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Resumo Supremo de Urologia – P1 Aula 1 – Sinais e Sintomas em Urologia Manifestações Sistêmicas Febre → ocorre em neoplasias (síndromes paraneoplásicas, como no tumor de rim), infecções e litíase, se houver infecção associada como consequência à obstrução do cálculo. Perda de Peso → muito comum nas neoplasias e nas infecções crônicas, como pielonefrites granulomatosas. Dor Dor Renal → dor lombar, frequentemente abaixo da 12ª costela, variando de lado de acordo com o rim acometido. Pode ser causada por infecção renal, por distensão da cápsula, causando dor local, ou por cólicas ureterais, causando dor irradiada. Dor Ureteral → no ureter superior, há dor subcostal, muitas vezes em barra, tornando-se menos localizada e mais irradiada conforme o cálculo desce para o ureter médio. Ao aproximar-se da bexiga, o cálculo começa a causar sintomas irritativos, como polaciúria, urgência miccional, disúria e tenesmo. Dor Vesical → a dor vesical ocorre na hiperextensão vesical, em pacientes com retenção urinária e bexigoma. Em tumores de bexiga, por exemplo, por não haver distensão, só há hematúria indolor. Dor Prostática → geralmente, ocorre por um processo infeccioso (prostatite), associada a sintomas sistêmicos como febre, dor no corpo, dificuldade de urinar e calafrios. Tratamento por 6-8 semanas com ATB. Dor Epididimária → o tecido testicular não é inervado, e por isso, dores de origem escrotal costumam ser originadas de epididimites, que podem ser agudas ou crônicas. Nas crônicas, a dor é causada pela cicatrização do processo inflamatório. Sintomas Gastrointestinais Por vezes, são sintomas negligenciados, apesar de serem frequentemente associados a sintomas do TGU. Exemplos incluem pacientes com cólicas renais com dor que, quando não tratada, evolui com náuseas e vômitos, e pacientes com obstrução por tumor e distensão da cápsula renal que demonstram náuseas e vômitos tanto pela distensão quanto pela uremia da IRC. Sintomas Miccionais Urgência → vontade exacerbada de urinar, necessitando “sair correndo para ir no banheiro”. Não necessariamente está associada a incontinência. Nictúria → aumento da frequência urinária à noite, fazendo com que o paciente urine mais à noite do que de dia. Disúria → dor ou ardência ao urinar. Sintomas Obstrutivos → esforço miccional + micção em 2 tempos (urina, e volta ao banheiro em 10 minutos para completar) + sensação de esvaziamento incompleto + jato fraco e fino. Outros Sinais e Sintomas Hematúria → não gera preocupação quando associada a sintomas como cólica renal (Dx: descida de cálculo), disúria + polaciúria + tenesmo (ITU), etc. Porém, em pacientes que não apresentam outros sintomas, a principal suspeita é de tumores renais ou de bexigas. Dividem-se hematúria inicial (patologias ureterais) e hematúria final (cistites). Causas importantes incluem prostatites e hiperplasia prostática associada a varizes. Incontinência Urinária → incapacidade de reter a urina. Pode ocorrer em pacientes com sintomas obstrutivos, nos quais a bexiga cheia faz com que o paciente urine por transbordamento, gerando uma incontinência paradoxal, ou em indivíduos que passaram por alguma cirurgia, e que a incontinência esfincteriana foi uma complicação dessa cirurgia (RTU, prostatectomia radical ou mulher multípara de musculatura perineal enfraquecida). Aula 2 – Avaliação Complementar Exames de Imagem UroTC → indicado na suspeita de nefrolitíase, tumor renal, malformações do TGU e trauma (a ausência de chegada de contraste nos rins indica lesão vascular). TC → ótima visualização de tumores e massas pélvicas. No pulmão, especifica melhor a localização do nódulo e a extensão dos acometimentos. Além disso, é indicado em politraumatizados, trauma abdominal e hematúria (trauma de bexiga e lesão renal), principalmente na presença de fratura pélvica (associada à lesão de uretra). USG → indicado na suspeita de cálculos vesicais, coágulos na bexiga (móvel à mudança de decúbito), tumores vesicais (imóveis à mudança de decúbito), hidronefrose, massa renal, vistos e abscesso escrotal. RNM → indicado para diagnósticos diferenciais de próstata e escroto, devido à boa visualização de partes moles, como CA de próstata. Cintilografia Óssea → boa identificação de metástases osteogênicas (hipercaptantes) e osteoblasticas (hipocaptante), muito comuns em CA de pulmão, mama, próstata de tireoide. Urocistografia Miccional → utilizada para a avaliação de anomalias pediátricas, feita por meio da injeção de contraste pela uretra. Suspeitas Diagnósticas de Acordo com Queixa Em pacientes com queixas dolorosas, o primeiro passo é localizar a dor, e buscar sintomas adjacentes (febre, náuseas, vômitos, constipação, etc. A presença de dor à descompressão súbita abdominal indica irritação peritoneal. Outra possibilidade é o surgimento de Pneumoperitônio no RX abdominal, o que indica rotura de víscera oca. A presença de imagem radiopaca associada a história de cirurgia indica presença de abscesso ou de corpo estranho na cavidade. Já a imagem radiopaca + infecção urinária de repetição pode indicar um cálculo de grande tamanho, especialmente os coraliformes (formados por estruvita, são causados pela infecção por Proteus). Nesses casos, a TC permite diferenciar se a massa está dentro ou fora do rim, e se o rim está funcionando normalmente (captação de contraste), além de haver necessidade de avaliação da função renal (ureia + creatinina). As imagens de tumores pulmonares podem representar metástases de tumores renais ou vesicais. Por isso, é importante investigar esses órgãos. Alguns sintomas relacionados ao tumor de bexiga são hematúria de repetição com coágulos, sintomas irritativos vesicais e poliúria, estando muito relacionado ao tabagismo. O diagnóstico é feito por meio de USG + biópsia por cistoscopia ou ressecção endoscópica. A biópsia da bexiga não pode ser feita por punção. Vegetação isoecóica em parede de bexiga = CA? Espessamento de Bexiga + massa prostática + adenomegalia EM CAS DE PRÓSTATA MESTASTÁTICOS, O MELHOR TRATAMENTO É O BLOQUEIO ANDROGÊNICO, QUE PODE INDUZIR A REGRESSÃO DAS METÁSTASES. Já na associação entre dor lombar tipo cólica e hematúria, o diagnóstico principal depende da idade do paciente. Em jovens, o Dx principal é nefrolitíase, especialmente na presença de sinal de Giordano (indica dilatação da cápsula renal), enquanto em idosos, pensa-se em tumor. A descoberta de hidronefrose no USG indica obstrução, enquanto a ausência de alterações no RX aumenta a suspeita de cálculos radiotransparentes, como de ácido úrico. O tratamento dos cálculos é a urotripsia, e ela deve ser feita de urgência se o cálculo estiver impactado no ureter, sob risco de perda do rim. Se houver febre, deve-se passar um cateter duplo J antes do tratamento. O ÚNICO TIPO DE CÁLCULO QUE NÃO APARECE NA TC É O DE INDINAVIR. A presença de cálices renais arredondados e obstruídos sugere hidronefrose, o que só ocorre na obstrução total do ureter. Pode-se estimar se houve perda da função renal por meio da avaliação da quantidade de contraste que chega ao rim. A válvula de uretra posterior é uma má formação relacionada a formação de uma membrana na uretra que impede a saída de urina. Cursa com dificuldade em urinar, bexiga cheia e hidronefrose bilateral. O diagnóstico é por meio da uretrocistografia miccional e o tratamento pode ser por cistostomia ou pela passagem de uma sonda para aliviar a pressão no interior da bexiga. Outra indicação da uretrocistografia miccional é a presença de infecção urinária de repetição em crianças, na suspeita de refluxo vesico-ureteral. Por fim, o exame também pode ser feito no trauma pélvico, na suspeita de lesão de uretra (anúria, uretrorragia e bexigoma). RN + urina em gotas + massa palpável em hipogastro + hidronefrose = refluxo vesicoureteral. Indicada cirurgia em refluxoscom gravidade acima de IV. A INJEÇÃO DO CONTRASTE NA URETROCISTOGRAFIA MICCIONAL PERMITE A AVALIAÇÃO DA PERMEABILIDADE DA URETRA. SE ELA NÃO ESTIVER PERMEÁVEL, NÃO SE PODE SONDAR O PACIENTE. Na presença de massa palpável em flanco associada a dor lombar e hematúria macroscópica, uma das principais suspeitas é tumor renal. A investigação envolve USG (demonstra massa sólida), seguida de TC ou RNM, que demonstra massa renal heterogênea com áreas de calcificação. A partir daí, dividem-se em: • Bosniak I: cisto simples. Conduta: acompanhamento. • Bosniak II: áreas de fibrose e espessamento da parede. Conduta: acompanhamento com USG. • Bosniak III: áreas de septação. Conduta: nefrectomia (40% chance de malignidade). • Bosniak IV: áreas de calcificação ou captação de contraste, é espesso e heterogêneo. Conduta: nefrectomia parcial ou total. A presença de quadro clínico incluindo infecção urinária de repetição, odinúria, estrangúria (dor para urinar, em jato fino ou em gotejamento) e hematúria indica a realização de USG. Na imagem, observa-se um cálculo vesical (imagem hiperrrefringente com sobra acústuca posterior). A principal causa de cálculo vesical em homens é a retenção urinária. A presença de febre, aumento do volume escrotal e dor, associada a vida sexual ativa, pode indicar orquite. O diagnóstico envolve fluxo aumentado no USG com Doppler (DxDf: torção testicular – fluxo interrompido). TTO: Ceftriaxona + Doxiciclina. Dor súbita no testículo, aumento do volume escrotal e sem febre, indicando a possibilidade de torção testicular. O Dx é feito com USG com Doppler, demonstrando interrupção do fluxo. É uma emergência urológica que deve ser operada até 6h depois do início dos sintomas. Com o advento da USG, muitas massas renais passaram a ser diagnosticadas ao acaso, denominadas Incidentalomas. Na maioria das vezes, essas massas são malignas e assintomáticas, mas há indicação e nefrectomia parcial. Aula 3 – Patologias da Genitália Externa Fimose Sexo masculino, 16 anos, informa dor no pênis à noite durante a masturbação. A fimose é caracterizada por uma estenose do prepúcio, que impede a exteriorização da glande. Pode ser fisiológica ou primária, quando a condição é congênita, e adquirida ou secundária, na qual processos inflamatórios recorrentes geram a formação de um anel fibrótico, como balanopostites de repetição. Ocorre em graus variados, podendo ser tão grave a ponto de impedir a exposição do meato uretral e gerar dificuldade de urinar (urgência urológica). É comum que o excesso de pele aumente a umidade local, favorecendo o crescimento de fungos e gerando candidíase de repetição. Em crianças, a grande maioria dos casos de fimose são aderências que, ao passar do tempo, descolam o tecido e permitindo a exteriorização da glande. Caso isso não ocorra até 3-4 anos ou o paciente comece a desenvolver ITUs de repetição, recomenda-se a cirurgia. A fimose é um dos fatores de risco para CA de pênis. DxDf: excesso de prepúcio, no qual o prepúcio cobre toda a glande, porém retrai sem problemas. TTO: postectomia, que ajuda a prevenir CA de pênis e DSTs, além de gerar melhora da higiene. Outra opção é o uso do Postec pomada, que pode ser usada em crianças de 2-3 anos para massagear o prepúcio e promover a descolação da pele. Exercícios que forcem o pênis a expor a glande não são indicados, pois podem gerar áreas de estresse que cicatrizam com estenose, gerando uma fimose verdadeira. ESMEGMA → MASSA BRANCA QUE SURGE ENTRE GLANDE E PREPÚCIO, ORIGINADA A PARTIR DE CÉLULAS EPITELIAIS DESCAMATIVAS. A INTERVENÇÃO SÓ É INDICADO NO CASO DE INFECÇÃO, NO QUAL SÃO UTILIZADAS POMADAS ANTIBIÓTICAS. Parafimose Paciente sexo masculino, 60 anos, com quadros de repetição de prurido e vermelhidão no pênis, há cerca de uma semana vem apresentando dor e sensação de bola, com inchaço ao redor do pênis . É uma urgência urológica que ocorre em pacientes com fimose. É a retração do prepúcio, que não retorna à sua posição original, gerando edema e dor devido ao anel fibroso, que provoca a estenose. Ocorre frequentemente em crianças, quando a mãe realiza exercícios de exposição da glande. TTO: redução manual e analgesia com geleia de Xilocaína. Se não houver sucesso, pode-se realizar um corte transversal às fibras na região dorsal do pênis, injetando hialuronidase líquida para diminuir o edema, ou fazer uma drenagem através de um pequeno corte para diminuir o edema e facilitar a redução. Não se deve operar parafimose e fimose ao mesmo tempo devido ao risco de deiscência de sutura pelo edema. Desse modo, a postectomia deve ser realizada após cerca de 1 mês. Hipospádia Paciente de 40 anos, informa que após partida de tênis, foi ao banheiro e observou que seu pênis era diferente do seu colega de partida. Má formação congênita caracterizada pela abertura do meato uretral na face ventral do pênis, relacionado a fatores genéticos ou hormonais. Pode ser distal, mediano ou proximal, sendo esse último muito relacionado a disfunções genéticas como pseudo-hermafrodismo (quanto mais próximo ao escroto, maior chance de feminilização). As distais são as mais comuns. O Cordet é uma trave de fibrose frequentemente presentes, que dificulta a penetração e deve ser retirada na cirurgia. TTO: cirúrgico, com alta taxa de complicação, frequentemente necessitando de mais de uma cirurgia. Idealmente, é realizada antes do 1º ano de vida. Epispádia Caracterizada pela abertura do meato ureteral na face dorsal do pênis, extremamente raro. Em casos mais graves, toda a uretra dorsal está aberta, e há exteriorização da bexiga por um defeito no fechamento da linha média. TTO: cirúrgico e imediato. Doença de Peyronie Paciente 56 anos tem como queixa principal dor no pênis e que há cerca de um mês o mesmo vem entortando. Curvatura peniana com dor durante a ereção devido à formação de placa de fibrose, sem dor ou contratura quando o pênis está flácido, de etiologia desconhecida (teoria: microtraumas no pênis) e incidência variável (↑ DM e 40-50 anos). A fisiopatologia envolve uma vasculite na túnica albugínea, gerando um processo inflamatório que culmina em cicatrização com calcificação e impede que o corpo cavernoso adjacente à placa se expanda igualmente ao saudável. A curvatura é sempre para o mesmo lado da placa, e pode gerar disfunção erétil. TTO: Colchicina e vitamina E por 3-4 meses ou injeções de Verapamil durante a fase aguda, com o objetivo de melhorar a dor e evitar progressão da placa. Em pacientes que já têm a placa de calcificação (fase crônica), a intervenção é cirúrgica, após 1-1,5 anos da estabilização da doença, que consiste na retirada da placa com colocação de um enxerto, ou na plicatura contralateral. Pode haver regressão espontânea. Criptorquia ou Criptorquidia Paciente 5 anos, mãe refere que não consegue ver a bolinha do lado direito do saco. Caracterizada pela ausência de testículo na bolsa escrotal. Pode ser unilateral (causa genética – dificuldade de responder aos estímulos hormonais maternos) ou bilateral (deficiência de hormônio gonadotrofina coriôica). Incidência maior em prematuros, já que o parto interrompe a descida dos testículos para a bolsa, que se inicia no 7º mês a partir de influência da gonadotrofina coriônica. Os testículos podem estar em posição abdominal, no canal inguinal ou pré-escrotal. TTO: indicado após o 1º ano de idade, devido à possibilidade de descida espontânea. Se não for tratado, pode cursar com infertilidade e CA de testículo. Se bilateral, tenta-se o TTO hormonal com reposição de gonadotrofina coriônica por 1 mês, com orquidopexia se não houver descida. Se unilateral, já se realiza a orquidopexia no primeiro momento. Varicocele Dilatação das veias do plexo pampiniforme, levando à estase venosa e alteração da espermogênese, gerando astenozoospermia (↓ motilidade sptz) ou oligospermia(↓ n° sptz). A sua etiologia não é completamente elucidada, mas é mais comum no lado esquerdo, no qual a drenagem venosa é mais lenta. Pode ser sintomática, assintomática ou até subclínica. Classificada em: - Grau 1 → só aparece na manobra de Valsalva, com difícil palpação. - Grau 2 → facilmente palpável sem manobra de Valsalva. - Grau 3 → visível e perceptível sem palpação. Dx: o paciente procura o urologista com queixa de infertilidade, demonstrada no espermograma. Além da sensação de ondulações na palpação do escroto, também há refluxo sanguíneo no USG com Doppler. Sempre pesquisar CA de testículo. TTO: ligadura cirúrgica da veia testicular se houver alteração espermática, mas sem garantia de melhora da infertilidade ou da dor. Hidrocele Paciente de 55 anos, morador da zona rural, há cerca de um ano sofreu um trauma por coice de cabra. Refere aumento progressivo do saco à esquerda. Acúmulo de líquido entre as túnicas vaginais externa e interna, de etiologia traumática ou inflamatória. Não cursa com complicações além de estética, e pode sofrer estabilização ao longo do quadro clínico. Em crianças, pode ocorrer por persistência do conduto peritônio-vaginal, com descida de líquido peritoneal para a bolsa escrotal. Dx: USG, com identificação de imagem anecoide do líquido da hidrocele, ou por transiluminação, com observação apenas de líquido, e não de massa (DxDf: CA de testículo). TTO: cirúrgico, com ressecção da túnica vaginal externa, de rara recidiva. A punção é contraindicada devido a maior incidência de complicações. Aula 4 – Urolitíase Introdução Patologia mais frequente do TGI, relacionada a formação de cálculos renais e ureterais. A formação dos cálculos ocorre quando há um desequilíbrio entre os solutos e os solventes da urina. O cálculo é formado por uma matriz proteica ou por um corpo estranho, que sofre, ao seu redor, agregação de cristais. A saturação da urina depende da concentração de íons como cálcio, xantinas, etc. São fatores promotores da formação de cálculos: • Excesso de consumo de proteína (acidifica a urina e facilita a precipitação do cálculo), sódio (seu consumo exagerado aumenta a eliminação de cálcio) e refrigerante de cola (contém sódio, oxalato e fosfato). • Baixa ingesta hídrica (< 2,5L) e de sucos de frutas cítricas (alcalinizam a urina). • Ocupação em ambientes quentes, nível educacional e condição socioeconômica. • Hereditariedade: alta prevalência familiar apesar de não ser uma doença genética transmissível. • Idade: pico de incidência entre 30 e 50 anos de idade. • Gênero: mais comum em homens do que em mulheres. • Etnia: mais comum em brancos do que em negros. Existem algumas substâncias que evitam a precipitação dos cálculos, como glicosaminoglicanas, pirofosfatos e citratos, substâncias que mantém a urina estável. Alguns pacientes podem ter deficiência desses fatores (Ex: hipocitratúria), gerando uma maior facilidade na precipitação da urina e redução do coeficiente de solubilidade, e nesses pacientes, essas substâncias podem ser repostas para prevenir o aparecimento dos cálculos e tratar cálculos pequenos (principalmente citrato). Etiopatogenia A formação dos cálculos depende da relação entre solventes, soluto e fatores inibidores. Além disso, o mau funcionamento do TGI, como estase urinária e obstruções, facilita a precipitação dos cristais. São alguns promotores da litogênese: hipercalciúria, hiperuricosúria, hiperoxalúria e cistinúria Tipos de Cálculo: • Oxalato de Cálcio (80%): relacionados a hipercalciúria absortiva, renal, reabsortiva ou idiopática. São radiopacos, e facilmente identificados em RX ou TC. Os monohidratados são mais duros do que os dihidratados, e possuem maior chance de resistir ao tratamento. • Ácido Úrico (10%): relacionados a hiperuricosúria e precipitação de cristais na urina ácida. A presença de uricemia normal não exclui o diagnóstico. São radiotransparentes, e não são visíveis ao RX (apenas TC). • Estruvita ou Infeccioso (5%): relacionada à ITU de repetição, nas quais as bactérias como o Proteus produzem uréase, que converte ureia em amônia, que ao ser tamponada, gera o cálculo. No EAS, a urina se apresente alcalina. São os mais relacionados aos cálculos coraliformes, e podem ser assintomáticos. • Indinavir: causado pelo tratamento com anti-retroviral. Não é visualizado em RX nem TC. Dx: história clínica + falha de enchimento do ureter acometido. • Fosfato: comum em pacientes com hiperparatireoidismo. São os íons relacionados à urina: • Cálcio: maior risco de produção de cálculos se maior absorção intestinal de cálcio. • Oxalato: não é metabolizado pelo organismo, e é eliminado da mesma forma que foi ingerido. Pacientes com DII e by-pass gastrointestinal estão mais propensos a desenvolverem litíase. • Fosfato: relacionado ao hiperparatireoidismo e à dieta rica em carne e laticínios. • Ácido Úrico: relacionado ao metabolismo das purinas. Não há necessidade de hiperuricemia para desenvolvimento dos cálculos de ácido úrico, mas sim hiperuricosúria. Existem alguns tipos especiais de litíase, relacionados a condições pré-estabelecidas: • Litíase Hipercalciúrica Absortiva: causada pelo aumento de absorção de cálcio no intestino. TTO: Hidroclorotiazida. • Reabsortiva: litíase de repetição causada pela hipercalciúria no hiperparatireoidismo secundário. • Cálcica Hiperuricosúrica: em pacientes com dieta rica em carnes, com maior ingesta de purinas. • Cálcica Hipocitratúrica: causada por hipocitratúria, relacionada a acidose tubular renal. • Ácido Úrico: relacionado à gota, doença proliferativa, perda de peso, ingesta excessiva de purinas e desidratação. • Cistina: erros inatos do metabolismo Diagnóstico Apresentação Clínica → dor lombar intensa que irradia para fossa ilíaca, testiculo e grandes lábios. Dor tipo cólica, com náuseas e vômitos, não melhorar com mudança de posição. Dependendo da região do cálculo, possui características específicas: Rins: dor no flanco, imprecisa, para o ângulo costo-vertebral. Ureter Superior: dor lombar e em flanco. Ureter Médio: dor em barra, caudal e anterior. Ureter Distal: irradiação para virilha, bolsa escrotal ou lábios. Se presente no ureter intramural, há presença de sintomas irritativos. Bexiga: quando mais próximo à bexiga o cálculo está, mais há a expressão de sintomas relacionados à cistite, como disúria, presença de piúria estéril e hematúria no EAS, etc. DXDF DE PIURIA ESTÉRIL NO EAS: TUBERCULOSE RENAL Além disso, na presença de obstrução urinária, há aumento das chances de desenvolvimento de infecção e de sintomas sistêmicos, como febre. Na presença de febre, há grande chance de evolução para sepse urinária, principalmente em mulheres. Esses pacientes devem ser internados. OS CÁLCULOS QUE CAUSAM OBSTRUÇÃO DE VIAS URINÁRIAS COSTUMAM LOCALIZAR-SE EM URETER OU EM PELVE RENAL, E NÃO DENTRO DOS RINS. EAS → presença de hematúria em 85% dos casos, além de permitir o DxDf com ITU. Em urinas de pH muito alto, pensar em cálculo coraliforme ou infecção. USG → boa visualização de rim e bexiga, mas não avalia bem o ureter médio. Pode indicar sinais indiretos de obstrução, como hidronefrose. É um bom exame inicial, associado ao RX. RX Simples de Abdômen → identifica os cálculos em 70% dos casos, com falha em cálculos radiotransparentes e se houver transposição de gases intestinais ou estruturas ósseas. Urografia Excretora → RX abdominal com contraste endovenoso. Permite avaliar função renal, trajeto ureteral e ponto de obstrução; TC → padrão-ouro. Identifica 98% dos casos em qualquer topografia mesmo sem contraste, com ótima avaliação e tamanho e constituição do cálculo. Bioquímica → utilizada em pacientes com cálculos de repetição. Dosagem sanguínea de ureia, paratormônio, creatinina, cálcio, ácido úrico, 2 amostras de urina 24h (urina tipo I, dosagem de oxalato,citrato, sódio, cálcio e ácido úrico e análise quantitativa do cálculo). Características Clínicas de Acordo com Localização: • Renal: assintomático até que haja obstrução da junção pieloureteral ou infundíbulo calicial. Cursa com hematúria, pielonefrite obstrutiva e insuficiência renal. • Ureter: cólica renal, irradiação para abdômen anterior e genitália, náuseas e vômitos e hematúria e polaciúria. • Vesical: dor intermitente e dor à micção em região suprapúbica, agravada por exercício e movimentos. • Uretra: retenção urinária aguda, podendo ser palpáveis. DxDf: hiperplasia prostática, CA de próstata e estenose de uretra. Tratamento A avaliação do método de tratamento deve levar em conta a possibilidade de o paciente eliminar espontaneamente o cálculo, o que depende principalmente do seu tamanho: 90% de chance de eliminação em cálculos de < 5mm, 70% de chance em cálculos de 5-7 mm e 20% em cálculos > 8 mm. Assim, em cálculos ≤ 6 mm e de localização mais distal, pode-se avaliar a realização de tratamento medicamentoso, observação e eliminação espontânea do cálculo. TTO Medicamentoso: analgesia com Dipirona ou Buscopan > Cetoprofeno > Morfina, anti-inflamatórios (evitar em crianças e idosos), antieméticos, corticoides (cálculos pequenos), Tansulosina (alfa bloqueador, utilizado para agilizar a passagem de cálculos > 1cm em litíase não complicada). • Cálculo de Cálcio: citrato de potássio (prevenção), investigar hipercalcemia (hiperparatireoidismo), diuréticos tiazídicos na hipercalciúria renal e aumentar ingesta de fibras e líquidos na hipercalciúria absortiva. • Cálculo da Ácido Úrico: alcalinização urinária com bicarbonato ou citrato de potássio (dissolve o cálculo) e Alopurinol no caso de hiperuricemia. • Estruvita: remoção do cálculo, avaliar necessidade de ATB e acidificação urinária. • Cistina: D-penicilamina. CRITÉRIOS DE INTERNAÇÃO: PCR > 100, LEUCOCITOSE INTENSA, DOR REFRATÁRIA, PACIENTE DM. TTO Intervencionista: depende de dor, tamanho do cálculo, presença de obstrução urinária, infecção associada e tipos de cálculos. As técnicas podem ser misturadas para reduzir morbimortalidade. São seus tipos: • Ureterolitotripsia: quebra do cálculo pela via endoscópica. Padrão ouro para cálculos renais < 2 cm e cálculos ureterais. • Litotripsia Extracorpórea: quebra do cálculo por meio de ondas hidráulicas. Indicação: cálculos renais < 1 cm. • Cirurgia Percutânea: acesso e retirada do cálculo por via lombar. Indicada para cálculos renais > 2 cm. • Cirurgia Aberta: indicada para cálculos grandes, como coraliformes completos. Cálculos Vesicais Geralmente pode ser um cálculo em descendência do rim ou pode ter se formado primariamente na bexiga. Os cálculos formados primariamente na bexiga estão associados a condições como bexiga neurogênica e a condições obstrutivas, como hiperplasia de próstata ou estenose de uretra. São cálculos maiores, de mais de 5 cm. TTO: litotripsia por fibra laser ou cirurgia aberta. Aula 5 – Lesões Traumáticas do TGU Introdução Os traumas mais importantes são os que acometem a cavidade abdominal, por possuírem maior morbimortalidade, especialmente o trauma renal. Por isso, a avaliação inicial inclui controle da hemorragia e choque, com reanimação quando necessário. O diagnóstico precoce das lesões do TGU é essencial para prevenir complicações sérias. EM HOMENS, ANTES DE INSERIR A SONDA VESICAL, DEVE-SE INSPECIONAR A GLANDE POR SANGUE NO MEATO URETERAL. SE HOUVER, A SONDAGEM ESTÁ CONTRAINDICADA ATÉ A REALIZAÇÃO DE UMA URETROGRAFIA RETRÓGRADA PARA DESCARTAR LESÃO URETERAL, JÁ QUE A COLOCAÇÃO DE SONDA URETRAL COM SANGUE NO MEATO PODE RESULTAR EM UMA INFECÇÃO DO HEMATOMA PERIPROSTÁTICO E PERIVESICAL E UMA CONVERSÃO DE LACERAÇÃO INCOMPLETA EM COMPLETA. SE NÃO HOUVER SANGUE NO MEATO, PODE-SE CUIDADOSAMENTE INTROFUZIR UMA SONDA URETRAL NA BEXIGA: HEMATÚRIA MICRO OU MACROSCÓPICA INDICA LESÃO DO SISTEMA URINÁRIO As fraturas de bacia comumente cursam com lesões de uretra posterior e de bexiga, enquanto as lesões de uretra anterior são comuns em queda em cavaleira. Já fraturas de costela estão frequentemente associadas a lesões renais. Exames Complementares que Podem ser Solicitados: • TC: a TC abdominal com contraste é o melhor estudo de imagem para detectar e estadiar lesões traumáticas renais e retroperitoneais. Pode definir tamanho e extensão do hematoma retroperitoneal, de lacerações renais, extravasamento urinário e lesões vasculares. • Cistografia Retrógrada: enchimento da bexiga com contraste para diagnóstico de perfurações vesicais – realizar um RX com a bexiga cheia e um após seu esvaziamento. Também identifica hematomas pélvicos circundantes. • Urecistografia: injeção retrógrada de contraste para delinear a uretra no RX e identificar extravasamento de contraste na área bulbar (trauma em cavaleiro) ou extravasamento para o espaço retropúbico em caso de ruptura prostatomembranosa. • Uretrografia Excretora: identifica lesões traumáticas renais e ureterais. • Cistoscopia e Uretrografia Retrógrada: detectam lesão ureteral, mas são raramente necessárias, já que a informação que elas oferecem pode ser obtida com técnicas menos invasivas. Lesões Renais As lesões renais possuem uma classificação específica: I. Lesão capsular. II. Lesão capsular e cortical. III. Lesão capsular, cortical e medular. IV. Lesão capsular, cortical, medular e do sistema cortical. V. Lesões grau IV com lesão de pedículo e trombose. Achados tardios incluem urinoma, hidronefrose (estreitamento de JUP, formando uma queloide), fístulas arteriovenosas (manifestação: hematúria), hipertensão reno-vascular (estenose de artéria renal), pielonefrite de repetição por formação de cicatrizes renais e aumento da incidência de litíase (formação de “lagos de urina”). As complicações imediatas mais comuns são presença de sangue ou urina no peritônio. O hematócrito é útil pois sua queda indica sangramento ativo. Outros exames são inespecíficos. Lesões Ureterais Dividem-se em lesões altas, médias e distais, cujo tratamento difere. A causa mais comum de trauma de ureter é iatrogênica, durante o curso de procedimentos cirúrgicos difíceis em pelve, ou resultando de ferimentos por PAF ou arma branca, ou por avulsão do ureter da pelve renal por desaceleração rápida. Se um ureter seccionado parcialmente não é reconhecido durante a operação, o extravasamento urinário e o crescimento subsequente de um grande urinoma pode ocorrer, o que geralmente leva a formação de fístula uretrovaginal ou ureterocutânea. Manifestações Clínicas: febre + dor no flanco e em quadrante inferior, associado ao desenvolvimento de íleo paralítico, com náuseas e vômitos, e fístulas. Além disso, a hidronefrose secundária resulta em dor intensa em flanco e dor abdominal, com náuseas e vômitos. Sintomatologia relacionada a peritonite aguda podem estar presentes se houver extravasamento de urina na cavidade. Diagnóstico: hematúria microscópica no EAS, uretrografia excretora ou TC abdominal (excreção retardada com hidronefrose e área hiperdensa em pelve ou retroperitônio), USG (delineia o ureter ou o esvaziamento urinário quando ele se torna um urinoma) e cintilografia com radionúcleo (demonstra excreção retardada do lado lesionado + avaliação da função renal após correção cirúrgica). DxDf: obstrução intestinal pós-operatória e peritonite, abdômen agudo subsequente a cirurgia pélvica difícil, infecção de ferimento profundo no pós-operatório em pacientes com febre, íleo e dor localizada a palpação e pielonefrite aguda. Complicações: estenose em área da lesão com hidronefrose resultante, urinoma retroperineal por extravadamento crônico de urina por lesão não reconhecida e pielonefrite por hidronefrose e ITU. TTO: tratamento operatório imediato e drenagem urinária proximal por nefrostomia percutânea ou nefrostomia formal caso a lesão for reconhecidatardiamente ou se o paciente tiver complicações significativas que impeçam a reconstrução imediata. • Lesões Ureterais Baixas: reimplantação na bexiga + fixação no psoas para minimizar a tensão sobre a anastomose. Se não houver transecção, pode-se realizar ureteroureterostomia, e caso desenvolva-se urinoma extenso ou infecção pélvica, realiza-se a transureteroureterostomia. • Lesões Ureterais Médias: ureteroureterostomia primária ou transureteroureterostomia. • Lesões Ureterais Baixas: ureteroureterostomia primária. Se houver perda extensa do ureter, autotransplante do rim pode ser feito, assim como substituição intestinal do ureter. VANTAGENS DA COLOCAÇÃO INTERNA DE STENT: MANUTENÇÃO DE UM URETER RETO COM UM CALIBRE CONSTANTE E A PRESENÇA DE UM CONDUTO PARA A URINA DURANTE A CICATRIZAÇÃO, A PREVENÇÃO DE EXTRAVASAMENTO URINÁRIO, A MANUTENÇÃO DE DERIVAÇÃO URINÁRIA E A FÁCIL REMOÇÃO. Lesões Vesicais As lesões em bexigas cheias causam mais comumente lesões intraperitoneais. Geralmente causadas por força externa, fratura pélvica ou iatrogenia (procedimentos ginecológicos ou pélvicos extensos), são diagnosticadas por meio de cistografia ou uretrocistografia. A principal manifestação clínica é a parada urinária, e quando há micção, há hematúria macroscópica, associada a dor pélvica ou abdominal inferior. As lesões vesicais por fratura de pelve (90% das lesões vesicais) costumam cursar com ruptura extraperitoneal. Quando a bexiga está cheia, um golpe direto no abdômen inferior pode causar sua ruptura, que normalmente é intraperitoneal. Se a urina for estéril, nenhum sintoma se apresenta por vários dias. Se a urina estiver infectada, haverá a formação de um abscesso pélvico profundo e inflamação pélvica grave. Assim, a urina coletada na bexiga no cateterismo inicial deve ser cultivada para determinar se há infecção. Achados Radiológicos: • RX: fratura pélvica, turvação do abdômen inferior por extravasamento de sangue ou urina. Seguimento com TC para identificar lesões renais e ureterais. • Cistografia: identifica a ruptura de bexiga, e devem ser seguidas com drenagem e, posteriormente, RX, pois demonstra áreas de extravasamento extraperitoneal de sangue e urina que podem não aparecer no RX com bexiga cheia. Complicações: abscesso pélvico (ruptura extraperitoneal), hematoma pélvico (se urina infectada), peritonite tardia (se ruptura intraperitoneal) e incontinência parcial (quando a laceração se estende para dentro do colo vesical. TTO: abordagem inicial (controle de choque e hemorragia) e tratamento cirúrgico associado a colocação de uma sonda de cistostomia suprapúbica (drenagem urinária e controle de sangramento), dependendo do padrão de lesão: • Ruptura Extraperitoneal: drenagem com sonda ureteral + abertura da bexiga na linha média, com inspeção e fechamento interno de lacerações. TTO cirúrgico de coágulos grandes na bexiga ou lesões de colo vesical. • Ruptura Intraperitoneal: abordagem transperitoneal após inspeção vesical cuidadosa e fechamento de qualquer perfuração. Peritônio deve ser fechado cuidadosamente sobre a área da lesão, seguida de fechamento da bexiga em camadas separadas com fios absorvíveis. Todo o líquido extravasado na cavidade deve ser removido antes da sutura. • Fratura Pélvica: nas fraturas instáveis, há necessidade de fixação externa, com curso clínico mais protraído. • Hematoma Pélvico: na exploração e reparação da bexiga, o tamponamento da pelve com fitas de laparotomia frequentemente controla o problema. Se o sangramento persistir, pode ser necessário deixar as fitas no lugar por 24 horas e operar novamente para removê-las. Lesão de Uretra Frequentes em quedas a cavaleiro e fraturas pélvicas (cisalhamento da uretra membranosa), e seu principal sinal é a presença de sangue no meato uretral. São incomuns, ocorrendo com mais frequência em homens. A uretra é dividida em posterior (partes prostática e membranosa) e anterior (porções bulbosa e pendular). A uretra membranosa passa através do assoalho pélvico, e é a mais frequentemente acometida. Quando as fraturas pélvicas ocorrem por traumatismo rombo, a uretra membranosa é cisalhada do ápice prostrático na junção prostratomembranosa. Uretra Posterior Clínica: dor abdominal inferior ou suprapúbica à palpação e incapacidade de urinar, associada a história de lesão da pelve. Além disso, pode-se palpar o hematoma pélvico em desenvolvimento e observar contusões perineais ou suprapúbica. O toque retal pode indicar hematoma pélvico com deslocamento da próstata pra cima, com laceração dos ligamentos puboprostáticos (difícil diferenciação entre próstata normal e hematoma). Achados Radiológicos: presença de fratura de pelve, extravasamento à uretrografia na junção prostatomembranosa, extravasamento de contraste para o espaço vesical. O exame instrumental é a uretrografia TTO: cistostomia suprapúbica para promover drenagem de urina, com abertura da bexiga na linha média e inspeção por lacerações. Se presença de lacerações, fechar a bexiga com sutura absorvível e colocação da sonda de cistostomia para drenagem urinária por 3 meses. • Reconstrução Uretral Adiada: reconstrução em até 3 meses após o trauma, na ausência de abscesso pélvico ou infecção persistente na pelve. • Realinhamento Uretral Imediato: reconstrução imediata da uretra, apesar do sangramento persistente e do hematoma circundante que dificultam o procedimento. A incidência de estenose, impotência e incontinência é maior do que na cistostomia imediata e adiamento de reconstrução. TTO de Complicações: remoção da sonda ureteral após 1 mês da reconstrução adiada, com realização de cistografia miccional. Se a cistografia não mostrar extravasamento na área de reconstrução, pode-se retirar a sonda suprapúbica. Se houver extravasamento ou estenose, a cistostomia suprapúbica deve ser mantida. Uretra Anterior A lesão a cavaleiro pode causar laceração ou contusão da uretra, enquanto instrumentação iatrogênica pode causar ruptura parcial. A contusão é um sinal de lesão por esmagamento sem laceração, causando um hematoma perineal (resolve-se sem complicações). Já a laceração possibilita o extravasamento da urina, que pode estender-se a bolsa escrotal, corpo do pênis e parede abdominal se não reconhecido, gerando sepse, infecção e grande morbidade. Clínica: história de queda ou instrumentação, com sangramento uretral, dor local em períneo, hematoma perineal massivo e tumoração perineal. Se a micção for possível e houver extravasamento, haverá súbita formação de hematoma na área. O toque retal revela uma próstata normal. Se bexiga hiperdistendida, realizar cistostomia suprapúbica percutânea. O PACIENTE GERALMENTE TEM VONTADE DE URINAR, MAS A MICÇÃO NÃO DEVE SER PERMITIDA ATÉ COMPLETA AVALIAÇÃO DA URETRA. Dx: extravasamento na localização da lesão na uretrografia no caso da laceração. Complicações: sangramento intenso por lesão do corpo esponjoso para o períneo, bem como por meio do meato uretral. As complicações do extravasamento urinário são sepse e infecção, indicando dresbridamento agressivo e drenagem. TTO: em pacientes com contusão uretral (sem extravasamento), se a micção ocorrer sem dor ou sangramento, não há necessidade de tratamento. Se houver sangramento, drenar por cateter. Já em lacerações uretrais, deve-se evitar a instrumentação da uretra, e na presença de extravasamento urinário extenso, deve-se realizar uma cistostomia suprapúbica para derivação urinária. O TTO das complicações (infecção e abscesso) é ATB. O reparo imediato é difícil e possui maior incidência de estenose. Lesão Peniana Comum em relações sexuais vigorosas, causada pelo rompimento da túnica albugínea. Apresenta-se com dor e hematoma do pênis, e o TTO é correção cirúrgica. Já gangrena e lesão uretral por colocação de anéis oclusivos na base do pênis exige a remoção do objeto sem dano adicional. A amputaçãopeniana exige reimplantação cirúrgica. Lesão de Bolsa Escrotal e Testículo Podem ocorrer por traumatismo aberto ou fechado. Nos traumatismos abertos superficiais, realiza-se a rafia das lesões. Os traumas fechados costumam cursar com hematoma local e equimose, realiza-se uma USG e prefere-se o TTO conservador, já que se resolvem sem dificuldade. O trauma do testículo cursa com dor intensa e frequente, náuseas, vômitos, dor à palpação de abdômen inferior e hematoma testicular, que dificulta o delineamento de suas margens, indicando-se a USG para melhor definição do órgão. Aula 6 – ITU Introdução As ITUs são infecções mais comuns no sexo feminino durante a fase reprodutiva, nas quais o coito vaginal transporta a microbiota até o meato ureteral e pode favorecer a infecção. Algumas formas de profilaxia são quimioprofilaxia (Nitrofurantoína pós-coito = induz resistência), extrato de E. coli (↑IgA secretora) e uso de suco de cranberry (baixa efetividade). Mulheres grávidas estão mais suscetíveis devido à glicosúria e relaxamento da musculatura ureteral pela ação da progesterona, enquanto mulheres pós-menopausa sofrem atrofia hipoestrogênica e redução dos bacilos de Doderlein, o que aumenta a sua suscetibilidade. Já entre crianças < 2 anos, a ITU é mais frequente no sexo masculino, devido à maior incidência de malformações do TGI (fimose e refluxo vesicoureteral). Na faixa etária acima de 50 anos, homens sofrem um aumento da incidência de ITU devido à retenção urinária relacionada à hiperplasia prostática benigna e hipocontratilidade de bexiga. O fator bacteriano que mais contribui para a agressividade da infecção é a presença de fímbrias, que permitem a aderência bacteriana. A via de infecção mais comum é a ascensão de bactérias perineais, porém pode também ocorrer por via hematogênica. Desse modo, o agente etiológico mais comum é a E. coli (75-90%), além de S. aureus e Candida em pacientes imunossuprimidos. Fatores Envolvidos na Patogênese Mecanismos e Condutas Protetoras: válvula uretero-vesical • proteína de Tamm-Horsfall (impede aderência bacteriana) • ↑ [ureia] na urina • hiperosmolaridade urinária • pH urinário ácido • flora vaginal • “lavagem” pelo fluxo de urina • produção de mucoproteínas pelo urotélio (atrapalham aderência bacteriana) • óxido nítrico (aumenta o influxo de células inflamatórias) • produção de IgA). APENAS A COLONIZAÇÃO DO TGU POR BACTÉRIAS NÃO IMPLICA EM INFECÇÃO, UMA VEZ QUE A ITU IMPLICA OBRIGATORIAMENTE NA PRESENÇA DE MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, QUE SÃO DETERMINADAS PELA INVASÃO TISSULAR. A BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA SÓ DEVE SER TRATADA EM GESTANTES, PACIENTES IMUNOSSUPRIMIDOS E PACIENTES QUE SE SUBMETERÃO A PROCEDIMENTOS UROLÓGICOS. Fatores de Risco: uso de sabonete bactericida (eliminação da flora vaginal e favorecimento o crescimento de bactérias patogênicas) • ato sexual • uso de diafragma ou DIU • obstrução do trato urinário • aumento de receptores para E. coli • cálculo urinário • infecção recorrente desde a infância (indica malformação) • estase urinária. Nos 3 últimos casos, é indicada USG. Fatores que determinam patogenicidade: presença de fímbrias (aumentam aderência ao epitélio) • produção de substâncias como aerobacten e hemolisina • tamanho do inócuo (n° de bactérias). A E. coli uropatogênica é uma bactéria virulenta, que possui flagelos (motilidade), fímbrias (adesinas) e produção de hemolisina e aerobacten (invasão da membrana celular e resistência à destruição pelo soro humano). Classificação A ITU é dividida em não complicada (paciente clássico: mulher jovem saudável e não grávida) e complicada (casos que saem do comum: DM, gravidez, nefrolitíase, anormalidades anatomofuncionais do TGU, sexo masculino, crianças, idosos, infecção hospitalar, imunodepressão, presença de cicatrização recente de bexiga, uso recente de ATB, > 7 dias de sintomas e história de manipulação instrumental do TGU). Além disso, dividem-se infecções baixas, que envolvem cistite, prostatite e uretrite, e altas, determinada pela pielonefrite. As ITUs altas possuem mais riscos de evoluir para sepse urinária e geralmente não apresentam sintomas urinários clássicos, mais comumente com sinais sistêmicos. Outras classificações incluem: • Primeira Infecção: em mulheres, realizar TTO empírico. Em homens, solicitar exame de imagem. • Reinfecção: persistência de sintomas durante o TTO, que ocorre por alteração anatômica ou resistência do patógeno. Avaliar necessidade de cultura e antibiograma. • Recidiva ou Recorrência: indica a realização de uma USG + cultura com antibiograma. São alguns fatores de risco para ITU recorrente: cálculo coraliforme • bexiga neurogênica • refluxo vesico- ureteral • genética • menopausa (por ↓ estrogênio = avaliar TRH) • idade • cirurgia pélvica prévia • comportamento sexual. TTO: Fosfomicina a cada 10 dias. Diagnóstico Clínica: Cistite → disúria é o principal sintoma, frequentemente associada a polaciúria, dor suprapúbica, urgência miccional ou hematúria. Queda do estado geral pode estar presente, mas é raro. / Pielonefrite → sintomas de cistite podem estar presentes, associados a febre, for lombar, queda do estado geral, sensibilidade renal e eventuais náuseas ou vômitos. Sepse pode se desenvolver posteriormente. EAS: leucocitúria, hematúria isomórfica (50%), aumento do pH e nitrito (pouco sensível e muito específico – positividade indica infecção, porém negatividade não a exclui). O predomínio de leucócitos sobre as hemácias indica um processo infeccioso, enquanto o predomínio das hemácias indica processo obstrutivo. A presença de cilindros piocitários é patognomônica de ITU alta. A presença de piúria sem crescimento de germes na cultura indica BK urinário. Urocultura: positiva se > 100.000 UFC/mL. O seu resultado guia o tratamento. Outros exames de imagem: USG de rins e vias urinárias, RX simples de abdômen (DxDf pielonefrite enfisematosa em pacientes com DM. Indicação: ausência de melhora em 72h, história compatível com litíase e apresentação grave. Tratamento Condutas: cistites não complicadas podem ser tratadas de forma empírica, enquanto cistites complicadas devem ter solicitação de cultura com contagem de colônias e antibiograma após o início do ATB, e pielonefrites devem ter solicitação de exames complementares antes do início do TTO. Caso não haja melhora em 72h após o início do TTO, trocar o ATB (indica resistência à terapêutica utilizada. Cistite Não Complicada: Nitrofurantoína (efeitos colaterais: TGI e pneumonite química), Fosfomicina, SMX + TRI (cuidado com resistência), Cefuroxima ou Amoxicilina + Clavulanato. Duração do TTO: 3 dias. Gravidez: Fosfomicina + Trometamol, Nitrofurantoína (exceto 3º trimestre), cefalosporinas e Amoxicilina + Clavulanato. Seguimento com urinocultura na 1ª e 16ª semanas + repetição do EAS após o TTO (manter quimioprofilaxia até o final da gestação se positivo). Na gravidez, o aumento da progesterona diminui o tônus do TU, aumenta fluxo renal e mobiliza mais glicose na urina. Além disso, o aumento do tamanho do útero faz compressão ureteral. ITU em Paciente Internado: Imipenem, Cefoxitima e Piperacilina + Tazobactam. Cistite de Repetição (≥ 3 episódios/ano): ATBprofilaxia pós-coito, ATBprofilaxia contínua (trocar ATB a cada 2 meses), uso de probiótico oral, estrogênio tópico em mulheres pós-menopausa, uso de cranberru, acupuntura, extrato de E. coli por 3 meses seguidos, etc. ITU Alta: Fluorquinolonas, Cefuroxima, Amoxicilina + Clavulanato ou SMX + TRI. SE A PIELONEFRITE FOR CAUSADA POR UM QUADRO DE OBSTRUÇÃO, É INDICADO DESOBSTRUIR O TGU ANTES DE INICIAR A ATBTERAPIA. A maioria dos pacientes recebe TTO hospitalar, porém um grupo seleto de pacientes pode ser tratado em casa: ITU não complicada, ausência de vômitos, condições econômicas capazes de custear o ATB, aderência ao TTO e tolerância ao ATB, DM compensada e pacientessem sepse. Nesse caso, é obrigatório o retorno à unidade de saúde em 72h. Situações Especiais Cateter de Demora: o uso de ATB nesses pacientes não atinge a esterilização do TGU, e acaba apenas induzindo a resistência bacteriana. Nos pacientes com cateter de demora e manifestações clínicas de ITU, deve- se trocar a sonda e iniciar antibioticoterapia. Cateter Vesical em Ambiente Hospitalar: se febre e urocultura positiva, iniciar ATBterapia por 14 a 21 dias, devido à alta virulência dos germes envolvidos. Obstrução (cálculo ou HPB): desobstrução + terapia antibiótica prolongada. Maior chance de complicações. Aula 7 – DSTs Introdução As DSTs de forma geral facilitam a contaminação pelo HIV, possuem grande impacto psicológico e podem contaminar gestantes e infectar o concepto. A interrupção da cadeia de transmissão (Dx precoce + detecção dos assintomáticos + rápido TTO) e realização de medidas de prevenção (preservativo + TTO de contactantes e aconselhamento) são essenciais para o controle das doenças. São divididas em síndromes de corrimento uretral (gonorreia, candidíase, gardnerella e clamídia) e síndromes de úlceras genitais (sífilis, cancro mole, donovanose e linfogranuloma venéreo). Além disso, também são classificas como eventualmente, frequentemente ou essencialmente transmitidas pelo sexo, sendo que esse último grupo é formado por gonorreia, sífilis, cancro mole, linfogranuloma venéreo e donovanose. Gonorreia É a uretrite mais frequente, causada pela Neisseria gonorrheae e também denominada blenorragia. Período de incubação de 2 a 8 dias. Frequentemente há coinfecção com Clamídia e Tricomonas. Clínica: prurido em fossa navicular, estendendo-se posteriormente a toda uretra, associada a corrimento inicialmente mucoso e posteriormente purulento, disúria e odinúria (dor para urinar). A ausência de TTO permite a disseminação para próstata, epidídimo, testículo, além de poder causar conjuntivite, pielonefrite, pericardite e meningite. Complicações incluem sub ou infertilidade devido à epididimite, obstrução do canal da uretra, estenose da uretra e manifestações extragenitais. Dx: swab ou alça de platina de fossa navicular de homens e endocérvice das mulheres, demonstrando diplococos gram negativo intracelular. Na presença associada de piócitos (5/campo), trata-se Gonorreia e Clamídia. A cultura pode ser indicada quando a coloração é duvidosa, e o TTO empírico contra Gonorreia e Clamídia pode ser feito NA PRESENÇA DE PIÓCITOS SEM OS COCOS G- INDICA TTO APENAS PARA CLAMÍDIA. TTO: Ceftriaxona 250 mg IM (+ 1g Azitromicina se presença de Clamídia). Alternativas incluem Penicilina Procaína, Ofloxacina e Tianfenicol. Na persistência dos sintomas, não se considera mais a infecção por Clamídia, uma vez que o TTO sempre erradica a bactéria. Nesses casos, suspeita-se de micoplasma, ureplasma (Eritromicina 500 mg por 7 dias), tricomonas ou gardnerella (Metronidazol 2g VO DU). Cuidados Especiais: abstinência sexual, evitar bebida alcoólica, evitar manipulação do pênis (previne contaminação ocular) e tratar parceiros. Sífilis ou Cancro Duro Doença causada pelo Treponema pallidum, com período de incubação de 10-90 dias (média 21 dias). Clínica: lesão rosada ou ulcerada, geralmente única, de base endurecida, fundo liso, secreção serosa escassa e indolor, mais comumente em glande e sulco balano-prepucial (♂) e pequenos lábios, parede vaginal e colo uterino (♀), associada a adenopatia regional não supurativa, móvel, indolor e múltipla. Fase Primária: lesão ulcerada indolor de desaparecimento espontâneo. Fase Secundária: lesões mucosas ou roséola sifilítica. Fase Terciária: neurossífilis, acometimento de valvas cardíacas e articulações. Dx: reações sorológicas inespecíficas como VDRL e reação de Wassermann positivam na 8ª semana, e avaliam a cardiolipina, podendo ser utilizadas para acompanhamento do TTO (principalmente IgM do VDRL). Reações sorológicas específicas, como FTA-ABS e TPI têm alta sensibilidade e especificidade, sendo muito utilizadas na fase aguda. Uma alternativa diagnóstica é a pesquisa de esqpiroqueta em campo escuro a partir da coleta do raspado das lesões. TTO: Penicilina Benzatina IM 2,4 milhões UI, uma dose para cada fase da doença separadas em 1 semana. A aplicação ocorre em regime hospitalar. Em caso de alergia, utilizar Tetraciclina ou Eritromicina. Cancro Mole Causada pelo Haemophilus ducrey, também é chamado de cancroide e possui período de incubação de 3- 5 dias. Clínica: lesões ulceradas, únicas ou múltiplas, dolorosas, com bordar irregulares, contornos eritemato- adenomatosos, fundo irregular exsudativo amarelado e de odor fétido, cuja remoção revela fundo granulomatoso e hemorrágico, cujos principais locais de acometimento são sulco balano-prepucial e frênulo (♂) e fúrcula e face interna de pequenos e grandes lábios (♀). Associada em 50% dos casos com adenopatia unilateral inguinal, mais comumente inguino-crural denominada “bubão”, que evolui com liquefação ou fístula. Dx: coloração de gram em esfregaço da secreção da base da lesão ou da aspiração do bubão, no qual observa-se bacilos G- intracelulares de cadeias paralelas, geralmente acompanhados por bacilos G+ (Fenômeno do Satelismo). A cultura é mais sensível, mas de difícil realização. DxDf: cancro duro, herpes simples, linfogranuloma venéreo, donovanose e erosões traumáticas infectadas. TTO: Tianfenicol, Doxiciclina ou SMX+TRI. Outras opções incluem: Azitromicina, Ceftriaxona, Ciprofloxacino, Tetraciclina e Eritromicina. Associar antissepsia das lesões. Linfogranuloma Venéreo Doença cujo agente etiológico é a Chlamydia trachomatis subtipos L1, L2 e L3, dividida em 3 fases: • Inoculação: pápula, pústula ou exulceração indolor. As lesões são quase imperceptíveis. • Disseminação Linfática Regional: linfadenopatia 1-6 semanas após lesão inicial. Em ♂, é inguinal e unilateral. Em ♀, depende do local de inoculação na genitália externa. O acometimento linfonodal ocorre em fases tardias, e frequentemente cursam com fistulização e devem ser drenadas. Além disso, febre, adinamia, anorexia, sudorese e artralgia. o Contaminação pela Uretra: não cursa com adenopatia. o Infecção com origem retal: acomete linfonodos regionais, causando proctatite estenosante (DxDf CA de reto). • Sequelas decorrentes da obstrução linfática: elefantíase genital, fístulas renais e vaginais. Dx: clínico, suspeitando de todos os pacientes com linfadenite inguinal, elefantíase genital e estenose ureteral ou retal. Laboratorialmente, realiza-se a fixação do complemento (positiva em 4 semanas da infecção = > 1:64), teste de microimunofluorescência (anti-IgG e anti-IgM – inespecífica), cultura do aspirado do linfonodo ou do material de uretra ou cérvice (baixa positividade) e histopatológico (não é específico). TTO: Eritromicina ou Doxiciclina por 21 dias. Alternativas incluem Tianfenicol e SMX+TRI. Donovanose Doença crônica progressiva, de período de incubação longo (30 dias – 6 meses). Comum em climas tropicais. Clínica: ulceração de borda plana ou hipertrófica bem delimitada, fundo granuloso, vermelho e de fácil sangramento, de evolução lenta e progressiva para vegetação, com prevalência em dobras e região perineal. Não há adenopatia. Em mulheres, ocorre obstrução linfática e elefantíase. Dx: biópsia ou histopatologia, identificando os Corpúsculos de Donovan. DxDf: sífilis, TB cutânea, cancro mole, amebíase cutânea, neoplasia cutânea e leishmaniose. TTO: Doxiciclina, SMX+TRI, Ciprofloxacino, Tianfenicol e Eritromicina. Não havendo regressão, associar a Gentamicina. O TTO é feito até o desaparecimento das lesões, o que indica cura. Uretrite Não-Gonocócica Uretrites sintomáticas cuja bacterioscopia ou cultura foram negativas para Gonococo. Etiologias incluem: clamídia (subtipos D, E, F, G, H, I, J e K), ureaplasma, mycoplasma e tricomonas.O período de incubação varia de 14 a 21 dias. Clínica: corrimento mucoide em pouca quantidade, disúria leve e discreta. TTO: Azitromicina, Doxiciclina e Eritromicina. Recomenda-se TTO concomitante de Gonorreia. Herpes Genital Infecção causada pelo herpes vírus tipos 1 e 2, de transmissão predominentemente sexual ou oro-genital em fase aguda ou fora do período de lesão, com período de incubação de 3-14 dias. Clínica: vesículas sobre base eritematosa. TTO: Aciclovir, Valaciclovir ou Fanciclovir para reduzir o tempo dos sintomas, e não curar a doença. HPV Doença de grande incidência, e certa gravidade em mulheres, nas quais pode levar a lesões precursoras de CA de colo uterino (NIC I, II e III). Homens costumam ser assintomáticos. O vírus possui grande período de latência, e permanece incubado até a queda da imunidade do paciente, quando se multiplica e forma verrugas. A vacina objetiva a prevenção da contaminação pelos subtipos causadores de neoplasia. Clínica: possui formas subclínicas ou clínicas, com lesão verrucosa classificadas em: acuminada ou vegetante (crista de galo), plana (lesão esbranquiçada em colo uterino), invertida (lesão em mosaico branco no epitélio uterino) e condiloma gigante. TTO: criocauterização em lesões pequenas e Imiquimode em lesões maiores; Candidíase Causada por fungos do gênero Candida, cursa com queiza de prurido e hiperemia em pênis. Fatores de Risco: sexo oral desprotegido, DM e umidade em roupas íntimas. TTO: higiene local com água boricada ou água com bicarbonato + Cetoconazol creme tópico ou Fluconazol VO em casos mais graves. Postectomia é recomendada em pacientes com associação de fimose, pois a retirada da pele evita a exposição da glande à umidade e calor, impedindo a disseminação fúngica.