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CORRELAÇÃO CLÍNICA: SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO Lara Camila | 4º Semestre J.R.T, sexo masculino, 75 anos de idade, casado, contador, natural e residente em Valença-BA, procura uma USF com queixa de rouquidão, “salivação excessiva” e tontura há 10 meses. Relata piora dos sintomas há 4 meses, quando surgiu disfagia para sólidos. A tontura está associada à fadiga e fraqueza, piorando na posição sentada e em ortostase. Também refere hiperidrose em face e tronco. Frequentemente, cursa com constipação intestinal (1 a 2 evacuações por semana). É portador de diabetes e doença de Parkinson há cerca de 15 anos, além de HAS e transtorno depressivo recorrente. Em uso regular diário de levodopa + benserazida + entacapona, pramipexol, losartana potássica, metformina, glicazida, oxalato de escitalopram, atorvastatina, pregabalina e clonazepam. Principais achados ao exame físico: Regular estado geral e nutricional, com presença de sialorreia, fácies parkinsoniana e disforia. PA: 140 x 100mmHg (decúbito dorsal) e 100 x 60mmHg (sentado). Exame neurológico: fácies parkinsoniana, bradicinesia, instabilidade postural, rigidez muscular, tremor em repouso em MSD, sinal da roda denteada, marcha parkinsoniana. Hipoestesia tátil, vibratória e nociceptiva em região plantar e dorsal dos pés e tornozelos e características de pé de Charnot à direita. Analisando o caso.... A doença de Parkinson está associada às alterações intestinais, como constipação, e aos transtornos psiquiátricos. Sinal da ronda denteada -> característico de Parkinson; Hipoestesia tátil, vibratória e nociceptiva -> neuropatia diabética; Pé de Charcot -> complicação do diabetes; Queda da PA ao sentar-se -> hipotensão postural. Isso ocorre porque o SNA não está sendo capaz de fazer o controle vasomotor e da força de contração cardíaca para regular a pressão arterial média. Considerações anatomofuncionais O sistema nervoso autônomo possui duas divisões: (1) Simpática (2) Parassimpática A porção parassimpática é crânio-sacral; já a porção simpática é toraco-lombar. Além disso, o SNS possui gânglios paravertebrais, que estão localizados próximos às vértebras formando a coluna paravertebral. Quando a fibra pré-ganglionar sai do SNC, irá fazer uma sinapse com a fibra pós-ganglionar no gânglio (conjunto de corpos de neurônios fora do SNC). O neurônio pós-ganglionar, por sua vez, irá fazer a eferência visceral. ➢ Ou seja, independente da divisão do SNA, se for a via simpática ou parassimpática, sempre teremos dois neurônios envolvidos na eferência autonômica: um pré-ganglionar e outro pós-ganglionar. O sistema nervoso simpático e parassimpático forma um sistema que se equilibra mutuamente, de modo que se houver uma lesão das fibras do parassimpático, haverá uma predominância do simpático. ➢ Por isso, pacientes com desautonomia diabética apresentam, inicialmente, taquicardia. Em seguida, com a destruição do simpático – que normalmente ocorre após a lesão do parassimpático – o paciente apresentará arritmias e, muitas vezes, morte súbita. Geralmente, o neurônio pré-ganglionar simpático faz sinapse com mais de um neurônio pós-ganglionar. Assim, a resposta será mais difusa e mais rápida. A fibra pré-ganglionar simpática que sai do corno ventral da medula espinal irá fazer conexão com o neurônio pós-ganglionar que está localizado nos gânglios paravertebrais. Por isso, a fibra pré- ganglionar, quando chega na raiz comum do nervo espinhal, irá entrar no gânglio pelo ramo comunicante branco. A partir de então, irá fazer a sinapse com o neurônio pós-ganglionar, que através do ramo comunicante cinzento, voltará para o nervo espinhal. No entanto, existem situações especiais (1), (2) e (3): O neurônio pré-ganglionar chega no gânglio pelo ramo comunicante branco, em seguida, o neurônio pós- ganglionar irá sair do gânglio pelo ramo comunicante cinzento. Em seguida, ele poderá descer para fazer usa eferência. No entanto, (1) o que pode acontecer é que a fibra pré-ganglionar pode fazer sinapse no gânglio de outro nível medular. ➢ É comum as fibras pré-ganglionares emitirem fibras colaterais e alcançarem níveis de gânglios acima/abaixo do seu nível para estimular uma resposta mais rápida e sincronizada. OBS1: as fibras do pré-ganglionar só entram, pelo ramo comunicante branco, no gânglio paravertebral do mesmo nível. No entanto, podem sair, pelo ramo comunicante cinzento, dos gânglios de níveis diferentes – onde for feita realizada a sinapse. (2)Pode acontecer também de o neurônio pré- ganglionar deixe de fazer sinapse no gânglio paravertebral e irá fazer sinapse no gânglio pré- vertebral (mais afastado da coluna). Esse gânglio pode ser, por exemplo, o gânglio do plexo celíaco. (3) também pode acontecer de o neurônio pré- ganglionar fazer sinapse com o neurônio pós- ganglionar no gânglio, mas não sair do gânglio pelo ramo comunicante cinzento e, assim, vai diretamente para a víscera. DISAUTONOMIA NA DOENÇA DE PARKINSON Depósito de alfa-sinucleína (proteína danificada no Parkinson) forma o corpúsculo de Lewy. Um dos mecanismos mais importantes da fisiopatologia da Doença de Parkinson não é a destruição da substância negra, mas sim a formação dos corpúsculos de Lewy. ➢ Do tronco cerebral para o cérebro (substância negra/mesencéfalo); Estágios de Braak na Doença de Parkinson Quando a doença de Parkinson chega no mesencéfalo e destrói 80% da substância negra (neurônios dopaminérgicos migrais) e a manifestação clínica de tremor e rigidez aparecem, já houve destruição de boa parte da substância negra, então o tratamento deverá ser para impedir a destruição do restante, além de tenta suprir a deficiência dopaminérgica. No entanto, o tronco encefálico, bulbo e ponte também já estão lesados. Ou seja, os núcleos do sistema nervoso do bulbo e da ponte (facial, glossofaríngeo e vago) já estavam lesados nos estágios subclínicos. Braak notou que a lesão vai subindo: bulbo -> mesencéfalo -> córtex cerebral. Braak 1 e 2: estágio subclínico – comprometimento do sistema nervoso autônomo e distúrbios do olfato; Braak 3 e 4: estágio clínico – déficit cognitivo; Braak 5 e 6: envolvimento difuso do córtex cerebral; por isso, 15% dos pacientes do Parkinson irão cursar com demência do corpúsculo de Lewy. Disfunção autonômica na Doença de Parkinson • Hipotensão postural; • Constipação intestinal; • Tempo de contração pupilar prolongado; • Disfagia; CN IX, X • Sialorreia; CN, IX, VII • Alterações da termorregulação; Pacientes com Parkinson possui uma destruição inicial do simpático, por isso, esse paciente terá anidrose principalmente nas extremidades. No entanto, para compensar o paciente apresentará uma hiperidrose na face e porção superior do tronco. • Disfunção vesical; • Disfunção erétil; mais comum na desautonomia do diabetes. NEUROPATIA DIABÉTICA Neuropatia periférica Há dois tipos básicos de neuropatia periférica: (1) Sensitivo-motora; sendo que a mais comum é a sensitiva com perda tátil, nociceptiva e vibratória. É simétrica (acomete os dois membros), é uma polineuropatia e, em casos menos frequentes, pode pegar um segmento de um plexo. Um dos mecanismos de lesão da neuropatia diabética é a destruição do epineuro – bainha que reveste os nervos. Assim, com essa bainha inflamada, o paciente cursará com edema. No antebraço, pode causar a compressão do nervo mediano causando a síndrome do túnel do carpo secundária a uma neuropatia diabética. Além de ter a destruição do sistema de condução elétrica do ritmo cardíaco, o paciente poderá ter uma isquemia miocárdica silenciosa – normalmente, não tem dor, mas sim outro componente de equivalente isquêmico, como a sudorese profusa. (2)Autonômica (NAD – neuropatia autonômica diabética) Fisiopatologia complexa, multifatorial e parcialmente elucidada; Redução na atividade da bomba de Na+/K+ ATPase (ativação via do poliol); ativação da proteína quinase C; Microangiopatia neural; há destruição do endotélio ou aterosclerose dos microvasos que irão irrigar o epineuro e endoneuro. Fenômenos autoimunes; Diminuição de fatores neurotróficos (ex: fator de crescimento neural). Lesão de pequenas fibras amielínicas do SNA, iniciando pelas parassimpáticas; Coexiste com a neuropatia sensitivo-motora em aproximadamente 50% dos casos; Maioria dos pacientes apresentam nefropatia e retinopatia; Manifestações clínicas • Hipotensão postural; • Isquemia miocárdica silente (desnervação cardíaca); • Gastroparesia (hipoglicemia pós-prandial imediata e hiperglicemia pós-prandial tardia); • Disfagia para sólidos; • Disfunção vesical; • Constipação intestinal ou diarreia; • Disfunção erétil;
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