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FFENÔMENOS DEENÔMENOS DE SUPERFÍCIESUPERFÍCIE UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA Data: 30/11/2010 SUPERFÍCIESUPERFÍCIE QUIQUI 116116 Interação entre as moléculas de um As interações entre as moléculas no interior da fase condensada são diferentes das interações existentes entre as moléculas da superfície dessa fase em contato com outra fase (gasosa, líquida ou sólida). Resultante das forças é igual a zero Resultante das forças é diferente de zero Por que as propriedades da superfície são diferentes das propriedades do interior do material? Interação entre as moléculas de um sistema condensado (líquido ou sólido) Força (F) exercida por unidade de distância (l): γ= l F γ = tensão superficial do líquido, devido a esse desbalanceamento da resultante das forças na superfície. A tensão superficial atua como uma força que se opõe ao aumento da área do líquido Um líquido pode se espalhar, formando uma camada (filme) monoatômica ou monomolecular, com uma área (superfície) definida, que depende do número de moléculas ou átomos presentes. Um filme com mais de uma camada também pode se formar. Fl TENSÃO SUPERFICIAL Para aumentar a área superficial de um líquido é necessário levar moléculas do interior do líquido para a superfície, por isso trabalho será realizado sobre a superfície. dxFdW .= dx Considerando que a força necessária para aumentar a superfície seja a força exercida por unidade de distância: lF l F .γγ =→= dAdG γ= Dessa forma: A área Um processo espontâneo ocorre com uma Sabe-se que para um processo espontâneo, deve ocorrer uma diminuição da energia de Gibbs. A tensão superficial de um líquido é sempre positiva. Dessa forma: dxldW ..γ= Assim, a energia de Gibbs do filme aumenta de: 0<dG A área superficial deve diminuir Um processo espontâneo ocorre com uma diminuição correspondente na área superficial AG ∆=∆ γ Do ponto de vista energético, o líquido terá maior tendência a formar uma só gota, do que se dividir em várias pequenas gotas. pTG A , ∂ ∂ =γ ou DIFERENÇA DE PRESSÃO INTERNA E EXTERNA EM UMA GOTA =− I III dV dA pp γ)( Equação de Young-Laplace γγγγ é sempre positivo IdV dA é sempre positivo ∴∴∴∴ pI > pII A pressão interna da gota é maior do que a sua pressão externa r dr dA rAr dr dV rV ππππ 843 3 4 3 4 223 =→=→=→= r p γ2 =∆ Equação de Young-Laplace para superfície esférica EFEITO DA TENSÃO SUPERFICIAL EM CAPILARES r p γ2 =∆ AhV A Vg p V m sendo A mg p A F p =→= ==→= ρ ρ hgp A hAg p ∆=∆ ∆ =∆ ρ ρ r hg γ ρ 2 =∆ É necessário levar em consideração a curvatura da coluna de líquido - menisco hg γ ρ 2 =∆ θcos 2rrrr =→= Onde: r hg γ ρ 2 =∆ θ θ cos cos 22 r rrr =→= 2 cos2 gr h ρ θγ =∆ Ascensão capilar→ ∆∆∆∆h é +→ líquido molha o capilar Depressão capilar→ ∆∆∆∆h é -→ líquido não molha o capilar A elevação capilar aumenta com a diminuição do raio Onde: r = raio da esfera r2 = raio do capilar INTERFACE ENTRE DUAS FASES LÍQUIDAS W αβ = trabalho de adesão αββα αβ γγγ −+= vvAW WAαβ = trabalho de adesão entre dois líquidos Quando γγγγαβαβαβαβ = 0, não há resistência ao aumento da interface entre as fases αααα e ββββ, dessa forma, os dois líquidos se misturam espontaneamente. vCW α α γ2= vCW β β γ2= WCα = trabalho de coesão de α WCβ = trabalho de coesão de β INTERFACES ENTRE FASES LÍQUIDA E SÓLIDA Molhabilidade Aumentando-se um pouco a área da superfície líquida, a interface sólido- líquido aumenta de dA sl: θcossllv svsl dAdA e dAdA = −= )cos( cos )cos()( θγγγ γθγγ γθγγ γγγ lvsvslsl slslsllvslsv slslsllvslsv slsllvlvsvsv dAdG dAdAdAdG dAdAdAdG dAdAdAdG +−= ++−= ++−= ++= θcossllv dAdA = Considerando a situação de equilíbrio, dG = 0, então: 0cos =+− θγγγ lvsvsl Equação de Young-Dupré A variação da energia livre de Gibbs da interface sólido-líquido será: sl sl dA dG −=σ Considerando uma situação em que o sistema não está no estado de equilíbrio, dG ≠0, então: σsl = coeficiente de espalhamento para o líquido sobre o sólido Se: slσ dA dG é zero é zero O sistema está em equilíbrio slσ sldA dG é positivo é negativo a energia de Gibbs diminuirá à medida que a interface sólido- líquido aumentar. Dessa forma, o líquido se espalhará espontaneamente. slσ sldA dG é negativo é positivo a energia de Gibbs aumentará à medida que a interface sólido-líquido aumentar. Dessa forma, o líquido se contrai e diminui Asl espontaneamente. sldA Combinando: sl sllvsvslsl dA dG edAdG −=+−= σθγγγ )cos( sl sllvsv sl A W W γγγ γγγ −=− −+=Como: Temos: )cos1( cos θγσ θγγσ +−= −−= sl lvlv sl Asl W W θγγγσ θγγγσ cos )cos( lvslsvsl lvsvslsl −−= +−=− slsvlv sl AW γγγ −=− )cos1( θγσ +−= lvAsl W Se o líquido for estável quanto às variações em sua área, estará em equilíbrio: σsl = 0 )cos1( θγ += lv sl AW (Eliminou γγγγsv e γγγγsl) Estas equações também podem ser usadas para determinar o espalhamento de um líquido sobre outro Se θθθθ = 0 cos θθθθ = 1 Se θθθθ = 180o cos θθθθ = -1 Ocorre espalhamento, pois o trabalho de adesão entre o sólido e o líquido é igual ao trabalho de coesão do líquido. Não ocorre espalhamento. lv sl AW γ2= 0=slAW Se a 20 oC, γ = 50,76 mJ.m-2 para o CH2I2 puro, γ = 72,75 mJ.m-2 para a água pura e a tensão interfacial é 45,9 mJ.m-2, calcule o coeficiente de espalhamento do CH2I2 sobre a água. Considere θ = 0o. R: -23,9 x 10-3 J.m-2 O coeficiente de espalhamento do CH2I2 sobre a água é: 222222222 // ICHOHICHOHOHICH γγγσ −−= Dessa forma, pode-se determinar o σCH2I2/H2O. σA partir do resultado obtido, verifica-se que σCH2I2/H2O é negativo, e consequentemente, a energia de Gibbs é positiva. Deste modo, a energia de Gibbs aumentará à medida que a interface CH2I2/H2O aumentar. Assim, o processo espontâneo é o CH2I2 contrair-se sobre a superfície de água. INTERFACES ENTRE FASES SÓLIDA/GASOSA E SÓLIDA/LÍQUIDA ADSORÇÃO: Processo no qual partículas se ligam à superfície de um sólido � Substância adsorvida: adsorvato � Superfície sólida onde ocorrerá a adsorção: adsorvente ou substrato A extensão de adsorção é dada pelo grau de recobrimento, θ: Experimentalmente observa-se que: � Expondo um sólido finamente dividido a um gás de baixa pressão, esta decresce; � Quando se mistura um sólido finamente dividido em uma solução diluída, a concentração do soluto na solução diminui. A extensão de adsorção é dada pelo grau de recobrimento, θ: ∞ == V V adsorçãoparasdisponíveisítiosdenúmero ocupadossítiosdenúmero θ Volume de adsorvato adsorvido. Volume correspondente ao recobrimento completo da superfície sólida por uma monocamada molecular. Quando: θ= 0 → nenhum sítio adsorvido θ = 1 → todos os sítios estão ocupados 667,0 9 6 ==θ 333,0 9 3 ==θ ADSORÇÃO FÍSICA E QUÍMICA Adsorção física: ocorrem interações fracas entre o adsorvato e o adsorvente (van der Waals, dipolo-dipolo); baixa energia de interação (< 100 kJ.mol-1) – energia insuficiente para que ocorra ligação química; O adsorvato pode se desprender da superfície do sólido adsorvente. Adsorção química: o adsorvato liga-se mais fortemente à superfície do sólido adsorvente;fortemente à superfície do sólido adsorvente; Há energia suficiente para que ocorra a formação de ligação química (> 200 kJ.mol-1); O adsorvato se desprende da superfície do sólido adsorvente somente se a ligação química for rompida. Dessorção: Processo contrário ao da adsorção ISOTERMA DE ADSORÇÃO O gás livre e o gás adsorvido sobre o sólido estão em equilíbrio dinâmico, e o grau de recobrimento da superfície depende da pressão do gás livre. A variação de θ com a pressão, a uma temperatura constante, é chamada de isoterma de adsorção. Isoterma de Langmuir Considerando que um gás seja o adsorvato e que a adsorção seja física, pode-sedeterminar a fração de gás adsorvida na superfície do sólido, em cada pressão aplicada, mantendo a temperatura do experimento constante. É a isoterma mais simples, e é baseada em alguns pressupostos: 1) A superfície do sólido é uniforme; 2) A adsorção não ocorre além de uma monocamada; 3) Todos os sítios de adsorção são equivalentes; 4) Não há interação lateral entre as moléculas adsorvidas. Considerando a situação de equilíbrio: A(g) + M(superfície sólida) ↔ AM(superfície sólida) desads vv = ( )θ−= 1pkv adsads p = pressão do gás (1-θ) = número de sítios disponíveis na superfície sólida para ocorrer a adsorção kads = constante de velocidade de adsorção Kdes = constante de velocidade de dessorção θdesdes kv = ( ) desads desads kpkpk kpk vv =− =− = θθ θθ1 Dessa forma: desads ads adsdesads desadsads kpk pk pkkpk kpkpk + = =+ =− θ θθ θθ des ads k k K = Em condições de equilíbrio, a relação entre as constantes de velocidade das reações direta e inversa é dada pela constante de equilíbrio. 1+ = + = pK pK k k k k p k k p des des des ads des ads θ θ 1+pK ISOTERMA DE LANGMUIR θθθθ será sempre menor que 1, pois o numerador é sempre menor que o denominador Quando θ = ½: K ppK pK pK pK pK pK 1 1 22 1 2 1 212 1 =→= =→=+→ + = 1 11 11 += + = pK pK pK θ θ Fazendo o inverso de θ: Na prática é mais fácil relacionar o grau de recobrimento com uma quantidade que possa ser medida de forma mais fácil.possa ser medida de forma mais fácil. A massa do gás adsorvido sobre o sólido pode ser relacionado ao grau de recobrimento. b m bmm =→=→∝ θθθ Assim: bbKpm pK pK m b 111 1 += + = Em soluções, pode- se considerar a concentração do adsorvato no lugar da pressão Amaioria das suposições de Langmuir não são verdadeiras: � a maioria das superfícies dos sólidos não são uniformes; � a interação lateral entre as moléculas adsorvidas adjacentes são significativas; � a adsorção física pode ocorrer com a formação de mais de uma camada. Dessa forma, é necessário levar em consideração algumas correções ISOTERMA DE FREUNDLICH Nesse modelo considera-se algumas correções com relação à isoterma de Langmuir:Langmuir: � permite a existência de diferentes tipos de posições de adsorção do adsorvente sobre o adsorvato; � considera a existência de interação lateral entre as moléculas adjacentes do adsorvente; � assim, cada posição ocupada pode apresentar diferentes calores de adsorção; � essa isoterma é mais aplicada à adsorção de solutos em soluções líquidas sobre a superfície do sólido; � essa isoterma não é válida para concentrações muito altas de soluto na solução. ISOTERMA DE FREUNDLICH nkCmx 1 / = C n k m x log 1 loglog += k e n = constantesk e n = constantes x = massa do soluto adsorvido no equilíbrio m = massa do adsorvato C = concentração do soluto em equilíbrio na solução ISOTERMA BET Brunauer, Emmett e Teller deduziram uma expressão para uma isoterma de adsorção em multicamada, conhecida como isoterma BET. * : })1(1){1( p p zcom zcz cz V V mon = −−− = p* = pressão sobre a camada de adsorvato que possui espessura correspondente a várias moléculas. Vmon = volume correspondente à cobertura do adsorvente pela monocamada do adsorvato c = constante Os dados a seguir são da adsorção do N2 sobre o rutilo a 75 K. Confirmar que esses dados se ajustam à isoterma BET no intervalo de pressão das medidas e determinar os parâmetros Vmon e c. p (kPa) 0,160 1,87 6,11 11,67 17,02 21,92 27,29 V (mm3) 601 720 822 935 1046 1146 1254 A 75 K, p* = 76,0 kPa. Os volumes foram corrigidos para 1,00 atm e 273 K e referem-se a 1,00 g de adsorvente. A equação da isoterma BET: * : })1(1){1( p p zcom zcz cz V V mon = −−− = Pode ser reescrita na forma: * : )1(1 )1( p p zcom cV zc cVVz z monmon = − += − Um gráfico de z/(1-z)V em função de z fornecerá uma reta p (kPa) 0,160 1,87 6,11 11,67 17,02 21,92 27,29 V (mm3) 601 720 822 935 1046 1146 1254 z (10-3) 2,10 24,60 80,4 154 224 288 359 z/(1-z)V (10-4) 0,035 0,35 1,06 1,95 2,76 3,53 4,47 3,5 4 4,5 5 z ) V ( m m 3 ) ] a = 0,039 x 10-4 mm-3 = 1/cVmon b = 0,012 x 10-4/10-3 mm-3 = 1,2 x 10-3 mm-3 = (c-1)/cVmon Assim: y = 0,012x + 0,039 R² = 0,999 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 0 100 200 300 400 1 0 4 [ z / ( 1 - z ) V ( m m 103 z Assim: 1/cVmon = 0,039 x 10-4 mm-3 a = 0,039 x 10-4 mm-3 = 1/cVmon b = 0,012 x 10-4/10-3 mm-3 = 1,2 x 10-3 mm-3 = (c-1)/cVmon Assim: 1/cVmon = 0,039 x 10-4 mm-3 Dessa forma, pode-se substituir o valor de a em b: )1( 102,1 33 − == −− cV c mmxb 3410039,0 1 mmx cV = −− 7,308 10039,0102039,1 10039,010039,0102,1 10039,0)1(102,1 43 443 3433 = = −= −= −− −−− −−−− c cxx xcxx mmxxcmmx cVmon 3 34 6,830 10039,07,308 1 10039,0 mmV mmxx Vmon mmx cV mon mon = = = −− Também pode-se determinar a área superficial do adsorvente, considerando a formação de uma monocamada completa. Considerando que uma molécula de N2 tenha uma área superficial de 0,16 nm2,1 mol de moléculas de N2 apresentará a seguinte área superficial: 1 molécula de N2 ------ 0,16 nm2 6,02 x 1023 moléculas ------ x x = 9,632 x 1022 nm2 Agora é necessário saber quantos mols de N2 são necessários para formar uma monocamada completa sobre a superfície do rutilo.monocamada completa sobre a superfície do rutilo. 1 mol de N2 ------ 22,414 L (a 273,15 K) x ------ 8,306 x 10-4 L x = 3,7 x 10-5 mol de N2 adsorvido em uma monocamada completa sobre a superfície do rutilo O de N2 volume adsorvido correspondente a uma monocamada é de 830,6 mm3 = 8,306 x 10-4 L Se 1 mol de N2 ---------- possui área de 9,63 x 1022 nm2 3,7 x 10-5 mol de N2 ------ x x = 3,56 x 1018 nm2 1 m2 ---------- 1018 nm2 x ---------- 3,56 x 1018 nm2 x = 3,56 m2 Dessa forma, a área superficial do rutilo é de 3,56 m2.Dessa forma, a área superficial do rutilo é de 3,56 m2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. D. W. Ball, Físico-Química Vol. 2, Thomson Learning, São Paulo, 2005. 2. P. W. Atkins, J. Paula, Físico-Química Vol. 2, LTC Editora, Oitava Edição, Rio de Janeiro, 2008.
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