Buscar

Módulo 4 - Direitos Econômicos, Sociais e Culturais

Prévia do material em texto

01/08/2021 Módulo 4 - Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
https://mooc.escolavirtual.gov.br/mod/book/tool/print/index.php?id=165943 1/16
Módulo 4 - Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais
Site: Ambiente Virtual de Aprendizagem MOOC
Curso: Direitos Humanos: Uma Declaração Universal
Livro: Módulo 4 - Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
Impresso por: davidson calixto salgado
Data: domingo, 1 ago 2021, 12:41
Í
https://mooc.escolavirtual.gov.br/
01/08/2021 Módulo 4 - Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
https://mooc.escolavirtual.gov.br/mod/book/tool/print/index.php?id=165943 2/16
Índice
1. Direitos coletivos, difusos e individuais homogêneos: a terceira geração de direitos humanos
2. Os direitos humanos de terceira geração e a declaração universal dos direitos humanos
2.1. Direito Humano à Educação
2.2. Direito humano à Alimentação Adequada
2.3. Direito humano ao Meio Ambiente
2.4. Direito humano ao Trabalho
3. Os direitos econômicos, sociais e culturais da declaração universal e a constituição federal de 1988
01/08/2021 Módulo 4 - Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
https://mooc.escolavirtual.gov.br/mod/book/tool/print/index.php?id=165943 3/16
1. Direitos coletivos, difusos e individuais
homogêneos: a terceira geração de direitos
humanos
A Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH) de 1948 é considerada o principal marco de surgimento dos
Direitos Humanos no plano internacional. Documento assinado por dezenas de países no âmbito das Organização
das Nações Unidas (ONU), representou o compromisso da comunidade internacional em promover a paz e a
proteção do ser humano, após o massacre de milhões de vidas humanas pela Segunda Guerra Mundial.
Os direitos civis – considerados os Direitos Humanos de primeira geração – representam o espaço no interior do qual
o poder do Estado não pode entrar, ou seja, uma esfera de proteção do indivíduo contra o Estado. Ao mesmo tempo,
estabelecia-se que os indivíduos tinham direitos e que todo e qualquer indivíduo, de qualquer grupo social, tinha os
mesmos direitos, quebrando-se a organização social baseada na existência de grupos privilegiados, por um lado, e de
grupos sem privilégio algum, por outro lado. São os direitos de liberdade e igualdade. 
Na sequência, o desenvolvimento dos direitos humanos de segunda geração - os direitos políticos - foi necessário
para que as pessoas, já protegidas pelos direitos civis, pudessem participar do processo de criação das leis,
diretamente ou escolhendo seus representantes. São os direitos de nacionalidade, liberdade de expressão, direito à
participação política. O reconhecimento dos Direitos Humanos de segunda geração foi capaz de reduzir as
desigualdades e a miséria social. Mas, esses direitos não foram capazes de lidar com alguns outros problemas típicos
de nossas sociedades.
As condições e necessidades particulares de grupos como mulheres, negras e negros, homossexuais, crianças,
adolescentes, idosas e idosos estavam até então desconsideradas, porque os Direitos Humanos desenvolvidos até
então tratavam todos os seres humanos de forma muito homogênea. De maneira simples, pode-se dizer que o desejo
de igualdade sufocou o reconhecimento da diferença. 
Frente a isso, novas lutas sociais, sobretudo a partir da segunda metade do Século XX deram origem a novos
Direitos Humanos. Assim, lutas que reivindicavam o direito à diferença conseguiram alcançar o reconhecimento de
Direitos Coletivos.
Direitos Coletivos são direitos que não se destinam indiferentemente a toda e qualquer pessoa da
sociedade, mas a toda e qualquer pessoa da sociedade que tenha determinadas características
capazes de justificar uma proteção diferenciada. 
Direitos da população idosa, direitos de crianças e adolescentes, direitos da população indígena, direitos da
população quilombola e inclusive direitos das mulheres e da população LGBT são exemplos de Direitos Coletivos.
Por outro lado, em face dos riscos que nossa sociedade altamente industrializada começou a gerar para a
sobrevivência do planeta, como o fim da água potável, o desequilíbrio dos ecossistemas e o aquecimento global,
outro conjunto de direitos tratou do fato de que há questões e problemas que dizem respeito não a toda e qualquer
pessoa individualmente considerada, nem a grupos sociais específicos, mas à humanidade considerada como um
todo.
01/08/2021 Módulo 4 - Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
https://mooc.escolavirtual.gov.br/mod/book/tool/print/index.php?id=165943 4/16
São os Direitos Difusos porque não pertencem a um ou outro indivíduo, a uma ou outra minoria
social, pertencem, difusamente, a toda humanidade. 
O melhor exemplo de Direitos Difusos é o direito ambiental: a proteção das águas, da vegetação, do solo e dos
animais tem por finalidade assegurar, à espécie humana, o direito de viver em um meio ambiente ecologicamente
equilibrado.
Por sua vez, a fragilidade do indivíduo diante do poder das grandes empresas que caracterizam também nossa
sociedade altamente industrializada gerou lutas sociais voltadas a tentar limitar esse poder e fortalecer o papel do
sujeito. 
O caminho encontrado para isso foi estabelecer direitos que, embora pertençam aos indivíduos na
condição de indivíduos – ou seja, não têm como referência grupos sociais nem a humanidade como
um todo –, relacionam-se a problemas que afetam todos esses indivíduos de modo semelhante, de
modo homogêneo.
Direitos Individuais Homogêneos são, desse modo, o conjunto de direitos que surgirão como resposta a essa
situação. O melhor exemplo desses Direitos Individuais Homogêneos são os direitos do consumidor. 
01/08/2021 Módulo 4 - Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
https://mooc.escolavirtual.gov.br/mod/book/tool/print/index.php?id=165943 5/16
2. Os direitos humanos de terceira geração e a
declaração universal dos direitos humanos
A Declaração Universal dos Direitos Humanos traz, em seus artigos, um conjunto de direitos que podemos
classificar como direitos humanos econômicos, sociais e culturais (conhecidos como DHESCAS), ou os Direitos
Humanos de terceira geração. Nesta seção, estudaremos esses direitos: i) direito à educação; ii) direito à alimentação
adequada; iii) direito ao meio ambiente; e iv) direito ao trabalho. 
01/08/2021 Módulo 4 - Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
https://mooc.escolavirtual.gov.br/mod/book/tool/print/index.php?id=165943 6/16
2.1. Direito Humano à Educação
A educação é um dos direitos humanos e está prevista na Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo
26:
Artigo 26
1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus
elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional
será acessível a todos, bem como a instrução superior, está baseada no mérito. 
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do
fortalecimento do respeito pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A instrução
promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou
religiosos e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus
filhos.
Quando a Declaração Universal reconhece o direito à educação como um direito humano, significa que o exercício
desse direito não deve estar limitado à condição social, nacional, cultural, de gênero ou étnico-racial da pessoa. 
O direito à educação não se refere somente à educação escolar, porque o processo educativo começa desde que
nascemos e só termina com a nossa morte: a aprendizagem acontece em diversos âmbitos (na família, na
comunidade, no trabalho, no grupo de amigos, na associação e também na escola e em todos os momentos de nossas
vidas). Além de sua importância como direito humano que possibilita à pessoa desenvolver-se plenamente e
continuar aprendendo ao longo da vida, a educação é um bempúblico da sociedade, na medida em que possibilita o
acesso aos demais direitos.
Cada país tem autonomia para definir como oferecerá à população o acesso à educação e ao ensino. Entretanto, pela
interpretação da Declaração Universal e outros documentos internacionais sobre o direito à educação, a educação
deve ser sempre: disponível, acessível, aceitável e adaptável. Veremos cada um dos conceitos:
Disponibilidade: significa que a educação gratuita deve estar à disposição de todas as pessoas. A primeira
obrigação do Estado é assegurar que existam creches e escolas com vagas disponíveis para todos os que
manifestem interesse na educação escolar. 
Acessibilidade: o acesso à educação pública deve ser para todos, sem qualquer tipo de discriminação. Além
disso, deve haver a acessibilidade material (possibilidade efetiva de frequentar a escola sem barreiras como a
distância e falta de adaptação arquitetônica) e a acessibilidade econômica (acesso gratuito a todas as pessoas).
Aceitabilidade: é a garantia da qualidade da educação. O Estado está obrigado a assegurar que todas as escolas
tenham qualidade e que a educação seja aceitável. A qualidade da educação se relaciona aos resultados do
ensino, às condições materiais de funcionamento das escolas e à adequação dos processos pedagógicos.
Os principais documentos internacionais que tratam do direito à educação são os seguintes: 
Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966):
Artigo 13
1. Os Estados Signatários do presente Pacto reconhecem o direito de toda pessoa à educação. Concordam que a
educação deve ser orientada para o pleno desenvolvimento da personalidade humana e do sentido de sua dignidade, e
deve fortalecer o respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais. Concordam, ainda, que a educação deve
capacitar todas as pessoas para participar efetivamente de uma sociedade livre, favorecer a compreensão, a tolerância
01/08/2021 Módulo 4 - Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
https://mooc.escolavirtual.gov.br/mod/book/tool/print/index.php?id=165943 7/16
e a amizade entre todas as nações e entre todos os grupos raciais, étnicos ou religiosos e promover as atividades das
Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 
2. Os Estados Signatários do Presente Pacto reconhecem que, com o objetivo de assegurar o pleno exercício desse
direito:
a. A educação primária deve ser obrigatória e acessível gratuitamente a todos; 
b. A educação secundária em suas diferentes formas, inclusive a educação secundária técnica e profissional,
deve ser generalizada e tornar-se acessível a todos, por todos os meios apropriados e, principalmente, pela
implementação progressiva do ensino gratuito; 
c. A educação de nível superior deve igualmente tornar-se acessível a todos, com base na capacidade de
cada um, por todos os meios apropriados e, principalmente, pela implementação progressiva do ensino
gratuito;
d. Deve-se fomentar e intensificar, na medida do possível, a educação fundamental para aquelas pessoas que
não tenham recebido ou terminado o ciclo completo de instrução primária; 
e. Deve-se prosseguir ativamente o desenvolvimento do sistema escolar em todos os níveis de ensino,
implementar um sistema adequado de bolsas estudo e aprimorar continuamente as condições materiais do
corpo docente.
Convenção sobre os Direitos da Criança (1989
Artigo 29 
1. Os Estados-Partes reconhecem que a educação da criança deverá estar orientada no sentido de: 
a. Desenvolver a personalidade, as aptidões e a capacidade mental e física da criança em todo o seu
potencial;
b. Imbuir na criança o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais, bem como aos princípios
consagrados na Carta das Nações Unidas; 
c. Imbuir na criança o respeito aos seus pais, à sua própria identidade cultural, ao seu idioma e seus valores,
aos valores nacionais do país em que reside, aos do eventual país de origem, e aos das civilizações
diferentes da sua; 
d. Preparar a criança para assumir uma vida responsável numa sociedade livre, com espírito de
compreensão, paz, tolerância, igualdade de sexos e amizade entre todos os povos, grupos étnicos,
nacionais e religiosos e pessoas de origem indígena; 
e. Imbuir na criança o respeito ao meio ambiente.
Convenção Relativa à Luta contra a Discriminação no Campo do Ensino (UNESCO, 1960)
Artigo 1º 
Para os fins da presente Convenção, o termo "discriminação" abarca qualquer distinção, exclusão, limitação ou
preferência que, por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião pública ou qualquer outra opinião, origem
nacional ou social, condição econômica ou nascimento, tenha por objeto ou efeito destruir ou alterar a igualdade de
tratamento em matéria de ensino, e, principalmente:
a. Privar qualquer pessoa ou grupo de pessoas do acesso aos diversos tipos ou graus de ensino; b) Limitar a
nível inferior a educação de qualquer pessoa ou grupo;
b. Sob reserva do disposto no art. 2º da presente Convenção, instituir ou manter sistemas ou
estabelecimentos de ensino separados para pessoas ou grupos de pessoas; 
c. De impor a qualquer pessoa ou grupo de pessoas condições incompatíveis com a dignidade do homem.
01/08/2021 Módulo 4 - Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
https://mooc.escolavirtual.gov.br/mod/book/tool/print/index.php?id=165943 8/16
Artigo 3° 
A fim de eliminar e prevenir qualquer discriminação no sentido da presente Convenção, os Estados-Partes se
comprometem a:
a. Eliminar quaisquer disposições legislativas e administrativas e fazer cessar quaisquer práticas
administrativas que envolvam discriminação; (...) 
b. Não admitir, no que concerne às despesas de ensino, às atribuições de bolsas, (...) qualquer diferença de
tratamento entre nacionais pelos poderes públicos, senão as baseadas no mérito e nas necessidades; 
c. Não admitir, na ajuda que, eventualmente, e sob qualquer forma, for concedida pelas autoridades públicas
aos estabelecimentos de ensino, nenhuma preferência ou restrição baseadas unicamente no fato de que os
alunos pertençam a determinado grupo; 
d. Conceder aos estrangeiros que residirem em seu território o mesmo acesso ao ensino que o concedido aos
próprios nacionais.
O Brasil é obrigado a respeitar, proteger e promover os direitos humanos. Por isso, na prática, e no caso da educação,
tem o dever de respeitar – que significa que não pode criar obstáculos ou impedir o exercício do direito humano à
educação. Não pode, por exemplo, impedir que as pessoas recebam ou ofereçam educação, que organizem cursos
livres em suas comunidades ou pela internet, ou que abram escolas, desde que respeitem as condições estabelecidas
nas normas sobre o tema. 
Também tem o dever de proteger, que exige que o Estado atue, tomando medidas para evitar que terceiros (pessoas,
grupos ou empresas, por exemplo) impeçam o exercício do direito à educação. Por exemplo, no Brasil, o ensino é
obrigatório entre 4 e 17 anos; nem mesmo os pais, mães ou responsáveis de uma criança ou adolescente podem
impedir seu acesso à escola, cabendo ao Estado atuar na proteção de seu direito, garantindo-lhe o acesso à escola. 
Por fim, o dever de promover é a principal obrigação ativa do Estado. São as políticas ações públicas que o Estado
deve realizar para garantir o exercício do direito à educação. São as obrigações diretas do Estado em garantir o
direito humano à educação, como a construção de escolas, do financiamento adequado e da contratação de
professores 
01/08/2021 Módulo 4 - Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
https://mooc.escolavirtual.gov.br/mod/book/tool/print/index.php?id=165943 9/16
2.2. Direito humano à Alimentação Adequada
O direito humano à alimentação está previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo 25:
Artigo 25 
1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde,
bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais
indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego,doença invalidez, viuvez, velhice ou
outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
Alimentar-se é um ato vital para todos os seres vivos; sem ele não há possibilidade de vida. Além disso, no caso dos
seres humanos, a alimentação é ao mesmo tempo um processo biológico e cultural. Ao se alimentar, as pessoas criam
práticas alimentares, desenvolvem costumes e valores sobre os diferentes alimentos. Por isso, podemos dizer que
cada sociedade, ou grupo social, atribui um sentido específico ao ato de se alimentar.
O termo alimentação adequada trata de dois elementos que compõem esse direito: o primeira é o direito de estar
livre da fome e da má nutrição e o segundo é o direito de ter acesso físico e econômico aos meios para obtenção
de uma alimentação adequada. Inclusive, o acesso físico e econômico (alimentos em espécie ou renda para
aquisição de alimentos) tem que ser garantido imediatamente pelos países. Para garantir o acesso físico e
econômico, cada Estado fica obrigado a assegurar, a todas as pessoas, o acesso à quantidade mínima e essencial
de alimentos. Ressalta-se que essa quantidade deve ser suficiente para garantir que todas as pessoas estejam de
fato livres da fome.
Para a garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada é necessário que os Estados realizem ações de proteção
social visando combater diretamente a fome por meio de programas de transferência de renda e distribuição de
alimentos. 
A água também é entendida como alimento. Por isso, podemos dizer que o direito humano à água também faz parte
do direito humano à alimentação adequada, e está relacionado a outros direitos humanos como o direito humano ao
Meio Ambiente.
Assim como todas as pessoas têm direito a uma alimentação adequada, todos têm direito ao acesso irrestrito à água,
inclusive independendo de pagamento de taxas ou de qualquer outra contrapartida. Porém, como ocorre com o
direito à alimentação adequada, a falta de acesso à água atinge as camadas mais empobrecidas da sociedade. A sede
e a seca, bem como a fome, estão presentes em todas as regiões brasileiras, tanto nas regiões rurais como no
semiárido e nas periferias 
De acordo com a Organização das Nações Unidas, após um declínio constante por mais de uma
década, a fome no mundo está novamente em ascensão e, em 2016, afetou 815 milhões de pessoas
(11% da população global). Esse aumento — de mais 38 milhões de pessoas em relação ao ano
anterior — deve-se, em grande parte, à proliferação de conflitos violentos e de mudanças
climáticas. Cerca de 155 milhões de crianças com menos de 5 anos sofrem com atraso no
crescimento (estatura baixa para a idade), enquanto 52 milhões estão com peso abaixo do ideal
para a estatura. Dados disponíveis em: https://nacoesunidas.org/onu-apos-uma-decada-de-queda-
fome-volta-a-crescer-no-mundo/ 
01/08/2021 Módulo 4 - Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
https://mooc.escolavirtual.gov.br/mod/book/tool/print/index.php?id=165943 10/16
01/08/2021 Módulo 4 - Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
https://mooc.escolavirtual.gov.br/mod/book/tool/print/index.php?id=165943 11/16
2.3. Direito humano ao Meio Ambiente
O direito a uma vida com saúde e bem-estar está previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu
artigo 25:
Artigo 25
1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde,
bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais
indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doença invalidez, viuvez, velhice ou
outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle. 
A noção de bem-estar trazida pela Declaração Universal também se refere ao direito ao meio ambiente saudável e
justo para todos.
Para entendemos o que é meio ambiente, é importante termos uma visão ampla do tema, partindo da ideia de que a
vida na Terra deve ser considerada em seu conjunto. O meio ambiente tem relação com as condições de clima,
habitação, circulação, respiração, alimentação, saúde, trabalho e lazer dos seres humanos.
Assim, podemos definir o meio ambiente como o conjunto de todo o patrimônio natural ou físico (água, ar, solo,
energia, fauna, flora), artificial (edificações, equipamentos e alterações produzidas pelo homem) e cultural
(costumes, leis, religião, criação artística, linguagem, conhecimentos) que possibilite o desenvolvimento
equilibrado da vida em todas as suas formas.
Entender o meio ambiente como direito humano significa que sua realização é condição necessária para a garantia de
uma vida digna e sadia para todos, inclusive para as futuras gerações, que dependem da sua preservação. 
Por não ser individual, a ninguém é dado o direito de destruir ou praticar atos que agridam o meio ambiente, pois
estará violando direitos de outras pessoas e mesmo de outros seres vivos. Todos temos direito a eles ao mesmo
tempo, por isso é caracterizado como um direito “difuso”, ou seja, espalhado por toda a sociedade.
Os elementos essenciais para a concretização do direito humano ao meio ambiente são:
a) proteção contra a contaminação, a degradação ambiental, e contra atividades que afetem adversamente o
ambiente, ou que ameacem a vida, a saúde, a fonte de receitas, o bem-estar e a sustentabilidade; 
b) proteção e preservação do ar, solo, água, flora e fauna, e dos processos essenciais e áreas necessárias para manter
a diversidade biológica, os recursos naturais e os ecossistemas; 
c) o mais alto padrão de saúde que se possa alcançar; 
alimento, água e ambiente de trabalho seguro e saudável;
e) moradia adequada, posse de terra, e condições de vida em um ambiente seguro, saudável e ecologicamente sadio; 
f) acesso à natureza de maneira compatível com a ecologia, e com a conservação e uso sustentável da natureza e dos
recursos naturais; 
01/08/2021 Módulo 4 - Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
https://mooc.escolavirtual.gov.br/mod/book/tool/print/index.php?id=165943 12/16
Daí vem a noção de justiça ambiental que trata do acesso justo e igual aos recursos ambientais do país. Esse acesso
justo é elemento básico para a realização do direito humano ao meio ambiente, ou para realização da justiça
ambiental, que assegura que nenhum grupo social deva sofrer as consequências do dano ambiental e que todos os
grupos tenham acesso justo aos recursos ambientais do país. 
01/08/2021 Módulo 4 - Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
https://mooc.escolavirtual.gov.br/mod/book/tool/print/index.php?id=165943 13/16
2.4. Direito humano ao Trabalho
O direito humano ao trabalho está previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo 23:
Artigo 23
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e
favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. 
2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. 
3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória que lhe assegure,
assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se
acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. 
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus
interesses.
Artigo 24
Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e
a férias remuneradas periódicas.
O direito ao trabalho com dignidade garante, primeiramente, que nenhum trabalho seja forçado. Garante que o
trabalho seja cumprido em condições seguras e saudáveis, com salários justos e suficientes para, no mínimo,
proporcionar um padrão de vida adequado para o trabalhador e sua família. Assegura, ainda, direito de decidir
livremente a aceitação ou escolha do trabalho, igual remuneração por igual função, direito ao lazer e limitação
razoável da jornada trabalhista. O direito ao trabalho digno também prevê o direito à greve, à segurança em caso de
desempregoe à organização sindical. Todos os trabalhos são dignos, desde que não sejam executados mediante
prejuízos a outros seres humanos.
O Pacto Global é uma iniciativa da ONU em parceria com empresas de todo o mundo, com a finalidade de se
adotar e desenvolver uma economia sustentável e inclusiva. O Pacto Global prevê dez princípios a serem
buscados pelas empresas que aderem a ele: 1. Respeitar e proteger os direitos humanos; 2. Impedir violações de
direitos humanos; Princípios de Direito do Trabalho: 3. Apoiar a liberdade de associação no trabalho; 4. Abolir o
trabalho forçado; 5. Abolir o trabalho infantil; 6. Eliminar a discriminação no ambiente de trabalho; Princípios de
Proteção Ambiental: 7. Apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais; 8. Promover a
responsabilidade ambiental; 9. Encorajar tecnologias que não agridem o meio ambiente; Princípio contra a
Corrupção 10. Combater a corrupção em todas as suas formas, inclusive extorsão e propina. Informações
disponíveis em: http://pactoglobal.org.br/
01/08/2021 Módulo 4 - Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
https://mooc.escolavirtual.gov.br/mod/book/tool/print/index.php?id=165943 14/16
3. Os direitos econômicos, sociais e culturais da
declaração universal e a constituição federal de
1988
Os direitos econômicos, sociais e culturais da Declaração Universal também estão garantidos na Constituição
Federal de 1988. Já no artigo 1º, a Constituição prevê que a República Federativa do Brasil é uma democracia e tem
como fundamentos, entro outros, a cidadania e a dignidade da pessoa humana. 
Clique no item abaixo para acessar a Legislação
O artigo 6º da Constituição, que prevê os direitos e garantias fundamentais de todos os cidadãos, tem conteúdo muito
semelhante aos direitos a educação, trabalho, meio ambiente e alimentação adequada. Vejamos: 
Declaração Universal dos
Direitos Humanos Constituição Federal de 1988
Direito humano à educação 
Artigo 26 
1. Todo ser humano tem direito à instrução.
A instrução será gratuita, pelo menos nos
graus elementares e fundamentais. A
instrução elementar será obrigatória. A
instrução técnico-profissional será acessível
a todos, bem como a instrução superior, esta
baseada no mérito. 
 2. A instrução será orientada no sentido do
pleno desenvolvimento da personalidade
humana e do fortalecimento do respeito
pelos direitos do ser humano e pelas
liberdades fundamentais. A instrução
promoverá a compreensão, a tolerância e a
amizade entre todas as nações e grupos
raciais ou religiosos e coadjuvará as
atividades das Nações Unidas em prol da
manutenção da paz. 
 3. Os pais têm prioridade de direito na
escolha do gênero de instrução que será
ministrada a seus filhos.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a
saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia,
o transporte, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade
e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.
Direito humano ao trabalho
javascript:;
01/08/2021 Módulo 4 - Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
https://mooc.escolavirtual.gov.br/mod/book/tool/print/index.php?id=165943 15/16
Artigo 23 
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho,
à livre escolha de emprego, a condições
justas e favoráveis de trabalho e à proteção
contra o desemprego. 
 2. Todo ser humano, sem qualquer
distinção, tem direito a igual remuneração
por igual trabalho. 
 3. Todo ser humano que trabalha tem
direito a uma remuneração justa e
satisfatória que lhe assegure, assim como à
sua família, uma existência compatível com
a dignidade humana e a que se
acrescentarão, se necessário, outros meios
de proteção social. 
 4. Todo ser humano tem direito a organizar
sindicatos e a neles ingressar para proteção
de seus interesses. Artigo 24 
Todo ser humano tem direito a repouso e
lazer, inclusive a limitação razoável das
horas de trabalho e a férias remuneradas
periódicas.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos
seguintes: 
 (...) XIII - é livre o exercício de qualquer
trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei
estabelecer; 
 Art. 6º São direitos sociais a educação, a
saúde, a alimentação, o trabalho, a
moradia, o transporte, o lazer, a segurança,
a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.
Direito humano à alimentação adequada
Artigo 25 
 1. Todo ser humano tem direito a um
padrão de vida capaz de assegurar a si e à
sua família saúde, bem-estar, inclusive
alimentação, vestuário, habitação, cuidados
médicos e os serviços sociais indispensáveis
e direito à segurança em caso de
desemprego, doença invalidez, viuvez,
velhice ou outros casos de perda dos meios
de subsistência em circunstâncias fora de
seu controle. 
 2. A maternidade e a infância têm direito a
cuidados e assistência especiais. Todas as
crianças, nascidas dentro ou fora do
matrimônio, gozarão da mesma proteção
social.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a
saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia,
o transporte, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade
e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição. 
 V - salário mínimo, fixado em lei,
nacionalmente unificado, capaz de atender a
suas necessidades vitais básicas e às de sua
família com moradia, alimentação,
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,
transporte e previdência social, com
reajustes periódicos que lhe preservem o
poder aquisitivo, sendo vedada sua
vinculação para qualquer fim;
Direito humano ao meio ambiente
01/08/2021 Módulo 4 - Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
https://mooc.escolavirtual.gov.br/mod/book/tool/print/index.php?id=165943 16/16
Artigo 25 
1. Todo ser humano tem direito a um padrão
de vida capaz de assegurar a si e à sua
família saúde, bem-estar, inclusive
alimentação, vestuário, habitação, cuidados
médicos e os serviços sociais indispensáveis
e direito à segurança em caso de
desemprego, doença invalidez, viuvez,
velhice ou outros casos de perda dos meios
de subsistência em circunstâncias fora de
seu controle. 
 2. A maternidade e a infância têm direito a
cuidados e assistência especiais. Todas as
crianças, nascidas dentro ou fora do
matrimônio, gozarão da mesma proteção
social..
Art. 170. A ordem econômica, fundada na
valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos
existência digna, conforme os ditames da
justiça social, observados os seguintes
princípios: 
VI - defesa do meio ambiente, inclusive
mediante tratamento diferenciado conforme
o impacto ambiental dos produtos e serviços
e de seus processos de elaboração e
prestação; 
 Art. 225. Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-
lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
Em resumo, os direitos econômicos, sociais e culturais firmados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos,
em 1948, também serviram de fundamento para as garantias fundamentais estabelecidas pela Constituição Federal
do Brasil, cerca de quarenta anos depois, em 1988. Os conteúdos principais do direito à educação, trabalho,
alimentação adequada e direito ao meio ambiente se repetem porque garantem aos indivíduos o exercício pleno da
cidadania. Por isso, quando falamos em Direitos Humanos, também estamos tratando de Direitos Fundamentais e
vice-versa.

Continue navegando