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Laís de Campos Bento – 8ª etapa C – Medicina Unicid Gestação que termina antes das 22 semanas contadas a partir do primeiro dia de menstruação ou fetos que ao nascimento tenham peso < que 500g. *Hemorragias que podem ocorrer nas 20 primeiras semanas: abortamento, prenhezes ectópica, doença trofoblástica gestacional, ginecopatia (pólipos, vaginite). *Hemorragias que ocorrem a partir das 20 semanas: placenta prévia, vasa prévia, rotura uterina, sangramento do seio marginal, sangramento ginecológico Classificação quanto à idade gestacional: Abortamento espontâneo/precoce: ocorre nas primeiras 12 semanas de gestação (80%). Causas mais frequentes: cromossomopatias e insuficiência do corpo lúteo (baixa quantidade de progesterona). Abortamento tardio: ocorre entre 13ª-20ª semana. Causa principal: incompetência istmo cervical. Classificação quanto à segurança: Abortamento seguro: feito em local bem-treinado com meios necessários e ambiente adequado. Abortamento inseguro: procedimento de risco para interromper uma gravidez não desejada. Representa a 4ª causa de morte no BR. *HAS materna é a primeira causa de morte no BR. Classificação quanto à periodicidade: Abortamento habitual: que ocorre 3 ou mais vezes na mesma gestante. Causa mais comum: incompetência istmo cervical e síndrome do anticorpo fosfolipídico. Abortamento esporádico: tem como principal causa as anomalias cromossômicas. Fatores fetais: frequencia elevada de anomalias morfológicas e anormalidades cromossômicas, com “ovos cegos”, ou seja, embriões degenerados. Embriões euploides ou aneuploides, com abortamento que ocorre até 13 semanas de gestação. Trissomia autossômica: representa 50% dos abortamentos de causa genética no primeiro tri de gravidez (trissomia do 16, 22, 21). Monossomia do cromossomo X: representa 7-10% dos abortamentos do primeiro tri e 99% dos casos dessa anomalia evoluem para abortamento. Aqui ocorre falta de cromossomo sexual paterno, sem correlação com a idade materna. Tetraploidia: incomuns e raramente a gestação continua além de 3 semanas. Translocações balanceadas: ocorre entre 43-50% dos casais com abortamento recorrente, costuma ser mais comum na mulher. Fatores maternos: Álcool e drogas e tabagismo são fatores de risco para abortamento. Idade materna: com 30 anos de idade a incidência de abortamento é cerca de 15%, com 35 anos a incidência de abortamento é de 20%, com 40 anos a chance de abortar é 40%, com 45 anos a chance é abortar é de 75%. Doença sistêmica: que comprometa significativamente a saúde da gravida. Laís de Campos Bento – 8ª etapa C – Medicina Unicid Infecções maternas: por vírus, bactérias, protozoários se associam ao abortamento. Sífilis relaciona-se com abortamento tardio, óbito fetal intrauterino, parto prematuro e recém nascidos infectados Estado nutricional materno: com IMC abaixo de 18,5 e maior de 25 indicam maior risco de abortamento. Sendo que a relação entre a deficiência de ácido fólico na alimentação de mulheres em fase reprodutiva e anomalias no SNC podem ser a causa de abortamentos tardios. Endocrinopatias: hipotireoidismo, lúpus, DM gestacionais não controlado. Fatores imunológicos: síndrome do anticorpo antifosfolípide Malformações uterinas: anomalia de fusão do ducto mulleriano que favorecem o abortamento e prematuridade Ameaça de abortamento: Condição transitória, de curto período, pode progredir para abortamento em curso ou gestação normal. Aparece quando há aparecimento de sangue e dor, com manutenção das condições cervicais e preservação da vitalidade do produto conceptual. Ao exame ginecológico: pequenas quantidades de sangue em fundo de saco ou sangramento ativo no canal cervical, colo uterino fechado. Ao USG: hematoma subcoriônico, com área de descolamento superior a 40% da área ovular, indica mau prognóstico gestacional. Indica-se repouso no leito para evitar piora do quadro hemorrágico e uso de analgésicos e antiespasmódicos. Não indicado utilizar progestogênicos na ameaça de abortamento. *Orifício interno do colo uterino fechado, sangramento discreto, pouca ou nenhuma dor, com AU de tamanho compatível com IG. *Conduta: repouso relativo, ausência de relação sexual, uso de progesterona ainda não é comprovado. Abortamento inevitável Dilatação cervical ampla com possibilidade de tocar ou visualizar o polo inferior do saco gestacional que se exterioriza no orifício externo do colo. Diagnostico feito pela dilatação cervical com projeção do produto conceptual no canal cervical, permitindo toque digital em seu polo inferior. Conduta: acelerar esvaziamento uterino, reduzir volume e duração de hemorragia, analgesia e diminuir exposição da cavidade uterina à patógenos infecciosos. Se IG <12 semanas: indica-se curetagem ou aspiração a vácuo precedidas por dilatação cervical com velas de Hegar ou misoprostol (derivado de PG) Se IG >12 semanas: drogas ocitócicas até eliminação completa do feto e anexos. *Colo uterino aberto ou fechado, sangramento presente abundante, cólicas de maior intensidade, AU é correspondente à idade gestacional. Abortamento completo Há eliminação completa do conteúdo gestacional, não tem mais material para ovular na cavidade uterina Diagnostico feito pela USG pois permite verificar a quantidade de material remanescente, tamanho uterino e investigação de outros órgãos pélvicos. Abortamento incompleto Quando o orifício do colo interno permanece entreaberto e parte dos tecidos anexiais e embrionário fica retido junto a decídua uterina Abortamento infectado Quando há febre, alteração de FC, comprometimento de estado geral, fluxo genital purulento ou com odor fétido e outras alterações hematológicas e bioquímicas. Costuma ocorrer por tentativas não oficiais de abortamento. Laís de Campos Bento – 8ª etapa C – Medicina Unicid Causada por germes anaeróbios, bactérias gram positivas e negativas, aquelas presentes na vagina. Ao exame ginecológico: colo entreaberto, restos ovulares em decomposição e útero aumentado, amolecido e doloroso. A infecção pode se estender para paredes além útero. Tratamento: estabilização do paciente e ATB antes do esvaziamento uterino. *Sangramento tipo lavado de carne, febre >38°C, orifício interno entreaberto, pode ter sintomas de peritonite, laboratório aumentado (desvio à esquerda, PCR aumentado). *Clindamicina + gentacimina IV →pega anaeróbios e depois misoprostol, e se sobrar anexos →aspiração ou curetagem *Hematúria/ anúria, Hemoglobinúria, cianose peribucal, icterícia = Clostridium perfringens = infecção grave Abortamento habitual Quando ocorre dores abdominais em cólica que aumentam em frequencia e intensidade, hemorragia genital que pode cursar com coágulos, além de possíveis transformações cervicais que avançam até abrir o canal cervical, atingindo o orifício interno. O ovo se mantém no lugar de implantação da decídua. *SAAF e trombofilias congênitas podem ser causa de abortamento habitual. Tratar com anticoagulante antes da pcte engravidar. Abortamento retido Quando o produto conceptual está morto e não é eliminado. Ocorre regressão dos sintomas e sinais gravídicos. Colo uterino fechado, sem sangramento de via vaginal. O USG pode identificar saco gestacional > ou = a 22mm sem embrião (gestação anembrionada) ou embrião sem sinais de vitalidade (aborto retido). Gestação <12 semanas: misoprostol, 1 cp de 200ug viva vaginal e após 4h realiza-se aspiração a vácuo ou curetagem OU 4cp de 200 ug de 12/12h, até o max de 3 doses. *Pode realizar AMIU direto, porque feto ainda não tem osso. Gestação com IG entre 13-17 semanas: 200ug de misoprostol via vaginal de 6/6h até doses. Gestação: com IG entre 18-22 semanas: 100ug de misoprostol via vaginal, de 6/6h, até 4 doses, pode repetir após 24h da última dose se necessário. OBS: semaior que 12 semanas, deve-se misoprostol antes. *Ausência de sangramento, dor, febre. Laís de Campos Bento – 8ª etapa C – Medicina Unicid Perda fetal que ocorre no segundo tri da gestação decorrente da insuficiência do sistema de oclusão do colo uterino. Costuma ocorrer dilatação cervical indolor, ausência de sangramento, protrusão de membranas, seguida de expulsão fetal, as vezes com o feto ainda vivo. Representa de 10-20% dos abortamentos. →Dilatação, curetagem, laceração cervical pós parto ou pós abortamento, amputação do colo, útero bicorno podem ser etiologias desta condição. Pode ocorrer também por origem congênita, por alteração de colágeno. →Diagnóstico é feito por histerossalpingografia fora da gestação, no período da fase lútea ou a falta de resistência à passagem pelo colo uterino de vela Hegar nº8, na segunda fase do ciclo. →Na gestação o diagnóstico é feito por USG transvaginal, sendo avaliado o comprimento do colo, forma do canal cervical e presença de protrusão de membranas amnióticas(sinal de dedo de luva). →Tratamento é feito pela cerclagem cervical, via vaginal. Pode ser profilática se ocorre antes da cervicodilatação, entre 12-16 semanas de IG. Cerclagem de emergência ocorre no segundo tri de gestação em pcte com modificações do colo uterino, dilatado >2cm, esvaecimento cervical e membranas amnióticas protrusas, não deve ultrapassar 26ª semana de gravidez. *Pontos são retirados quando feto estiver com 36-37 semanas e quando houver rotura prematura de membranas. Laís de Campos Bento – 8ª etapa C – Medicina Unicid →Suas complicações são: afrouxamento de sutura, amniorrrexis prematura, corioamnionite, trabalho de parto prematuro e cesárea. Nas primeiras semanas, o conteúdo uterino a ser eliminado, mais importante é a decídua parietal (ovo nidado), que é impossível de ser reconhecido a olho nu. O embrião e anexos são expulsos no sangue, semelhante a menstruação. No segundo mês: eliminação completa da decídua, embrião e anexos, podendo ocorrer de maneira parcial, com restos e coágulos. No terceiro mês: entre 8-12 semanas: eliminação completa de todo material embrionário, sangramento em maior quantidade e há a possibilidade de retenção de restos anexiais. Abortamento legal Permitido no Brasil em caso de: a. Gravidez de risco a vida da gestante b. Gravidez resultante de violência sexual c. Anencefalia fetal Não é necessário autorização judicial ou B.O para realizar o abortamento legal. Quais são os documentos necessários para realizar o aborto nos casos de violência sexual? Todos os documentos necessários para a realização do aborto nos casos de violência sexual serão colhidos no Hospital no qual o procedimento será realizado. São documentos nos quais a mulher opta pelo aborto e se responsabiliza pelos fatos narrados à equipe médica enquanto verdadeiros. Ainda são necessários um parecer técnico do/a médico/a que ateste a compatibilidade de da idade gestacional com a data da violência sexual relatada e um termo que aprove o procedimento de interrupção da gravidez. (Portaria MS/GM n° 1.508/2005 do Ministério da Saúde) . Não é necessário apresentar para o hospital um Boletim de Ocorrência Policial, Laudo do Instituto Médico Legal ou Autorização Judicial. 1) (UFF - 2009) Gestante, 16 semanas, evolui com abortamento espontâneo. Durante o processo de abortamento, não apresenta cólicas e/ou sangramentos. O diagnóstico mais provável é: a) deficiência hormonal b) Anormalidade do ovo c) Incompetência istmocervical d) Hipoplasia uterina e) Implantação baixa de placenta 2) (UFF - 2010) Considera-se causa de abortamento tardio com tendência à repetição: a) Ingestão abusiva de cafeína b) Anomalia cromossômica Laís de Campos Bento – 8ª etapa C – Medicina Unicid c) Infecção congênita d) Insuficiência istmo cervical 3) (UFG - 2010) A idade materna, como fator etiológico de abortamento, segundo Jorge de Rezende (2002), é: a) pouco importante, pois o risco de abortamento aumenta discretamente com o aumento da idade b) Pouco importante, pois o risco de abortamento diminui após os 30 anos. c) Muito importante, pois o risco de abortamento acentua-se progressivamente entre 35-39 anos e continua a aumentar após essa faixa etária d) Muito importante, pois o risco de abortamento começa a aumentar após os 45 anos. 4) (UFPR - 2011) Gestante no 1º trimestre de gravidez apresenta hemorragia genital leve, associada a dor tipo cólica em baixo ventre. O exame toco ginecológico revela colo uterino impermeável, presença de secreção sanguínea discreta em cavidade genital e, ao toque bimanual, a matriz uterina é concordante com o tempo de amenorreia. Este quadro clinico é sugestivo de: a) abortamento retido b) abortamento completo c) Abortamento inevitável d) Ameaça de abortamento e) Abortamento incompleto 5) (UFPE - 2008) No abortamento séptico, com infecção por Clostridium welchii, observa-se: A) hemoglobinúria, icterícia cianótica, crepitação uterina B) Odor fecaloide, tromboembolismo séptico, hematúria C) Hemoconcentração, insuficiência renal e hepática D) Tromboembolismo pulmonar, Coagulopatia, insuficiência renal 6) (PUC-RS - 2010) Gestante 16 semanas refere sangramento vaginal em pequena quantidade, sem outras queixas. Há antecedentes de duas curetagens uterinas por abortamento retido. O exame revela feto com vitalidade e ausência de contrações uterinas. O exame especular identifica a bolsa amniótica protrusa na vagina e leve sangramento fluido pelo colo. Toque vaginal evidencia 5cm de dilatação cervical. Qual o diagnóstico mais provável? A) trabalho de parto prematuro B) Incompetência istmocervical C) Ameaça de aborto D) Abortamento retido E) E) Placenta prévia 7) (UFRJ - 2009) Cynara, 30 anos, gesta II para I, hipertensa e diabética tipo I. Está na 8ª semana de gestação e apresenta sangramento de pequena quantidade e cólicas discretas há 3 dias, que cessaram hoje de manhã. A ultrassonografia realizada há 2 semanas evidenciou gestação tópica com embrião de 6 semanas e batimento cardíacos presentes. A exame especular apresenta sangramento vaginal muito discreto e, ao toque, útero aumentado de tamanho (+ ou - 10 cm) e colo fechado. A provável medicação é? A) sulfato de magnésio B) Nifedipino C) Salbutamol D) Butilbrometo de escopolamina 8) (UERJ - 2010) Jovem de 17 anos é admitida no hospital com diagnóstico ultrassonográfico de gestação de 16 semanas e BCF negativo. Queixa-se de dor abdominal tipo cólica, associada a sangramento transvaginal discreto ao toque observa-se orifício interno dilatado 2-3 cm. A conduta recomendada neste caso é indicar: A) microcesárea B) Curetagem uterina C) Ocitocina intravenosa Laís de Campos Bento – 8ª etapa C – Medicina Unicid D) Aspiração manual intrauterina 9) (Hospital da Cruz Vermelha - 2011) Mulher de 27 anos, G4 P2 A1, apresenta história de atraso menstrual de 12 semanas. Há 1 hora apresentou sangramento vaginal e cólica de forte intensidade. Ao exame físico, apresenta-se descorada 2+/ 4+, pressão arterial de 90/60 mmHg e pulso de 100 bpm. Ao exame especular, foi observado saída de moderada quantidade de sangue com coágulos e sangramento ativo pelo canal cervical. Ao toque, o colo era amolecido e pérvio para uma polpa digital e o útero aumentado de volume cerca de uma vez e meia. O diagnóstico e conduta corretos são, respectivamente: a) gravidez ectópica rota e laparotomia exploradora b) doença trofoblásticas gestacional e curetagem uterina c) abortamento evitável e administração de progesterona d) Sangramento uterino disfuncional e estrogênio endovenoso e) abortamento inevitável e aspiração manual intrauterina 10) (SES-SC) Gestante de 9 semanas chega à maternidade queixando-se de cólicaem baixo ventre e sangramento vaginal. Ao exame apresenta BEG, temperatura axilar de 38,2ºC, frequência cardíaca de 110 bpm, PA 120x70 mmHg, abdome flácido, pouco doloroso à palpação, sem sinais de irritação peritoneal e toque com colo prévio, doloroso a mobilização, útero com volume compatível à idade gestacional e sangramento discreto com odor fétido. Qual o diagnóstico provável e seu manejo inicial? A) aborto infectado. Tratamento com antitérmico e histerectomia. B) Aborto em curso. Tratamento com esvaziamento uterino. C) Aborto retido. Tratamento com misoprostol vaginal e posterior esvaziamento uterino. D) Aborto infectado. Tratamento com antibioticoterapia endovenosa, antitérmico e esvaziamento uterino. E) Aborto em curso. Conduta expectante com realização de exame ultrassonográfico em uma semana. Resposta: C, D, C, D, A, B, D, C, E, D
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