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ÍNDICE 1) Alterações Fisiológicas da Gestação (página 2) 2) Alterações no volume de líquido amniótico (página 11) 3) Anamnese Dirigida para a gestante de baixo risco (página 15) 4) Assistência ao Parto (página 19) 5) Crescimento Intrauterino Restrito (página 44) 6) Diabetes e Gravidez (página 53) 7) Doenças da Tireóide na Gestação (página 61) 8) Exame Físico Obstétrico (página 64) 9) Exames Laboratoriais na Gestação (página 78) 10) Hemorragia Pós Parto (página 88) 11) Hemorragias na Primeira metade da Gestação (página 91) 12) Hemorragias na Segunda metade da Gestação (página 108) 13) Hipertensão Arterial Crônica na Gestação (página 118) 14) Indicação de Antibiótico no Trabalho de Parto (página 127) 15) IVAS na Gestante (página 128) 16) Infecção Puerperal (página 130) 17) Infecções Congênitas (página 136) 18) Infecções mais comuns na Gestante (página 152) 19) Mecanismo do Parto (página 162) 20) Parto Prematuro (página 169) 21) Parto Vaginal Operatório (página 174) 22) Pré-Eclâmpsia e Eclâmpsia (página 181) 23) Princípios da Prescrição na Gestação (página 191) 24) Princípios e Diretrizes da Assistência Obstétrica (página 200) 25) Propedêutica Fetal (página 208) 26) Puerpério (página 233) 27) Rotura Prematura de Membranas (página 240) Alterações fisiológicas da gestação Alterações hematológicas 1. Volume sanguíneo: - O volume sanguíneo aumenta de 40% a 50% durante a gravidez. A magnitude deste aumento depende da massa corporal da gestante e do número de fetos. - O feto não é essencial para o desenvolvimento da hipervolemia durante a gravidez. - Constituição: Aumento maior de plasma do que de eritrócitos. Além disso número de reticulócitos aumenta ligeiramente durante a gravidez normal. - Objetivos: - Atender à demanda do feto e do útero - Melhorar a perfusão de outros órgãos, principalmente os rins - Proteger a gestante e o feto contra os efeitos do comprometimento do retorno venoso - Proteger a mãe contra os efeitos da perda de sangue associada ao parto - Dissipação do calor pelo aumento de fluxo na pele - Período: O aumento da volemia é mais significativo durante o segundo trimestre, mas ocorre em todos os trimestres. O volume máximo é mantido até o termo e alcançado na 32ª semana de gestação. - Mecanismo: Aumento da volemia pela ação de estrogênio e progesterona - Eliminação da hipervolemia: Diurese espontânea 2. Proteína C reativa e leucócitos: - A gravidez é caracterizada por um estado de leucocitose (leucócitos variam de 5.000 a 12.000/mm3), que aumenta ainda mais no parto (25.000mm3) - Essa leucocitose é inicialmente causada pelo aumento no número de leucócitos polimorfonucleares - Etiologia: Desconhecida. Contudo, provavelmente representa o reaparecimento de leucócitos retirados previamente da circulação ativa - A proteína C reativa tem valores mais altos na gravidez, e ainda mais altos no parto 3. Concentração de hemoglobina e hematócrito: - A concentração de hemoglobina e hematócrito diminuem ligeiramente durante a gravidez - O hematócrito reduz até o final do segundo trimestre. No terceiro trimestre, o hematócrito se estabiliza e pode até aumentar - Aumento ou valores normais de hemoglobina pode significar sinal de pré- eclâmpsia 4. Coagulação sanguínea: - Estado de hipercoagulabilidade (Aumento dos fatores de coagulação e da agregabilidade plaquetária) - Motivo: Aumento dos níveis de fibrinogênio (fator I) e fatores II, VII, VIII, X, XII - Motivo: A redução das plaquetas é consequência do aumento no consumo - O sistema fibrinolítico está suprimido e a atividade fibrinolítica prolongada - Motivo: Concentração de anticoagulantes diminui ou permanece constante - Risco: Aumento de eventos tromboembólicos (Trombose venosa central) Alterações cardiovasculares - A gravidez é caracterizada por um estado hiperdinâmico e hipervolêmico que pode produzir sinais e sintomas em virtude das alterações fisiológicas. - Redução pronunciada da resistência vascular periférica (RVP) na gravidez PRINCIPAIS QUEIXAS - SINTOMAS: Fadiga, dispneia, palpitações, dor torácica e tonturas - SINAIS: Calor nas extremidades, hiperfonese de bulhas, B2 desdobrada, B3, sopro sistólico, arritmias cardíacas e edema de membros inferiores - Radiografia de tórax: Aumento da silhueta cardíaca (coração deslocado para cima e esquerda) - Ecocardiograma: Aumento da espessura da parede e das dimensões ventriculares - ECG: Sem alterações específicas. - Débito Cardíaco: Está elevado (em 30% a 50%). Início do aumento no primeiro trimestre, maior ascensão no segundo trimestre (20ª a 24ª semana) e estabilização no terceiro trimestre (após a 32ª semana, devido à compressão do útero gravídico sobre a veia cava inferior, o que gera redução do retorno venoso). Motivo: Aumento do metabolismo, da FC, da volemia,do peso. E redução da RVP. - Frequência cardíaca: Aumento de 10 a 20bpm - Pressão Arterial: Queda da PA no início do segundo trimestre (Motivo: Relaxamento da musculatura dos vasos periféricos Vasodilatação periférica Redução mais pronunciada na pressão diastólica). PAD tem queda mais pronunciada do que PAS. Em decúbito dorsal, a pressão venosa femoral sofre aumento (Motivo: Compressão das veias pélvicas e veia cava inferior pelo útero gravídico em crescimento Retorno venoso comprometido Aparecimento de varizes, edema e hemorroidas. Além disso pode provocar a síndrome da hipotensão em decúbito dorsal Sinais e sintomas de hipotensão: Perda da consciência, convulsões, queda da PA, redução da amplitude de pulso, pele fria, cianose, palidez, tonteira, lipotímia, náuseas, vômitos, distúrbios visuais, fraqueza, dispneia, desconforto torácico e abdominal). Em decúbito lateral, principalmente esquerdo, a pressão venosa retorna ao normal e a síndrome de hipotensão passa. Outras causas da síndrome de hipotensão: Aumento da demanda circulatória e neurogênica. - Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona: Alto grau de ativação no segundo e terceiro trimestres de gestação. Importante na manutenção da PA durante a gravidez, apesar da baixa resposta da angiotensina II. Motivo: Queda da PA, vasodilatação aumentada e aumento do estrogênio Aumenta a liberação de renina e consequentemente de angiotensina II e aldosterona Ativação do sistema R-A-A. - Peptídeo natriurético atrial: Aumenta ao longo da gestação e, principalmente, no pós-parto. Efeitos: Natriurese, diurese, redução do volume intravascular e da PA. Mecanismo: Aumenta fluxo sanguíneo e taxa de filtração glomerular, pois reduz a liberação de renina e a taxa de filtração glomerular. Alterações respiratórias PRINCIPAIS QUEIXAS: - Incômodo ou dor na região das últimas costelas - Dispnéia (causada pelo aumento do volume corrente) - Causa: Crescimento do útero gravídico - Efeitos: - Elevação do diafragma em quase 4 cm - Aumento da circunferência torácica (ampliação de 5 cm a 7 cm) - Aumento do ângulo subcostal ao longo da gravidez - Afrouxamento dos ligamentos intercostais - Redução do volume residual pulmonar Adaptação pulmonar: Ocorre por ação direta da progesterona sobre o centro respiratório. Mecanismos: - Aumento da ventilação pulmonar por aumento do volume corrente (aumenta ao longo da gestação), com FR pouco modificada. - Capacidade residual funcional reduzida à custa de redução do volume residual - Capacidade pulmonar total não se altera Consequências: - Aumento da pO2 e redução da pCO2 Melhor transporte e troca gasosa para o feto Alterações imunológicas - O feto não é rejeitado imunologicamente pela mãe devido ao trofoblasto placentário (separa os tecidos fetal e materno) Não expressa osgenes MHC polimórficos (sintetiza receptores celulares - HLA), mas sim um gene não polimórfico (HLA-G) - Redução dos títulos de anticorpos humorais (efeito da hemodiluição) - Redução da quimiotaxia de leucócitos PMN e das funções de aderência (sem explicação, mas de ocorrência no segundo trimestre de gestação) - Aumento da susceptibilidade a algumas infecções Alterações do Sistema Digestivo QUEIXAS GERAIS: - Mal-estar pela manhã - Hiporexia seguida por aumento do apetite e da sede - Náusea e vômitos incoercíveis (hiperemese gravídica enjoos em excesso) Início com 2 semanas de gestação e duração até 14 semanas de gestação (normalmente) Consequências: Desidratação, desnutrição e distúrbios hidroeletrolíticos Sistema digestivo – principais alterações: salivação; pH da boca propicia cáries; gengivas hipertrofiadas/hiperemiadas/friáveis sangramento à escovação; hipotonia da musculatura lisa da vesícula biliar predisposição para cálculos; trânsito intestinal eructações, flatulências, constipação; tônus esfíncter esofágico inferior refluxo gastroesofágico e pirose; produção de gastrina / pH gástrico / muco / volume / tempo de esvaziamento; bilirrubina possível icterícia; fosfatase alcalina alteração sem repercussões. 1. Boca: - Queixas: ptialismo (excesso de salivação desaparece após o quarto mês), mudança de paladar e hábitos alimentares (aversão a algumas substâncias), gengivite e cárie. 2. Estômago, esôfago e intestinos: - Redução do trânsito intestinal - Redução da contratilidade da vesícula biliar - Queixas: eructações, flatulências, distensão abdominal, constipação e dor abdominal - Redução do tônus do esfíncter esofágico inferior - Redução da peristalse esofágica - Queixas: Pirose (Favorecida ainda pelo crescimento uterino desloca o estômago e os intestinos) e RGE - Aumento da pressão intragástrica - Queixas: hérnia e esofagite 3. Fígado: - Discreto aumento na bilirrubina sérica, GGT e globulina - FA pode aumentar o triplo do valor habitual 4. Vesícula biliar: - Hipotonia da musculatura da vesícula biliar Esvaziamento biliar lento e incompleto Aumento na incidência de cálculos biliares Alterações endócrinas 1. Placenta: - Papel respiratório (trocas gasosas), nutricional (troca de eletrólitos e nutrientes), vascular (circulação materna e fetal), imunológico e endócrino (síntese de GnRH, inibina, prolactina, pró-renina, tireotrofina coriônica e ACTH, progesterona, estrogênio - estriol, HCG e hPL). - O HCG atinge seu valor máximo na 10ª semana de gestação e atinge seu valor mínimo na 17ª semana de gestação. Função do HCG: Promover o crescimento do corpo lúteo no ovário. - Função da hPL: Comportamento do hPL: gradativamente com a gravidez; rapidamente pósparto; retenção de nitrogênio, potássio e cálcio; desencadeamento e manutenção da lactação; resistência periférica à insulina; produção de insulina; utilização periférica da glicose. - Função do estrogênio: Aumento do útero, mamas e da genitália externa. Relaxa os ligamentos pélvicos e aumento da flexibilidade das articulações sacroilíacas e sínfise púbica (facilita a passagem do feto no canal de parto). Ainda estimula a síntese de prolactina pela placenta. - Função da progesterona: Reduzir a contratilidade do útero gravídico. - Função do GnRH e inibina: Estimular (primeiro hormônio) e inibir (segundo) a secreção de hCG, ou seja, regulação do HCG. - Estimulação excessiva de síntese da prolactina Gera hipertrofia ampla da hipófise Síndrome de Sheehan (necrose hipofisária ampla) 2. Pâncreas: - Início da gravidez: Hiperplasia das células betapancreáticas (por ação da progesterona e estrogênio) Aumento na produção de insulina Hipoglicemia no jejum - Segunda metade da gravidez: Aumento da resistência periférica a insulina (por ação de hormônios contrainsulínicos – Cortisol, hPL, progesterona e estrogênio) Hiperinsulinismo Risco de DMG 3. Tireóide: - Aumento da tireoide, T3 e T4 totais - T3 e T4 livre não estão aumentados - TSH próximo do limite inferior (MOTIVO: HCG placentário com características funcionais e químicas semelhantes ao do TSH) 4. Paratireóide: - As paratireoides aumentam de tamanho Aumento da mobilização de cálcio iônico (reabsorção de cálcio ósseo) Alterações urinárias 1. Rim: - Anatomia: Pode haver aumento do tamanho do rim (hipertrofia + aumento do fluxo sanguíneo). Contudo retorna ao normal após a gestação. - Função: Inicialmente os rins retêm água e sal com a finalidade de aumentar o volume sanguíneo, uma vez que a gestação requer uma ampliação da capacidade vascular, logo, ocorre uma hipotensão e redução do débito cardíaco inicial, que devem ser corrigidos pelos rins. Durante toda a gestação ocorre um aumento no ritmo de filtração glomerular e no fluxo plasmático renal, o que aumenta a taxa de filtração de sódio, glicose e proteína Em relação ao sódio é importantíssimo a sua avaliação para determinação do balanço hídrico do paciente. O aumento do RFG, a progesterona e altos valores de peptídeo natriurético atrial aumentam a sua excreção. Mas em contrapartida, o estrogênio, a ativação do SRAA (aumento na secreção de aldosterona pelos altos níveis de renina e angiotensina II) e as altas concentrações de desoxicorticosterona aumentam a sua retenção, preservando a homeostase materna durante a gestação. Além disso, as posições supina, sentada e ereta determinam mais retenção de sódio e água (edema), e o decúbito lateral gera efeito excretor. Em relação à glicose ocorre aumento na filtração e absorção comprometida, o que gera o aparecimento de “glicosúria fisiológica”. Em relação à proteína, a excreção está aumentada, mas raramente e detectada Além disso o clearance de creatinina é um ótimo exame para avaliação da função renal na gravidez. Se a creatinina aumentar acima de 0,9mg/dl. 2. Sistema coletor: - Na gestação ocorre uma dilatação do trato urinário (dilatação dos cálices e pelve renais) devido a ação hormonal (progesterona) e efeito obstrutivo mecânico. Mais comum do lado direito. Os ureteres também dilatam, além de sofrerem alongamento, tortuosidade e deslocamento lateral. - Essa condição gera estase ureteral e aumento do refluxo vesicoureteral. 3. Bexiga e uretra: QUEIXAS MAIS COMUNS: - Polaciúria no início da gestação - Incontinência urinária de aumento no terceiro trimestre de gestação CARACTERÍSTICAS: - Redução do tônus da musculatura vesical - Aumento do resíduo urinário na bexiga (de 15 para 60 ml) Estase urinária - Estiramento do trígono vesical - Elevação da bexiga - Aumento da pressão intravesical, intraureteral e da uretra para manutenção da continência urinária - Anteversão e aumento do volume uterino Alterações osteoarticulares QUEIXAS MAIS COMUNS: - Dor cervical - Dor lombar (piora à noite e com a progressão da gestação) Essa dor pode irradiar para a região púbica e MMII, piora a qualidade do sono, parestesia, fraqueza dos MMSS POSTURA COMPROMETIDA - Síndrome do túnel do carpo - Osteomalácia (deposição insuficiente de cálcio) e osteoporose (redução na formação óssea) METABOLISMO DO CÁLCIO ALTERADO TRATAMENTO: - Fisioterapia, orientação postural, alongamento, fortalecimento muscular, compressas de água quente e fria, cinta, repouso, massagens, acupuntura e analgésicos (acetaminofem) CARACTERÍSTICAS: - Instalação de uma lordose progressiva Adaptação para buscar o equilíbrio (em virtude do crescimento das mamas e útero) - Aumento da mobilidade das articulações sacroilíaca, sacrococcígea e púbica (relaxina e estrogênio) Ampliação da cavidade pélvica para preparação do parto. Alterações no volume do líquidoamniótico Função do LA: - Garante movimentação fetal - Protege contra traumatismos - Favorece equilíbrio térmico - Auxilia na vitalidade fetal e na maturidade pulmonar - Garante equilíbrio de fluidos e eletrólitos Composição do LA: Início da gestação: 98% de água + 2% de elementos orgânicos e inorgânicos. Durante a gravidez: Aumento dos valores de ácido úrico e creatinina (maturidade renal), redução dos valores de cloro e sódio, manutenção nos valores dos demais eletrólitos. Formação do LA: Início da gravidez (1º trimestre): O LA é produzido, principalmente, pela membrana amniótica. Durante a gravidez (2º e 3º trimestres): O feto é o principal formador do LA a partir do funcionamento dos rins (principal) e pulmões (complementar). OBS: Obstrução trato urinário pode resultar em oligoidrâmnio. Reabsorção do LA: A partir da 16ª semana de gestação, o feto se torna capaz de deglutir, o que o torna responsável pela reabsorção do LA. OBS: Obstrução do trato gastrointestinal pode gerar polidrâmnio. Volume do LA: A avaliação do volume do líquido amniótico é importante parâmetro para determinação do bem-estar fetal. Esse volume do liquido amniótico pode ser determinado por US (avaliação qualitativa – aumentado, normal ou reduzido - e avaliação semiquantitativa – Índice do líquido amniótico ou medida do maior bolsão no diâmetro vertical) e amniocentese (Pode ser usada para avaliação do volume do líquido amniótico, mas atualmente está sendo mais utilizada para determinar o cariótipo fetal e a maturidade pulmonar) 1. Polidrâmnio: Definição: Excesso de líquido amniótico. Etiologia: Em 60% dos casos, a causa é desconhecida. Entretanto, as causas podem ser DM, isoimunização, obstrução de vias digestivas fetais, compressão esofágica fetal, anomalia na deglutição fetal, poliúria fetal, anomalia cromossômica, infecções congênitas e anemia fetal Diagnóstico diferencial: Erro da IG, cistos ovarianos, miomatose uterina, gemelaridade, macrossomia fetal Pode gerar parto pré-termo. Sintomatologia materna: Dispnéia acentuada, edema de MMII’s, taquicardia, palpitações e cianose. Aumento do volume uterino, pele do abdome distendida, lisa e brilhante, palpação de útero com consistência cística, colo uterino entreaberto, dificuldade na palpação do feto e na ausculta de BCF. Abordagem laboratorial na suspeita: US (ILA>18), propedêutica para doenças infecciosas (TORCHS), teste de coombs indireto (mãe) para avaliar isoimunização por fator Rh e triagem de DM Conduta: Amniocentese de alívio (no máximo 1500 a 2000mL/24h) e indometacina (AINE) 100mg/dia durante 3 dias (reduz o volume do LA, mas não deve ser administrado após 32 semanas de gestação). Deve ser realizado acompanhamento com propedêutica fetal (US, CTG, PBF, Doppler) 2. Oligoidrâmnio: - Definição: Volume reduzido do líquido amniótico. - Etiologia: Pode ser gerado pela redução na excreção fetal (Avaliar formação renal – diagnosticado por US – agenesia renal, rim micropolicístico, valva de uretra posterior) ou pela perda de líquido amniótico (Pensar em rotura prematura de membrana – diagnosticada pelo toque vaginal). Outras causas que também devem ser ressaltadas são decorrentes de insuficiência placentária e são elas: CIUR, HAS crônica, Pré-eclâmpsia e síndrome de anticorpos antifosfolípides. Ainda pode ser causa a gestação prolongada e anomalias cromossômicas. Além disso, o uso de alguns medicamentos são responsáveis por reduzir o volume do LA e são eles: AINE’s, BRA, IECA Sintomatologia materna: Diminuição do volume uterino, diminuição na movimentação fetal e redução no BCF. Abordagem na suspeita: US (avalia o volume do LA, placenta e a morfologia fetal) Conduta: Nenhum tratamento está preconizado, ou seja, até o momento só existem tentativas como: Banho de imersão, amnioinfusão (infusão intrauterina de solução salina), hidratação materna e interrupção da gestação Líquido amniótico meconial: O mecônio é constituído por secreção da mucosa intestinal e por células descamadas dessa mucosa. Normalmente, esse produto é impedido de ser eliminado durante a gestação graças a contração do esfíncter anal fetal. O relaxamento do esfíncter anal pode ser gerado por: compressão do cordão umbilical, sofrimento fetal e apresentação pélvica O mecônio está associado com aumento de morbimortalidade perinatal decorrente da síndrome da aspiração meconial. Anamnese dirigida para a gestante de baixo risco Identificação - Nome - Idade - Naturalidade - Procedência: Avaliação de doenças endêmicas (malária, esquistossomose e doença de chagas) - Endereço - Estado civil - Profissão: Exposição a produtos tóxicos e a longos períodos em posição supina Queixas: - Queixa específica HMA: DUM (Data da última menstruação): - Corresponde ao primeiro dia da última menstruação IG (Idade Gestacional): - Regra de Nagelle DUM até o dia vigente, divide por 7 Resultado: IG em semanas Data provável do parto (DPP): - Usa a data da última menstruação (DUM) Logo, soma-se 7 aos dias (na data) e reduz 3 aos meses (na data) = Data provável do parto (corresponde a 9 meses solares, 10 meses lunares ou 40 semanas) Obs: DPP (Data Provável do Parto): Inclui também o DUM e o dia vigente. Gestação atual: - Peso e altura prévios - Sinais e sintomas da gestação em curso (cefaleia, síncope, dor abdominal, náusea, vômitos) - Alimentação da gestante (Cardápio da dieta Estimular a ingestão de fontes naturais de ácido fólico: castanhas, folhas verde- escuro, carnes, pão integral, ovo e feijão branco) - Habito Intestinal (Constipação, dor abdominal com cólicas e endurecimento) - Diurese (Disúria, polaciúria) - Ectoscopia das pernas (edema) - Medicamentos em uso - Vícios: tabagismo, álcool e drogas ilícitas - Movimentação fetal - Sangramento ou corrimento vaginal - Aceitação e planejamento da gestação - Enfatizar a importância da assistência pré-natal contínua HP Antecedentes de morbidade: - HAS, DM, cardiopatias, nefropatias, ITU, anemias, deficiências nutricionais, anormalidades da tireóide, neoplasias, viroses (hepatite e rubéola) Antecedentes ginecológicos: - Idade da menarca - Regularidade e duração dos ciclos menstruais - Uso de métodos anticoncepcionais prévios (quais e duração) - História prévia de doença sexualmente transmissível (tratamento, controle de cura e tratamento do parceiro, se necessário) - Atividade sexual (Idade de início,número de parceiros, frequência de uso de preservativos,dispareunia e prática sexual durante a gestação) - Esterilidade e infertilidade (tratamento) - Última colpocitologia (Papanicolau ou “preventivo”) - Cirurgias ginecológicas prévias OBS: INDICAÇÕES ABSOLUTAS PARA CESAREANA: - Miomectomia prévia - Correção de fistula vesicouterina ou retovaginal Antecedentes obstétricos: - Complicações e intercorrências clínicas e cirúrgicas na gestações anteriores (caráter recorrente para DMG, prematuridade, baixo peso ao nascer, pré-eclâmpsia, óbito fetal e anomalia congênita ) - Paridade - Gemelaridade - GPA - Idade da primeira gestação - Evolução do puerpério e as dificuldades na amamentação Uso de medicamentos, vícios e saúde bucal Hospitalizações anteriores Reações alérgicas Infecções prévias HF - História pessoal ou familiar de doença hereditária ou malformações fetais - HAS, DM e câncer (mama, cólon, ovário) HS - Exposição ocupacional ou ambiental de risco - Hábitos de vida Uso de tabaco, álcool ou outras drogas ilícitas - História de violência - Condições da moradia (alvenaria, água tratada, tratamento de esgoto, coleta de lixo) Vacinação - Verificação da vacinação prévia Conduta - Preenchimento do cartão da gestante e da ficha pré-natal - Realizaçãode testes rápidos - Solicitação de exames de rotina - Orientação sobre consultas subsequentes - Orientação para atualização vacinal Assistência ao parto Aspectos Gerais: Após o parto se espera que o RN e a parturiente estejam em boas condições de saúde. Logo, os parâmetros usados para esta avaliação no pós-parto são: - RN saudável Apgar maior ou igual a 7 no quinto minuto (7/5’) + pH no sangue da artéria umbilical acima de 7,2 + Ausência de bossa serossanguínea ou outro tocotrauma. - Parturiente saudável Ausência de alteração anatômica ou funcional nos seguintes órgãos – útero, canal cervical e genital externo e interno. - Viabilidade fetal Capacidade do feto sobreviver fora do útero. Diagnóstico do trabalho de parto: - Diagnóstico é clínico (realização de anamnese – caracterização das cólicas como inicio, duração e frequência, uso de analgésico, pesquisa-se alergia e comorbidades; Perda de líquido pela genitália ou sangramento – urina e rotura da bolsa com perda de liquido amniótico; Perda do tampão mucoso; Movimentação fetal; IG pelo DUM e US; Sorologias + Exame físico – palpação abdominal (mão espalmada no abdome na região do corpo uterino para sentir o endurecimento e relaxamento do órgão de acordo com o relato da gestante em 10 minutos; AU pelo útero-fita; BCF; Apresentação, situação e posição fetal) e exame pélvico (Avaliação do colo uterino – amolecido com dilatação maior ou igual a 3/4 cm, apagamento do colo, fino e estreito) - Presença de 2 contrações uterinas com 25 segundos de duração em 10 minutos + 3/4 cm de dilatação cervical - Outras características iniciais Cólicas abdominais (contração uterina), perda de líquido e sangramento pela genitália e eliminação de tampão mucoso (“Rolha amarela com raias de sangue”) que pode ou não ocorrer - Na ausência de diagnóstico clínico pode-se usar a cardiotocografia para avaliar o registro das contrações uterinas (para determinar o início do trabalho de parto) e BCF IG para o parto: - Parto pré-termo (22s – 37s) Inibição do trabalho de parto ou condução do trabalho de parto mediante assistência direcionada. - Parto a termo (37s – 42s) Condução habitual do parto. - Parto pós-termo (> 42s) Condução do trabalho de parto mediante assistência direcionada (alto risco de morte neonatal e sofrimento fetal). Estática fetal para o parto: Deve ser realizado as manobras de Leopold para avaliar posição, situação e apresentação do feto. De modo que o parto transvaginal só ocorre na situação longitudinal e apresentações pélvica (parto espontâneo, se apresentação pélvica completa e incompleta) e cefálica (parto espontâneo). Condições materno-fetais para o parto: Na gestante deve-se avaliar a IG, propedêutica complementar realizada previamente (US e sorologias). No RN deve-se avaliar a FCF (Normal entre 110 e 160; Anormal são arritmias – bradicardia ou taquicardia – significa sofrimento fetal), cor do líquido amniótico (Normal é claro; Anormal é esverdeado – Significa parto meconial Sofrimento fetal) e propedêutica complementar (PBF, cardiotocografia, dopplervelocimetria e US). Ainda no RN é avaliado durante o parto a proporção feto-pélvica. É importante essa determinação, principalmente, na nulípara. Trabalho de parto: 1. Início do parto: Presença de 2 contrações uterinas de duração mínima de 25 segundos em 10 minutos e colo com dilatação de 3/4 cm. 2. Evolução do parto: Horário de início e duração das contrações (palpação abdominal), orientação do pré- natal, exame do canal cervical 3. Períodos do parto: Dilatação, expulsão, dequitação e observação (nesta ordem de ocorrencia). ------------------------------------------------------------------- I. Dilatação: - Consiste na dilatação progressiva do colo de modo a garantir a expulsão do feto pela cavidade uterina. Inicia com o início do parto (2 contrações de 25’ em 10min) e termina quando a dilatação atinge 10 cm. Duração de 10 a 12 horas na nulípara e de 8 a 10 horas na multípara - A dilatação cervical no início do parto normalmente é de 3 cm a 4 cm - Atualmente não é mais indicado a realização de enema ou lavagem intestinal prévios (enteroclisma), uma vez que não foi observado redução na taxa de infecção puerperal. - A tricotomia prévia não reduz o risco de infecção na ferida operatória. - Posição livre da parturiente. - ANOTAR NO PARTOGRAMA - Atualmente é permitida a ingestão de alimentos líquidos até duas horas antes do parto. CONTRAÇÕES UTERNAS: Se propagam do fundo/corpo uterino para as porções inferiores do útero (colo). Essas contrações são mais intensas no fundo uterino. Início do parto: 2 contrações uterinas de 25” a 30” segundos a cada 10 minutos. Com o transcorrer do parto, as contrações uterinas devem aumentar de intensidade e/ou frequência a cada hora avaliada. As contrações uterinas atingem o topo da dinâmica uterina (grau máximo de expulsão do feto) com 5 contrações de 60” a cada 10 minutos. Monitorização deve ser realizada a cada hora. É denominado de distócia de contração, aquelas contrações ineficazes ou de evolução anormal, que prejudicam a evolução do trabalho de parto. Podem ser contrações hipoativas (intensidade e duração abaixo do esperado Menos do que 2 contrações de 25” a cada 10’). Medidas para correção das contrações hipoativas (distócia de contração) para reduzir o tempo do parto: - Deambulação - Amniotomia Saída do líquido amniótico (200 a 300 ml) Proporciona estímulo das contrações uterinas em 1 hora - Administração de ocitocina Estimula as contrações uterinas Demora 30 (20-40) minutos para fazer efeito Controle deve ser rigoroso (início com baixas doses) devido ao risco de rotura uterina, sofrimento fetal e hiperatividade. Indicado para pacientes com evolução ineficaz da contração uterina (linha de alerta ultrapassada) OCITOCINA 10U para 1L de soro glicosado a 5%. Início com 10 gotas/minuto (0,5mL/min), aumenta 10 gotas/min a cada 15 minutos, se necessário, e atinge-se o gotejamento máximo de 60 gotas/minuto (3mL/min). - Descolamento da membrana amniótica Descola a porção inferior da membrana amniótica Gera liberação de substâncias que estimulam contrações uterinas. Podem ser contrações hiperativas (hipersistolia e taquissistolia Aumento na duração e intensidade das contrações uterinas Maior que 5 contrações de 60’ a cada 10 minutos). Essa distócia pode gerar sofrimento fetal e materno, morte fetal e rotura uterina. Medidas para correção das contrações hiperativas: - Amniotomia - Sedação e analgesia (Meperidina) - Anestesia peridural contínua - Cesareana (última opção) Podem ser ainda contrações incoordenadas (dolorosas e improdutivas, ou seja, não geram a dilatação do colo uterino). Medida para correção das contrações incoordenadas: - Administração de tocolítico (interrupção das contrações) e realização de ocitocina posteriormente (objetivo de normalizar as contrações). DISTÓCIAS UTERINAS: Evolução anormal do trabalho de parto. 1. Fase ativa prolongada: Dilatação lenta do colo uterino (< 1,0cm/hora), ultrapassa-se a linha de alerta e até a linha de ação. Pode significar contrações hipoativas. Conduta: amniotomia e ocitocina. 2. Parada secundária da dilatação: Dilatação cervical permanece a mesma durante duas horas ou mais, ultrapassa-se a linha de alerta e ação. Pode significar DCP (desproporção céfalo-pelvica) relativa (defeito de posição da apresentação) ou absoluta (feto maior que bacia de tamanho normal ou bacia menor que o feto de tamanho normal) e gerar sofrimento fetal. Conduta: Cesareana (DCP absoluta) e deambulação + amniotomia + peridural + cesárea (DCP relativa). 3. Parto precipitado: Dilatação e expulsão do feto em menos de 4 horas. Normalmentegerado por taquissistolia e hipersistolia uterina podendo ocorrer sofrimento fetal. É comum haver lacerações no trajeto vaginal. 4. Parto expulsivo prolongado: Descida lenta do feto mesmo com dilatação completa do colo uterino. Gerada por contração uterina deficiente. Conduta: Administração de ocitocina, amniotomia e fórceps (se indicado). 5. Parada secundária da descida: Parada na descida do feto (não progressão do polo cefálico) mesmo com dilatação total do colo. Gerado por DCP relativa ou absoluta. Conduta: Fórceps (se indicado). DILATAÇÃO UTERINA: Para a descida do feto é indispensável a dilatação completa do colo que depende diretamente das contrações uterinas (intensidade e duração em aumento progressivo). Ao iniciar o parto ocorre amolecimento e apagamento do colo. A dilatação é confirmada pelo exame pélvico (toque vaginal). Além disso, é determinada a altura do polo cefálico fetal e as condições da membrana amniótica. No exame do toque vaginal (bidigital) cada dedo que ultrapassa a porção externa e interna do colo corresponde a 2cm (convenção). Realizado a cada 2h após o início do parto e de hora em hora com a tomada de alguma descisão (ocitocina, deambulação, amniotomia, etc). O colo dilata 1,0cm/hora na nulípara e 1,4cm/hora na multípara sendo que alcança 5 cm de dilatação com 2/3 da duração total do parto. CONDIÇÕES FETAIS: Deve-se monitorar a FCF (sonar Doppler ou Pinard) a cada 30 minutos no período de dilatação. A FCF normal está entre 110bpm e 160bpm (Taquicardia >160bpm; Bradicardia <110bpm) Taquicardia e bradicardia podem sugerir sofrimento fetal. Condições da FCF (Desaceleração intraparto - DIP): - DIP tipo I Pico máximo das contrações ocorre queda no batimento cardíaco fetal no mesmo momento. Situação fisiológica, natural, sem significado patológico. - DIP tipo II Desaceleração fetal tardia. Queda tardia da FCF após o pico de contração uterina sem retorno imediato. Pode ser um sinal de sofrimento fetal (em 50% dos casos = patológico). A cardiotocografia realiza a monitorização da FCF em relação a contração uterina. A monitorização da FCF de ser realizada a cada 5 minutos durante o período de expulsão do feto. MOMENTO DO PARTO: Está indicado o encaminhamento da parturiente para a sala de parto a partir de 10 cm de dilatação (nulípara) e de 8 cm a 6 cm de dilatação (multípara). Além disso leva-se em consideração a presença de grau máximo da contração uterina (5 contrações de 60 segundos a cada 10 minutos), bolsa rota e polo cefálico do feto nos planos positivos de De Lee. INDUÇÃO DO PARTO: Definição: Consiste em estimular contrações antes do início espontâneo do trabalho de parto. Indicações: CIUR, gestação prolongada (> 42s), anomalias congênitas, isoimunização pelo fator Rh (FETAIS); Nefropatia, síndromes hipertensivas e DM (MATERNAS) O índice de Bishop determina como deve proceder a indução do parto com ocitocina (contração uterina) ou misoprostol (amadurece o colo cervial) Índice de Bishop > 9 Indução com ocitocina Índice de Bishop entre 5 e 9 Indução individualizada, normalmente usa-se o misoprostol antes da ocitocina Índice de Bishop < 4 Indução com misoprostol Misoprostol Amadurece o colo uterino, dilatando-o e estimula contração uterina. Deve ser usado por via Variáveis Pontos Atribuídos 0 1 2 3 Dilatação colo fechado 1 – 2 cm 3 – 4 cm > 5 cm Apagamento colo 0 – 30% 40 – 50% 60 – 70% > 80% Consistência colo firme médio Macio -- Posição do colo posterior intermediário Anterior -- Altura apresentação -3 -2 -1, 0 +1, +2 endovaginal na dose de 25 mcg de 4/4h. Principal efeito colateral é a taquissistolia. Ocitocina Estimula a contração uterina. Demora 5 minutos para fazer efeito e o tempo de meia-vida é de 5 minutos. EPISIOTOMIA: A episiotomia está indicada apenas nos planos positivos de De Lee, se necessário para retirada do feto. Nunca deve ser realizada antes do plano zero de De Lee e no plano +3 de De Lee. ANESTESIA: A anestesia deve ser realizada em tempo hábil, sendo que a anestesia local e locorregional demora 10 minutos, a raquianestesia demora entre 10 a 15 minutos e a anestesia peridural demora 20 minutos. A anestesia locorregional possui alguns métodos como: Bloqueio paracervical (injeção de 3 a 5 ml de lidocaína sem noradrenalina nas posições de 3 e 9 horas em referência ao marcador do relógio na submucosa ao lado do colo uterino), bloqueio do nervo pudendo (injeção de 10 mL de lidocaína sem noradrenalina atrás do ligamento sacroespinhoso por via transvaginal ou palpação da espinha isquiática e injeção da agulha nesse sentido por via transperineal; Deve ser realizada no início da segunda fase do trabalho de parto - expulsão). A anestesia subaracnoidea (raquidiana) deve ser realizada entre o fim da primeira fase e o início da segunda fase do trabalho de parto. Gera profunda analgesia, com pequena quantidade de anestésico e baixos efeitos colaterais ao feto e gestante. Usa-se a bupivacaína 0,5% como anestésico com punção entre L3 e S1. Além disso essa pode ser associada com analgésico como o fentanil, o que garante uma redução na sua dose. A raquianestesia pode gerar bloqueio motor intenso, cefaleia pós-raqui (24h após o procedimento, holocraniana, que piora com o ortostatismo e melhora com o decúbito), hipotensão arterial, náusea, vômito, retenção urinária, depressão respiratória e prurido. A anestesia peridural contínua é a técnica mais realizada no Brasil. Pode ser realizada em todas as fases do trabalho de parto, em qualquer porção da coluna vertebral (não ultrapassa a dura-máter), usa-se ropivacaína ou bupivacaína (quanto mais precoce o trabalho de parto, menor deve ser a dose). Trata-se de anestesia mais duradoura, com maior dose e volume de anestésico. Além disso, pode gerar algumas complicações como: hipotensão arterial, perfuração inadvertida da dura-máter e toxicidade sistêmica. A gestante deve permanecer em jejum pré-anestésico por 2 horas para líquido e por 8 horas para alimento sólido, com o objetivo de evitar regurgitação gástrica e consequente aspiração pulmonar com alto risco de pneumonia química. Contudo, a paciente não deve apresentar hipoglicemia, pois pode ser prejudicial ao feto, por isso solução glicosada deve ser administrada durante o jejum. Além disso, a avaliação pré-anestésica deve contar ainda com o estudo do estado físico dessa gestante, por meio do ASA. Quanto mais alto o valor de ASA, maior é a morbidade e mortalidade referentes a anestesia. Antes de realização do anestésico ou analgésico deve-se monitorar a gestante (PNI, oximetria) e o feto (monitorar a FCF). OBS: Na cesariana pode ser realizado anestesia locorregional, raquianestesia, anestesia peridural e até mesmo anestesia geral (se indicado). AMNIOTOMIA: Está indicada a sua realização (assistida) com dilatações mais precoces, a fim de garantir o aumento nas contrações uterinas, reduzir a duração do parto e estabelecer Apgar correto. Logo, realiza-se a amniotomia assistida com dilatação de 5 cm. Pode aumentar a incidência de cesariana. ANALGESIA: Costuma-se preferir a realização de peridural contínua para analgesia do paciente (alívio da dor). Contudo, a sua realização gera alteração no padrão das contrações uterinas e diminui a participação materna na expulsão fetal (mãe não sente as contrações uterinas). Tudo isso aumenta o tempo do período expulsivo. A anestesia peridural deve ser realizada no momento que a gestante a solicita, independente da dilatação do colo uterino. Outra opção seria a analgesia sistêmica como: - Meperidina (50mg a 100mg - via IM ou 20mg a 50mg - via IV). Contudo, esse medicamento pode gerar náusea e vômitona parturiente, e depressão respiratória no RN. Pode ser tratado os efeitos colaterais com antieméticos e antídoto da meperidina (naloxane). A dose máxima da meperidina é de 100mg, por via IM demora cerca de 20 minutos para fazer efeito que pode durar até 3h. É o analgésico mais empregado. - Fentanil (25mg a 50mg - IV). Opióide 100X mais potente que a morfina que gera depressão respiratória. Mais potente e perigosa que a meperidina. - Ketamina (0,5 a 1,0mg/Kg – via IV ou 5 a 8 mg/Kg – via IM). Possui efeito analgésico e sedativo. Provoca estimulação adrenérgica. Outras opções para analgesia seriam os métodos não- farmacológicos como o uso de doulas, acupuntura, hipnose e eletroestimulação ( parturiente mais relaxada e cooperativa, reduzindo a necessidade de analgésicos). Essas são opções não-farmacológicas que atenuam a dor na primeira fase do trabalho de parto, mas que necessitam de complementação na segunda fase. OBS: Fisiologia da dor da parturiente: Caracterizada por dor abdominal (devido as contrações uterinas), dor lombar (devido as contrações uterinas e dilatação do colo) e dor perineal (devido a expulsão do feto). Além disso a posição do feto, o preparo psicológico, a nuliparidade e a história de dismenorréia aumentam a intensidade da dor durante o parto. Na primeira fase do parto, a dor é visceral, localizada no abdome e determinada pelos nervos simpáticos do plexo hipogástrico inferior. Já na segunda fase do parto, a dor é somática, localizada no períneo e determinada pelos nervos pudendo, genitofemoral e sacrococcígeo. A dor gera alterações fisiológicas durante o parto, como: hiperventilação (causa alcalose respiratória), hipervolemia, aumento do débito cardíaco e taquicardia, elevação de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina), cortisol e aldosterona. II. Expulsão: DEFINIÇÃO Início com a dilatação total do colo (10 cm) até a expulsão total do feto. Trata-se de um período estressante para o feto que está sujeito a hipóxia, anóxia, morte, tocotraumatismo e sofrimento. Esse período costuma durar 40 minutos na nulípara e 20 minutos na multípara. Contudo, apenas admite-se falha no período de expulsão, quando esta ultrapassa 60 minutos de duração na multípara e 90 minutos na nulípara. A posição da parturiente durante este período deve ser aquela mais confortável para a paciente e que, simultaneamente, possibilite o manejo médico. A gestante deve estar com a bexiga vazia (cateterismo vesical de alívio) neste período, deve-se realizado a higiene da genitália previamente e colocação dos campos cirúrgicos no abdome, MMII’s e genitália. O obstetra deve participar ativamente na condução do parto no período expulsivo. Logo, deve decidir pela realização de episiotomia médio- lateral seletiva caso risco de rotura perineal iminente, risco de tocotraumatismo fetal e de lacerações no canal vaginal. A episiotomia protege o feto e a funcionalidade dos genitais femininos (reduzindo a ocorrência de cistocele, retocele, prolapso uterino e flacidez vaginal). Existem duas técnicas de episiotomia. A epsiotomia médio-lateral esquerda ou direita (menor risco de lesão esfincteriana externa do ânus e indicada em períneo curto) e a episiotomia mediana (mais fisiológica, mais fácil de ser realizada, mais risco de lesão esfincteriana, mais anatômica por não seccionar os músculos e com menos dor no pós-parto). Para a realização da epsiotomia é necessário no mínimo anestesia local (infiltração no local da incisão) ou locorregional (infiltração em leque ao redor das espinhas ciáticas para anestesiar os nervos pudendos). Neste período expulsivo pode-se realizar o fórcipe de alívio (fórcipe baixo) para reduzir a duração do parto. A cesariana neste período, a princípio não deve ser indicada e, quando realizada, está relacionada com condução equivocada do parto. O período expulsivo depende do padrão de contrações uterinas, participação do parturiente, resistência dos órgãos genitais e participação da equipe obstétrica. PADRÃO DAS CONTRAÇÕES UTERINAS: Contrações uterinas mais eficientes significa parto mais rápido. Considera-se padrão de contração uterina no período expulsivo: 5 a 6 contrações de 60 segundos a cada 10 minutos. A presença de distócia de contrações uterinas é solucionado por meio de uso de ocitocina, amniotomia e uso do fórcipe. PARTICIPAÇÃO DA PARTURIENTE: A participação da parturiente no período expulsivo é fundamental para a saída do feto, por meio de esforço durante a contração. A sua não participação devido a exaustão, despreparo emocional ou uso de anestesia peridural pode gerar a necessidade de fórcipe. RESISTÊNCIA DOS ÓRGÃOS GENITAIS: Músculos do períneo resistentes comprometem a saída do feto. A realização de episiotomia soluciona esse problema. PARTICIPAÇÃO DA EQUIPE OBSTÉTRICA: Realização de amniotomia se a rotura da bolsa não ocorrer espontaneamente. Pode ser considerado ainda a realização de incisão de Durhssen (2’, 6’ e 10’ no mostrador de relógio) com o objetivo de terminar a dilatação do colo. III. Dequitação: Este período costuma durar 20 a 30 minutos e é definido com início no desprendimento total do feto até a saída completa da placenta. Também denominado de período placentário ou de secundamento. Consegue-se comprovar o descolamento da placenta pela palpação de útero firme, involuído e assemelhando-se a uma bola. Nunca deve-se tracionar o cordão umbilical para desprendimento uterino. Caso não ocorra a exteriorização completa da placenta deve-se realizar manobras. Após a exteriorização deve ocorrer inspeção do canal vaginal para avaliação de restos placentários. Os trabalhos de parto prolongados podem apresentar distócia de contração (ineficientes) que não promovem o desprendimento da placenta. Logo, deve-se realizar a sua extração manual. Pode ocorrer ainda o acretismo placentário (inserção anômala da placenta Invasão do trofoblasto além do endométrio). Tipos de acretismo placentário Placenta acreta simples (placenta penetra profundamente no endométrio); Placenta increta (placenta ultrapassa o endométrio e atinge o miométrio); Placenta percreta (placenta penetra profundamente no miométrio e pode alcançar a serosa). A placenta acreta simples deve ser extraída pela curetagem (no caso de sangramento uterino pós-parto repete-se a curetagem) e logo depois introduzido o DIU (evita destruição do endométrio e formação de aderências). Já na placenta increta ou percreta deve-se realizar a histerectomia. Após a dequitação deve ocorrer a revisão do canal de parto para retirada de restos placentários e sutura de lacerações no colo ou canal vaginal, com o objetivo de evitar hemorragias no pós-parto. Por último, submete-se o paciente a realização da episiorrafia, caso tenha sido realizado a episiotomia. A técnica de episiorrafia é: - Sutura contínua da mucosa vaginal e músculos; - Seguida por sutura com pontos separados dos músculos perineais; - Seguida por sutura com pontos separados ou intradérmica do subcutâneo e pele; CONCLUSÃO DA CONDUTA ATIVA DO PERÍODO DE DEQUITAÇÃO: - Clampagem precoce do cordão umbilical do RN (30 a 60 segundos); - Tração do cordão umbilical com cuidado (risco de inversão uterina); - Aplicação de 10U de ocitocina IM após a saída do feto IV. Observação: Nesta fase deve-se preocupar com o sangramento genital, estado geral da parturiente e involução imediata do útero. Está indicado analgésicos no pós-parto de acordo com a necessidade e antibioticoprofilaxia se parto prolongado e rotura prematura da membrana amniótica. CESARIANA: É considerado indicação absoluta a realização de cesariana após 2 partos por cesariana (risco elevado de rotura uterina). Mas a realização de um parto cesariana permite a realizaçãode parto vaginal posterior, se prova de parto após cesariana normal. PARTOGRAMA: Medidas a serem realizadas: monitorar contração uterina, dilatação do colo, condição materna e fetal, posição do polo cefálico, cor do LA, integridade da bolsa, analgesia e ocitocina. - Avaliação das contrações uterinas de hora em hora - Avaliação da dilatação do colo e da localização do polo cefálico no plano de De Lee (altura da apresentação) a cada 2 horas. Contudo, se alguma intervenção realizada (aminotomia, ocitocina, deambulação, outros) deve-se monitorar de hora em hora. - Avaliação do FCF pela carditocografia, sonar Doppler ou pinard de 30 em 30 minutos - Avaliação da cor do líquido aminiótico (claro ou esverdeado), integridade da bolsa amniótica (íntegra ou rota) e uso de ocitocina e analgesia - Permite o diagnóstico de distócias de contração - Encaminhamento para sala de parto - Plano de De Lee Plano zero é nas espinhas isquiáticas, sendo negativo acima desse plano e positivo abaixo desse plano (-3 a +3) - Constituído por duas linhas: linha de alerta (parturiente precisa de melhor observação clínica) e linha de ação (médico deve agir para corrigir distócias e melhorar a evolução do parto) - Símbolos: Altura da apresentação é um elemento oval; Dilatação cervical é um elemento triangular; FCF é um elemento redondo; Contração uterina é um quadrado (> 40 seg) ou semi-quadrado (20- 40 seg) - É usado de rotina (padronização) em qualquer maternidade DOENÇAS: Sofrimento fetal agudo: Causado por hiperatividade uterina, descolamento de placenta, rotura uterina e problemas de cordão umbilical (nó, prolapso, circular). Sofrimento fetal crônico: Causado por doença materna e insuficiência placentária. Crescimento intrauterino restrito Conceitos: - RN de baixo peso Peso < 2.500g - RN prematuro IG entre 22 e 37 semanas - RN pequeno para a IG (PIG) Peso < P10 (Doppler normal) - RN com CIUR peso < P5 ou P3 (diagnóstico); < P10 e < 2 desvios padrões (suspeita) OBS: GIG (Grande para idade gestacional) > P90 Definição: Consiste no feto que não atingiu todo o seu potencial de desenvolvimento. Aspectos gerais: - CIUR está relacionado com elevada mortalidade perinatal (6 a 10X maior) - Complicações: CIUR está relacionado com elevada morbidade perinatal (asfixia intraparto, hipoglicemia e retardo mental), morbidade na infância e adolescência (convulsão, paralisia cerebral, déficit escolar e atraso no desenvolvimento neuromotor) e com o surgimento de doenças crônicas (HAS, DM, IAM, AVC) na fase adulta Etiopatogenia: I. Aporte materno inadequado de nutrientes e oxigênio: Causado por desnutrição materna e doenças que reduzem a absorção e o transporte de oxigênio (anemia, asma, efeitos do tabagismo, doenças cardiopulmonares). II. Mau-funcionamento placentário: Causado por placenta estruturalmente deficiente, circulação deficiente na face materna da placenta (ausência de invasões trofoblásticas, o que aumenta a resistência ao fluxo sanguíneo pelas artérias espiraladas, comprometendo a oxigenação e nutrição do espaço interviloso. Além disso, LES, pré-eclâmpsia e HAS são condições maternas que lesam o endotélio das artérias espiraladas e formam trombos) e circulação deficiente na face fetal da placenta (alteração na estrutura das vilosidades coriônicas devido a processos autoimunes, trombóticos e infecciosos) OBS: Decídua e espaço interviloso (parte materna da placenta) + vilosidades coriônicas (parte fetal da placenta) = Placenta III. Lesão direta sobre o feto: Causado por processos infecciosos, genéticos e exposição à radiação. Fisiopatologia: Alterações metabólicas e hemodinâmicas do feto devido ao reduzido aporte de oxigênio e nutrientes Centralização do fluxo (vasoconstrição periférica e vasodilatação de vasos cerebrais, cardíacos e das suprarrenais) para preservar os “órgãos nobres” Esse processo gera acidose (proveniente de metabolismo anaeróbio), hipercapnia (trocas gasosas ineficientes), hipoglicemia (insulina X glucagon X cortisol), hipotireoidismo, hipertrigliceridemia (lipólise) Persistindo ocorre desnutrição, queda do sistema imune, oligodramnia (rim vasoconstrito), edema cerebral e IC a longo prazo Feto com restrição de crescimento/ asfixia/óbito fetal intra-útero Fases do desenvolvimento fetal: I. Primeira fase: Hiperplasia celular (aumento no numero de células por divisão celular). Concepção até 16ª semana de gestação. II. Segunda fase: Hiperplasia e hipertrofia celular (aumento no número e tamanho das células). Da 16ª a 32ª semana de gestação. III. Terceira fase: Hipertrofia celular (aumento no tamanho das células). Da 32ª semana de gestação até o final Classificação: I. CIUR Simétrico: - Corresponde a 20% dos casos - Restrição no crescimento de todos os órgãos - Agressão na primeira fase de desenvolvimento (fase de hiperplasia celular) - Causada por anomalias cromossômicas, principalmente abaixo de 26 semanas de gestação - CC e CA reduzidos - Feto com peso < P10 desde o início da gestação II. CIUR Assimétrico: - Corresponde a 75% dos casos - Agressão na terceira fase de desenvolvimento (fase de hipertrofia celular) - CC normal e CA reduzida “Cabeça grande e cintura fina” - Peso fetal normal no início da gestação até uma interrupção no seu aumento - Crescimento do cérebro normal (CC normal), mas crescimento do fígado aquém do esperado (CA anormal) devido a centralização do fluxo - Causada por insuficiência placentária (Hipóxia centralização de fluxo sanguíneo Privilegia os órgãos nobres) III. CIUR Misto: - Corresponde a 5% dos casos - Diagnóstico difícil - Agressão na segunda fase de desenvolvimento (fase de hiperplasia e hipertrofia celular) - Causado por tabagismo e etilismo Rastreamento: - Útero-fita Altura uterina alterada (crescimento < 4cm/mês) - US Oligodramnia (pode preceder as alterações de biometria fetal), proporções corpóreas do feto alteradas, CA < Percentil 10 para a IG (Suspeita de CIUR assimétrico), peso fetal < Percentil 10 para a IG (Alta suspeita) - Dopplervelocimentria de artéria uterina Elevação no índice de pulsatilidade da artéria uterina entre 11ª e 14ª semanas de gestação (Alto risco para desenvolver CIUR) e Permanência da incisura protodiastólica após 26 a 28 semanas de gestação (Insuficiência placentária Alto risco de CIUR e PE) - Dopplervelocimetria de artéria umbilical e artéria cerebral média IUC (índice umbilico-cerebral) > 1 (sugere centralização de fluxo), uma vez que o índice de resistência da artéria umbilical (diástole reduzida de volume) está elevado e a artéria cerebral média vasodiltada (diástole cheia) Diagnóstico: Cálculo correto da IG e US do primeiro semestre Cálculo do peso fetal, CA, CC DIAGNÓSTICO: - Peso fetal < P5 ou P3 - CA < P5 (CIUR assimétrico) - CC/CA < P10 (Alteração tardia e comum no CIUR simétrico) Acompanhamento: - CIUR simétrico Não costuma necessitar de propedêutica fetal - CIUR assimétrico Necessita de propedêutica fetal (US, PBF, Doppler e CTG) - DOPPLERVELOCIMETRIA DE AA. UMBILICAL E CEREBRAL MÉDIA Ajuda a definir o momento adequado para interrupção da gravidez ao avaliar a centralização de fluxo. Avaliação a cada 2 semanas. Mas, em caso de alteração realiza-se a cada 3 a 4 dias. - PBF Pode ser útil para avaliar a vitalidade fetal. Resultado < 4 = Siginifica hipóxia fetal. Avaliação a cada 2 semanas. Mas, em caso de alteração realiza-se a cada 3 a 4 dias. - CTG Exame de rastreamento de sofrimento fetal. Mostra alterações cardíacas (perda de reatividade, acelerações/desacelerações, variação na FC e queda da FC) - Amniocentese e cordocentese Úteis para diagnóstico etiológico doCIUR Sequência de exames: Os primeiros exames a se alterarem são os que demonstram atraso no crescimento fetal, seguido por centralização de fluxo: I. CA < P10 para a IG II. IUC > 1 III. Oligodramnia IV. PBF alterado Medidas preventivas: - Cessação do tabagismo (cigarro gera redução do peso fetal) - Intervalo maior do que 6 meses entre as gestações, pois antes disso existe a chance de feto com CIUR ou PIG (Intervalo ideal entre os partos é de 18 a 24 meses) - US no primeiro trimestre Objetivo de determinar com precisão a IG para evitar falsos PIG’s ou CIUR’s - Uso de AAS 100mg/dia População com fatores de risco para CIUR (Reduz a chance de CIUR) - Uso de heparina + AAS Gestante com trombofilia prévia (reduz a chance de CIUR) OBS: Paciente com HAS leve não deve usar anti-hipertensivo na gravidez, pois pode reduzir a perfusão placentária (Objetivo é manter a PA de 140X90mmHg) Fatores de risco para CIUR - História de pré-eclâmpsia ou CIUR anterior - Gestante com HAS - Gestante com trombofilia ou doença vascular anterior Conduta: I. Gestações acima de 34 semanas: - Realiza-se a interrupção da gestação se dopplervelocimetria de artérias umbilical e cerebral média mostrar centralização de fluxo (IUC>1) ou oligodrâmnio. O parto vaginal pode ser optado em condições favoráveis, do contrário (diástole zero ou reversa, PBF<4, Desacelerações tardias à CTG) realiza-se a cesariana. OBS: PBF e Doppler quinzenais!!! II. Gestações entre 30 e 34 semanas: - Realiza-se corticoterapia nos casos de oligodrâmnio, centralização de fluxo e diástole zero, seguido por interrupção da gravidez (cesariana) - Realiza-se interrupção da gravidez imediata (cesariana) nos casos de diástole reversa e CTG alterada OBS: PBF e Doppler quinzenais!!! III. Gestações abaixo de 30 semanas: - Deve ser cordocentese ou amniocentese (cariótipo do feto) e pesquisa de infecções Avaliação da viabilidade do feto (anomalia cromossômica compatível com a vida) Se anomalia compatível com a vida: Corticoterapia + Aguardar até 30 semanas de gestação para realizar a cirurgia (mesmo com Doppler e líquido amniótico alterados), antes disso faz PBF e Doppler quinzenal para avaliar sinal de agravamento Se anomalia incompatível com a vida: Conduta expectante até parto espontâneo Diabetes e gravidez Definição: - Doença crônica e evolutiva caracterizada por alteração no metabolismo dos carboidratos, lípides e proteínas, gerando o estado de hiperglicemia no jejum, período pós-prandial e testes orais. O estado de hiperglicemia é gerado pela atividade insulínica reduzida e esta privação é que determina a gravidade dos sintomas. Aspectos gerais: - Aumenta o risco materno de cetoacidose diabética, coma, infecções, pré- eclâmpsia e complicações diabéticas já existentes - Aumenta o risco de o feto apresentar prematuridade, óbito fetal, distúrbios metabólicos, Síndrome da angústia respiratória, obesidade e DM tipo II - Principal causa de óbito no 3º trimestre de gestação Morte intraútero Morte súbita por falência cardíaca (Isquemia miocárdica) PBF normal (US, dopplervelocimetria e CTG) - Na mulher diabética existe um retardo na produção de surfactante Risco aumentado de SARI Avaliação por amniocentese - Habitualmente, observa-se aumento na resistência a insulina na segunda metade da gestação O controle da glicemia deve ser realizado para reduzir a morbimortalidade fetal - Na mulher previamente diabética, o aconselhamento pré-concepcional deve ser iniciado entre 3 a 6 meses antes da gestação e o controle glicêmico deve ser realizado pela glicohemoglobina. Antes da gravidez, a HbA1C deve ser menor que 7,0. Isso reduz a chance de malformações fetais e abortamento. Além disso, deve ser retirado o uso de hipoglicemiantes orais e usado a insulinoterapia para controlar a glicemia. A prescrição de ácido fólico também está indicada para prevenção de defeito de tubo neural. - Achado de feto com peso maior que 4,5 Kg Pensar em macrossomia DM Motivo do feto ter peso elevado: Muita disponibilidade de glicose e hiperinsulinemia - UF > IG Pensar em DM como diagnóstico possível. Além disso, pensar em macrossomia, polidrâmnio, miomatose e erro da IG - PBF (perfil biofísico fetal) normal na paciente diabética mesmo com feto com alguma alteração - Predispõe DM tipo II após a gestação Fisiologia da gestação X Gravidez: 1ª metade da gestação: - Progesterona e estrogênio (nível elevado na gestação) estimulam a produção de insulina Hiperplasia de células beta Hiperinsulinemia Período da gestação caracterizado por hipoglicemia Importância em se alimentar de 3/3h - A resistência periférica à insulina é normal e a tolerância à glicose normal OBS: Na primeira metade da gestação, a hiperglicemia pode gerar malformações congênitas devido a sua ação teratogênica e até mesmo abortamento. Logo, é importante que se estabeleça adequado controle metabólico materno. 2ª metade da gestação: Período hiperglicêmico devido à resistência periférica à insulina: Hormônio Lactogênico Placentário (HLP com índices aumentados na gestação) Aumenta a resistência periférica a insulina Assegura glicose ao feto e mobilização de estoques de gordura da mãe no jejum para o feto Hiperglicemia + Cortisol, glucagon e prolactina (índices aumentados na gestação) Estimulam a glicogenólise Hiperglicemia OBS: Na segunda metade da gestação, a hiperglicemia gera acelerado crescimento somático fetal (risco de macrossomia), além do risco de óbito fetal, predisposição a obesidade e DM tipo II ao feto. Por isso é importante o seu controle. Mulher diabetogênica: - Na primeira metade da gestação ocorre hipoglicemia devido a resposta significativa à insulina, o que pode gerar episódios hipoglicêmicos - Já na segunda metade da gestação ocorre elevação dos hormônios contrainsulínicos, o que proporciona um estado de constante hiperglicemia e necessidade de controle glicêmico pela insulina Órgãos-alvo: - Rins Nefropatia - Retina Retinopatia - Inervação periférica Neuropatia periférica - Vasos coronarianos e cerebrais Aterosclerose prematura DCV Tipos: 1. DM tipo I: Normalmente iniciada na infância. Caracterizada por destruição das células Beta-pancreáticas. Sua patogênese está relacionada com predisposição genética ou alguma infecção que gere agressão a célula pancreática por mecanismo autoimune. Paciente normalmente sintomático. Comum a presença de anticorpos anti-ilhotas. Muito comum a ocorrência de cetoacidose diabética pela mobilização de corpos cetônicos, ácidos graxos livres e hiperglicemia em virtude de ausência na secreção de insulina. 2. DM tipo II: Está associada a obesidade. Comum no adulto. Patogênese relacionada a resistência insulínica (deficiência relativa e posteriormente absoluta à insulina). Paciente normalmente oligo/assintomático. Tratamento relacionado a mudança nos hábitos de vida (dieta, atividade física e antidiabéticos orais). 3. DMG: Intolerância aos carboidratos com início ou descoberta durante a gravidez. Pode ocorrer permanência desta condição após o parto devido a aquisição da forma insulinorresistente da DM. Paciente previamente diabética (mas sem conhecimento de tal) ou que se tornou diabética durante a gestação. A patogênese da DMG está relacionada com a insuficiência da insulina em suprir a demanda diária e possui 3 causas: a disfunção da célula Beta, anormalidade genética ou disfunção autoimune da célula Beta. É comum o diagnóstico de DMG a partir da segunda metade da gravidez, período em que a resistência insulínica é máxima. Está recomendado o rastreamento para DMG para toda gestante com GJ em primeiro e terceiro trimestres e TOTG entre 24 e 28 semanas de gestação. Diagnóstico Fatoresde risco para DMG: - Idade maior que 25 anos - Obesidade central (adiposidade abdominal) - HF de DM tipo II - HAS, pré-eclampsia, polidrâmnio, feto GIG na gravidez vigente - SOP - DMG anterior ou gestação macrossômica, - História de malformação fetal ou morte neonatal Diagnóstico para DMG: - GJ maior que 126mg/dL (Em duas oportunidades) OMS - TOTG com 75g de dextrosol (2h) entre 24 e 28 semanas de gestação: maior que 140mg/dL (Em apenas uma oportunidade) OMS - TOTG com 75g de dextrosol entre 24 e 28 semanas de gestação: ADA Jejum > 92 mg/dL 1h > 180 mg/dL 2h > 153 mg/dL (Dois valores acima desses confirmam diagnóstico de DMG) Seguimento: - Rastreamento se GJ>85-90mg/dL TOTG - 90 a 125 mg/dL Repetir GJ e Fazer curva de glicemia Se alterado Acompanhar paciente com mais atenção e realizar TOTG com 24 a 28 semanas de gestação - < 90 mg/dL Fazer TOTG entre 24 e 28 semanas de gestação - A internação da paciente deve sempre ocorrer para os casos de descontrole glicêmico - Consultas a cada duas semanas até a 30ª semana de gestação e consulta semanal a partir de então - Monitorização glicêmica Realização de glicemia capilar por 4 a 6 vezes ao dia em jejum e pós-prandial Os valores ideais de glicemia capilar são: Glicemia em jejum entre 95 e 60 mg/dL Glicemia em 1 hora menor que 180 mg/dL Glicemia em 2 horas entre 153 e 80 mg/dL - A gestante diabética deve realizar controle glicêmico pela dieta, insulinoterapia e exercício físico - Ganho de peso ideal: Varia entre 7,5 Kg e 16 Kg depende o peso prévio da paciente. IMC entre 19,8 e 26 Ganha-se entre 11,5 a 14 Kg IMC entre 26 e 29 Ganha-se entre 7,5 e 11,5 Kg IMC > 29 Ganha-se até 7,5 Kg - O exercício físico está contraindicado em caso de glicemia > 250 mg/dL com cetose ou glicemia > 300 mg/dL sem cetose. - Dieta: Realização de 6 refeições. Constituição: 40 a 50% de carboidratos + 20% de proteínas + 30 a 40% de gorduras + 50g ou mais de fibras - O uso de insulinoterapia costuma reduzir a dose em 20% a 25% no primeiro trimestre de gestação e aumentar lentamente no segundo e terceiro trimestres. No último trimestre deve-se ficar atento para reduções bruscas na glicemia, pois pode estar relacionado com insuficiência placentária e sofrimento fetal. O esquema mais utilizado consiste no uso de insulina NPH pela manhã, início da tarde e ao deitar-se, e, se necessário, uso de insulina regular ou ultra-rápida antes das refeições (café da manhã, almoço e jantar). Propedêutica: - Fundoscopia Prevenção de retinopatia (pode piorar com a gravidez) Correção com fotocoagulação a laser - Perfil lipídico Prevenção de eventos aterotrombóticos - Hemograma - EAS, uroculura, gram de gota Risco aumentado de ITU - Frutosamina mensal e HbA1C trimestral durante a gestação - Clearance de creatinina, ureia, proteinúria de 24h e microalbuminúria Prevenção de nefropatia, Pré-eclâmpsia e CIUR - ECG Risco de DCV - TSH - Dieta adequada e realização de exercícios físicos regularmente - EAS, gram de gota e urocultura ITU mais comum - Realização de glicohemoglobina e frutosamina, se paciente já apresentar DM tipo II prévia - Ecocardiografia fetal Risco de septo IV aumentado (aumento da área cardíaca), ou seja, risco de óbito intraútero Marcador de mal prognóstico Método de rastreamento de alteração cardíaca (iniciado a partir de 18 semanas de gestação) - US Mostra Peso > P90 (para a IG) + CA (circunferência abdominal) > P90 Polidrâmnio Marcadores de mal prognóstico Risco de óbito intraútero e macrossomia - CTG, dopplervelocimetria pouco se alteram em feto já apresentando alteração fetal Orientações da gestante diabética: - Níveis pressóricos abaixo de 130X80 mmHg - Não utilizar estatina, IECA e BRA durante a gestação Regra geral para altura uterina normal: Altura uterina Útero-fita – 4 = Resultado esperado no útero-fita (variação de +/- 2 ) Complicações: - Tocotraumatismo - Prematuridade - Cesariana - Pré-eclâmsia e eclampsia - Macrossomia - Abortamento - Malformações fetais - Cetoacidose diabética - Infecção do trato urinário - SARI - Morte intraútero - Risco de obesidade e DM tipo II para crianças a longo prazo - Retinpatia diabética - Nefropatia diabética - Neuropatia autonômica ou periférica - DCV Doenças da tireóide na gestação Fisiologia tireoidiana na gravidez: Na gestação ocorre aumento em proteínas ligadoras de tiroxina (TBG), o que é compensado por aumento em T3 e T4 totais. Contudo o nível sérico desses hormônios (T4L) é mantido normal, assim como a normalidade do hormônio hipofisário da tireoide (TSH). A transferência de tiroxina da mãe para o feto acontece apenas no início da gestação. Anticorpos anti-TRAb (anticorpos antirreceptor de TSH) podem ultrapassar a placenta e alterar a função tireoidiana fetal. Esses anticorpos podem ser estimuladores (geram hipertireoidismo) ou inibidores (geram hipotireoidismo) Hipertireoidismo e gravidez: Não há evidência que a gravidez piore a evolução da doença ou dificulte o seu tratamento. Essa doença mal controlada pode gerar malformações congênitas e morbidade perinatal (prematuridade e baixo peso ao nascer), além de insuficiência cardíaca materna. Diagnóstico clínico: Taquicardia em repouso, bócio, IC, perda de peso (mesmo com alimentação adequada) e história de sintomas hipermetabólicos. Diagnóstico laboratorial: TSH reduzido e T4L elevado Etiologia: Doença de Graves (Processo autoimune caracterizado por aumento na concentração de anticorpos anti-TRAb na forma estimuladora da tireoide. É comum a remissão da doença de Graves durante a gestação. Caracterizado por oftalmopatia e bócio. Na primeira metade da gestação apenas pode ocorrer uma exacerbação dos sintomas, em virtude da ação do Beta-HCG), Indução por HCG (Transitório. Ocorre entre 8 e 14 semanas de gestação devido aos níveis mais altos de Beta-HCG. Resolução espontânea após o primeiro trimestre – redução do HCG) e Doença trofoblástica gestacional (Mola hidatiforme e coriocarcinoma elevam a produção de Beta-HCG. Essa condição deve ser tratada cirurgicamente, contudo pode ser necessário o tratamento clínico – tionamidas e betabloqueadores - anteriormente). Complicações: Parto prematuro, Pré-eclâmpsia, feto natimorto, CIUR, abortamento, infecções maternas, ICC materna, crise tireotóxica, PIG e hipo/hipertireoidismo neonatal Tratamento: A meta do tratamento consiste em utilizar a menor dose possível dos medicamentos antitireoidianos para manter o T4L dentro dos níveis de normalidade, TSH < 2,5 e o paciente sem sintomas. Logo, o T4L e o TSH devem ser monitorados a cada 4 a 6 semanas para avaliação da dose utilizada. O tratamento com radioiodo está contraindicado. O tratamento deve ser de preferência clínico e, em casos especiais, será cirúrgico (indicado em casos de intolerância aos medicamentos ou controle clínico ineficaz). Recomenda-se utilizar uma tiouréia chamada de propiltiouracil (dose de 300 – 450 mg/dia TID/BID). O uso das tiouréias também pode gerar malformações congênitas. No caso de tireotoxicose pode ser utilizado propanolol 20 a 40mg BID/TID para controle dos sintomas, contudo este medicamento deve ser retirado o mais rápido possível devido ao seus efeitos deletérios para o feto. Tireotoxicose: Emergência clínica caracterizada por estado metabólico hiperdinâmico: hiperpirexia, agitação e taquicardia. Pode ocorrer ICC grave. O tratamento desta condição deve envolver: HIDRATAÇÃO, PROPANOLOL, IODETO DE POTÁSSIO (5 gotas de 6/6h VO para redução na produção de hormônios tireoidianos), PROPILTIOURACIL (600 a 1000mg/dia) e DEXAMETASONA (2mg de 6/6h devido a redução na secreção de ACTH). Hipotireoidismo e gravidez: Esta doença associa-se com infertilidade, abortamento,anomalias congênitas, prematuridade, desenvolvimento neuropsicomotor infantil comprometido e mortalidade perinatal. Gestante com bócio, HF de tireoidopatia, clínica de hipotireoidismo, uso de amiodarona e lítio e com outras doenças autoimunes devem ser rastreadas para função tireoidiana. Etiologia: A causa mais comum é a tireoidite de Hashimoto, doença autoimune com produção de autoanticorpos que geram a inflamação da glândula (tireoidite), levando a redução na síntese de hormônios tireodianos. Diagnóstico clínico: Pode ser assintomático. Contudo pode apresentar letargia, fraqueza, edema, ganho ponderal, , queda de cabelo, pele seca e fria. Diagnóstico laboratorial: TSH elevado e T4L reduzido Tratamento: Hipotireoidismo subclínico também deve ser tratado. O tratamento requer reposição de levotiroxina de forma gradual. Durante a gravidez é comum um aumento na dose da levotiroxina. A dose inicial é de 150 mcg/dia para os casos de hipotireoidismo descoberto na gravidez, já no hipotireoidismo pregresso deve ser necessário o aumento de 50% a 100% na dose. Deve ser realizado acompanhamento da função tireoidiana a cada 4 a 6 semanas. META: Paciente assintomática, T4L dentro da normalidade e TSH < 2,5. A levotiroxina deve ser ingerida em jejum pela manhã. Em caso de suplementação com sulfato ferroso e carbonato de cálcio, estes medicamentos devem ser ingeridos no almoço devido a interação medicamentosa com a levotiroxina. Exame físico obstétrico 1. Exame físico geral Avaliação nutricional: - Peso Ganho ponderal ideal IMC Ganho de peso trimestral no 1º trimestre Ganho de peso semanal no 2º e 3º trimestre Ganho de peso total Baixo peso (< 19,8Kg/m2) 2,3 Kg 0,5 Kg 12,5 -18,0 Kg Peso normal (19,8 – 26,0 1,6 Kg 0,4 Kg 11,5 – 16,0 Kg Kg/m2) Sobrepeso (26 – 29 Kg/m2) 0,9 Kg 0,3 Kg 7,0 – 11,5 Kg Obesidade (> 29 Kg/m2) 0,9 Kg 0,3 Kg 7,0 Kg - IMC Ectoscopia: - Estado nutricional e de hidratação - Avaliação da pele e mucosas - Palpação das cadeias linfonodais (cervical anterior e posterior, retroauricular, pré-auricular, submandibular, supraclavicular e axilar) - Palpação da tireoide - Pesquisar edema (MMII, face, MMSS e anasarca) - Sinais vitais (Temperatura axilar, FC, FR) ACV: - Ausculta - Medida da PA (Posição sentada ou decúbito lateral esquerdo) Condições ideais para a medida da PA - Bexiga vazia - Não ter praticado exercício físico, ingerido bebidas alcoólicas, café, alimentos ou fumado nos últimos 30 minutos - Pelo menos 5 minutos de repouso Sinal de alerta da PA - PA > 140x90 mmHg ou PAD > 110 isolada ou aumento de 30 mmHg ou mais na PAS e/ou aumento de 15 mmHg ou mais na PAD nos níveis de PA conhecidos até a 16ª semana de gestação ou pré-gestacionais - Diagnóstico: Medida de PA alterada em 2 ocasiões diferentes AR: - Ausculta 2. Exame do abdome Inspeção abdominal: - Verificar a forma e a regularidade abdominal, e se o aumento está compatível com a idade gestacional - Observar a cicatrizes existentes, estrias, hiperpigmentação da linha Alba (LINEA NIGRA) e alterações na cicatriz umbilical Palpação abdominal: - Verifica o estado do útero gravídico (consistência, forma, volume). Além disso, diagnostica situação, apresentação e posição fetal. - O útero gravídico alcança a cicatriz umbilical no quinto mês de gestação, no sétimo mês se encontra entre a cicatriz umbilical e o apêndice xifoide e no nono mês chega ao rebordo costal. - Consistência normal Elástica; - Consistência alterada Tenso (volume amniótico aumentado) - Registro de movimentos fetais durante a realização do exame Situação: Relação do eixo fetal com o eixo materno Descrição do exame: Longitudinal, transversal e oblíquo Apresentação: Relação de qual parte do corpo do feto se apresenta para a vagina. Descrição do exame: Pélvica, cefálica e córmica Posição: Relação do dorso fetal com o lado da gestante (mãe) Descrição do exame: Esquerda, direita e polo cefálico Manobras de Leopold - As manobras de Leopold são realizadas a partir de 24 semanas de gestação (6 meses). Servem para diagnosticar a posição, apresentação e situação do feto (determina a relação do feto dentro do útero de uma mulher). 1ª Manobra de Leopold: Delimitação do fundo uterino usando ambas as mãos (encurvadas) para deprimir a parede abdominal com as bordas cubitais. Realizado com a mulher em decúbito dorsal, sendo que uma das mãos imprime um súbito impulso ao polo fetal que sofre um deslocamento (“rechaço fetal”). Determina a altura do fundo uterino e sua relação com a IG Medida do fundo do útero (medida do útero-fita) Corresponde à medida da distância da borda superior da sínfise púbica ao fundo do útero. 2ª Manobra de Leopold: Tenta palpar o dorso fetal e os membros. Usa-se para verificação da situação e posição do feto. 3ª Manobra de Leopold: Explora a mobilidade do polo fetal que se apresenta em relação ao estreito pélvico superior. O polo fetal é apreendido entre o polegar e o indicador. Usa-se para verificação da apresentação do feto. 4ª Manobra de Leopold: Usa-se para verificação da apresentação fetal, mas é pouco empregada. - As manobras de Leopold parecem ser úteis apenas a partir da 36ª semana de gestação, quando realmente podem influenciar a programação do parto. Medida da altura uterina (útero-fita): - Definição: Medida entre o fundo uterino até a sínfise púbica. A medida do útero-fita tem relação direta com a idade gestacional, ou seja, retrata o desenvolvimento fetal. Entre 18 e 30 semanas existe uma boa correlação entre a IG e a altura uterina (AU). - Procedimento: I. Gestante em DD e abdome descoberto II. Delimitar a borda superior da sínfise púbica e o fundo uterino III. Fixar a extremidade da fita métrica (ponto zero) sobre a borda superior da sínfise púbica IV. Deslizar a borda cubital da mão percorrendo a linha mediana do abdômen até a altura do fundo uterino, com a outra extremidade da fita métrica presa entre os dedos indicador e médio - Gestante: Deve permanecer em decúbito dorsal. A fita métrica deve ser colocada na posição da linha média para ser medido o útero da borda superior da sínfise púbica até o fundo uterino. - Medida do útero fita maior que a IG esperada = Útero maior que o esperado: Pode ser causado por erro da IG (1º), miomatose uterina, macrossomia, hidrocefalia, polidrâmnio, mola hidatiforme, obesidade, gestação múltipla e doença trofoblástica gestacional. - Medida do útero fita menor que a IG esperada = Útero menor que o esperado: Pode ser causado por erro da IG (1º),oligoidrâmnio, crescimento intrauterino restrito, feto morto e fetos pequenos constitucionalmente - A medida da altura uterina tem a sua realização questionada pelos protocolos de assistência pré-natal de vários países do mundo. - Ao aumentar a IG, maior a chance de erro da relação AU/IG - Idade Gestacional (IG): Em meses: Medida do útero-fita (altura uterina) dividido por 4 mais 1 = IG (em mês) Em semanas: Medida do útero-fita (altura uterina) mais 4 = IG (em semanas) OBS: Útero cresce cerca de 1cm por semana de gestação OBS: O útero fica 4cm abaixo da sínfise púbica OBS: O US é o exame de melhor acurácia para determinação da idade gestacional Ausculta fetal: - Ausculta dos batimentos cardíacos fetais (BCF) Mostra se o feto está vivo - Verifica a presença da gravidez, a vitalidade do feto, presença de gestação múltipla, identifica alterações grosseiras do ritmo cardíaco, acompanha a higidez do feto, verifica se a palpação do feto realizada n exame obstétrico está correta - Mensuração da FC (entre 110 e 160) e do ritmo (assincrônico com o pulso materno) do batimento cardíaco fetal Taquicardia: - Afastar febre, taquicardia materna e medicações. Suspeitar
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