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Trilha de aprendizagem Completa - Educação em Direitos Humanos

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Estabelecer as delimitações teóricas e metodológicas da educação em 
Direitos Humanos 
 
Ao término deste capítulo você será capaz de identificar as delimitações do campo de 
estudos da educação em direitos humanos. Isto será fundamental para o exercício de 
sua profissão. A compreensão da interseção entre o processo de ensino-
aprendizagem e o tema transversal direitos humanos é essencial para educadores que 
busquem desenvolver a capacidade crítica de seus alunos em um contexto de 
educação para a cidadania. A compreensão dos direitos básicos dos seres humanos é 
fundamental para uma inserção plena dos indivíduos em sociedade. E então? 
Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! 
 
Delimitações Teóricas da Educação em Direitos Humanos 
 
 
Quando pensamos os direitos humanos, em âmbito internacional, o que vem à 
sua mente? 
 
 
A concepção dos direitos humanos como universais somente ganhou este real 
escopo com a Carta das Nações Unidas em 1945. A partir de então, o novo 
direito internacional reconhecia que a proteção dos indivíduos deveria se dar 
também no nível internacional, não mais somente pelos Estados como fora 
produzido desde a formação dos Estados Nacionais. 
 
Figura 1: Símbolo da Organização das Nações Unidas 
 
A história dos direitos atribuídos aos serem humanos data desde a antiguidade, 
quando o poder do Estado não era limitado, logo os indivíduos não possuíam 
direitos frente ao poder do soberano. Foi a Magna Carta inglesa que em 1215 
apresentou uma limitação ao poder de atuação do soberano, dando início 
assim ao constitucionalismo e às conquistas liberais culminadas nas 
Revoluções Francesa e Americana. 
 
 
John Locke foi um filósofo inglês, considerado um dos “pais” do liberalismo 
filosófico. Foi um dos principais teóricos do que ficou conhecido como teoria do 
“contrato social”. 
 
 
O jusnaturalismo de Locke deu um caráter mais universal aos recém-criados 
direitos da Inglaterra. Segundo o pensamento político de Locke, o ser humano 
constitui a base e origem do poder que é transferido ao soberano mediante o 
contrato social, reconhecendo assim a base dos direitos como os homens. Nas 
revoluções americana e francesa os direitos do homem e do cidadão são 
instituídos, em um conteúdo de característica individualista, apesar do 
universalismo da fraternidade, igualdade e liberdade. Objetivavam uma 
República democrática, que, através do contrato social, garantiriam os direitos 
dos homens. 
 
 
Segundo Massaro, o jusnaturalismo ou o direito natural “é a corrente de 
pensamento jurídico-filosófica que pressupõe a existência de uma norma de 
conduta intersubjetiva universalmente válida e imutável, fundada sobre a 
peculiar ideia da natureza preexistente em qualquer forma de direito positivo 
que possa formar o melhor ordenamento possível para regular a sociedade 
humana, principalmente no que se refere aos conflitos entre os Estados, 
governos e suas populações” (Massaro, 2019). 
 
 
Assim, surge então a Declaração Universal dos Direitos dos Homens, que dava 
prioridade à liberdade em detrimento do poder estatal. Com a Declaração da 
ONU em 1945 e os posteriores tratados e convenções que traziam de fato um 
caráter internacional à legislação dos direitos humanos, a jurisdição doméstica 
deixou de ser a única responsável pelas garantias dos direitos. 
 
 
Após o totalitarismo da guerra, o elevado número de mortes, e ainda o 
Holocausto, os Estados objetivavam construir um sistema internacional seguro, 
onde a garantia da paz viria através do cumprimento da legislação internacional 
e da vigilância dos demais Estados. A questão da etnia judaica foi fundamental 
para a redação dos direitos humanos na Carta da ONU, pois o “problema 
judeu” apresentado pelas autoridades nazistas alemães fez com que o povo 
judeu fosse desprotegido de seus direitos estatais através da 
desnacionalização. Sem Estado, os judeus não possuíam garantias de respeito 
de direitos, assim como outras minorias. 
 
 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, surgida como resposta 
às atrocidades cometidas pelo fascismo durante a Segunda Guerra Mundial, foi 
o marco inicial para alçar os direitos humanos a um patamar de guia ético para 
a ordem internacional. 
 
 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, em sua introdução, diz: 
“No dia 10 de dezembro de 1948, a Assembléia Geral das Nações Unidas 
adotou e proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos cujo texto, 
na íntegra, pode ser lido a seguir. Logo após, a Assembléia Geral solicitou a 
todos os Países - Membros que publicassem o texto da Declaração para que 
ele fosse divulgado, mostrado, lido e explicado, principalmente nas escolas e 
em outras instituições educacionais, sem distinção nenhuma baseada na 
situação política ou econômica dos Países ou Estados.” Acesse a declaração 
na página da Organização das Nações Unidas 
 
 
A educação em direitos humanos 
 
 
O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, publicado pelo Governo 
Federal brasileiro em 2003, define que a educação em direitos humanos é: 
 
“compreendida como um processo sistemático e multidimensional que orienta a 
formação do sujeito de direitos, articulando as seguintes dimensões: 
 
 
 apreensão de conhecimentos historicamente construídos sobre direitos humanos e a 
sua relação com os contextos internacional, nacional e local; 
 afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que expressem a cultura dos direitos 
humanos em todos os espaços da sociedade; 
 formação de uma consciência cidadã capaz de se fazer presente em níveis cognitivo, 
social, ético e político; 
 Desenvolvimento de processos metodológicos participativos e de construção coletiva, 
utilizando linguagens e materiais didáticos contextualizados; 
 fortalecimento de práticas individuais e sociais que gerem ações e instrumentos em 
favor da promoção, da proteção e da defesa dos direitos humanos, bem como da 
reparação das violações.” (BRASIL, 2018: 11). 
 
 
Para a área de estudos da educação em direitos humanos a educação além de 
ser um direito em si mesma, possibilita o conhecimento, o acesso e a 
compreensão a respeito dos demais direitos, permitindo que o cidadão possa 
se inserir plenamente em sociedade, ciente do conjunto de seus direitos. A 
partir do estudo da educação em direitos humanos é possível que a cultura 
criada em torno da valorização dos direitos humanos permita o respeito às 
diversidades, seja de ordem religiosa, cultural, étnico-racial, de gênero, de 
orientação sexual, de nacionalidade, dentre outras. 
 
 
Para Maria Victoria Benevides, três pontos são premissas para a Educação em 
Direitos Humanos: “a educação continuada, a educação para a mudança e a 
educação compreensiva, no sentido de ser compartilhada e de atingir tanto a 
razão quanto a emoção.” (BENEVIDES, 2000: 1). A autora enfatiza ainda a 
ideia de a educação em direitos humanos também é a educação para a 
cidadania, de formação de cidadãos participativos e, além disso, solidários. É 
necessário que os educadores conheçam, por suposto, os direitos humanos, as 
instituições relacionadas a promoção dos mesmos. 
 
Direitos Humanos 
 
 
Quando tratamos da educação em direitos humanos estamos abordando 
diretamente, como vimos na seção anterior, a questão da formação de 
discentes e docentes para compreenderem a realidade a sua volta a partir dos 
pressupostos teóricos dos direitos humanos. Partido da idéia de que a 
educação em direitos humanos pressupõe a educação para a cidadania e para 
a concepção de democracia com participação popular, podemos considerar a 
concepção de Adorno a respeito do tema: 
 
 
“A seguir, e assumido o risco, gostaria de apresentar a minha concepção inicial 
de educação. Evidentemente não a assim chamada modelagem de pessoas, 
porque não temos o direito de modelar pessoas a partir do exterior; mas 
também não a mera transmissão de conhecimentos, cuja característica de 
coisa morta já foi mais doque destacada, mas a produção de uma consciência 
verdadeira. Isso seria inclusive da maior importância política; sua idéia, se é 
permitido dizer assim, é uma exigência política. Isto é: uma democracia com o 
dever de não apenas funcionar, mas operar conforme seu conceito, demanda 
pessoas emancipadas. Uma democracia efetiva só pode ser imaginada 
enquanto uma sociedade de quem é emancipado”. (ADORNO, 2003, p. 142). 
 
 
Dentro dessa concepção, a metodologia relacionada à educação em direitos 
humanos diz respeito a uma prática de ensino-aprendizagem que seja 
orientada para a educação em direitos humanos, considerando o caráter 
transversal e articulando conhecimentos e práticas com os demais atores 
sociais, para além dos espaços formais de educação. Para isso, é importante a 
integração dos objetivos previstos para a educação em direitos humanos a todo 
o processo de ensinoa-prendizagem, inclusive às diferentes formas de 
avaliação. Também se faz necessário o desenvolvimento de programas e 
metodologias voltados para estimular a reflexão e a formação do tema, 
estabelecendo a troca de informações e experiência entre os atores 
governamentais e demais membros da sociedade civil organizada, inclusive os 
relacionado a educação não formal, a fim de construírem conjuntamente 
estratégias de formação. 
 
 
A resolução do Governo Federal, nº 1, de 30 de maio de 2012, prevê em seu 
artigo 6º que “A Educação em Direitos Humanos, de modo transversal, deverá 
ser considerada na construção dos Projetos Político-Pedagógicos (PPP); dos 
Regimentos Escolares; dos Planos de Desenvolvimento Institucionais (PDI); 
dos Programas Pedagógicos de Curso (PPC) das Instituições de Educação 
Superior; dos materiais didáticos e pedagógicos; do modelo de ensino, 
pesquisa e extensão; de gestão, bem como dos diferentes processos de 
avaliação” e em seu artigo 7º, prevê as seguintes formas de inserção dos 
conhecimentos nas diferentes etapas da educação formal: 
 
 
I. pela transversalidade, por meio de temas relacionados aos Direitos Humanos e 
tratados interdisciplinarmente; 
II. como um conteúdo específico de uma das disciplinas já existentes no currículo 
escolar; 
III. de maneira mista, ou seja, combinando transversalidade e disciplinaridade 
(...)”. 
 
 
(Resolução CNE/CP 1/2012. Diário Oficial da União, Brasília, 31 de maio de 
2012 – Seção 1 – p. 48). 
 
 
Projeto de pesquisa financiada pelo MEC em parceira com a Coordenação de 
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) estimula alunos de 
escoa pública sobre Direitos Humanos. 
 
 
Segundo Bittar (2007) uma das formas de incentivar a educação em direitos 
humanos é a partir do “desenvolvimento e da valorização da pesquisa”, que 
vise o “desenvolvimento da consciência crítica e enraizadora” e, ainda, seja 
capaz de: 
 
 
“aprofundar a consciência sobre a importância dos direitos humanos e de sua 
universalização; provocar a abertura criativa de horizontes para a 
autocompreensão; incentivar a reinvenção criativa permanente das próprias 
técnicas; habilitar à criticidade; desenvolver o reconhecimento histórico dos 
problemas sociais; incentivar o conhecimento multidisciplinar, interdisciplinar e 
transdisciplinar sobre a condição humana; habilitar a uma compreensão 
segundo a qual a conquista de direitos depende da luta pelos direitos; valorizar 
a sensibilidade em torno do que é humano; aprofundar a conscientização sobre 
questões de justiça social; recuperar a memória e a consciência de si no tempo 
e no espaço; habilitar para a ação e para a interação conjunta e coordenada de 
esforços; desenvolver o indivíduo como um todo, como forma de humanização 
e de sensibilização; capacitar para o diálogo e a interação social construtiva, 
plural e democrática.”. 
 
 
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo? Agora, só para 
termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste tema, 
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a forma como 
compreendemos hodiernamente o que são os direitos humanos, 
compreendidos como universais, ganhou esta dimensão com a Carta das 
Nações Unidas em 1945. A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 
1948 foi a primeira Declaração que conjugou o discurso liberal de cidadania 
com o discurso social. Oficialmente no Brasil a educação em direitos humanos 
é compreendida a partir da consideração de um sistema sistemático e com 
mais de uma dimensão orientada para a formação de sujeitos de direitos. 
Algumas premissas teóricas da educação em direitos humanos dizem respeito 
à compreensão da área como educação continuada, para a mudança e 
compreensiva. Metodologicamente, a educação em direitos humanos se 
estabelece de forma transversal na educação formal e na não-formal, por meio 
de estratégias de ensino-aprendizagem como o desenvolvimento do 
reconhecimento histórico dos problemas sociais, a valorização da sensibilidade 
em torno do que é humano e o aprofundamento da conscientização sobre 
questões de justiça social. 
 
 
Identificar os Tratados Internacionais de Direitos Humanos 
 
Além da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, como já vimos, 
há outros documentos importantes para o processo de universalização dos 
direitos humanos. A Declaração de Viena de 1993 (que de fato coloca os 
direitos humanos como indivisíveis e universais), dá origem então a um sistema 
normativo internacional de proteção aos direitos. Este processo, por sua vez, 
foi responsável por apresentar questionamentos à noção de soberania estatal, 
ao introduzir o tema de uma “cidadania global”, uma vez que o interesse sobre 
o respeito ao indivíduo era internacional, e não mais apenas assunto de 
jurisdição doméstica. 
 
Figura2: Sede das Nações Unidas em Nova York/EUA 
 
Deste modo, as necessidades consideradas fundamentais dos seres humanos, 
em grande parte contempladas pelos direitos de 2ª geração, conhecidos como 
direitos coletivos, devem de fato ser definidas como direitos, dado que acima 
de tudo protegem grupos vulneráveis da sociedade. Apesar de estar claro em 
âmbito internacional que os direitos são indivisíveis, os direitos econômicos, 
sociais e culturais ainda necessitam de implementação e garantias. A 
Declaração de Viena é bastante clara na defesa dessa concepção ao definir a 
interdependência entre Direitos Humanos, Democracia e Desenvolvimento. 
 
 
Os direitos da 2ª Geração surgiram nas duas primeiras décadas do século XX, 
quando a Constituição Mexicana de 1917, a Revolução Russa, a Constituição 
da República de Weimar, em 1919, e a criação da Organização Internacional 
do Trabalho, levaram os Direitos Humanos a terem uma abrangência maior, 
incorporando esta nova gama de direitos que exigem a ação positiva do Estado 
(e não somente a negativa, ou seja, a ausência de interferência do Estado na 
garantia dos direitos individuais, como é o caso dos direitos de 1ª geração). 
 
 
Assim como a garantia dos direitos da 1ª geração foi uma foi fruto da luta 
contra o absolutismo feudal durante os séculos XVII e XVIII, a garantia dos 
direitos de 2ª geração foi fruto das lutas sociais contra a exploração do 
trabalho, por novos espaços para a liberdade coletiva e por uma igualdade 
material maior que possibilitasse a dignidade humana. 
 
 
No final da Guerra Fria, surgem ainda novas demandas dos novos movimentos 
sociais, que deram origem aos Direitos dos Povos, ou Direitos da 
Solidariedade, a 3ª geração dos Direitos Humanos, que são ao mesmo tempo 
direitos individuais e coletivos, demandantes de um esforço coletivo entre 
indivíduos e Estados, e demais atores da ordem mundial atual. Na 3ª geração 
estão o Direito ao Desenvolvimento, o Direito à Paz, o Direito à 
Autodeterminação dos Povos, ao Desenvolvimento Sustentável, dentre outros. 
 
 
Os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais estão garantidos não só pela 
Declaração Universal dos Direitos Humanos, e pela Declaração de Viena, mas 
também por tratados internacionais como o Pacto Internacional dos DireitosEconômicos, Sociais e Culturais; A Convenção sobre a Eliminação de todas as 
formas de Discriminação Racial; A Convenção sobre a Eliminação de todas as 
formas de Discriminação contra a Mulher; A Convenção sobre os Direitos das 
Crianças, dentre outros. 
 
 
Ainda sobre isso, salientamos o papel-chave da Declaração sobre o Direito ao 
Desenvolvimento, de 1986. Vale apontar que, apesar de já ter sido reconhecida 
pela Comissão da ONU de Direitos Humanos em 1977, a Declaração foi 
consagrada pela Assembléia Geral da organização em 1986. Ao vincular os 
Estados ao dever de adotarem medidas efetivas, em âmbito individual ou 
coletivo, voltadas para políticas de desenvolvimento internacional a fim de 
realizar plenamente os direitos, e acrescentando que a cooperação 
internacional é uma peça chave no quebra-cabeça do desenvolvimento, em 
seu artigo 4º, o Direito ao Desenvolvimento apresenta a importância de uma 
globalização inclusiva, solidária e que garanta o respeito aos direitos humanos. 
 
 
Todavia, para garantir este respeito, a Declaração Universal de 1948 não era 
suficiente, uma vez que não possui força jurídica vinculante, logo, foi 
necessária a criação de tratados internacionais que fossem juridicamente 
obrigatórios no plano do direito internacional. Surgem então, em 1966, o Pacto 
Internacional dos Direitos Civis e Políticos, e o Pacto Internacional dos Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais. Os dois pactos, em conjunto com a 
Declaração Universal formam a Carta Internacional dos Direitos Humanos, ou 
“International Bill of Rights”. 
 
 
Conheça um pouco mais sobre a Carta Internacional dos Direitos Humanos 
(International Bill of Rights) https:// bit.ly/2Pu5Jkq. 
 
 
Continuando, o PIDESC (Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais 
e Culturais) inclui deveres para os Estados, ao contrário do PIDCP (Pacto 
Internacional dos Direitos Civis e Políticos) que lista os direitos referentes aos 
indivíduos. 
 
 
Os direitos da Segunda Geração (PIDESC), representam um esforço dos 
Estados parte a fim de progressivamente assegurarem estes direitos, que 
incluem, dentre outros, o direito à previdência social, à moradia, à educação, 
ao trabalho e à justa remuneração, à formação e filiação à sindicatos, à saúde 
física e mental adequadas, à um nível de vida adequado e ao gozo dos 
benefícios da liberdade cultural e do progresso científico. 
 
 
O mecanismo disponível para o monitoramento e implementação é o de 
relatórios periódicos, onde os Estados apontam que medidas estão sendo 
tomadas em âmbito interno para a observância dos direitos, assim como 
dificuldades que assegurem uma real efetivação. Os relatórios são 
encaminhados ao Secretário-Geral da ONU, e depois repassados para análise 
por parte do ECOSOC (Conselho Econômico e Social). 
 
 
Quando o mecanismo de exigibilidade implementado pelo Estado Parte não é 
suficiente, a ONU recomenda mecanismos mais eficazes. A Declaração de 
Viena recomenda que seja criado também o direito de petição com relação aos 
direitos previstos no Pacto, através de Protocolo Adicional, ela ainda sugere 
que sejam estabelecidos indicadores para o acompanhamento da garantia dos 
DESC (Direitos Econômicos, Sociais e Culturais), assim como um esforço 
integrado pelo seu reconhecimento. 
 
 
No âmbito da OEA, existe o Protocolo de San Salvador, de 1999, que 
estabelece deveres jurídicos dos Estados parte com relação aos direitos 
sociais. Segundo o Protocolo, os Estados Parte devem empenhar o máximo de 
recursos disponíveis para progressivamente alcançarem a plena realização dos 
DESC. No Protocolo de San Salvador, existe a possibilidade de petição 
individual a instâncias internacionais com relação ao direito à educação e aos 
direitos sindicais. Com o fim da Guerra Fria, e o avanço nas telecomunicações, 
o surgimento dos novos temas, e o aumento da cooperação internacional, o 
tema dos direitos humanos passou a ter mais destaque como pauta da agenda 
internacional. 
 
 
Todavia, mesmo com a ratificação dos principais instrumentos de proteção dos 
direitos humanos em âmbito internacional (A Carta de Direitos e os Pactos 
Internacionais de 1966), o caráter social da jurisdição internacional em prol da 
garantia dos direitos humanos só passou a se consolidar com a Conferência do 
Cairo de 1944, sobre População e Desenvolvimento (onde surgiu a expressão 
“Agenda Social da ONU”) que deu origem ao Programa de Ação do Cairo, 
como um conjunto de medidas a serem implementadas de forma conjunta em 
prol das questões sociais relativas ao tema principal da Conferência. 
 
 
A Conferência do Cairo foi essencial para a evolução da proteção aos DESC, 
uma vez que concluiu que famílias que possuem os direitos fundamentais 
garantidos são capazes de planejar a fecundidade e garantir a sustentabilidade 
dos filhos, recriando assim o conceito de Direito Reprodutivo. Em Copenhague, 
1995, na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Social, os países em 
desenvolvimento resistiram aos condicionantes que os desenvolvidos 
apresentavam para a consecução de investimentos, dentre eles, o de possuir 
uma “boa governança”. 
 
 
Na Cúpula Mundial de 1995, podemos apontar as bases para a Declaração do 
Milênio de 2000, em especial sobre os compromissos de redução da pobreza e 
miséria absoluta em 2015, através de medidas como a destinação de 0,7% do 
PIB dos países desenvolvidos à Assistência Oficial ao Desenvolvimento. Foram 
estabelecidas também as bases para as metas relativas à igualdade de gênero, 
à redução da mortalidade infantil, e à educação. Ainda na década de 90 
podemos apontar a Conferência de Beijing, de 1995, sobre os Direitos da 
Mulher, e a Habitat II (Conferencia sobre Assentamentos Humanos) de 1996, 
em Istambul. 
 
Figura3: Sede das Nações Unidas em Nova York/EUA 
 
O principal resultado dessas conferências foi o fortalecimento do conceito de 
“empowerment” das mulheres, e o fortalecimento do direito a moradia como 
direito humano. Na agenda da Habitat, houve ainda a inovação da participação 
de outros atores como ONGS, sindicatos e diversos movimentos sociais, e a 
repetição das soluções apontadas em Copenhague para o financiamento das 
propostas, que foi essencialmente a questão dos 0,7% de investimento do PIB 
dos países desenvolvidos na Assistência Oficial ao Desenvolvimento. 
 
 
Diante da situação apresentada pelas Conferências da década de 90, surge a 
Declaração do Milênio, no ano 2000, com metas a serem alcançadas até o ano 
de 2015, complementando e tomando como base as diversas Conferências 
previamente citadas. A Conferência de Monterrey, de 2002, apresenta então 
soluções de como viabilizar a implementação dos acordos de 2000, fechando a 
série de Conferências sobre as questões sociais no âmbito das Nações Unidas. 
 
 
Também devemos destacar, em 2001, a Conferencia de Durban contra o 
Racismo, a Discriminação Racial, e Intolerância Correlata, que apesar da 
resistência dos países desenvolvidos, as recomendações de Durban têm se 
mostrado positivas para a implementação da proteção e medidas de reparação 
contra o racismo em âmbito interno de Estados em desenvolvimento. 
 
 
Gostou do que lhe mostramos? Ainda temos muita coisa para aprender! Vamos 
resumir tudo o que vimos até agora. Além da Declaração Universal dos Direitos 
Humanos, de 1948, como já vimos, há outros documentos importantes para o 
processo de universalização dos direitos humanos. A Declaração de Viena de 
1993 (que de fato coloca os direitos humanos como indivisíveis e universais), 
dá origem então a um sistema normativo internacional de proteção aos direitos. 
Apesar de estar claro em âmbito internacional que os direitos são indivisíveis, 
os direitos econômicos, sociais e culturais ainda necessitam de implementação 
e garantias. Assim como a garantia dos direitos da 1ª geração foi uma foi fruto 
da luta contra o absolutismo feudal durante os séculos XVII e XVIII, a garantia 
dos direitos de 2ª geração foi fruto das lutas sociais contra a exploração dotrabalho, por novos espaços para a liberdade coletiva e por uma igualdade 
material maior que possibilitasse a dignidade humana. No final da Guerra Fria, 
surgem ainda novas demandas dos novos movimentos sociais, que deram 
origem aos Direitos dos Povos, ou Direitos da Solidariedade, a 3ª geração dos 
Direitos Humanos, que são ao mesmo tempo direitos individuais e coletivos, 
demandantes de um esforço coletivo entre indivíduos e Estados, e demais 
atores da ordem mundial atual. 
 
 
Educação em Direitos Humanos e o Contexto Brasileiro 
 
 
O tema dos direitos humanos no Brasil passou por contextos diferenciados nas 
últimas décadas. Previamente ao contexto do governo militar de 1964 a 
discussão sobre os direitos humanos e suas garantias não era um tema central 
no país, focado nas questões ligadas ao desenvolvimento e seus possíveis 
desdobramentos. Desde Getúlio Vargas até então a discussão girava em torno 
dos direitos trabalhistas e as conquistas sociais relacionadas ao mundo do 
trabalho, como, por exemplo, na Consolidação das Leis do Trabalho. 
 
 
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é a unificação das leis 
trabalhistas até então em vigência no país. Foi criada pelo Presidente Getúlio 
Vargas em 1º de março de 1943. A CLT regulamenta as leis individuais e 
coletivas relacionadas ao trabalho no Brasil. 
 
Figura 4: Carteira de Trabalho e Previdência Social 
 
A repressão aos direitos durante o governo militar instaurado em 1964 
inaugurou uma nova etapa na consideração a respeito dos direitos humanos no 
país. O cerceamento às liberdades individuais e coletivas como a proibição da 
organização sindical, a censura à liberdade de expressão e o cerco à imprensa, 
além da tortura e da prisão de oponentes políticos violava não apenas os 
direitos civis e políticos, mas também os direitos econômicos, sociais e 
culturais. A reação a esse contexto de violações de direitos trouxe ao contexto 
nacional de forma mais evidente o debate internacional sobre a necessidade de 
respeito e da garantia dos direitos humanos. 
 
 
O período seguinte, da transição democrática após o fim do regime militar, 
insere o país em um processo de abertura comercial. No mesmo contexto em 
que a “Constituição Cidadã” de 1988 foi promulgada, a inserção do país na 
globalização econômica internacional colocava em cheque a previsão de 
garantia de direitos, em especial os de ordem econômica e social previstos na 
Constituição Federal de 1988. 
 
 
A Constituição Federal de 1988 ficou conhecida como a “Constituição Cidadã” 
por marcar a transição entre o regime autoritário e a reconquista da 
democracia, além de conter princípios constitucionais e garantias de direitos 
que consolidam direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais, dentre 
outros. Para mais informações acesse: 
 
 
O Contexto Brasileiro da Educação em Direitos Humanos 
Como observamos durante o período do regime militar de 1964 a abordagem 
ao tema dos direitos humanos conforme compreendido em âmbito internacional 
ganhou mais relevo no país. Comissões de direitos humanos foram 
organizadas por membros da Igreja Católica, movimentos sociais, dentre 
outros. Após a transição democrática, o tema foi incorporado à discussão sobre 
a democracia em si. Nos espaços formais de educação o tema passou a ser 
abordado de forma transversal, além da organização de cursos, palestras e 
outras ações nos espaços não formais. 
 
 
Na atualidade a discussão sobre os direitos humanos enfrenta dois grandes 
desafios, o que atravessa diretamente a abordagem da educação sobre o 
tema, perpassando limitações: 
 
 
“Duas ordens de limitações pesam sobre o conceito de direitos humanos e sua 
capacidade de constituir força educadora significativa na consciência das 
pessoas. A primeira vem do choque desses direitos com o forte impulso 
repressivo que as reiteradas – e, via de regra, sensacionalistas – denúncias de 
casos de crimes violentos aponta, para a acentuação das condenações e 
penalizações, como se o aumento das penas pudesse, por si só, ter efeito 
importante na luta contra a impunidade e a imposição do Estado de Direito (...) 
 
 
A outra grande dificuldade consiste na consideração dos direitos humanos de 
forma restrita, separado dos outros direitos – sobretudo econômicos e sociais. 
A origem do conceito contemporâneo permitiu essa fragmentação, porque ele 
nasceu na resistência à ditadura militar, com essa conotação, além do marco 
internacional, de hegemonia das concepções liberais, quer apontam nessa 
direção (...)”. (SADER, 2007) 
 
 
Sader argumenta que apenas uma abordagem que considere o tema dos 
direitos humanos de forma mais abrangente pode superar os desafios 
propostos. Conforme já foi estabelecido internacionalmente, os direitos 
humanos são indivisíveis, portanto a não garantia dos direitos sociais, 
econômicos e culturais, ou dos direitos coletivos, impacta diretamente na 
garantia dos direitos individuais e vice-versa. 
 
 
No que tange as ações oficiais sobre o tema da educação em direitos humanos 
devemos pontuar a previsão da Constituição Federal de 1988, além da Lei 
Darcy Ribeiro, a lei nº 9.394/1996, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
(LDB) a respeito da centralidade do exercício da cidadania como um dos 
objetivos da educação em nosso país, prevendo, para esse fim, uma processo 
de ensinoaprendizagem inspirado “nos princípios de liberdade e nos ideais de 
solidariedade humana, com a finalidade do pleno desenvolvimento do 
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o 
trabalho”. 
 
 
Conforme falamos anteriormente, em 2003 foi lançado o Plano Nacional de 
Educação em Direitos Humanos a partir dos parâmetros internacionais e 
nacionais sobre o tema, em especial a consideração do Programa Mundial de 
Educação em Direitos Humanos (PMEDH). No Plano Nacional o governo 
brasileiro em conjunto com as organizações da sociedade civil estabeleceu 
como objetivos em seu artigo 2º: a) fortalecer o respeito aos direitos humanos e 
liberdades fundamentais; b) promover o pleno desenvolvimento da 
personalidade e dignidade humana; c) fomentar o entendimento, a tolerância, a 
igualdade de gênero e a amizade entre as nações, os povos indígenas e 
grupos raciais, nacionais, étnicos, religiosos e lingüísticos; d) estimular a 
participação efetiva das pessoas em uma sociedade livre e democrática 
governada pelo Estado de Direito; e) construir, promover e manter a paz. 
 
 
Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos (PMEDH) 
disponibilizado em português, conheça a Primeira e a Segunda Fase dos 
planos de ação. Acesse: https://bit. ly/2Z2JYI5 
 
Figura 5: 70 anos da Declaração Internacional dos Direitos Humanos 
Nas reflexões sobre o contexto da educação em direitos humanos no Brasil é 
sempre importante lembrar que a desigualdade, em especial a social, que 
marca a sociedade brasileira representa um desafio potencial e, ao mesmo 
tempo, evoca a necessidade da reflexão, discussão e implementação de ações 
sobre o tema. A educação que estimule a consciência para os processos que 
geram e legitimam a desigualdade podem fomentar a reflexão sobre a 
necessidade da solidariedade e da tolerância entre aqueles “diferentes”. 
 
 
A exclusão social marca também o distanciamento de ampla parcela da 
sociedade brasileira de seu conjunto de direitos, relacionando diretamente a 
falta de acesso à educação de qualidade ao processo de não reconhecimento 
do papel de cidadão em sociedade. O obstáculo ao exercício da cidadania 
perpassa não apenas a assimetria com relação à informação, à educação e à 
participação política, mas às condições básicas de existência, como a 
alimentação, o saneamento básico, dentre outros fatores, evidenciando a 
importância das discussões sobre os direitos humanos perpassarem os 
processos formais e informais de educação. 
 
 
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo? Agora, só para 
termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudodeste 
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. O tema dos direitos humanos no 
Brasil passou por contextos diferenciados nas últimas décadas. Previamente 
ao contexto do governo militar de 1964 a discussão sobre os direitos humanos 
e suas garantias não era um tema central no país, focado nas questões ligadas 
ao desenvolvimento e seus possíveis desdobramentos. A repressão aos 
direitos durante o governo militar instaurado em 1964 inaugurou uma nova 
etapa na consideração a respeito dos direitos humanos no país, ensejando a 
organização de movimentos que pleiteassem o respeito e a garantia de direitos 
diante das violações identificadas naquele período histórico. No mesmo 
contexto em que a “Constituição Cidadã” de 1988 foi promulgada, a inserção 
do país na globalização econômica internacional colocava em cheque a 
previsão de garantia de direitos, em especial os de ordem econômica e social 
previstos na Constituição Federal de 1988. Atualmente debatemos a 
consideração de que os direitos humanos são indivisíveis, portanto a não 
garantia dos direitos sociais, econômicos e culturais, ou dos direitos coletivos, 
impacta diretamente na garantia dos direitos individuais e vice-versa, o que 
está diretamente relacionado a dois grandes desafios dos direitos humanos no 
Brasil: a questão da violência e a fragmentação de direitos. Desde 2003 o 
Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos tem buscado balizara 
orientação oficial sobre o tema, após discussões com entidades da sociedade 
civil. 
 
 
Educação em Direitos Humanos na contemporaneidade 
 
A Conexão Entre Direitos Humanos e a Educação Atualmente 
 
 
Atualmente a necessária conexão entre os direitos humanos e a educação em 
direitos humanos torna-se ainda mais importante diante dos inúmeros desafios 
impostos a ambos, como a grande defasagem na educação formal, reflexo da 
desigualdade social, o modelo tradicional de educação e a resistência a 
pressupostos teóricos e práticas inovadoras que considerem o tema dos 
direitos humanos de forma transversal, a não implementação das ações 
previstas no Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, especialmente 
no que tange a abordagem do tema na formação continuada dos docentes, e 
os desafios aos direitos humanos como a resistência devido ao quadro de 
insegurança pública e o privilégio dado à consideração dos direitos civis e 
políticos em detrimento dos demais. 
 
 
A excessiva ênfase na consideração da educação como instrumento exclusivo 
de formação de mão-de-obra, desconsiderando o caráter de inclusão, estímulo 
à reflexão crítica e inserção plena do cidadão em sociedade representa um 
desafio extra à educação em direitos humanos nos tempos atuais. Em paralelo, 
as sucessivas crises, em especial na educação pública nas últimas décadas, 
fruto de uma (re) consideração do papel do Estado e de crises orçamentárias 
do setor público, agravam ainda mais o cenário, impondo uma agenda do 
“mínimo” às condições adversas enfrentadas pela educação pública, 
considerando projetos e tarefas “extras” como podem vir a ser consideradas as 
que levam o tema dos direitos humanos à centralidade (em uma visão que não 
concebe a questão desde o início do planejamento escolar). 
 
 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos assegura a educação enquanto 
direito humano fundamental, em seu artigo 26, que prevê que: 
 
 
1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos 
graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A 
instrução técnicoprofissional será acessível a todos, bem como a instrução 
superior, esta baseada no mérito. 
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da 
personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos 
e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a 
tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e 
coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 
(...). 
 
 
Dentro desse contexto, o direito à educação pressupõe, dentro da concepção 
da educação em direitos humanos, que o aluno seja visto como sujeito detentor 
de direitos e deveres, que deve ser respeitado em suas características étnicas, 
culturais, econômicas, dentre outras. O direito à educação recebe a missão de 
ser uma “porta de entrada” aos demais direitos, pois a reflexão do papel do 
indivíduo enquanto membro de uma coletividade, a sociedade, desperta a 
reflexão crítica necessária para compreensão dos direitos, além dos deveres. 
 
 
Cabe ressaltarmos que no Brasil, para além da educação formal, desde a 
década de 1980 há um trabalho intenso das organizações da sociedade civil 
organizada, como as organizações não governamentais e movimentos sociais. 
Conforme vimos, a mobilização inicial em torno da garantia dos direitos civis e 
políticos no contexto do regime militar de 1964 despertaram o ativismo pelos 
direitos humanos e a mobilização em torno do tema. Este trabalho ocorre em 
consonância com o poder público, porém, muitas vezes, busca suprir lacunas 
que a oferta de políticas públicas deixa no país. 
 
 
“A sociedade civil designa todas as formas de ação social levadas a cabo por 
indivíduos ou grupos que não emanam do Estado nem são por ele 
determinadas. Uma sociedade civil organizada é uma estrutura organizativa 
cujos membros servem o interesse geral através de um processo democrático, 
atuando como intermediários entre os poderes públicos e os cidadãos.” 
Disponível em: https://bit.ly/2Sh96ch. (Acesso em 10/05/2019). 
 
 
Assim, tanto em espaços de educação não formal quanto, e principalmente, em 
espaços de educação formal, um desafios contemporâneos à educação em 
direitos humanos é a formação de professores habilitados a considerar o tema 
em seus planejamentos de aula, a partir de uma formação deles próprios em 
direitos humanos e a compreensão de como, metodologicamente, trabalhar as 
questões relacionadas. Apesar do Plano Nacional em Direitos Humanos prever 
ações no sentido da educação em direitos humanos integrar o currículo das 
instituições de formação de professores, ainda há lacunas nessa formação. 
 
 
Outra questão correlata, conforme debatemos no início desta unidade, é a 
necessidade da superação de uma educação meramente tecnicista, voltada 
exclusivamente para a capacitação específica para um ofício. É essencial a 
consideração dos professores também como cidadão capaz de não apenas 
participar do processo de ensino-aprendizagem, mas também enquanto agente 
fundamental de mobilização para os direitos humanos. 
 
 
Cabe ressaltarmos que nos espaços de educação não formal como presídios, 
organizações não-governamentais, espaços de educação religiosa, dentre 
outros, também cabe a mobilização dos docentes para o tema, pois, estes, 
muitas vezes, lidam diretamente com grupos excluídos e marginalizados em 
nossa sociedade, justamente onde a conscientização para a cidadania plena 
pode fazer ainda mais diferença. 
 
 
Hodiernamente também é fundamental a conceitualização e a promoção da 
reflexão a respeito dos direitos de igualdade e os de diferença compreende 
especificidades das pautas identitárias, relacionadas a temas como 
sexualidade, étnicoraciais, dentre outras. Esses são temas que tem mobilizado 
a sociedade devido a diferentes visões sobre como o direito à diferença deve 
ser tratado. Todavia, se consideramos a questão da educação em direitos 
humanos devemos sempre lembrar que estamos partindo de pressupostos 
teóricos e metodológicos consolidados nacional e internacionalmente a partir 
da garantia e da promoção de direitos, estabelecendo um roteiro mínimo e que 
busca ser consensual para estes temas. Para além de disputas políticas e 
ideológicas, há seres humanos que necessitam da intervenção da sociedade 
para terem o direito à vida e à inclusão social garantidos. 
 
 
Algumas estratégias para a superação das questões aqui tratadas relacionadas 
aos desafios da educação em direitoshumanos na contemporaneidade 
passam pelo trabalho de formação dos professores, para a consideração da 
temática na educação desde o ensino fundamental, pelo reconhecimento das 
diferenças e do tratamento básico dado a essa questão e a efetivação do 
direito em direitos humanos em espaços formais e não formais de ensino. 
 
 
Estratégias para Conexão entre Direitos Humanos e Educação 
Atualmente 
 
(tava vazio) 
 
 
Áreas de pesquisa e investigação da Sociolinguística 
 
 
O desafio da implementação e da garantia dos direitos humanos na sociedade 
moderna é permanente. Demanda educação e mobilização de indivíduos 
conscientes de seu papel na sociedade moderna e que possam, para além da 
consciência, ter acesso a mecanismos efetivos de garantia desses direitos. 
Como vimos ao longo da unidade I, há tanto em âmbito internacional quanto 
em âmbito nacional, no que tange a construção de direitos positivados, marcos 
legais que subsidiam e efetivam os direitos humanos. Todavia, é importante 
que a sociedade tenha a seu dispor a concepção de uma reflexão crítica 
contínua, além de instrumentos práticos. 
 
 
No Brasil, é importante irmos além do Plano Nacional de Educação em Direitos 
Humanos, fundamental em sua concepção e estratégias, porém, enquanto fruto 
de discussão e implementação de políticas públicas é um instrumento que 
baliza as discussões e as ações sobre o tema, demandando o investimento 
público e privado tanto em termos de recursos financeiros, quanto na 
concepção de estratégias e planejamentos de efetivação. 
 
 
Para isso, iniciativas de valorização de projetos e experiências que já lidam 
como o tema são fundamentais, assim como a parceria entre os diferentes 
setores da sociedade. Por fim, é necessário a reflexão constante sobre a 
formação de professores, a pesquisa científica na área e a implementação 
pedagógica em educação em direitos humanos, a fim de que os processos 
teóricos e metodológicos sejam constantemente revistos e melhorados em prol 
da consolidação e ampliação de direitos. 
 
Figura 6: Representação figurativa de igualdade 
 
Um exemplo de iniciativa de formação e valorização da educação em direitos 
humanos é o “Prêmio Municipal Educação em Direitos Humanos da Cidade de 
São Paulo” que divide a premiação de boas práticas em categorias de projetos 
feitos por professores, estudantes, da unidade escolar como um todo, dentre 
outros. Para mais informações sobre o prêmio acessar 
 
 
Nossa primeira unidade está chegando ao fim, e então, gostou do que lhe 
mostramos? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o 
tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Atualmente a 
necessária conexão entre os direitos humanos e a educação em direitos 
humanos torna-se ainda mais importante diante dos inúmeros desafios 
impostos a ambos, como a grande defasagem na educação formal, reflexo da 
desigualdade social, o modelo tradicional de educação e a resistência a 
pressupostos teóricos e práticas inovadoras que considerem o tema dos 
direitos humanos de forma transversal, a não implementação das ações 
previstas no Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. As sucessivas 
crises nas últimas décadas, em especial na educação pública, fruto de uma 
reconsideração do papel do Estado e de crises orçamentárias do setor público, 
agravam ainda mais o cenário. Tanto em espaços de educação não formal 
quanto, e principalmente, em espaços de educação formal, um desafios 
contemporâneos à educação em direitos humanos é a formação de 
professores habilitados a considerar o tema em seus planejamentos de aula. 
Iniciativas de valorização de projetos e experiências que já lidam como o tema 
são fundamentais, assim como a parceria entre os diferentes setores da 
sociedade. Para isso, é necessário a reflexão constante sobre a formação de 
professores, a pesquisa científica na área e a implementação pedagógica em 
educação em direitos humanos, a fim de que os processos teóricos e 
metodológicos sejam constantemente revistos e melhorados em prol da 
consolidação e ampliação de direitos. 
 
A regulamentação dos Direitos Humanos na legislação brasileira 
 
Ao término deste capítulo você será capaz de conhecer a regulamentação dos Direitos Humanos na 
legislação brasileira. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. A compreensão e o 
conhecimento acerca dos aspectos legais que envolvem os Direitos Humanos em nosso país 
habilitará o aluno a reconhecer os mecanismos pelos quais se pode exigir a efetivação e a garantia 
de direitos, assim como identificar o que vimos na Unidade I a respeito da recepção dos tratados 
internacionais em nossa legislação. Como vimos, a educação em direitos humanos está diretamente 
ligada a discussão sobre direitos, portanto é necessário conhecer como funciona o tema em nosso 
ordenamento jurídico para um processo de ensino-aprendizagem mais efetivo. 
 
A recepção dos tratados internacionais de direitos humanos na legislação brasileira 
 
Como vimos na Unidade I, no que tange os direitos humanos há inúmeros tratados internacionais 
que efetivam e garantem direitos em âmbito mundial, em especial relacionados ao Sistema ONU e 
em âmbito regional, como na Organização dos Estados Americanos. Desde o surgimento da 
Organização das Nações Unidas, em 1945, a discussão sobre o Direito Internacional tem ganhado 
mais relevo. Hoje, inclusive, a jurisprudência internacional e aqueles que formulam e refletem sobre 
a garantia de direitos defendem que o Direito Internacional se sobrepõe ao Direito Interno. 
 
Jurisprudência internacional é o conjunto de decisões dos tribunais internacionais a respeito de 
determinado tema, o que consolida a compreensão sobre decisões jurídicas sobre a situação em 
análise. 
 
A Constituição Brasileira de 1988 dispõe em seu artigo 5º, parágrafo 2º dispõe que os direitos 
previstos na Constituição não são excludentes com outros que sejam incorporados por meio da 
assinatura de Tratados por parte do Brasil. A Emenda Constitucional nº 45 de dezembro de 2004 
incluiu o 3º parágrafo ao artigo 5º prevendo que no caso de Tratados e Convenções Internacionais 
sobre direitos humanos, caso sejam aprovados, em cada Casa do Congresso nacional, por 3/5 dos 
parlamentares, em dois turnos, serão equivalentes às emendas constitucionais, ou seja, serão 
incorporados à Constituição. 
 
Em julgamento de 2008 o Supremo Tribunal Federal passou a compreender que os tratados que 
versam sobre os direitos humanos podem ser considerados como normais supralegais, ou seja, estão 
acima das leis ordinárias, mas abaixo da Constituição (ressaltado o que vimos antes de incorporação 
à Constituição por meio do procedimento descrito no parágrafo anterior). 
 
“O Supremo Tribunal Federal (STF) é a mais alta instância do Poder Judiciário do Brasil e acumula 
competências típicas de Suprema Corte (tribunal de última instância) e Tribunal Constitucional (que 
julga questões de constitucionalidade independentemente de litígios concretos). Sua função 
institucional fundamental é de servir como guardião da Constituição Federal de 1988, apreciando 
casos que envolvam lesão ou ameaça a esta última”. Para saber mais sobre o STF acesse o site, 
disponível em: https://bit.ly/2p8SjxL. 
 
Figura 1: Plenário do Supremo Tribunal Federal 
 
Histórico da efetivação dos direitos humanos na legislação brasileira 
 
Como vimos, foi a partir da Constituição Federal de 1988 que o Brasil passou a incorporar na 
legislação nacional os avanços com relação ao sistema internacional de proteção aos direitos 
humanos. Nesse contexto, o país passou a ratificar e a incorporar a legislação sobre o tema. 
 
Como coloca Flavia Piovesan, 
 
O marco inicial do processo de incorporação de tratados internacionais de direitos humanos pelo 
Direito Brasileiro foi a ratificação, em 1989, da Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos 
Cruéis, Desumanos ou Degradantes. A partir desta ratificação,inúmeros outros importantes 
instrumentos internacionais de proteção dos direitos humanos foram também incorporados pelo 
Direito Brasileiro, sob a égide da Constituição Federal de 1988. 
 
Assim, a partir da Carta de 1988 foram ratificados pelo Brasil: a) a Convenção Interamericana para 
Prevenir e Punir a Tortura, em 20 de julho de 1989; b) a Convenção sobre os Direitos da Criança, 
em 24 de setembro de 1990; c) o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, em 24 de 
janeiro de 1992; d) o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, em 24 de 
janeiro de 1992; e) a Convenção Americana de Direitos Humanos, em 25 de setembro de 1992; f) a 
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, em 27 de 
novembro de 1995. (PIOVESAN, 1996). 
 
Figura 2: Organização dos Estados Americanos (OEA). 
 
O processo de incorporação dos tratados internacionais que versam sobre os direitos humanos a 
partir da Constituição de 1988 seguiram a lógica de recomposição da imagem do país após o 
período autoritário anterior, diante das acusações de violações aos direitos humanos, além de 
enquadrar o país nos avanços internacionais sobre o tema. Era também o início do contexto de 
globalização. 
 
Cabe destacarmos a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e o seu 
Protocolo Facultativo de 2007. A Convenção é um exemplo de incorporação de um tratado 
internacional de direitos humanos ao ordenamento jurídico brasileiro com status de emenda 
constitucional. Após a incorporação do tratado, uma série de medidas oficiais tem sido tomadas em 
prol do reconhecimento e da garantia dos direitos das pessoas com deficiência. 
 
No que tange os direitos humanos há inúmeros tratados internacionais que efetivam e garantem 
direitos em âmbito mundial, em especial relacionados ao Sistema ONU e em âmbito regional, como 
na Organização dos Estados Americanos. A Emenda Constitucional nº 45 de dezembro de 2004 
incluiu o 3º parágrafo ao artigo 5º prevendo que no caso de Tratados e Convenções Internacionais 
sobre direitos humanos, caso sejam aprovados, em cada Casa do Congresso nacional, por 3/5 dos 
parlamentares, em dois turnos, serão equivalentes às emendas constitucionais, ou seja, serão 
incorporados à Constituição. O processo de incorporação dos tratados internacionais que versam 
sobre os direitos humanos a partir da Constituição de 1988 seguiram a lógica de recomposição da 
imagem do país após o período autoritário anterior, diante das acusações de violações aos direitos 
humanos, além de enquadrar o país nos avanços internacionais sobre o tema. 
 
As perspectivas legais e os desafios da educação em direitos humanos 
 
Ao término deste capítulo você será capaz de analisar as perspectivas legais e os desafios da 
educação em direitos humanos. Veremos em detalhes alguns dos documentos internacionais e 
nacionais que compõem os marcos legais da educação em direitos humanos, como o Plano Nacional 
em Direitos Humanos. Em seguida, discutiremos alguns dos desafios que a área ainda apresenta. 
 
Os marcos legais da educação em direitos humanos 
 
Como vimos na unidade I, em termos de marco legal a educação em direitos humanos está 
diretamente relacionada a dois documentos que já vimos na unidade I: 
 
Com relação ao Programa Mundial da ONU, sua redação final foi produto da “Década das Nações 
Unidas para a Educação em matéria de direitos humanos” (1995-2004). O Programa prevê algumas 
etapas para a sua implementação, divididas em 4 anos por etapa, com foco em diferentes níveis da 
educação formal e formação de servidores/profissionais: básica e ensino médio, superior e formação 
de servidores, além dos profissionais de mídia e comunicação (etapa atual). 
 
A “Década das Nações Unidas para a Educação em matéria de direitos humanos” basear-se-á nas 
disposições dos instrumentos internacionais de direitos humanos, particularmente nas disposições 
que abordam a educação em matéria de direitos humanos, incluindo o artigo 26.º da Declaração 
Universal dos Direitos do Homem, o artigo 13.º do Pacto Internacional sobre os Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais, o artigo 29.º da Convenção sobre os Direitos da Criança, o artigo 
10.º da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres, o 
artigo 7.º da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação 
Racial, os parágrafos 33 e 34 da Declaração de Viena e os parágrafos 78 a 82 do seu Programa de 
Ação. Em conformidade com estas disposições, e para os efeitos da Década, a educação em matéria 
de direitos humanos será definida como os esforços de formação, divulgação e informação 
destinados a construir uma cultura universal de direitos humanos através da transmissão de 
conhecimentos e competências e da modelação de atitudes, com vista a: 
 
I. Reforçar o respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais; (b) Desenvolver em 
pleno a personalidade humana e o sentido da sua dignidade; 
II. Promover a compreensão, a tolerância, a igualdade entre os sexos e a amizade entre todas as 
nações, povos indígenas e grupos raciais, nacionais, étnicos, religiosos e linguísticos; 
III. Possibilitar a participação efetiva de todas as pessoas numa sociedade livre; 
IV. Promover as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.” 
 
Para saber mais sobre A Década das Nações Unidades em Matéria de Direitos Humanos, acesse: 
https://bit.ly/2Yvy49K. 
 
Com relação ao Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, como já vimos, é importante 
lembrarmos que o Plano está dividido em cinco eixos principais: Educação não formal, educação 
dos profissionais do sistema de justiça e os do sistema de segurança, educação e mídia, educação 
básica e educação superior. O Conselho Nacional de Educação aprovou, em 2012, documento 
conhecido como as Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos, que versa sobre os 
parâmetros oficiais para a área. Dentre as questões levantadas no documento, estão algumas 
reflexões sobre o que podemos compreender como o escopo de uma formação em educação em 
direitos humanos: 
 
A Educação em Direitos Humanos tem por escopo principal uma formação ética, crítica e política. 
A primeira se refere à formação de atitudes orientadas por valores humanizadores, como a 
dignidade da pessoa, a liberdade, a igualdade, a justiça, a paz, a reciprocidade entre povos e 
culturas, servindo de parâmetro ético-político para a reflexão dos modos de ser e agir individual, 
coletivo e institucional. 
 
A formação crítica diz respeito ao exercício de juízos reflexivos sobre as relações entre os contextos 
sociais, culturais, econômicos e políticos, promovendo práticas institucionais coerentes com os 
Direitos Humanos. 
 
A formação política deve estar pautada numa perspectiva emancipatória e transformadora dos 
sujeitos de direitos. Sob esta perspectiva promoverse-á o empoderamento de grupos e indivíduos, 
situados à margem de processos decisórios e de construção de direitos, favorecendo a sua 
organização e participação na sociedade civil. Vale lembrar que estes aspectos tornam-se possíveis 
por meio do diálogo e aproximações entre sujeitos biopsicossociais, históricos e culturais diferentes, 
bem como destes em suas relações com o Estado. 
 
Uma formação ética, critica e política (in)forma os sentidos da EDH na sua aspiração de ser parte 
fundamental da formação de sujeitos e grupos de direitos, requisito básico para a construção de uma 
sociedade que articule dialeticamente igualdade e diferença (Ministério da Educação, 2012). 
 
Educação em Direitos Humanos e o Contexto Brasileiro 
 
Como previsto nos planos de educação em direitos humanos tanto em âmbito internacional quanto 
nacional um dos principais desafios da educação em direitos humanos diz respeito a integração 
entre os esforços empreendidos em âmbitoda educação formal e também da educação não formal. 
O esforço dos espaços formais de educação, como as escolas, as universidades e institutos de 
educação, deve ser acompanhado pelo trabalho das organizações da sociedade civil, como 
movimentos sociais, ONGs e empresas. Em ambos os casos, é importante que a educação em 
direitos humanos transcenda o currículo formal das instituições, se colocando de forma transversal. 
 
Como vimos na unidade I, um dos enfoques para a educação em direitos humanos é a educação para 
a cidadania, ou seja, para uma formação que possibilite a inserção plena dos seres humanos no 
convívio social, considerando todas as dimensões – cultural, social, afetiva, dentre outras – dentro 
de um compromisso ético. 
 
Para isso, pressupõe um processo de ensino-aprendizagem participativo, com o aluno no centro, 
como sujeito ativo e pleno, tomando-se em conta as diferentes vivências e realidades. 
 
Para que todo o processo se estabeleça de forma plena, a formação dos professores para trabalhar 
com o tema da educação em direitos humanos é fundamental. Em primeiro lugar, a formação deve 
considerar que o tema direitos humanos não constitui uma disciplina e um tópico em si. Ele 
atravessa o processo de ensino-aprendizagem como tema transversal. Para isso, os professores 
devem ser capazes de compreender o que são os direitos humanos, seu histórico, sua inserção 
internacional e nacional. Deve ser considerada a formação para trabalhar o processo de ensino-
aprendizagem com metodologias ativas, dentro dos cursos de licenciatura e de pós-graduação. Por 
fim, sobre a formação, devemos lembrar a importância da formação continuada dos professores. 
 
Figura 3: Alunos do ensino básico. 
 
Em termos de marco legal a educação em direitos humanos está diretamente relacionada a dois 
documentos que já vimos na unidade I: O Programa Mundial para a Educação em Direitos 
Humanos, da ONU, e o Plano Nacional em Direitos Humanos, do governo brasileiro em parceria 
com organizações da sociedade civil. Com relação ao Programa Mundial da ONU, sua redação final 
foi produto da “Década das Nações Unidas para a Educação em matéria de direitos humanos” 
(1995-2004). Com relação ao Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, como já vimos, é 
importante lembrarmos que o Plano está dividido em cinco eixos principais: Educação não formal, 
educação dos profissionais do sistema de justiça e os do sistema de segurança, educação e mídia, 
educação básica e educação superior. Como previsto nos planos de educação em direitos humanos 
tanto em âmbito internacional quanto nacional um dos principais desafios da educação em direitos 
humanos diz respeito a integração entre os esforços empreendidos em âmbito da educação formal e 
também da educação não formal. 
 
As diretrizes nacionais para a educação em direitos humanos: dimensões e princípio 
 
Neste capítulo identificaremos as diretrizes nacionais para a educação em direitos humanos em suas 
dimensões e princípios. Para isso, analisaremos as Diretrizes Nacionais para a Educação em 
Direitos Humanos estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação em 2012. Analisaremos os 
princípios, dimensões e objetivos da educação em direitos humanos a partir dos documentos oficiais 
e as práticas pedagógicas nos processos de ensino-aprendizagem. 
Conhecendo as Diretrizes 
Em 2012 o Conselho Nacional de Educação (CNE) estabeleceu as “Diretrizes Nacionais para a 
Educação em Direitos Humanos”. Logo em seu início o documento estabelece que as diretrizes 
seguem o disposto em documentos aprovados internacional e nacionalmente, conforme vimos nos 
capítulos anteriores: 
 
Considerando o que dispõe a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, a Declaração 
das Nações Unidas sobre a Educação e Formação em Direitos Humanos (Resolução 
A/66/137/2011), a Constituição Federal de 1988; a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
(Lei nº 9.394/1996); o Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos (PMEDH 
2005/2014), Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3/Decreto nº 7.037/2009); o Plano 
Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH/2006), as diretrizes nacionais emanadas pelo 
Conselho Nacional de Educação, bem como outros documentos nacionais e internacionais que 
visem assegurar o direito a educação a todos/as (...). 
 
Vemos, assim, que as diretrizes estão alinhadas diretamente a documentos que analisamos 
anteriormente em nosso curso, como o Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos e o 
Programa Nacional de Educação em Direitos Humanos. Além disso, considera o que dispõe tratados 
internacionais que dispõem direitos e garantias a respeito dos direitos humanos, como a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos de 1948. 
 
Nos artigos do documento, o CNE estabeleceu as diretrizes a serem seguidas pelos sistemas de 
ensino e suas instituições no que se refere à educação em direitos humanos. O documento, em seu 
artigo 2º, compreende educação em direitos humanos como o “uso de concepções e práticas 
educativas fundadas nos Direitos Humanos e em seus processos de promoção, proteção, defesa e 
aplicação na vida cotidiana e cidadã de sujeitos de direitos e de responsabilidades individuais e 
coletivas.” No mesmo artigo, o CNE estabeleceu que todos os envolvidos no processo educacional 
devem adotar os princípios da educação em direitos humanos. 
 
Como fundamentos da educação em direitos humanos, o CNE estabelece, no art. 3º do documento, 
o seguinte: 
 
I. Dignidade humana; 
II. Igualdade de direitos; 
III. Reconhecimento e valorização das diferenças e das diversidades; 
IV. Laicidade do Estado; 
V. Democracia na educação; 
VI. Transversalidade, vivência e globalidade; e 
VII. Sustentabilidade socioambiental. 
 
Como objetivo central da educação em direitos humanos, o documento apresenta em seu artigo 5º 
que: 
 
A Educação em Direitos Humanos tem como objetivo central a formação para a vida e para a 
convivência, no exercício cotidiano dos Direitos Humanos como forma de vida e de organização 
social, política, econômica e cultural nos níveis regionais, nacionais e planetário. 
 
§ 1º Este objetivo deverá orientar os sistemas de ensino e suas instituições no que se refere ao 
planejamento e ao desenvolvimento de ações de Educação em Direitos Humanos adequadas às 
necessidades, às características biopsicossociais e culturais dos diferentes sujeitos e seus contextos. 
 
§ 2º Os Conselhos de Educação definirão estratégias de acompanhamento das ações de Educação 
em Direitos Humanos. 
 
Por fim, a respeito das dimensões às quais a educação em direitos humanos se articula, o documento 
estabelece em seu artigo 4º que: 
 
A Educação em Direitos Humanos como processo sistemático e multidimensional, orientador da 
formação integral dos sujeitos de direitos, articulase às seguintes dimensões: 
 
I. apreensão de conhecimentos historicamente construídos sobre direitos humanos e a sua 
relação com os contextos internacional, nacional e local; 
II. afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que expressem a cultura dos direitos 
humanos em todos os espaços da sociedade; 
III. formação de uma consciência cidadã capaz de se fazer presente em níveis cognitivo, social, 
cultural e político; 
IV. desenvolvimento de processos metodológicos participativos e de construção coletiva, 
utilizando linguagens e materiais didáticos contextualizados; e o 
V. fortalecimento de práticas individuais e sociais que gerem ações e instrumentos em favor da 
promoção, da proteção e da defesa dos direitos humanos, bem como da reparação das diferentes 
formas de violação de direitos. 
 
Figura 4: Ministério da Educação 
Análise das diretrizes 
No processo de redação das diretrizes nacionais para o ensino em direitos humanos foram realizadas 
reuniões do Conselho do CNE, de comissões, mas também encontros com especialistas no tema a 
fim de envolver a sociedadecivil organizada na elaboração. As diretrizes levaram em conta uma 
compreensão da educação em direitos humanos a partir de determinados fundamentos, princípios e 
objetivos. 
 
Com relação aos fundamentos, o documento parte do pressuposto de que a universalização da 
educação básica e a democratização do acesso ao ensino superior na última década trouxeram 
desafios específicos. A maior inclusão traz diretamente o desafio de lidar com a diversidade dos 
alunos. Assim, faz-se necessária a elaboração de estratégias para lidar com a realidade de uma nova 
organização escolar, que demanda metodologias de ensino-aprendizagem diferenciadas, além de 
uma instituição em si voltada para a superação de desigualdades. Para isso, são considerados uma 
série de valores e práticas que embasam a atuação na área. 
 
A necessidade de uma educação crítica, ética e com compreensão política está diretamente 
relacionada a isso. Ética na compreensão sobre uma inserção dos indivíduos em uma sociedade 
mais humanizada, com princípios de dignidade, igualdade e justiça, por exemplo. Crítica por 
estimular a reflexão sobre a realidade em seu entorno, pensando a partir dos direitos humanos. 
Compreensão política por habilitar a participação plena dos indivíduos politicamente na sociedade. 
 
No que se refere aos princípios, a Educação em Direitos Humanos, com finalidade de promover a 
educação para a mudança e a transformação social, fundamenta-se nos seguintes princípios: 
 
Dignidade humana: Relacionada a uma concepção de existência humana fundada em direitos; 
 
Igualdade de direitos: O respeito à dignidade humana, devendo existir em qualquer tempo e lugar, 
diz respeito à necessária condição de igualdade na orientação das relações entre os seres humanos; 
 
Reconhecimento e valorização das diferenças e das diversidades: Esse princípio se refere ao 
enfrentamento dos preconceitos e das discriminações, garantindo que diferenças não sejam 
transformadas em desigualdades; 
 
Laicidade do Estado: Esse princípio se constitui em pré-condição para a liberdade de crença 
garantida pela Declaração Universal dos Direitos humanos, de 1948, e pela Constituição Federal 
Brasileira de 1988; 
 
Democracia na educação: Direitos Humanos e democracia alicerçam-se sobre a mesma base - 
liberdade, igualdade e solidariedade - expressando-se no reconhecimento e na promoção dos 
direitos civis, políticos, sociais, econômicos, culturais e ambientais; 
 
Transversalidade, vivência e globalidade: Os Direitos Humanos se caracterizam pelo seu caráter 
transversal e, por isso, devem ser trabalhados a partir do diálogo interdisciplinar; 
 
Sustentabilidade socioambiental: A EDH deve estimular o respeito ao espaço público como bem 
coletivo e de utilização democrática de todos/as. (BRASIL, 2012) 
 
Em 2012 o Conselho Nacional de Educação (CNE) estabeleceu as “Diretrizes Nacionais para a 
Educação em Direitos Humanos”. Logo em seu início o documento estabelece que as diretrizes 
seguem o disposto em documentos aprovados internacional e nacionalmente, conforme vimos nos 
capítulos anteriores. Vemos, assim, que as diretrizes estão alinhadas diretamente a documentos que 
analisamos anteriormente em nosso curso, como o Programa Mundial de Educação em Direitos 
Humanos e o Programa Nacional de Educação em Direitos Humanos. Nos artigos do documento, o 
CNE estabeleceu as diretrizes a serem seguidas pelos sistemas de ensino e suas instituições no que 
se refere à educação em direitos humanos. As diretrizes levaram em conta uma compreensão da 
educação em direitos humanos a partir de determinados fundamentos, princípios e objetivos. 
 
Os Direitos Humanos nas matrizes curriculares e projetos pedagógicos do ensino 
básico ao superior 
 
Neste capítulo analisaremos os direitos humanos nas matrizes curriculares e projetos pedagógicos 
do ensino básico ao superior. Para isso, refletiremos inicialmente sobre a abordagem da temática 
dos direitos humanos nos espaços conhecidos como ambiente educacional. Em seguida, 
discutiremos sobre como abordar a educação em direitos humanos no ensino básico e no ensino 
superior, considerando as diretrizes nacionais e os documentos nacionais e internacionais que 
analisamos previamente. 
 
Os Direitos Humanos no ambiente educacional 
 
Quando tratamos do processo de ensino-aprendizagem é importante levarmos em consideração que 
estamos tratando de um processo que se estabelece em lugares e tempos diversificados, em 
contextos de diversidade de vivências, seja na própria escola, seja na família ou na sociedade em 
geral. Essa diversidade de experiências e vivências é propícia para a educação em direitos humanos, 
por oportunizar contextos com experiências sobre o mundo diversificadas. Para isso, é necessário 
que o contexto de ensino-aprendizagem se dê para além do meio físico da instituição de ensino e 
envolva as demais interações de alunos e professores com o mundo e a sociedade. 
 
Um ambiente educacional capaz de promover os direitos humanos deve levar em consideração o 
respeito às diferenças, garantindo um processo de ensino-aprendizagem inclusivo, com práticas 
democráticas, sem preconceitos, discriminações e qualquer tipo de violência. Conforme vimos na 
unidade anterior, a educação para os direitos humanos se pauta em princípios que garantam práticas 
que respeitam a dignidade humana. Esse respeito se dá na interação entre o que é pessoal e o que é 
coletivo de forma a respeitar subjetividades e vivências entre os humanos, o meio ambiente e as 
questões sociais no entorno das instituições de ensino. 
 
Figura 5: Aluna da rede pública de ensino. 
 
Portanto, as instituições de ensino devem favorecer diferentes visões de mundo no ambiente escolar 
e, para além dele, garantir o contato das diferenças com o ambiente educacional, levando em 
consideração o extra-muros da instituição. Assim, espera-se que alunos com capacidade de reflexão 
crítica compreendam como pleitear e garantir direitos dentro da concepção dos direitos humanos. 
 
As diretrizes para a educação em direitos humanos estabelecem em seus artigos 6º e 7º que: 
 
Art. 6º A Educação em Direitos Humanos, de modo transversal, deverá ser considerada na 
construção dos Projetos Políticos Pedagógicos (PPP); dos Regimentos Escolares, dos Planos de 
Desenvolvimento Institucionais (PDI); dos Programas Pedagógicos de Curso (PPC) das Instituições 
de Ensino Superior; dos materiais didáticos e pedagógicos; do modelo de ensino, pesquisa e 
extensão; de gestão; bem como dos diferentes processos de avaliação. 
 
Art. 7º A inserção dos conhecimentos concernentes a Educação em Direitos Humanos na 
organização dos currículos da Educação Básica e da Educação Superior poderá ocorrer das 
seguintes formas: 
 
I. - pela transversalidade, por meio de temas relacionados aos Direitos Humanos e tratados 
interdisciplinarmente; 
II. - como um conteúdo específico de uma das disciplinas já existentes no currículo escolar; 
III. - de maneira mista, ou seja, combinando transversalidade e disciplinaridade. 
 
Parágrafo único. Outras formas de inserção da Educação em Direitos Humanos poderão ainda ser 
admitidas na organização curricular das instituições educativas desde que observadas as 
especificidades dos níveis e modalidades da Educação Nacional. 
 
Veremos nos próximos capítulos como pode se dar a educação em direitos humanos na educação 
básica e no ensino superior. 
 
A educação em direitos humanos na educação básica 
 
O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos prevê em seus princípios para a educação 
básica as seguintes propostas: 
 
 A Educação em Direitos Humanos além de ser um dos eixos fundamentais da educação 
básica, deve orientar a formação inicial e continuada dos/as profissionais da educação, a elaboração 
do projeto político pedagógico, os materiais didático pedagógicos, o modelo de gestão e a avaliação 
das aprendizagens; 
 A prática escolardeve ser orientada para a Educação em Direitos Humanos, assegurando o 
seu caráter transversal e a relação dialógica entre os diversos atores sociais; 
 Os/as estudantes devem ser estimulados/as para que sejam protagonistas da construção de 
sua educação, com o incentivo, por exemplo, do fortalecimento de sua organização estudantil em 
grêmios escolares e em outros espaços de participação coletiva; 
 Participação da comunidade educativa na construção e efetivação das ações da Educação em 
Direitos Humanos. 
 
Além disso, o Plano chama a atenção para a centralidade de se ter um Projeto Político Pedagógico 
conectado aos princípios, objetivos e fundamentos da Educação em Direitos Humanos, perpassando 
as ações do currículo de forma transversal, trazendo os temas gerais dos direitos humanos para a 
realidade dos alunos e, assim, incorporar vivências e conhecimentos, ampliando a participação e a 
busca de direitos e deveres em sociedade. Para isso, o Plano clama pelo respeito às diferentes fases 
de desenvolvimento do ser humano, ressaltando o respeito à individualidade de cada um. 
 
Na educação básica o trabalho a respeito da educação em direitos humanos tem o espaço propício 
para ser desenvolvido, uma vez que diz respeito à formação humana desde a infância. No processo 
de socialização das crianças, as interações de ensino-aprendizagem já podem desde o início levar 
em conta os princípios, fundamentos e objetivos da educação em direitos humanos. Isso também se 
aplica a outras modalidades de ensino, como na educação de jovens e adultos, a educação indígena, 
quilombola, no campo e outras dimensões, considerando também pessoas que não tiveram 
oportunidade de acesso à educação na idade adequada. É especialmente importante o exercício da 
educação para os direitos humanos enquanto formação para a cidadania nesta etapa, possibilitando 
desde o princípio do processo formal de educação a concepção de direitos e deveres. 
 
O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos compreende a escola como: 
 
“Um espaço social privilegiado onde se definem a ação institucional pedagógica e a pratica e 
vivencia dos direitos humanos. [...] local de estruturação de concepções de mundo e de consciência 
social, de circulação e de consolidação de valores, de promoção da diversidade cultural, da 
formação para a cidadania, de constituição de sujeitos sociais e de desenvolvimento de práticas 
pedagógicas.” (BRASIL, 2006, p. 23). 
 
Nesse sentido, uma escola de fato capaz de democratizar as relações sociais deve ter o objetivo de 
formação de indivíduos capazes de serem atores sociais plenos. Para isso, é parte integrante da 
educação em direitos humanos nessa etapa a compreensão de conteúdos que levem a reflexão sobre 
a evolução histórica, a construção, as contradições, as conquistas e os reveses com relação aos 
direitos em sociedade, favorecendo uma visão ética de mundo, integrada ao meio ambiente de 
forma sustentável. 
 
A educação para os direitos humanos no ensino superior 
 
Nas Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos, que começamos a analisar no 
início desta unidade, alguns artigos são voltados para a pesquisa e a formação de professores, além 
do ensino superior em si. São eles: 
 
Art. 8º A Educação em Direitos Humanos deverá orientar a formação inicial e continuada de 
todos/as os/as profissionais da educação, sendo componente curricular obrigatório nos cursos 
destinados a esses profissionais. 
 
Art. 9º A Educação em Direitos Humanos deverá estar presente na formação inicial e continuada de 
todos/as os/as profissionais das diferentes áreas do conhecimento. 
 
Art. 10. Os sistemas de ensino e as instituições de pesquisa deverão fomentar e divulgar estudos e 
experiências bem sucedidas realizados na área dos Direitos Humanos e da Educação em Direitos 
Humanos. 
 
Art. 11. Os sistemas de ensino deverão criar políticas de produção de materiais didáticos e 
paradidáticos, tendo como princípios orientadores os Direitos Humanos, e por extensão, a Educação 
em Direitos Humanos. 
 
Art. 12. As Instituições de Ensino Superior estimularão ações de extensão voltadas para a promoção 
de direitos humanos, em diálogo com os segmentos sociais em situação de exclusão social e 
violação de direitos, assim como os movimentos sociais e a gestão pública. 
 
Todos os documentos nacionais e internacionais que já analisamos nesse curso enfatizam a 
responsabilidade das instituições de ensino superior (IES) com relação à educação em direitos 
humanos. Além da obrigação direta da formação, inclusive de professores, as IES gera pesquisa e 
conhecimento que impactam diretamente na garantia de direitos e na reflexão sobre os direitos 
humanos em si. 
 
Figura 6: Campus da Universidade do Estado do Rio de Janeiro 
 
As IES possuem responsabilidade fundamental na busca pela construção de uma sociedade mais 
justa, princípio fundamental dos direitos humanos. Para isso, a educação em direitos humanos deve 
ser considerada de forma transversal nas IES, englobando as diferentes vertentes da universidade, 
como a pesquisa, a gestão, a extensão e o ensino. Diretamente no ensino os DH podem ser incluídos 
como disciplinas do currículo regular ou, ainda, como atividades extras. 
 
Na pesquisa pode pautar o avanço do conhecimento que gere desenvolvimento sustentável e ainda 
ser objeto em si de reflexão e análise. Para além disso, é necessário incentivo a essa reflexão 
específica sobre os direitos humanos por meio de financiamento e estruturação de grupos e núcleos 
de estudos, assim como a organização de núcleos de memória sobre a instituição e o avanço do 
conhecimento na área. Na extensão, a aproximação das IES com a sociedade em geral deve ser 
pautada pelos princípios dos DH, especialmente lidando com setores mais vulneráveis da sociedade. 
Cabe, ainda, às IES apoiar as demais instituições da sociedade na promoção dos direitos humanos. 
 
Um ambiente educacional capaz de promover os direitos humanos deve levar em consideração o 
respeito às diferenças, garantindo um processo de ensino-aprendizagem inclusivo, com práticas 
democráticas, sem preconceitos, discriminações e qualquer tipo de violência. O Plano Nacional de 
Educação em Direitos Humanos chama a atenção para a centralidade de se ter um Projeto Político 
Pedagógico conectado aos princípios, objetivos e fundamentos da Educação em Direitos Humanos, 
perpassando as ações do currículo de forma transversal, trazendo os temas gerais dos direitos 
humanos para a realidade dos alunos e, assim, incorporar vivências e conhecimentos, ampliando a 
participação e a busca de direitos e deveres em sociedade. Todos os documentos nacionais e 
internacionais que já analisamos nesse curso enfatizam a responsabilidade das instituições de ensino 
superior (IES) com relação à educação em direitos humanos. Além da obrigação direta da formação, 
inclusive de professores, as IES gera pesquisa e conhecimento que impactam diretamente na 
garantia de direitos e na reflexão sobre os direitos humanos em si. 
 
Proposta metodológica para se trabalhar a educação em direitos 
humanos 
 
Ao término desta competência você terá a capacidade de apresentar propostas 
metodológicas para exercer as atividades referentes à educação em direitos humanos. 
É impreterível que você tenha tato na aplicação da disciplina. Compreendemos da 
diversificação dos níveis na educação no sistema brasileiro de educação, bem como, 
da necessidade da aplicação correta em cada nível, e, o profissional de educação 
necessita da expertise para que consiga conectar linguagem e informações 
pertinentes aos receptores em cada nível. Aqui notamos que já não basta 
simplesmente deter o conhecimento puramente, e sim, a técnica em transmitir de 
forma pontual o conteúdo trabalho. E então? Motivado para desenvolver esta 
competência? Então vamos lá. 
Avante! 
 
A construção social para educação em direitos humanos

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