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Atenção Primária à Saúde e a Fonoaudiologia Profa. Vanessa Lima UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE FONOAUDIOLOGIA CURSO DE FONOAUDIOLOGIA DISCIPLINA SAÚDE COLETIVA I REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE NÍVEIS DE PREVENÇÃO E A ATUAÇÃO DA FONOAUDIOLOGIA Primeiro contato com o sistema de saúde É o local responsável pela organização do cuidado à saúde dos indivíduos, de suas famílias e da população ao longo do tempo e busca proporcionar equilíbrio entre as duas metas de um sistema nacional de saúde: melhorar a saúde da população e proporcionar equidade na distribuição de recursos. ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (STARFIELD, 2002) • Conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, redução de danos e a manutenção da saúde. (BRASIL, 2011) Para operacionalizar → Estratégia de Saúde da Família • Modelo de APS focado na família enquanto unidade social, apoiado na organização territorial e construído operacionalmente na esfera comunitária POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA (ANDRADE; BARRETO; BEZERRA , 2006) • Marco da incorporação da estratégia de atenção primária, preconizada em Alma Ata, na política de saúde brasileira • Surgiu em 1994, inicialmente voltado para extensão de cobertura assistencial focalizada em áreas de maior risco social • Em 1999 passou a ser considerado pelo Ministério da Saúde estratégia estruturante dos sistemas municipais de saúde, visando reorientar o modelo assistencial da atenção básica PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA http://bp2.blogger.com/_eq4jFYUe-o4/RwOBOLEdoBI/AAAAAAAAAMw/K7Ys-62Hubg/s320/psf.jpg • Trabalho centrado em equipe multiprofissional – ESF: médico generalista, enfermeiro, 2 auxiliares de enfermagem e até 12 agentes comunitários de saúde (ACS) com 750 pessoas pro ACS – ESB: Cirurgião-dentista, auxiliar de consultório dentário, técnico de higiene dental • Cada equipe fica responsável por no máximo 4.000 pessoas, com média recomendada de 3.000 pessoas • Trabalha com definição de território de abrangência e adscrição de clientela ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (BRASIL, 2011) • ESF deve cadastrar, conhecer e acompanhar as famílias do seu território de abrangência • Identificar os problemas de saúde e as situações de risco existentes na comunidade (características dos domicílios), • Realizar busca ativa de grupos prioritários para acompanhamento (agravos e situações de vida) • Elaborar programação de atividades para enfrentar os determinantes do processo saúde/doença, • Desenvolver ações educativas e intersetoriais relacionadas com os problemas de saúde identificados ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA CONCEITOS IMPORTANTES Equipe de saúde Comunidade Unidade familiar Unidade familiar • Célula biológica e social, dentro da qual o comportamento reprodutivo, os padrões de socialização, o desenvolvimento emocional e as relações com a comunidade são determinados (RIFKIN, 1986) Comunidade • Esfera sociocultural, delimitada por contiguidade geográfica e definida por aspectos semelhantes da organização da vida dos indivíduos e dependência comum dos mesmos equipamentos sociais e governamentais (TALLON, 1989) CONCEITOS IMPORTANTES Recife e seus Distritos Sanitários Rede assistencial básica de Recife (2009) ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Inserção do fonoaudiólogo Núcleos de Apoio à Saúde da Família – NASF (BRASIL, 2008, 2014) Criou o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), visando apoiar a inserção da ESF na rede de serviços, ampliar a abrangência e o escopo na APS, além de qualificar o trabalho das equipes (BRASIL, 2008). Complexidade do viver e adoecer Necessidade de ampliação da integralidade da SF Nasf Atenção Primária à Saúde e Nasf Portaria n°- 154, de 24 de Janeiro de 2008 Política Nacional de Atenção Básica - Portaria Nº 2.488, de 21 de outubro de 2011 NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA - NASF Ampliar a abrangência e o escopo das ações da atenção básica, bem como sua resolubilidade, apoiando a inserção da estratégia de Saúde da Família na rede de serviços e o processo de territorialização e regionalização a partir da atenção básica. OBJETIVO Os NASF devem buscar instituir a plena integralidade do cuidado físico e mental aos usuários do SUS por intermédio da qualificação e complementaridade do trabalho das Equipes Saúde da Família - ESF. MARCO NORMATIVO E LEGAL 2017 • PNAB - Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB) PORTARIA Nº 2.436, DE 21 DE SETEMBRO DE 2017 Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB) Constitui uma equipe multiprofissional e interdisciplinar composta por categorias de profissionais da saúde, complementar às equipes que atuam na Atenção Básica. É formada por diferentes ocupações (profissões e especialidades) da área da saúde, atuando de maneira integrada para dar suporte (clínico, sanitário e pedagógico) aos profissionais das equipes de Saúde da Família (eSF) e de Atenção Básica (eAB). MARCO NORMATIVO E LEGAL Equipes compostas por profissionais de diferentes áreas de conhecimento. Definida pelos gestores municipais, seguindo os critérios de prioridade identificados a partir das necessidades locais e da disponibilidade de profissionais de cada uma das diferentes ocupações. Pelo menos 01 profissional da área de saúde mental. COMPOSIÇÃO NASF Mínimo de 5 profissionais de nível superior de ocupações não coincidentes • Médico Acupunturista, Assistente Social, Professor de Educação Física, Farmacêutico, Fisioterapeuta, Fonoaudiólogo, Médico Generalista, Médico Homeopata, Nutricionista, Médico Pediatra, Psicóloga, Médico Psiquiatra e Terapeuta Ocupacional NASF 1 Mínimo 3 profissionais de nível superior de ocupações não coincidentes • Assistente Social, Professor de Educação Física, Farmacêutico, Fisioterapeuta, Fonoaudiólogo, Nutricionista, Psicólogo e Terapeuta Ocupacional NASF 2 NASF 1 • Vinculado a, no mínimo, 5 ESF, e a no máximo, 9 ESF ABANGÊNCIA NASF 2 • Vinculado a, no mínimo, 3 ESF • Saúde da criança/do adolescente e do jovem • Saúde mental • Reabilitação/saúde integral da pessoa idosa • Alimentação e nutrição • Serviço social • Saúde da mulher • Assistência farmacêutica • Atividade física/ práticas corporais • Práticas integrativas e complementares ÁREAS ESTRATÉGICAS NASF (BRASIL, 2010) • Em parceria com os profissionais das Equipes Saúde da Família – ESF • Compartilhando as práticas em saúde nos territórios sob responsabilidade das ESF, atuando diretamente no apoio às equipes e na unidade na qual o NASF está cadastrado • Não se constitui em porta de entrada do sistema, atua de forma integrada à rede de serviços. ATUAÇÃO • Carga horária semanal de 40 horas, para os profissionais do NASF • Excepcionalmente o médico, o fisioterapeuta e o terspeuta ocupacional, em substituição a um profissional de 40 horas, podem ser registrados 2 profissionais de 20 horas/semanais cada um ATUAÇÃO A dimensão assistencial A dimensão Técnico- pedagógica Apoio Matricial em saúde objetiva assegurar retaguarda especializada a equipes e profissionais encarregados da atenção a problemas de saúde. (CAMPOS e DOMITTI, 2007) PROFISSIONAL APOIADOR MATRICIAL Assistenciais+ Técnico-pedagógicas (NASCIMENTO et al., 2013) Reuniões/discussões de casos- educação permanente Atendimentos Individuais/compartilhados Visitas Domiciliares Indiv./compartilhadas Atividades coletivas PROCESSO DE TRABALHO • Foco o território sob sua responsabilidade • Atendimento compartilhado e interdisciplinar • Troca de saberes, capacitação e responsabilidades mútuas • Gera experiência para todos os profissionais envolvidos PROCESSO DE TRABALHO • Definição de indicadores e metas • Agendas de trabalho – Participação em reuniões das ESF – Discussõese construção de projetos terapêuticos e temas teóricos – Atendimento compartilhado – Visitas domiciliares – Atividades assistenciais diretas, quando for o caso • Atividades pedagógicas • Trabalhos em grupo/equipe (BRASIL, 2010) • Pactuação do Apoio – Avaliação conjunta da situação inicial do território entre os gestores, equipes de SF e o Conselho de Saúde – Pactuação do desenvolvimento do processo de trabalho e das metas, entre os gestores, a equipe do NASF, a equipe SF e a participação social FERRAMENTAS E DISPOSITIVOS NASF (BRASIL, 2010) • Apoio Matricial • Clínica Ampliada • Projeto Terapêutico Singular (PTS) • Projeto de Saúde no Território (PST) FERRAMENTAS E DISPOSITIVOS NASF (BRASIL, 2010) ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NO NASF • A atuação do fonoaudiólogo no NASF exige deste profissional a capacidade de atuar em equipes multiprofissionais, de forma interdisciplinar. Sua atuação nesse contexto, vai além de suas especificidades científicas e de suas práticas clínicas tradicionais, para entrar em conexão com diferentes saberes e desenvolver projetos capazes de lidar com a complexidade do processo saúde/doença A FONOAUDIOLOGIA E O NASF (MENDES, 2009) Atuação essencialmente interdisciplinar A FONOAUDIOLOGIA E O NASF Campo de prática Núcleo de saber Núcleo de saber Núcleo de saber • Identificar, em conjunto com as ESF e a comunidade – Atividades, ações e práticas a serem adotadas em cada uma das áreas cobertas; – Público prioritário a cada uma das ações; • Atuar, de forma integrada e planejada, nas atividades desenvolvidas pelas ESF e de Internação Domiciliar, quando estas existirem, acompanhando e atendendo a casos, de acordo com os critérios previamente estabelecidos; AÇÕES DE RESPONSABILIDADE DE TODOS OS PROFISSIONAIS • Acolher os usuários e humanizar a atenção; • Desenvolver coletivamente, com vistas à intersetorialidade, ações que se integrem a outras políticas sociais como: educação, esporte, cultura, trabalho, lazer, entre outras; • Promover a gestão integrada e a participação dos usuários nas decisões, por meio de organização participativa com os Conselhos Locais e/ou Municipais de Saúde; • Elaborar estratégias de comunicação para divulgação e sensibilização das atividades dos NASF por meio de cartazes, jornais, informativos, faixas, folders e outros veículos de informação; • Avaliar, em conjunto com as ESF e os Conselhos de Saúde, o desenvolvimento e a implementação das ações e a medida de seu impacto sobre a situação de saúde, por meio de indicadores previamente estabelecidos; • Elaborar projetos terapêuticos individuais, por meio de discussões periódicas que permitam a apropriação coletiva pelas ESF e os NASF do acompanhamento dos usuários, realizando ações multiprofissionais e transdisciplinares, desenvolvendo a responsabilidade compartilhada. • Ações de Atividade Física/Práticas Corporais • Ações das Práticas Integrativas e Complementares • Ações de Reabilitação • Ações de Alimentação e Nutrição • Ações de Saúde Mental • Ações de Serviço Social • Ações de Saúde da Criança • Ações de Saúde da Mulher • Ações de Assistência (farmacêutica) AÇÕES ESPECÍFICAS Ações que propiciem a redução de incapacidades e deficiências com vistas à melhoria da qualidade de vida dos indivíduos, favorecendo sua reinserção social, combatendo a discriminação e ampliando o acesso ao sistema de saúde MULTIPROFISSIONAIS TRANSDISCIPLINARES RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA AÇÕES DE REABILITAÇÃO Desafios da Fonoaudiologia no SUS segundo os componentes dos serviços de saúde. Componentes dos serviços de saúde Desafios na Fonoaudiologia no SUS Modelo de atenção • Hegemonia médico-privativista • Não enfatiza a promoção, enfocando nas ações clínicas (Fonoaudiólogo como reabilitador e não como promotor da saúde da comunicação humana) • Demanda espontânea • Adoção do Paradigma Sistêmico Participativo • Incipiente atuação clínica baseada na Política Nacional de Humanização (HumanizaSUS)42 Organização dos recursos e infraestrutura • Problemas na regionalização • Oferta insuficiente do serviço fonoaudiológico43 • Dificuldade no acesso geográfico aos serviços de Fonoaudiologia44, principalmente fora dos grandes centros urbanos • Oferta insuficiente e distribuição territorial desigual de fonoaudiólogos43 • Iniquidades de acesso entre grupos populacionais vulneráveis45 • Lista de espera para atendimento nos escassos serviços de Fonoaudiologia (demanda reprimida) • Recursos humanos insuficientes e com necessidades de qualificação, pois não compreendem o próprio sistema no qual atuam • Má-remunerados e vínculos precários Desafios da Fonoaudiologia no SUS segundo os componentes dos serviços de saúde. Gestão • Os gestores não conhecem a atuação do fonoaudiólogo e sua importância na gestão do cuidado • As autoridades sanitárias pouco se esforçam em ampliar a oferta de serviços em fonoaudiologia43 • Fonoaudiólogo sanitarista atuando somente como sanitarista, não conseguindo ser Fonoaudiólogo militante em prol da saúde da comunicação humana • Necessidade de uma maior participação da população portadora de deficiência, daqueles que precisam da Fonoaudiologia (professores, cantores etc.) bem como do próprio profissional Fonoaudiólogo nos conselhos e conferências de saúde Financiamento • Investimentos incipientes em pesquisas e estudos no campo da atenção básica do SUS e na Fonoaudiologia Recursos do SUS mal geridos e excassos