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O que é Texto? Estrutura e Contexto

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Unidade 02 – O que é texto? 
 
Objetivo 
 
 Proporcionar aos estudantes a habilidade necessária para o desenvolvimento de 
textos acadêmicos e o conhecimento da estrutura dos mais variados gêneros usados 
no contexto universitário e fora dele. 
 
O que é texto? 
Você deve estar se perguntando o que é um texto, não é mesmo? O que caracteriza 
um texto ou mesmo o que faz um texto ser um texto? A palavra texto tem a origem latina 
“textu” e significa literalmente, “tecido”. Vejamos o que diz Fávero e Koch (2001) sobre esse 
assunto: 
 
Como se pode observar na citação acima, o texto consiste em qualquer passagem 
falada ou escrita que forma um todo significativo independente de sua extensão. Trata-se, 
pois, de um contínuo comunicativo contextual caracterizado pelos fatores de textualidade. 
Nesse sentido, concorda Costa Val (1992) quando define o texto como “ocorrência linguística 
falada ou escrita, de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa, semântica 
e formal”. 
Sendo a linguagem considerada como forma de inter(ação) entre os interlocutores, 
cuja função básica é persuadir e convencer e não apenas comunicar, então, os estudos da 
língua já não podem mais estar ancorados, apenas, nos campos da estrutura linguística: da 
morfologia, da fonética e da sintaxe frasal. Torna-se necessário uma reatualização sobre a 
concepção de texto em contextos mais amplos, que levem em consideração pressupostos 
advindos de áreas como a Linguística Textual, a Análise do Discurso dentre outras, para que 
se possa dar conta de explicar certos fenômenos linguísticos que ocorrem entre os 
enunciados e sequências enunciativas. 
Nessa perspectiva pode-se considerar texto uma frase, um fragmento de um diálogo, 
um provérbio, um verso, uma estrofe, um poema, um romance e também expressões situadas 
em contextos específicos como “Socorro!”, “Silêncio!”, “Fogo!”, etc. 
 
Sintetizando 
Texto é toda e qualquer sentença/ou expressão que constitua comunicação. 
 
 
 
Exemplo 01 
 
 
Fonte: http://planetaterra-chama.blogspot.com/2011/07/o-planeta-terra-pede-socorro-o-planeta.html 
 
Perceba, caro aluno, que o texto acima (exemplo 1) deve ser entendido como um 
todo significativo, levando-se em consideração não apenas a palavra isolada por ela 
mesma, mas o contexto comunicativo em que se insere. Há de se considerar na leitura desse 
texto o pedido de socorro refere-se ao nosso próprio planeta que não cabe aqui discutir todos 
os seus problemas: miséria, fome, guerra, terrorismo, desmatamento só para citar alguns. 
 
Exemplo 02 
 
 
Fonte: https://pascoalonline.blogspot.com/2012/04/silencio-e-o-melhor-remedio.html 
 
Este segundo exemplo pode ser considerado um texto? Com certeza todos vocês 
reconhecem ao ver tal imagem que se trata de um pedido de silêncio. Mas pensemos, então, 
em que contexto isso pode ocorrer, pois não se trata de um pedido de silêncio qualquer. Na 
realidade é um pedido de silêncio em contexto específico: num hospital, em um posto de 
saúde. 
Compreendemos assim pelas marcas que a imagem nos traz, a posição do dedo 
indicador na boca, as roupas na qual a personagem se veste nos indicam que se trata de 
um pedido de silêncio num contexto comunicativo específico. 
 
Exemplo 03 
 
 
O terceiro exemplo é um excerto de um texto conversacional. Trata-se de uma 
entrevista de televisão. Com suas características próprias, o texto conversacional é 
reconhecido como um todo significativo se levarmos em consideração o contexto em que o 
mesmo se insere. Veja-se que os falantes vão se revezando nos turnos conversacionais e 
utilizando-se de marcas próprias da modalidade oral da língua. 
 
 
PRETI, Dino (org.). Análise de textos orais. São Paulo: Humanitas, 2003. 
 
Exemplo 04 
 
 
 
 
 
O quinto exemplo é um texto pertencente à esfera lexicográfica: um verbete de um 
dicionário. Veja que um texto nunca está isolado de um contexto mais amplo. Ele pertence 
a uma esfera social, tendo, portanto, uma função sociocomunicativa. 
Um texto, nessa perspectiva, pode ser, então, uma amostra de comportamento 
linguístico-textual e comunicativo encontrados nos mais diversos gêneros textuais presentes 
em nossa sociedade. Nessa perspectiva até mesmo o silêncio pode ser considerado um texto, 
desde que tenha uma intenção interativa. No texto conversacional as formas do silêncio, por 
exemplo, são bastante frequentes e podem servir como estratégias textual-interativas para 
que o interlocutor conceda a passagem do turno conversacional dentre outras. 
Vamos ver como Louis Hjelmslev concebe a palavra texto? Para o autor, a palavra 
texto é tomada em um sentido mais amplo, designando um enunciado qualquer, falado ou 
escrito, longo ou curto, velho ou novo. “Silêncio!” como vimos no exemplo 2 é um texto tanto 
quanto o é um conto de Machado de Assis. 
 
 Vamos refletir? 
 
A Lexicografia é uma disciplina intimamente ligada à Lexicologia. Ela se ocupa da 
descrição do léxico de uma ou mais línguas, a fim de produzir obras de referência, 
principalmente dicionários, em formato papel ou eletrônico, e bases de dados lexicológicas. 
 
Como se observa, conceituar a palavra texto é bem mais complexo do que se pode 
pensar dada a abrangência de termos que se ligam a sua significação. Mesmo assim, 
podemos dizer que a configuração de um texto deve levar em consideração alguns critérios 
de textualidade (tessitura) que garanta a organização do sentido e a completude da 
mensagem num dado contexto sociocomunicativo. Enfim, é por meio de textos que o 
discurso se manifesta e qualquer passagem no plano verbal e não-verbal, 
independentemente de sua extensão, que constitua um todo significativo, efetiva-se em um 
texto. 
 
O que é textualidade? 
 
Para falarmos sobre textualidade precisamos muito de sua atenção. Se chegamos 
até aqui é porque iremos ainda mais longe redescobrindo o fascinante mundo do texto. 
Afinal, uma das coisas que fazemos todos os dias é produzir e entrar em contato com textos 
quando conversamos, ao pegarmos um ônibus, ao pagarmos as compras no caixa do 
supermercado, ao irmos à escola, ao falarmos ao telefone, ao assinarmos um contrato dentre 
muitas outras atividades durante nossa vida. 
O texto é uma unidade de linguagem em uso. Como uma ocorrência linguística 
falada ou escrita deve apresentar três propriedades básicas: 
• a primeira é sua função sociocomunicativa, tais como as intenções do autor, o contexto 
sociocultural; 
• a segunda propriedade é o fato de constituir-se como uma unidade semântica, em que o 
texto seja um todo significativo, ter coerência; 
• a terceira propriedade é a sua unidade formal, as palavras se integram para formar um 
todo coeso. 
Os autores que tratam da textualidade tomam esse termo como o conjunto de 
características que fazem com que um texto seja um texto e não apenas uma sequência de 
frases isoladas do seu contexto de uso. Lembram-se das perguntas iniciais desse capítulo? 
Beaugrade e Dressler (1983) apontam sete fatores responsáveis pela textualidade, que se 
dividem em linguísticos e pragmáticos, conforme o quadro seguinte: 
 
 
Fatores linguísticos: 
a) Coerência 
É importante ressaltar que a coerência textual não está no texto, mas se constrói a partir 
do texto. Lembremo-nos de que a construção do sentido vai envolver o autor, que detém 
experiências de vida e que criou o texto em determinada situação e com um propósito, e o 
leitor, que também possui experiências prévias e que vai receber o texto em situação e 
tempo diferentes dos da produção. A coerência textual está ligada ao sentido empregado 
no texto e também ao sentido construído pelo interlocutor (que são aspectos mentais, ou 
seja, tudo aquilo que é processado no cérebro), como se refere Koch e Travaglia (2004 p.21): 
a coerência está diretamente ligada à possibilidade de estabelecer um sentido para o texto, 
ou seja, ela é o que faz com que o texto faça sentidopara os usuários, devendo, portanto, 
ser entendida como um princípio de interpretabilidade, ligada à inteligibilidade do texto 
numa situação de comunicação e à capacidade que o receptor tem para calcular o sentido 
deste texto. 
Ainda para Koch e Travaglia (2004) a coerência não está somente no texto, mas também 
deve ser construída a partir dele. Vejamos um exemplo retirado do “A coerência textual” de 
Koch & Travaglia (2004, p. 1): 
 
 
Exemplo 05 
 
Fonte: KOCH, Ingedore Vilaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. São Paulo: 
Contexto, 2004 
 
Percebe-se que no quinto exemplo há falta de sentido na frase do ponto de vista que 
não há possibilidade de conter uma mesma realização acabada em um primeiro momento 
e ao mesmo tempo não acabada num segundo, o que fatalmente acarreta incoerência 
inaceitável na construção textual para o entendimento do texto. 
Outro exemplo de uma sequência sem elementos linguísticos coesivos, mas que 
mantém coerência textual pode ser encontrado no texto o show no seguinte exemplo: 
Exemplo 06 
 
O texto acima foi criado a partir de uma proposta de um modelo de Affonso Romano 
de Sant’Anna mostrando que mesmo uma lista de palavras sem nenhuma ligação sintática 
e sem nenhuma explicação quanto à relação entre elas, pode-se perceber a unidade de 
sentido estabelecido pelos seus componentes. O que faz com que o texto tenha sentido é o 
conhecimento prévio que o leitor tem do que seja um show, ou seja, está arquivado em sua 
memória um modelo de um show, desde a divulgação, até o sentimento de vazio quando 
tudo acaba e o espectador volta para sua casa. 
 
b) Coesão 
A coesão textual aborda os fenômenos sintático-semânticos entre os enunciados, ou seja, 
os fenômenos que descrevem a relação das frases entre si e o significado das palavras 
respectivamente. Segundo Koch (2007, p.45) podemos conceber a coesão como fenômeno 
relacionado ao modo como os elementos linguísticos presentes na superfície textual se 
encontram interligados, por meio de recursos também linguísticos, formando sequências 
veiculadoras de sentidos. 
Pode-se salientar que a coesão é o conjunto de conectores que, ao serem inseridos de 
forma correta no texto, dá a ele a coerência esperada. Em Koch (2005, p.13), há um exemplo 
que define bem a importância da coesão textual para um texto: 
 
 
Exemplo 7 
 
 
Fonte: Koch (2005, p.13) 
 
No sétimo exemplo, pode-se perceber que o texto não é um amontoado de frases 
sem nexo, ou uma soma de frases isoladas, essas frases são entrelaçadas por chamados 
recursos de coesão textual. Conforme Halliday & Hassan: “a coesão ocorre quando a 
interpretação de algum elemento no discurso é dependente da de outro”, ou seja, para que 
haja coesão é necessário que os enunciados tenham ligação entre si. Os conectores 
estabelecem a relação entre elementos do texto, correlacionam o que está para ser dito 
com o que já foi dito. A coesão divide-se em duas ramificações: a coesão referencial e a 
coesão sequencial. 
Basicamente, a coesão referencial está ligada à disposição dos elementos coesivos 
no texto, em que um elemento faz remissão a outro no texto. O primeiro elemento é chamado 
forma referencial ou remissiva e o segundo elemento de referência ou referente textual. O 
elemento de referência/ referente textual pode ser representado por um nome, um sintagma, 
um fragmento da oração ou um todo enunciado. 
Vejamos como isso ocorre no exemplo 8, a seguir: 
Exemplo 08 
 
 
 
No oitavo exemplo, “homem” é o elemento denominado de forma referencial e “ele” 
é o elemento de referência, ou seja, remete a um elemento que já foi dito. 
A coesão sequencial subdivide-se em sequenciação parafrástica e sequenciação 
frástica. A sequenciação parafrástica dá-se quando o autor utiliza de formas diferentes a 
serem percebidas pelos leitores. Para isso utiliza-se de alguns artifícios chamados de 
elementos de recorrência que, segundo 
Koch (2000 p. 51 a 54), são: 
• Recorrência de termos: reiteração de um mesmo item lexical geralmente usado 
para ideia de continuidade ou enfatização. Por exemplo: 
“E o cavalo corria, corria, corria...”. 
• Recorrência de estruturas: usa-se as mesmas estruturas sintáticas, preenchidas com 
itens lexicais diferentes”. Como o exemplo encontrado de 
Gonçalves Dias: 
(1) Nosso céu tem mais estrelas, (2) 
(1) Nossas várzeas tem mais flores, (2) 
(1) Nossos bosques tem mais vida, (2) 
(1) Nossa vida mais amores. (2) 
Em (1) tem-se a mesma estrutura sintática e em (2) são os itens lexicais diferentes 
usados no preenchimento da estrofe. 
• Recorrência de conteúdos semânticos-paráfrase: mesmo conteúdo semântico 
apresentado sob formas estruturais diferentes, significa que o autor usa o texto de um outro, 
com palavras diferentes, o que é muito recorrente em trabalhos acadêmicos. 
• Recorrência de recursos fonológicos segmentais e/ou suprassegmentais: o autor 
utiliza características da poesia como: o ritmo, a rima, a assonância, a aliteração, etc. 
• Recorrência de tempo e aspecto verbal: é fator coesivo a partir do momento em 
que o autor indica ao leitor/ouvinte que se trata de uma sequência, principalmente temporal, 
a partir do modo em que a sequência verbal é utilizada. 
A sequenciação frástica se dá pelas relações gramaticais formadas por marcas 
linguísticas, que são os elementos coesivos, tornando o texto mais rápido e de leitura mais 
eficiente. 
Fatores Pragmáticos: 
a) Intencionalidade 
A intencionalidade tem relação estrita com o que se tem chamado de 
argumentatividade. Se considerarmos que não existem textos neutros, que há sempre alguma 
intenção ou objetivo da parte de quem produz um texto, e que este não é jamais uma 
“cópia” do mundo real, pois o mundo é recriado no texto através da mediação de nossas 
crenças, convicções, perspectivas e propósitos, então somos obrigados a admitir que existe 
sempre uma argumentatividade subjacente ao uso da linguagem. Para Koch & Travaglia 
(2004) a intencionalidade está atrelada aos propósitos comunicativos do interlocutor. Veja o 
que diz os autores: 
 
 
 
 
b) Aceitabilidade 
A aceitabilidade está relacionada à atitude do receptor frente aos textos, se tem 
relevância ou utilidade para ele. Tal princípio depende da intencionalidade, relacionada 
à atitude do autor que busca apresentar um texto coerente e coesivo. Quem produz um 
texto tenta criá-lo com sentido para que o interlocutor assim o receba. Há quem 
considere que não existe texto incoerente, uma vez que, pelo princípio da cooperação, 
o receptor esforça-se para dar um sentido ao texto e tenta encontrar coerência nele. 
Assim, a aceitabilidade de um texto dependeria menos de sua correção em termos 
de correspondência ao “mundo real” e mais da credibilidade e relevância que lhe 
são atribuídas numa determinada situação. 
(Sobre o assunto, consultar Koch, 1996,1997 e Costa Val, 1996). 
c) Informatividade 
A informatividade é avaliada em função das expectativas e dos conhecimentos dos 
usuários. Para Beaugrande e Dressler (1981) esse fator de textualidade tem a ver com grau 
de novidade e de previsibilidade, pois quanto mais previsível, menos informativo será o texto 
para determinado usuário, porque acrescentará pouco às informações que o recebedor já 
tinha antes de processá-lo. 
Os usuários tenderiam a rejeitar tanto os textos que têm, para eles, Informatividade alta 
demais, porque são muito difíceis (ou impossíveis) de serem entendidos quanto aqueles que 
lhes parecem óbvios, porque pouco acrescentam aos conhecimentos já adquiridos pelo 
interlocutor do enunciado. 
Segundo os autores, um grau mediano de informatividade seria o mais confortável, 
porque permitiria ao recebedor apoiar-se no conhecido para processar o novo. Por outro 
lado, para os autores, funcionaria melhor um texto que alternasse zonas de baixa 
informatividade com zonas de alta informatividade, porque, no processamento desse texto,o recebedor teria que agir no sentido de alçar ou rebaixar informações, levando-as ao nível 
mediano, para integrá-las no sentido que está produzindo para o texto, e esse trabalho o 
manteria envolvido com o texto, interessado no texto. 
Nessa perspectiva, a informatividade não é pensada como característica absoluta nem 
inerente ao texto em si, mas como um fator a ser considerado em função dos usuários e da 
situação em que o texto ocorre. O princípio da informatividade mostra até que ponto uma 
informação é nova ou não no texto. Tanto o excesso como a escassez de informações novas 
podem prejudicar o entendimento do texto. Cabe destacar que é nova a informação não 
recuperável no texto e que constitui um dado a que pode ser recuperada. Facilita a 
compreensão do texto o conhecimento partilhado, o conhecimento de mundo, com algum 
grau de similaridade, do remetente e do destinatário. 
 
d) Situacionalidade 
A situacionalidade refere-se a fatores que dão relevância a um texto numa dada 
situação comunicativa. O texto vincula-se às circunstâncias em que interagimos com ele e 
sua configuração aponta a utilidade e a pertinência dos nossos objetivos. Assim, a 
situacionalidade se configura como um princípio importante para a constituição da 
textualidade, já que a coesão, a coerência, a informatividade e as atitudes/disposições de 
produtor e recebedor (intencionalidade e aceitabilidade) são função do modo como os 
usuários interpretam as relações entre o texto e sua situação de ocorrência: o sentido e o uso 
do texto são decididos via situação (Beaugrande e Dressler, 1981, p.10). 
Esse conceito não se resume às circunstâncias empíricas em si, mas de atividade 
dinâmica, que envolve monitoramento e gerenciamento contínuos da interação 
comunicativa, por parte do produtor e do recebedor, uma vez que as ações discursivas não 
se prendem só às evidências perceptíveis, mas sobretudo às perspectivas, crenças, planos e 
metas dos usuários. (Beaugrande e Dressler, 1981, p. 179). 
 
e) Intertextualidade 
De acordo com Kristeva (1966) a intertextualidade seria o encontro de duas vozes, ou 
seja, quando ocorre um diálogo entre os muitos textos de uma (ou várias) cultura(s) que se 
instala no interior de cada texto e o define ocorre tal fenômeno, que vem a ser um ponto de 
intersecção de muitos diálogos, cruzamento de vozes oriundas de práticas da linguagem 
socialmente diversificadas, que têm no texto sua realização. 
Na perspectiva da Linguística textual, a intertextualidade sempre foi vista como um dos 
critérios de textualidade de considerável relevância. Muitos trabalhos já deram conta desse 
fenômeno como coadjuvante na construção/ reconhecimento da tipologia textual e do 
estabelecimento de novos sentidos. Dentre estes trabalhos, destacam-se aqueles produzidos 
por Koch (1986, 1991, 1994, 1997), Portela (1999) os quais procuram estabelecer critérios para 
uma melhor compreensão desse fenômeno. 
 
O que são tipos e gêneros textuais? 
 
Você sabe o que são tipos e gêneros textuais? Uma questão que tem sido bastante 
debatida é a aproximação das noções de gêneros e tipos. Mas até que ponto gêneros e 
tipos podem ser aproximados? Convido você a realizar a leitura desse texto para refletirmos 
um pouco sobre o assunto. 
Tipos textuais 
 
Os textos, independentemente do gênero a que pertencem, se constituem de 
sequências com determinadas características linguísticas, como classe gramatical 
predominante, estrutura sintática, predomínio de determinados tempos e modos verbais, 
emprego de vocativo, etc. Dessa forma, dependendo dessas características, configuram-se 
os diferentes tipos textuais que podem ser: narrativo, descritivo, argumentativo, explicativo ou 
expositivo, injuntivo ou instrucional. Sintetizando: tipos textuais relaciona-se com a estrutura do 
texto. 
1. Sequência Narrativa 
 
Marcada pela temporalidade, como seu material é o fato e a ação, a progressão 
temporal é essencial para seu desenrolar, ou seja, desenvolve-se necessariamente numa 
linha de tempo e num determinado espaço. 
Gramaticalmente, percebe-se o predomínio de: 
• frases verbais indicando um processo ou ação; 
• formas verbais no pretérito; 
• advérbios de tempo e de lugar. 
São exemplos de gêneros em que predomina a sequência narrativa: relato, crônica, 
romance, fábula, conto de fada, piada, etc. Veja a fábula seguinte: 
 
 
 
2. Sequência Descritiva 
Não há sucessão de acontecimentos no tempo, de sorte que não haverá transformações de 
estado da pessoa, coisa ou ambiente que está sendo descrito, mas sim apresentação pura 
e simples do estado do ser descrito em um determinado momento. 
Gramaticalmente, percebe-se o predomínio de: 
• frases nominais e orações centradas em predicados nominais; 
• formas verbais no presente ou no imperfeito; 
• adjetivos, que ganham expressividade tanto na função de adjunto adnominal quanto na 
de predicativo; 
• períodos curtos e coordenação; 
• advérbios de lugar que ganham destaque identificando a dimensão e/ou disposição 
espacial do objeto descrito. 
São exemplos de gêneros em que predomina a sequência descritiva: folheto turístico, (auto)-
retrato, anúncio classificado, lista de compras, lista de ingredientes de uma receita, cardápio, 
etc. 
 
Pode-se, ainda, observar que as sequências narrativa e descritiva apresentam focos 
diferentes. Veja o quadro seguinte e compare o foco com os dois exemplos apresentados 
(fábula e lista de compras): 
 
 
3. Sequência Argumentativa 
É aquela por meio da qual se faz a defesa de um ponto de vista, de uma ideia, ou em 
que se questiona algum fato. Ao expressar um parecer sobre alguma pessoa, acontecimento 
ou coisa, intenta-se persuadir o leitor ou o ouvinte, fundamentando o que se diz com 
argumentos de acordo com o assunto ou tema, a situação ou o contexto e o interlocutor. 
Gramaticalmente caracteriza-se pela: 
• progressão lógica de ideias e linguagem mais sóbria, objetiva, denotativa; 
• polifonia (ou seja, presença de várias vozes que se integram ao texto, seja por citações, 
seja por menções, seja por referências intertextuais), geralmente introduzida por sinais de 
pontuação (dois-pontos, parênteses, aspas, travessões), funcionando de apoio para a 
argumentação; 
• presença de palavras valorativas (positivas ou negativas) e expressões modalizadoras 
(geralmente, advérbios de enunciação: sinceramente, cá entre nós, etc.), que manifestam o 
posicionamento do falante; 
• emprego de orações subordinadas adverbiais causais, introduzidas pelas conjunções visto 
que, pois, porque, para a apresentação da relação de causa consequência; 
• emprego de perguntas retóricas, prevendo possíveis interrogações por parte do 
interlocutor. 
São exemplos de gêneros em que se predomina a sequência argumentativa: sermão, 
ensaio, editorial de um jornal ou revista, crítica, monografia, redações dissertativas, resenhas, 
etc. Observe o editorial publicado no jornal “O Globo” sobre a Lei de Biossegurança: 
 
Exemplo 
Dificilmente a Câmara dos Deputados conseguirá aprovar a curto prazo a Lei de 
Biossegurança que precisa votar por ter sido modificada no Senado. É muito longa a pauta 
de projetos à espera de apreciação: além de outras importantes leis, há projetos de emendas 
constitucionais e uma série de medidas provisórias, que trancam a pauta. 
Mas, com tudo isso, é importante que os deputados tenham consciência da 
necessidade de conceder aos cientistas brasileiros, o mais rapidamente possível, a liberdade 
de que eles necessitam para desenvolver pesquisas na área das células-tronco embrionárias. 
Embora seja este um novo campo de investigação, já está fazendo surgir aplicações 
práticas concretas, que demonstram seu potencial curativo fantasticamente promissor. 
Não é por outro motivo que os eleitores da Califórnia aprovaram a emenda 71, que 
destina US$ 3 bilhões às pesquisas com células-tronco, causa defendida com veemência porseu governador, o mais do que conservador Arnold Schwarzenegger. 
O caso chama a atenção porque o ex-ator, ao contrário de outros republicanos 
(como Ron Reagan, cujo pai sofria do mal de Alzheimer), não tem interesse pessoal no 
desenvolvimento de tratamentos médicos para doenças degenerativas hoje incuráveis. 
Apenas o convívio com pessoas como o recentemente falecido Christopher Reeve, 
que ficou tetraplégico após um acidente, ou Michael J. Fox, que sofre do mal de Parkinson, 
parece ter sido suficiente para convencer Schwarzenegger de que é fundamental apoiar a 
pesquisa. 
O projeto que retornou do Senado ainda inclui graves restrições à ciência, como a 
limitação das pesquisas às células de embriões congelados há pelo menos três anos nas 
clínicas de fertilização — embriões descartados que, com qualquer tempo de congelamento, 
vão acabar no lixo. 
Também algum dia será preciso admitir a clonagem com fins terapêuticos, hoje 
vedada, e que é particularmente promissora. 
Ainda assim, comparado com o projeto proibitivo que veio originalmente da Câmara, 
o novo texto da Lei de Biossegurança é um importante passo à frente. Merece ser apreciado 
com rapidez e aprovado pelos deputados. 
(O Globo, 5/11) 
Fonte: http://www.jornaldaciencia.org.br 
 
4. Sequência Explicativa ou Expositiva 
Intenta explicar ou dar informações a respeito de alguma coisa. O objetivo é fazer 
com que o interlocutor adquira um saber, um conhecimento que até então não tinha. É 
fundamental destacar que, nos textos explicativos, não se faz a defesa de uma ideia, de um 
ponto de vista, características básicas do texto argumentativo. Os textos explicativos tratam 
da identificação de fenômenos, de conceitos, de definições. Predomina a função referencial 
da linguagem. Por isso, é o texto que predomina nos livros didáticos, nas aulas expositivas, por 
exemplo. 
Gramaticalmente, os textos explicativos apresentam várias marcas, como: 
• distanciamento do falante em relação àquilo que fala, resultando num texto objetivo, 
escrito, geralmente, em terceira pessoa; 
• predicados organizados em torno de verbos como ser, ter, conter, consistir, compreender, 
indicar, significar, constituir, denominar, designar; 
• sinais de pontuação que introduzem explicações ou citações (dois pontos, parênteses, 
aspas, travessões); 
• orações coordenadas explicativas introduzidas pelas conjunções pois e porque; 
• orações adjetivas explicativas; 
• marcas de reiteração e reformulação (isto é, ou seja, melhor dizendo, em outras palavras), 
com o objeto de aclarar, esclarecer, dirimir dúvidas; 
• marcas de comparação (assim, igualmente, contrariamente, como, ao contrário de, da 
mesma maneira que, etc.), com o objetivo de esclarecer conceitos por meio do confronto 
de informações, de analogias; 
• emprego de exemplificações (por exemplo, como é o caso de, etc.); 
• emprego de definições, ressaltando o significado de palavras ou expressões; 
• emprego de organizadores textuais (em resumo, até aqui, como já foi falado, etc.) e 
ordenadores da informação (em primeiro lugar, em segundo lugar, por um lado, por outro, 
etc.). 
São exemplos de gêneros em que predomina a sequência explicativa ou expositiva: 
textos de divulgação científica, de manuais, de revistas especializadas, de cadernos de 
jornais, de livros didáticos, de verbetes de dicionários e enciclopédias, etc. 
 
5. Sequência Injuntiva ou Instrucional 
A marca fundamental é o verbo no imperativo (injuntivo é sinônimo de obrigatório, 
imperativo); predomina a função conativa da linguagem. Gramaticalmente, algumas 
marcas dos textos injuntivos são: 
• verbos no imperativo; 
• formas verbais que indicam ordem, orientação, pedido, como dever + infinitivo, ter que/de 
+ infinitivo, gerúndio, infinitivo, etc.; 
• advérbios de modo; 
• advérbios de negação; 
• explicitação do interlocutor por meio do vocativo; 
• emprego das expressões (é proibido, não é permitido, (é) obrigatório, etc.) 
São exemplos de gêneros em que predomina a sequência injuntiva ou instrucional: 
propaganda, receita culinária (modo de fazer), manual de instruções de um aparelho, 
horóscopo, livros de autoajuda, etc. Observe as marcas que apontam o texto abaixo como 
injuntivo. 
 
Ingredientes 
4 ovos 
4 colheres (sopa) de chocolate em pó 
2 colheres (sopa) de manteiga 
3 xícaras (chá) de farinha de trigo 
2 xícaras (chá) de açúcar 
2 colheres (sopa) de fermento 
1 xícara (chá) de leite 
Calda: 
2 colheres (sopa) de manteiga 
7 colheres (sopa) de chocolate em pó 
2 latas de creme de leite com soro 
3 colheres (sopa) de açúcar 
 
MODO DE PREPARO 
Massa: 
 
1. Em um liquidificador adicione os ovos, o chocolate em pó, a manteiga, a farinha de 
trigo, o açúcar e o leite, depois bata por 5 minutos. 
 
2. Adicione o fermento e misture com uma espátula delicadamente. 
 
3. Em uma forma untada, despeje a massa e asse em forno médio (180 ºC) 
preaquecido por cerca de 40 minutos. Não se esqueça de usar uma forma alta para 
essa receita: como leva duas colheres de fermento, ela cresce bastante! Outra 
solução pode ser colocar apenas uma colher de fermento e manter a sua receita 
em uma forma pequena. 
 
Calda: 
 
4. Em uma panela, aqueça a manteiga e misture o chocolate em pó até que esteja 
homogêneo. 
 
5. Acrescente o creme de leite e misture bem até obter uma consistência cremosa. 
 
 
 
 
É importante considerar que, com a tipologia apresentada, não queremos dizer que 
um texto seja totalmente argumentativo, descritivo ou narrativo. Na realidade, o que 
devemos ter em mente é que os textos apresentam sequências predominantes e essa 
configuração pode ser observada em gêneros e não apenas em sequências isoladas. 
Gêneros do Discurso 
 
A referência a gêneros do discurso remete diretamente a textos verbais ou não-
verbais concretizados em eventos comunicativos. Essas entidades empíricas são as diferentes 
práticas discursivas que fazem parte de nossa vida nos diferentes âmbitos sociais que estamos 
inseridos, são textos definidos por sua composição, estilo e, principalmente por seus propósitos 
comunicativos, nascentes da união de forças históricas, sociais e culturais. A noção de gênero 
está ligada aos pressupostos bakhitinianos, que apontam os gêneros discursivos como 
componentes culturais e históricos que ordenam e estabilizam nossas relações na sociedade. 
Para Koch (2002, p. 53) a competência discursiva dos falantes/ouvintes leva-os à 
detecção do que é adequado ou inadequado nas práticas sociais. Conforme a autora, essa 
competência acaba estimulando a diferenciação de determinados gêneros de textos, 
portanto, há o conhecimento, pelo menos indutivo, de estratégias de construção e 
interpretação de um texto. 
Dessa forma, os gêneros do discurso podem ser considerados a materialização das 
várias práticas sociais que permeiam a sociedade, articulados de tal forma que são 
imprescindíveis à vida em sociedade. 
Resumindo, os gêneros são a efetiva realização da linguagem oral ou escrita. 
Segundo Bakhtin (2000) qualquer enunciado considerado isoladamente é, claro, individual. 
No entanto, cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de 
enunciados, sendo por isso denominado gêneros do discurso. Já Marcuschi (2003) afirma que 
os gêneros são fenômenos históricos profundamente vinculados à vida cultural e social. Fruto 
de trabalho coletivo, os gêneros contribuem para ordenar e estabilizar as atividades do dia 
a dia. São entidades sociais e discursivas e formas de ação social incontáveis em qualquer 
situação comunicativa. 
 
 
 
A produção de discursos não ocorre no vazio. Todo texto se organiza dentro de um 
determinado gênero discursivo. Sob esta perspectiva, os PCNs (1998) apresentam os vários 
gêneros que, por sua vez, constituem formas relativamente estáveis de enunciados. Pode-se 
ainda afirmar que a noção de gêneros refere-se a “famílias” de textosque compartilham 
algumas características comuns, embora heterogêneas, como visão geral da ação à qual o 
texto se articula, tipo de suporte comunicativo, extensão, grau de literalidade, por exemplo, 
existindo em número quase ilimitado. Sendo assim, denominam-se gêneros textuais, formas 
verbais de ação social relativamente estáveis, realizadas em textos situados em comunidades 
de práticas sociais típicas e em domínios discursivos específicos. 
Outro ponto importante que não devemos esquecer, quando o assunto é gênero do 
discurso, é o papel do suporte na definição do gênero. De acordo com Marcuschi (2003, p.8), 
o suporte é um “locus físico ou virtual com formato específico que serve de base ou ambiente 
de fixação do gênero materializado como texto”. Assim, os suportes, além de ampararem a 
mensagem, auxiliam na delimitação e apresentação de um gênero do discurso. 
Dessa forma, podemos dizer, por exemplo, que o suporte outdoor é um dos fatores 
que definem o anúncio de outdoor, tanto na apresentação, quanto na formatação e na 
composição da mensagem, uma vez que esta deve ser curta, objetiva, usar tipos de letras 
grandes, buscar imagens e outros recursos para se chamar a atenção do público-alvo 
potencial. Neste caso, a influência do suporte é tão importante que o gênero recebe o seu 
próprio nome, como uma forma de distingui-lo de outros gêneros. 
 
Suporte pode ser compreendido, então, como instrumento utilizado para “suportar”, 
"comportar" o texto, como por exemplo, papel, paredes ou muros, pele, computador, monitor 
de computador, etc. 
Os gêneros textuais podem ser encontrados em diversos suportes, como por exemplo, 
revistas e jornais, que suportam os gêneros reportagem, matéria, coluna, resenha, charge, 
quadrinho, classificados entre outros gêneros. 
Cada um desses gêneros tem uma finalidade específica: 
• a reportagem e a matéria de jornal possuem a função de incluir o leitor dentro de um 
determinado contexto, dependendo da seção temática (policial, esporte, TV e Cinema, 
Saúde, infantil etc); 
• a coluna pode ser um texto de opinião ou texto de experiência pessoal do autor; 
• a resenha, na revista e no jornal, é um tipo de texto que faz uma análise de livros, filmes ou 
álbuns de música lançados recentemente ou que causam algum impacto; 
• a charge e o quadrinho se destacam pela linguagem não-verbal (a imagem) que adiciona 
ou é chave para entender a piada ou estória, sem falar que a sua função específica é 
provocar o riso; 
• os classificados são velhos conhecidos que possuem como característica a linguagem 
abreviada ao máximo e função de apresentar produtos, imóveis, veículos, serviços e 
empregos. Viu quanta coisa se pode encontrar numa revista e num jornal. 
É necessário, no entanto atentarmos para o fato de que os estudos sobre gênero e 
suporte são ainda bastante recente o que acaba propiciando uma série de discussão sobre 
o que realmente é suporte e gênero. Daí se ouvir muito, por exemplo, Orkut como gênero, 
quando na realidade é um suporte. 
 
Resumindo 
 
Nessa unidade tivemos a oportunidade de refletir sobre a configuração do texto 
enfocando os fatores linguísticos e pragmáticos de textualidade: coerência, coesão, 
intencionalidade, informatividade, aceitabilidade, situacionalidade e intertextualidade. Esses 
fatores, tão importantes para a configuração do texto, são imprescindíveis para garantir a 
sua inteligibilidade. 
Conforme Koch e Travaglia (2004) “[...] o produtor de um texto tem, necessariamente, 
determinados objetivos ou propósitos, que vão desde a simples intenção de estabelecer ou 
manter o contato com o receptor até a de levá-lo a partilhar de opiniões ou a agir ou 
comportar-se de determinada maneira.” 
Vimos também que a produção de discursos não ocorre no vazio. Todo texto se 
organiza dentro de um determinado gênero discursivo. Sendo assim, a noção de gênero 
discursivo se torna imprescindível para reconhecermos que o texto não é isolada de um 
contexto mais amplo. Segundo Bakhtin (2000) qualquer enunciado considerado 
isoladamente é, claro, individual. No entanto, cada esfera de utilização da língua elabora 
seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo por isso denominado gêneros do 
discurso. Já Marcuschi (2003) afirma que os gêneros são fenômenos históricos profundamente 
vinculados à vida cultural e social. Fruto de um trabalho coletivo, os gêneros contribuem para 
ordenar e estabilizar as atividades do dia a dia. 
São inúmeros os gêneros discursivos a ponto de não conseguirmos conferir-lhes uma 
quantidade exata. Eles circulam em várias esferas sociais e estão em nossa volta diariamente: 
quando vamos à casa bancária, à escola, ao supermercado ou mesmo quando estamos na 
rua. Daí a necessidade de estarmos permanentemente em contato com os gêneros 
existentes e com os que vão surgindo para podermos nos situar de forma mais participativa 
em sociedade. 
 
 
 
 
 
Ampliando Horizontes 
 
Você conhece o VOLP? 
O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, ou 
simplesmente VOLP, é uma publicação elaborada pela equipe 
de dicionaristas da Academia Brasileira de Letras e tem como 
objetivo compilar e registrar a grafia oficial das palavras do 
idioma, indicando sua classificação gramatical, mas sem o 
significado. A quinta edição, lançada em 2009, foi 
supervisionado pelo professor Evanildo Bechara e conta com 
cerca de 370 mil palavras. A edição anterior, de 2004, tinha 
aproximadamente 360 mil palavras; a primeira edição, lançada 
após a reforma ortográfica de 1943, registrava 60 mil palavras. 
Como o novo acordo ortográfico apresentava regras 
gerais e alguns exemplos, coube aos estudiosos interpretar as 
regras e aplicá-las à grafia dos demais vocábulos da língua. 
 
https://www.academia.org.br/nossa-lingua/busca-no-
vocabulario 
 
 
 
 
Referências 
BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 
1987, p.261-305 
 
DANTAS, Daniel & GOMES, Adriano Lopes. Questões de letramento e de gênero do discurso 
em blogs. Disponível: http://www.ufjf.br/revistagatilho/files/ 2009/12/ARTIGO1.-Questes-de-
letramento.pdf. Acesso em 25/05/2011. 
 
KOCH, Ingedore Vilaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. São 
Paulo: Contexto, 2004 
 
MARCUSCHI, L.A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In; Gêneros textuais e ensino. 
Rio de Janeiro: Lucena, 2003, p. 20-36 
 
PAULINO, Graça; WALTY, Ivete; et al. Tipos de texto, modos de leitura. Belo 
Horizonte: Formato Editorial, 2001. 
 
SOUZA, Aguinaldo Gomes de. Gêneros virtuais: algumas observações. Disponível http:// 
www.letramagna.com/generos_virtuais_revista_aguinaldo.pdf. Acesso em 25/05/2011. 
 
https://www.academia.org.br/nossa-lingua/busca-no-vocabulario 
 
 
 
http://www.ufjf.br/revistagatilho/files/
http://www.letramagna.com/generos_virtuais_revista_aguinaldo.pdf

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