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Revisão literária sobre porta hepatica

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CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
CAMPUS DE PATOS
UNIDADE ACADÊMICA DE MEDICINA VETERINÁRIA
DISCIPLINA: INFORMÁTICA
CIRCULAÇÃO PORTA HEPÁTICA NOS ANIMAIS DOMÉSTICOS
Aluno(a): GABRIEL ABRANTES DE OLIVEIRA
Matrícula: 420140085
PATOS/PB
2021
SUMÁRIO
1	INTRODUÇÃO	3
2	REVISÃO DE LITERATURA	4
2.1	Circulação	4
2.2	Anatomia e fisiologia da circulação porta hepática	5
2.3	Patologias	6
2.3.1	Trombose da veia porta	6
2.3.2	Desvio portossistêmico (DPS) ou shunt portossistêmico	7
3	CONCLUSÃO	8
	REFERÊNCIAS	9
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1 INTRODUÇÃO
Os animais são seres heterótrofos, ou seja, necessitam de nutrientes que não são produzidos por eles mesmo, como oxigênio, aminoácidos, proteínas, lipídios, vitaminas entre outros. Esses nutrientes são crucias para o funcionamento do corpo e vida animal, quando absorvidos devem ser distribuídos através do sangue para todas as células do corpo. Melhor analisado posteriormente, a circulação do oxigênio (sistema respiratório) com o corpo está relacionada pela irrigação das artérias e o seu retorno através das veias, por meio do bombeamento do coração (sistema cardiovascular). Da mesma forma que existe uma relação entre sistema respiratório e sistema cardiovascular, também será necessário relação entre o sistema digestório e cardiovascular, tendo em vista os outros nutrientes essenciais digeridos e absorvidos pelos órgãos digestórios. 
No entanto, essa relação entre os sistemas possui um intermediador, que será o fígado. O fígado é um dos órgãos mais essências da anatomia e fisiologia animal, extremamente multifuncional, crucial para o funcionamento do metabolismo. Ele é produtor da bile, armazenador de lipídeos e vitaminas lipossolúveis, produtor de substâncias imunes, desintoxicado, dentre muitas outras funções importantes. Porém, o presente trabalho irá ressaltar sua função crucial para o metabolismo animal, a metabolização de nutrientes a serem disponibilizados para todo o corpo.
Dessa forma, os produtos finais oriundos da alimentação devem ser levados ao fígado para que se ocorra o processamento. Os órgãos relacionados a absorção, observar a figura 2, encaminharão o sangue contendo os nutrientes para o fígado por meio da circulação porta hepática. Um conjunto de veias que se encontrarão e constituirão um vaso comum, uma porta de entrada ao fígado.
De forma alguma a drenagem das estruturas do sistema digestivo pode estar diretamente conectada a veia cava caudal ou alguma veia que adentre ao coração sem antes passar pelo fígado. Porém existem patologias que geram anormalidades na circulação porta hepática, e consequentemente são incompatíveis com a saúde, bem-estar animal e até mesmo com a continuidade da vida.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Circulação
Inicialmente é importante discutir a circulação sanguínea em si para depois tratar do tema proposto. Vale ressaltar que na discussão sobre circulação sanguínea é definida em dois circuitos conhecidos por grande circulação ou circulação sistêmica e pequena circulação ou circulação pulmonar. Sendo a grande circulação o tráfego sanguíneo (de alta pressão) entre coração e o corpo, ou seja, a saída do sangue rico em oxigênio oriundo do ventrículo esquerdo transportado pelas artérias para irrigar os demais tecidos e receber esse sangue utilizado(venoso) retornando através das veias para o átrio direito do coração. Na pequena circulação ocorrerá o trajeto do sangue (de baixa pressão) do átrio direito para os pulmões, acontecendo as trocas gasosas com a expulsão do gás carbônico do sangue venoso e a oxigenação do sangue através da respiração, levado de volta para o coração ao átrio esquerdo. A esse respeito ver Dyce, Sack e Wensing (2010) e Ducks (2017).
Figura 1 – Esquema da circulação.
1. Circulação sistêmica;
4. Fígado;
· Circulação pulmonar:
a. Lado direito do coração;
b. Artéria pulmonar;
c. Pulmão;
d. Veia pulmonar;
Fonte: Extraído de Dyce, Sack e Wensing (2010, p. 77).
2.2 Anatomia e fisiologia da circulação porta hepática
Compreendendo a circulação geral e entendido o transporte de oxigênio é necessário identificar então o transporte de nutrientes (glicose, proteínas, água, vitaminas etc.), no qual em conjunto com o oxigênio que vai dos pulmões para o coração como visto na Figura 1, serão distribuídos através das artérias transportadoras de sangue irrigando todos os órgãos do corpo para cumprirem com o metabolismo. De acordo com Colville e Bassert (2010), resumidamente os 6 nutrientes essenciais para a vida são: oxigênio, água, carboidratos, proteína e gordura, vitaminas e minerais. 
Oriundos da alimentação, os nutrientes (com exceção do oxigênio) antes terão que ser encaminhados dos órgãos digestivos e absortivos do trato digestivo para o fígado, responsável pelo processamento dessas moléculas. De acordo com Colville e Bassert (2010, p. 603) afirmam que: “muitos nutrientes são transportados pelo fígado, onde as moléculas de nutriente são metabolizadas ou transformadas em moléculas maiores, antes de serem utilizadas pelo organismo.”
Figura 2 – Vista dorsal semiesquemática da formação da veia porta
1. Veia porta;
2. Veia esplênica;
3. Veia gastroduodenal;
4. Veia mesentérica cranial;
5. Veia mesentérica caudal;
6. Veia gástrica esquerda;
7. Veia gastroepiploica direita;
8. Veia pancreaticoduodenal cranial;
Fonte: Extraído de Dyce, Sack e Wensing (2010, p. 275).
Os órgãos do aparelho digestório, juntamente com pâncreas e baço serão drenados por veias que não participarão diretamente ligadas a veia cava caudal, responsável pelo o retorno do sangue ao coração. Como discutido anteriormente, a absorção dos nutrientes deve passar antes pelo fígado, para chegar ao coração. O conjunto dessas veias irá constituir a circulação porta hepática. Como visto na Figura 2, é analisado a ligação dos demais órgãos com o fígado pelos respectivos vasos: veia mesentérica cranial, responsável pela maior parcela da circulação porta, já que consequentemente drena em maior parte o intestino delgado, região mais absortiva de alimentos; veia mesentérica caudal faz a drenagem do cólon e reto; veia esplênica juntamente com a veia gástrica esquerda drenam sangue do baço e estomago; veia gastroduodenal e gástrica direita drenam porções do duodeno, estomago e pâncreas; veia pancreaticoduodenal cranial drenam porções do pâncreas e duodeno. Para verticalização do tema, consultar Dyce, Sack e Wensing (2010) e Ducks (2017). 
2.3 Patologias
Visto a importância da circulação porta hepática e do fígado para a vida do animal, também é visto patologias que podem acometer está estrutura funcional e confluente. Algumas doenças e casos clínicos serão discutidos e analisados a fim de ratificar o valor da circulação porta hepática e contemporizar com a medicina veterinária.
2.3.1 Trombose da veia porta
A trombose da veia porta, segundo Silva (2015, p. 1),
Consiste na obstrução parcial ou total do fluxo sanguíneo, causada pela existência de um trombo no sistema venoso portal. No cão, a trombose da veia porta está associada a entidades clínicas como sépsis, pancreatite aguda necrotizante, nefropatia com perda de proteína, anemia hemolítica imuno-mediada, neoplasia, hepatite crónica, hiperadrenocorticismo e terapêutica com corticosteróides. No gato, a presença de doença hepatobiliar é considerada um fator de risco, assim como anomalias vasculares no sistema portal, carcinoma metastático, pancreatite e peritonite.
	
Em sua dissertação, Silva (2015) analisa quatro casos clínicos, em dois canídeos e dois felinos. Visto uma grande ambiguidade de sintomas, é afirmado pelo o autor a impossibilidade de um diagnostico da patologia, sem antes passar por exames complementares, denominados de ecografia abdominal. Através dos exames foram observados nódulos no lúmen da veia porta em todos os casos dos quatros animais, denominados de trombo hipoecogénico.
Figura 3 – Trombose da veia porta
Fonte: Silva (2015)
2.3.2 Desvio portossistêmico (DPS) ou shunt portossistêmico
O shunt portossistêmico é uma patologia em que circulação portale circulação sistêmica se conectem, e dessa forma faz com que o sangue que iria passar para o fígado adentre diretamente na veia cava caudal, ou veia ázigos ou outros vasos sistêmicos. Causando distrofia e sequentemente causando disfunção do órgão, diminuindo o metabolismo hepático das toxinas intestinais. É justamente a anomalia que mais acomete os cães envolvendo circulação hepática, sendo necessário tratamento (SANTOS, et al, 2014).
De acordo com Hayashi (2020, p. 1), “O diagnóstico é baseado no histórico de animais jovens com retardo de crescimento, letargia, convulsão ou distúrbio de comportamento principalmente após alimentação, retorno demorado de anestesia ou sedação, crise de encefalopatia hepática, em raças predispostas”.
Existem duas opções de tratamento, redirecionar cirurgicamente o sangue através do parênquima do fígado ou minimizar a carga de fatores originados pelo trato gastrointestinal. O segundo tratamento será auxiliado por medicamentos que reduzem a toxidade do alimento e por dieta, evitando alto teor de proteínas. A opção cirúrgica é dada aos animais com sinais clínicos mais estáveis, conforme indica Hayashi (2020).
3 CONCLUSÃO
	Portanto, não existe incerteza sobre a importância do fígado em relação a sobrevivência e o metabolismo dos animais domésticos. Isso, claro, antes precisa de uma comunicação com os demais órgãos, cada qual com seus vasos criando uma confluência e uma circulação bastante especifica conhecida como veia porta hepática.
	Realçar a importância metabólica, visto que os animais domésticos são dependentes de moléculas que eles próprios não são produtores. Sendo assim precisam de absorção e processamento necessários para levar os nutrientes a todas as células do corpo, a veia porta é destaque para que isso possa ocorrer.
	A compreensão do tema é mais fácil assimilado quando se entende o funcionamento da circulação geral. O corpo e sua grande parte são irrigados por artérias e veias, levando e fazendo seu retorno ao coração. Sistemas e seus órgãos funcionais como pulmão para o respiratório e cavidades digestórias e absortivas, esses com intermédio do fígado recebendo pela veia porta, devem estar conectados ao coração para abastecer os nutrientes.
	Observar que a circulação porta hepática pode ser comprometida por patologias. Essas anomalias necessitam de um bom entendimento do médico veterinário para atenuar e reverter com tratamentos a patologia que compromete a vida dos animais. Ressaltar também a importância de exames clínicos para chegar ao diagnostico dessas doenças que comprometem a circulação porta hepática.
REFERÊNCIAS
COLVILLE, T. P. BASSERT, J. M. Anatomia e fisiologia clínica para medicina veterinária. Tradução de Verônica Barreto Novais (et. al.) Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
DYCE, K. M. Tratado de anatomia veterinária. Tradução de Renata Scavone de Oliveira (et. al.). Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
HAYASHI, A. M. et al. Abordagem clínico-cirúrgica de desvio portossistêmico congênito em pequenos animais: quais as novidades? Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, São Paulo, v.18, n. 2, 2020.
SANTOS, R. O. et al. Shunt portossistêmico em pequenos animais. PUBVET, Londrina, V. 8, N.  18, Ed. 267, Art. 1781, Setembro, 2014. 
SILVA, I. Trombose da veia porta em animais de companhia: a importância do exame ecográfico no diagnóstico. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2015. 
SWENSON, M.J. & REECE W.O. Dukes - Fisiologia dos animais domésticos. 13ª ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2017.

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