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PROVA SAÚDE DA FAMÍLIA 1. HIPERTENSÃO ARTERIAL ➢ Conceito: CONDIÇÃO CLÍNICA CARACTERIZADA PELA ELEVAÇÃO DOS NÍVEIS PRESSÓRICOS 140/90mmHg ➢ Diretrizes (8 exames) ANÁLISE DE URINA, POTÁSSIO PLASMÁTICO, GLICEMIA DE JEJUM E HbA1c, RITMO DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR ESTIMADO, CREATININA PLASMÁTICA, COLESTEROL TOTAL, HDL-C e TRIGLICÉRIDES PLASMÁTICOS, ÁCIDO ÚRICO, ELETROCARDIOGRAMA ➢ Estágios: ➢ - Sinergismo – um medicamento potencializa o efeito do outro ➢ Monitoração residencial da pressão arterial (24 horas) : Interpretar MRPA: valores que configuram Três medições pela manhã, antes do desjejum e da tomada da medicação, e três à noite, antes do jantar, durante cinco dias. Outra opção é realizar duas medições em cada uma dessas duas sessões, durante sete dias. São considerados anormais valores de PA ≥ 135/85 mmHg. MAPA: São atualmente consideradas anormais as médias de PA de 24 horas ≥ 130/80 mmHg, vigília ≥ 135/85 mmHg e sono ≥ 120/70 mmHg. ➢ Fatores de risco: IDADE, SEXO E ETNIA, INGESTÃO DE SAL, SEDENTARIOS, GENÉTICA E FATORES SOCIOECONÔMICOS ➢ Causas da hipertensão arterial secundária: 2. Diabetes Mellitus ■ Orientar o paciente; características, tipo. Tipo 1a: deficiência de insulina por destruição autoimune das células β comprovada por exames laboratoriais; Tipo 1B: deficiência de insulina de natureza idiopática. tipo 2: perda progressiva de secreção insulínica combinada com resistência à insulina DM gestacional: hiperglicemia de graus variados diagnosticada durante a gestação, na ausência de critérios de DM prévio ■ PRINCIPAL CAUSA DE MORTE DE PESSOAS DIABÉTICAS: complicações cardiovasculares => SOLICITAR ELTROCARDIOGRAMA. -> niveis pressóricos devem estar sempre controlados ■ VALORES DE REFERÊNCIA JEJUM: maior que 126 ALIMENTADO: acima de 200 ■ COMPLICAÇÕES DA DM: Olhos Os pequenos vasos sanguíneos da retina são lesionados e podem levar à formação de novos vasos sanguíneos frágeis que tendem a sangrar. A visão diminui e, por fim, a cegueira acontece. ➢ RETINOPATIA DIABÉTICA HIPERVASCULARIZAÇÃO Rins Os vasos sanguíneos nos rins engrossam. A proteína vaza para a urina. O sangue não é filtrado normalmente. Ocorre um mau funcionamento dos rins, o que acaba ocasionando a doença renal crônica. - NEFROPATIA Pele O fluxo de sangue para a pele é reduzido e a sensação diminui, o que resulta em lesões repetidas. Ocorre o surgimento de feridas e infecções profundas (úlceras diabéticas). ➢ SÍNDROME DE CHARCOT A cicatrização é lenta. ■ DM2: mudança no estilo de vida – orientar alimentação - gorduras poli-insaturadas – não ingerir agua durante alimentação – consumir ovo.. (paciente não insulinodependente) ■ Montar um controle glicêmico para o paciente. -> no mínimo três vezes ao dia durante 7 dias. ■ – Perda de peso – importância da reverão do quadro https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-renais-e-urin%C3%A1rios/insufici%C3%AAncia-renal/doen%C3%A7a-renal-cr%C3%B4nica-drc 3. Níveis de prevenção Prevenção primária: ação tomada para remover causas e fatores de risco de um problema de saúde individual ou populacional antes do desenvolvimento de uma condição clínica. Inclui promoção da saúde e proteção específica (Ex.: imunização, orientação de atividade física para diminuir chance de desenvolvimento de obesidade). Prevenção secundária: ação realizada para detectar um problema de saúde em estágio inicial, muitas vezes em estágio subclínico, no indivíduo ou na população, facilitando o diagnóstico definitivo, o tratamento e reduzindo ou prevenindo sua disseminação e os efeitos de longo prazo. Ex: rastreamento, diagnóstico precoce. Prevenção terciária: ação implementada para reduzir em um indivíduo ou população os prejuízos funcionais consequentes de um problema agudo ou crônico, incluindo reabilitação. Ex.: prevenir complicações do diabetes, reabilitar paciente pós-IAM ou AVC. Prevenção quaternária: É a detecção de indivíduos em risco de intervenções, diagnósticas e/ou terapêuticas, excessivas para protegê-los de novas intervenções médicas inapropriadas e sugerir-lhes alternativas eticamente aceitáveis. ‘’ PREVENIR A IATROGENIA’’. 4. Rastreamento CRITÉRIOS: 1) A doença deve representar um importante problema de saúde pública que seja RELEVANTE. ■ Magnitude: refere-se à dimensão coletiva e epidemiológica do problema, em relação aos demais problemas, agravos e doenças na população (comparação de prevalência e incidência). ■ Transcendência: refere-se ao impacto produzido na comunidade pela doença em questão (avaliação valorativa), danos e consequências. ■ Vulnerabilidade: refere-se à capacidade e probabilidade de se evitar a doença (diagnose precoce e tratamento). 2) A história natural da doença ou do problema clínico deve ser bem conhecida. 3) Deve existir estágio pré-clínico (assintomático) bem definido. 4) O benefício da detecção e do tratamento precoce com o rastreamento deve ser maior do que se a condição fosse tratada no momento habitual de diagnóstico. 5) Os exames que detectam a condição clínica no estágio assintomático devem estar disponíveis, aceitáveis e confiáveis. 6) O custo do rastreamento e tratamento de uma condição clínica deve ser razoável e compatível com o orçamento destinado ao sistema de saúde como um todo; 7) O rastreamento deve ser um processo contínuo e sistemático. 5. Diferença entre rastreamento e diagnóstico precoce Rastreamento: pessoas assintomáticas ex: câncer de mama (40 anos – anualmente) Diagnóstico precoce: pessoas sintomáticas. Ex: down-staging (oncologia), ou seja, identificar no menor estágio do desenvolvimento da doença. 6. Atenção primária em saúde ■ Conceito: É o cuidado de primeiro contato, atendimento integralizado, tem a função de coordenar todas as necessidades do paciente, prestação de cuidados altamente especializada ■ Característica: Inclui a continuidade, já que cuida das pessoas ao longo do tempo. ➢ Papel da atenção: Caracterizada por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte positivamente na situação de saúde das coletividades. Trata-se da principal porta de entrada do SUS e do centro de comunicação com toda a Rede de Atenção dos SUS, devendo se orientar pelos princípios da universalidade, da acessibilidade, da continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, da responsabilização, da humanização e da equidade. ➢ Importância da medicina da familia e comunidade (características) Humanizar: atende o nível individual, familiar e coletivo O médico de família e comunidade é um clínico qualificado A atuação do médico de família e comunidade é influenciada pela comunidade O médico de família e comunidade é o recurso de uma população definida A relação médico-pessoa é fundamental para o desempenho do médico de família e comunidade ➢ método clínico centrado na pessoa Conceito Questão da humanização, cuidado, acolhimento, confiança, empatia. 7. Medicina baseada em evidência ➢ Características É uma estratégia da prática médica e tem como meta a busca da melhor conduta, assim como a avaliação do atendimento à pessoa. Visa auxiliar os médicos a fazerem diagnósticos adequados, definirem os melhores planos de tratamento e métodos de prevenção de doença, assim como desenvolverem diretrizes clínicas. ➢ Princípios VALIDADE, IMPORTÂNCIA, APLICABILIDADE E TIPO DE ESTUDO PREFERENCIAL (revisão sistemática) ➢ Diferenciação de critérios preditivos (+, -) especificidade, razãode probabilidades -> conceito, curácea Teste: detecta ou exclui a possibilidade da doença. Etapas Primeira etapa: formular uma questão a ser respondida. Segunda etapa: buscar a melhor evidência científica Terceira etapa: avaliar criticamente a evidência Quarta etapa: aplicar a evidência TESTE DIAGNÓSTICO: 8. Prevenção das principais doenças Medidas de prevenção e rastreamento (dislipidemia, has avaliação de risco cardiovascular, formas e fatores de risco – modificáveis e não modificaveis que avalia o risco cardiovascular) Escore de Framingham; Objetivo: Investigar fatores de risco para doença arterial coronariana e cardiovascular. 9. DPOC ➢ O que é: Doença respiratória comum que causa incapacidade, redução da qualidade de vida e risco aumentado de morte prematura *tabagismo ➢ Manejo: classificação GOLD (1,2,3,4) Tratamento não farmacológico: ação do tabagismo é a intervenção mais importante para reduzir o risco de desenvolver DPOC e para retardar sua progressão Tratamento farmacológico: broncodilatadores de ação longa ação disponíveis: β2-agonistas de longa ação (LABA) – formoterol e salmeterol: anticolinérgicos de longa ação, ou antagonistas muscarínicos de longa ação (LAMA) – tiotrópio ➢ Diagnóstico: Paciente com: mais de 40 anos, um fator de risco, principalmente o tabagismo, sintomas respiratórios crônicos, como dispneia aos esforços, tosse crônica, produção regular de catarro e/ou crises de “bronquite” ou “chiado” - espirometria – quantifica o grau do enfisema pulmonar – classificação gold (1,2,3,4) Espirometria: realizado medindo o volume expiratório forçado no primeiro segundo a partir de uma inspiração máxima (VEF1) e observando sua relação com a capacidade vital forçada (CVF), que corresponde ao volume total de ar expirado o mais rápido possível em uma expiração única 10. ASMA Caracterizada por hiper-responsividade e inflamação das vias aéreas Paciente em idade pediátrica, escolar e adolescentes. 80% Prevalente até 18 anos de idade. ➢ Diagnostico: presença de episódios recorrentes de dispneia, sibilância, opressão no peito e/ou tosse ➢ Manejo – classificação gina (1,2,3,4,5) ➢ Tratamento: Medicamentos para crise (ou de alívio/resgate), utilizados na presença de sintomas, atuando de forma rápida na broncoconstrição Medicamentos controladores, que são utilizados para o tratamento de manutenção regular → Reduzem a inflamação das vias aéreas, controlam os sintomas e reduzem crises e diminuição da função pulmonar Os agonistas β2-adrenérgicos de curta ação são os fármacos escolhidos no tratamento da broncoconstrição (sintomas) e, também, para utilização antes de exercícios naqueles com sintomas induzidos pelo exercício Os corticoides inalatórios são os medicamentos considerados mais efetivos para o tratamento de manutenção (inflamação) em todas as faixas etárias Pessoas com alta probabilidade de asma: ar os critérios diagnósticos e monitorá-los, Iniciar o tratamento com corticoide inalatório e reavaliar em 6 semanas, Avaliar o estado de controle, utilizando um questionário validado, e, se possível, obter a medida objetiva da função pulmonar (VEF1), Confirmar diagnóstico de asma, com a boa resposta ao tratamento inicial, Verificar sempre a adesão e a técnica, Considerar a necessidade de diagnósticos alternativos e testes complementares, principalmente na ausência de boa resposta ➢ Quando encaminhar para a referência ou hospital? 11. ENFISEMA PULMONAR: ➢ Manejo Aliviar os sintomas de maneira rápida, principalmente com fármacos beta-adrenérgicos de ação rápida e diminuir as exacerbações com corticoides inalatórios, fármacos beta-adrenérgicos de ação prolongada, anticolinérgicos de ação prolongada, ou uma combinação. Incentivar a cessação do tabagismo utilizando múltiplas intervenções. CAMILA GRAH Saúde da Família PR2 DIVERSIDADE SEXUAL NA APS: A sexualidade humana é formada por uma múltipla combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais e é basicamente composta por três elementos: sexo biológico, orientação sexual e de gênero. à Sexo biológico: àOrientação sexual: atração afetiva e/ou sexual que uma pessoa manifesta em relação à outra, para quem se direciona, involuntariamente, o seu desejo. à Gênero: distinção da dimensão biológica da social. “Homens e mulheres são produtos da realidade social e não decorrência direta da anatomia de seus corpos.” à Identidade de gênero: é a percepção íntima que uma pessoa tem de si como sendo do gênero masculino, feminino ou de alguma combinação dos dois, independente do sexo biológico. à Transexual: pessoa que possui uma identidade de gênero diferente do sexo biológico. Homens e mulheres transexuais podem manifestar a necessidade de realizar modificações corporais por meio de procedimentos cirúrgicos para mudança de sexo. à Travesti: pessoa que nasce com um sexo e assume papéis de gênero diferente daqueles impostos pela sociedade. à Outras: crossdresser, drag queen ou transformista e drag king. à Transgênero: descreve pessoas que transitam entre os gêneros CAMILA GRAH Compreender a determinação social no dinâmico processo saúde-doença das pessoas e coletividades, requer admitir que a exclusão social decorrente do desemprego, da falta de acesso à moradia e à alimentação digna, bem como da dificuldade de acesso à educação, saúde, lazer, cultura interferem diretamente na qualidade de vida e saúde. à Saúde física: -Desigualdade no acesso aos serviços -Próteses não adequadas -Procedimentos invasivos -Abuso de medicações -Automedicação -Violência urbana à Saúde sexual: -Maior vulnerabilidade ao HIV e outras IST’s -Cuidados na prevenção do CA e do colo uterino. à Saúde mental: -Sofrimento psíquico devido a não aceitação do corpo Automutilação Suicídio -Depressão -Transtornos de ansiedade -Transtornos do pânico à Política Nacional de Saúde Integral de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (2013) Embasada em princípios constitucionais: “Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” Objetivo: promover a saúde integral de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, eliminando a discriminação. CAMILA GRAH à Diversidade na estratégia de saúde da família: - UBS é. a porta de entrada do sistema de saúde - Proximidade e vínculo familiar - Conscientizar sobre orientação sexual e identidade de gênero com famílias - UBS é o principal local para ações de inclusão ao acesso à saude, ações de prevenção de doenças e ações de educação permanente em saúde. SAÚDE DO HOMEM: Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem 20-59 anos Principais problemas nessa faixa etária: Cardíacos Gástricos Urológicos Pneumológicos Nesses problemas, não estão inclusos fatores como violência, acidentes automobilísticos. Além disso, em Jaraguá há altos índices de tabagismo e alcoolismo. Necessidade de atenção às deficiências mental, física Mortalidade: -Câncer pulmão -Câncer de próstata MÉTODO CLÍNICO CENTRADO NA PESSOA: O evento central da vida do profissional médico continua sendo o encontro entre pessoas, que é representado pela consulta médica, apesar do progresso e do desenvolvimento que aconteceram na sociedade e na medicina. O distanciamento começou quando René Laënnec fez um rolo de cartolina, que, mais tarde, evoluiu e se transformou no estetoscópio CAMILA GRAH à A consulta: A consulta é a principal relação clínica que se estabelece entre o médico e a pessoa “É a unidade essencial da prática médica que ocorre quando, na intimidade de um consultório ou de uma enfermaria, onde uma pessoa que está doente, ou acredita estar doente, busca a ajuda de um médico em quem confia.” Encontro= Entre duas pessoas com expectativas, objetivos e tarefas definidasRelação= Se estabelece, cujos objetivos principais são o cuidado à saúde e a qualidade de vida Preparo= É necessário para esse encontro e inicia-se bem antes, consistindo em várias etapas tanto para o médico quanto para a pessoa. à Etapas de preparação para o médico: 1. Inicia no curso de graduação, nos interesses frente ao aprendizado, e nos modelos de médico com os quais se identifica 2. Segue com a escolha da especialidade e continua com o preparo na especialização 3. Tem relação com o momento da vida atual do profissional 4. Culmina nos momentos preliminares à consulta: influência da consulta anterior, conhecimento prévio da pessoa. à Etapas para a pessoa que busca ajuda: 1. Começa com a história pessoal, familiar, genética e cultural, dos contatos com o processo de adoecer 2. Tem relação com o estilo de vida, ciclo de vida e outros aspectos biopsicossociais que interferem na saúde CAMILA GRAH 3. Segue com a decisão pelo momento de buscar ajuda – muitas vezes, não é ela quem decide; às vezes, é precoce; outras, é tardia 4. Passa pela escolha do médico 5. Segue na recepção da UBS e tem seus momentos finais na pré́-consulta, ou seja, no ambiente e nas conversas da sala de espera Clímax dessa preparação é na consulta: Nesse encontro têm-se dois especialistas: - O médico (especialista em diagnósticos, exames e medicamentos) - A pessoa (especialista nela própria) Na prática profissional do médico de família e comunidade, a consulta é, sem dúvida, o evento principal à A consulta na APS: Na relação entre pessoas, o sentimento de afeição entre elas pode ser “à primeira vista” apaixonante ou seguir um caminho de construção por meio do conhecimento mútuo, progressivo, longitudinal, em que se estabelece uma relação harmonizada baseada na confiança e no afeto. Essa possibilidade de uma segunda chance na relação ou na construção é uma característica da APS Princípio da longitudinalidade - MFC e as pessoas a quem atendem se relacionam durante muitos anos e possibilita: - Observação estendida, permitindo a coleta e o processamento de informação ao longo do tempo, utilizando o conceito de demora permitida - Processo diagnóstico estendido, que pode ser desenvolvido e alterado ao longo do tempo - Cuidado compreensivo, com continuidade do cuidado - Cuidado preventivo, em que cada encontro é uma oportunidade para a promoção da saúde à Conceitos para entendimento Pleno na consulta: O médico de família e comunidade deve se apropriar: CAMILA GRAH - A diferença entre conteúdo e processo na consulta - Os papéis dentro da consulta - O método de abordagem centrado na pessoa à Conteúdo e processo na consulta: • Distinção básica: Conteúdo: as tarefas que estão em foco na consulta Processo: os comportamentos que ocorrem na consulta • Exemplo: Conteúdo: definir a razão/motivo para o atendimento da pessoa e chegar a um plano Processo: modo como essa consulta é conduzida, o que é muito importante na eficácia do encontro Relação entre o médico e a pessoa: • Elemento-chave para alcançar êxito na consulta • Importante preservar e melhorar essa relação • Processo fundamental para o sucesso do diagnóstico e do tratamento • Possivelmente, é o aspecto mais terapêutico do encontro para cuidar da saúde à Papéis dentro da consulta: • A sociedade designou para médico e pessoas certos papéis ou modos de se comportar • Os médico receberam poder, autoridade e respeito para atender as necessidades das pessoas e tomar certas decisões em nome delas • Modelo paternalista tradicional: o médico decide, e a pessoa cumpre as determinações (ou faz de conta que as cumpre) • Esse modelo de abordagem desconsidera um aspecto essencial na relação interpessoal: a autonomia • Diante de mudanças que ocorreram na sociedade, da facilidade de acesso a informações, houve repercussão na relação entre o médico e as pessoas • Agora as pessoas são encorajadas a assumir seu papel no cuidado à saúde e nas decisões a serem tomadas de forma participativa e em parceria CAMILA GRAH • Para isso, é essencial que os médicos tomem conhecimento desses papéis e dessas tendências à Método de abordagem centrado na pessoa: • Existem vários modelos de abordagem à consulta - todos se apresentam com seus pontos fortes e suas limitações • Também existem diversas sistematizações da consulta em etapas para melhor desempenho e resultado • O MCCP é um modelo de abordagem que facilita a compreensão e a execução das competências essenciais ao MFC “Para ser centrado na pessoa, o médico precisa ser capaz de dar poder a ela, compartilhar o poder na relação, o que significa renunciar ao controle que tradicionalmente fica nas mãos dele.” à O MCCP tem quatro componentes: 1. Explorando a saúde, a doença e a experiência da doença 2. Entendendo a pessoa como um todo: o indivíduo, a família e o contexto 3. Elaborando um plano conjunto de manejo dos problemas 4. Intensificando a relação entre a pessoa e o médico 1º Componente: explorando a saúde, a doença e a experiência da doença CAMILA GRAH Uma determinada doença (disease) é o que todos com essa patologia têm em comum, mas a experiência sobre a doença (illness) de cada pessoa é única. Ex: Ø Dr. Mário: “Entre e sente-se, dona Rosa. Em que posso ajudá-la hoje? Ø Dona Rosa: “Doutor, vim consultar, pois tenho me sentido muito mal, sem forças, não consigo realizar as atividades de casa. Desânimo total. Meu marido e meus filhos estão reclamando que não sou mais a mesma. Acho que é a menopausa chegando, doutor. Ou será ́ que e ́ algo mais grave? Minha vizinha começou assim e estava com câncer. Quem sabe preciso fazer uns exames? Não posso ficar assim.” Para explorar a experiência da doença: Sugere-se abordar quatro dimensões designadas pelo acrônimo SIFE 1. Sentimentos da pessoa, especialmente o medo de estar doente 2. Suas Ideias sobre o que está errado 3. O efeito da doença sobre seu Funcionamento de vida 4. Suas Expectativas em relação ao seu médico v A chave para essa abordagem é prestar atenção nas “dicas” dadas pela pessoa relacionadas a esses aspectos • Muitas pessoas com problemas assintomáticos não se sentem doentes e não aceitam ajuda ou não seguem o tratamento (HAS, DM II) • Por outro lado, há pessoas que, preocupadas com a possibilidade de ter algum problema, podem se sentir doentes sem ter doença alguma e buscam realizar exames ou até tratamentos (depressão, ansiedade) Perguntas para explorar SIFE: - O que mais está preocupando você? - O que você pensa sobre isso? - O quanto isso que você está sentindo afeta sua vida? - Quanto você acredita que eu posso ajudar? 2º Componente: entendendo a pessoa como um todo: o indivíduo, a família e o contexto CAMILA GRAH Ø Dr. Mário recebe dona Rosa: “Entre e sente-se, dona Rosa. Em que posso ajudá-la hoje?” Ø Dona Rosa: “Olha, doutor, estou um pouco melhor dos sintomas da menopausa, mas sabe o que é? Não tenho dormido bem, ando esquecida, vivo suspirando.” Ø Dr. Mário (usando o conhecimento prévio sobre dona Rosa): “Bem, dona Rosa, se a menopausa vai bem, que outras questões estão lhe tirando o sono e causando suspiros?” Ø Dona Rosa: “Pois é, doutor, coisas da vida: filhos, marido, a violência que nos cerca.” Ø Dr. Mário: “Então, vamos falar sobre cada uma dessas questões.” Entender a pessoa como um todo é um entendimento integrado da pessoa, resultado das informações que o médico acumula ao longo do tempo sobre aqueles que atende, significando que vai além de diagnosticar doenças ou assistir resposta a doenças Considerar fatores de diversos cenários é uma marca registrada da abordagem centrada na pessoa Perguntas para entender a pessoa como um todo: • Que tipos de doenças existem na família? • Em que ponto do ciclo vital a família se encontra? • Em que ponto do desenvolvimento individuala pessoa está? • Quais as tarefas da família e da pessoa nessa etapa do ciclo de vida? • Existem pendências das etapas anteriores? • Como a doença afeta as tarefas dos integrantes da família? • Como a família experienciou doenças? 3º Componente: elaborando um plano conjunto de manejo dos problemas • É o compromisso mútuo de encontrar um projeto comum para tratar dos problemas CAMILA GRAH “Escolhas finais pertencem às pessoas, mas essas escolhas ganham significado, riqueza e precisão se elas são resultado de um processo de mútua influência e entendimento entre médico e pessoa.” • Importante em qualquer situação, mas fundamental como ferramenta para um manejo de sucesso às pessoas com doenças crônicas, desenvolvendo intervenção terapêutica • A não adesão pode ser a expressão da discordância sobre os objetivos do tratamento 4º Componente: Intensificação a relação entre pessoa e o médico • A cada visita, no contexto da continuidade do cuidado, o médico esforça-se para construir um relacionamento com cada pessoa como base para um trabalho conjunto e para explorar o potencial curativo da relação médico- pessoa • Consultas longas podem não ser produtivas, sobretudo se geram desconforto e ansiedade no profissional • “Escuta ativa”: - Demonstrar que estamos interessados na pessoa e seus problemas (contato visual, sorriso, acenos) - Depois ouvir a pessoa durante PELO MENOS 2 minutos SEM INTERROMPER - Depois executa-se a escuta ativa – ouvir mas direcionando para o que desejamos e precisamos fazer à Papel da equipe multiprofissional • APS tornou-se complexa demais para que o médico trabalhe sozinho • Valorização da equipe: • Farmacêuticos para a revisão da medicação • Enfermeiros para ajudar a entender a complexidade de um plano de tratamento • Técnicos de enfermagem para atualização de calendário vacinal • Serviço administrativo para buscarem resultados de exames • Assistentes Sociais para fornecerem informações importantes sobre benefícios sociais • ACSs para a conhecimento do território, fortalecimento de vínculo CAMILA GRAH ATENÇÃO INTEGRAL AO IDOSO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: Os 7 “Is” § Incapacidade cognitiva § Incontinência urinária § Instabilidade postural § Iatrogenia § Imobilidade § Insuficiência familiar § Insuficiência comunicativa Como avaliar? à Avaliação funcional das atividades básicas de vida diária- Katz -Incapacidade cognitiva: • Idoso diagnosticado com incapacidade cognitiva é aquele que tem prejudicada as suas atividades de vida diárias, devido o comprometimento de uma ou mais áreas da cognição • A cognição inclui diferentes processos cognitivos, como a aprendizagem, atenção, memória, linguagem, raciocínio, tomada de decisões, etc., que fazem parte de nosso desenvolvimento intelectual e experiências. CAMILA GRAH • A perda da cognição ou incapacidade cognitiva é, portanto, o “desmoronamento” ou o “apagamento” da identidade que nos define como ser pensante • Como avaliar? Através do mini mental e escala de depressão geriátrica Yesavage -1982 • Causas de incapacidade cognitiva: Os 4D= delirium (reversível), depressão (reversível), demência (irreversível) e doença mental (irreversível) • Demência e delirium: • Outras causas: uso de drogas, medicamentos, álcool, Neurossífilis e HIV, deficiência de vitamina B12 e ácido fólico, insuficiência renal e hepática, tumores. • Exames: hemograma, TSH, vitamina B12, ácido fólico, função renal e hepática, eletrólitos (Na e Ca), VRDL, anti-HIV, exame de imagem cerebral (atenção secundária) -Incontinência urinária: - Perda involuntária de urina. Envolve também urgência, polaciúria e noctúria. - Uma das principais causas de institucionalização em idosos. - Não é intrínseca ao envelhecimento. - “Você já perdeu urina ou sentiu-se molhado?” Tipos: -Transitória -Permanente -Estresse -Urgência CAMILA GRAH -Instabilidade postural: • Multifatorial • 30% idosos não institucionalizados caem a cada ano • A mortalidade por causas externas tem sido uma crescente preocupação em populações geriátricas, pois registram alta Fatores risco para queda: história pregressa de queda, fraqueza muscular em mmii, idade maior do que 80 anos, gênero feminino, déficit cognitivo, uso de psicotrópicos, osteoartrose, história pregressa de AVC, hipotensão ortostática, queixas de tonturas e anemia. Como avaliar? Time Up and Go (TUG): 10 passos ou 03 metros. + 30seg para completar a manobra, apresentar instabilidade postural ou déficit na marcha, isso sugere aumento no risco de quedas -Imobilidade: • Significativo comprometimento da qualidade de vida. • Todos os sistemas fisiológicos perdem progressivamente as suas funções com a imobilidade. • Dependência total. • Síndrome da Imobilidade. Consequências: Sistema cardiovascular Sistema respiratório Sistema digestivo Sistema geniturinário Pele Sistema osteomuscular -Incapacidade comunicativa: -Linguagem -Audição -Visão Mais de 90% dos idosos necessitam óculos. Um terço dos idosos relata grau variado de deficiência auditiva. Pode resultar em comprometimento da independência e conexão com o mundo. CAMILA GRAH -Insuficiência familiar: - A família é a principal fonte de suporte, principalmente para a pessoa idosa de poder aquisitivo baixo, que comumente apresenta mais debilidade em sua de saúde e maior dependência para as atividades do dia a dia. - A presença da pessoa idosa na família irá apontar para novos papéis familiares, tendo em vista as novas funções que os membros terão que assumir para ofertar o cuidado. -Iatrogenia: • Médico que produz a doença, afecção decorrente da intervenção • Os idosos são os principais consumidores de medicamentos, 90% usa pelo menos 01 medicamento por dia e 30% usa 05 ou mais medicamentos por dia. • Impacto da farmacodinâmica e farmacocinética, alterando sensibilidade e efeito. • Interações medicamentosas: prevalência de multimorbidades. • O risco de eventos adversos com uso de 02 medicamentos/dia é de 13%; passa a 58% com uso de 05 medicamentos e alcança 82% com uso de 07 ou mais. à Polifarmácia: O “uso de cinco medicamentos ou mais”, porém, para fins do Desafio Global de Segurança do Paciente, a OMS adotou a conceituação de “uso rotineiro de quatro ou mais medicamentos simultâneos por um paciente. Sejam eles prescritos, isentos de prescrição ou outros medicamentos tradicionais”.
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