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Aulas 5 e 6 currículo Teoria e Pratica


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Das Teorias Críticas à 
Construção do 
Currículo Pós-
moderno
Objetivos:
• Refletir sobre as teorias criticas do currículo e suas
repercussões na construção do currículo no Brasil.
• Discutir a construção do currículo escolar na pós-
modernidade, com ênfase nos aspectos éticos e
estéticos das formações.
Introdução:
As teorias de currículo estão inseridas em momentos
históricos e vinculadas a leituras de sociedade e visões de
mundo específicas.
Na aula de hoje vamos falar sobre a perspectiva de pós-
modernidade. Porém, antes vamos voltar no pensamento
moderno para entendermos as teorias oriundas desse
período e a quebra de paradigmas que desencadeou o
pensamento pós-moderno.
PARTE I:
Modernidade e Currículo
Características gerais:
• Influência do Iluminismo - (supremacia da razão,
antropocentrismo).
• Industrialização e Urbanização.
• Teorias tradicionais: incorporam pressupostos deste
modelo de sociedade.
Implicações das Teorias Tradicionais:
Escola reprodutora:
❖ Busca eficiência e eficácia.
❖ Define de metas e objetivos mensuráveis.
❖ Estimula competição.
Teorias Críticas do Currículo: 
Surgimento
As Teorias Críticas estão inseridas no contexto da Modernidade. Elas
questionam o Capitalismo e o papel do Currículo nesse novo
modelo de sociedade.
Crítica à escola em sua abordagem a aceitação- adaptação-
ajuste à ordem social capitalista.
Surgimento de estudos e publicações Europa, Canadá, França que
se tornaram referências das “teorias críticas do currículo”.
Alerta sobre o papel da escola como reprodutora do status quo e
das desigualdades sociais.
Teóricos que Influenciaram as 
Teorias Críticas:
Teóricos Reprodutivistas:
• Defendem que a escola é reprodutora da ordem social
estabelecida.
• Principais autores “reprodutivistas”: Louis Althusser e Pierre Bourdieu
e Jean-Cloude Passerron.
• As ideias desses autores (Althusser, Passeron e Bourdieu)
provocaram significativa ruptura com as teorias tradicionais.
Louis Althusser ( filósofo francês) 
Livro: Aparelhos 
Ideológicos de Estado 
Questiona a ideologia, a 
reprodução e as 
relações de poder nas 
instituições: estado, 
família, religião, mídia e 
escola.
Louis Althusser ( filósofo francês) 
Noção althusseriana de ideologia:
• Constituída por aquelas crenças à aceitação de estruturas sociais
(capitalistas) existentes como boas e desejáveis.
• Contribui para status quo e da sociedade capitalista e reproduz seus
componentes econômicos - força de trabalho e os meios de
produção;
• Difundi valores e crenças explicitas ou implicitamente com o objetivo
de garantir a manutenção da estrutura social.
Pierre Bourdieu e Jean-
Claude Passeron ( 
Sociólogos franceses) 
Livro: “A reprodução” (1970)
Embora não sejam associados a 
uma abordagem marxista, esses 
autores utilizam conceitos do 
universo econômico, como capital, 
para analisar as práticas educativas 
e seu papel no processo de sucesso 
ou fracasso escolar.
Pierre Bourdieu e Jean-Claude 
Passeron ( Sociólogos franceses):
• Segundo esses autores, o capital cultural dos alunos e
alunas das classes dominadas é desconsiderado e
desvalorizado.
• O vácuo entre o “capital cultural” dos alunos e o “capital
cultural” difundido e valorizado pela escola determina o
seu fracasso escolar e favorece a manutenção das
desigualdades sociais.
A PEDAGOGIA PROPOSTA POR 
BOURDIEU E PASSERON:
• Cabe à instituição escolar proporcionar às crianças das
classes dominadas uma imersão semelhante a que as
crianças das classes dominantes têm fora do espaço
escolar.
• Colocar as crianças das classes dominadas em
condições de aprendizagem menos desiguais às das
crianças das classes mais privilegiadas.
ESTUDOS HENRI GIROUX :
• Chamam a atenção para o caráter histórico, ético e
político do conhecimento, do currículo e suas implicações
para a reprodução das desigualdades e injustiças sociais.
• Defendem a ideia de que a escola, como esfera pública
democrática tanto pode ter um papel reprodutor quanto
pode ter um papel libertador e de resistência.
• Os professores assumem um papel relevante como
“intelectuais transformadores”, abrindo espaço para que a
voz das classes dominadas também possa ser ouvida e
valorizada.
PRECURSORES DAS TEORIAS CRÍTICAS DO 
CURRÍCULO
Michael Apple e outros estudiosos contribuíram para o surgimento da
Nova Sociologia da Educação (NSE)
NSE - corrente de pensamento denominada Sociologia do Currículo.
Michael Young e Basil Bernstein presentes nos estudos de Apple
Relações de poder e o papel do conhecimento escolar nos processos
de reprodução social e cultural.
Teorias Críticas do Currículo:
• As teorias críticas colocam em questão precisamente os
pressupostos dos arranjos sociais e educacionais. São
teorias de desconfiança, questionamento e transformação
radical.
• Preocupam-se com questões sociais, políticas e com as
relações de poder no âmbito educacional.
Teorias Críticas do Currículo: Síntese
• Deslocam o foco dos métodos e técnicas de ensino para
analise dos atos do currículo que reproduzem
desigualdades e injustiças do mundo capitalista.
• Adotam um modelo educacional que privilegia os
múltiplos saberes.
Teorias Críticas do Currículo: Síntese
As Teorias Críticas mudaram o foco da análise:
• Ao invés de : Como fazer o currículo ?
• Questionam: O que o currículo faz com as pessoas, com
os alunos?
PARTE II:
A Crítica sobre a Teoria Crítica:
• Trazem novos desafios para as discussões curriculares.
• Instigam novas reflexões, no sentido de relativizar os próprios pilares
dos conhecimentos até então produzidos.
• Ampliar o olhar para o currículo, incluindo novas nuances e
configurações como multiculturalismo, raça, etnia, gênero, etc.
• A crítica da crítica se consolida como Teoria Pós-Crítica, surge a
partir de outro paradigma: A Pós-Modernidade.
O Pensamento Pós-Moderno:
Não há unicidade de pensamento em relação ao termo “pós-
modernidade. É uma concepção de definição complexa com
diferentes pontos de vista sobre a sua formação e significado.
A ideia de "pós-modernismo" surgiu pela primeira vez no mundo
hispânico, na década de 1930, uma geração antes de seu
aparecimento na Inglaterra ou nos EUA.
O Pensamento Pós-Moderno:
Para Silva (2004, p.111), “o pós-modernismo não representa,
entretanto, uma teoria coerente, unificada, mas um conjunto variado
de perspectivas, abrangendo uma diversidade de campos
intelectuais, políticos, estéticos, epistemológicos.”
Estamos falando de um “pensamento” multifacetado, amplo e
complexo que não se restringe a uma área de conhecimento ou a
determinados teóricos. Abarca distintos objetos de estudo e
preocupações.
O Contexto “Pós-Moderno”:
As teorias pós-críticas são pensadas a partir das diversas
situações ocorridas na sociedade, como:
❖ Esgotamento do modelo taylorista-fordista de produção;
Concentração de renda;
❖ As transformações no mundo do trabalho/desemprego estrutural;
Consumismo;
❖ Novas tecnologias;
❖ Globalização e homogeneização das expressões culturais;
A partir deste contexto, surgem na década de 1990, novos
estudos curriculares impondo a conexão entre o currículo e a cultura.
O Currículo e os Estudos Culturais:
O tema dos estudos culturais no currículo é
fundamental para entendermos a questão do pensamento
pós-moderno nos currículos.
Sua origem remonta aos meados dos anos sessenta,
quando um grupo de estudiosos cria o Centro de Estudos
Culturais Contemporâneos na Universidade de Birmingham
(Inglaterra) e buscavam seus fundamentos na Teoria
Crítica, na vertente dos filósofos da Escola de Frankfurt e do
neo-marxista italiano Antônio Gramsci.
O Currículo e os Estudos Culturais:
Ainda na Inglaterra desenvolve-se uma reflexão
teórica sobre a escola e o currículo entre as temáticas da
Nova Sociologia da Educação, que tem como expoente
principal o sociólogo Michael Young, autor do livro
Conhecimento e Controle (1971).
Volta-se para a investigação da relação entre o
poder, a ideologia, o controle social e a forma como os
conhecimentos são selecionados,organizados e tratados
pela escola. Para ele, os conteúdos escolares, expressos
nos livros didáticos, guias curriculares ou outros materiais
pedagógicos e na prática escolar contribuem para a
manutenção das desigualdades sociais.
O Currículo e os Estudos Culturais:
Dois movimentos podem ser observados nos estudos
culturais de currículo:
O primeiro desenvolveu os estudos do campo do currículo sob a
inspiração das denominadas teorias críticas que deslocaram o
eixo da reflexão das questões pedagógicas e de aprendizagem,
para a busca de conexão entre saber, currículo e ideologia.
O segundo, desloca o eixo da reflexão de currículo tendo por base
as críticas à escola capitalista e os embates entre capital e
trabalho para o eixo saber, currículo, discurso e poder, à luz das
reflexões pós-modernistas e pós-estruturalistas, daí a designação
de estudos pós-críticos (SILVA, 2000).
A Herança Modernista presente nos 
currículos escolares:
Embora alguns autores pensem os tempos atuais como pós-
moderno. A escola contemporânea é fortemente marcada pelo
modelo “modernista”.
• Currículo linear, sequencial, estático, segmentado em disciplinas;
• Perspectiva monocultural;
• Supervalorização do conhecimento científico em detrimento do
Conhecimento cotidiano;
• Padronização e universalização, um modelo ideal de indivíduos.
A Herança Modernista presente nos 
currículos escolares:
Segundo Silva (2004, p. 111-112) a “escola é moderna” porque:
“seu objetivo consiste em transmitir o conhecimento científico, em
formar um ser humano supostamente racional e autônomo e em
moldar o cidadão e a cidadã da moderna democracia
representativa. É através desse sujeito racional, autônomo e
democrático que se pode chegar ao ideal moderno de uma
sociedade racional, progressista, moderna.”
Moderno X Pós-Moderno:
Para Refletir:
Todos os alunos devem aprender as mesmas coisas, do mesmo
modo, no mesmo tempo?
Que cultura está mais presente e vale mais nos conteúdos
curriculares: a da classe dominante ou da dominada?
Ênfases:
Teorias Críticas
(Modernidade)
Teorias Pós-críticas
(Pós-Modernidade)
- Ideologia
- Reprodução cultural e social
- Poder 
- Classe Social
- Relações Sociais de 
Produção
- Conscientização
- Emancipação e libertação
- Currículo Oculto
- Resistência 
- Identidade
- Diferença
- Subjetividade
- Significação e discurso
- Saber-poder
- Representação
- Cultura
- Gênero, raça, etnia,
sexualidade
- Multiculturalimo 
Movimento Multicultural:
Surgimento do Multiculturalismo
O movimento multiculturalista se inicia no final do século XIX,
nos Estados Unidos, com a ação principal do movimento negro
para combater a discriminação racial no país e lutar pelos seus
direitos civis.
Reivindicação dos grupos culturais dominados, principalmente
nos Estados Unidos, com o objetivo de terem suas culturas
representadas e reconhecidas na cultura nacional;
Movimento Multicultural:
• O multiculturalismo se refere a estudos voltados para as
diferentes culturas espalhadas nos lugares do mundo,
objetivando a partir da aprendizagem a importância de cada
cultura a fim de evitar os conflitos sociais.
• Podendo também estar voltado à política, quando os grupos
como negros, índios, mulheres e outros reivindicam perante as
autoridades políticas seus direitos e deveres como cidadãos.
Movimento Multicultural:
Objetivos principais do multiculturalismo:
A luta pelos direitos civis dos grupos dominados, excluídos por
conta de não pertencer a uma cultura e classe social considerada
superior a euro americana, branco, letrado, masculino,
heterossexual e cristão.
Crítica à tendência homogeneizante do currículo privilegiando
valores e representações da cultura dominante: branca, masculina,
européia, heterossexual.
Referências:
MACEDO, Roberto Sidnei. Currículo: Campo, conceito e pesquisa. Petrópolis:
Vozes, 2017.
SILVA, Maria Aparecida, currículo para além da pós-modernidade.
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação(ANPED),
2006. Disponível em:
http://www.fe.unicamp.br/gtcurriculoanped/29RA/trabalhos/silvaMA.pdf
Vieira, Samantha Aparecida Moura Martins. Currículo: teoria e prática. Rio de
Janeiro: SESES, 2017.

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