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Giovanna Vilas Boas - TXIII Técnica operatória CICATRIZAÇÃO E FERIDAS CONCEITO – CICATRIZAÇÃO • Uma perfeita e coordenada cascata de eventos que culminam com a reconstituição tecidual • O processo cicatricial é comum a todas as feridas, independente do agente que a causou FUNÇÕES DA PELE • Maior órgão do corpo • Proteção das estruturas internas (microrganismos, corpos estranhos...) • Percepção sensorial • Termorregulação • Excreção • Metabolismo • Absorção ANATOMIA DA PELE Glândula sebácea onde faz o cisto sebáceo • Faz uma obstrução do fluxo do pelo, a glândula sebácea não sabe que está entupido e continua liberando o sebo/secreção, fazendo com que ocorra o cisto sebáceo Células da epiderme: • Queratinócitos • Células de Langerhans • Melanócitos • Células de merkel – sensibilização FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO • Carrel (1910): dividiu o processo em 5 fases o Inflamação o Proliferação celular o Formação do tecido de granulação o Contração o Remodelação da ferida • Clark (1993): conseguiu dividir em apenas 3 fases: o Fase inflamatória (hemostasia) o Fase de proliferação (granulação) o Fase de remodelamento (maturação) Giovanna Vilas Boas - TXIII Técnica operatória Fase inflamatória (hemostasia) Imediatamente após a lesão • Ativação plaquetária o Com a lesão do tecido, o fator de Von Willebrand (VWF) se torna exposto o Faz uma ponte entre o colágeno endotelial e os receptores plaquetários de superfície (GPib – IX -V) o A interação entre VWF + colágeno + receptor da superfície plaquetária adesão plaquetária • Cascata de coagulação • Ativação de neutrófilos, macrófagos e mastócitos o Neutrófilos: primeiras células a chegar à ferida, com maior concentração 24h após a lesão São atraídos por substâncias quimiotáticas liberadas por plaquetas (TGF-b) Produzem radicais livres que auxiliam na destruição bacteriana e são gradativamente substituídos por macrófagos o Macrófagos: migram para a ferida após 48-96 horas de lesão São as primeiras células antes dos fibroblastos migrarem e iniciarem a replicação Fundamentais no desbridamento iniciado pelos neutrófilos Maior contribuição é a secreção de citocinas e fatores de crescimento Contribuem ainda na angiogênese, fibroplasia e síntese de matriz extracelular, fundamentais para a transição para a fase proliferativa o Mastócitos Como sentinelas dos tecidos, reconhecem produtos microbianos e produzem citocinas e outros mediadores que induzem a inflamação Histamina – vasodilatador Heparina – anticoagulante Também são responsáveis pelos sintomas das doenças alérgicas • Aumento da permeabilidade vascular Giovanna Vilas Boas - TXIII Técnica operatória Fase de proliferação (granulação) − 4° dia até 2ª semana • Possui quatro etapas fundamentais: o Epitelização Ocorre precocemente Se a membrana basal estiver intacta, as camadas normais da epiderme são restauradas em 3 dias Se a membrana basal for lesada, as células epiteliais das bordas da ferida começam a proliferar na tentativa de restabelecer a barreira protetora o Angiogênese estimulada pelo fator de necrose tumoral alfa (TNF – alfa) Migração de células endoteliais e formação de capilares, essencial para a cicatrização adequada o Formação de tecido de granulação Os fibroblastos e as células endoteliais são as principais células da fase proliferativa Os fibroblastos dos tecidos vizinhos migram para a ferida (ativados pelo PDGF) Libera TGF-beta, há estímulo dos fibroblastos a produzirem colágeno tipo I e a transformarem-se em miofibroblastos, que promovem a contração da ferida o Deposição de colágeno Fatores de crescimento envolvidos no processo cicatricial: • PDGF, induz a proliferação celular, a quimiotaxia e a síntese matricial • EGFR, estimula a epitelização • TGF α, responsável pela angiogênese e pela epitelização • TGF β, responsável pelo aumento da síntese matricial • FGF, estimula a proliferação celular e angiogênese Fase de remodelamento (maturação) - Ocorre em meses até anos. • A característica é a deposição de colágeno de maneira organizada • O colágeno produzido é mais fino do que o presente na pele normal, e tem orientação paralela à pele • Com o tempo, o colágeno inicial (tipo III) é reabsorvido e um colágeno mais espesso é produzido e organizado ao longo das linhas de tensão • A reorganização da nova matriz é um processo importante da cicatrização • Fibroblastos e leucócitos secretam colagenases que promovem a lise da matriz antiga • A cicatrização tem sucesso quando há equilíbrio entre a síntese da nova matriz e a lisa da matriz antiga Giovanna Vilas Boas - TXIII Técnica operatória • Mesmo após um ano a ferida apresentará um colágeno menos organizado do que o da pele sã • A força tênsil jamais retornará a 100%, atingindo em torno de 80% após três meses IMPORTÂNCIA DO COLÁGENO • O colágeno é a proteína mais abundante do tecido conectivo em fase de cicatrização • Foram descritas até hoje 19 isoformas (tipos) de colágeno, codificadas por um único gene • Os tipos de fibras colágenas do tecido conjunto são helicoidais, tripla hélice • O colágeno tipo I é o mais frequente (ossos e tendões), sintetizado pelos fibroblastos • O tipo III é mais comum em tecidos moles, vasos sanguíneos, derme e fascia • A derme sã contem 80% do tipo e 20% do III o O tecido de granulação expressa 30 a 40% do tipo III, sendo considerado colágeno imaturo • A degradação do colágeno se inicia precocemente e é muito ativa durante o processo inflamatório • Sua digestão ocorre em ambiente extracelular e é mediada por colagenases especificas o Séricas (elastase, catepsina C e proteinase neutra) e as metaloproteinases • A atividade das colagenases é controlada por citocinas liberadas principalmente por células inflamatórias, endoteliais, fibroblastos e queratinócitos • A formação da matriz extracelular é resultante de um balanço entre a deposição (síntese) e degradação de colágeno • O colágeno é o principal componente da matriz extracelular dos tecidos • A quantidade de colágeno modifica-se no cólon durante o pós-operatório de anastomoses colonicas, principalmente na região peri-anastomótica Fatores que influenciam a cicatrização • Locais o Negativamente: isquemia, infecção, cirurgias, corpo estranho e edema / aumenta pressão tecidual • Sistêmicos o Idade, câncer, nicotina, corticoides, radioterapia, DM, desnutrição, deficiências vitamínicas, hipotireoidismo, doenças hereditárias, alterações da coagulação, trauma grave, queimaduras, sepse, insuficiência hepática e renal • Fitoterápicos o Maracujá, babaçu, pião roxo e a aroeira cicatrização da parede abdominal, anastomoses (comunicação entre dois vasos) colonicas e gástricas • Antioxidantes – diminui formação de radicais livres e diminui dano tecidual em hipoxia o Vitamina C, vitamina E e Gingko biloba Cicatrização anormal • Cicatrização excessiva (queloides, cicatrização hipertrófica) • Feridas crônicas não cicatrizantes (feridas) • Cicatrização retrátil o Encurtamento do tecido cicatricial – alterações anatômicas e funcionais Giovanna Vilas Boas - TXIII Técnica operatória QUELOIDES E CICATRIZES HIPERTRÓFICAS Queloide: ultrapassam os limites da incisão Cicatriz hipertrófica: confinadas aos limites da incisão • Decorrentes de resposta inflamatória excessiva durante a cicatrização. Perda do controle normal entre síntese e degradação • Fatores: traumas, disfunção de fibroblastos, níveis elevados de fatores de crescimento e diminuídos da apoptose • São maiscomuns em negros e orientais • Não existem diferenças histológicas entre eles, porém a microscopia eletrônica observa-se substância amorfa ao redor dos fibroblastos e aumento da atividade metabólica e presença de anticorpos antinucleares nos queloides • Melhor tratamento é a prevenção!!! • Procedimentos cirúrgicos desnecessários devem ser evitados • Feridas devem ser fechadas sob mínima tensão • Cuidados locais: hemostasia, manuseio adequado dos tecidos, uso de fios monofilamentares e desbridamento de tecidos desvitalizados • Tratamento para estas condições: o Ressecção cirúrgica, infiltração de corticoide, laser, uso de lâminas de silicone e betaterapia • A grande quantidade de tratamentos disponíveis sinaliza a dificuldade de tratar destas condições patológicas • Frequentemente, a ressecção cirúrgica é associada a algum método adjuvante, como infiltração de corticoide e fitas de silicone. FERIDA • Qualquer ruptura da pele, provocada por agentes físicos, químicos ou biológicos, bem como a distúrbios clínicos ou patológicos envolvendo estruturas superficiais ou mais profundas Classificação TEMPO Aguda • Resultado de cirurgia ou lesões ocorridas através de acidentes Crônica • Tempo de cicatrização maior que o esperado devido sua etiologia • Feridas que não apresentam a fase de regeneração no tempo esperado, havendo um retardo na cicatrização Exemplos de ferida crônica: Insuficiência venosa – úlcera venosa • Falha no mecanismo do sistema valvular periférico • Desencadeia a hipertensão venosa em deambulação, levando a um acúmulo excessivo de líquido e de fibrinogênio no tecido subcutâneo Giovanna Vilas Boas - TXIII Técnica operatória • Resulta em edema, lipodermatosclerose leva a úlcera • Localização: acima do maléolo medial • Limitação: as bordas da ferida são irregulares • Geralmente odor fétido • Edema com “pitting” – sinal de cacife • Índice tornozelo braço 0,9 • Dor noturna, caibras Outros: • Varizes • Hiperpigmentação, atrofia branca e endurecimento • Ao levantar, sensação de peso e cansaço, que diminui ao caminhar • Coceira Insuficiência arterial – úlcera arterial • Processo degenerativo, que afeta os vasos por acúmulo de gordura, levando à obstrução progressiva Diminuição do fluxo e da pressão sanguínea em MMII isquemia crônica de MMII sinais clínicos • Localização: parte lateral da canela, antepé/dedos • Limitações: bordas da ferida são bem demarcadas e regulares • Fundo da ferida geralmente de coloração escura a preta • Normalmente nenhum edema • Índice tornozelo braço < 0,9 • Muitas vezes mais doloroso do que as úlceras venosas, dor noturna que reduz ao posicionar a perna para baixo Outros: • Claudicação intermitente • Pé frio, azul esbranquiçado • Pulsações periféricas fracas/ausentes Giovanna Vilas Boas - TXIII Técnica operatória TIPOS • Ferida limpa • Ferida potencialmente contaminada (ou limpa contaminada) • Ferida contaminada • Ferida infectada (suja) • Feridas operatórias ETIOLOGIA Cirúrgicas Provocadas por instrumentos cirúrgicos, com finalidade terapêutica • Incisivas: perda mínima de tecido • Excisivas: remoção de áreas de pele Traumáticas Provocadas acidentalmente por agentes • Mecânicos: prego, espinho • Físicos: temperatura, pressão, eletricidade • Químicos: ácidos, soda caustica • Biológicos: contato com animais, penetração de parasitas • Laceração: tecido é esmagado por um excesso de pressão • Escoriação: lesão na epiderme, que o tecido é retirado • Corte ou incisão: causada por lâmina (faca, bisturi) • Contusão: equimose, fraturas ou luxações, objetos que causam trauma ou choque nos tecidos • Perfuração: feridas causadas pela perfuração em um ou em vários tecidos como a causada por armas de fogo Presença de transudato e exsudato • Transudado: substância fluida que passa através dos vasos e com baixíssimo conteúdo de proteínas, células e derivados celulares • Exsudato: material fluido, composto por células que escapam de um vaso sanguíneo e se depositam nos tecidos como resultado de um processo inflamatório. o Alto conteúdo de proteínas, células e materiais sólidos derivados das células o Exsudato seroso reações inflamatórias agudas o Exsudato sanguinolento ruptura de vasos ou de hemácias o Exsudato fibrinoso extravasamento de grande quantidade de proteínas plasmáticas (fibrinogênio e fibrina) MORFOLOGIA • Localização • Dimensões o Pequena: < 50 cm2 o Média: 50 cm2 - 150 cm2 o Grande: 150 cm2 - 250 cm2 o Extensa: > 250 cm2 • Número de feridas (distância de 2cm) • Profundidade o Plana ou superficiais: Epiderme, derme, subcutâneo o Profundas: Fáscia e músculos o Cavitárias: Perda de tecido e formação de uma cavidade com envolvimento de órgãos ou espaços Giovanna Vilas Boas - TXIII Técnica operatória • Tecidos viáveis: o Granulação aspecto vermelho vivo, brilhante, úmido, ricamente vascularizado o Epitelização revestimento novo, rosado e frágil • Tecidos inviáveis o Necrose de coagulação (escara) caracterizada pela presença de crosta preta e/ou bem escura o Necrose de liquefação (amolecida) caracterizada pelo tecido amarelo / esverdeado / e/ou quando a lesão apresentar infecção e/ou presença de secreção purulenta o Desvitalizado ou fibrinoso tecidos de coloração amarela ou branca, que adere ao leito da ferida e se apresenta como cordoes ou crostas grossas, podendo ainda ser mucinoso TIPOS DE CICATRIZAÇÃO DAS FERIDAS Classificadas pela forma como se fecham 1ª intenção ou primaria – envolve a reepitelização • Camada externa da pele cresce fechada. • As células crescem a partir das margens da ferida e de fora das células epiteliais alinhadas aos folículos e às glândulas sudoríparas • Mais comumente: o Feridas superficiais, agudas, que não tem perda de tecido e queimaduras de 1° grau e cirúrgicas em cicatriz mínima o Levam de 4 a 14 dias para fechar 2ª intenção ou secundaria – envolve algum grau de perda de tecido • Podem envolver o tecido subcutâneo, musculo, e possivelmente o osso • As bordas dessa ferida não podem ser aproximadas, geralmente são feridas crônicas (úlceras) • Existe um aumento do risco de infecção e demora à cicatrização que é de dentro para fora • Maior índice de complicações do que as feridas que se cicatrizam por 1ª intenção 3ª intenção ou terciária • Intencionalmente a ferida é mantida aberta para permitir a diminuição ou redução de edema ou infecção ou para permitir a remoção de algum exsudato através de drenagem o Ex: feridas cirúrgicas, abertas e infectadas, com drenos Essas feridas cicatrizam por 3ª intenção ou 1ª intenção tardia Giovanna Vilas Boas - TXIII Técnica operatória Complicações da cicatrização de feridas • Hemorragia: interna (hematoma) e externa podendo ser arterial ou venosa • Deiscência: separação das camadas da pele e tecidos. É comum entre 3° e 11° dias após o surgimento da lesão • Evisceração: protrusão dos órgãos viscerais, através da abertura da ferida o Quando não combatida pode gerar osteomielite, bacteremia e septicemia • Fistulas: comunicação anormal entre dois órgãos ou entre um órgão e a superfície do corpo CURATIVOS • Tipos de acordo com: o Natureza o Localização o Tamanho da ferida • Divididos em: o Primários – quando usados em contato direto com o tecido lesado o Secundários – colocados sobre o curativo primário Curativo semi-oclusivo: curativo absorvente, permite exposição ao ar • Feridas cirúrgicas, drenos e feridas exsudativas Curativo oclusivo • Barreira mecânica • Não permite a entrada dear ou fluidos • Impede a perda de fluidos • Promove isolamento térmico e veda a ferida, impede enfisema e formação de crosta Curativo compressivo: reduzir o fluxo sanguíneo Curativos abertos: feridas que não há necessidade de serem ocluídas • Queimaduras de 1° grau • Cortes pequenos
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