleural, assegurando-se de que não há definição de enfisema. • Biópsia Biópsia pulmonar transbrônquica (TBLB) - usa uma pinça para obter amostras de tecido com alguns milímetros de tamanho e geralmente muito pequenas para garantir um diagnóstico definitivo de PIU. Biópsia pulmonar - Para pacientes que requerem confirmação histopatológica desuspeita de FPI, uma biópsia pulmonar cirúrgica é preferível aos procedimentos broncoscópicos TBLB ou TBCB descritos acima. A biópsia pulmonar cirúrgica pode ser realizada por meio de uma abordagem toracoscópica videoassistida (VATS, também chamada de cirurgia torácica minimamente invasiva) ou toracotomia, dependendo da experiência e preferência do cirurgião. Idealmente, as biópsias são obtidas de mais de um lobo pulmonar e de áreas de gravidade variável. As amostras de biópsia pulmonar são idealmente maiores que 4 cm na maior dimensão quando infladas e incluem uma profundidade da superfície pleural de 3 a 5 cm. Riscos referentes à biópsia cirúrgica em doenças intersticiais devem ser considerados, sendo frequentes situações em que a biópsia é contraindicada pelo quadro clínico do paciente, determinando prejuízos na condução diagnóstica e tratamento→há um crescente interesse da literatura a respeito do diagnóstico não invasivo de FPI, especialmente considerando-se pacientes com padrão tomográfico PIU possível. Tem sido descrito ainda uma alta frequência de confirmação histopatológica de PIU em pacientes com padrão tomográfico PIU possível em diversas séries de pacientes com FP. A idade de início da doença e a extensão da fibrose no estudo inicial têm sido significativamente relacionados a alta probabilidade de diagnóstico de FPI, sendo sugerida a possibilidade de diagnóstico clinicorradiológico no padrão PIU possível se: a) a apresentação clínica e demográfica definida por um especialista em doença intersticial for típica (paciente com mais de 60 anos, apresentando dispneia aos esforços e fibrose pulmonar de etiologia indeterminada); e b) especialista em imagem intersticial definindo o padrão PIU possível CURSO CLÍNICO O curso clínico da FPI é variável e imprevisível no momento do diagnóstico: enquanto a maioria dos pacientes apresenta piora lenta e progressiva ao longo dos anos, há aqueles que permanecem estáveis, e outros que evoluem com rápida piora Laryssa Barros – Med – P7 – Tutoria pneumo →NA TCAR= áreas de vidro fosco usualmente progridem para opacidades reticulares, que progridem p faveolamento. Como a interpretação tomográfica é dinâmica, é possível que resultados de TC inicialmente diagnosticados como padrão PIU possível evoluam temporalmente para padrão PIU típico. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Em pacientes com suspeita de FPI, uma análise cuidadosa deve ser feita quanto à possibilidade de diagnósticos alternativos. O diagnóstico diferencial de FPI inclui outras doenças com características histopatológicas de pneumonia intersticial usual (UIP) →padrões tomográficos de PIU provável ou possível= PHC e pneumonia intersticial não específica fibrótica. E, uma proporção desses pacientes não irá se submeter à BPC, seja pela presença de contraindicações (comorbidades, idade avançada ou gravidade da doença), seja por recusa dos indivíduos ao procedimento cirúrgico. Para aumentar a suspeita de PHC→faz broncoscopia com coleta do lavado broncoalveolar→na qual se pode observar linfocitose geralmente acima de 30%. biópsias transbrônquicas não são úteis quando a suspeita diagnóstica é de PIU. Lembrar de se excluir o acometimento pulmonar por doenças colágeno-vasculares em pacientes com doenças intersticiais fibrosantes, como a artrite reumatoide e a esclerose sistêmica, mesmo nos pacientes cuja TCAR seja compatível com PIU, principalmente se queixas sugestivas ou história familiar de doenças autoimunes. pesquisa de quadros pulmonares semelhantes em parentes, mesmo sendo distantes, devido à ocorrência não rara de pneumopatias intersticiais de incidência familiar. TTO O manejo geralmente inclui uma combinação de cuidados de suporte, uso de medicamentos selecionados (por exemplo, pirfenidona , nintedanibe ), consideração para participação em ensaios clínicos, encaminhamento para avaliação de transplante pulmonar (quando apropriado) e identificação e tratamento de comorbidades. • GRAVIDADE DA DOENÇA LEVE/INICIAL= eralmente são assintomáticos ou podem ter tosse leve e não produtiva e dispneia aos esforços substanciais. As alterações radiográficas de opacidades reticulares e áreas de faveolamento são limitadas às áreas subpleurais e basilares, envolvendo menos de 10 por cento do parênquima pulmonar. Os testes de função pulmonar podem ser normais ou podem mostrar reduções leves na capacidade vital forçada (CVF), capacidade de difusão (DLCO) e / ou distância percorrida no teste de caminhada de seis minutos. O gradiente alveolar a arterial de oxigênio (P [Aa] O 2 ) é normal ou ligeiramente elevado (<20 mmHg). MODERADA= caracterizada por dispneia aos esforços moderados, tosse não produtiva e anormalidades da função pulmonar de leve a moderada. Oxigênio suplementar pode ser necessário com esforço. As alterações radiográficas são mais extensas com opacidades reticulares envolvendo 20 a 30 por cento do pulmão e faveolamento envolvendo <5 por cento do parênquima AVANÇADA= caracterizada clinicamente por dispneia aos esforços leves (por exemplo, caminhar <300 pés ou subir mais de um lance de escada) e necessidade de oxigênio suplementar em repouso e / ou com esforço. Favela extensa é observada na TCAR (> 5 por cento do parênquima em três ou mais zonas) O tratamento da FPI foi inicialmente direcionado ao modelo binominal conhecido de inflamação e fibrose; MAS, na FPI, a inflamação identificada é de pequena monta ou praticamente inexistente, e a fibrose é exuberante e progressiva→ mudança de paradigma acerca da patogenia da doença, agora considerada como um distúrbio primariamente epitélio-mesenquimal fibrosante →NOVAS MODALIDADES TERAPÊUTICAS. • CORTICOIDES Ao longo de décadas, acabaram se tornando a terapia padrão para as “fibroses pulmonares”. Embora os corticosteroides mostrem-se bastante https://www.uptodate.com/contents/pirfenidone-drug-information?search=fibrose+pulmonar+idiop%C3%A1tica&topicRef=4328&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/nintedanib-drug-information?search=fibrose+pulmonar+idiop%C3%A1tica&topicRef=4328&source=see_link Laryssa Barros – Med – P7 – Tutoria pneumo úteis em alguns quadros intersticiais pulmonares, tais como pneumonia intersticial não específica e pneumonia em organização criptogênica, não há evidências que favoreçam seu uso para o tratamento específico da FPI. Classe está associada a muitos efeitos colaterais que eleva o número de comorbidades + há sugestões de que seu uso possa estar associado a uma maior ocorrência de exacerbações agudas (EAs) • IMUNOSSUPRESSORES azatioprina e ciclofosfamida, frequentemente utilizados em pneumopatias intersticiais associadas a doenças colágeno-vasculares, também não estão indicados para pacientes com FPI→um estudo randomizado, duplo-cego e placebo-controlado, a combinação de corticosteroides em baixas doses, N-acetilcisteína (NAC) e azatioprina cursou com taxas de hospitalização e de mortalidade significantemente superiores às do uso de placebo. • IFN-G é uma citocina endógena que tem propriedades antifibrosantes, imunomoduladoras e antiproliferativas. • NAC precursora da glutationa e importante antioxidante endógeno pulmonar. Considera-se que o estresse oxidativo das células epiteliais alveolares seja uma das vias envolvidas na patogenia da FPI, e os níveis de glutationa parecem estar reduzidos em pacientes com FPI→A reposição com NAC aumenta os valores de glutationa sanguínea desses pacientes. MAS, no momento, não há evidências que suportem o emprego de NAC em altas doses para o tratamento rotineiro de pacientes com FPI. TTO ESPECÍFICO apenas duas substâncias, de fato, mostraram eficácia no tratamento da moléstia: a pirfenidona e o nintedanibe→ não curam, mas retardama progressãp • PIRFENIDONA inibe a deposição de colágeno e cursa com proteção da função pulmonar em roedores tratados com bleomicina por via intratraqueal. Os mecanismos= parecem ser pleomórficos, mas ainda não estão completamente esclarecidos→diminui a expressão genética de pró-colágenos, TGF-β e PDGF, além de inibir a produção de TNF-α; parece ainda possuir propriedades antioxidantes. Dose= as cápsulas de pirfenidona contêm 267 mg do sal, o que corresponde a 200 mg da substância ativa. Deve ser tomada nas doses de um comprimido de 267 mg v.o. a cada 8 h por uma semana. Na segunda semana, a dose aumenta para duas cápsulas v.o. a cada 8 h e, a partir do décimo quinto dia, passa para três cápsulas v.o. a cada 8 h. A medicação deve ser tomada preferencialmente com alimentos para diminuir o risco de náuseas. Ef. Adversos= náuseas, sintomas dispépticos, erupções cutâneas, fotossensibilidade e alterações de enzimas hepáticas Estudos= 1.200 mg/dia ou 1.800 mg/ dia→ambas as doses, levou à redução significativa do grau da queda dos valores de CVF a partir da 12ª semana; o uso em altas doses também esteve associado a um aumento significativo do tempo livre de progressão da doença (tempo para queda da função pulmonar ou óbito). O efeito terapêutico da droga foi detectado a partir da vigésima quarta semana de tratamento. • NINTEDANIBE inicialmente chamado de BIBF 1120; A molécula é um derivado da família das indolinonas, que foi desenvolvida originalmente como um agente inibidor da angiogênese para ser empregado no campo da oncologia. Já foi testada para o tratamento de tumores sólidos de diferentes linhagens, e sua eficácia clínica já havia sido demonstrada, especialmente para câncer de pulmão não pequenas células. Mecanismos= inibição da atividade de receptores cuja ação depende de tirosina quinases→bloqueia pontos intracelulares de ligação do ATP em tirosina quinases específicas→inativação de receptores celulares para mediadores envolvidos no desenvolvimento da fibrose pulmonar, em especial os receptores para FGF e PDGF. | também inibe a ação de receptores para VEGF→prejuízo na proliferação de fibroblastos e redução da deposição de matriz extracelular. Estudos= O uso nas doses de 150 mg, duas vezes ao dia, cursou com redução significativa do número de episódios de EAs em comparação ao de placebo. Laryssa Barros – Med – P7 – Tutoria pneumo Dose= recomendada é de 150 mg, v.o., duas vezes ao dia. Essa dose pode ser reduzida transitoriamente para 100 mg/dia em função do surgimento de reações adversas. Recomenda-se ingerir a droga com um copo cheio d’água e comida. Ef adversos= natureza digestiva→ diarreia e náuseas. A diarreia está presente em 62% dos pacientes em uso de nintedanibe, mas costuma ser controlada com a associação de loperamida. Os testes de função hepática (alanina aminotransferase [ALT], aspartato aminotransferase [AST], bilirrubina) devem ser avaliados antes do início de nintedanibe; os pacientes com insuficiência hepática moderada ou grave (Child Pugh B ou C) não devem tomar nintedanibe. Após o início, os testes de função hepática devem ser repetidos mensalmente durante três meses, depois a cada três meses e conforme clinicamente indicado. • OBS É importante ressaltar que, no presente momento, as evidências quanto à eficácia de ambas as drogas se restringem à FPI, mas não a outras formas de doenças intersticiais pulmonares fibrosantes, tais como PHC ou comprometimento pulmonar por doenças colágeno- -vasculares. Além disso, no presente momento, não há indicação para o uso das duas drogas em associação. a opção por uma ou outra medicação deve ser feita caso a caso, e basear-se em aspectos como disponibilidade do produto no mercado, comorbidades, aderência e tolerabilidade dos pacientes aos efeitos adversos, ou ainda a falha prévia do uso de terapia. Quando introduzir medicação= A maioria dos especialistas sugere começar o tratamento específico da FPI assim que o diagnóstico for estabelecido→, o uso da medicação estaria justificado mesmo naqueles poucos pacientes diagnosticados com função pulmonar normal. Entretanto, alguns especialistas não compartilham dessa última opinião, alegando que é difícil se estabelecer o prognóstico individual para um determinado paciente, além de as EAs serem mais comuns na fase avançada da doença→poder-se- ia monitorar o comportamento da função pulmonar por algum tempo, e a introdução da medicação dar-se-ia assim que detectada alguma deterioração. Essa é uma questão polêmica, no momento sem resposta definitiva, ficando a critério do clínico e do paciente a tomada conjunta de decisão. TTO SINTOMÁTICO • TOSSE é um sintoma bastante frequente e seu controle pode se tornar difícil nos pacientes com FPI, contribuindo de modo significativo para a piora da qualidade de vida. Ela pode estar relacionada ao refluxo gastroesofágico (RGE); porém, na maioria das vezes, é secundária à própria FPI, sendo mais comum nos indivíduos com doença mais avançada. O tratamento empírico do RGE pode levar à melhora da tosse em alguns casos. antitussígenos tradicionais, como a codeína; corticosteroides (prednisona, 20-30 mg/dia) podem promover alívio desse sintoma; talidomida (50-100 mg/dia v.o.) e gabapentina (300- 1800mg/dia vo) mas ainda não estão aprvadas. • DISPNEIA dispneia progressiva é bastante comum nos pacientes com FPI, relacionando-se com pior qualidade de vida e maior risco de depressão e de óbito; é de difícil controle. A origem da dispneia na FPI envolve a própria evolução da doença, além da contribuição de outros fatores, como depressão, ansiedade e fraqueza muscular. morfina v.o., geralmente em baixas doses (até 20 mg/dia), pode ser utilizada em casos selecionados, ajustando-se a ingestão de acordo com a resposta e com a presença de efeitos adversos, como sonolência e constipação intestinal. Para pacientes hipoxêmicos, a suplementação de oxigênio ao repouso ou durante o esforço pode determinar alívio da dispneia. A reabilitação pulmonar também pode contribuir para a redução do grau de dispneia. • DEPRESSÃO E ANSIEDADE Devem ser rotineiramente pesquisados nessa população. A prevalência de depressão varia entre 25% e 50% dos pacientes com FPI, relacionando-se com maior grau de dispneia e maior limitação funcional. A ansiedade ocorre em torno de 30-40% dos casos, associando-se também com maior intensidade de dispneia. A abordagem da dispneia pode determinar uma melhora dos sintomas de depressão e ansiedade. Pode-se considerar a realização de acompanhamento psicológico e a utilização de agentes ansiolíticos e antidepressivos. Laryssa Barros – Med – P7 – Tutoria pneumo COMORBIDADES Muitas comorbidades, provavelmente pelo fato de que pacientes com FPI são idosos e comumente ex-fumantes. a identificação e o tratamento de comorbidades poderão contribuir para a melhora da qualidade de vida e da sobrevida. • RGE A descrição de uma relação entre a FPI e eventos de microaspiração de conteúdo gástrico não é recente e vem sendo reforçada por dados biológicos e clínico. Substâncias presentes no conteúdo gástrico, como a pepsina, já foram encontradas em níveis elevados em amostras de lavado broncoalveolar de pacientes com EA da FPI. Presença de hérnia de hiato em estudos tomográficos do tórax parece ser mais frequente em FPI do que em outras doenças pulmonares, como asma e DPOC. o uso de IBP e/ou antagonistas de receptores H2 parece ser benéfico para pacientes com FPI, mesmo na ausência de sintomas. O mesmo parece ser verdade para o procedimento de fundoplicatura gástrica em casos selecionados. • CANCER DE PULMÃO apresentam um risco mais elevado (risco 7,31 vezes maior) de apresentar carcinoma de pulmão que apopulação geral. Os fatores etiopatogênicos dessa associação ainda não estão perfeitamente estabelecidos, e a detecção radiológica pode ser dificultada pelas anormalidades fibróticas previamente existentes. A coexistência dessas entidades interfere no tratamento de ambas, com risco de complicações operatórias, exacerbações e toxicidade pulmonar por uso de medicamentos e por radioterapia. • DISTÚRBIOS DO SONO Podem ter dessaturação durante o sono, independentemente da presença de apneia obstrutiva do sono (AOS). E, a qualidade do sono nesse grupo de pacientes pode ser prejudicada pela presença de RGE, tosse noturna, uso de medicações, ou mesmo AOS. a AOS deve ser ativamente pesquisada e, quando indicado, o tratamento com CPAP deve ser introduzido. • HIPERTENSÃO PULMONAR complicação bem reconhecida em pacientes com FPI, nas fases avançadas da doença; Em pacientes aguardando transplante pulmonar, a prevalência é de 46,1%. Na maioria das vezes, o grau da hipertensão é moderada; porém, em 9% dos casos, ela pode ser grave (pressão média da artéria pulmonar ≥ 35 mmHg ou essa pressão ≥ 25 mmHg com índice cardíaco < 2 l/min/m2)→ Níveis elevados de hipertensão pulmonar estão associados com pior sobrevida. no momento não haja fortes evidências que apoiem o uso rotineiro de medicações para reduzir a hipertensão pulmonar em pacientes com FPI, a questão não parece estar completamente esclarecida. • ENFISEMA FPI e o enfisema compartilham o tabagismo como fator de risco, e a prevalência de enfisema em pacientes com FPI varia entre 30% e 55%. A maioria dos indivíduos é do sexo masculino, com preservação dos volumes pulmonares e importante redução da DLCO. Pacientes com a combinação FPI e enfisema exibem um prognóstico pior do que pacientes com FPI isolada. a frequência de hipertensão pulmonar é maior e cursa com maior influência na sobrevida que a redução dos volumes pulmonares. A condução terapêutica específica para esses pacientes ainda é incerta baseando-se na suplementação de oxigênio, cessação do tabagismo e medidas gerais. • DCV O risco de DCV é maior em paciente com FPI; riscos elevados de angina, trombose venosa profunda e eventos coronarianos agudos antes do diagnóstico, e após o diagnóstico→a avaliação regular de eventos cardiovasculares e tromboembólicos deve fazer parte da condução de pacientes com FPI, tanto na fase estável como nas EAs TTO NÃO MEDICAMENTOSO • EDUCAÇÃO Fundamental que o paciente e seus familiares sejam continuamente informados sobre diversos aspectos da doença, incluindo fisiopatologia, Laryssa Barros – Med – P7 – Tutoria pneumo sintomas, evolução, tratamento, incluindo medidas paliativas, para a melhora de qualidade de vida e do prognóstico. Adicionalmente, quando pertinentes, questões relativas à terminalidade da vida devem ser abordadas. Nesse contexto, para o manejo mais adequado, preferências e crenças do paciente devem ser valorizadas e discutidas com os profissionais que o acompanham. • VACINAÇÃO São recomendadas a aplicação de vacinas contra influenza (anualmente) e antipneumocócica. • O2 SUPLEMENTAR A hipoxemia é um evento bastante comum nos pacientes com FPI, e muitos necessitarão de oxigênio suplementar durante a evolução da doença. Todos os pacientes deverão ser periodicamente avaliados quanto à ocorrência de hipoxemia ao repouso e durante o esforço. Sugere-se utilizar fluxo de oxigênio para se manter a SpO2 entre 90% e 92%, podendo-se observar inclusive melhora do desempenho aos esforços. Foi demonstrado que a necessidade de suplementação de oxigênio se relaciona ao prognóstico, de modo que quanto maior o fluxo de oxigênio necessário ao repouso, menor a sobrevida. Recomenda-se avaliar a necessidade de suplementação de oxigênio durante viagens aéreas. • REABILITAÇÃO PULMONAR A limitação ao exercício de grau variado é frequentemente observada nos pacientes com FPI, apresentando múltiplas causas, que atuam de maneira isolada ou combinada, como alterações nas trocas gasosas, limitações ventilatórias, hipertensão pulmonar e disfunções da musculatura periférica. Um programa de reabilitação pulmonar (RP) envolve treinamento aeróbico e melhora da força muscular, além de educação sobre a doença, orientação nutricional e suporte psicossocial. a RP pode produzir redução do grau de dispneia e melhora da qualidade de vida + aumento do tempo de exercício e da distância percorrida no teste de caminhada de seis minutos nesses pacientes. → recomenda-se a realização de RP nos pacientes com FPI, com duração de pelo menos 12 semanas, exceto quando houver alguma contraindicação. Trata-se de um procedimento seguro e com baixo risco de eventos adversos. Se não tiver programas formais de RP→ estimular os pcts a realizarem caminhadas com duração entre 20 e 30 minutos, por pelo menos três vezes por semana, com suplementação de oxigênio quando necessário. • TRANSPLANTE PULMONAR é uma alternativa de tratamento que proporciona um aumento da sobrevida aos pacientes com FPI. É a doença que determina a maior taxa de mortalidade entre os pacientes em lista de espera para transplante devido a progressão rápida (idade avançada e comorbidades)→ Deve-se, portanto, estar atento ao momento correto de encaminhamento desses pacientes para avaliação por um centro de transplantes, uma vez que ela acaba ocorrendo tardiamente, sendo ideal o encaminhamento para uma avaliação inicial no momento do diagnóstico de FPI, independentemente do grau de disfunção. sobrevida dos pacientes com FPI submetidos a transplante de pulmão fica em torno de 50% em 5 anos, com mediana de 4,5 anos, sendo pior que a observada em indivíduos submetidos a transplante por outras doenças pulmonares. O número de procedimentos realizados em nosso meio é limitado e não atende toda a demanda necessária, uma vez que existem poucos centros de referência capazes de realizá-los, associado ao fato de o número de doadores ainda ser bastante restrito. Laryssa Barros – Med – P7 – Tutoria pneumo EXACERBAÇÕES AGUDAS Episódios de EA da FPI correspondem a um agravamento agudo (inferior a 30 dias) das condições clínicas do paciente, representado por aumento da dispneia e maior necessidade de suplementação de oxigênio, associado ao surgimento de novas imagens pulmonares na TCAR (imagens em vidro fosco ou consolidações pulmonares bilaterais sob um padrão tomográfico anterior de PIU). O quadro deve corresponder a uma exacerbação idiopática da doença, sem causa conhecida, que está associada com um aumento da mortalidade, já tendo sido descrita em até 85% dos casos. Condições clínicas como insuficiência cardíaca, tromboembolismo pulmonar, pneumotórax e infecção devem ser afastadas. EP= incidência é pouco conhecida, em decorrência da falta de uma definição consensual e os estudos que avaliam essa condição são retrospectivos. O tempo de diagnóstico da FPI pode estar associado a um maior risco de EA→ a proporção de pacientes que apresentam EAs no primeiro ano de doença após o diagnóstico é inferior àquela observada no terceiro ano de doença. FR= CVF < 72% do previsto, DLCO < 62%, nunca ter sido fumante e presença de hipertensão arterial pulmonar. Doenças mais extensas na TCAR possuem um maior risco de mortalidade por EA em 3 meses em comparação a doenças mais limitadas. Etiologia= desconhecida; É possível que sejam desencadeadas por uma súbita aceleração da doença fibrótica subjacente, infecção de etiologia não reconhecida, infecção viral, procedimentos cirúrgicos torácicos e extratorácicos, realização de broncoscopia ou presença de microaspirações de conteúdo gastroesofágico. Diagnóstico: TC= achado mais comum é o aparecimento de novas imagens de opacidades do tipo vidrofosco sobrepostas a infiltrado intersticial reticular e faveolamento pré-existentes. O padrão de distribuição das opacidades parece estar associado com o prognóstico, cursando com melhor evolução quando pequenas e mais periféricas e com pior desfecho quando difusas e multifocais. HISTO= dano alveolar difuso sobreposto ao padrão PIU. Tem sido descrito também um padrão de organização pneumônica criptogênica e lesão aguda pulmonar inespecífica sem membrana hialina. TTO= incerto. Diretrizes de sociedades especializadas recomendam o emprego de corticosteroides e cuidados clínicos intensivos. Outras propostas terapêuticas têm sido estudadas, como a hemoperfusão direta com polimixina B em coluna fibra imobilizada, rituximabe ou trombomodulina, além do controle do RGE. Na impossibilidade da realização de broncoscopia ou de se descartar completamente a presença de infecção→empregar antibioticoterapia de largo espectro previamente ou simultaneamente ao uso de corticosteroides o uso dos corticosteroides se apoia no tipo de lesão pulmonar que acontece na EA. A opção mais frequente são pulsos de metilprednisolona, na dose de 1,0 g por 3 dias consecutivos.
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