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Anestésicos locais e bloqueios regionais “Conseguindo o máximo com o mínimo.” - Primeiro relato em 1858 alemão Albert Nieman > cocaína; - 1884 Carl Koller > cirurgia nos olhos com cocaína; - Cocaína – sintetizou > benzocaína – procaína; - A partir de 1943 > anestésicos locais do grupo amida. - 1943 – Lidocaína > mais utilizada hoje; - 1959 – Mepivacaína; - 1957 – Bupivacaína; - 1959 – Prilocaína; - 1971 – Etidocaína; - 1974 – Artidocaína; - 1989 – Ropivacaína; - 1999 – Levobupivacaína. - Ropivacaína e Levobupivacaína são S-enantiômeros da Bupivacaína. Mecanismo de ação - Bloqueiam a geração e a condução do impulso nervoso de forma reversível, impedindo a entrada rápida de sódio para o interior do axônio; - Anestésico local inibe o potencial de ação > bloqueio sensitivo, motor e simpático. - Grupo aromático > hidrofobicidade; - Amina > velocidade de início e potência do fármaco; - Éster ou amida > duração de ação e efeitos colaterais. Progressão anatômica do bloqueio funcional. - Fibras mielinizadas > fibras A; - Fibras não mielinizadas; - Anestésico local começam a fazer a sua atuação nas fibras de menores calibres. - Bloqueia primeiro simpático, depois sensitivo, e depois motor; - Quando chega no bloqueio motor, não sente mais dor. Farmacocinética - Além de atuarem no local de ação, também são absorvidos sistemicamente; - Ou seja, também é absorvido pela circulação sanguínea; - A quantidade que penetra e a potência estão relacionadas com a toxicidade; - Cuidado com doses tóxicas dos anestésicos locais. Toxicidade - A quantidade que penetra e a potência; - Vascularização local; - Concentração do fármaco; - Adição de um vasoconstritor > efeito mais duradouro. Estratégias de combate a dor - Infusão contínua intravenosa > anestesia em equinos, principalmente; - Bloqueio regional; - Bloqueio regional periférico com infusão contínua. Complicações usuais - Toxicidade sistêmica; - Infecções nos locais de punção > previne-se facilmente utilizando as técnicas de assepsia. Sintomas de um paciente intoxicado: - Letargia, sonolência, diminuição dos movimentos e tônus muscular, queda de FR e da PA; - Convulsões; - Movimento tônico-clônico; - Apneia, hipóxia e cianose; - Hipotensão; - Arritmia; - Parada cardiorrespiratória. - Não tem reversor > trata os sintomas. Anestesia regional - É a deposição de anestésico local em um grupo de nervos que formam um plexo ou em um nervo causando dessensibilização de uma extensa área (FANTONI, 2002). - A eficiência das técnicas regionais é diretamente proporcional à possibilidade de deposição da solução anestésica o mais próximo possível do elemento que se deseja bloquear (RODRIGUEZ ET AL. 1996). Técnica proximal. Por que utilizar um bloqueio regional periférico se existe a anestesia geral? Há alguma vantagem sobre a anestesia geral? R: Anestesia geral é depressor do sistema cardiovascular. Intuito é sempre diminuir a CAM. Quando se faz um bloqueio locoregional, consegue-se diminuir ou quase zerar a anestesia, paciente fica apenas dormindo, em plano anestésico superficial. Vantagens dos bloqueios regionais - Pode ser utilizada em pacientes de alto risco e idosos, obtendo-se grande sucesso quando há indicação; - Analgesia trans e pós-operatórias de forma eficaz, gerando conforto, bem-estar, alta hospitalar mais precocemente aos nossos pacientes; - Redução da utilização de opioides trans e pós-operatórios, minimizando assim os efeitos colaterais causados por eles; - Relaxamento o qual facilita o procedimento operatório e reduz sua duração; - Menores custos em relação à anestesia geral. Benefícios das anestesias regionais Relaxamento muscular: - Qualidade da cirurgia; - Menor trauma cirúrgico; - Duração da cirurgia. Analgesia perioperatória: - Maior controle da anestesia; - Analgesia pós-operatória; - Alta hospitalar. - Menores índices de morbidade e mortalidade quando comparados aos da anestesia geral. Anestesia epidural Modalidades Anestesia epidural propriamente dita: - Anestésico local (ou associado com opioides). Analgesia epidural: - Analgésicos opioides; - Cetamina; - Alfa-2 agonistas. Indicações - Adjuvante da anestesia geral; - Procedimentos cirúrgicos em membros, aparelho gênito-urinário; - Não utilizar em cirurgias de abdome e tórax > epidural anestesia parte inferior do abdome - Analgesia. Vantagens - Emprego de menor quantidade de anestésicos; - Recuperação e alta precoces; - Maior grau de relaxamento muscular quando há bloqueio motor; - Baixa morbidade e mortalidade; - Baixo custo; - Menor depressão cardiovascular; - Menor estresse cirúrgico. Desvantagens - Tempo limitado > não pode ficar reaplicando; - Necessidade de sedação > anestesia; - Bloqueio motor prolongado; - Não alcança grau de bloqueio desejado. Considerações - Pacientes tranquilos; - Relação custo-benefício; - Intimidade com a técnica; - Cirurgião deve estar de acordo com a anestesia. Monitorização - Anestésicos locais causam importantes efeitos adversos. Doses - Lidocaína (1 ou 2%) – dose média: 5mg/kg (1ml/4,5kg 2%); - Bupivacaína (0,5%) – dose média: 1mg/kg (1ml/4,5kg 0,5%); - Ropivacaína (0,5%) – dose média: 1mg/kg. Importante: - Diluição: · Volume total em gato = 0,3ml/kg; · Volume total em cão = 0,36ml/kg. Fármacos Lidocaína: - Latência: 5 a 10 minutos; - Duração de ação: 45 a 90 minutos; - Potência: 2; - Solubilidade: 3,6; - pKa: 7,9. Bupivacaína: - Latência: 20 a 30 minutos; - Duração de ação: 120-240 minutos; - Maior cardiotoxicidade; - Potência: 8; - Solubilidade: 30; - pKa: 8,1. Ropivacaína: - Latência: 15 a 20 minutos; - Duração de ação: 90-420 minutos; - Potência: 8; - Solubilidade: 9; - pKa: 8,1. Efeitos adversos - Queda da pressão arterial – bloqueio simpático; - Hipoventilação – paralisia da musculatura respiratória; - Síndrome de Horner; - Hipoglicemia; - Reflexos de Shiff-Sherrington; - Convulsão e coma. - Fluidoterapia > ringer lactato; - Fármacos vasoativos > efedrina, fenilefrina; - Ventilação assistida com oxigênio; - Avaliação contínua; - Convulsões: tratamento conservativo. Analgésicos opioides na anestesia epidural Vantagens - Duração de ação; - Menor incidência de efeitos adversos; - Baixo custo. Indicações - Dor severa; - Dificuldade de reaplicação; - Necessidade de analgesia por vários dias; - Coadjuvante da anestesia geral. Tipos de agulha Espaço lombossacral. Entre L7 e primeira sacral. Administração - Única; - Administração contínua: cateteres > principalmente para analgesia (até 72 horas). Agentes e doses: - Morfina: 0,1 mg/kg – duração de 24 horas; - Fentanil: 1mcg/kg; - Tramadol: 1 a 2 mg/kg. Cuidados: - Morfina: prurido e queimação; - Depressão respiratória: monitorização. Contraindicações Absolutas: - Coagulopatias; - Sepse ou infecção localizada (dermatite); - Disfunção neurológica pré-existente; - ASA 3-4; - Mal-formações. Relativas: - Animais obesos. Lidocaína - Anestésico de maior aplicação; - Bloqueio motor e sensorial rápido e intenso > epidural faz bloqueio motor e para de sentir dor pois fez o bloqueio sensitivo, bloqueio simpático faz vasodilatação e queda da pressão arterial; - Alta lipossolubilidade > por isso a duração rápida; · Vasoconstritor que vem na lidocaína é a epinefrina > faz vasoconstrição dos vasos ao redor do bloqueio > faz com que o anestésico local demore mais para ser absorvido > tem um tempo maior. - Duração: até 120 min.; - Analgésico e antiarrítmico (bom em pacientes com arritmia cardíaca); - Dose terapêutica: 5 – 10mg/kg; - Dose tóxica: 20mg/kg. Bupivacaína - Bloqueio prolongado e intenso: concentrações menores (analgesia); - Cardiotóxica; - Latência: 20 min.; - Ação: 6h (bloqueio motor) e até 10h (bloqueio sensorial); - Dose terapêutica: 1,25 – 2,5mg/kg; - Dose tóxica: 4mg/kg. Levobupivacaína - Enantiômero da bupivacaína (menor toxicidade SNC e cardiovascular); - Doses iguais a bupivacaína; - Período de latência maior comparado à lidocaína. Ropivacaína - Enantiômero-S puro (menor toxicidade); - Latência: 10 min.; - Duração: 8h (até 15h)- Bloqueio sensorial e motor dose-dependente > quanto maior a dose, maior o tempo do bloqueio; - Dose terapêutica: 1,25 – 2,5mg/kg; - Dose tóxica: 5mg/kg; - Pode associar à lidocaína. Equipamentos e agulhas - Auxiliam na realização da técnica (estimulador de nervos periféricos, ultrassom portátil e agulhas). Principais propósitos para uso: - Localização de nervos > bloqueio locoregional; - Administração do anestésico ao redor de um nervo ou grupo de nervos (ex.: plexo braquial); - Visualização do local de aplicação (US). Estimulador de nervos periféricos: Três pilares: - Eficácia; - Eficiência; - Segurança do paciente. - Não dispensa conhecimento básico de anatomia. Vantagens: - Redução da dose total de anestésico; - Melhora a qualidade de bloqueios periféricos; - Diminui taxa de insucesso; - Menor índice de lesões neurológicas > agulha precisa estar a lado do nervo, e não dentro dele. Estimulador de nervos periféricos. - TOF: avalia o retorno do bloqueio neuromuscular. Ultrassom: - Baseia-se na visualização direta do nervo a ser bloqueado, assim como estruturas adjacentes e da agulha; - Não causa dor ou desconforto ao paciente; - Proporciona avaliação em tempo real da anatomia, posição da agulha em relação ao nervo-alvo e propagação do fármaco. Agulhas utilizadas: - Lesões neurológicas podem ocorrer após realização de bloqueios periféricos; - Edema > compressão e isquemia nervosa; - Trauma no momento da punção > tamanho, calibre, ângulo e tipo de bisel da agulha. Técnicas de anestesia locoregional Anestesia local infiltrativa - Pequenos tumores; - Sutura de pele; - Lacerações; - Incisão cirúrgica. Dose lidocaína: - 5 a 8mg/kg. Dose bupivacaína: - 2 a 4mg/kg. - Botão anestésico > mais usado em equinos. - Bloqueio de terminações nervosas no local da incisão. Anestesia por tumescência - Quando se faz grandes volumes. Técnica: - 500ml de RL (Ringer Lactato) + 40ml de lidocaína 2% sem vasoconstritor + 0,5ml de adrenalina 1:1000 (vasoconstritor); - Injetar 15ml/kg. Indicações: - Neoplasias cutâneas; - Lipoaspirações; - Cirurgias plásticas; - Mastectomias; - Cirurgias vasculares periféricas. Bloqueio do nervo pudendo - Desobstrução uretral em gatos; - Agulha 25G; - 0,1ml em cada ponto. Bloqueio do plexo braquial - Inervação do membro anterior do paciente. Origem do plexo braquial: - C6 – C7; - C7 – C8; - C8 – T1; - T1 – T2. Indicações: Procedimentos no nível de: - Articulações escapuloumeral; - Úmero; - Articulação do cotovelo; - Amputação de membro torácico. - Estimulador de nervo: 0,4 > agulha está ao lado do nervo, não estimular mais > se entrar no nervo, lesiona ele. Complicações e efeitos adversos: - Hemiparalisia diafragmática; - Punção vascular; - Punção pleural: · Pneumotórax; · Arritmias cardíacas. - Síndrome de Horner; - Hipotensão (injeção subaracnóide); - Intoxicação; - Reações alérgicas. Bloqueio do plano abdominal transverso (TAP BLOCK) - Infiltração do anestésico no plano interfacial (MTA e MOA interno); - Ramos ventrais do intercostal 3 – 4; - Primeiros lombares. Complicações e efeitos adversos: - Injeção intraperitoneal; - Punção de órgãos; - Bloqueio incompleto; - Intoxicação. Equino: - Cirurgias de cólica. Bloqueio dos nervos intercostais - Indicado para toracotomias, analgesia de fraturas de costelas, drenagem pleural e analgesia pós-operatórias de cirurgias torácicas; - Infiltração do anestésico na base caudal da costela próximo aos forames intervertebrais, abordando dois espaços adjacentes de cada lado; - Infiltra-se 0,25 a 1ml em cada espaço. Anestesia locorregional dos nervos da face, globo ocular e conduto auditivo - Procedimentos cirúrgicos: dor moderada a intensa; - Fáceis de realizar e de baixo custo; - Destinam-se para insensibilização: · Do bulbo ocular e seus anexos; · Inervação da face; · Dentes; · Conduto auditivo. Anestesia do globo ocular (extracornal): Indicações: - Catarata; - Ceratectomia; - Reconstrução de flap pediculado; - Glaucoma; - Neoplasia; - Extirpação de corpo estranho; - Lesão penetrante no globo. Complicações: - Hemorragia peribulbar; - Perfuração; - Reações alérgicas; - Intoxicação AL. Local de punção: - Dorsomedial do olho; - Ventrolateral do olho. Observar: - Pressão intraocular; - Manutenção da midríase; - Acinesia do bulbo ocular; - Baixo sangramento no campo operatório; - Controle do reflexo oculocardíaco; - Analgesia; - Técnicas baseiam-se na existência de um cone musculomembranoso > espaço intraconal e extraconal. Bloqueio peribulbar (extracornal): - Nervos troclear, abducente e oculomotor (óptico e ciliares), completa analgesia e acinesia do bulbo ocular; - Anestésico depositando fora do cone muscular. - Agulha posicionada até equador do bulbo ocular; - 2 pontos: · Dorsomedial do olho; · Ventrolateral do olho. - Volume: 0,1mg/kg ponto (não exceder 5ml). Bloqueio retrobulbar (intracornal): - Deposição do anestésico atrás do bulbo ocular, no interior do cone muscular, ou espaço intracornal; - Inserção de agulha pelo canto temporal, margeando o bulbo ocular. Complicações: - Lesão no nervo óptico ou hemorragia retrobulbar; - Injeção intratecal ou intravascular > tremores, paraplegia, surdez, perda de tônus muscular cervical Bloqueio do nervo oftálmico, lacrimal e zigomático: - Anestesia e analgesia do bulbo e dos anexos oculares complementadas pelo bloqueio da divisão oftálmica do trigêmeo; - Acesso na fosse pterigopalatina, pela indução de uma agulha cranialmente à borda anterior do corpo da mandíbula, abaixo do zigomático, angulando em direção ao meato acústico contralateral. Bloqueio do nervo maxilar: - Insensibilização da maxila correspondente, bem como arcada dentária, tecidos moles, palato mole e palato duro; - Duas abordagens: intraoral e transcutânea. Indicações: - Osso maxilar; - Lábio superior; - Palato; - Arcada dentária superior. Intraoral: - Caudal ao segundo molar superior, a agulha é direcionada dorsalmente, introduzindo 2 a 4 mm; - Aspiração para comprovação de injeção extravascular. Transcutânea: - Fossa pterigopalatina, direcionando a agulha rostromedial; - Direção ao quarto pré-molar contralateral. Bloqueio do nervo infraorbital: - Insensibilização dos ramos alveolares médios e rostrais da maxila correspondente e tecidos moles (pálpebra, lábio e porção lateral da narina). Indicações: - Nariz; - Lábio superior; - Gengiva e dentes incisivos; - 1 e 2 dentes pré-molares. - Elevar o lábio e inserir agulha, cerca de 0,5 a 1cm dentro do forame infraorbital; - Em felinos e cães braquicefálicos (não introduzir mais de 0,4cm a agulha > acesso acidental ao canto nasal da órbita). Bloqueio do nervo alveolar mandibular: - Insensibilização de toda dentária e tecidos moles e ósseo do lado correspondente da mandíbula; - Duas abordagens: intraoral e transcutânea. Indicações: - Mandíbula; - Lábio inferior; - Arcada dentária inferior. - Nervo bloqueado quando ele penetra no forame mandibular, inserindo agulha rostralmente ao processo angular da mandíbula, avançando 1 a 2 cm ao longo da face medial do ramo vertical da mandíbula. Complicações: - Automutilação e sufocamento (bloqueio da língua); - Nunca realizar bloqueio bilateral; - Indicado uso de fármacos de curta ação. Bloqueio dos nervos radial, ulnar, mediano e musculocutâneo - Região distal do membro torácico; - Bloqueio realizado acima do epicôndilo do úmero, entre músculos braquial e tríceps braquial (nervo radial); - Caudal à artéria braquial, entre os músculos tríceps e bíceps braquial (nervo ulnar); - O bloqueio do nervo musculocutâneo é feito junto com o ulnar. Anestesia locorregional do membro pélvico - O plexo lombossacral é originado entre L3-L7 até S1-S2; - Os principais nervos são o femoral e isquiático. Vantagem: - Unilateral; - Menos invasivo; - Limitar área de insensibilização. Bloqueio paravertebral do plexo lombar - Infiltração paramediana de anestésicos locais, ao lado da coluna vertebral da qual emerge um determinado nervo (forame intervertebral); - O bloqueio éfeito a partir do espaço L4-L5 até L6-L7 e complementado com o bloqueio do isquiático; - Bloqueio do nervo femoral cutâneo lateral; - Volume: 0,1ml/kg/ponto (volume total: 0,3mg/kg). Complicações: - Punção profunda: rim, aorta abdominal ou artéria ilíaca; - Migração epidural do anestésico (forame intervertebral). Bloqueio lateral do nervo isquiático - Localizar tuberosidade isquiático e trocânter maior do fêmur; - Nervo localiza-se na depressão entre as protuberâncias ósseas; - Agulha introduzida de modo perpendicular ou com direção ventrodorsal (45° de inclinação).
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