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Resumo Supremo de Obstetrícia – P2 Aula 1 – Hemorragias de Primeiro Trimestre Gravidez Ectópica Introdução Ocorre quando a implantação do óvulo se dá fora da cavidade uterina, sendo a sua localização mais comum a tubária (98%, dividida em ampular – 70%, ístmica – 12%, fimbriaria – 11% e intersticial – 3%). A história natural da doença envolve paciente que procura atendimento por sangramento vaginal, com atraso menstrual e teste de farmácia positivo. As 3 principais etiologias para hemorragias de primeiro trimestre são, além de gravidez ectópica, doença trofoblástica gestacional e abortamento. Fatores de Risco: cirurgia tubária prévia • prenhez tubária anterior • exposição in útero ao dietilestilbestrol (medicamento para TTO de endometriose, que pode causar malformações da genitália do feto feminino) • história de DIP (fator de risco mais importante, já que a demora no TTO gera alterações na trompa, como semioclusão e abscesso tubo-ovariano) • história de infertilidade e fertilização in vitro • história de cervicite por Clamídia ou Gonococo • anormalidade tubária documentada na histerossalpingografia • história de ligadura tubária (pode recanalizar, caracterizando como cirurgia tubária prévia. A retirada ao invés da ligadura cursa com menor risco de gravidez ectópica e CA de ovário) • uso atual de DIU. EM MULHERES EM USO DE ANTICONCEPCIONAL, A DIP É MAIS FREQUENTEMENTE CAUSADA POR CLAMÍDIA DO QUE POR GONOCOCO. As complicações da gravidez ectópica são diversas, desde hematoma intratubário, abortamento tubário (contração da tuba e expulsão do feto para a cavidade abdominal) a rotura tubária intraligamentar. O sangramento ocorre devido à quantidade de hormônio insuficiente para manter o endométrio, podendo ser confundido com menstruação. Assim, a paciente refere dor, mas nem sempre refere amenorreia e atraso menstrual. O feto fora da trompa não consegue se desenvolver, e o endométrio que descama é proliferativo e não possui ovo. Isso é chamado de Reação de Aristela, relacionada a gravidez ectópica. GRAVIDEZ HETEROTÓPICA: PRESENÇA DE GRAVIDEZ GEMELAR, SENDO UM FETO ECTÓPICO E O OUTRO TÓPICO. Quadro Clínico 70% dos casos geram abortamentos tubários, e os que não são abortados são altamente malformados, principalmente com síndrome da banda amniótica. 1/3 dos casos não cursa com amenorreia, já que a paciente confunde o sangramento de 1º trimestre com a menstruação. Há irritação peritoneal, dor espontânea e à palpação em baixo ventre, náuseas e vômitos, temperatura subfebril, manifestações relacionadas à discreta hemorragia (lipotimia, taquicardia moderada, mucosas descoradas e PA normal). O quadro agudo envolve um abdômen agudo hemorrágico, com choque hemorrágico, taquicardia, sudorese, hipotensão, hipotermia e sinais de irritação peritoneal, associada a dor em fossa ilíaca ou hipogastro, dor escapular por irritação do nervo frênico ou dor abdominal difusa. DxDf: tumor ovariano, cisto ovariano hemorrágico roto, diverticulite, apendicite, ITU, cólica renal. Diagnóstico Beta-hCG (> 2.000 mUI) + USG transvaginal demonstrando ausência de saco gestacional na cavidade uterina, o que pode estar associado a massa complexa anexial, líquido livre, anel tubário ou embrião vivo extrauterino, o que falam ainda mais a favor do diagnóstico. Se o achado no USG for exame normal ou cisto simples anexial, apesar de ausência de saco gestacional, a probabilidade de ectopia é baixa. O padrão ouro para diagnóstico é a videolaparoscopia, que permite observação mais minuciosa da massa anexial contendo a gravidez ectópica. A RNM também pode ser utilizada, principalmente na observação de gravidez abdominal. Tratamento Cirúrgico, radical ou conservador, por meio de laparotomia ou laparoscopia. Realiza-se a salpingostomia, com aspiração do saco gestacional e sem necessidade de sutura da trompa (induz mais fibrose), ou a salpingectomia, mais utilizada após ruptura da tuba e com sangue na cavidade. Clínico: pode ser feito em pacientes com quadro clínico estável, diagnóstico definitivo, hCG < 5.000 UI/mL, aumento de hCG < 50% em 48h, saco gestacional < 3,5 cm, atividade cardíaca fetal ausente e ausência ou presença moderada de líquido livre no peritônio. Nesses casos, o metotrexato é uma opção terapêutica, além de conduta expectante Doença Trofoblástica Gestacional Introdução A Doença Trofoblástica Gestacional (DTG) é um tumor de placenta de várias formar clínicas, originário do tecido de revestimento das vilosidades coriais, relacionado a uma fertilização incorreta. A doença possui um espectro benigno, denominado Mola Hidatiforme, e um espectro maligno, a Neoplasia Trofoblástica Gestacional. Mola Hidatiforme Decorre da fertilização anômala e apresenta diferentes graus de proliferação trofoblástica: a mola completa (MHC), na qual está ausente o embrião, e a mola parcial (MHP), na qual há a identificação do tecido embrionário, ainda que seja incompatível com a vida uterina devido à má formação do embrião. Em 80% dos casos, mantém evolução benigna, enquanto em 20% dos casos, evolui para malignidade na forma de Mola Invasora ou Coriocarcinoma, que causa 1 a cada 20.000 abortamentos. Mola Completa → decorre de uma fecundação errada, mais comumente, pela fecundação de um óvulo sem material genético por um espermatozoide haploide (X), que irá se duplicar para formar uma célula diploide 46 (XX) apenas com cromossomos paternos. Se o espermatozoide for Y, a duplicação irá gerar uma célula YY, que não é reconhecida e será eliminada antes de formar o tecido molar. Outra possibilidade de formação da mola é a fecundação de um óvulo vazio por dois espermatozoides (XX ou XY). Fatores de risco para essa condição envolvem baixo poder socioeconômico, como desnutrição e falta de saneamento básico. Maior chance de malignização. Mola Parcial → decorre de uma fecundação errada, mas com formação de um feto, ainda que incompatível com a vida extrauterina. Pode ocorrer na fecundação de um óvulo com material genético por 2 espermatozoides, formando uma célula triploide (XXY ou XXX) com material genético paterno extra. A formação de células triploides por duplicação do material genético da mãe também pode ocorrer, mas não constitui uma célula molar. Diagnóstico: • Quadro Clínico: atraso menstrual, náuseas, vômitos e sialorreia (as altas concentrações de B-hCG induzem os sintomas ruins da gravidez), hemorragia indolor, emissão de vesículas (indica fortemente mola, mas deve ser confirmado por histopatológico), anemia (Hb < 9 mg/dL) pelo sangramento intenso. Além disso, a mola é a única patologia na qual a paciente pode desenvolver pré-eclâmpsia antes da 20ª semana de gestação, com hipertensão e proteinúria na ausência de problema renal prévio. • Exame Físico: útero grande para a idade gestacional, colo extremamente amolecido e ovários aumentados de tamanho (DxDf: gravidez ectópica = massa anexial + B-hCG pouco elevado. Mola = massa anexial + B-hCG muito elevado - ≈ 100.000 mUI/mL). • Exames Complementares de Rotina: USG com múltiplas vesículas anecóicas (cistos tecaluteínicos), Doppler colorido com vesículas anecóicas avasculares, B-hCG com valores muito elevados (frequentemente > 100.000 mUI/mL), grupo sanguíneo e RH (mães RH – devem receber imunoglobulina anti-D) e RX de tórax (identificação do principal sítio de metástase, o pulmão. Boa resposta a QT). ACHADOS DO USG: IMAGENS HIPOECOICAS OU ANECOICAS, COM ASPECTO DE QUEIJO SUÍCO, TUFO DE ALGODÃO, IMAGEM EM NEVASCA OU FLOCOS DE NEVE. Neoplasia Trofoblástica Gestacional Lesões malignas que se originam das vilosidades coriais e do trofoblasto extraviloso. Apresenta 3 formas clínicas distintas, com diferentes graus de proliferação, invasão e disseminação: • Mola Invasora: caracterizada por cavidade uterina vazia + grande quantidade de vascularização + B-hCG alto. Boa respostaa QT e Metotrexaro. • Coriocarcinoma • Tumor Trofoblástico Do Sítio Placentário (PSTT): tumor raro, caracterizado por B-hCG positivo porém com títulos baixos, e hPL em altos níveis. Não responde à quimioterapia, e não possui tratamento clínico. TTO: cirúrgico (histerectomia). Como é uma neoplasia, é necessário o seu estadiamento em: I. Tumor confinado ao útero. II. Tumor estende-se a outras estruturas genitais por metástase ou extensão direta. III. Metástase para pulmão, com ou sem envolvimento genital. IV. Outras metástases a distância, com ou sem envolvimento pulmonar (cérebro e fígado). CISTOS TECALUTEÍNICOS SÃO TUMORES BENIGNOS DO OVÁRIO CAUSADOS PELA HIPERESTIMULAÇÃO DO OVÁRIO INDUZIDA POR ALTAS CONCENTRAÇÕES DE B-HCG. REGRIDEM COM A RESOLUÇÃO DA MOLA, MAS PODEM COMPOR UM FATOR FACILITADOR DA TORÇÃO DE OVÁRIO, SENDO NECESSÁRIO REPOUSO. Tratamento da Gravidez Molar Esvaziamento uterino por vácuo-aspiração elétrica ou manual ao invés de curetagem, já que o amolecimento de útero e colo aumenta chance de perfuração uterina. O esvaziamento deve ser associado ao seguimento pós-molar, cujo objetivo é monitorar a curva de hCG e detectar a evolução para NTG, e é formado pelo seguinte protocolo: 1. Obter dosagens semanais de B-hCG, iniciando 1 semana após o esvaziamento da mola. Quando se torna negativo por 3 semanas consecutivas, dosá-lo mensalmente pelos próximos 6 meses. Após, se permanecer negativo, descontinuar o seguimento e permitir gravidez. 2. Evitar gravidez com ACO hormonal de estrogênio e progesterona durante o seguimento (1 ano após o esvaziamento). Evitar DIU devido ao risco de perfuração, e indicar abstinência sexual caso a paciente não possa ou não queira utilizar o ACO. 3. Utilizar QT se o nível de B-hCG estacionar por 3 semanas consecutivas, aumentar ou haver o surgimento de mestástase. As dosagens de B-hCG são associadas a aferição da PA, palpação do abdômen, colposcopia (avaliar metástase vaginal) e toque uterino. Se o útero estiver aumentado, deve-se assegurar que não há resto de mola dentro o útero, já que isso aumenta o risco de recidiva. Abortamento Introdução Interrupção da gestação antes de 22 semanas, com feto menor de 500g. O peso é o critério mais fidedigno, já que o cálculo da IG pode ser incorreto. Quando ocorre com idade gestacional abaixo de 4 semanas, é subclínico, e a paciente na maioria das vezes nem chega a descobrir a gravidez. É dividido em abortamento precoce (< 12 semanas) e tardio (> 12 semanas). A causa mais comum dos abortamentos precoces são as anomalias cromossômicas (65% dos casos), mais frequentemente a trissomia do 16 e a monossomia 45 X0 (Turner), além das síndromes de Edwards (trissomia do 18), Patau (trissomia do 13) e Down (trissomia do 21), enquanto os abortamentos tardios são mais frequentemente causados por incompetência istmo-cervical. Além disso, os abortos também podem ser divididos, quanto ao fator causal, em espontâneo e provocado. O método mais comum para provocar o aborto é o uso de Misoprostol 800 mg/dia via vaginal, e também pode ser utilizado para retirada de feto morto retido, já que após 12 semanas de IG, os ossos já formados podem causar perfurações uterinas. Além disso, o colo está fechado, e o Misoprostol ajuda a abrir o colo para eliminar o material. Algumas das complicações de abortos provocados em más condições envolvem perfuração uterina, perfuração de alça intestinal, endometrite, parametrite, peritonite, sepse e óbito. TODO PRODUTO ELIMINADO POR ABORTAMENTO É COLHIDO E MANDADO PARA O CARIÓTIPO E HISTOPATOLÓGICO, PARA IDENTIFICAÇÃO DA CAUSA DO ABORTAMENTO. Cerca de 10-20% de todas as gestações acabam em abortamento, sendo 80% delas no 1º trimestre da gestação. Um importante fator de risco para essa condição é a idade materna (maior chance em mães > 35 e < 16 anos), além dos antecedentes obstétricos. Fatores Maternos: infecções (sífilis, toxoplasmose, rubéola, clamídia, parvovírus, HIV e tuberculose) • insuficiência lútea (Profilaxia: Progesterona 100-200 mg 12/12h VO ou vaginal se suspeitar) • endocrinopatias (DM, hipotireoidismo e hipertireoidismo) • desnutrição • causas imunológicas (SAF) • malformações uterinas (úteros didelfos, bicornos, vagina dupla, anomalia de ducto de Muller, miomatose uterina, etc) • doenças debilitantes (HIV, TB, desnutrição) • traumas físicos • ingestão de drogas (cocaína = vasoconstrição e taquicardia fetal. Tabagismo = crescimento intrauterino restrito) • tabagismo. Formas Clínicas Ameaça de Abortamento → queixa de cólica discreta, sem eliminação de material, volume uterino proporcional a IG e sangramento discreto, mas com colo fechado. Um sinal de prognóstico é BCF, com melhor desfecho entre 120 e 160 bpm. Pode haver sangramento escuro discreto. Conduta: repouso relativo, evitar relações sexuais, tranquilizar a paciente, antiespasmódicos e orientar retorno se piora do sangramento. Avaliar necessidade de progesterona. Solicitar USG para avaliação de hematoma reto-coriônico. Abortamento Inevitável → evolução da ameaça de abortamento. Cursa com sangramento vermelho vivo, com pedaços de membrana saindo do canal cervical, volume uterino compatível ou menor que IG, colo curto e dilatado. Na USG, o saco gestacional possui formato irregular, há coágulo, e a BCF está ausente. Conduta: curetagem ou aspiração manual uterina (<12 semanas) ou Misoprostol + revisão de cavidade com AMIU se ainda existem restos (> 12 semanas). Abortamento Completo → comum até 8 semanas. Cursa com redução das cólicas e do sangramento, com útero vazio e endométrio fino à USG. Não exige tratamento. Abortamento Incompleto → eliminação parcial do produto conceptual, gerando dor abdominal tipo cólica e sangramento de intensidade variável com coágulos. O colo uterino está permeável, e o quadro pode estar associado a anemia, taquicardia e choque hipovolêmico proporcionais a perda sanguínea. Na USG, endométrio irregular e > 15 mm. Conduta: dilatação + curetagem ou aspiração (< 12 semanas e colo fechado), curetagem ou aspiração (< 12 semanas e colo aberto) e Misoprostol + revisão da cavidade com cureta (> 12 semanas). Abortamento Infectado → ocorre quando o abortamento provocado é feito em más condições técnicas, o que introduz o microrganismo no útero e leva à infecção. É dividido, de acordo com estágios, em estágio 1 (infecção limitada ao útero), 2 (estende-se à pelve) e 3 (pelve-peritonite com sepse). A maioria dos abortamentos infectados é limitado ao útero, e cursa com resolução após curetagem e ATBterapia. O principal microrganismo envolvido são os anaeróbios. O quadro clínico envolve febre (>38°C), secreção vaginal com odor fétido, colo uterino permeável, dor abdominal moderada ou intensa, mais acentuada no hipogastro, sinais de irritação peritoneal, taquicardia, taquisfigmia, taquipneia, cianose, hipotensão, oligúria, vômitos, agitação psicomotora e choque séptico. A PRESENÇA DE LEUCOCITOSE E PLAQUETOPENIA INDICA EVOLUÇÃO COM COAGULOPATIA DE CONSUMO E CIVD, SENDO NECESSÁRIA A HISTERECTOMIA. Conduta: ATBterapia (Metronidazol + Gentamicina + Ampicilina), com esvaziamento uterino preferencialmente por via baixa (evitar a disseminação). Se o colo está fechado, é necessário utilizar Misoprostol. Além disso, ocitócitos, reposição de volume, sangue, eletrólitos e histerectomia na presença de sepse. Aborto Retido → cursa com perda sanguínea e dor tipo cólica, geralmente de pequena intensidade que desaparecem em poucos dias, associado a parada do crescimento uterino. O colo costuma estar fechado. Pode ficar retido até 4 semanas, desde que não haja coagulopatia de consumo. Na USG, há ausência de BCF. Conduta: Misoprostol e esvaziamento uterino. A partir de 18 semanas, pode-se fazer o esvaziamento com uma microcesarea, apesar de a via preferencial ser a baixa. Na internação, solicita-seHt, Hb, tipagem sanguínea (avaliar necessidade de imunoglobulina anti-D) e sorologias para identificar a causa do aborto (VDRL, anti-HIV, sorologia para toxoplasmose, PCR, VHS, ureia e creatinina). Aborto Habitual → caracterizado por ≥ 2 perdas consecutivas espontâneas e entre 12 e 20 semanas. Fatores envolvidos nessa fisiopatologia envolvem genéticos, endócrinos, imunológicos, anatômicos e, na maioria dos casos, desconhecidos. Conduta: solicitar HSG, histeroscopia e USG 3D, anticorpos antifosfolipídeos e pesquisa de fator V de Leiden. Gestação Anembrionada → presença de saco gestacional na USG sem vesícula vitelínica e BCF, sem clínica específica. Conduta: repetir o USG em 7 dias, e se as alterações se manterem, internação, Misoprostol para dilatar o colo e curetagem ou aspiração, mandando o material para o histopatológico. Incompetência Istmo-Cervical Uma das principais causas de abortamento habitual, causado por falência no sistema oclusivo do colo do útero, fazendo com que o cérvice não se mantenha fechado e retenha o produto conceptual até o final da gravidez. O colo normal possui 3-4 cm de comprimento, e na incompetência istmo-cervical, ele sofre um encurtamento progressivo ao longo da gravidez, atingindo < 2,5 cm. Fatores de Risco: conização por CA in situ ou NIC III • história de curetagem • feto GIG • parto laborioso • uso de fórceps. Quadro Clínico: é uma das principais causas de abortamento habitual (após 16 semanas) ou de parto prematuro habitual. Cursa com rotura abrupta das membranas, seguida de trabalho de parto é curto e indolor. O concepto nasce vivo e morfologicamente normal. Fora da gravidez, há possibilidade de passagem sem dificuldade da vela de Hegar tamanho 8, e canal cervical de espessura > 1 cm na histerografia. Durante a gravidez, há colo dilatado para 2-3 cm (16 semanas), herniação da bolsa das águas, afunilamento do colo uterino e comprimento < 2,5 cm. TTO: cerclagem uterina durante a gravidez (idealmente com cerca de 14 semanas) com retirada dos fios em torno de 36-37 semanas e operação de Lash fora da gravidez. ABORTO PROVOCADO POR VIAS LEGAIS: GRAVIDEZ DECORRENTE DE ESTUPRO, ABORTO NECESSÁRIO (NÃO HÁ OUTRO MEIO DE SALVAR A VIDA DA MÃE) E ANENCEFALIA. Aula 2.1 – Rotura Uterina e Laceração de Trajeto Rotura Uterina Introdução Rotura da parede uterina em 1 ou mais pontos. É raro na gravidez, mas pode ocorrer no trabalho de parto, quando as contrações muito intensas podem forçar a ruptura em locais de sensibilidade, como cicatrizes cirúrgicas. Outras condições que aumentam a possibilidade de rotura são multiparidade (torna a parede uterina Fatores Anatômicos: anomalias uterinas enfraquecida) e feto macrossômico (a manobra de Kristeller pode promover a rotura uterina). A conduta, nesses casos, é a correção da hemorragia, sutura de parede, e na maioria das vezes, histerectomia, que devem ser feitos de forma precoce para evitar o choque hemorrágico. A grande maioria das roturas uterinas cursa com morte fetal. É uma das complicações mais graves da gestação, devido à hemorragia materna e a morte fetal. Muito relacionada à assistência ao parto. É dividida em: • Rotura Uterina Parcial: preserva-se a serosa (peritônio). Associa-se à deiscência de cicatriz uterina. Pode ser assintomática ou gerar dor leve em queimação e pequeno sangramento. • Rotura Uterina Total: rompimento de todas as camadas, com extrusão do feto para a cavidade abdominal. Pode ser espontânea (relacionado a multiparidade, infecção, amniorrex prematura ou fragilidade de parede) ou traumática. • Segmentar x Completa Corporal Longitudinal x Rotura Incompleta com Hematoma. Contraindicações à indução do parto (Misoprostol + Ocitocina): cesariana anterior com incisão corporal • ausência de informações sobre a vitalidade fetal • apresentações anômalas (córmica ou transversa) • placenta prévia total • rotura uterina prévia • múltiplas incisões uterinas (≥ 3 cesarianas) • desproporção cefalo- pélvica. Fatores de Risco: multiparidade + uso de manobras (evitar uso de ocitocina e manobra de Kristeller) • acretismo placentário (a infiltração no miométrio fragiliza o local e torna-o mais propenso à rotura) • desproporção céfalo-pélvica • malformações uterinas • tumores prévios • cirurgia uterina prévia • cesárea prévia. Clínica Em gestações iniciais, o quadro é similar ao abdômen agudo por gravidez ectópica: dor intensa, hemorragia e irritação peritoneal. Na segunda metade da gestação, há um quadro brando de dor leve em hipogastro associado a metrorragia. No exame físico, há a palpação de duas massas (uma na parte inferior do útero e outra na parte superior do feto), com Sinal de Reasens (útero vazio = subida da apresentação) e Sinal de Clark (enfisema subcutâneo). Iminência de Rotura Uterina: agitação, ansiedade, contrações excessivamente dolorosas, abdômen endurecido, com hipertonia uterina, dor no hipogastro, formação do Anel de Bandl (distensão do corpo do útero, separando-o do segmento inferior, formando duas massas) e Sinal de Frommel (estiramento do ligamento redondo do útero, que se torna palpável). A interposição dos dois sinais (Sinal de Bandl-Frommel) é o principal indicador da iminência de rotura uterina. Além disso, há alterações do BCF, com DIP cefálico durante as contrações uterinas e evoluindo com bradicardia por reflexo vagal. Rotura Uterina Consumada: dor súbita e lancinante em hipogastro, paralisação do trabalho de parto (ausência de contrações), hemorragia e choque hipovolêmico, palpação de duas massas no abdômen, indicando feto livre na cavidade, BCF inaudível, útero vazio ao toque vaginal. Sinal de Reasens e de Clark. Tratamento Dependendo da área da lesão, escolhe-se entre histerectomia e histerorrafia, através de laparotomia imediata em todos os casos. Associar a ATB profilático e hemotranfusão. O prognóstico depende da extensão da lesão, do local da lesão, da rapidez do diagnóstico e da instalação do choque. Cursa com mortalidade materna de 4,2% e fetal de 50 a 100% (dependendo da rapidez do diagnóstico). Complicações Maternas: hemorragia, choque, lesão de ureter, embolia amniótica e CIVD (principal causa de óbito materno. Lacerações de Trajeto Introdução Lacerações perineais leves são comuns em partos vaginais, e acometem até 73% das parturientes nulíparas. Não há consenso sobre medidas preventivas e sobre manejo clínico de lacerações perineais graves. As lesões são divididas em graus, sendo que as lesões de 1º e 2º grau são consideradas leves, e de 3º e 4º grau são consideradas graves: 1. Acomete pele e mucosa. 2. Acomete músculo e aponeurose. 3. Acomete esfíncter anal externo. 4. Acomete mucosa anal ou reto. Mais de 60% das mulheres com laceração perineal severa (lesão do esfíncter anal interno) desenvolvem incontinência anal, dor perineal ou dispareunia. São fatores de risco para lacerações do trajeto: primiparidade • uso de fórcipe • variedade de posição occipito-sacro • peso ao nascer > 4 kg. As lacerações podem ocorrer em diversos locais, e são classificadas como roturas vaginais, cervicais, de períneo, vulvovaginais, para-ureteras ou clitorianas. Tratamento Revisão do Colo: é feita em pacientes que estão sangrando muito, na suspeita de laceração do trajeto principalmente após uso de fórcipe. Insere-se o afastador, e com uma pinça atraumática, puxa o colo para a região externa e fecha-se suas bordas. Se ainda sim o sangramento não cessar, conduta cirúrgica. Conduta (lesões de 4º grau): inserção de uma seringa enrolada em gazes no ânus para melhor visualização do trajeto, seguido de sutura em chuleio de baixo para cima com fio absorvível. Deve-se realizar o toque vaginal para garantir a ausência de fístulas reto-vaginais ou vesico-vaginais, e associar ATB. Aula 2.2 – Hemorragias de 3º Trimestre Inserção Viciosa Placentária ou PlacentaPrévia Introdução Maior causa de hemorragia no 3º trimestre, cujo diagnóstico pode ser confirmado a partir da 28ª semana. A inserção ideal da placenta é corporal posterior, já que em posição anterior ou lateralizada, ela altera a contratilidade uterina e a ação da progesterona, e as posições corporal posterior baixa, anterior ou lateral são classificadas como placenta prévia. Essa patologia é dividida em 4 tipos: placenta prévia marginal (margeia o colo uterino), parcial (oclusão parcial do óstio interno do colo uterino), total (oclusão total do óstio interno do colo uterino) e placenta baixa (placenta situada no segmento inferior do útero, mas sem alcançar o óstio interno). Possui 2 etiologias principais: área pobre em nutriente, que pode ser causada por idade > 35 anos, multiparidade, história de abortamento e curetagens uterinas, história de infecção pós parto (principalmente endometrite), operações ginecológicas (principalmente miomectomia submucosa) e cesariana prévia, além de área placentária aumentada, causada por doença hemolítica perinatal (profilaxia como imunoglobulina anti- D) e tabagismo. A contratilidade uterina é o fenômeno mais importante do trabalho de parto, e se iniciam em cerca de 32 semanas, quando iniciam-se as contrações fisiológicas de Braxton-Hicks, com contração do útero e apagamento do colo. Essas contrações provocam sangramento pelo despregueamento de partes da placenta. Diagnóstico Clínica: sangramento vermelho vivo de início e cessar súbito, repetitivo. O sofrimento fetal é ausente ou tardio, como consequência da hemorragia. O toque vaginal não deve ser realizado, já que pode aumentar o sangramento. Deve-se passar o espéculo para visualizar o tipo de sangramento e, até que se prove o contrário, é placenta prévia e não se deve tocar o colo. Complementar: USG permite a observação clara da placenta prévia. O diagnóstico só é feito a partir da 28ª semana pois, antes disso, mesmo que a placenta esteja em posição incorreta, o próprio crescimento do útero pode gerar migração placentária e normalização da posição. DxDf: descolamento prematuro de placenta, rotura de vasa prévia, rotura de seio marginal e rotura uterina. Tratamento Considera-se diversos fatores, como vulto do sangramento, idade gestacional e tipo de sangramento. • Gestação pré-termo + sangramento pequeno = TTO conservador: USG e exames complementares, iniciar maturação do pulmão fetal, internação e repouso da mãe. • Gestação pré-termo + sangramento intenso = interrupção da gestação. • Gestação a termo + sangramento intenso = interrupção da gestação Placenta Prévia Total: indicação absoluta de cesariana com feto vivo ou morto. • PP Parcial: preferência por cesariana. Em multíparas, pode-se realizar a via vaginal sob algumas indicações: sangramento pequeno, dilatação quase total do colo e ausência de obstáculo mecânico. • PP Marginal: preferência por cesariana. Em primíparas ou multíparas, pode-se realizar a via vaginal sob algumas indicações: sangramento pequeno, mãe estável e dilatação quase total do colo. SEMPRE REALIZAR A AMNIOTOMIA, PARA A CABEÇA DA APRESENTAÇÃO DESCER, COMPRIMIR O COLO E REDUZIR O SANGRAMENTO. NA PP, DEVE-SE PROGRAMAR A CESARIANA PARA INTERROMPER A GESTAÇÃO QUANDO CHEGAR AO TERMO. Complicações: parto prematuro • rotura prematura das membranas ovulares • apresentações anômalas • discinesias • sofrimento fetal agudo (sangramento intenso) • infecção puerperal • atonia uterina • acretismo placentário (uma das piores complicações da PP: placenta acreta = invade o endométrio / placenta increta = invade o miométrio / placenta percreta = perfura o útero até a serosa uterina). Resumo Fator de risco mais comum: cesárea anterior. Sangramento característico: vivo, repetitivo e indolor. Feto normalmente bem. Cesariana? Quase sempre. Principal conduta: não tocar. Descolamento Prematuro de Placenta Introdução Separação intempestiva da placenta normalmente inserida no útero, em gestação acima de 20 semanas mas antes da expulsão do feto. As etiologias envolvem hipertensão arterial, trauma, cordão curto, tumor, gemelaridade, polidrâmnio, uso de cocaína ou tabagismo e idade avançada. Classificada em: 0. Assintomática. Diagnóstico feito ao examinar a placenta após o parto. 1. Leve. Paciente sintomática, mas diagnóstico feito ao examinar a placenta após o parto. 2. Intermediário. Feto vivo com sinais clínicos de hipertonia uterina e sangramento fetal. 3. Grave. Feto morto. Dividido em IIIA (sem coagulopatia) e IIIB (com coagulopatia). Fisiopatologia: o descolamento da placenta gera sangramento, com formação de coágulo e estabelecimento de hipertonia uterina, o que facilita o descolamento da placenta e induz a formação de um círculo vicioso. O feto entra em sofrimento, já que a placenta descolada não é capaz de provez suficiente nutrição. Diagnóstico Clínico, observando o conjunto de sintomas clássicos hipertonia uterina ou taquissistolia (6-8 contrações em 10 minutos) + sangramento vermelho escuro + anemia + sofrimento fetal. Em 20% dos casos, o sangramento é restrito ao útero e não se exterioriza, com diagnóstico mais difícil. Além disso, prolapso placentário (placenta descola e sai antes do feto) ou hemoâmnio (cai sangue no líquido amniótico, que se torna escuro), dor à palpação uterina ou lombar. Deve-se questionar sobre fatores etiológicos, como hipertensão. DX CLÍNICO: HIPERTONIA UTERINA + SANGRAMENTO ESCURO + DOR SÚBITA + SOFRIMENTO FETAL + FATORES DE RISCO. USG: em ¼ dos casos, hematoma retroplacentário. Na maioria dos casos, observa-se o sofrimento fetal com vasodilatação do SNC para preservação desse órgão. Cardiotocografia: possui maior valor na avaliação do sofrimento fetal no trauma direto do abdômen. O trauma provoca um descolamento gradual, e a paciente deve ficar em observação por pelo menos 24h antes da alta hospitalar. Conduta Reposição volêmica, solicitação de coagulograma e dosagem placentária, para tentar preservar o feto e evitar a CIVD. Se o feto estiver vivo, realizar o parto o mais rápido possível, por via vaginal se já estiver em período expulsivo e cesárea se não estiver. Se o feto estiver morto, pode-se realizar o parto por via vaginal (rompimento da bolsa das águas + ocitocina) em até 4 h após o descolamento. Após esse tempo, deve-se realizar a cesariana. CONDIÇÕES QUE SE PODE FAZER A VIA VAGINAL: FASE DE TRABALHO DE PARTO EM PERÍODO EXPULSIVO • FETO MORTO + < 4H DO DESCOLAMENTO • AUSÊNCIA DE COAGULOPATIA. Complicações: a primeira complicação importante é a atonia uterina. Devido ao descolamento, pode haver uma desassociação das miofibrinas, gerando o útero de Couvelaire. Além disso, outra complicação importante são as discrasias sanguíneas, nas quais o descolamento gera lesão tecidual e queda de tromboplastina na corrente sanguínea materna, ativando a cascata de coagulação e gerando CIVD, necrose cortical renal bilateral ou cor pulmonale. Resumo Fator de risco mais comum: hipertensão. Sintoma mais comum: sangramento escuro. Tônus uterino: hipertonia. Feto: sofrimento fetal agudo. Complicação frequente: CIVD. Tipo de parto? Feto vivo – o mais rápido possível • Feto morto – depende! (> 4h – cesárea) (<4 h – normal). Outras Causas de Hemorragia no 3º Trimestre Rotura de Vasa Prévia Inserção vilamentosa do cordão. Os vasos do cordão correm desprotegidos pelas membranas ovulares, interpostos entre o orifício interno do colo e a apresentação fetal. Quando o rompimento da bolsa das águas gera um sangramento vermelho vivo, ocorre a rotura da vasa prévia. Se o rompimento mostra um sangramento escuro, o principal diagnóstico é DPP (hemoâmnio). Gera sofrimento fetal. Rotura de Seio marginal Sangramento vivo, em pequena quantidade, indolor e sem sofrimento fetal causada por uma pequena rotura de um seio da placenta, que está normoinserida.Diagnóstico Diferencial Entre as Patologias Placenta Prévia Descolamento Prematuro de Placenta Rotura Uterina Rotura de Vasa Prévia Rotura de Seio Marginal Hemorragia Sangue vivo, hemorragia repetitiva Sangue escuro, início súbito Sangue vivo, início súbito Viva, após amniorrexe Viva e súbito Dor Hipotonia / indolor Hipertonia Cessa Indolor Indolor Sofrimento Fetal Não Sim Sim Sim Não Discrasia Não Sim Não Não Não Diagnóstico USG Clínica Clínica USG Pós-parto Histopatológico Aula 3.1 – Doença Hipertensiva Específica da Gravidez Introdução Também conhecida como hipoxemia gravídica ou pré-eclâmpsia, caracteriza-se por elevação da pressão arterial e proteinúria, usualmente ocorrendo após a 20ª semana de gestação (< 20 semanas = DTG). É a principal causa de mortalidade materna no Brasil, à frente de hemorragia e infecção. Além disso, a DHEG é um fator de risco relacionado ao descolamento prematuro de placenta. São algumas definições relacionadas a essa patologia: • Hipertensão Gestacional: elevação da PA > 140/90 mmHg sem proteinúria após 20 semanas de gestação, que pode evoluir, em 25% dos casos, para pré-eclâmpsia. É uma hipertensão transitória, que costuma sumir cerca de 10 dias após o puerpério. • Pré-Eclâmpsia: síndrome definida por hipertensão e proteinúria, mas associada a diversos outros sinais e sintomas, como edema, distúrbios visuais, cefaleia e dor epigástrica. • Eclâmpsia: presença de crise convulsiva em paciente com pré-eclâmpsia. • Pré-Eclâmpsia Superajuntada ou Superposta: paciente que já apresentava hipertensão crônica que desenvolve proteinúria na 20ª semana de gestação, ou desenvolvimento de Síndrome de Hellp. • Síndrome de Hellp: desenvolvimento de acometimento hepático em paciente com pré-eclâmpsia. Incidência de 20% entre mulheres com pré-eclâmpsia grave. No exame laboratorial, há hemólise, aumento de TGO e TGP e trombocitopenia. Conduta: transfusão maciça de sangue + interrupção da gestação. Fatores de Risco: primigestas • primigestas > 40 anos • gemelaridade • obesidade • pré-eclâmpsia anterior • polidramnia • neoplasia trofoblástica • DM • nefropatia • aloimunização fetomaterna • elevada altitude • mudança de parceiro • resistência insulínica • alterações trombofílicas • história familiar • SAF. Etiopatogenia O primeiro estágio do desenvolvimento da doença é a placentação defeituosa: não há boa adaptação na mãe à implantação da placenta, e isso libera substâncias que causam inflamação do endotélio vascular e leva a vasoconstrição e alterações em órgãos-alvo, como cérebro, rins e fígado. No 2º estágio, a placenta estressada e oxidativa pode levar a um crescimento intrauterino restrito ou descolamento prematuro de placenta, o que leva à liberação de fatores placentários que levam à uma resposta inflamatória sistêmica materna, distúrbios endoteliais e os sinais clínicos da pré-eclâmpsia. A Teoria de Baker diz que a insuficiência placentária resultante da má adaptação leva a mal nutrição e baixa oxigenação fetal, resultando em crescimento intrauterino restrito e feto com baixo peso ao nascer. Esse feto está mais propenso a, quando crescer, desenvolver fatores como obesidade, HAS, DM e doença coronariana. A fisiopatologia da DHEG está relacionada a alterações: • Vasculares: como vasoespasmo, disfunção endotelial, aumento da permeabilidade capilar e aumento da reativação vascular da angiotensina 2 (perda proteica = queda da pressão oncótica = desidratação vascular), redução das prostaglandinas e óxido nítrico (bons vasodilatadores) e aumento de tromboxano (vasoconstritor). • Hepáticas: necrose hemorrágica peri-portal, hematoma subcapsular, rotura de fígado e aumento das enzimas hepáticas. • Cerebro-Visuais: convulsão, edema cerebral, necrose hemorrágica ou necrose difusa, descolamento de retina e amaurose. • Hematológicas: síndrome de Hellp (trombocitopenia + necrose Microangiopática), hemoconcentração e hipoalbuminemia. • Renais: retenção de sódio e água, edema, baixa de fluxo plasmático renal, baixa filtração glomerular, aumento de ácido úrico, endoteliose glomerular e proteinúria. • Uteroplacentárias: ausência da 2ª onda de migração trofoblástica, baixa do fluxo sanguíneo uteroplacentário, infarto placentário, DPP, queda dos estrogênios e hPL, hiperatividade uterina com aumento do tônus. Diagnóstico Doppler da artéria uterina, avaliando o valor preditivo da incisura. Se o Doppler for normal, a chance de a mãe desenvolver pré-eclâmpsia é quase nula. Existem, porém, pacientes que desenvolvem pré-eclâmpsia apesar da ausência de incisura, devido à alta resistência da artéria uterina. Quanto maior a resistência da artéria uterina, maior a possibilidade de desenvolvimento de pré-eclâmpsia. Seria ideal a realização do Doppler da artéria uterina de rotina às 24 semanas de gestação Clínica: PAS ≥ 140 e PAD ≥ 90 mmHg, proteinúria > 300 mg/24h (quanto maior a proteinúria, pior o prognóstico), edema em mãos, face, membros, genitais ou generalizado, que possui pouco valor na ausência de HAS e proteinúria, alterações de coagulação (plaquetopenia, COVD, ativação do sistema de coagulação, aumento da agregação e adesividade plaquetária, diminuição da atividade da antitrombina III e aumento de produtor de degradação da fibrina. Dx: PA ≥ 140x90 mmHg após a 20ª semana de gestação em mulher com PA anterior normal + proteinúria ≥ 0,3 g/24h ou +/4+. A pré-eclâmpsia é considerada grave na presença de um dos seguintes critérios: • PA ≥ 160/100 mmHg, em 2 ocasiões espaçadas em > 6h com a paciente em repouso no leito. • Proteinúria maciça ≥ 5g/24h ou +++/4+ em duas amostras colhidas com intervalo > 4h. • Oligúria < 500 mL em 24h. • Distúrbios cerebrais ou visuais. • Edema pulmonar ou cianose. • Dor epigástrica ou no quadrante superior direito. • Alteração de função hepática. • Trombocitopenia. • Crescimento intrauterino restrito. DxDf: glomerulonefrite difusa aguda, pielonefrite crônica com reagudização, nefrose, glomerulonefrite crônica, LES e feocromocitome HAS CRÔNICA X PRÉ ECLÂMPSIA: EM PACIENTE AVALIADA SOMENTE APÓS A 20ª SEMANA, A AUSÊNCIA DE DADOS PRÉVIOS DIFICULTA O DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE PRÉ-ECLÂMPSIA E PRÉ-ECLÂMPSIA SOBREPOSTA. SÃO DADOS QUE PODEM AUXILIAR O DXDF: AS CIFRAS DA PA (ALTÍSSIMAS NA SUPERPOSTA, SEM BOA RESPOSTA À MEDICAÇÃO), HIPERTROFIA VENTRICULAR, FUNDO DE OLHO CARACTERÍSTICO COM ALTERAÇÕES VASCULARES, FUNÇÃO RENAL ALTERADA E DOPPLER DA ARTÉRIA UTERINA (AUSÊNCIA DE INCISURA E DIMINUIÇÃO DA DIÁSTOLE = HAS CRÔNICA). ALÉM DISSO, A HAC CRÔNICA COSTUMA ACOMETER MULHERES MULTÍPARAS, MAIS VELHAS, ALÉM DE TER ÁCIDO ÚRICO NORMAL, TESTE DA HIPOTENSÃO EM DECÚBITO LATERAL ESQUERDO POSITIVO, ETC. Eclâmpsia Crise convulsiva em paciente com pré-eclâmpsia, seguida ou não de coma. Existe a eclampsia comatosa, na qual a paciente não faz crise convulsiva, mas entra em coma. DxDf: encefalopatia hipertensiva, epilepsia, histeria (??), tétano, tumor, abscesso ou tromboflebite cerebral. DXDF DO COMA: DIABÉTICO, INSULÍNICO, OPIÁCEO, BARBITÚRICO, INTOXICAÇÃO POR COBRE E AVE. Tratamento Avaliação do risco materno (peso, PA, diurese, sintomas e edema), internação da gestante, solicitação de exames laboratoriais para avaliação da pré-eclâmpsia e do bem estar fetal (hemograma, ureia, creatinina, ácido úrico, TGO, TGP, LDH, bilirrubina, esfregaço de sangue periférico, proteinúria de 24h, fundoscopia e ECG), avaliar edema, fundo uterino, movimentação fetal (> 4 x/h) e PA. Não iniciar anti-hipertensivo até que a PA > 160/110 mmHg. Remarcar o pré-natal. Avaliação do risco e bem-estar fetal: fundo uterino, palpação, movimentação fetal, manobra de Leopoldo, avaliação do volume de líquido amniótico, USG (avaliar crescimento intrauterino restrito), cardiotocografia (avalia oxigenação do SNC fetal – a partir da 28ª-32ª semanas) e Doppler da artéria cerebralmédia (avalia sofrimento fetal crônico) Pré-Eclâmpsia Leve: dieta livre, repouso e consultas semanais, preparar para parto com 37 semanas. Anti-hipertensivos apenas se > 160/110 mmHg (= crise hipertensiva = internação). Pré-Eclâmpsia Grave: hospitalização imediata, vigilância intensiva materna e fetal. Se < 32 semanas, Sulfato de Magnésio e Hidralazina, com antecipação do parto se PAD > 110 ou suspensão do sulfato de magnésio se PAD < 110. Se > 32 semanas, Sulfato de Magnésio e Hidralazina, com antecipação do parto. Se houver agravamento clínico/laboratorial, sofrimento fetal crônico, maturidade fetal ou IG ≥ 32 semanas, antecipa-se o parto. Crise Hipertensiva: Hidralazina 5 mg IV a cada 20 minutos (se está em unidade hospitalar) ou Nifedipina 10 mg VO a cada 20 minutos (fora do ambiente hospitalar) para a crise e Hidralazina (apenas funciona na pré-eclâmpsia, e não na hipertensão crônica) ou Metildopa como anti-hipertensivo de manutenção + Sulfato de Magnésio para profilaxia de crise convulsiva. Eclâmpsia: sulfato de magnésio, hidralazina IV, controle clínico e laboratorial, estabilização do quadro e antecipação do parto, além de: 1. Aspirar secreções e inserir protetor bucal 2. Administrar O2 3L/min 3. Instalar solução de glicose a 5% em veia periférica 4. Recolher amostra de sangue e urina para avaliação laboratorial 5. Manter a paciente em decúbito lateral devido ao risco de broncoaspiração 6. Administrar sulfato de magnésio 7. Administrar hidralazina IV se PA ≥ 160 x 100 mmHg 8. Cateter vesical contínuo 9. Aguardar recuperação do sensório 10. Interromper a gestação Síndrome Hellp: reposição dos fatores de coagulação com plasma fresco, além de crioprecipitado e reposição de plaquetas. Avaliar necessidade de reposição e transfusão de sangue. Corticoterapia e interrupção da gestação. Conduta Geral: internar toda gestante normotensa que apresentar aumento dos níveis pressóricos após a 20ª semana, solicitar exames laboratoriais para pré-eclâmpsia e bem-estar fetal, não iniciar anti-hipertensivo, remarcar pré-natal, avaliar edema, fundo uterino e movimentação fetal, avaliação correta da PA a cada 4h, solicitar proteinúria de 24h, glicose, USG e Doppler e, em pacientes com PA < 160x110 mmHg e assintomáticas, internar em enfermaria, dieta normossódica, curva de PA, hemograma, ureia, creatinina, ácido úrico, LDH, bilirrubina e esfregaço de sangue periférico. Seguimento Caso a PA se mantenha estável, laboratório sem gravidade e sem sinais de sofrimento fetal: rotina laboratorial e de imagem semanal, cardiotocografia diário e antecipação do parto para 37 semanas. Caso PA ≥ 160/100 mmHg ou sintomas: internação no pré-parto, iniciar sulfato de magnésio e hidralazina, avaliação laboratorial e bem-estar fetal, dieta zero, sondagem vesical, corticoide, avaliação diária. Se não houver estabilização ou sofrimento fetal, gravidade na rotina laboratorial e > 32 semanas, antecipação do parto. Se houver estabilização, manter sulfato de magnésio por 48h, encaminhar a enfermaria com anti- hipertensivo e curva pressórica, avaliação do bem-estar fetal, laboratório 2x/semana, Doppler. Se voltar a descompensar a pressão, retornar ao Sulfato de Magnésio e antecipar o parto. Se estável, antecipar com 32 semanas. Hipertensão Crônica Suspensão da medicação da paciente, sem necessidade de iniciar outro hipertensivo se a PA < 150 x 100 mmHg (vasodilatação da gestação estabiliza a PA), com medida da PA diariamente de manhã e à tarde. Se houver descompensação da PA, internar para investigação de pré-eclâmpsia e bem-estar fetal – iniciar Metildopa se não houver pré-eclâmpsia associada, porém descontrole pressórico importante. Se PA ≥ 160 x 110 mmHg sem proteinúria, iniciar Sulfato de Magnésio. Toda hipertensa que necessita de anti-hipertensivo deve ser internada com 38 semanas para programação do parto. ROTINA PRÉ-NATAL: FUNDOSCOPIA, ECG E AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL. Aula 3.2 – DM e Gravidez Introdução Grupo de doenças metabólicas caracterizada por hiperglicemia, resultante de defeitos na secreção ou ação de insulina, resultando em intolerância à glicose de intensidade variável, com desenvolvimento ou reconhecimento inicial durante a gestação, podendo ou não persistir após o parto. O hPL, hormônio lactogênio placentário produzido pela placenta, antagoniza a ação da insulina. Por isso, a gestação é um estado diabetogênico, e se o pâncreas da paciente não conseguir adaptar-se a esse estado (aumento de produção de insulina em cerca de 2,5 a 3 vezes), manifesta-se a DM gestacional. No início da gestação, a massa placentária é pequena e, por isso, os efeitos do hPL não são tão efetivos, aumentando a sua produção a partir da 7ª semana. As gestações gemelares produzem ainda mais hPL, aumentando o risco de DMG. Além disso, após o 2º trimestre, há um aumento em até 50% da resistência periférica à insulina, além de aumento da produção dos hormônios contrarregulatórios, como hPL, cortisol, estrogênio, progesterona e prolactina À MEDIDA QUE A PLACENTA ENVELHECE, NO FINAL DA GESTAÇÃO (≈ 37 SEMANAS), A PRODUÇÃO DE HPL DIMINUI. POR ISSO, GESTANTES EM USO DE INSULINA DEVEM TER A DOSE ADAPTADA NO 3º TRIMESTRE PARA EVITAR E HIPOGLICEMIA. A DM é dividida em tipo 1 (insulinodependente = destruição das células beta e deficiência absoluta de insulina), tipo 2 (não insulinodependente = resistência periférica à insulina com ou sem deficiência em sua produção) e outros tipos específicos (defeitos genéticos, doença do pâncreas exócrino, endocrinopatias, induzida por drogas ou química, infecções, alterações virais, etc). A grande maioria das pacientes (70%) atinge controle da DM por meio de dieta e exercícios, sem necessidade de insulinoterapia. A DM possui grande influência sobre a gestação: aumenta a incidência de morte fetal > 36 semanas, pois aumenta a necessidade de O2 pelo feto. Esse processo possui 2 mecanismos: macrossomia (80% dos casos – a hiperglicemia na corrente sanguínea fetal é transformada em glicogênio, energia e gordura) e crescimento intrauterino restrito (hiperglicemia antecipa o envelhecimento da placenta, dificultando a troca de nutrientes e O2). Outro fator envolvido no aumento de mortalidade é a polidramnia (diurese osmótica no feto). No DM controlado, tolera-se o parto vaginal normal, desde que o feto não seja macrossômico. Já em DM descontrolados, o consenso é interromper a gestação em ≈ 38 semanas, avaliando necessidade de administrar corticoides para maturação de pulmão fetal. Grupos de Alto Risco para DM: IMC > 30 • história de macrossomia fetal em gestação anterior • história de DMG em gestação anterior • história familiar de 1º grau de DM • origem étnica de alta prevalência. Fatores de Risco: idade > 25 anos • baixa estatura • obesidade prévia ou ganho de peso excessivo • história familiar positiva para DM • crescimento fetal excessivo • polidrâmnios • HAS e pré-eclâmpsia • aborto de repetição • macrossomia fetal • morte fetal intrauterina • anomalias congênitas (acrânia, hidrocefalia, espinha bífida, nefropatia e miocardiopatias • DM prévio Avaliação do Ganho de Peso e da Glicemia Até a 32ª semana, as consultas são mensais, das 33 às 36 semanas são quinzenais, e a partir das 37 semanas, são semanais. Pacientes com DM podem necessitar de mais consultas para analisar o controle glicêmico e a perda de peso. O seguimento da DM esbarra em algumas dificuldades de acordo com a fase da gestação: no 1º trimestre, a transmissão de glicose para o feto induz hipoglicemia de jejum, reduzindo a necessidade de insulina. Além disso, as náuseas e vômitos de início da gravidez induzem a perda de peso, exigindo uma redução da dose de insulina, mas não do n° de doses. Já no 2º e 3º trimestres, há uma redução do B-hCG, com melhora das náuseas e vômitos e aumento da alimentação, além de aumento dos hormônioscontra-insulínicos, necessitando de aumento da dose de insulina. Após o parto, deve-se reduzir ou retirar a insulina, devido a retirada da placenta. Maturidade Pulmonar Uma gravidez normal possui relação lecitina/esfingomielina > 1,0 às 35 semanas de gestação, sendo que a lecitina é uma substância necessária para a maturidade e expansão pulmonar por meio da produção de surfactante. Na DMG, há uma demora para maturar o pulmão devido a uma deficiência de Lecitina e Esfingomielina, além de ausência de quantidade suficiente de Fosfatidilnositol e Fosfatidilglicerol para a produção de surfactante. Por isso, fetos de mães diabéticas têm maior tendência a insuficiência respiratória aguda, taquipneia transitória e hipoglicemia neonatal. Diante disso, pacientes com DM e polidramnia devem receber corticoides para acelerar a maturação pulmonar fetal entre 26 e 34 semanas de gestação, produzindo Lecitina e Esfingomielina, aumentando a produção de Fosfatidillglicerol e Fosfatidilglicerol e a produção de surfactante, gerando a maturação do pulmão. RECOMENDAÇÃO: CELESTONE SOLUSPAN 3/3MG – APLICAR 2 AMPOLAR IM 1X/DIA POR 2 DIAS NA REGIÃO GLÚTEA, A PARTIR DA 30ª SEMANA E ANTES DA 34ª SEMANA. COMO CORTICOIDES INDUZEM HIPERGLICEMIA, AUMENTAR A DOSE DA INSULINA APÓS ADMINISTRAÇÃO DOS MEDICAMENTOS. Rastreamento e Diagnóstico Entre a 24ª e 28ª semanas de gestação, todas as grávidas devem ser submetidas ao TOTG para o rastreio da DMG, já que esse é o pico de resistência à insulina e do efeito diabetogênico da gestação. São os valores de referência: < 92 mg/dL em jejum, < 180 mg/dL na 1ª hora e < 153 mg/dL na 2ª hora. Apenas 1 valor alterado já classifica a DMG. Complicação Maternas → ruptura prematura de membranas (acontece por conta da polidramnia e da macrossomia, o que aumenta o volume uterino e aumenta a pressão sobre o canal vaginal), toxemia gravídica, ITU (comum pela alteração do pH urinário e da flora vaginal), mortalidade aumentada e risco de CAD (classes D e F), risco para DMG em futuras gestações e risco de desenvolver DM nos próximos 5-10 anos. Além disso, a DM cursa com risco aumentado de infarto e morte, especialmente com a HbA1C > 10%, devendo-se desencorajar a gravidez nessa faixa glicêmica, devendo realizar ECG e ECO no pré-natal. Com relação a nefropatia diabética, essas pacientes possuem maior chances de apresentar proteinúria > 300 mg/24h, espessamento da membrana basal glomerular e expansão mesangial (gerando microalbuminúria 30-300 mg/24h). Fetais → macrossomia (hiperglicemia materna exerce efeitos anabólicos. Aumenta a incidência de toco-traumatismos) ou crescimento intrauterino restrito (a hiperglicemia gera um processo inflamatório na placenta, reduzindo o aporte de oxigênio para o feto), malformações congênitas (hiperglicemia = aumento da ação dos radicais libres = defeito no tubo neural) como anomalias cardíacas (transposição de grandes vasos, CIV e coartação da aorta), músculo-esqueléticas (siromielia), SNC (anencefalia, acrânia, meningocele, hidrocefalia, espinha bífida e retinopatias), renais (síndrome nefrótica, atrésias ou agenesias renais), além de abortos espontâneos e de repetição, óbito fetal intrauterino, hipoglicemia neonatal, SARA (pela maturação pulmonar mais lenta), risco aumentado de obesidade e DM na vida adulta e mortalidade perinatal aumentada (principalmente pelas má-formações). DM X MALFORMAÇÕES FETAIS: HBA1C ≥ 8,5% = 10-20% MAIOR INCIDÊNCIA DE MÁ-FORMAÇÃO FETAL. HBA1C > 10% = DESENCORAJAR A GESTAÇÃO. Tratamento Aconselho Pré-Concepcional: uso de ácido fólico (4-5 mg/dia) antes da gestação e até a 12ª semana. Com relação à dieta: recomendar acompanhamento nutricional, acréscimo de fibra nas dietas e fracionamento das refeições, além de evitar frituras, doces e refrigerantes. Associar a exercício físico. Monitoramento Anteparto: macrossomia fetal, monitorizar crescimento fetal e vLA a cada 4 semanas a partir de 28 semanas, cardiotocografia para avaliação fetal e doppler da artéria umbilical para avaliar crescimento intrauterino restrito (se vier com incisura da artéria uterina, significa HAS gestacional. A indução do parto com 38 semanas evita morte uterna e macrossomia fetal, desde que o DM esteja bem controlado. Os hipoglicemiantes orais são todos classe C, e devem ter seus riscos e benefícios ponderados antes do uso. Consideram-se insuficientes os dados atuais para estabelecer a segurança dessas drogas durante a gravidez. Por isso, é recomendada o uso de insulinoterapia com insulina NPH SC 0,5 UI/kg/dia, sendo 2/3 da dose no café da manhã e 1/3 no jantar. Regular doses de insulina nos diferentes trimestres, com aumento da frequência das consultas. Avaliar necessidade de internação e monitorar a glicemia capilar: até 100 mg/dL em jejum e até 120 mg/dL pós-prandial. Rotina Pré-Natal Específica: Indicações para interrupção eletiva do parto: controle metabólico precário • pré-eclâmpsia • piora da HAS pré-existente • insuficiência placentária (placenta velha e calcificada ao USG) • crescimento intrauterino restrito • bradicardia fetal na cardiotocografia • declínio da função renal • parto cesáreo prévio. Conduta pré-parto: na manhã do parto, retirar insulina e zerar dieta, mantendo glicemia capilar entre 70 e 110 mg/dL por meio de soro glicosado a 5% (125 mL/h) e insulina regular de acordo com demanda. Conduta Pós-Parto: avaliar glicemia nas primeiras 24h, utilizando insulina regular se glicemia > 140 mg/dL e ajustando dose de NPH. Na DMG, é raro utilizar insulina no pós-parto. Há recorrência na próxima gravidez em 35 a 40% dos casos, e 50% das pacientes com DMG se tornam diabéticas após 5-10 anos. Parto de Bebê Macrossômico As principais complicações são distocia de ombros e paralisia do plexo braquial. Para evitá-las, utiliza- se a manobra de Roberts (flexão e abdução das coxas em direção ao abdômen, com leve pressão suprapúbica, aumentando o diâmetro de saída), além de outras manobras de 2ª e 3ª linha (Rubin, Woods, Jacquemier, Clidotomia, Sinfisiotomia, Zavanelli).
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