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Avaliação de Fenomenologia e Racismo

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Curso: Psicologia 
Unidade Física: Urbanova 
Turno: Matutino
Turma: Psic-6UNA
Sala: atividade remota
	Disciplina: Técnicas em Psicologia Humanista-Fenomenológica-Existencial
Professor: Carine N Sawtschenko
Avaliação: 2º bimestre
Data: 26/11/2020
Horário: 19:00 – 22:40
	Alunos: João Pedro Ruggieri e Thiago Cotrim Pugliesi
	Matrículas: 01810855 e 01810951
	Valor da prova: 8,0
	
	
Instruções: A avaliação deverá ser realizada em grupo de no máximo 3 alunos. O prazo para envio da tarefa é 23h59 do dia 26/11, no AVEA. A avaliação deverá ser entregue em PDF; texto em WORD não será considerado. Somente um aluno deverá enviar a avaliação. Os alunos deverão sinalizar a composição dos grupos para a representante de turma. Poderão realizar consultas. Contudo, qualquer cópia parcial ou integral de textos sem a devida citação da fonte é caracterizado plágio e resultará em nota zero na avaliação. Atenção a clareza do enunciado Boa prova!
“Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir”
Alice Ruiz Schneronk / Arnaldo Filho
Questão 1 
“João Alberto Silveira Freitas, um homem negro de 40 anos, morreu na noite de ontem após ser agredido por dois seguranças - um deles PM temporário, fora de serviço - no supermercado Carrefour, na zona norte de Porto Alegre, às vésperas do feriado da Consciência Negra. Os agressores foram presos, suspeitos de homicídio doloso”
Fonte: < https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2020/11/20/video-mostra-homem-sendo-e-espancado-por-segurancas-do-carrefour-no-rs.htm Acesso em 25 nov 2020 >
(4,0) A partir do enunciado, construa um texto refletindo a questão do racismo estrutural no Brasil associada aos conceitos daseinsanalíticos verificados em sala, especialmente ao conceito corporeidade. 
(No mínimo, 20 linhas)
Conforme é afirmado por Martin Heidegger em sua obra O Ser e o Tempo, o Dasein consiste em um ser inserido no mundo cujos objetos já foram dispostos anteriormente ao seu próprio nascimento, formando, assim, as diversas possibilidades de ser. No entanto, percebe-se um esforço por parte dos demais seres-no-mundo de inibirem as possibilidades de emancipação da população negra. Desde o século XVI as pessoas de pele preta são marginalizadas, bestializadas e tratadas como sendo inferiores pelas de pele branca. Mesmo com a abolição do sistema escravista em 13 de maio de 1888, o modo de ser do negro brasileiro continuou sendo marginal. Os agora ex-escravos se viram não só como desempregados, mas também como sem terras; desta forma, muitos negros libertos não tiveram outra escolha a não ser continuar se sujeitando aos maus tratos dos latifundiários para obter o mínimo de subsistência. Aqueles que optaram por se afastar das fazendas cafeicultoras, foram habitar os morros no Rio de Janeiro, formando, assim, as primeiras favelas.
Na canção "Olhos Coloridos" Sandra de Sá narra a concepção de mundo de uma pessoa negra no Brasil nas décadas pós-ditadura militar. No verso "Você ri da minha roupa; você ri do meu cabelo; você ri da minha pele; você ri do meu sorriso" a cantora torna explícitos os estigmas depositador por sobre o indivíduo negro em uma sociedade que não faz questão de mascarar o próprio racismo. No entanto, no verso seguinte, Sandra faz a seguinte afirmação: "A verdade é que você; tem sangue crioulo; tem cabelo duro; Sarará crioulo". Em outras palavras, a música traz à tona o passado histórico do brasileiro, que é fruto da miscigenação entre brancos e negros. Uma vez que "sarará" é um termo utilizado em certas regiões do Brasil para se referir à filhos de brancos e negros cujos cabelos são encaracolados. Ou seja, a música tem por objetivo debater a falta de percepção de si por parte de um determinado grupo social que não se reconhece como sendo negro e reproduz a disparidade étnica implantada por séculos de períodos escravocratas.
Partindo dessa noção, o contexto racial do Brasil evidencia a importância da corporeidade dentro da compreensão do dasein. Façamos um breve exercício reflexivo no qual as disparidades sociais não existam mais e todos tenhamos as mesmas condições, mesmo dentro deste universo utópico ainda existiria uma questão que reforçaria a diferença entre os seres, os corpos que estes possuem, a sociedade brasileira se constituiu de uma forma na qual o simples fato de uma pele ser preta, a torna merecedora de suspeita e precaução.
Essa constituição surgiu e até hoje se consolida através de discursos racistas, reforçados também, mas não somente pela mídia popular, pequenos exemplos como o uso da palavra "traficante" quando o infrator é um jovem negro e "jovem vendia drogas" quando se trata de um jovem branco, reforçam o imaginário popular, criando assim essa falsa noção marginal da população preta brasileira.
Conclui-se, dessa forma, que mesmo com o Dasein sendo imerso em uma vastidão de possibilidades de existência, existe uma série de fatores que impossibilitam uma equidade para população negra. A dificuldade de emancipação é um projeto criado para manter as relações de trabalho estáveis, conforme dito por Jessé Souza em seu livro A Elite do Atraso: da escravidão a Bolsonaro (2019). Em resumo, faz-se uso de uma frase dita por Marx (2010) em sua Crítica da Filosofia do Direito de Hegel para afirmar que a construção da realidade social seja feita de forma que a população negra encontre dificuldades em sua percepção de abertura existencial: “Não basta que o pensamento procure se realizar; a realidade deve compelir a si mesma em direção ao pensamento”.
Questão 2
“Eu não sou quem eu gostaria de ser; 
eu não sou quem eu poderia ser, ainda, 
eu não sou quem eu deveria ser. Mas graças a Deus eu não sou mais quem eu era!“
Fonte: < https://citacoes.in/citacoes/581395-martin-luther-king-junior-eu-nao-sou-quem-eu-gostaria-de-ser-eu-nao-sou-que/ Acesso em 25 nov 2020 > 
(4,0) A partir do enunciado, construa um texto refletindo a questão da temporalidade e seu desdobramento clínico para a Daseinsanalyse . 
(No mínimo, 20 linhas)
A temporalidade pode ser entendida como a percepção do sujeito como sendo ele próprio um ser imerso em um oceano de diversas possibilidades de existências; mas esta percepção só ocorre quando o homem se depara com sua própria finitude.
A temporalidade é a principal ferramenta utilizada pelo homem na busca do caminho da existência autêntica ou própria. Dessa forma, temos uma estrutura extática bem definida e que nos põe cara-a-cara com as características do Dasein: o advir é o poder-ser, o retrovir é o ser lançado e o apresentar é o estar junto aos entes, ou seja, é o ser-com. [...] É através de sua movimentação, de seu exercitar, que finalmente nos imporemos à frente da nossa própria subjetividade. (BARBOSA, 2014, p. 3)
Quando um paciente chega ao seu consultório trazendo questões sobre sua vida, essas questões são perpassadas por acontecimentos, tanto recentes quanto antigos, é dentro de tal percepção que podemos aproximar a teoria da prática, um paciente que se diz limitado por questões de sua infância tem uma falsa noção de sua realidade, uma espécie de limitação auto infligida que desconsidera sua atual gama de possibilidades. Cabe então ao processo clínico desdobrar tal noção, elucidando que apesar do peso, importância ou até mesmo trauma de tal experiência aquele indivíduo está inserido em uma realidade finita, perpassada pelo tempo e que o ser que vivenciou aquelas questões não é o mesmo ser que fala sobre elas, quase que numa citação à Cazuza "o tempo não para" e consequentemente nós não paramos.
Os seres estão sempre sofrendo influências dos locais nos quais foram concebidos; suas formas de pensar e agir é uma constante repetição daquilo que foi interpelado em suas psiques e estruturado pelos mais diversos significantes construídos em suas relações sociais. No entanto, o objeto mais Real que ao qual ele está sujeito é o tempo. O tempo funciona tal qual o rio de Heráclito; ele está sempre fluindo, sempre alterando as possibilidades. Cabe ao sujeito decidir se almejaseguir com o fluxo ou tentar nadar contra a correnteza.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Bruno Thompis Alves Siqueira. TEMPO E TEMPORALIDADE EM HEIDEGGER A PARTIR DA ÓTICA DE BENEDITO NUNES. 2014. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/nesef/article/view/54685. Acesso em 26 nov. 2020.
MARX, Karl. Crítica da Filosofia do Direito de Hegel. Boitempo Editorial: São Paulo. 2010. Disponível em: http://www.afoiceeomartelo.com.br/posfsa/autores/Marx,%20Karl/Critica%20da%20Filosofia%20do%20Direito%20de%20Hegel.pdf. Acesso em 26 nov. 2020.

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