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1 Habilidades cirúrgicas Mariana Oliveira P6 habilidade� cirúrgica� Cicatrização Cicatrização De�inição - processo imunocelular e bioquímico complexo que objetiva restabelecer a integridade tecidual. Considerações •Processo dinâmico •Depende diretamente das condições do doente e da resposta do organismo Lesão - Regeneração tecidual (substituição do tecido lesado por células do mesmo tipo - fetos, �ígado) - Cicatrização (substituição de tecido lesado por tecido conjuntivo) Pele 1. Epiderme - Proteção - Queratina e melanina 2. Derme - Força e elasticidade (tecido conjuntivo �ibroso de colágeno e elastina) - Folículos pilosos, glândulas sudoríparas e sebáceas - Rede linfática, vasos sanguíneos e terminações nervosas - Regulação da temperatura 3. Tecido subcutâneo - Isolamento, suporte e amortecimento (tecido conjuntivo e adiposo) - Abaixo da camada subcutânea em contato com a fáscia muscular Tipos de feridas Epidérmicas - envolve apenas a camada super�icial da derme - A cicatrização se dá por reepitelização Dérmica - envolve a epiderme, a derme podendo chegar ao tecido subcutâneo - A cicatrização se dá por 3 fases: in�lamatória, proliferativa e remodeladora Espessura total - a ferida afeta músculos e ossos Fases da cicatrização Fase in�lamatória In�lamação (hemostasia + limpeza da ferida) •Início do trauma até 24-48h •Remove restos celulares e tecidos desvitalizados •Hemostasia (vasoconstrição/ bloqueio do sangramento), cascata de coagulação e in�lamação •Predominância de neutró�ilos (ampli�icam a resposta in�lamatória, remoção do tecido necrótico, corpos estranhos, quimiotaxia, produção de elastases e colagenases) •Macrófagos (produzem fatores de crescimento e mediam a transição da fase in�lamatória para a proliferativa) •Linfócitos T - pico entre 8º e 14º dia da lesão (aparecem na 2ª metade da fase in�lamatória) Lesão celular/ tecidual ⇩ Vasos sanguíneos e linfáticos VASOCONSTRIÇÃO (5-10 min) ⇩ Agregação plaquetária nos vasos lesados ⇩ 2 Habilidades cirúrgicas Mariana Oliveira P6 Formação do coágulo + hemostasia ⇩ Marginalização neutro�ílica ⇩ Ação de mediadores químicos/ citocinas e fatores de crescimento ⇩ Vasodilatação (Exudato) ⇩ Tampão de �ibrina Os fatores de crescimento propiciam a vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular e o extravasamento de conteúdo plasmático. Clinicamente são representados por eritema, calor, rubor e dor. Neutró�ilos ⇨Macrófagos ⇨ Linfócitos Citocinas/ fatores de crescimento *O �im da fase in�lamatória e início da fase proliferativa é marcado pela queda dos neutró�ilos e aumento dos macrófagos (72h após o incidente). Exsudato inflamatório É resultado do extravasamento de plasma e da deposição de proteínas e destruição de microorganismos sob a super�ície do ferimento. Ele faz parte do sistema de defesa contra infecções, pois possui anticorpos, fragmentos do complemento, neutró�ilos e macrófagos. *Macroscopicamente: mancha amarelada que �ica nos curativos. *Será produzido até epitelização completa Feridas crônicas As feridas crônicas geralmente �icam estagnadas na fase in�lamatória e não progridem mais. Pacientes com DM, HAS e cardiopatias possuem uma lenti�icação na resolução de feridas. Dessa forma, essas lesões podem evoluir como lesões crônicas, de di�ícil solução. Fase proliferativa Proliferação •Inicia entre 48h até 2-3 semanas (permanece até a cicatrização da ferida) •Macrófagos (ordena os eventos*, fagocitose, quimiotaxia*) •Os macrófagos estimulam a síntese de colágeno e o início da angiogênese - proliferação de vasos sanguíneos (FGF - fator de crescimento para �ibroblastos, VEGF - fator de crescimento para endotélio) - Formação do tecido de granulação (possui cor vermelho rutilante em sua super�ície - presença de múltiplos capilares) •Fibroblastos (produção de colágeno - recompor a matriz extracelular) •Contração da ferida: mio�ibroblastos •Epitelização: migração dos queratinócitos das margens e anexos cutâneos - pêlos, glândulas 3 Habilidades cirúrgicas Mariana Oliveira P6 sebáceas e sudoríparas (reepitelização - cobre a super�ície da ferida) - A perda do contato entre as células epiteliais (destruídas pela lesão) estimula a mitose dos queratinócitos da epiderme •Reepitelização: reconstituição do tecido estrati�icado queratinizado (pele) que recobre permanentemente o ferimento e restaura sua função •Epibolia - migração dos queratinócitos da borda da ferida para o centro através matriz extracelular Nos casos em que o ferimento tem espessura parcial (acomete epiderme e parte da derme) as células epiteliais e dos anexos se proliferam para o fechamento da ferida. Já nos casos que que houve um ferimento da espessura total da pele (epiderme e toda a derme), há a perda dos anexos da pele, levando a uma reepitelização mais lenta, já que só haverá as células epiteliais da borda da ferida para realizar a reepitelização. *Essa fase é constituída por quatro processos fundamentais: epitelização, angiogênese, formação de tecido de granulação e deposição de colágeno. *Objetivo - limpar áreas lesadas desvitalizadas (macrófagos), nutrir o novo tecido em crescimento (neovasos) e preencher o defeito tecidual existente (deposição de colágeno) Fase de remodelação Maturação/ remodelação do colágeno •Início 2-3 semanas até 2 anos (processo dinâmico) •Fase de contração, remodelação e aumento da resistência à tensão •Fibroblastos: Remodelamento do colágeno (aumento da resistência tênsil da ferida) - Colágenos Tipos I e III - A resistência mecânica �inal do tecido cicatricial é equivalente a apenas 80% da resistência da pele íntegra •Diminuição da área da ferida (contração - mio�ibroblastos) •Diminuição do número de células *Mudanças na características da cicatriz: diminuição da quantidade de vasos rosada para branca e consistência mais endurecida. Contração Processo biológico ativo que diminui as dimensões da ferida Contratura Encurtamento patológico do tecido cicatricial que resulta em deformidades, perda de função e limitação de movimento articular Resumindo In�lamação ⇩ Angiogênese ⇩ Migração e proliferação de �ibroblastos ⇩ Formação da cicatriz ⇩ Remodelamento do tecido conjuntivo Tipos de cicatrização *Formas pelas quais uma ferida pode cicatrizar Ferida de espessura parcial - ocorre a perda da epiderme e uma parte da derme. O fechamento da ferida ocorre por reepitelização, através da migração das células da borda da ferida e dos anexos da pele. 1ª Intenção - ocorre quando as bordas são aproximadas, havendo perda mínima de tecido, ausência de infecção e edema. Cicatriz de linhas �inas - Ex: Sutura Deposição de tecido conjuntivo e epitelização > Contração 4 Habilidades cirúrgicas Mariana Oliveira P6 2ª Intenção - ocorre quando há perda excessiva de tecido com a presença ou não de infecção. A aproximação primária das bordas não é possível. As feridas são deixadas abertas e se fecharão por meio de contração e epitelização. Contração e deposição de colágeno > Reepitelização 3ª Intenção - é uma cicatrização de 1ª intenção retardada pela presença de infecção. Primeiro deixa a lesão aberta para tratar a infecção e depois fecha com sutura. Ferida crônica São incapazes de realizar a cicatrização completa Há formação do tecido de granulação com �ibrose e necrose, mantendo a ferida aberta Fatores que contribuem para a cicatrização - Vitaminas A,B, C, E, K, zinco, ferro, cobre e O2 Fatores que atrasam a cicatrização •Isquemia - diminuição do aporte sanguíneo para a ferida (di�iculta a troca de nutrientes e chegada das células de defesa) •Infecção - prolonga a in�lamação (bloqueia o fechamento da ferida na fase in�lamatória) •Corpos estranhos - prolonga a in�lamação •Edema - diminui a circulação sanguínea dentro da ferida •Corticóides - imunossupressão (inibe a fase in�lamatória) •Diabetes mellitus (angiopatias/ hiperglicemia crônica) e hipotireoidismo •Tabagismo (alteração da microcirculação) •Hipotermia e dor •Idade (menor contração, menos força e menos colágeno, o processo de cicatrizaçãoé mais lento) •Desnutrição - Hipoalbuminemia: atrasa a cicatrização (diminui a angiogênese e a proliferação de �ibroblastos/ edema tecidual) - Hipovitaminoses (vitamina C precursora do colágeno e resposta imune/ Vitamina E - antioxidante com propriedades anti in�lamatórias) - Zinco (cofator essencial para o crescimento de �ibroblastos e queratinócitos Cicatrização patológica - alteração no processo cicatricial podendo gerar produção excessiva ou pouca produção de colágeno. 5 Habilidades cirúrgicas Mariana Oliveira P6 Desequilíbrio entre síntese e a degradação de colágeno Cicatriz hipertró�ica - In�lamação prolongada (maior produção de colágeno) - Comum na pele clara - Excesso de Matriz extracelular - Pruriginosas, avermelhadas, elevadas e dolorosas - Não ultrapassam os contornos originais da ferida - Apresentam tendência a regressão Quelóide - Estende-se além do limite original e crescimento progressivo (massas exuberantes de tecido �ibroso) - Raramente ocorre regressão espontânea e tendem a recidivar após sua ressecção - Comum em negros e asiáticos - Genética* - Grande quantidade de colágeno, matriz extracelular Tratamento para cicatriz patológica 1. Massagem 2. Compressão (placa de silicone) 3. Injeção intralesional (triancinolona - corticóide) 4. Excisão cirúrgica 5. B-terapia (radioterapia) Avaliação das feridas Avaliar •Localização •Tamanho e profundidade •Margens da ferida - Eritematosa, edemaciada, hiperpigmentada •Drenagem - Tipo: serosa, purulenta, sanguinolenta - Avaliar quantidade, cor, odor e consistência da secreção •Temperatura •Circunferência do membro