Agricultura Organica - Mercado de Produtos Organicos

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MERCADO PARA PRODUTOS ORGÂNICOS
Alisson Wendy de Meira Machado¹
Cássia Castro da Costa¹
Luana de Fatima Zili¹
Eder Aparecido Garcia²
¹ Discente do curso Tecnologia em Agronegócio, Faculdade de Tecnologia de Ourinhos.
² Docente da Faculdade de Tecnologia de Ourinhos 
INTRODUÇÃO
Produtos orgânicos são aqueles produzidos livres de substâncias químicas, ou seja, sem adição de adubos sintéticos ou agrotóxicos. Sua produção é baseada em sustentabilidade, cultivo natural, equilíbrio ecológico e respeito ao ser humano. 
Com o passar dos tempos e o aumento da população a demanda por alimentos se tornou cada vez maior, produtores rurais acabaram se tornado refém de pacotes tecnológicos para suprir a necessidade mundial, pacotes esses que envolve uso de adubos químicos, agrotóxicos e produtos transgênicos. Os produtos orgânicos vieram na contramão desses pacotes, utilizando de fertilizantes a base compostagem, rotacionamento de cultura para controle de pragas e doenças e outras técnicas para garantir um alimento saldável livre contaminantes e envenenamento. 
Um produto natural não é um produto orgânico, a diferença está na certificação que garante ao consumidor a compara de um produto dentro dos padrões “orgânicos”.
O objetivo do trabalho foi explanar sobre o mercado de Agricultura Orgânica, órgãos certificadores e riscos e oportunidades que envolvem esse segmento. 
MATERIAL E MÉTODOS 
O artigo a seguir foi realizado com base em análises teóricas. Foi realizada uma revisão bibliográfica sobre o tema em matérias disponíveis on-line, reunindo e comparando os diferentes dados encontrados nas fontes de consulta e listando os principais tópicos relacionados ao mercado de agricultura orgânica. 
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Certificação 
Cabe ao Ministério da Agricultura credenciar, acompanhar e fiscalizar os organismos de certificação que, mediante prévia habilitação do MAPA, farão a certificação da produção orgânica e deverão atualizar as informações dos produtores para alimentar o cadastro nacional de produtores orgânicos. Estes órgãos, antes de receberem a habilitação do Ministério, passarão por processo de acreditação do Inmetro.
No exterior, o órgão internacional que credencia as certificadoras é a IFOAM, International Federation of Organic Agriculture Movements, que é a federação internacional que congrega os diversos movimentos relacionados com a agricultura orgânica.
No que abrange a fiscalização, esta será feita nas unidades de produção, estabelecimentos comerciais e industriais, cooperativas, órgãos públicos, portos, aeroportos, postos de fronteira, veículos e meios de transporte e qualquer ambiente onde se verifique a produção, beneficiamento, manipulação, industrialização, embalagem, acondicionamento, distribuição, comércio, armazenamento, importação e exportação.
Quando houver indício de adulteração, falsificação, fraude e descumprimento da legislação serão tomadas as seguintes medidas: advertência, autuação, apreensão dos produtos, retirada do cadastro dos agricultores autorizados a trabalhar com a venda direta e suspensão do credenciamento como organismo de avaliação. As punições serão mantidas até que se cumpram as análises, vistorias ou auditorias necessárias. 
No Brasil o produtor orgânico deve fazer parte do Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, o que é possível somente se estiver certificado por um dos três mecanismos, certificação por auditoria, sistema participativo de garantia e controle social na Venda Direta.
A importância da certificação, além da garantia da qualidade do produto/serviço ao consumidor, está na regulamentação dos processos e tecnologias de produção necessárias para a manutenção de padrões éticos do movimento orgânico e credibilidade do produto e produtor no comércio.
Mercado Consumidor 
De 2000 a 2017, a área mundial destinada a cultivos orgânicos aumentou 365%, quase 10% ao ano. Em termos absolutos, a agricultura orgânica saltou de 15 milhões de hectares de terras para 69,8 milhões de hectares nesse período. Deste total, 51% da área agrícola destinada à produção orgânica se encontra na Oceania, seguida pela Europa (21%), América Latina (11%), Ásia (9%), América do Norte (5%) e África (3%). 
Em 2000, havia quase 253 mil produtores, que passaram para quase 2,9 milhões, em 2017, ou seja, um crescimento médio de 15,3% a.a. Deste número, 40% estão na Ásia, 29% na África e 16% na América Latina. Índia, Uganda, México são os países com maior número de produtores de orgânicos. Isso significa que quase um quarto das terras agricultáveis orgânicas do mundo e mais de 87% dos produtores se encontravam nos países em desenvolvimento e mercados emergentes em 2017. 
Depois do mercado americano, o mercado europeu de alimentos orgânicos foi responsável pela movimentação de € 37,3 bilhões, em 2017. Frutas, vegetais e ovos orgânicos são os produtos mais comprados pelos consumidores. Embora o maior volume de vendas ocorra por meio de compra direta em supermercados, hipermercados e lojas especializadas em promoções, há um número crescente de restaurantes, cafés e bares utilizando ingredientes orgânicos ou servindo produtos orgânicos aos seus clientes. Assim, Alemanha e França se destacam como os países europeus com maior volume de vendas no varejo, os quais movimentaram € 10,4 bilhões e € 7,9 bilhões, respectivamente. É possível verificar que o crescimento médio anual nas vendas do varejo, entre 2000 e 2017, foi de 15,3% na Espanha, de 14,7% na Suécia e 14,2% na Austrália. 
No Brasil os resultados preliminares do Censo Agropecuário de 2017, apontam a existência de 68.716 estabelecimentos agropecuários certificados, nos quais o responsável declarou que fazia uso da agricultura e/ou pecuária orgânica: do total, 39.643 estabelecimentos se dedicavam à produção vegetal, 18.215 estabelecimentos possuíam produção animal e 10.858 estabelecimentos tinham produção vegetal e animal orgânicas. 
O Censo Agropecuário anterior, de 2006, havia registrado 90.497 estabelecimentos agropecuários orgânicos, dos quais 5.106 estabelecimentos foram declarados certificados pelos responsáveis, enquanto 85.392 estabelecimentos foram registrados orgânicos, mas não eram ainda certificados. Em princípio, parece ter ocorrido um aumento da quantidade de estabelecimentos agropecuários declarados orgânicos e certificados nesse período, ou seja, de 5.106 para 68.716 estabelecimentos. 
Observa-se uma tendência positiva no mercado consumidor brasileiro (O maior da América Latina), impulsionado pela classe média que busca alimentos mais saudáveis. Produtos orgânicos in natura (Verduras, legumes e frutas) são os mais consumidos no Brasil. As vendas no varejo registraram € 778 milhões e as exportações de produtos orgânicos alcançaram € 126 milhões em 2016. Já a projeção de faturamento do setor de alimentos orgânicos, em 2018, pelo Conselho Nacional da Produção Orgânica e Sustentável, foi de R$ 4 bilhões, seguindo a tendência de crescimento de 25% a.a., registrada desde 2015.
Riscos 
De acordo com EPA (2001, apud LIMA, 2005) diz que “Em termos gerais, risco é a medida da probabilidade de que ocorram danos ou prejuízos em consequência da exposição a um perigo ou uma ameaça física”. 
No setor agrícola, os riscos podem ser categorizados como riscos naturais, riscos de mercado e institucionais. Segundo a OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) informa que os riscos naturais ou de produção estão relacionados com os fatores climáticos (intempéries) que podem vir a causar o aparecimento de doenças e pestes, inclusive podendo acarretar mudanças nos recursos naturais, como na água. 
Os riscos de mercado relacionam-se as oscilações de preços. Já os riscos institucionais são aqueles relacionados a intervenção do Estado na agricultura que ocorrem como instrumentos de comando e controle incentivando a produção de determinadas culturas e a não-produção de outras em função de políticas públicas.
O USDA em 1999 classificou os riscos mais importantes da atividade agrícola nas seguintes categorias: 
•	Riscoscom recursos humanos; Riscos patrimoniais; Riscos de produção e colheita; Riscos de preço; Riscos institucionais; e Riscos financeiros
A exposição a riscos objetivamente varia de agricultor para agricultor em função das ações e estratégias de cada um em relação aos perigos à que estão expostos. Além disso, um componente subjetivo relacionado à percepção de cada agricultor a este perigo, fruto de sua experiência adquirida ao longo do tempo, determina diferentes comportamentos e diferentes graus de proteção ao risco. Desta forma, as diferentes categorias de riscos acima apresentadas afetam diferentemente cada agricultor, por exemplo: pode-se encontrar agricultores mais preocupados com as oscilações de preço que com a contaminação da produção; ou agricultores mais preocupados com a falta de chuvas que com a falta de trabalhadores para a colheita, e assim por diante.
A compreensão de que os vários tipos de risco estão inter-relacionados é fundamental no processo de gestão de riscos, sendo importante ter em mente que um risco determinado objetivamente pode ser percebido de modo totalmente diferente pelo agricultor, com impactos significativos nos resultados esperados
Oportunidades 
O consumo de produtos orgânicos cresce 25% a cada ano e em 2018, estava previsto um consumo de R$ 4 bilhões. De acordo com a Embrapa, até 2050 o Brasil terá 7 entre 10 pessoas morando nas cidades e estas, terão hábitos de consumo muito diferentes dos atuais, sendo eles mais nobres, diversificados e com mais qualidade. Isso, abre um leque de oportunidades de investimento para os produtores rurais, principalmente os pequenos. 
Segundo a pesquisa Organis de 2017, 15% da população do país já consumiu algum tipo de bebida ou comida orgânica no último mês. Além disso, 6 em cada 10 consumidores preferem hortaliças, e 1 em cada 4 opta por legumes e frutas orgânicas, de acordo com a pesquisa.
Da mesma forma, a tendência mundial pelas pessoas procurar ter hábitos e alimentação mais saudáveis é comprovada na pesquisa. Os principais fatores que as pessoas apontam por preferir o alimento orgânico são: saúde, sabor, veiculação na mídia e preocupação com o meio ambiente 
Considerações Finais 
Como visto nos tópicos acima para a comercialização de um produto orgânico ele precisa estar certificado junto as certificadoras credenciadas.
Com base nos dados acima o potencial de crescimento desse mercado se mostra atraente, visto que a população mundial está se tornando cada vez mais preocupada com a alimentação saudável livres de agrotóxicos e fertilizantes químicos.
Referencias 
Ciorganicos, O que são produtos orgânicos. Disponível em: <https://ciorganicos.com.br/noticia/o-que-sao-produtos-organicos/, acesso em: 05/2020.
Ciorganicos, Manual de Certificação de Produtos Orgânicos. Disponível em: <http://www.organicsnet.com.br/certificacao/manual-certificacao/, acesso em: 05/2020. 
IPEA. Produção e consumo de produtos orgânicos no mundo e no Brasil, 2020. Disponível em: <http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/9678/1/TD_2538.pdf>. Acesso em: 20 de jun. 2020.
LIMA, Odair Oliveira. Gestão de Riscos na Agricultura Orgânica. Disponível em: <http://planetaorganico.com.br/site/index.php/gestao-de-riscos-na-agricultura-organica/> Acesso em 24 jun. 2020.
SEBRAE. Agricultura orgânica: cenário brasileiro, tendências e expectativas. Disponível em: <https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/artigosOrganizacao/o-que-e-agricultura-organica,69d9438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD> Acesso em: jun.2020.
SEMAGRO. Mapa da agricultura orgânica mostra oportunidades e gargalos. Disponível em: <https://www.semagro.ms.gov.br/mapa-da-agricultura-organica-mostra-oportunidades-e-gargalos/> Acesso em jun. 2020.
WAGNER, Bruna. Agricultura orgânica: uma oportunidade rentável para investimento de micro e pequenos produtores. 06/08/2019. Disponível em: <https://www.fazendasaofernando.com/post/agricultura-org%C3%A2nica-uma-oportunidade-rent%C3%A1vel-para-investimento-de-micro-e-pequenos-produtores> Acesso em 24 jun. 2020.