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Avaliação laboratorial de fígado Avaliação bioquímica de injúria hepática - Testes séricos para identificar alterações hepáticas; - Nem todos os testes avaliam função hepática, mas sim lesão; - Avaliação do fígado > precisa lembrar que é um órgão que tem muitas funções; - Não existe teste que avalia todas as funções do fígado > existem os mais comuns, que dão ideia geral sobre funcionamento do fígado; - Conjunto de exames que buscam alterações no máximo de funções que se consegue. Divisão dos testes - Testes divididos em grupos > conseguem dar informações a respeito de algumas funções que o fígado exerce; - Marcadores de injúria hepatocelular > lesão do hepatócito, marcadores de injúria; - Testes de função de síntese; - Testes de metabolismo > função de drenagem do fígado. - Não existe um único exame que dê informação que o fígado está funcionando adequadamente ou não; - Somatória de exames para tentar chegar em um denominador comum. Indicações - Doenças hepáticas primárias; - Diagnóstico diferencial das icterícias > aumento de bilirrubina, por culpa do fígado ou por anemia hemolítica; - “Check-up” pré-anestésico > paciente capaz de metabolizar o anestésico; - “Check-up” em pacientes geriátricos; - Toxicidade a drogas; - Etc. Conceitos importantes - Não dá diagnóstico, mas com o histórico, consegue-se dizer se há: · Doença hepatocelular; · Doença biliar; · Doença hepatobiliar; · Insuficiência. Doença hepatocelular - Enfermidades que fazem com que ocorra alteração dos hepatócitos (necrose, aumento de permeabilidade, formação de vesículas etc.); - Conforme os hepatócitos sofrem agressão, há modificação no parênquima hepático, ocasionando perda de vilosidade, ativação de macrófagos, presença de matriz cicatricial, fazendo com que ocorra dano/lesão hepatocelular; - Autoimune; - Metabólica; - Inflamatória; - Tóxica; - Etc. Doença biliar ou colestase - Doença envolvendo a drenagem da bile que é produzida pelo fígado; - Se houver obstrução de ducto cístico, colédoco, cálculos dentro da vesícula biliar > obstrução de drenagem da substância produzida pelo fígado; - Inflamatórios; - Neoplásicos; - Parasitários; - Tóxicos. Doença hepatobiliar - Associação de doença hepatocelular com doença biliar; - Conjunto de exames consegue dizer se há lesão de hepatócito e sinal de colestase. Insuficiência hepática - Hepatócitos funcionais reduzidos; - Perda de mais de 70-80% do parênquima hepático; - Exames são completamente diferentes. Marcadores de injúria hepatocelular Atividade enzimática - Determina a atividade das enzimas no sangue do animal; - 4 principais enzimas. - Enzimas que existem normalmente dentro dos hepatócitos > avaliam se há lesão de hepatócito; - ALT, AST, GGT, ALP, SDH > fazem parte do metabolismo fisiológico da célula; - Lesão do hepatócito = enzima extravasam do hepatócito; - Quando dosa as enzimas, mas estão em quantidade aumentada no sangue > saíram dos hepatócitos = lesão dos hepatócitos; - Característica de identificar presença de doença hepatocelular, mostrando que houve aumento do extravasamento delas de dentro do hepatócito. Enzimas de vazamento: - ALT e AST; - Saem do hepatócito quando há aumento de permeabilidade ou necrose do hepatócito; - Estão presentes no citoplasma do hepatócito; - “Escapam” do hepatócito. Alanina-Transaminase (ALT/TGP): - Aumento devido a lesão de hepatócitos; - Doença hepatocelular > lesões reversíveis ou irreversíveis; - Problema de especificidade > embora sejam bons marcadores de lesão de fígado, também aparecem em outros tecidos > cuidado com interpretação; - Sensibilidade maior para cães e gatos > possuem maior quantidade dessas enzimas nos hepatócitos; - Baixo em doenças crônicas. Ex.: insuficiência hepática > não há hepatócitos para vazar enzimas > pode haver insuficiência hepática grande e a ALT aparecer normal. - Declínio > recuperação ou piora. Aspartato-Transaminase (AST/TGO): - Aumento devido a lesão de hepatócitos; - Doença hepatocelular > lesões reversíveis ou irreversíveis; - Lesão muscular > avaliações clínicas são diferentes > pede em conjunto com a creatina quinase (mais específica para o músculo); - Sensibilidade maior em grandes animais; - Hemólise (in vitro)/remoção tardia > pode haver elevação da AST na amostra; - Baixo em doenças crônicas. Ex.: insuficiência hepática > não há hepatócitos para vazar enzimas > pode haver insuficiência hepática grande e a AST aparecer normal. Associação de ALT e AST. Zona 1 mais próxima da tríade porta, zona 3 mais próximas da centrolobular. Concentração de ALT maior na zona 1 e menor na zona 3. AST com concentração alta em todas as zonas. Enzimas de indução: - GGT, FAS; - Estão na borda do hepatócito; - Quando ocorre injúria/colestase, há o aumento da síntese das enzimas, ficando em maior quantidade na circulação; - Marcadoras de colestase; - Quando há colestase, há emulsificação da parede celular, aumentando a concentração dessas enzimas. Fosfatase Alcalina Sérica (FAS): - Aumento devido doença biliar – colestase; - Intra-hepática (obstrução de canalículos biliares) ou pós-hepática (obstrução de ducto colédoco, vesícula biliar); - Indução por drogas ou hormônios > fenobarbital/glicocorticoides > estimula a síntese da FAS; - Marcador de doença hormonal como hiperadrenocorticismo > grande quantidade de glicocorticoide, grande quantidade de FAS; - Atividade osteoblástica aumentada > lesão óssea/osteossarcoma/fraturas/crescimento. FAS para colestase – diferença entre espécies: - Cães – sensibilidade alta > aumenta antes da icterícia; - Gatos – sensibilidade inadequada > icterícia aparece antes; - Equinos – sensibilidade inadequada > icterícia aparece antes; - Bovinos – sensibilidade moderada. Gama Glutamiltransferase (GGT): - Aumento devido doença biliar – colestase; - Intra-hepática ou pós-hepática; - Indução por drogas ou hormônios > corticoides/fenobarbital. GGT para colestase – diferença entre espécies: - Cães – menor sensibilidade que a FAS; - Gato – maior sensibilidade que a FAS; - Equinos – maior sensibilidade que a FAS; - Bovinos – maior sensibilidade que a FAS > presente na glândula mamária > ingestão de colostro aumente em até 20x. Testes de função de síntese - Alteração de função do fígado; - Dosagens bioquímicas. Capacidade de síntese Albumina sérica: - 98% são sintetizadas pelo fígado; - Em casos de insuficiência hepática, há hipoalbuminemia; - Em casos de proteinúria intensa de origem renal, pode haver hipoalbuminemia; - Animais com distúrbios entéricos (diminuição da absorção) também podem ter hipoalbuminemia; - Pacientes que não consomem proteína também podem ter hipoalbuminemia; - Uma das consequências da hipoalbuminemia é a presença de líquido na cavidade abdominal = ascite; - Diminuição da pressão oncótica sérica também é uma das consequências da hipoalbuminemia; - U:P/C é o exame que pode confirmar uma hipoalbuminemia de origem renal. Glicose sérica: - Fígado é o responsável pela glicogenólise (armazena glicose em forma de glicogênio) e neoglicogênese (libera a glicose para a circulação); - Disfunção de hepatócito pode comprometer a glicose; - Em casos de insuficiência hepática, é esperado uma hipoglicemia; - A alteração laboratorial que pode ser encontrada em um paciente com hipoglicemia crônica intensa é a cetonuria. Ureia: - Ureia formada da ingestão de proteína > proteína sofre ação de protease/ureases > libera amônia > amônia entra na circulação hepática > vai para o fígado > amônia convertida em ureia; - Rim excreta o excesso de ureia; - Disfunção de hepatócito > ciclo da ureia não se completa > não ocorre formação de ureia > redução da ureia sérica; - Ureia pode servir como marcador de insuficiência hepática quando reduzida; - Quadros de encefalopatia hepática > frequente em pacientes com insuficiência hepática grave > acúmulo de amônia. Colesterol: - Fígado tem responsabilidade em produzir o colesterol; - Se não existe função hepática, colesterol pode estar reduzido = hipocolesterolemia; - Quadro de colestase causa hipercolesterolemiapor obstrução, aumentando a concentração do colesterol. Testes de metabolismo Metabolismo e transporte hepático - Para a concentração de bilirrubina sérica esteja normal, é preciso do funcionamento do metabolismo hepático e do transporte hepático. - Bilirrubina vem dos eritrócitos velhos que liberam hemoglobina; - Hemoglobina passa pelo metabolismo, formando a bilirrubina não conjugada (ou indireta); - Bilirrubina não conjugada vai se ligar à albumina, chegando no fígado e se desprende da albumina dentro do hepatócito, se ligando ao ácido glicurônico, se transformando em bilirrubina conjugada (ou direta); - Bilirrubina conjugada vai ser excretada pelos canalículos biliares, fazendo parte dos sais biliares, para ser excretada no intestino; - No intestino, bilirrubina conjugada sofre ação bacteriana e forma os pigmentos urobilinogênio e estercobilinogênio; - Estercobilinogênio dá coloração às fezes; - Urobilinogênio entra no sistema enteropático para ser reciclado no fígado: - Parte do urobilinogênio é excretado pelo rim quando está no sistema enteropático. - Bilirrubina não conjugada + bilirrubina conjugada = bilirrubina total; - Sempre que houver o aumento de bilirrubina, há icterícia; - Há 3 tipos de icterícia: · Pré-hepática; · Hepática; · Pós-hepática. Icterícia pré-hepática ou hemolítica: - Destruição de eritrócitos; - Sobra bilirrubina não conjugada em excesso; - Valor muito acima da bilirrubina direta; - Bilirrubina total não diferencia icterícia sozinha. - Hemograma com anemia hemolítica; - O esperado é que não encontre bilirrubina na urina de um animal com icterícia hemolítica > pode até encontrar, mas muito pouco; - Aumento da coloração das fezes. Icterícia pós-hepática ou obstrutiva: - Mecanismo ocorro normalmente > problema não está no fígado, mas sim no pós-hepático; - Obstrução do que foi produzido pelos hepatócitos; - Bilirrubina não é drenada > sobra muita bilirrubina direta; - Muita bilirrubina direta comparada com a indireta; - Não é excretada para a vesícula biliar, não chega ao intestino; - Não ocorrerá produção de urobilinogênio e estercobilinogênio; - Bilirrubina direta que sobra na circulação vai para o rim; - Como não está mais conjugada com a albumina, e sim com o ácido glicurônico, consegue atravessar o poro glomerular; - Bilirrubina vai para urina; - Hemograma com provável leucocitose discreta e plasma ictérico; - Fezes descoradas > fezes acólicas. Icterícia hepática: - Depende do grau de lesão do fígado, da doença que está acontecendo; - Disfunção de conversão de bilirrubina não conjugada para conjugada; - Por conta da lesão dos hepatócitos, também há quadro de obstrução intra-hepático (invasão do parênquima por substâncias amiloides, neoplásicas ou fibroses) > não converte totalmente bilirrubina não conjugada para conjugada > sobra bilirrubina não conjugada; - O pouco que conseguiu converter em bilirrubina conjugada, não consegue drenar por conta da obstrução de canalículos biliares; - Aumentos proporcionais de bilirrubina não conjugada e conjugada; - Hemograma com alterações > doença inflamatória ou anemia ferropriva > normocítico normocrômico ou microcítico hipocrômico; - Pode aparecer bilirrubina na urina; - Pode variar tanto de fezes acólicas à fezes escurecidas.
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