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Fotomorfogênese Roteiro: 1- Introdução 2- Comparação entre fotossíntese e fotomorfogênese 3 - Os fotorreceptores 4 - Descoberta do Fitocromo 5 - Ação do Fitcocromo 6 – Processos controlados pelos fitocromos 7 – Papel Ecológico dos fitocromos As plantas podem perceber gradientes de luz e diferenças sutis na composição espectral, podendo detectar se estão sombreadas, sob luz plena ou no ínício ou final do dia. Os conteúdos informativos presentes na luz podem ser utilizados de diferentes maneiras pelas plantas, modificando seu crescimento, forma e reprodução. As ações biológicas da luz, sem incluir a fotossíntese são resumidas na figura abaixo. Vários fenômenos fisiológicos de plantas são controlados pela luz. Muitos dependem das propriedades físicas da luz como direção, intensidade (μmol de fótons m-2), qualidade (comprimento de onda presenta na radiação) e periodicidade (fotoperíodo). A fotomorfogênese é o desenvolvimento influenciado pela luz. A primeira influência da luz nas plantas que se pode lembrar é a fotossíntese, mas a fotomorfogênese é um processo muito diferente. A planta pode perceber vários tipos de sinais da luz e modificar seu corpo ou seu metabolismo em função destes sinais. A capacidade de perceber a luz e responder a ela é escpecialmente importante para as plantas por serem organismos sésseis. O quadro abaixo mostra diferenças entre fotossítese e fotomorfogênese ATP e NADPH Processo Característica importante da luz Mecanismos envolvidos Resultado Fotossíntese Energia Absorção (pig. fotoss.) ressonância, transporte de elétron, grad. de pH Fotomorfogênese Direção, qualidade, horário, presença ou ausência, duração do dia Absorção por fotorreceptores e via de transdução de sinais Germinação, fototropismo, escape à sombra, florescimento, tuberização, senescência etc. Fotossíntese vs Fotomorfogênese No fototropismo a planta cresce para o lado com mais luz. Na sombra as plantas podem se alongar até serem iluminadas pelo sol pleno. Alguma sementes só germinam na presença de luz, enquanto outras germinam predominantemente no escuro ou na sombra. Algumas plantas só florescem quando o dia é menor ou maior que um certo valor crítico. Os cloroplastos podem se movimentar dentro das células para absorverem mais luz quando existe pouca luz e também podem fazer o oposto, ou seja, se movimentarem para evitar exposição excessiva de luz, quando o ambiente está plenamente ilunimado. Todos este exemplos são casos de fotomorfogênese. Em todos eles existem moléculas fotorreceptoras que percebem o sinal da luz e desencadeiam uma via de transdução de sinais que ao final levará à mudança na planta. Ao absorver seletivamente diferentes comprimentos de onda, o receptor “lê” o conteúdo informativo da luz e o transforma em uma ação primária no interior das células. A maior parte das respostas fotomorfogênicas de plantas superiores parece estar sob controle de quatro classes de fotorreceptores: fitocromos, criptocromos, fotorreceptores de luz na banda UVB e fototropinas. Nesta aula será mostrada uma introdução ao tema da fotomorfogênes com ênfase em um dos mais conhecidos sistemas de percepção da luz que é o dos fitocromos. As ações dos fitocromos serão apresentadas no contexto da histórico da descoberta destes pigmentos. Fitocromos e criptocromos estão envolvidos na maioria dos processos fotomorfogênicos em plantas. O próximo quadro exemplifica alguns processos nos quais diferentes fotorreceptores estão envolvidos Fotorreceptores - Exemplos de Ações Fitocromos - Germinação, florescimento, desestiolamento Fototropinas - Fototropismo, controle estomático Zeaxantina - Controle estomático Criptocromos - Sincronização do relógio interno Fotorreceptor UV-B - Síntese de fotoprotetor UV-B e lignina Protoclorofilídeo a - precursor da clorofila Fitocromos absorvem principalmente vermelho (650-680 nm) e vermelho-extremo (710-740nm) Criptocromos tem picos máximos de absorção no azul (425-490nm)e na banda UVA ( 320-400nm) Fotorreceptores de luz na banda do UVB - absorvem principalmente em ultravioleta B (280-320nm) Fototropinas absorvem principalmente na luz azul (400-500nm). A próxima figura mostra os comprimentos de onda e fotorreceptores envolvidos IVVisívelRaio- X FitocromosCriptocromosFitocromos UVBFotorreceptor UV-B Criptocromo e Fototropina Fitocromos Fitocromo Sementes podem ser divididas em fotoblásticas positivas (germinação estimulada pela luz) ou fotoblásticas negativas (germinação inibida pela luz). Em 1030, Flint e McAlister demonstraram que sementes fotoblásticas positivas de alface apresentavam máxima germinação ao serem irradiadas com luz vermelha (V) e germinação inibida sob luz vermelho-extrema (VE). A partir de 1950 a compreensão dos efeitos da luz sobre o desenvolvimento de plantas progrediu rapidamente através de estudos de H.A Borthwick e S.B. Hendricks sobre o espectro de ação (gráfico que correlaciona diferentes comprimentos de onda do espectro eletromanético à respostas fotobiológicas) Que molécula é e qual a origem do fitocromo Fv???? É uma proteína solúvel com peso molecular de aproximadamente 250 Kda, é um dímero de duas subunidades, cada uma composta por dois componentes: um pigmento que absorve a luz denominado de cromóforo e uma cadeia polipepitídica denominada apoproteína. Nas plantas o cromóforo do fitocromo é é um tetrapirrole linear chamado de fitocromobilina. Em relação à síntese do fitocromo vermelho, o cromóforo é sintetizado nos plastídeos em uma rota que deriva da biossíntese da clorofila e as subunidades proteicas são sintetizadas no citoplasma. A junção dos dois (cromóforo+apoproteína) ocorre espontaneamente sem a demanda de um cofator. O fitocromo é mis abundante em plântulas estioladas e uma grande parte dos estudos tem sido realizados com fitocromos extraídos de tecidos aclorofilados. Os estudos também tem evidenciado a existência de dois tipos de fitocromo: Fitocromo tipo I e Fitocromo tipo II, ambos com propriedades distintas. Fitocromo Tipo I Fitocromo Tipo II Em plântulas de ervilha crescidas no escuro o fitocromo tipo I é 9 vezes mais abundante que o tipo II enquanto em plântulas crescidas na luz as quantidades dos dois tipos são muito próximas. Os fitocromos possuem suas expressões controladas por uma família multigênica denominada de PHY (PHYA, PHYB, PHYC, PHYD e PHYE). A classificação para tipo I e tipo II é em função do padrão de expressão, o gene PHYA é o único que codifica o fitocromo tipo I. Esse gene só é transcrito em plântulas crescidas no escuro, sendo sua expressão fortemente inibida na luz. O RNA mensageiro do PHYA é altamente instável sendo rapidamente degradado em presença de luz. A quantidade da proteína phyA também é regulada pela destruição da proteína por intermédio do sistema ubiquitina. Os demais genes PHY (B,C,D e E) codificam o fitocromo tipo II que são detectados tanto em plântulas estioladas tanto em plantas crescidas na luz pois o RNAm e a proteína codificada pelo PHYB não são alterados significativamente pela luz, sendo mais estáveis. O espectro de ação mostra como cada um dos comprimentos de onda afeta quantitativamente eventos como germinação de sementes fotoblásticas, taxa de alongamento do caule e percentual de plantas induzidas a florescer. Com os estudos, foi concluído que o espéctro de ação era o mesmo nesses três fenômenos e foi levantadaa hipótese de que um único pigmento era responsável pelo seu controle. Posteriormente foi descoberta a fotorreversibilidade dos sistemas (efeitos da luz vermelha (V) poderiam ser revertidos por aplicação de luz vermelho-extrema (VE) e vice-versa). Um exemplo da fotorreversibilidade é demonstrado na tabela abaixo através de dados de germinação de sementes de alface submetidas atratamentos sucessivos com irradiação de luz vermelha e vermelho-extremo. Mas como explicar os resultados obtidos dos estudos com os lampejos de luz???? Duas possíveis hipóteses para explicar tal situação: 1) a existência de dois pigmentos envolvidas nas respostas, sendo um que fosse ativado sob vermelho e outro que fosse ativado sob vermelho extremo; 2) um único pigmento que pudesse existir em duas formas interconversíveis sob vermelho e vermelho extremo. O modelo 2 foi o adotado ainda que o mais audacioso por não haver relatos precedentes de pigmentos fotoreversíveis, sendo alguns anos mais tarde comprovada através de extratos vegetais a característica única de fotoreversibilidade do pigmento. As duas formas do fitocromo presentes nas plantas são: Fv – fitocromo vermelho, forma inativa biologicamente, e Fve – fitocromo vermelho extremo, forma biologicamente ativa. Plantas estioladas (crescidas no escuro) o fitocromo está presente na forma inativa (Fv) porque ele é sintetizado nessa forma. A fotoreversibilidade é a característica mais distinta dos fotocromos (veja o slide seguinte com o resumo da fotoreversibilidade). Outra característica muito importante dos fitocromos é que quando o Fv é exposto a luz vermelha a maior parte absorverá a luz e será convertido a Fve, mas alguns fitocromos na forma Fve também absorvem a luz vermelha e retornam à forma Fv. Sendo assim, a proporção de Fve/Fv após saturação de luz vermelha é de 85% e 15% respectivamente. De maneira semelhante, o Fv também absorve uma parte de luz vermelha extrema e se converte a Fve, perfazendo uma proporção de 97% e 3% respectiva de Fv/Fve sob luz saturante de vermelho extremo, sendo denomindo de estado fotoestacionário do fitocromo (veja o gráfico dois slides à frente). Sendo assim, uma hipóstese postulada e aceita: O mesmo pigmento pode ser fotoconvertido para duas formas e uma delas é a ativa (Fve) A fotoconversão de Fv a Fve é induzida por comprimento de onda no vermelho e por luz azul e a reversão de Fve a Fv é induzida por comprimento de onda no vermelho-extremo e também pelo escuro. A forma fisiologicamente ativa é Fve, que é muito instável e promove eventos fisiológicos ou luz vermelha 660nm Luz vermelha extrema 730 nm ou Fv Luz vermelha extrema 730 nm Fve Luz vermelha 660nm Forma Fv ou Fve: mudanças conformacionais Luz saturante vermelha 660nm: 85% Fve Luz saturante vermelho distante 730nm: 97% Fv O phyA (Fve) é instável em presença de lu e depois de um pulso saturante sofre rápida degradação proteolítica. A figura abaixo apresenta um resumo esquemático da fotoconversão de Fv a Fve e dos pricessos de desenvolvimento regulados por phyA e phyB Para facilitar o entendimento as respostas induzidas pelos fitocromos são agrupadas em dois tipos: 1) eventos bioquímicos rápidos e 2) alterações morfológicas lentas incluindo movimentos e crescimento. As respostas que afetam a planta toda classificam-se em vários tipos e dependem da quantidade e duração da luz requerida bem como no seu espectro de ação. A quantidade de luz refere-se à fluência que é o número de fótons que incide em uma unidade de superficie sendo expressa em mol m-2.. Adicionalmente as respostas dos fitocromos podem ser induzidas pela irradiância ou taxa de fluência da luz expressa em mol m-2 s-1. Respostas ao Fitocromo dependem da quantidade de Luz: Resposta de Fluência Muito Baixa (RFMB) 0,1 a 50ηmol m-2 - 0,02% de Fve Não apresenta reversão por VE. PHYA Ex. inibição do alongamento do mesocótilo Resposta de Fluência Baixa (RFB) 1 a 1000µmol m-2 – Com reversão por VE. PHYB Ex. Germinação, florescimento Resposta de Irradiância Alta (RIA) Requer exposição prolongada a luz de irradiância alta - Não apresenta reversão por VE. PHYB Ex. síntese de antocinanina Classificação da Plantas quanto ao Fotoperíodo Plantas de Dias Curtos (PDC) – são espécies que florescem em fotoperíodos menores que um máximo crítico. Plantas de Dias Longos (PDL) – são espécies que florescem em fotoperíodos maiores que um mínimo crítico. Plantas de Dias Neutros ou Fotoneutras (PDN) – espécies que florescem em uma ampla faixa de variação de fotoperíodo. Plantas Intermediárias (IM) – Plantas que florescem entre 12 a 14 h e tem reprodução inibida acima e abaixo destes valores de fotoperíodo. Plantas de dias curtos seguidos de longos – evitam redundância obs: fotoperíodo é o número de horas de luz do dia Muitos trabalhos no início dos estudos sobre fotoperiodismo foram baseados no estabelecimento de qual fator do ciclo luz-escuro é o controlador do florescimento. Resultados mostraram que o florescimento de plantas de dias curtos é determinado predominantemente pela duração do escuro. Os estudos provaram que é possível induzir o florescimento de plantas de dias curtos com períodos de luz maiores que o valor crítico, provendo as plantas com noites suficientemente longas. No entanto, plantas de dias curtos não florescem quando submetidas a dias curtos seguidos por noites curtas. Sendo assim, plantas de dia curtos exigem noites longas – não adianta reduzir o dia se a noite não for longa. O que interessa na maioria das plantas é o comprimento da noite: PDC é na realidade uma planta de noite longa PDL é na realidade uma planta de noite curta Planta de dia curto - a interupção da noite longa inibe florescimento, mas a interupção do dia no meio do dia não é percebida como dia curto O manejo do fotoperíodo, para o controle do florescimento e bulbificação, é usado por diversos produtores agrícolas. Na foto podemos ver uma cobertura preta que é usada para cobrir as plantas antes do final do dia, encurtando assim o fotoperíodo. Esta redução artificial do fotoperíodo é usada, por exemplo, para induzir florescimento em crisântemo. Nesta cultura também se usa lâmpadas que são ligadas no meio da noite para manter o crisântemo na fase vegetativa até que tenha o tamanho desejado,ou até que chegue a data certa de inciar a indução do florescimento para que a colheita ocorra em data desejada, como ocorre no dia finados. (Razão Zeta) = (relação V / Ve) = Fluência de fótons a 660 nm Fluência de fótons a 730 nm • Ambiente possui Razão zeta ζ = V/VE • • Planta possui Razão Fi Φ = Fve/(Fve+Fv) Ainda que muitos dos estudos sobre os fitocromos sejam conduzidos em laboratório, eles exercem um papel Ecológico importante para as plantas que estão no ambiente. Como as plantas percebem e respondem a sombra de outras plantas e como o fitocromo participa na regulação de vários ritmos diurnos. A existência da fotorreversibilidade do fitocromo já é um indício que distintos comprimentos de onda da luz fornece uma informação que auxiliam as plantas em sua adaptação ao seu ambiente. Quais as condições ambientais alteram os níveis desses dois comprimentos de onda em uma radiação de luz natural???? FOLHAS DAS PLANTAS ALTAS ZETA ALTO ZETA BAIXO V VE Na sombra das plantas o zeta é reduzido porque as folhas de cima absorvem muito a luz Vermelha (clorofilas) e deixam passar a luz Vermelha Extrema. Consequentemente, as plantas que estão na sombra possuem um Fi menor pois a maior porção de Vermelho Extremo converte o fitocromo para Fv. A figura mostra escape da sombra por plantas submetidas a diferentes zetas As plantas de sombra geralmente não respondem ao zeta baixo, pois são adaptadas à sombra. As plantas de sol apresentam crescimento do caule estimulado pelo zeta baixo. Na figura se observa o estado fotoestacionário do fitocromo que é maior nas plantas sob sol pleno e diminiu na sombra de plantas, em função da razão v/ve.
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