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CARIOLOGIA – REVISÃO 1ª UNIDADE: · Etiologia da cárie; · Biofilme dental: formação, controle químico e mecânico; · Diagnóstico da doença cárie; 2ª UNIDADE: · O papel da saliva na manutenção de equilíbrio bucal x Interação entre os dentes e fluidos bucais; · Dieta e cárie; · Fluoretos: benefícios e riscos; 3ª UNIDADE: · Revisão de todos os conteúdos; · Tratamento da doença cárie; ETIOLOGIA DA CÁRIE Contexto histórico: · Hipótese da placa inespecífica: a cárie é resultado da atividade de toda a microbiota da placa, uma mistura heterogênea de microrganismos pode ter papel no desenvolvimento da cárie; · Hipótese da placa específica: dentre as diversas espécies bacterianas presentes na microbiota bucal, apenas algumas estão ativamente envolvidas no desenvolvimento de cárie; Doença infecciosa e transmissível? · Cárie não é uma doença infecciosa porque não é causada por nenhuma bactéria invasora da cavidade bucal; · A “transmissão”/ aquisição das bactérias envolvidas no desenvolvimento da cárie é natural e impossível de evitar; Conceito Multifatorial Restritivo – Keyes, 1962 Falhas do Conceito Multifatorial Restritivo: · Estes fatores também estão presentes no estado de saúde do indivíduo; · Não considera as interações dos fatores em níveis e subníveis / “Grau de importância”; · Não considera fatores comportamentais e sociais ou explica o grau de susceptibilidade de indivíduos e populações; Conceito Multifatorial Abrangente FATORES NECESSÁRIOS FATORES DETERMINANTES FATORES MODIFICADORES Acúmulo de placa (biofilme) Negativo – açúcares (frequência e tipo) Comportamento Positivo – saliva e fluoretos Contexto socioeconômico Composição estrutural dental, espécies bacterianas Conceito atual de cárie: É uma doença crônica, não-transmissível e multifatorial que se caracteriza pela progressiva perda de minerais do dente decorrente das constantes quedas de pH induzidas pelo metabolismo bacteriano quando o biofilme é exposto a carboidratos fermentáveis. Hipótese da placa ecológica: BIOFILME DENTAL Etapas da formação do biofilme: · Formação da película adquirida; · Aderência de células bacterianas isoladas (0-4 h); · Multiplicação das bactérias aderidas formando microcolônias (4-24 h); · Co-agregação e sucessão microbiana (1-14 dias); · Biofilme maduro (2 semanas ou mais); Propriedades do biofilme: · Proteção contra as defesas do hospedeiro; · Resistência aumentada a agentes antimicrobianos; · Proteção contra dessecação; · Cooperação e comunicação entre microrganismos; · Gradiente próprio de difusão; Controle mecânico do biofilme: · Finalidades da profilaxia dental: · Remoção do biofilme (limpeza); · Remoção de manchas extrínsecas; · Polimento dental e restaurações; · Como fazer? · Micromotor e contra-ângulo; · Pasta abrasiva; · Taça de borracha ou escova de Robson; · Em que fazer? · Pacientes que não têm cálculos, extensas lesões de cárie e inflamação gengival; · Pacientes que passaram por um programa de orientação de higiene bucal e reduziram a quantidade de biofilme; DIAGNÓSTICO DA CÁRIE Doença cárie: · Doença multifatorial que se caracteriza pela progressiva perda de minerais do dente quando o biofilme dental é constantemente exposto à carboidratos fermentáveis; Lesões de Cárie: · Alteração detectável na estrutura dental decorrente da doença cárie. Dentina: Ativa Inativa Cor Amarelo claro/amarronzada Castanho escuro/enegrecida Consistência Amolecida Endurecida Aparência Úmida Seca, polida e bilhante Esmalte: Ativa Inativa Aparência Opaco e sem brilho Brilhante e polida Cor Esbranquiçada, Branco calcário Amarelo escuro /castanho/negro Consistência Rugosa Lisa PAPEL DA SALIVA Fatores modificadores do fluxo salivar: · Hidratação; · Idade; · Período do dia (dormindo); · Doenças; · Medicamentos; · Radioterapia; · Estresse; · Estímulos (mecânico e gustatório); Funções da saliva: Lubrificação, fala, fonação Digestão Paladar Antimicrobiana Água Amilase Água Lisozima Mucinas Protease Eletrólitos Lactoferrina Lipase Peroxidases Imunoglobulinas Aglutininas Reservatório de íons Remineralização e inibição da desmineralização Formação da película Capacidade tampão Cálcio Cálcio Cálcio) Bicarbonato Fosfato Fluoreto Mucina Proteína Fluoreto Fosfato Proteína rica em prolina (PRPs Fosfato Estarina Estarerina Histidina Capacidade tampão: · Ajuda a “neutralizar” a queda de pH no biofilme após o desafio cariogênico e sua reversão, o que é potencializado pelo aumento do fluxo salivar. Reservatório de íons: · A Saliva é uma solução supersaturatada de Ca e Pi em relação ao mineral dos dentes, a qual fisiologicamente evita a dissolução dos dentes e repara os minerais perdidos (propriedade remineralizante). Recaldent: · Presença de CCP-ACP, que se dissolve na saliva, atuando no processo de remineralização. Dieta e cárie Fatores relacionados à dieta que influenciam na doença cárie: · Frequência de ingestão · Tipo de carboidrato: a sacarose facilita a formação do biofilme, tornando-o mais espesso, pegajoso e poroso. · Taxa de remoção dos alimentos: consistência do alimento e momento da ingestão; fluoretos · O flúor dinamicamente importante é aquele presente constantemente na cavidade bucal, interferindo com o processo de cárie e agindo de forma direta nos fenômenos de desmineralização e remineralização. Água fluoretada: · Apresenta baixo custo, alta abrangência e alcança os indivíduos de maneira mais homogênea – mais social. · 50-60% de redução na ocorrência da cárie dentária no mundo; · Concentração depende da temperatura da região (Brasil 0,7 ppm); Dentifrício fluoretado: · Método mais racional de prevenção pois associa a desorganização do biofilme dental à exposição da cavidade bucal ao fluoreto; Fluorose: · As principais fontes de fluoreto associadas ao aumento da prevalência da fluorose dental são água, suplementos, dentifrícios e alimentos industrializados infantis consumidos antes dos seis anos de idade. · As opacidades afetam dentes em formação simultânea; Tratamento da doença cárie Controlar os fatores etiológicos tanto previne como trata as doenças crônicas não transmissíveis. Visão passada: · Odontologia restauradora: focada no tratamento das lesões e não da doença cárie. · Ciclo restaurador repetitivo; Visão atual: Não invasivo – controle de fatores etiológicos: · Controle de biofilme (mecânico e químico): · O profissional e o paciente devem reconhecer o biofilme como fator etiológico necessário na etiologia da doença; · Escovação como primeira escolha; · Agentes químicos como coadjuvantes; · Identificação dos locais de risco; · Instrução individualizada e coordenada; · Motivação e monitoramento; · Controle da dieta: · Aconselhamento dietético; · Redução do consumo de carboidratos; · Uso racional; · Uso de fluoretos: deve estar sempre aliada à medidas de promoção saúde, motivação quanto ao controle do biofilme e dieta; Invasivo – restauração das lesões: · Diminuir os locais de acúmulo de biofilme; · Devolver função e estética; · Evitar o aumento da complexidade do tratamento (fraturas e comprometimento pulpar); Odontologia Minimamente Invasiva: · Ênfase na filosofia preventiva; · Avaliação individualizada de risco, detecção precoce das lesões de cárie; · Tentativa de remineralização de lesões não cavitadas por meios de tratamentos não invasivos; · Quando o tratamento operatório for inevitável, este deve ser o menos invasivo possível; Uso de selantes: · Material resinoso fluido aplicado em locais de cicatrículas e fissuras afim de diminuir sítios de acúmulo de biofilme. FATOR SITUAÇÃO DE RISCO E INDICAÇÃO Dentes Dentes com macroformologia que propicie mais acúmulo e/ou dificuldade de remoção da placa. Dentes com hipoplasia ou defeitos de mineralização de esmalte. Molares permanentes, principalmente primeiro molar, particularmente nos anos imediatamente após a erupção. Nível individual Experiência anterior/atual de cárie dentária, por ser um fator de risco para o surgimentode novas lesões cariosas. Crianças com limitações físicas ou intelectuais. Outros indicadores sugeridos: dieta cariogênica e higiene bucal deficiente Nível coletivo Crianças e adolescentes de nível socioeconômico mais baixo, com ênfase ao nível de escolaridade materna e menos acesso a serviços de saúde bucal. Lesões em cáries interproximais: Diagnóstico: · Radiografia é um péssimo preditor para lesões cavitadas apenas em esmalte; · Separador interdental; Lesões ativas em dentina: · A restauração tem por objetivo restabelecer a condição mínima para higiene ou evitar o aumento da complexidade do tratamento; · Identificação e remoção do tecido cariado; DENTINA INFECTADA DENTINA AFETADA Desmineralização irreversível, destruição da rede de colágeno Passível de remineralização, rede de colágeno intacto Tecido amolecido, úmido Tecido pouco mais endurecido. “Lascas de dentina” Remoção parcial do tecido cariado: · Paralisa a progressão da cárie; · Em todos os estudos clínicos a reabertura mostrou um tecido endurecido; · Manutenção da vitalidade pulpar e menor risco de exposição; · Sucesso clínico semelhante à remoção total de tecido cariado; Considerações finais: · O tratamento deve ser pautado na doença (controle dos fatores etiológicos) e não das lesões; · Regra geral do tratamento: · Instrução de higiene (controle do fator etiológico); · Uso de fluoretos; · Orientação dietética; · Tratamento invasivo; · Pelos aspectos biológicos apenas as lesões ativas devem ser restauradas; · Por razões estéticas e funcionais, todas as lesões cavitadas devem ser restauradas; · No manejo do tecido cariado, apenas o tecido infectado, não passível de remineralização, deve ser removido; · Os princípios da Odontologia Minimamente Invasiva devem nortear o tratamento da doença cárie;
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