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Virgílio do Nascimento EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS AULA 1 Conceito de Educação INTRODUÇÃO Neste capítulo iremos compreender um dos principais teóricos da educação, Jean Piaget, a formulação de seus estudos e teorias. Faremos uma breve reflexão com um de seus pensamentos sobre a educação e conheceremos os aspectos sociais, cognitivos, afetivos e morais de sua teoria. Navegaremos ainda nos múltiplos significados da palavra educação e verificaremos alguns dos fatores de transformação da educação. JEAN PIAGET (1896-1980) Nascido em 9 de agosto de 1896 em Neuchâtel, Suíça, Piaget era filho de pai universitário de Literatura Medieval. Se tornou um renomado filósofo e psicólogo ,ficando conhecido por seu trabalho no campo da inteligengia infantil. Seus estudos causaram grandes impactos na psicologia e pedagogia. PENSAMENTO PARA REFLEXÃO “O principal objetivo da educação é criar pessoas capazes de fazer coisas novas e não simplesmente repetir o que outras gerações fizeram.” Jean Piaget DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS EDUCAÇÃO Substantivo Feminino Ação ou efeito de educar, de aperfeiçoar as capacidades intelectuais e morais de alguém: educação formal; educação infantil. Processo em que uma habilidade se desenvolve através de seu exercício contínuo: educação musical. Capacitação e/ou formação das novas gerações de acordo com os ideais culturais de cada povo. DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS Civilidade; conhecimento e prática dos hábitos sociais; boas maneiras. Delicadeza; expressão de gentileza, sutileza. Cortesia; amabilidade e polidez na maneira com que se trata alguém. Prática de ensinar, adestrando animais domésticos para as atividades que por eles devem ser praticadas. DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS Didática; reunião dos métodos e teorias através das quais algo é ensinado ou aprendido; relacionado com pedagogia: teoria da educação. Educação Física. Formação de hábitos e comportamentos que incentivem o desenvolvimento corporal e mental, através de exercícios sistemáticos, jogos ou esportes. Etimologia (origem da palavra educação). Do latim, educatio.onis. EDUCAÇÃO: ETIMOLOGIA Iniciamos nossa jornada pela definição dada pelo dicionário sobre o que é educação. Nota-se que ela possui múltiplos significados que podem ser compreendidos em contextos completamente diferentes. Tomemos aquela que aparenta estar mais próxima do pensamento de Piaget. Educação como ação, aperfeiçoamento das capacidades intelectuais e morais. TEORIA DE PIAGET SOBRE A EDUCAÇÃO É sabido que Jean Piaget desenvolveu seus estudos e teorias sobre sólidas bases e tornou seu trabalho grandioso. Este mestre apresentou o conceito de Epistemologia Genética como uma lógica intrínseca da organização do pensamento. Nos escritos de Piaget, podemos encontrar sua inquietação que o acompanhou durante sua vida. Como se produz o conhecimento? TEORIA DE PIAGET SOBRE A EDUCAÇÃO A expressão Epistemologia Genética nos induz inicialmente a ideia de estudos vinculados à área da biologia, envolvendo questões de pesquisas sobre genes, devido a formação inicial de Piaget como biólogo. Porém, neste caso, a genética se refere à gênese, ou seja, estuda a origem do processo de formação do conhecimento, não se detendo às formas prontas que possibilitam o conhecimento. A seguir, iremos abordar os aspectos que ocorrem este processo. ASPECTO SOCIAL Na teoria de Piaget, o aspecto social é um dos menos conhecido. Em alguns momentos foi percebido que algumas pessoas não davam importância à questão social, revelando desconhecimento sobre os estudos de Piaget. ASPECTO SOCIAL Para ele, a interação social é um dos alicerces fundamentais para a construção da cognição, chegando afirmar que “as sociedades humanas repousam quase que exclusivamente sobre uma transmissão e uma formação educativas, isto é, pela ação ‘exterior’ dos indivíduos uns sobre os outros.” (PIAGET, 1977, p. 321). ASPECTO COGNITIVO Ao contrário do aspecto social, o aspecto cognitivo é o campo no qual não havia dúvidas quanto sua importância visto que a maioria das pessoas convergiam para esta perspectiva. ASPECTO COGNITIVO Greenfield (2000) constata a presença do papel social na teoria de Piaget , mas concorda que, nesta abordagem, “o social é muito subordinado ao cognitivo”. ASPECTO COGNITIVO O desenvolvimento cognitivo refere- se ao desenvolvimento mental, especificamente no que diz respeito ao significado da cognição. ASPECTO COGNITIVO Piaget (1964, p.176) resume a questão da cognição afirmando que “para entender o desenvolvimento do conhecimento, devemos começar com uma ideia que me parece central – a idéia de uma operação. Conhecimento não é uma cópia da realidade.” A partir deste núcleo, elabora a teoria construtivista operacional. ASPECTO COGNITIVO O aprendizado cognitivo é o processo que compreende fatores próprios do pensamento, sendo particular ao ser humano e constituiu um recorte muito comum nas análises da Epistemologia Genética. ASPECTO COGNITIVO Essa aprendizagem aparece como conseqüência da atividade operacional, pois “uma operação é assim a essência do conhecimento; é uma ação interiorizada que modifica o objeto de conhecimento” (PIAGET, 1964, p.176). ASPECTO AFETIVO “É totalmente evidente que para a inteligência funcionar, faz-se necessário um motor que é o afetivo. Nunca se conseguirá resolver um problema se o problema não é de seu interesse. O interesse, a motivação afetiva, isto é o que move tudo.” (BRINGUIER, 1977, p.80). ASPECTO AFETIVO Apesar de ser outra área relativamente desconhecida nos estudos de Piaget, inclusive porque ele próprio demonstrou interesse principal na cognição. Sua teoria revelou a importância do aspecto afetivo. ASPECTO AFETIVO Ao analisar a organização das capacidades afetivas, Piaget elaborou um modelo que nos permite acompanhar a evolução do individuo em sua busca da maturidade emocional, cuja construção acontece simultaneamente ao desenvolvimento cognitivo. ASPECTO MORAL Ao tratarmos a educação, a moral possui um significado fundamental. Neste contexto, o desenvolvimento do individuo se relaciona com os valores assimilados e praticados pelo processo praticado pela educação. ASPECTO MORAL “O desenvolvimento moral é visto como similar ao desenvolvimento cognitivo, porém diverso dele na função: ao passo que este último funciona com respeito ao mundo físico, a função do desenvolvimento moral é ordenar o mundo social. O desenvolvimento moral carrega cada vez mais um compromisso de agir (grifo do A.) em relação aos valores específicos da pessoa. Onde esse compromisso é fraco, como na fase egocêntrica ou na fase pré-convencional, a escolha do comportamento num dilema moral tem probabilidades de relacionar-se com benefícios de custo ou com hábitos; em fases mais elevadas, a escolha do comportamento tem maiores probabilidades de concordar com os valores morais da pessoa. “(BIGGS, 1980, p. 229) EDUCAÇÃO: UM MUNDO EM MUDANÇA Para iniciarmos nossa compreensão sobre os fatores que influenciaram as transformações na educação, necessitaremos nos apropriar de fatos históricos que ocorreram e ainda ocorrem em nossa sociedade. PROCESSOS PRODUTIVOS Mudanças no processo de produção industrial vinculadas aos avanços tecnológicos e científicos, do perfil da força de trabalho, e qualificação para processo produtivo. COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO Novas tecnologias da comunicação e informação, expansão e divulgação da informação, formas novas de produção, apropriação da cultura, rompimento da divisão entre realidade e imagem, vida e arte. MUDANÇA DE PARADIGMA Transformação nos paradigmasde conhecimento, alicerçando a não divisão entre sujeito e objeto, a construção social do conhecimento, o caráter da ciência, a acentuação da linguagem. POLÍTICA Mudanças nas formas de fazer política: descrédito nas formas mais tradicionais, surgimento de movimentos novos, sujeitos sociais, novas identidades culturais e sociais. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao considerarmos a educação sob o ponto de vista da teoria de Jean Piaget, verificamos que ela ocorre não apenas por um processo cognitivo, mas social, afetivo e moral. Notamos que ambos se desenvolvem simultaneamente no individuo enquanto cresce e amadurece sua intelectualidade. Verificamos ainda que a educação está em constante transformação, influenciada por fatores produtivos, políticos e de mudança de paradigma. SUGESTÃO DE LEITURAS E DE FILMES Leitura Filme GLOSSÁRIO Cognição: Aquisição de conhecimento; capacidade de discernir, de assimilar esse conhecimento; percepção. Epistemologia: Reflexão sobre a natureza, o conhecimento e suas relações entre o sujeito e o objeto; teoria do conhecimento. REFERENCIA BIBLIOGRÁFICAS Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/jean-piaget- biografia/53974. Disponível em: https://www.dicio.com.br/educacao/. GREENFIELD, P. Culture And Universals: Integrating Social And Cognitive Development. In: NUCCI; SAXE; TURIEL (Ed.). Culture, thought and development. New Jersey: Lawrence Erlbaum Ed, 2000. p. 231-278. BIGGS, J.B. A Educação E O Desenvolvimento Moral. In: VARMA, V. P.; WILLIAMS, P. (Org.). Piaget, Psicologia E Educação. Tradução Octavio Cajado. São Paulo: Cultrix, 1980. p. 209-232. LIBÂNEO, José Carlos. Educação Na Era Do Conhecimento Em Rede E Transdisciplinaridade. São Paulo: Alínea, 2005. BRINGUIER, J-C. Conversations Libres Avec Jean Piaget. Paris: Ed. Robert Laffont, 1977. Development and learning. Journal of Research in Science Teaching, v.2, p. 176-186, 1964b. Virgílio do Nascimento EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS AULA 2 A Importância da Educação no Processo da Formação Humana INTRODUÇÃO Em nosso estudo sobre a importância da educação na formação do ser humano iremos nos encontrar com Aristóteles, filósofo que se preocupou em estudar a essência do ser humano. Navegaremos nas percepções do corpo e do mundo por meios sensoriais e motores próprios do ser humano que busca compreender o mundo e a si próprio. Vamos nos deparar com a questão do que é o ser e principalmente o que é o ser humano e como a educação é uma ferramenta em seu processo de construção. ARISTÓTELES Aristóteles (384 a.C.–322 a.C.) foi um importante filósofo grego. Pensador com maior influência na cultura ocidental. Foi discípulo de Platão. Formulou um sistema filosófico no qual abordou e pensou sobre praticamente todos os assuntos existentes, como a geometria, física, metafísica, botânica, zoologia, astronomia, medicina, psicologia, ética, drama, poesia, retórica, matemática e lógica. PENSAMENTO PARA REFLEXÃO “A educação tem raízes amargas, mas os frutos são doces.” Aristóteles O homem, bicho da Terra tão pequeno Chateia-se na Terra Lugar de muita miséria e pouca diversão, Faz um foguete, uma cápsula, um modulo Toca para a Lua Desce cauteloso na Lua Pisa na Lua Planta bandeirola na Lua Experimenta a Lua Coloniza a Lua Civiliza a Lua Humaniza a Lua. Lua humanizada: tão igual à Terra. O home chateia-se na Lua. Vamos para Marte – ordena suas máquinas. Elas obedecem, o homem desce em Marte, pisa em Marte Experimenta Coloniza Civiliza Humaniza Marte com engenho e arte. Marte humanizado, que lugar quadrado. Vamos a outra parte? Claro, diz o engenho Sofisticado e dócil. Vamos a Vênus. O homem põe o pé em Vênus, Vê o visto – é isto? Idem Idem Idem O homem funde a cuca se não for a Júpiter Proclamar justiça junto com injustiça Repetir a fossa Repetir o inquieto Repetitório. O HOMEM; AS VIAGENS Outros planetas restam para outras colônias. O espaço todo vira Terra-a- terra. O homem chega ao Sol ou dá uma volta só para tever? Não-vê que ele inventa Roupa insiderável de viver no Sol. Põe o pé e: Mas que chato é o Sol, falso touro Espanhol domado. Restam outros sistemas fora Do solar a colonizar. Ao acabarem todos Só resta ao homem (estará equipado?) A dificílima dangerosíssima viagem De si a si mesmo: Pôr o pé no chão Do seu coração Experimentar Colonizar Civilizar Humanizar O homem Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas A perene, insuspeitada alegria De com-viver. DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004. p. 718- 719 O HOMEM; AS VIAGENS O MUNDO Desde tempos muito antigos, o ser humano se pergunta: Quem sou eu? De onde vim? Para onde vou? Esta tríade conduziu investigações em cenários distintos e amplos com a intenção de obter respostas. O MUNDO Da mitologia antiga até a atual ciência foram elaboradas inúmeras explicações sempre despertando novas questões. Isto convergiu para o problema do mundo e da realidade no qual os seres humanos estão inseridos. METAFÍSICA: A PROCURA DA REALIDADE ESSENCIAL As crianças na sua descoberta do mundo. Reparemos que nesta fase da vida, nossa investigação da realidade é acima de tudo sensorial e motora. Você é capaz de se recordar de experiências como estas? METAFÍSICA: A PROCURA DA REALIDADE ESSENCIAL Num berço, um bebê observa encantado um colorido móbile rodopiando sobre ele, enquanto chupa os dedinhos do pé, descobrindo assim o próprio corpo e o mundo ao seu redor. METAFÍSICA: A PROCURA DA REALIDADE ESSENCIAL As expressões corporais e olhos curiosos e atentos parecem dizer: O que é isto que estou experimentando a cada momento? O que é isto que vejo e ouço? Que cheiro e sabor são estes? Como funciona tudo isto? METAFÍSICA: A PROCURA DA REALIDADE ESSENCIAL. Como podemos perceber, investigar o mundo ao nosso redor é uma experiência básica do ser humano e fundamental para nossa existência e adaptação à vida. Contudo, com o decorrer do tempo, após aprendermos o que se apresentava como relevante para nossa subsistência, tendemos a esquecer estes momentos. METAFÍSICA: A PROCURA DA REALIDADE ESSENCIAL A filosofia, no entanto, mantém esta chama acesa, questionando de forma metódica e fundamentada na razão, o que é este mundo e esta realidade que envolve e penetra profundamente os seres humanos. Neste sentido, as mais radicais investigações se denomina metafísica. METAFÍSICA: A PROCURA DA REALIDADE ESSENCIAL. Ela é uma área de estudo filosófico em que se busca a realidade fundamental das coisas, ou seja, sua essência. Por esta razão, Aristóteles a definiu como a ciência do ser enquanto ser. Mais o que é o ser? O QUE É O SER É deveras delicada a tarefa de definir o substantivo ser no contexto da filosofia. Assim como em diversos conceitos filosóficos, cada pensador deixou sua contribuição, ora tirando, ora acrescentando algo. O QUE É O SER Entretanto, é possível dizer de forma simplista que ser é uma definição genérica usada para referir-se a qualquer coisa que é, quaisquer coisa que existe – por exemplo, uma pedra, uma mulher, um pássaro. Neste sentido, o termo específico e adequado seria ente. O QUE É O SER Geralmente, como estes entes se apresentam para nós de forma distinta e própria, ou seja, de maneira que um não se confunde com o outro, assim como a pedra não se confunde com o homem, estaremos inclinados a pensar que eles são algo caracteristicamente distinto e próprio um do outro. O QUE É O SER Ao supormos quetodas estas coisas são de forma característica distintas e próprias, acabamos por inferir que cada uma delas tem algo que é intrínseco, inerente e essencial que a determina e a constitui. O SER HUMANO Em nossa breve investigação sobre o mundo e a realidade, nos deparamos com outros elementos para iniciarmos outra investigação, quem sabe, essencial para todos nós: aquela que corresponde à nossa humanidade. CULTURA OU NATUREZA: UM SER EM MEIO A DOIS MUNDOS O ser humano é diferente um do outro ao mesmo tempo que é igual. Sustentar a ideia de igualdade é reconhecer a existência de uma unidade que o coloca sob as forças das mesmas leis. Afirmar a diferença é valorizar a rica diversidade da vida. CULTURA OU NATUREZA: UM SER EM MEIO A DOIS MUNDOS Poderíamos falar de homens e mulheres, idosos, crianças e adultos, brancos, negros, amarelos, ricos e pobres, heterossexuais e homossexuais. Entretanto, apesar desta imensa diversidade, em todos os casos estamos falando do ser humano. CULTURA OU NATUREZA: UM SER EM MEIO A DOIS MUNDOS Isto nos induz à inevitável questão, que motivou atenção de muitos filósofos e estudiosos das diversas disciplinas ao longo do tempo: o que é o ser humano? HUMANOS E ANIMAIS Podemos concluir que, o ser humano, diferentemente dos outros animais, não são apenas seres biológicos produzidos pela natureza. São seres que modificam o próprio estado da natureza. Isto que dizer que somos seres culturais. SÍNTESE DO SER HUMANO A característica mais peculiar do ser humano é a capacidade de aprender e inventar, de perceber, interpretar e comunicar o que percebeu, transformar a si próprio e o mundo ao seu redor. Isto parece estar intimamente ligado ao seu sistema nervoso, mais especificamente, o cérebro. EDUCAÇÃO: FERRAMENTA DE TRANSFORMAÇÃO DO SER HUMANO Baseando-se em nossos estudos, verificamos com certo assombro a complexidade do ser humano. Começaremos, a partir de agora, a verificar a importância da educação na construção do ser humano. EDUCAÇÃO: FERRAMENTA DE TRANSFORMAÇÃO DO SER HUMANO A educação como ação, ou seja, ato de aprimoramento intelectual, social, afetivo e moral é uma ferramenta poderosa na transformação do ser humano e conseqüentemente na sociedade onde vive e interage. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS: ARTIGO 26 Todos os seres humanos têm direito à educação. A educação será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A educação elementar será obrigatória. A educação técnico-profissional será acessível a todos, bem como a educação superior, esta baseada no mérito. A educação será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A educação promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao finalizarmos nosso breve estudo sobre um assunto gigantesco como este, podemos considerar modestamente que o ser humano é um ser complexo e fascinante por natureza. Compreendemos que em sua jornada em busca de perceber o mundo e a si próprio é deveras uma tarefa árdua. Contudo, a educação é a chave que possibilita o seu aprimoramento fazendo com que o ser humano contribua com uma sociedade justa e igualitária para a presente e futura geração. SUGESTÃO DE LEITURAS E DE FILMES Leitura Filme GLOSSÁRIO Móbile: A escultura tradicional se expressa por intermédio do arranjo de formas sólidas. Os móbiles são geralmente compostos de frágeis elementos ligados frouxamente por um sistema de hastes finas. Esses elementos balançam suavemente e giram livremente, descrevendo uma infinita variedade de movimentos curvos. Os escultores se servem de várias cores, texturas e materiais para os móbiles. Metafísica: Teoria filosófica que busca entender a realidade de modo ontológico (natureza do ser), teológico (essência de Deus e da religião) ou suprassensível (além dos sentidos). REFERENCIA BIBLIOGRÁFICAS Disponível em: https://www.ebiografia.com/aristoteles/. Acesso em 10/6/19. Disponível em: https://br.depositphotos.com/161096184/stock-photo- afro-american-businessman-touching-face.html. Acesso em 10/6/19. Disponível em: https://www.dicio.com.br/mobile/Acesso em 10/6/19. COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia. 2ª Edição. São Paulo:Saraiva, 2013. Virgílio do Nascimento EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS AULA 3 Introdução aos Conceitos de Direitos Humanos INTRODUÇÃO Neste capítulo iremos abordar os aspectos históricos e conceituais nos quais os direitos humanos foram concebidos. Faremos uma breve reflexão introdutória sobre os direitos humanos e ainda veremos por meio da letra da música “Comida” da banda Titãs que os direitos essenciais estão presentes nela. Jürgen Habermas foi um dos teóricos que abordaram a questão dos direitos humanos em seus estudos, como veremos a seguir. JÜRGEN HABERMAS Jürgen Habermas (1929) é um filósofo alemão e um dos mais influentes sociólogos do pós- guerra. É conhecido por suas teorias sobre a razão comunicativa e considerado um dos mais importantes intelectuais contemporâneos. PENSAMENTO PARA REFLEXÃO “Envergonhe-se de morrer até que você tenha alcançado uma vitória para a humanidade. Jürgen Habermas Bebida é água! Comida é pasto! Você tem sede de quê? Você tem fome de quê?... A gente não que só comida A gente quer comida Diversão e arte A gente não quer só comida A gente quer saída Para qualquer parte... A gente não quer só comida A gente quer bebida Diversão, balé A gente não quer só comida A gente quer a vida Como a vida quer... Bebida é água! Comida é pasto¹ Você tem sede de quê? Você tem fome de quê?... A gente não quer só comer A gente quer comer E quer fazer amor Agente não quer só comer A gente quer prazer Pra aliviar a dor... COMIDA (TITÃS) A gente não quer só dinheiro A gente quer dinheiro e felicidade A gente não quer Só dinheiro Agente quer inteiro E não pela metade ... Diversão e arte Para qualquer parte Diversão, balé Como a vida quer Desejo, necessidade, vontade Necessidade, desejo! Necessidade, vontade! Necessidade... Arnaldo Antunes/ Marcelo Fromer/ Sérgio Britto. Comida. Intérprete: Titãs. In: Jesus não Tem dentes no País dos Banguelas. Rio de Janeiro: WEA, 1987. COMIDA (TITÃS) DIREITOS HUMANOS A ideia de direitos humanos apareceu depois da Segunda Guerra Mundial, mediante as barbaridades e conseqüências destrutivas produzidas por ela. DIREITOS HUMANOS A Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 10/12/1948 pela Organização das Nações Unidas (ONU), que foi criada em 1945, tinha por objetivo fomentar o diálogo e impedir conflitos entre países, por fatores políticos, econômicos e culturais. DIREITOS HUMANOS A Declaração Universal dos Direitos Humanos teve, por fundamento, os direitos essenciais à liberdade, vida e o reconhecimento da diversidade como forma de combater ações discriminatórias. DIREITOS HUMANOS Diversos tratados internacionais de direitos humanos e outros dispositivos adotados a partir de 1945 ampliaram o corpo do Direito Internacional sobre os direitos humanos. DIREITOS HUMANOS Estes tratados incluem a Repressão do Crime de Genocídio e a Convenção para a Prevenção (1948). A Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (1965). DIREITOS HUMANOS A Convenção sobre a Eliminação sobre Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (1979).A Convenção sobre os Direitos da Criança (1989). E a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006), dentre outras. DIREITOS HUMANOS Os direitos humanos são valores inegociáveis e universais, que objetivam o respeito mútuo em detrimento a restritos privilégios de determinados grupos. Por esta razão, não devem ser pensados como benefícios particulares da elite. DIREITOS HUMANOS É sabido que a simples declaração de direito não faz com que ele realmente seja implementado na prática. No entanto, ele abre espaço para sua reivindicação. Os direitos humanos não toleram a injustiça e a desigualdade. DIREITOS HUMANOS É necessário perceber que os indivíduos não são tão somente beneficiários neste processo histórico de consolidação dos direitos humanos. São também autores responsáveis pela construção e reivindicação da ampliação e garantia destes direitos. DIREITOS HUMANOS A maioria das conquistas vinculadas aos direitos humanos são resultados de processos históricos e frutos das mobilizações sociais e demandas impostas pela própria população que, por sua vez, fazem parte destes processos. DIREITOS HUMANOS Desta forma, as lutas pela liberdade e igualdade expandiram os direitos políticos e criaram espaços de reivindicação para a criação de direitos sociais para as minorias: mulheres, negros, homossexuais, crianças, índios, jovens, idosos. DIREITOS HUMANOS As lutas populares pela participação política ampliaram os direitos civis: direito de oposição à censura, tortura, tirania. Direito de fiscalização do Estado por meio de partidos políticos, sindicatos e associações. Direito à informação sobre as decisões do governo. DIREITOS HUMANOS Entretanto, este cenário aparentemente ideal não é a realidade de muitos países, onde o acesso aos direitos de humanos e de cidadania são limitados ou nulos. É inconcebível a ideia de que alguns países do mundo ainda se encontram nesta situação. DIREITOS HUMANOS A divisão dos direitos políticos, sociais e civis não deve nos induzir a perder de vista uma característica intrínseca dos direitos humanos que seria a sua indivisibilidade, ou seja, os direitos humanos não podem ser exercidos parcialmente. DIREITOS HUMANOS Todos os cidadãos devem usufruir do conjunto total dos direitos humanos e de cada direito em sua totalidade. Este fato nos remete à Declaração e Programa de Ação de Viena (1993), que declara a universalidade dos direitos, sua indivisibilidade e interdependência. DIREITOS HUMANOS Com esta premissa, os direitos devem ser tratados de maneira global, equitativa e justa. Apesar da existência de características específicas de cada localidade, cultura e contexto devam ser consideradas, o Estado tem o dever de proteger de forma integral os direitos humanos, independentemente de sistemas econômicos, políticos, sociais e culturais de cada país. DIREITOS HUMANOS Aprendemos que a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi criada em 1948, após a Segunda Guerra Mundial. No entanto, são necessários aprimoramentos constantes em seus postulados para garantir sua cobertura satisfatória. Órgãos internacionais como a ONU, monitora a ocorrência de abusos aos direitos humanos no mundo. As guerras entre nações, conflitos militares oficiais e forças de oposição costumam desrespeitar os direitos humanos fazendo-se necessária a intervenção de instituições internacionais. DIREITOS HUMANOS NO BRASIL Em nossa base constitucional, em seus princípios fundamentais, a Constituição Federal, quanto às relações internacionais, estabelece em seu Art. 4º a garantia de direitos que protejam a pessoa humana. Já nas Disposições Constitucionais Transitórias existe também um artigo que ressalta o compromisso do Brasil com a causa dos direitos humanos. DIREITOS HUMANOS NO BRASIL Na legislação específica é contemplada a garantia plena da segurança social, democratização das instituições, respeito aos direitos fundamentais, fortalecimento da cidadania como engrenagens essenciais no condicionamento da qualidade de vida dos cidadãos. Como exemplos de leis que garantem os direitos humanos no Brasil, temos: Direito à Vida Lei N.o 9.807 de 13/7/99. Estabelece normas para programas de proteção a vítimas e testemunhas ameaçadas. DIREITOS HUMANOS NO BRASIL Lei N.o 9.474 de 22/7/1997. Define mecanismos para a implementação do Estatuto dos Refugiados, de 1951. Direitos e Garantias Individuais Lei N.o 9.455 de 7/4/1997. Define os crimes de tortura. Direitos dos Segmentos Sociais Negros e minorias étnicas. Lei N.o 7.716 de 5/1/1989. Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor decorrentes de racismo. DIREITOS HUMANOS NO BRASIL Mulheres. Lei N.o 11.340 de 7/8/2006. Elabora mecanismos de coibição da violência domestica contra a mulher. Pessoa com deficiência. Lei N.o 10.098 de 19/12/2000. Cria normas e critérios para garantir a acessibilidade. Diversidade sexual. PLC N.o 122/06. Objetiva criminalizar a homofobia. Idosos. Lei N.o 10.741 de 1/10/2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso. Crianças e Adolescente. Lei N.o 8.069 de 13/7/1990. Dispões sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente. PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS No ano de 1996, o governo brasileiro lançou a primeira versão do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-I), que abordava somente os direitos políticos e civis. Em maio de 2002, foi lançado o PNDH-II, onde se incorporava ao primeiro os direitos sociais, econômicos, ambientais e culturais. Já o PNDH-III de dezembro de 2009 tratou dos direitos universais como educação, saúde, agricultura, meio ambiente, desenvolvimento social, entre outros. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como vimos em nossos estudos, os direitos humanos foram criados em decorrência dos horrores produzidos pela Segunda Guerra Mundial em 1945. Verificamos ainda que, atualmente a Organização das Nações Unidas monitora os abusos que ainda são praticados em pleno século XXI oriundos de relações belicosas entre países ou conflitos militares internos. No Brasil, constatamos que a nossa legislação tem aderência com os objetivos e propósitos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. SUGESTÃO DE LEITURAS E DE FILMES Leitura Filme GLOSSÁRIO Intrínseco: Que faz parte da essência de alguém; que é característico, próprio, essencial ou fundamental; inerente: qualidade intrínseca. Que existe por si só e se estabelece fora de qualquer convenção: o valor intrínseco de uma moeda. Que está no interior, na parte interna de; interno. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS Sociologia em movimento. 1ª Edição. São Paulo. Moderna, 2013. Disponível em: https://w.zww.ebiografia.com/jurgen_habermas/. Disponível em: https://exercicios.brasilescola.uol.com.br/exercicios- geografia/exercicios-sobre-declaracao-universal-dos-direitos- humanos.htm#resp-4. Disponível em: https://www.gabarite.com.br/questoes-de- concursos/disciplina/61-direitos-humanos. Disponível em: https://www.dicio.com.br/intrinseco/. Imagens disponíveis em: google.com.br. Virgílio do Nascimento EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS AULA 4 Direitos Humanos, Democracia e Cidadania INTRODUÇÃO Nesta aula faremos uma introdução aos direitos humanos buscando enfatizar a importância da conscientização do povo frente ao Estado Democrático de direitos, para que se torne evidente a necessidade da participação da sociedade para a construção de uma cultura em Educação e Direitos Humanos. THOMAS HUMPREY MARSHALL Foi um sociólogo britânico, conhecido principalmente por seus ensaios, entre os quais se destaca "Cidadania e Classe Social”, publicado em 1950, a partir de uma conferência proferida no ano anterior. PENSAMENTO PARA REFLEXÃO “Somentecom a legítima liberdade de expressão, pluralidade de informação, respeito a cidadania, e permanente vigilância contra as tentativas de cercear o Estado democrático de direito, é que poderemos pensar em transformar Regimes de Força, em Regimes de Direito.” Paulo Miranda Ô pacato cidadão, te chamei a atenção Não foi à toa, não C'est fini la utopia, mas a guerra todo dia Dia a dia não E tracei a vida inteira planos tão incríveis Tramo à luz do sol Apoiado em poesia e em tecnologia Agora à luz do sol Pacato cidadão Ô pacato da civilização Pacato cidadão Ô pacato da civilização Ô pacato cidadão, te chamei a atenção Não foi à toa, não C'est fini la utopia, mas a guerra todo dia Dia a dia não E tracei a vida inteira planos tão incríveis Tramo à luz do sol Apoiado em poesia e em tecnologia Agora à luz do sol Pra que tanta TV, tanto tempo pra perder Qualquer coisa que se queira saber querer Tudo bem, dissipação de vez em quando é bão Misturar o brasileiro com alemão Pacato cidadão Ô pacato da civilização Ô pacato… PACATO CIDADÃO (SKANK) DEMOCRACIA A ideia de democracia como “poder do povo” nasceu na Antiga Grécia, em meados do Século V a.C. A terminologia demokratia é composta por demos (povo) e kratos (poder). DEMOCRACIA A democracia é então um regime político que pressupõe um governo direto ou indireto da população em face de eleições regulares para cargos administrativos do país, estado ou município. DEMOCRACIA Logo, o conceito de iniciativa popular vai de encontro ao Estado controlado pelo rei (autocracia) ou por um grupo específico (aristocracia ou oligarquia). DEMOCRACIA O significado exato de “poder do povo” depende da época histórica e sociedade que tomamos como referência, além de diferenças ideológicas e conceituais. O atributo cidadão já foi usado exclusivamente como proprietário de terras. DEMOCRACIA Para algumas sociedades, o conceito de democracia refere-se apenas à esfera política (votar e ser votado). Em outras, aplica-se à área econômica (participação do orçamento público). DEMOCRACIA Estas diferenças apontam a grande variedade de matizes conceituais e ideológicas entre as formas de governo que se denominam democráticas. Existe ainda nações que pretendem impor a democracia. DEMOCRACIA Quais as características para um governo democrático? É difundida em nossa sociedade a ideia de que todos devem ter direitos e deveres iguais independente de classe social. DEMOCRACIA No entanto, o que aparenta ser óbvio é na verdade um dilema da sociedade contemporânea e uma luta de classes e atendimento de interesses particulares. DEMOCRACIA Até entre os antigos gregos a ideia da existência de um povo contemplava apenas os cidadãos, ou seja, a minoria (homens adultos, nativos e que fossem proprietários). DEMOCRACIA O conceito de povo que compartilha direitos e deveres só aparece séculos depois na Idade Contemporânea (Pós Revolução Francesa no fim do século XVIII). A partir daí, o homem é visto como juridicamente igual, podendo se pesar em democracia como um governo de todos, “do povo, pelo povo e para o povo”. DEMOCRACIA A democracia, entretanto, não foi o sistema político adotado de maneira predominante na história. Desde sua elaboração, em Atenas, até o século XIX, poucos governos a adotaram e, quando assim o fizeram, sempre foi em resposta à luta de classe, ou seja, grupos excluídos do processo de tomada de decisões políticas. A democracia foi de fato conquistas das sociedades. CIDADANIA Para Émile Durkheim, o conceito de cidadania estava vinculado à idea de coesão social fundamentada com base na solidariedade orgânica, que é gerada pela divisão do trabalho expressa no direito civil. CIDADANIA Em seu livro “Cidadania, classe social e status”, o sociólogo britânico Thomas H. Marshall analisou a relação da cidadania e os direitos no contexto da história. O conceito de cidadania segundo ele começou surgir apenas nos séculos XVII e XVIII e de maneira bem tímida por meio dos direitos civis. Estes direitos começaram a constar nas leis européias, não significando que chegaram a todas as pessoas. O cidadão, em pleno gozo de seus direitos, eram os proprietários de terras. CIDADANIA Atualmente, o conceito de ser cidadão é ter garantidos todos os direitos civis, sociais e políticos que afirmam a possibilidade de um vida plena e com qualidade. Estes direitos não foram simplesmente conferidos, mas reivindicados, assumidos e integrados pelas leis, autoridades e pela sociedade em geral. A cidadania não é dada, mas construída num processo de organização, intervenção e participação de indivíduos e grupos. CIDADANIA Em resumo, o conceito de cidadania veio por meio das lutas de classes que estruturaram os direitos universais do cidadão. Desde o século XVIII,várias ações e movimentos foram necessários para que se expandisse o conceito e prática da cidadania. Desta forma podemos pensar que defender a cidadania é lutar pelos direitos pelo exercício da democracia. CIDADANIA Thomas H. Marshall analisou a evolução da cidadania, baseando-se na situação da Inglaterra em meados do século XX. Dividiu a cidadania em formal e real. A cidadania formal decorre da Constituição e leis específicas de cada país. É a que estabelece que todos somos iguais perante a lei. A cidadania real (substantiva) é a que está presente no cotidiano. Ela revela que apesar das leis existe desigualdade. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS A presente Declaração Universal dos Direitos Humanos tem como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS Artigo I Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS Artigo II 1 - Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS Artigo II 2 - Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS Artigo III Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Artigo IV Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS Artigo V Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo. Artigo VI Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei. CONSIDERAÇÕES FINAIS Sendo o Tratado Internacional do Direitos Humanos, através da Organização das nações unidas, um dos meios de se garantir os direitos fundamentais inerentes da pessoa humana, e setratando a Democracia de um regime político em que a soberania é exercida pelo povo, e sendo uma de suas principais funções a proteção dos direitos humanos fundamentais. Cabe ao povo perceber e pronunciar-se democraticamente, participando de sua fomentação social através dos foros e conferencias sobre o tema, a fim de serem empoderados quanto aos meios de garantir seus direitos e por fim seguirem construindo uma sociedade digna e dotada de funcionais garantias constitucionais. SUGESTÃO DE LEITURAS E DE FILMES Leitura Filme REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Sociologia em movimento. 1ª Edição. São Paulo. Moderna, 2013. TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o ensino medio. 3ª Edição. São Paulo. Saraiva, 2013. Imagens disponíveis em: google.com.br Virgílio do Nascimento EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS AULA 5 Educação em Direitos Humanos como Instrumento para Efetivação dos Direitos Fundamentais e Garantia da Cidadania INTRODUÇÃO Neste capítulo iremos analisar como a educação em direitos humanos é uma ferramenta importante para a construção da cidadania. Conheceremos Abraham Magendzo Kolstrein, um pensador da educação que contribuiu com seu trabalho para a construção deste conceito. Veremos ainda um amplo debate jurídico sobre a distância entre o diálogo sobre a educação em direitos humanos e sua efetivação propriamente dita. ABRAHAM MAGENDZO KOLSTREIN Professor de Estado em Educação da Universidade do Chile, Doutorem Educação pela Universidade da Califórnia, Estados Unidos e Pós-doutorado em Currículo do Instituto de Educação da Universidade de Londres, Inglaterra. PENSAMENTO PARA REFLEXÃO “A educação em direitos humanos é um meio propício para encarnar e recriar valores, porque situa a dignidade humana como valor fundante de uma ética e uma moral e porque desde a vigência dos direitos humanos se articulam os valores de liberdade, a justiça e a igualdade, a democracia, o pluralismo e o respeito.” Abraham Magendzo Kolstrein É!A gente quer valer o nosso amor A gente quer valer nosso suor A gente quer valer o nosso humor A gente quer do bom e do melhor...A gente quer carinho e atenção A gente quer calor no coração A gente quer suar, mas de prazer A gente quer é ter muita saúde A gente quer viver a liberdade A gente quer viver felicidade... É! A gente não tem cara de panaca A gente não tem jeito de babaca A gente não está Com a bunda exposta na janela Prá passar a mão nela...É!A gente quer viver pleno direito A gente quer viver todo respeito A gente quer viver uma nação A gente quer é ser um cidadão A gente quer viver uma nação...É! É! É! É! É! É! É!... É! A gente quer valer o nosso amor A gente quer valer nosso suor A gente quer valer o nosso humor A gente quer do bom e do melhor...A gente quer carinho e atenção A gente quer calor no coração A gente quer suar, mas de prazer A gente quer é ter muita saúde A gente quer viver a liberdade A gente quer viver felicidade... É (GONZAGUINHA) É! A gente não tem cara de panaca A gente não tem jeito de babaca A gente não está Com a bunda exposta na janela Prá passar a mão nela... É! A gente quer viver pleno direito A gente quer viver todo respeito A gente quer viver uma nação A gente quer é ser um cidadão A gente quer viver uma nação A gente quer é ser um cidadão A gente quer viver uma nação A gente quer é ser um cidadão A gente quer viver uma nação... É (GONZAGUINHA) EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS E A GARANTIA DA CIDADANIA Nos dias atuais, nos deparamos com um amplo debate jurídico acerca da educação em direitos humanos como fator determinante para a efetivação destes mesmos direitos e a garantia da plena cidadania. Sólidas contribuições foram realizadas nas análises entre a educação em direitos humanos, essencialmente por pesquisadores jurídicos, que investigaram o papel da educação para o desenvolvimento efetivo dos direitos humanos. EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS E A GARANTIA DA CIDADANIA O conhecimento produzido por meio destas pesquisas, que levou vários acadêmicos à conclusões uniformes, dever ser matéria da atenção de outras especialidades, em função de suas implicações diretas e indiretas nas instituições educacionais, sociais, políticas e econômicas. Vários pesquisadores têm considerado que a educação em direitos humanos é uma assunto contemporâneo. Tendo como base esta afirmação, seria possível concluir que educar e formar cidadãos, sem no entanto adicionar os conteúdos de cidadania, seria alienação da cidadania. EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS E A GARANTIA DA CIDADANIA Da mesma forma que o Direito, os direitos humanos são vistos sob um perspectiva muito simplória pela maioria da sociedade. São percebidos apenas como dispositivos para proteção dos próprios interesses individuais ou coletivos, e não como uma garantia destinadas a todos os seres humanos. Diante desta ótica, a educação em direitos humanos deve romper essa visão, fomentando, em cada indivíduo, a concepção de que estes direitos são inerentes ao homem, e que é inconcebível que seja privado deles. EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS E A GARANTIA DA CIDADANIA No entanto, é fatídica que em nossa cultura é bombardeada com vícios e preconceitos que são repetidos no dia a dia. Presenciamos ou praticamos, de maneira constante, alguma forma de discriminação, desrespeito ao direito alheio ou colocando à margem o que é diferente. Para que isto seja subjugado, devemos nos conscientizar destes aspectos de cultura negativa e procurarmos promover mudanças efetivas. EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS E A GARANTIA DA CIDADANIA Não conseguiremos mudar a realidade sem transformar a cultura que a determina, e apenas se altera a cultura por meio da educação que promove mudanças. Por isto, a relevância de uma educação libertadora, que estimula o aluno a ter uma visão crítica do mundo, avisando-o das problemáticas pertencentes à sociedade que o cerca oportunizando sua discussão e enfrentamento dos mesmos. EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS E A GARANTIA DA CIDADANIA Esta matéria relativa à educação e direitos humanos perfazem um dos eixos temáticos mais importantes do mundo acadêmico em termos de pesquisas nos últimos anos da esfera das ciências jurídicas. É um tema aberto e complexo e possui repercussões de âmbito educacional, social, político econômico, questionando a realidade e qualidade democrática das sociedades e o papel do Estado mediante a grande importância deste tema. EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS E A GARANTIA DA CIDADANIA Como confirmam alguns teóricos, a observância e o respeito aos direitos humanos devem ser premissas essenciais e devem adquirir validade global. Para que isto ocorra de fato, é necessário considerar o ser humano como sujeito de direitos, cuja essência e natureza são a dignidade humana. É preciso que os valores sejam resgatados onde atualmente são relegados a segundo plano diante de uma sociedade que enfatiza o ter e não o ser. EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS E A GARANTIA DA CIDADANIA A temática da educação e direitos humanos tem desafiado os pesquisadores de vários campos do conhecimento em relação à implantação da cidadania de direitos que produza a dignidade, liberdade e igualdade entre as pessoas de maneira individual e coletiva, especialmente aqueles expostos a riscos mais intensos. As violações práticas contra os direitos humanos distancia a efetivação destes direitos tidos como humanos, pois não encontrar um cenário propício à sua plena afirmação se estas violações se transformarem em algo natural. EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS E A GARANTIA DA CIDADANIA É necessário a promoção que assegure e garanta o respeito aos direitos humanos, sendo a educação um ferramenta fundamental para o cumprimento desta função. Aeducação em direitos humanos e para os direitos humanos, apresenta-se como uma proposta internacional, assim como movimentos sociais, cujo objetivo é o enfrentamento dos desafios modernos das sociedades. Tais desafios devem ser superados para o benefício e avanço da sociedade e desta forma a educação é colocada a serviço da humanidade. EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS E A GARANTIA DA CIDADANIA O aumento das preocupações em relação à educação, em geral, especialmente a baseada em valores, são expressas em várias declarações. O interesse pela educação se manifesta no contexto global onde se confirma que ela é um fator determinante para o pleno desenvolvimento cultural, social, político e econômico. A educação em valores, apesar de estar centralizada nas instituições de ensino, não se finaliza nela mesma. EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS E A GARANTIA DA CIDADANIA Ela faz parte de toda a sociedade, fazendo-se necessário o desenvolvimento de processos formais e não formais que contribuam com a integração e a estabilidade social. É papel da educação à formação da consciência e da capacidade de criar e compreender a si mesmo e o mundo, o que vai muito além dos espaços escolares. Os desafios são enormes, mas a superação destes se faz necessário para a construção de um mundo melhor partindo do princípio que o ser humano deve aprender a priorizar o próprio homem e a educação é este meio. EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS E A GARANTIA DA CIDADANIA O objetivo é a discussão de como promover uma sociedade mais comprometida com a própria humanidade respeitando a dignidade humana e o próprio mundo que ele convive. Partindo deste princípio de que a educação possui como finalidade última o desenvolvimento integral do indivíduo, os direitos humanos servirão de base para contextualizar todo o seu conteúdo. EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS E A GARANTIA DA CIDADANIA Estes processos de educação são permanentes, ou seja, se iniciam com o nascimento e apenas terminam com a morte natural do indivíduo. É esta educação que qualifica o próprio indivíduo e conseqüentemente a sociedade, fazendo com que estes tenham uma visão crítica do ambiente que estão inseridos, que lutem para promover mudanças necessárias e concretizem os direitos fundamentais. DIREITO À EDUCAÇÃO: CONDIÇÃO PARA A PLENA EFETIVAÇÃO DA CIDADANIA E função da realidade enfrentada pelos cidadãos brasileiros em sua luta pela sobrevivência que se trava no cotidiano em precárias, miseráveis e desiguais condições, não podendo visualizar, no horizonte de sua existência, o momento em que de fato poderão ter direito a uma vida digna, trabalho, felicidade, saúde e a própria educação acabam se transformando em seres desumanizados, marginalizados, excluído e discriminados. DIREITO À EDUCAÇÃO: CONDIÇÃO PARA A PLENA EFETIVAÇÃO DA CIDADANIA É visível a importância e urgência de estudos articulados as práticas no sentido de modificar esta realidade. Todo cidadão é o próprio titular dos direitos humanos fundamentais devidamente postulados e garantidos pela Constituição Federal Brasileira de 1988, que consolidou um Estado Democrático de Direito, consagrando como princípio balizador de todo o ordenamento o princípio da dignidade da pessoa humana. DIREITO À EDUCAÇÃO: CONDIÇÃO PARA A PLENA EFETIVAÇÃO DA CIDADANIA A Constituição Cidadã estabelece um portfólio de direitos fundamentais nos quais o direito social a educação que tem por objetivo o desenvolvimento pleno do homem. De acordo com Paulo Cesar Carbonari (2006,p. 141), “os processos de educação em direitos humanos tomam a cada humano a partir de dentro e por dentro, em relação com os outros. Ora, educar em direitos humanos é promover a ampliação das condições concretas de vivencias da humanidade.” DIREITO À EDUCAÇÃO: CONDIÇÃO PARA A PLENA EFETIVAÇÃO DA CIDADANIA A educação em direitos humanos propicia conhecimento dos fundamentos do direito, contribuindo assim para sua concretização e efetivar a própria liberdade. Joaquim Salgado (1996,p.422) influi que “o indivíduo livre participa do Estado como seu fim último [...]. É cidadão na relação de participação no Estado [...], de modo que, cumpridos os deveres de cidadão, isto é, atendendo ao interesse público, receba a satisfação dos seus interesses particulares.” DIREITO À EDUCAÇÃO: CONDIÇÃO PARA A PLENA EFETIVAÇÃO DA CIDADANIA O Estado possui como escopo fundamental a busca da justiça social e a promoção do bem estar social, o que implica intervenções positivas do Estado e a implementação de políticas públicas com o objetivo de garantir os direitos essenciais mínimos para o estabelecimento da igualdade. No entanto, o abismo que existe entre a positivação dos direitos humanos fundamentais e sua efetivação é profundo. DIREITO À EDUCAÇÃO: CONDIÇÃO PARA A PLENA EFETIVAÇÃO DA CIDADANIA Vivemos uma pós modernidade sem que ao menos a maioria das promessas da modernidade sejam cumpridas. Para o cumprimento destas promessas, com a efetivação dos direitos fundamentais é necessário lutar por eles. Esta luta pelos direitos encerra o conhecimento dos mesmos, sendo conveniente a elaboração de um plano de estudo sobre os mesmos. Tendo como base este pressuposto, visualizamos a educação como um fator elementar na luta pela garantia e efetivação dos direitos e a minimização das violações. DIREITO À EDUCAÇÃO: CONDIÇÃO PARA A PLENA EFETIVAÇÃO DA CIDADANIA Neste sentido, as instituições de educação, tanto da básica como na de ensino superior, devem repensar os seus currículos e conteúdos. Os educadores devem reavaliar suas didáticas. As universidades devem articular e fomentar pesquisas voltadas para as políticas dos direitos humanos dentre outras maneiras de engajamento nos espaços políticos de integração social. DIREITO À EDUCAÇÃO: CONDIÇÃO PARA A PLENA EFETIVAÇÃO DA CIDADANIA A conscientização do povo com relação aos direitos humanos é de suma importância para o desenvolvimento da cidadania plena. Como ferramenta eficaz para atingir esta consciência, o processo de educação tem um papel importante a desempenhar. Apenas por meio da educação em direitos humanos é que se consegue alterar valores que virão a ser condizentes com a democracia tais como justiça, liberdade, respeito e igualdade. DIREITO À EDUCAÇÃO: CONDIÇÃO PARA A PLENA EFETIVAÇÃO DA CIDADANIA Desta maneira, é possível constatar que os direitos humanos fazem parte de um processo de construção histórica por meio de lutas organizadas. Os direitos humanos apenas se cumprem se as pessoas que em algum momento foram ou são marginalizadas historicamente da participação e do usufruto dos bens coletivos se protagonizarem como sujeitos de direitos, ou seja, como aquele que participa e compreende o mundo no qual vive. CONSIDERAÇÕES FINAIS Compreendemos, em nossos estudos, a importância das pesquisas voltadas para a educação em direitos humanos do ponto de vista jurídico . No entanto, percebemos certa carência de outras áreas do conhecimento a fim de fomentar a discussão sobre a educação em direitos humanos e a efetivação da cidadania. Por fim, evidenciamos que a consolidação destes direitos se deu tão somente por meio de lutas organizadas para o estabelecimento e garantia destes direitos. SUGESTÃO DE LEITURAS E DE FILMES Leitura Filme GLOSSÁRIO Simplória: Pessoa que possui essa característica; tolo, ingênuo. Homem simples, ignorante. Inconcebível: Que não se pode conceber, compreender, elaborar. elucidar: é inconcebível o que você diz: é inconcebível viver sem água. Característica de inimaginável ou surpreendente. Capaz de causar espanto ou admiração. Marginalizado: Indivíduo mais ou menos improdutivo, indigente, subempregado ou que como trabalhador, embora amparado pela legislação trabalhista, não tem condições demanter uma família, vivendo por isso à margem da sociedade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Disponível em: http://www.uchile.cl/portal/presentacion/historia/grandes- figuras/premios-nacionales/educacion/136449/abraham-magendzo-kolstrein. Acesso em 17/6/19. Disponível em: https://www.letras.mus.br/gonzaguinha/16456/. Acesso em 17/6/19. Disponível em: https://www.dicio.com.br. Acesso em 17/6/19. Disponível em: http://dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/1719/1/PDF%20- %20Everaldo%20da%20Silva%20Ribeiro.pdf. Acesso em 17/6/19. SALGADO, Joaquim Carlos. A ideia de justiça em Hegel. São Paulo: Loyola, 1996, p. 422. Virgílio do Nascimento EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS AULA 6 O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos Parte I INTRODUÇÃO Neste capítulo abordaremos a ideia embrionária do plano nacional de educação em direitos humanos e sua articulação com a legislação brasileira a partir da constituição federal de 1988. Veremos aspectos dos objetivos gerais, desenvolvimento normativo e institucional, produção de informação e conhecimento, realização de parcerias e intercâmbios internacionais, produção e divulgação de materiais, formação e capacitação de profissionais, gestão de programas e projetos, avaliação e monitoramento. PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS A Constituição Federal Brasileira e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (Lei Federal n° 9.394/1996) afirmam o exercício da cidadania como uma das finalidades da educação, ao estabelecer uma prática educativa “inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, com a finalidade do pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH), lançado em 2003, está apoiado em documentos internacionais e nacionais, demarcando a inserção do Estado brasileiro na história da afirmação dos direitos humanos e na Década da Educação em Direitos Humanos, prevista no Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos (PMEDH) e seu Plano de Ação. PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS São objetivos balizadores do PMEDH conforme estabelecido no artigo 2°: a) fortalecer o respeito aos direitos humanos e liberdades fundamentais; b) promover o pleno desenvolvimento da personalidade e dignidade humana; c) fomentar o entendimento, a tolerância, a igualdade de gênero e a amizade entre as nações, os povos indígenas e grupos raciais, nacionais, étnicos, religiosos e lingüísticos; d) estimular a participação efetiva das pessoas em uma sociedade livre e democrática governada pelo Estado de Direito; e) construir, promover e manter a paz. PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS Assim, a mobilização global para a educação em direitos humanos está imbricada no conceito de educação para uma cultura democrática, na compreensão dos contextos nacional e internacional, nos valores da tolerância, da solidariedade, da justiça social e na sustentabilidade, na inclusão e na pluralidade. PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS A elaboração e implementação de planos e programas nacionais e a criação de comitês estaduais de educação em direitos humanos se constituem, portanto, em uma ação global e estratégica do governo brasileiro para efetivar a Década da Educação em Direitos Humanos 1995-2004. Da mesma forma, no âmbito regional do MERCOSUL, Países Associados e Chancelarias, foi criado um Grupo de Trabalho para implementar ações de direitos humanos na esfera da educação e da cultura. PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS Os Planos Nacionais e os Comitês Estaduais de Educação em Direitos Humanos são dois importantes mecanismos apontados para o processo de implementação e monitoramento, de modo a efetivar a centralidade da educação em direitos humanos enquanto política pública. A educação em direitos humanos é compreendida como um processo sistemático e multidimensional que orienta a formação do sujeito de direitos, articulando as seguintes dimensões: PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS a) apreensão de conhecimentos historicamente construídos sobre direitos humanos e a sua relação com os contextos internacional, nacional e local; b) afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que expressem a cultura dos direitos humanos em todos os espaços da sociedade; c) formação de uma consciência cidadã capaz de se fazer presente em níveis cognitivo, social, ético e político; PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS d) desenvolvimento de processos metodológicos participativos e de construção coletiva, utilizando linguagens e materiais didáticos contextualizados; e) fortalecimento de práticas individuais e sociais que gerem ações e instrumentos em favor da promoção, da proteção e da defesa dos direitos humanos, bem como da reparação das violações. PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS Sendo a educação um meio privilegiado na promoção dos direitos humanos, cabe priorizar a formação de agentes públicos e sociais para atuar no campo formal e não-formal, abrangendo os sistemas de educação, saúde, comunicação e informação, justiça e segurança, mídia, entre outros. Desse modo, a educação é compreendida como um direito em si mesmo e um meio indispensável para o acesso a outros direitos. A educação ganha, portanto, mais importância quando direcionada ao pleno desenvolvimento humano e às suas potencialidades, valorizando o respeito aos grupos socialmente excluídos. PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS Nos termos já firmados, no Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos, a educação contribui também para: a) criar uma cultura universal dos direitos humanos; b) exercitar o respeito, a tolerância, a promoção e a valorização das diversidades (étnico-racial, religiosa, cultural, geracional, territorial, físico-individual, de gênero, de orientação sexual, de nacionalidade, de opção política, dentre outras) e a solidariedade entre povos e nações; c) assegurar a todas as pessoas o acesso à participação efetiva em uma sociedade livre. OBJETIVOS GERAIS DO PNEDH a) destacar o papel estratégico da educação em direitos humanos para o fortalecimento do Estado Democrático de Direito; b) enfatizar o papel dos direitos humanos na construção de uma sociedade justa, eqüitativa e democrática; c) encorajar o desenvolvimento de ações de educação em direitos humanos pelo poder público e a sociedade civil por meio de ações conjuntas; d) contribuir para a efetivação dos compromissos internacionais e nacionais com a educação em direitos humanos; OBJETIVOS GERAIS DO PNEDH e) estimular a cooperação nacional e internacional na implementação de ações de educação em direitos humanos; f) propor a transversalidade da educação em direitos humanos nas políticas públicas, estimulando o desenvolvimento institucional e interinstitucional das ações previstas no PNEDH nos mais diversos setores (educação, saúde, comunicação, cultura, segurança e justiça, esporte e lazer, dentre outros); g) avançar nas ações e propostas do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH) no que se refere às questões da educação em direitos humanos; OBJETIVOS GERAIS DO PNEDH h) orientar políticas educacionais direcionadas para a constituição de uma cultura de direitos humanos; i) estabelecer objetivos, diretrizes e linhas de ações para a elaboração de programas e projetos na área da educação em direitos humanos; j) estimular a reflexão, o estudo e a pesquisa voltados para a educação em direitos humanos; k) incentivar a criação e o fortalecimento de instituições e organizações nacionais, estaduais e municipais na perspectiva da educação emdireitos humanos; OBJETIVOS GERAIS DO PNEDH l) balizar a elaboração, implementação, monitoramento, avaliação e atualização dos Planos de Educação em Direitos Humanos dos estados e municípios; m) incentivar formas de acesso às ações de educação em direitos humanos a pessoas com deficiência. DESENVOLVIMENTO NORMATIVO E INSTITUCIONAL a) Consolidar o aperfeiçoamento da legislação aplicável à educação em direitos humanos; b) propor diretrizes normativas para a educação em direitos humanos; c) apresentar aos órgãos de fomento à pesquisa e pós-graduação proposta de reconhecimento dos direitos humanos como área de conhecimento interdisciplinar, tendo, entre outras, a educação em direitos humanos como sub-área; DESENVOLVIMENTO NORMATIVO E INSTITUCIONAL d) propor a criação de unidades específicas e programas interinstitucionais para coordenar e desenvolver ações de educação em direitos humanos nos diversos órgãos da administração pública; e) institucionalizar a categoria educação em direitos humanos no Prêmio Direitos Humanos do governo federal; DESENVOLVIMENTO NORMATIVO E INSTITUCIONAL f) sugerir a inclusão da temática dos direitos humanos nos concursos para todos os cargos públicos em âmbito federal, distrital, estadual e municipal; g) incluir a temática da educação em direitos humanos nas conferências nacionais, estaduais e municipais de direitos humanos e das demais políticas públicas; h) fortalecer o Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos; i) propor e/ou apoiar a criação e a estruturação dos Comitês Estaduais, Municipais e do Distrito Federal de Educação em Direitos Humanos. PRODUÇÃO DE INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO a) Promover a produção e disseminação de dados e informações sobre educação em direitos humanos por diversos meios, de modo a sensibilizar a sociedade e garantir acessibilidade às pessoas com deficiências; b) publicizar os mecanismos de proteção nacionais e internacionais; c) estimular a realização de estudos e pesquisas para subsidiar a educação em direitos humanos; d) incentivar a sistematização e divulgação de práticas de educação em direitos humanos. REALIZAÇÃO DE PARCERIAS E INTERCÂMBIOS INTERNACIONAIS a) Incentivar a realização de eventos e debates sobre educação em direitos humanos; b) apoiar e fortalecer ações internacionais de cooperação em educação em direitos humanos; c) promover e fortalecer a cooperação e o intercâmbio internacional de experiências sobre a elaboração, implementação e implantação de Planos Nacionais de Educação em Direitos Humanos, especialmente em âmbito regional; REALIZAÇÃO DE PARCERIAS E INTERCÂMBIOS INTERNACIONAIS d) apoiar e fortalecer o Grupo de Trabalho em Educação e Cultura em Direitos Humanos criado pela V Reunião de Altas Autoridades Competentes em Direitos Humanos e Chancelarias do MERCOSUL; e) promover o intercâmbio entre redes nacionais e internacionais de direitos humanos e educação, a exemplo do Fórum Internacional de Educação em Direitos Humanos, do Fórum Educacional do MERCOSUL, da Rede Latino-Americana de Educação em Direitos Humanos, dos Comitês Nacional e Estaduais de Educação em Direitos Humanos, entre outras. PRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO DE MATERIAIS a) fomentar a produção de publicações sobre educação em direitos humanos, subsidiando as áreas do PNEDH; b) promover e apoiar a produção de recursos pedagógicos especializados e a aquisição de materiais e equipamentos para a educação em direitos humanos, em todos os níveis e modalidades da educação, acessíveis para pessoas com deficiência; c) incluir a educação em direitos humanos no Programa Nacional do Livro Didático e outros programas de livro e leitura; d) disponibilizar materiais de educação em direitos humanos em condições de acessibilidade e formatos adequados para as pessoas com deficiência, bem como promover o uso da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) em eventos ou divulgação em mídia. FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS a) Promover a formação inicial e continuada dos profissionais, especialmente aqueles da área de educação e de educadores(as) sociais em direitos humanos, contemplando as áreas do PNEDH; b) oportunizar ações de ensino, pesquisa e extensão com foco na educação em direitos humanos, na formação inicial dos profissionais de educação e de outras áreas; c) estabelecer diretrizes curriculares para a formação inicial e continuada de profissionais em educação em direitos humanos, nos vários níveis e modalidades de ensino; FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS d) incentivar a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade na educação em direitos humanos; e) inserir o tema dos direitos humanos como conteúdo curricular na formação de agentes sociais públicos e privados. GESTÃO DE PROGRAMAS E PROJETOS a) Sugerir a criação de programas e projetos de educação em direitos humanos em parceria com diferentes órgãos do Executivo, Legislativo e Judiciário, de modo a fortalecer o processo de implementação dos eixos temáticos do PNEDH; b) prever a inclusão, no orçamento da União, do Distrito Federal, dos estados e municípios, de dotação orçamentária e financeira específica para a implementação das ações de educação em direitos humanos previstas no PNEDH; c) captar recursos financeiros junto ao setor privado e agências de fomento, com vistas à implementação do PNEDH. AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO a) Definir estratégias e mecanismos de avaliação e monitoramento da execução física e financeira dos programas, projetos e ações do PNEDH; b) acompanhar, monitorar e avaliar os programas, projetos e ações de educação em direitos humanos, incluindo a execução orçamentária dos mesmos; c) elaborar anualmente o relatório de implementação do PNEDH. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em nossos estudos, compreendemos que o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos está, de fato, articulado com ordenamento jurídico nacional, tendo como base a Constituição Federal de 1988. Vimos os diversos aspectos relativos que o constituem como uma ferramenta de suma importância para o desenvolvimento da educação e o fomento dos direitos humanos no contexto social brasileiro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Disponível em: Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos / Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. – Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministério da Educação, Ministério da Justiça, UNESCO, 2007. Virgílio do Nascimento EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS AULA 7 O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos Parte II INTRODUÇÃO Neste capítulo iremos abordar as concepções e os princípios da educação básica, educação superior, educação não formal e a educação dos profissionais dos sistemas de justiça e segurança. Vamos compreender a importância do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos e sua contribuição para o modelo de educação do país. EDUCAÇÃO BÁSICA: CONCEPÇÃO E PRINCÍPIOS A educação em direitos humanos vai além de uma aprendizagem cognitiva, incluindo o desenvolvimento social e emocional de quem se envolve no processo ensino-aprendizagem (Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos – PMEDH/2005). A educação, nesse entendimento, deve ocorrer na comunidade escolar em interação com a comunidade local. EDUCAÇÃO BÁSICA: CONCEPÇÃO E PRINCÍPIOS Assim, a educação em direitos humanos deve abarcar questões concernentes aos campos da educação formal, à escola, aos procedimentos pedagógicos, às agendas e instrumentos que possibilitem uma ação pedagógica conscientizadora e libertadora, voltada para o respeito e valorização da diversidade, aos conceitos de sustentabilidade e de formação da cidadania ativa. EDUCAÇÃO BÁSICA: CONCEPÇÃO E PRINCÍPIOS A universalização da educação básica, com indicadores precisos de qualidade e de eqüidade, é condição essencialpara a disseminação do conhecimento socialmente produzido e acumulado e para a democratização da sociedade. Não é apenas na escola que se produz e reproduz o conhecimento, mas é nela que esse saber aparece sistematizado e codificado. EDUCAÇÃO BÁSICA: CONCEPÇÃO E PRINCÍPIOS Ela é um espaço social privilegiado onde se definem a ação institucional pedagógica e a prática e vivência dos direitos humanos. Nas sociedades contemporâneas, a escola é local de estruturação de concepções de mundo e de consciência social, de circulação e de consolidação de valores, de promoção da diversidade cultural, da formação para a cidadania, de constituição de sujeitos sociais e de desenvolvimento de práticas pedagógicas. EDUCAÇÃO BÁSICA: CONCEPÇÃO E PRINCÍPIOS O processo formativo pressupõe o reconhecimento da pluralidade e da alteridade, condições básicas da liberdade para o exercício da crítica, da criatividade, do debate de idéias e para o reconhecimento, respeito, promoção e valorização da diversidade. Para que esse processo ocorra e a escola possa contribuir para a educação em direitos humanos, é importante garantir dignidade, igualdade de oportunidades, exercício da participação e da autonomia aos membros da comunidade escolar. EDUCAÇÃO BÁSICA: CONCEPÇÃO E PRINCÍPIOS Democratizar as condições de acesso, permanência e conclusão de todos(as) na educação infantil, ensino fundamental e médio, e fomentar a consciência social crítica devem ser princípios norteadores da Educação Básica. É necessário concentrar esforços, desde a infância, na formação de cidadãos(ãs), com atenção especial às pessoas e segmentos sociais historicamente excluídos e discriminados. EDUCAÇÃO BÁSICA: CONCEPÇÃO E PRINCÍPIOS A educação em direitos humanos deve ser promovida em três dimensões: a) conhecimentos e habilidades: compreender os direitos humanos e os mecanismos existentes para a sua proteção, assim como incentivar o exercício de habilidades na vida cotidiana; b) valores, atitudes e comportamentos: desenvolver valores e fortalecer atitudes e comportamentos que respeitem os direitos humanos; c) ações: desencadear atividades para a promoção, defesa e reparação das violações aos direitos humanos. EDUCAÇÃO BÁSICA: CONCEPÇÃO E PRINCÍPIOS São princípios norteadores da educação em direitos humanos na educação básica: a) a educação deve ter a função de desenvolver uma cultura de direitos humanos em todos os espaços sociais; b) a escola, como espaço privilegiado para a construção e consolidação da cultura de direitos humanos, deve assegurar que os objetivos e as práticas a serem adotados sejam coerentes com os valores e princípios da educação em direitos humanos; EDUCAÇÃO BÁSICA: CONCEPÇÃO E PRINCÍPIOS c) a educação em direitos humanos, por seu caráter coletivo, democrático e participativo, deve ocorrer em espaços marcados pelo entendimento mútuo, respeito e responsabilidade; d) a educação em direitos humanos deve estruturar-se na diversidade cultural e ambiental, garantindo a cidadania, o acesso ao ensino, permanência e conclusão, a eqüidade (étnico-racial, religiosa, cultural, territorial, físico-individual, geracional, de gênero, de orientação sexual, de opção política, de nacionalidade, dentre outras) e a qualidade da educação; EDUCAÇÃO BÁSICA: CONCEPÇÃO E PRINCÍPIOS e) a educação em direitos humanos deve ser um dos eixos fundamentais da educação básica e permear o currículo, a formação inicial e continuada dos profissionais da educação, o projeto políticopedagógico da escola, os materiais didático- pedagógicos, o modelo de gestão e a avaliação; f) a prática escolar deve ser orientada para a educação em direitos humanos, assegurando o seu caráter transversal e a relação dialógica entre os diversos atores sociais. EDUCAÇÃO SUPERIOR: CONCEPÇÃO E PRINCÍPIOS A Constituição Federal de 1988 definiu a autonomia universitária (didática, científica, administrativa, financeira e patrimonial) como marco fundamental pautado no princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. O artigo terceiro da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional propõe, como finalidade para a educação superior, a participação no processo de desenvolvimento a partir da criação e difusão cultural, incentivo à pesquisa, colaboração na formação contínua de profissionais e divulgação dos conhecimentos culturais, científicos e técnicos produzidos por meio do ensino e das publicações, mantendo uma relação de serviço e reciprocidade com a sociedade. EDUCAÇÃO SUPERIOR: CONCEPÇÃO E PRINCÍPIOS A partir desses marcos legais, as universidades brasileiras, especialmente as públicas, em seu papel de instituições sociais irradiadoras de conhecimentos e práticas novas, assumiram o compromisso com a formação crítica, a criação de um pensamento autônomo, a descoberta do novo e a mudança histórica. A conquista do Estado Democrático delineou, para as Instituições de Ensino Superior (IES), a urgência em participar da construção de uma cultura de promoção, proteção, defesa e reparação dos direitos humanos, por meio de ações interdisciplinares, com formas diferentes de relacionar as múltiplas áreas do conhecimento humano com seus saberes e práticas. EDUCAÇÃO SUPERIOR: CONCEPÇÃO E PRINCÍPIOS Nesse contexto, inúmeras iniciativas foram realizadas no Brasil, introduzindo a temática dos direitos humanos nas atividades do ensino de graduação e pós-graduação, pesquisa e extensão, além de iniciativas de caráter cultural. Tal dimensão torna-se ainda mais necessária se considerarmos o atual contexto de desigualdade e exclusão social, mudanças ambientais e agravamento da violência, que coloca em risco permanente a vigência dos direitos humanos. EDUCAÇÃO SUPERIOR: CONCEPÇÃO E PRINCÍPIOS As instituições de ensino superior precisam responder a esse cenário, contribuindo não só com a sua capacidade crítica, mas também com uma postura democratizante e emancipadora que sirva de parâmetro para toda a sociedade. As atribuições constitucionais da universidade nas áreas de ensino, pesquisa e extensão delineiam sua missão de ordem educacional, social e institucional. A produção do conhecimento é o motor do desenvolvimento científico e tecnológico e de um compromisso com o futuro da sociedade brasileira, tendo em vista a promoção do desenvolvimento, da justiça social, da democracia, da cidadania e da paz. EDUCAÇÃO SUPERIOR: CONCEPÇÃO E PRINCÍPIOS A contribuição da educação superior na área da educação em direitos humanos implica a consideração dos seguintes princípios: a) a universidade, como criadora e disseminadora de conhecimento, é instituição social com vocação republicana, diferenciada e autônoma, comprometida com a democracia e a cidadania; b) os preceitos da igualdade, da liberdade e da justiça devem guiar as ações universitárias, de modo a garantir a democratização da informação, o acesso por parte de grupos sociais vulneráveis ou excluídos e o compromisso cívico-ético com a implementação de políticas públicas voltadas para as necessidades básicas desses segmentos; EDUCAÇÃO SUPERIOR: CONCEPÇÃO E PRINCÍPIOS c) o princípio básico norteador da educação em direitos humanos como prática permanente, contínua e global, deve estar voltado para a transformação da sociedade, com vistas à difusão de valores democráticos e republicanos, ao fortalecimento da esfera pública e à construção de projetos coletivos; d) a educação em direitos humanos deve se constituir em princípio ético-político orientador da formulação e crítica da prática das instituições de ensino superior; e) as atividades acadêmicas devem se voltar para a formação de uma cultura baseada na universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos, como tema transversal e transdisciplinar, de modo a inspirar a
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