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Hematologia Hemograma + contagem de reticulócitos - Exame hematológico = hemograma; - Contagem de reticulócitos = dado importante para avaliação hematológica. Não faz parte do hemograma, mas vem junto com ele Qualidade das amostras - Análise no tubo com EDTA (anticoagulante) de tampa roxa; - Respeitar a proporção. Objetivos do hemograma - Exame de rotina; - Avaliar características plaquetárias, de eritrócitos e leucócitos; - Se o exame volta “normal”, não significa que o paciente está normal, existem várias enfermidades em que esses elementos celulares não estão comprometidos; - Só serve para diagnosticar algo para identificar algo que envolva grandemente os leucócitos, eritrócitos e/ou plaquetas; - Não faz diagnóstico, dá sinais; - Até onde a informação do hemograma pode ajudar ou não; - Entender por que se está pedindo o exame; - Eritrograma, plaquetograma e leucograma > estão sempre relacionadas. Eritrograma - Parte do hemograma que estuda os eritrócitos; - Eritrócitos possuem tempo de vida curta (produzido, exerce a função e depois “some”); - Origem mieloide (medula óssea); - Sinalizador de necessidade de eritrócito é a hipóxia; - Eritropoetina > hormônio produzido pelo rim a partir de uma sinalização de hipóxia; - Eritropoetina vai para a medula óssea, estimulando a produção de novos eritrócitos > eritrócitos na circulação > transporte de oxigênio se equilibra; - Para que haja desbalanço da entrega de oxigênio, não necessariamente há problema na entrega de eritrócitos, pode ser um problema renal (causa desbalanço da eritropoetina). Eritropoiese - Formação do eritrócito; - Recebimento do estímulo da eritropoetina > produção de eritrócito; - Célula medular começa a se diferenciar; - Reticulócito é um eritrócito que perdeu o núcleo, mas ficou com resquícios de organelas; - Eritrócito é vermelho pois perdeu o núcleo e forma toda a hemoglobina que é capaz de carregar; - Tudo que se encontrar diferente de eritrócito, é uma alteração. - Em um indivíduo com a fisiologia normal, é comum encontrar um pouco de reticulócitos no exame > se aparece eritroblasto, normoblasto etc., não está normal; - Conforme a célula fica velha, há uma alteração na superfície do eritrócito; - Macrófago (especialmente os do baço) fazem a hemocaterese = retira da circulação células velhas, não conseguem fazer transporte de oxigênio (reconhecimento por superfície de membrana alterada); - Células são recicladas > sofrem fagocitose > forma duas porções; - Uma porção globina > formação de aminoácidos e nutrientes > reutilizado na hemostasia do próprio organismo; - Outra porção heme > fracionada em ferro e biliverdina; · Ferro é liberado do eritrócito é transportado por uma molécula chamada transferrina > vai para o fígado > é armazenado pela ferritina > quando preciso, transferrina transporta para a formação de novos eritrócitos; · Biliverdina se converte em bilirrubina indireta no fígado > transportada pela albumina > fígado > liberada no intestino e sofre ação bacteriana, se transformando em urobilinogênio > parte é excretado pelo rim e parte forma o estercobilinogênio (dá coloração para as fezes). Valores de referência - Valores de referência = dados em que um paciente normal, os valorem tem que estar dentro de um intervalo; - Cada espécie animal possui diferentes valores de referência. Mesmo dentro da mesma espécie as vezes se tem diferentes valores. Concentração de eritrócitos: - Número de eritrócito/unidade de volume; - Quantos eritrócitos por microlitros no sangue; - Valor menor que o intervalo de referência = anemia; - Valor maior que o intervalo de referência = eritrocitose; - Mesmo que dentro do intervalo de referência, não significa que está normal, algo pode mascarar o resultado. Concentração total de hemoglobina: - Quantidade de hemoglobina por g/dL; - Toda a hemoglobina que o paciente tem. Volume globular: - Vulgarmente chamado de “hematócrito”; - % do volume sanguíneo ocupado pelos eritrócitos; - Parte sólida e parte líquida do sangue; - 45% do sangue são elementos celulares, onde a maior parte são eritrócitos; - Hemoglobina é o valor de referência para ver anemia e eritrocitose. Mais preciso, o que sofre menos diferença; - Volume globular pode estar mascarado. Causas de alteração Eritrocitose: Relativa > aparece no exame, mas não no paciente: - Desidratação; - Contração esplênica; - Excitação (adrenalina/equino). Absoluta > aparece no exame e no paciente: - Altas altitudes (hipóxia > produção de eritropoetina > aumenta produção de eritrócito); - Tumores (aumento dos níveis de EPO); - Doenças respiratórias; - Uso ilícito de eritropoetina. N = Normal; R = Relativa; A = Absoluta. Anemia: Relativa > vem no resultado do exame, mas não acontece de verdade no paciente: - Hiper hidratação; - Sequestro esplênico (tranquilização/sedação); - Excesso anticoagulante; - Coagulação da amostra. Absoluta > entrega de oxigênio comprometida: - Hemorragias; - Hemólise; - Queda da produção. N = Normal; R = Relativa; A = Absoluta. - Necessário fazer a classificação da anemia, para poder investigar a causa da anemia. Classificação morfológica (tamanho) - VCM (Volume Corpuscular Médio); - Abaixo do intervalo de referência = anemia microcítica; - Acima do intervalo de referência = anemia macrocítica; - Dentro do intervalo de referência = anemia normocítica. - VCM = Média daquela população está dentro daquele intervalo; - Curva de uma população normal. Classificação morfológica (cor) - CHCM (Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média); - Pode ser hipocrômica ou normocrômica > hipercrômica não existe. Exercícios: · Paciente com anemia macrocítica e normocrômica. · Anemia normocítica normocrômica. Red Blood Distribution Weight (RDW) - Índice de intensidade da anisocitose; - Intensidade da variação de tamanho das células. RDW – SD: - Desvio padrão; - Curva de distribuição normal das células; - Melhor para fazer a avaliação; - Mede a largura da curva. RDW – CV: - Coeficiente de variação; - Utiliza o VCM > se há alteração no VCM, pode comprometer o resultado. - Eritrocito, hemoglobina e hematócrito baixo > paciente com anemia; - VCM diminuído > microcitose; - Microcitose intensa? Provoca anisocitose? > RDW aumentado = microcitose intensa, maior a anisocitose; - Anisocitose causada por microcitose por conta do VCM reduzido. - Eritrócito, hemoglobina e hematócrito baixo > paciente com anemia; - VCM aumentado > macrocítico; - RDW com 18 (normal é 15) > anisocitose intensa > causada pela macrocitose; - Anisocitose causada por macrocitose por conta do VCM. - Se VCM está normal, RDW também estará normal, pois não haverá variação no tamanho das células. Anemia normocítica e normocrômica. Não tem variação no tamanho dos eritrócitos. Anemia macrocítica e hipocrômica. Anesocitose intensa devido a presença de células grandes/macrófagos > devido à macrocitose. Abordagem diagnóstica da anemia 3 grandes grupos principais da causa da anemia Produção reduzida: - Doença inflamatória; - DRC; - Doença hepática grave; - Aplasia/hipoplasia de MO. Perda sanguínea: - Perda aguda; - Perda crônica. Hemólise: - AHIM; - Hemoparasitas; - Isoeritrólise neonatal. - Verificar se há anemia > classificar morfologicamente > olhar RDW > pensar nas 3 possibilidades da causa da anemia. Produção reduzida: - Diminuição dos eritrócitos sem reposição; Doença inflamatória faz com que a produção de eritrócitos fique reduzida; DRC perde tecido renal > perde eritropoetina > não renova produção de eritrócitos; Doença hepática grave > fígado responsável pela produção de proteína > não forma hemoglobina; Aplasia/hipoplasia de medula > tecido medular substituído por tecido amarelo (não produtor de células) ou medula invadida por células neoplásicas. - Produção reduzida de eritrócito = anemia; - Sem estímulos para produção de novas células = normocítica e normocrômica; - RDW normal por ser normocítica e normocrômica. Perda sanguínea: Perda aguda: Células sanguíneas azuis e grandes= reticulócitos. - Paciente perde grande volume em um pequeno espaço de tempo > hipóxia acentuada; - Ruptura de baço, fígado, amputação de membro etc.; - Promove hipóxia > estimula eritropoetina > medula lança células mais jovens (reticulócitos). - Reticulócitos são grandes e com pouca hemoglobina = macrocítica e hipocrômica; - RDW aumentado por ser macrocítica e hipocrômica. - Só se vê a alteração depois de 3 dias da perda sanguínea > até 3 dias há mecanismos compensatórios que tenta evitar a hipóxia para preservar os órgãos. Perda crônica: - Perda de pequenos volumes sanguíneos em um grande espaço de tempo; - Infestação por carrapatos, vermes hematófagos, tumor de intestino etc.; - Não há o estímulo de hipóxia > organismo se adapta, sem estímulo intenso de hipóxia > sem resposta medular para lançamento de células jovens na circulação; - Ferro “jogado fora” > deficiência de ferro; - Anemia ferropriva > não ingere ferro ou tem perda crônica de sangue. - Falta de ferro compromete a formação da molécula de hemoglobina > enquanto molécula de hemoglobina não atinge o tamanho, as divisões celulares continuam acontecendo > uma divisão a mais dos eritrócitos > ficam pequenos; - Eritrócitos pequenos por deficiência de ferro (menos hemoglobina) = microcítica e hipocrômica; - RDW aumentado por conta da anemia microcítica e hipocrômica. Hemólise: AHIM (Anemia Hemolítica Imunomediada); Hemoparasitas; Isoeritrólise neonatal. - Destruição/ruptura de eritrócitos; - Quadros agudos de destruição de eritrócito > hipóxia; - Hipóxia > estimula a medula a mandar células jovens grandes e com pouca hemoglobina; - Células jovens grandes e com pouca hemoglobina = macrocítica e hipocrômica; - RDW aumentado por ser macrocítica e hipocrômica; - Diferencia-se da perda aguda de sangue pelo histórico e pela cor do plasma. Observações adicionais no hemograma Cor do plasma Plasma normal: - Incolor ou levemente amarelado; - Dependendo da espécie é um pouco mais amarelado (por conta do betacaroteno). Plasma ictérico: - Muita bilirrubina circulante; - Icterícia pré-hepática: · Destruição excessiva de eritrócito (hemólise) > libera muita hemoglobina que forma bilirrubina, ficando em excesso no plasma; · Causa hipóxia; - Icterícia hepática > alteração grave da função hepática; - Icterícia pós-hepática; - Hemólise extravascular > hemoglobina transformada em bilirrubina. Plasma lipêmico: - Muito ácido graxo circulando em excesso; - Paciente acabou de comer ou quadro de diabetes mellitus (quando paciente está em jejum). Plasma hemolisado: - Muita hemoglobina livre; - Hemólise (ruptura de eritrócito) ou hemorragia; - Hemólise intravascular; Sedimentoscopia - Esfregaço sanguíneo > observa-se a morfologia; - Nomes de alterações que são observadas no eritrograma que podem dar indicações de enfermidades; - Cada alteração pode ter um significado. Abordagem disgnóstica das eritrocitoses Hemoconcentração: - Desidratação (diminuição da porção líquida em relação à porção sólida do sangue). Contração esplênica: - Estresse agudo; - Liberação de adrenalina. Hipóxia renal: - Doença cardíaca; - Distúrbios pulmonares; - Hipertireoidismo. Altitudes: - Rarefação > estimula EPO. Produção de EPO: - Neoplasias. Produção autônoma: - Policitemia vera > produção independente de células sem estímulo; - Só se pensa em policitemia quando se descarta todas as possibilidades. Proteínas totais - Não aparece no hemograma, pois o hemograma serve para avaliar componentes celulares sanguíneos; - Proteína não é um componente celular sanguíneo > é uma substância que está dissolvida no sangue; - Aparece em laboratórios particulares por questões comerciais > envolve muitas proteínas (albumina, globulina) e não dá para saber sobre qual em específico está se tratando Reticulócitos - Não faz parte do hemograma; - No entanto, é muito importante no acompanhamento das anemias; - Sempre utiliza os reticulócitos em situações de anemia, mas não em todas as situações de anemia; - Não se pede reticulócito para outros problemas, como eritrocitose; - Avalia-se a resposta medular > resposta regenerativa ou arregenerativa; - Paciente anêmico > avalia o reticulócito > resposta regenerativa > paciente com anemia regenerativa; - Paciente anêmico > avalia o reticulócito > resposta arregenerativa > paciente com anemia arregenerativa: · Se paciente está anêmico, tem hipóxia, se tem hipóxia deveria ter a produção de EPO, então estimula a medula; · Se paciente tem anemia, tem hipóxia e não tem estímulo medular, significa que a anemia não está sendo reconhecida pela medula e não produz reticulócitos. O que é o reticulócito? Sequência de maturação na medula: - Célula mãe > colônia eritrocitária > células sofrem modificações, formando hemoglobina, diminuindo de tamanho e deixando o núcleo periférico até que ele seja excluído; - Ao perder o núcleo, sobram algumas organelas > são capazes de completar a formação da hemoglobina = reticulócito. - Há reticulócitos na medula óssea e no sangue periférico; - Vantagem de ter reticulócito no sangue periférico: em 24h termina de formar hemoglobina e se transforma em um eritrócito maduro; - Se a demanda de eritrócito aumenta, a medula irá produzir novos eritrócitos e lançar na circulação; - Às vezes a demanda é tão grande que lança normoblastos ou metarrubricitos > não se tornam reticulócitos na circulação; - Presença de reticulócitos é sempre uma sinalização de que a medula está respondendo. Contagem de reticulócitos - Faz o esfregaço; - Coloração especial; - Contar mil células e quantos reticulócitos se conseguiu identificar. - Valor de normalidade/valor de referência = é o que se encontra em um paciente saudável/normal; - Pode-se encontrar até 1,5% ou 60.000 células/microlitro. Interpretação - Em animais não anêmicos, ou seja, com hematócrito dentro do intervalo de referência, observa-se concentrações de reticulócitos (valor absoluto) entre 0 – 60.0000 células/microlitro; - Em anemia, espera-se maior nível de liberação medular de reticulócitos desde que a medula responda à anemia. Isso implica nas orientações apresentadas a seguir quanto à interpretação da contagem de reticulócitos em relação ao tipo de anemia: · Anemia não regenerativa com baixíssimo grau de regeneração: 0 – 10.000 células/microlitro; · Anemia não regenerativa com grau mínimo de regeneração: 10.000 – 60.000 células/microlitro; · Anemia regenerativa com liberação discreta a moderada: 60.000 – 200.000 células/microlitro; · Regeneração máxima: 200.000 – 500.000 células/microlitro. Dia 1: - Eritrócito 1,52 = anêmico; - Reticulócito relativo 1% = normal para um paciente sem anemia, para paciente anêmico o 1 não é normal; - Reticulócito absoluto 15.200 = anemia não regenerativa > embora o paciente esteja anêmico, medula não está respondendo adequadamente. Dia 3: - Eritrócitos 1,52 = continua anêmico; - Reticulócito relativo 2,2% = aparenta ter resposta da medula; - Reticulócito absoluto 33.400 = subiu, medula está começando a responder. Dia 7: - Eritrócitos 1,52 = continua anêmico; - Reticulócito reativo 3,5%; - Reticulócito absoluto 53.200 = quase se tornando uma anemia regenerativa, mas ainda está em regeneração mínima. Granulopoiese e cinética dos neutrófilos em situações fisiológicas - Leucograma; - Como neutrófilos se comportam em situações patológicas e de estresse. Granulopoiese - Consiste no processo de formação dos granulócitos (ou polimorfonucleares) e dos monócitos; - Realizada extravascularmente na medula óssea a partir de uma célula tronco pluripotencial; - Célula se diferencia na unidade formadora de colônia mieloide (compartilha granulopoiese, trombopoiese e eritropoiese); - UFC (Unidade Formadora de Colônia) mieloide da origem a: · UFC Granulocítica Monocítica: bipotente > se diferencia em monócitos e neutrófilos; · UFC Eosinífilos e Basófilos. - Na medula óssea, as células unipotentes seguem um processo de proliferação, maturação e armazenamento; - Cinética dos granulócitos é reconhecidapor ter 5 compartimentos: · 3 primeiros na medula óssea: mitótico, maturação e reserva; · 4º compartimento está nos vasos sanguíneos: compartimento circulante > se subdivide em 2 subcompartimentos (marginal e circulante); · 5º compartimento tissular se localiza nos tecidos, onde as células exercem suas funções. Gênese e cinética dos neutrófilos 1º compartimento – proliferação: - Está constituído por células em divisão ativa (4 divisões mitóticas); - Encontra-se o mieloblasto, pró-mielócito e o mielócito; - Processo de proliferação da célula pluripotente até mielócitos demora cerca de 2,5 dias; - Está regulado pelo fator estimulador de colônias secretado por linfócitos T. 2º compartimento – maturação: - Está constituído por células em fase de maturação citoplasmática e de condensação nuclear; - Metamielócitos e neutrófilos bastões; - Processo de maturação demora cerca de 2,5 dias. 3º compartimento – reserva: - Está composto por células maduras; - Neutrófilos segmentados (segmentação nuclear de 2 a 5 segmentos); - Também pode-se encontrar neutrófilos imaturos/bastões; - Libera células ao sangue para cobrir a demanda tecidual. - Neutrófilos segmentados são liberados antes que os neutrófilos bastões; - Em situações fisiológicas, neutrófilos podem permanecer no compartimento de reserva por 4 a 8 dias antes de sua liberação ao sangue > liberados especialmente por estímulo do fator liberador de neutrófilos (secretado especialmente por bactérias). 4º compartimento – circulante: - Está constituído por neutrófilos segmentados; - Passam pelo sangue com o objetivo de serem transportados aos diversos tecidos; - Representam 2% dos neutrófilos do organismo; - 2 subcompartimentos: · Marginal: neutrófilos aderidos transitoriamente ao endotélio dos capilares, aos neutrófilos em vasos de pequeno diâmetro e neutrófilos que estão no baço e pulmões. Além disso, o compartimento pode ser mobilizado rapidamente sob a influência da adrenalina ou dos corticoides (situações de estresse, exercício, trauma e infecções) e representa 50% dos neutrófilos do compartimento nos caninos, bovinos e equinos. · Circulante: neutrófilos circulantes no sangue, aqueles obtidos na venopulsão > são avaliados nos exames hematológicos; · Ambos os compartimentos mantêm o equilíbrio dinâmico no organismo. - Neutrófilos segmentados permanecem no compartimento de 7 – 14 horas > meia-vida circulante muito curta; - Saem para os tecidos por diapedese; - Não regressam ao sangue; - Se aumenta a demanda de células de defesa no tecido, observa-se o aumento dos neutrófilos imaturos/bastões na circulação; - Se muito grave, aumenta a produção de metamielócitos. Leucograma - Possui menos etapas de processamento no exame; - Tem o objetivo de observar o comportamento dos leucócitos, responsáveis pela resposta inflamatória e defesa do indivíduo. Cinética de neutrófilos - Neutrófilos são as células mais abundantes na maioria das espécies; - É o primeiro fagócito > célula que chega na resposta inflamatória mais precocemente do que outras células; - Existem etapas de evolução/maturação das células > dependendo do compartimento em que a célula está, ela é um tipo celular; - Células em compartimento de maturação e reserva > células que não sofrem mais divisão celular, algumas são muito jovens e ainda estão sofrendo maturação. - Deve-se encontrar células maduras na circulação > já passaram pelos compartimentos e já estão prontas para serem utilizadas no tecido; - Quando se encontra na circulação células que deveriam estar no compartimento de maturação/mitótico/proliferação > tem algo de errado. Cinética de granulócitos (eosinófilo e basófilo) e monócitos - Monócito não é granulócito > faz parte dos mononucleares; - Possuem cinética semelhantes com a do neutrófilo > diferença é que possuem quantidade pequena na medula óssea e na circulação; - Cinética é a mesma: nascem na medula, vai para a circulação e depois para o tecido, sendo destruídas. Cinética dos linfócitos - São células com comportamento diferente; - Possui capacidade de recirculação; - Linfócitos na medula óssea, nos órgãos linfóides, nos vasos linfáticos, na circulação (e voltam para os vasos linfáticos). Ação dos fagócitos - Neutrófilo é a célula mais abundante na circulação e é o primeiro fagócito > sempre chamado para o tecido; - Linfócito é produzido na medula óssea, recircula e quando tem demanda tecidual (constante), tem a chamada dessas células para dentro do tecido; - Comparados a um “exército. - Células jovens deveriam estar nos compartimentos medulares e não na circulação; - Se estão na circulação e passando para o tecido > não conseguem controlar o processo inflamatório. - Quanto mais preparadas as células estiverem, mais efetivas serão contra o agente. Balanço - Todas as vezes que se avalia um leucograma, analisa a circulação, ou seja, as células que estão circulando no indivíduo; - Amostra recolhida para a avaliação reflete onde as células estão sendo consumidas e produzidas; - Balanço entre produção e consumo > faz com que a quantidade de células que estão circulando se mantenha dentro do intervalo de referência; - O que está circulando é um reflexo: ou da medula óssea ou do consumo tecidual; - Menor produção de células na medula óssea: menos células na circulação; - Liberação de células da medula óssea aumentou: maior número de células; - Aumento de taxa de consumo > processo inflamatório tecidual muito intenso > demanda grande quantidade de fagócitos; - Demanda muito grande das células no tecido, mas medula não consegue aumentar a produção > diminuição das células na circulação. Distribuição escalonada - Resposta celular > todas as vezes que há demanda tecidual aumentada > há uma chamada de células da medula óssea; - Interleucina 6 avisa a medula que falta célula > medula manda o que tem, as células que estão mais prontas para atuar no processo inflamatório; - A distribuição dessas células quando há demanda tecidual, é escalonada; - Quando há um processo inflamatório, a liberação de células da medula é sempre escalonada > lança neutrófilos, depois bastonetes, depois metamielócitos e depois mielócitos; - Observa-se a distribuição escalonada na circulação > medula manda para circulação antes de passar para o tecido: · Faca de dois gumes; · Lado bom: medula tenta resolver o problema; · Lado ruim: a medida em que manda células mais jovens, pior é o ataque ao antígeno. Ex.: aumento de bastonetes. - Quanto mais células jovens tiver, mais grave é o processo e muito pior vai ser a ação dessas células (não tem capacidade de agir como fagócito). - Alteração no escalonamento = leucemia: · Alteração medular; · Medula produz muita célula jovem e joga essas células na circulação. Comportamento das células - Mielócitos, metamielócitos e bastonetes não devem ser encontradas na circulação, mas podem ser encontradas > necessário interpretação; - Segmentados = neutrófilos > já está no compartimento de reserva e na circulação > deve ser encontrada na circulação dentro do valor de referência; - Mastócito não é considerado uma célula circulante. Etapas da avaliação: 1. Contagem total de leucócitos; 2. Contagem diferencial dos leucócitos: · Contar 100 leucócitos do esfregaço. 3. Hematoscopia: · Observa-se a morfologia da célula. Contagem total de leucócito: - Leucócitos totais; - Valores de referência depende da espécie; - Abaixo do valor de referência = leucopenia; - Acima do valor de referência = leucocitose. Contagem diferencial de leucócito: - Sempre interpreta olhando para o valor absoluto > cálculo do valor absoluto baseado na porcentagem; - Valor relativo para ver se foi contato direito. Segmentados/neutrófilos: - Abaixo do valor de referência = neutropenia; - Acima do valor de referência = neutrofilia. Eosinófilos: - Abaixo do valor de referência = eosinopenia; - Acima do valor de referência = eosinofilia. Bosófilos: - Acima do valor de referência: basofilia. Linfócitos: - Abaixo do valor de referência = linfopenia; - Acima do valor dereferência = linfocitose. Monócitos: - Abaixo do valor de referência = monocitopenia; - Acima do valor de referência = monocitose. Hematoscopia: - Aparece nas observações; - Neutrófilos tóxicos (relacionado com sepse), corpúsculos de Döhle, basofilia citoplasmática, monócitos com tendência a macrófago etc. Células medulares na circulação: - Mielócitos, metamielócitos e bastonetes; - Desvio a esquerda = na circulação há um número aumentado de células jovens na circulação; - Alerta de que a demanda medular está alta. Classificação de desvio a esquerda: - Apareceu apenas bastonetes = desvio a esquerda leve; - Apareceu bastonetes e metamielócitos = desvio a esquerda moderado; - Apareceu bastonetes, metamielócitos e mielócitos = desvio a esquerda acentuado. - Quando mais intenso o desvio a esquerda, mais grave é o quadro do paciente. - Panleucopenia = diminuição de todos os tipos de leucócitos. Abordagem diagnóstica do leucograma - Sempre começa a avaliação do leucograma olhando para o neutrófilo. - Neutrófilo é a célula mais abundante; - A maioria das alterações se manifestam inicialmente no neutrófilo; - Sempre olha primeiro para o neutrófilo; - Se tem neutrofilia, consequentemente tem leucocitose > leucocitose por neutrofilia; - Pensa-se em 3 possibilidades: inflamação, excitação ou ação de corticosteróides. Neutrofilia por resposta inflamatória: - Consumo tecidual muito grande; - Antígeno do estímulo inflamatório libera interleucinas; - Interleucinas vão até a medula óssea e sinaliza que o tecido está precisando de células; - Aumento da divisão celular/produção de células; - Diminuição do tempo de maturação e proliferação das células; - Células que estão na reserva são lançadas na circulação; - Aumento de neutrófilos na circulação; - Característica da neutrofilia em casos inflamatórios: aumento de neutrófilo com presença de bastonetes na circulação; - Leucocitose por neutrofilia com desvio a esquerda; Exemplo: - Leucocitose; - Neutrofilia (segmentados altos); - Desvio a esquerda (bastonetes altos). Observações: - Quanto mais grave/patogênico, mais a demanda tecidual aumenta, mais aumenta o estímulo medular e acelera a medula a colocar células na circulação (acaba lançando muitas células jovens); - A severidade pode ser indicada pela magnitude do desvio a esquerda > quanto mais patogênico, mais intensa a magnitude do desvio; - Diferenças entre espécies > resposta diferentes; - Respostas mais intensas; - Respostas menos intensas; - Respostas dependem do tecido que está sendo afetado Neutrofilia por resposta a excitação: - Epinefrina; - Fuga; - Luta. - Liberação de epinefrina > desvio de células que estão no pool marginal para o pool circulante > desprendimento das células que estão aderidas ao endotélio, sendo jogadas na circulação; - Causa aumento da frequência cardíaca, vasoconstrição > faz com que mais células sejam jogadas na grande circulação; - Muito neutrófilo (neutrofilia) que vieram da circulação, sem células jovens; - Neutrofilia leva a leucocitose, mas não tem características de demanda da medula óssea; - “Neutrofilia madura”; - Apenas presença de neutrófilos maduros. Exemplo: - Leucocitose; - Neutrofilia; - Sem desvio a esquerda; - Efeito momentâneo (30 minutos – 1 hora); - Cuidado na hora da interpretação. Observações: - Sem desvio a esquerda; - Mais comum em felinos (tem proporcionalmente mais células no compartimento marginal do que no compartimento circulante, além de se estressarem muito mais fácil); - Associado ao número de linfócitos normal ou aumentado. Neutrofilia por resposta ao corticosteroide: - Leucograma de estresse; - “Estresse crônico”. - Elevação do cortisol ou recebimento de cortisol exógeno (ex.: corticoide); - Leucócitos são muito sensíveis à ação do cortisol; - Cortisol exógeno é muito usado para reduzir o efeito da inflamação; - Cortisol leva ao aumento dos neutrófilos segmentados, ou seja, leva a neutrofilia, que leva à leucocitose; - Presença de neutrófilos segmentados; - 3 efeitos: · Mais tempo na circulação (retarda diapedese); · Aumenta saída de células do pool marginal para o pool circulante; · Atrai células do compartimento de reserva > ocorre neutrofilia; - Pode haver uso crônico de cortisol > ocorre alterações nas outras células; - Corticoide no linfócito > linfólise (destrói linfócito) e linfócitos ficam presos nos órgãos linfóides; - Leucocitose por neutrofilia; - Linfopenia; - Eosinopenia; - Monocitose. Exemplo: - Neutrofilia (sempre acontece); - Linfopenia (sempre acontece); - Eosinopenia; - Monocitose. Observações: - Sem desvio a esquerda; - Linfopenia acentuada; - Presença de hipersegmentação; - Associado a eosinopenia e monocitose. - Neutropenia vem associada à leucopenia na maioria das vezes; - Pode ser por inflamação ou por injúria às células-tronco. Neutropenia por resposta inflamatória aguda: - Processo inflamatório muito intenso; - Demanda tecidual muito grande; - Medula joga muitas células para a circulação; - Saída rápida das células da circulação para o tecido; - Neutropenia > menor número de células na circulação pois foram para o tecido; - Presença de desvio a esquerda (demanda tecidual intensa e muitas células jogadas para a circulação); - Processo inflamatório superagudo; - Sinal de que o quadro está muito grave; - Quanto maior o desvio a esquerda, mais grave o processo. Exemplo: - Queda na contagem total (células consumidas em maiores quantidades) > neutropenia; - Leucopenia por neutropenia; - Desvio a esquerda. Observações: - Quadro muito severo; - Presença de mudanças tóxicas (células saem muito rápidas da medula); - Número de células jovens pode exceder o de neutrófilos; - Comum em bovinos – pequeno pool de reserva. Neutropenia por injúrias às células-tronco: - Célula-tronco não está produzindo células; - Células circulantes passam para o tecido e novas células não são repostas; - Diminuição da quantidade de neutrófilos na circulação (neutrofilia); - Pode ser reversível ou irreversível. Reversível: - Parada momentânea/temporária da célula-tronco por inflamação aguda > ex.: infecção viral; - Neutropenia; - Leucopenia; - Sem desvio a esquerda (não tem produção de células); - Sem diminuição de plaquetas e sem anemia. Irreversível: - Substituição do tecido medular; - Quadro crônico > passa de 4 meses - Neutropenia; - Leucopenia; - Diminuição de plaquetas e anemia (normocítica e normocrômica > não há estímulo da célula-tronco). Observações: - Duração da duração da injúria e da causa: · Medula se recupera antes de ocorrer trombocitopenia e anemia; · Desordens de longa duração, irreversível. - Linfócito é uma célula menos abundante; - Pode ocorrer aumento de linfócito sem aumentar a contagem total; - É preciso olhar para o comportamento das células; - Resposta a epinefrina > aumento da contagem de linfócitos > aumenta a saida de células de linfócitos para dentro da circulação; - Sempre que haver linfocitose é resposta a excitação ou leucemia linfocítica (doença linfoproliferativa); - Não se associa mais linfocitose com casos de doenças crônicas (a não ser erliquiose). Linfocitose por resposta a excitação: - Epinefrina; - Fuga; - Luta. - Linfócito no tecido, nos vasos linfáticos, nos órgãos linfóides e na circulação; - Situação de liberação de epinefrina > movimentação dos linfócitos dos órgãos linfóides para dentro da circulação > aumento da contagem de linfócitos; - Além do linfócito, também age sobre os neutrófilos, ou seja, não há o aumento de linfócitos isolado. Linfocitose por leucemia linfótica: - Linfocitose causa leucocitose > substituição e produção de células neoplásicas em órgãos linfóides em grandes quantidades; - Células neoplásicas também colocadas na circulação em grande quantidade. - Linfopenia é mais frequente na veterinária; - Pode ou não causar leucopenia; - Principal causa de linfopenia é a ação de corticosteróides; - Ação do cortisol tem efeito muito grande nos linfócitos Linfopenia por resposta ao corticosteroide: - Destruição de linfócitose aprisionamento de linfócitos nos órgãos linfóides > aprisionamento dos linfóides circulantes; - Efeito do corticosteroide é muito maior nos neutrófilos do que no linfócito > tem característica do leucograma de estresse. Linfopenia por resposta inflamatória aguda: - Se há demanda tecidual, há colocação dessas células na circulação. Outras células - Células em quantidades pequenas na circulação. - A presença de desvio a esquerda escalonado é sempre um sinalizador de presença de processo inflamatório. Plaquetograma - Plaquetograma ou trombograma > o mais correto é plaquetograma. - Plaqueta também tem origem da medula óssea; - Podem ser encontradas no pulmão e no baço ; - Megacariócitos são capazes de gerarem os fragmentos plaquetários; - Megacariócitos estão presentes na medula, raramente são encontrados na circulação; - O que se encontra na circulação são as plaquetas, que são os fragmentos dos megacariócitos; - Estimulação do megacariócito é feita pelo hormônio trombopoetina (TPO); - Também tem ação da eritropoeitina (diminui plaquetas) e da interleucina (aumenta plaquetas); - É esperado que um paciente com quadro inflamatório tenha aumento da quantidade de plaquetas, pois há o estímulo de megacariócitos e liberação dos fragmentos na circulação. Abordagem diagnóstica do plaquetograma - 3 informações/avaliações feitas em relação à plaqueta; Etapas do exame: Concentração: - Plaquetas por m³ de sangue; - Varia entre 200.000 a 500.000 na maioria dos mamíferos; - Aumento > plaquetose ou trombocitose; - Diminuição > plaquetopenia ou trombocitopenia. VPM (Volume Plaquetário Médio – equivalente ao VCM) e PDW (intensidade de anisocitose – equivalente ao RDW): - Macroplaquetas; - Normoplaquetas; - Microplaquetas. Hematoscopia: - Forma; - Tamanho; - Inclusões; - Agregados > informação mais importante da hematoscopia: · Quando se tem dificuldade e demora para coletar o sangue, as plaquetas se agregam; · Agregados não são contatos pela máquina > pode parecer que tem diminuição de plaqueta no exame; · Confunde o resultado da concentração. Nem toda trombocitopenia é hemoparasitose! Pseudotrombocitopenia - Fragmentos plaquetários agregados; - Máquina não consegue contar, resultado das plaquetas vem reduzido Plaquetopenia/trombocitopenia Distribuição normal (sequestro de plaquetas): - Quantidade de plaquetas circulantes estão em equilíbrio normalmente; - Plaquetopenia pode ocorrer por sequestro de plaquetas; - Esplenomegalia (aumento do baço) > acúmulo das plaquetas no baço > somem da circulação; - Hipotermia (redistribuição – fígado/baço); - Endotoxemia > quadros tóxicos. Produção diminuída: - Investigar causas de produção diminuida; - Se está diminuida por alteração medular > anemia normocítica e normocrômica e pancitopenia (atingiu célula tronco); - Produção diminuida por efeito no baço > efeito menor, produção nesse órgão é muito menor. Drogas (substâncias tóxicas): - Antineoplásicos, estrógenos, samambaia > bovinos; - Albendozole > cães. Infecções: - DBV (Diarreia Bovina Virus) e cinomose > infecção direta de megacariócitos; - AIE (Anemia Infecciosa Erlichia) > citocinas mielossupressoras; - Erlichiose crônica e parvovírus > hipoplasia da MO. Irradiação de tecido medular: - Uso de radioterapia para tratamento de neoplasias. Substituição da MO: - Mielofibrose > infecções e tóxicos; - Neoplasias; - Tecido invadido > efeito em todas as células. Diminuição da sobrevida: Trombocitopenia imunomediada: - Idiopática > necessário a retirada do baço; - Induzida por drogas; - Associada a infecção > sistema imunológico reconhecendo a plaqueta e retira a plaqueta; - Doenças sistêmicas (LES). Causas não imunológicas: - Perda de sangue agudo e grave; - Aceleração do consumo: · CID (Coagulação Intravascular Disseminada) > processo intenso de formação de coágulo, onde são aprisonadas as plaquetas, dando inicio a hemostasia secundária; · Envenenamento (ativadores de plaquetas); · Vasculites (lesão do endotélio vascular) > desencadeia agregação plaquetária. Plaquetose/trombocitose - Aparece em menor frequência; - Ocorre quando tem o aumento da produção ou redistribuição para fora do baço/fígado/pulmão. Neoplasias hematológicas: - Plaquetas grandes, pleomórficas; - Aumento de megacariócito na circulação; - Associada a outras neoplasias. Trombocitose reativa (secundária): - Redistribuição: · Exercícios/epinefrina. - Produção aumentada: · Inflamação (IL6 > TPO) > mais comum; · Alcalóides da Vinca (antineoplásicos); · Pós-esplenectomia > retirada do baço, não tem o órgão para destruir as plaquetas > causa o quadro oposto da plaquetopenia; · Trombocitose de rebote > hemorragia, consumo de muita plaqueta, sobra de TPO, estímulo de produção de fragmentos plaquetários > rebote pós-hemorragia. - Não se consegue fazer um diagnóstico de aumento ou diminuição de plaqueta olhando apenas para o número; - Necessário fazer uma lista de possibilidades.
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