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Políticas Públicas e Legislação Educacional Aula 1 Políticas Públicas e Legislação Educacional Aula 1 Sumário Aula 01 Políticas Públicas e Legislação Educacional 1 – Conceito de educação – considerações iniciais 2 – Etapas da Educação Básica 2.1 – A Educação Infantil 1 – Conceito de educação – considerações iniciais “Sempre é difícil nascer. A ave tem que sofrer para sair do ovo, isso você sabe. Mas volte o olhar para trás e pergunte a si mes- mo se foi de fato tão penoso o caminho. Difícil apenas? Não terá sido belo também?” (Hermann Hesse) Existe, ainda, uma ideia equivocada que atribui à educação a transmissão do conhecimen- to constituído. Porém, em virtude das pluralida- des culturais, torna-se difícil retomar esse velho conceito e tentar levar para as escolas uma pe- dagogia tradicionalista. O conceito de educação e especialmente o de educar ganha contornos diversifi cados no cenário do ensino básico bra- sileiro. Hoje, o conceito de educação equipara ao grau de funcionalidade que o termo apresenta. De acordo com Libâneo, “educar” (do latim, educare) carrega o signifi cado de conduzir de um estado a outro, signifi ca provocar mudan- ças de direção, de rumo. O ato pedagógico em si, deve ser defi nido como uma atividade sistemáti- 4 ca de interação entre os seres humanos, tanto no nível intrapessoal, como no interpessoal. Libâ- neo (1990, p. 97): [...] presume no ato pedagógico de três compo- nentes: um agente (alguém, um grupo, um meio social etc.), uma mensagem transmitida (conte- údos, métodos, automatismos, habilidades etc.) e um educando (aluno, grupos de alunos, uma geração etc). Com isso, se quer dizer que o pedagógi- co se encontra entre a mensagem e o educando. Ainda, segundo o autor, como instância media- dora, a ação pedagógica possibilita a relação de reciprocidade entre indivíduo e sociedade. Isso nos leva a pensar na educação dentro de um con- texto histórico-social concreto, sendo a prática social o ponto de partida e de chegada da ação pedagógica. Entretanto, quando o aluno inicia seu processo de aprendizagem apresenta uma expe- riência social confusa e fragmentada, que deve ser conduzida ao estágio superior de organização. Para Demerval Saviani (1996, p. 120) a educação 5 “é um processo que se caracteriza por uma ativi- dade mediadora no seio da prática social global.” Nesse sentido, não há como dissociar educação de ensino e vice-versa. Pensem bem: “Como poderíamos edu- car alguém sem informá-lo sobre o mundo em que vive? A partir da consciência de sua própria ex- periência e da experiência social o homem adquire condições de se formar um ser político e social- mente envolvido, moralmente formado. Toda a informação ao ser assimilada pelo educando, in- terfere na sua concepção de mundo. Não há in- formação neutra, pois mesmo que pretensamente assim se apresente, está carregada de valores, uma vez que a educação não pode ser compreendida à margem da história, mas no contexto em que os homens estabelecem entre si as relações de pro- dução de sua própria existência. A partir dessas considerações, podemos dizer que a educação deve ser um instrumento de crítica dos valores herdados e dos novos valo- res que estão sendo propostos. Nesse interjogo, devemos tomá-la como um processo formativo, de modo que socialize a cultura herdada, dele- gando a todos os instrumentos de crítica dessa 6 mesma cultura, ou seja, a educação existe com o propósito de instrumentalizar o homem como um ser capaz de agir sobre o mundo e, ao mesmo tempo, compreender a ação exercida. A escola, nesse caso, não se resume numa entidade que pressupõe transmitir um sa- ber acabado e defi nitivo, não devendo separar teoria e prática, educação e vida. Os professores integram o processo educativo, sendo importan- tes para a formação das futuras gerações e para os padrões de sociedade que almejamos. Libâneo (1994, p. 19) ressalta o papel social da educação e o modo como seus conteúdos objetivos são de- terminados pelas sociedades, pela política e ideo- logia predominantes: [...] desde o início da história da humanidade, os indivíduos e grupos travavam relações recíprocas diante da necessidade de trabalharem conjunta- mente para garantir sua sobrevivência. Portanto, a educação escolar consiste em um sistema de instrução e ensino de objetivos intencionais, sistematizados e com alto grau de organização. As práticas educativas podem de- terminar as ações da escola, sendo a escolari- 7 zação o processo principal para oferecer a um contingente sua real possibilidade de ser livre e buscar nesta mesma medida participar das lutas democráticas. Guiomar Namo de Melo (apud Libâneo, op.cit., p. 35) destaca que “a escolaridade básica constitui instrumento indispensável à construção da sociedade democrática”. Isso se confi rma no artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases (Lei n.9394/96): A Educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convi- vência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e or- ganizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. Esse conceito abarca a plenitude da vida cultural que se refl ete na escolaridade básica. Diante do que já pontuamos, o aluno acumula conhecimentos e experiências que vivencia em seu meio, e com o qual conta para dar sentido a seu processo de aprendizagem. Nesse processo, a aprendizagem vivenciada se articula à aprendi- zagem instituída, por meio do intelecto. O fun- 8 cionamento da inteligência signifi ca um modo particular de vivenciar os processos de formação de valores, condutas e saberes apreendidos e re- produzidos com os propósitos educacionais de cada época, de cada cultura, de cada etnia. Isso nos leva a refl etir a necessidade de a escola caminhar articulada aos interesses ob- jetivos e subjetivos da formação humana. O contexto educacional apregoa que a escola de- verá atentar-se para o modo como lida com a formação dos alunos, e que terá de seguir um modelo aberto, fl exível e contextualizado. Prin- cipalmente, a meta educacional “deverá vincular- -se ao mundo do trabalho e à prática social” e a relação educação e trabalho precisa ser discutida e aprofundada nos fundamentos legais das dire- trizes curriculares educacionais. O art. 22 da LDB assegura isso: A educação básica tem por fi nalidades desen- volver o educando, assegurar-lhe a formação co- mum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. 9 E sobre a proposta curricular para a edu- cação básica o artigo 27 da Lei garante que: Os conteúdos curriculares da educação básica observarão, ainda, as seguintes diretrizes: I – a difusão de valores fundamentais ao interes- se social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática; II – consideração das condições de escolaridade dos alunos em cada estabelecimento; III – orientação para o trabalho; IV – promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não formais. São etapas correspondentes a diferentes momentos constitutivos do desenvolvimento educacional: a Educação Infantil, que compreen- de: a creche, englobando as deferentes etapas de desenvolvimento da criança até 3 (três) anos e 11 (onze) meses, e a pré-escola, com duração de 2 (dois) anos; o Ensino Fundamental, obrigatório e gratuito, com duração de 9 (nove) anos organi- zado e tratado em duas fases: a dos 5 (cinco) anos iniciais e a dos 4 (quatro) anos fi nais; e o Ensino 2– Etapas da Educação Básica 10 Médio, com duração mínima de 3 (três) anos. 2.1– A Educação Infantil Considerada a primeira etapa da Edu- cação Básica, do nascimento aos três anos, as crianças têm direito a atendimento em creches; dos quatro aos cinco anos, em pré-escola, com- petindo aos municípios oferecê-la gratuitamente. De acordo com Mariza Abreu (2004),a educação infantil cresce de forma acelerada no mundo in- teiro em função: • da necessidade da família de uma instituição que se encarregue do cuidado e da educação de seus fi lhos pequenos; • dos argumentos advindos das ciências que in- vestigam o processo de desenvolvimento huma- no que indicam a primeira infância como perío- do crítico desse processo; • da compreensão de que o ser humano tem direito ao cuidado e à educação desde o nasci- mento, sendo a educação elemento constitutivo da pessoa; • do direito dos trabalhadores, pais ou responsá- veis, à educação de seus fi lhos e dependentes de zero a cinco anos. 11 No contexto do projeto nacional – polí- tico, econômico e social – assumido pelas instân- cias governamentais e pelos movimentos sociais, a Educação infantil ganha maior compreensão no contexto educacional. De acordo com o Pa- recer do Conselho Nacional de Educação e Con- selho de Educação Básica/ n° 04/00, a educação infantil visa propiciar a integração dos aspectos físicos, afetivos, cognitivos, sociais e cultu- rais das crianças, respeitar a expressão e as compe- tências infantis, garantindo a identidade, a autono- mia e a cidadania da criança em desenvolvimento. Nesse sentido, o Projeto Pedagógico de- verá ser construído de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais e as Diretrizes Operacio- nais para Educação Infantil, e as normas do res- pectivo sistema de ensino, além dos Referencias Curriculares para Educação Infantil, publicados pelo Ministério da Educação (MEC), garantindo a participação dos educadores, das famílias e das comunidades. O compromisso da Educação infantil para crianças de 0 a 3 anos concentra-se nas formas de expressão, entre elas a linguagem 12 verbal e a corporal. É um período em que a criança vivencia a realidade através das fantasias que cria e dos jogos simbólicos. É o período do faz de conta. A – O trabalho pedagógico na educação infantil A rotina de trabalho na educação infantil deverá vincular-se a afetos e aprendizagens nas mais diversas atividades que compõem o cotidia- no da criança, que deverá organizar-se para que elas ampliem seus conhecimentos. Tendo como eixo principal a criança e seus interesses, a prática de ensinar deve ser pau- tada na práxis pedagógica para que o educador possa ressignificá-la sempre que necessário. Diante disso, o professor de educação infantil deverá desempenhar sua função junto ao grupo de crianças, planejando e executando si-tuações voltadas à construção da autoconfiança, iniciativa, autonomia e potencialidades inerentes à condição humana. Com essas considerações, algumas inda-gações merecem ser revistas: • Que fi losofi a fundamenta a prática dos profi s- sionais que atuam nas instituições de educação 13 infantil? • Quais os seus objetivos? • São simplesmente professores, recreadores ou educadores? • Esses educadores conhecem bem o processo de desenvolvimento infantil? • Conhecem a teoria epistemológica de Piaget sobre o desenvolvimento intelectual da criança? • Conhecem a relação afetividade e cognição? • Sabem perceber a criança em sua integralidade? • Sabem que pressupostos e objetivos permeiam a educação infantil? • Estarão comprometidos com uma educação que dê oportunidades para que as crianças manifestem livremente seus sentimentos e emoções, satisfa- çam sua curiosidade natural, decidam, critiquem, escolham, opinem, desabrochem suas potenciali- dades, reinventem o conhecimento, sintam prazer, perseverança, iniciativa, sejam felizes? • De suas mãos sairão crianças criativas, inventi- vas, refl exivas? É elementar que o professor repense a organização do espaço e do tempo na escola, de maneira que possibilite desafi ar a iniciativa da criança, levando em consideração a faixa etária, a 14 quantidade de alunos na turma, a necessidade e interesses do grupo, e como interagem os cole- gas entre si. É preciso que se considerem também as necessidades biológicas das crianças, que di- zem respeito aos cuidados básicos que se reali- zam em horários pré-determinados pela escola, como hora das refeições, higiene, repouso etc. Vale destacar que essa rotina gera disciplina, o que permite à criança a formação de hábitos re- lacionados ao espaço e ao tempo. Diante dessas colocações, a educação in- fantil necessita de educadores que tenham uma filosofia de vida e de educação voltada para as questões da infância, cujo fazer pedagógico seja coerente com suas crenças e valores; que enten- dam de metodologias, de processos de desenvol-vimento infantil; sejam estimuladores da criati-vidade e promotores de situações desafiadoras; saibam interagir com a criança e acolhê-la em seu momento real. Enfim, os profissionais da edu-cação infantil precisam saber em que consiste a ação educativa. B – O brincar na educação infantil A brincadeira que a criança desenvolve é 15 uma forma de descobrir o mundo, desenvolver capacidades como atenção, criatividade e ima- ginação, além de organizar as emoções e iniciar os primeiros relacionamentos no meio de con- vivência. A criança que brinca é mais feliz, mais espontânea, vive de fato a infância. Por sua função humanizadora e cultural, a brincadeira confi gura-se de práticas, conheci- mentos e artefatos construídos e acumulados pe- los sujeitos, nos contextos históricos e sociais em se inserem, ou seja, a criança, do mesmo modo que aprende a se comunicar e a expressar seus desejos e vontades, aprende a brincar. No entanto, na escola, o brincar deve fazer parte de um projeto educativo planejado, em que o professor seja o participante e obser- vador das brincadeiras, o que lhe proporcionará uma maior proximidade dos alunos e da vivência real de cada um, e do modo como lidam com as situações cotidianas. Assim, o ato de brincar da criança vai se tornando complexo na medida em que ela avança em seus estágios de desenvolvi- mento intelectual. Cabe, portanto, considerar que a brinca- deira é a ação que a criança desempenha ao con- cretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação 16 lúdica. O compromisso do adulto é coordenar o brincar fazendo com que se torne um processo educativo para crianças de diferentes idades. C- Sexualidade da criança Freud (1970) estuda a sexualidade infan- til, distinguindo-a da pura genitalidade, compre- endendo que ela também pressupõe um modo de constituição psíquica. A criança vive a sua se- xualidade desde que nasce, em situações de ama- mentação, percepção do próprio corpo ao tocar- -se ou ser tocada e na curiosidade crescente, em que o corpo passa a ser o seu universo sexual. Para ele, a criança vai vivenciando diferentes pe- ríodos na constituição da sua sexualidade. O primeiro, estágio oral – aproximada- mente os primeiros dois anos de vida -, em que a concentração da sexualidade está na zona oral. A seguir, o estágio anal – do primeiro ao tercei- ro ano de vida -, tem como aspecto relevante a maturação neuromuscular sobre os esfíncteres, permitindo maior controle sobre a retenção e expulsão das fezes e urina, o que caracteriza maior domínio sobre o próprio corpo. O estágio fálico – por volta do terceiro ao quinto ano -, tem as primeiras teorias sobre a sexualidade sen- 17 do formuladas pelas crianças, isto, na tentativa de responder perguntas como: de onde vêm os bebês, como serão os órgãos genitais dos que as rodeiam e como se dá a relação sexual dos pais. Diante dessas primeiras curiosidades infantis, Rousseau (1992, p.223) escreve: A maneira mais curta que uma mãe imagina para se desobrigar, sem enganar o fi lho, é impor-lhe o silêncio... é o segredo das pessoas casadas, lhe dirá: as crianças não devem ser tão curiosas. Eis que resolve muito bem o problema da mãe: mas que saiba que despeitado com o ar de desprezo, o menino(a) não terá um minuto de descanso en- quanto não tiver descoberto o segredo das pes- soas casadas e não tardará em descobri-lo. Para Nunes (2000, p.55), constitui-se tarefa pedagógica satisfazeras curiosidades da criança respeitando os seus limites de entendi- mento e a especifi cidade da dúvida que ela apre- senta. Nesse sentido, querer olhar os produtos do seu corpo, os próprios órgãos e interessar-se pela genitália dos companheiros são comporta- mentos naturais que requerem a compreensão e 18 intervenção adequada do adulto com vistas à su- peração do sexismo1 e dos estereótipos sexuais. D – Adaptação da criança à escola infantil A fase de adaptação escolar pode gerar confl itos, medos e inseguranças tanto nas crian- ças como nos pais, pois, ao sair do núcleo fami- liar para se inserir nesse novo ambiente, muitas coisas passam pela cabeça da família. Nesse momento, é fundamental que a escola possa ser concebida enquanto instituição capaz de oferecer às crianças uma infi nidade de novas possibilidades. Para tanto, família e escola devem trabalhar juntas, a fi m de tornar esse mo- mento uma descoberta saudável. O educador tem como função, nesse pe- ríodo, tornar esse novo meio interessante para a criança, conhecendo o aluno, suas particularida- des evolutivas, necessidades básicas, a família e sua rotina e tendo informações específi cas sobre suas condições de saúde, higiene e nutrição, pois 1 Sexismo é um termo que se refere ao conjunto de ações e ideias que pri- vilegiam entes de determinado gênero. Por exemplo, mulheres que acham que o sexo feminino é superior ao masculino e vice-versa. Também se adéqua no que toca a orientações sexuais: heterossexuais que se julgam superiores a homossexuais e vice-versa. 19 o conjunto de suas características pessoais e fa- miliares precisa ser respeitado e valorizado. Tais informações devem estar contem- pladas no planejamento das brincadeiras, dos jo- gos e das atividades lúdicas oferecidas às crianças como estratégia para o processo de adaptação de cada uma. Ainda, é preciso considerar que a en- trada da criança na escola é a primeira de tantas outras adaptações que irão acontecer no decorrer da vida escolar. Desse modo, sempre que aconte- cer troca de turma, de professor, mudanças fami- liares, entre outros, os princípios da adaptação, anunciados acima, precisam ser reconduzidos. 20 Políticas Públicas e Legislação Educacional Aula 2 Políticas Públicas e Legislação Educacional Aula 2 Sumário Aula 02 Políticas Públicas e Legislação Educacional 1 – Ensino fundamental 2 – Ensino Médio 3 – Modalidades da educação básica 3.1 – Educação de Jovens e Adultos 1 – Ensino fundamental O ensino fundamental, segundo a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), consolidou-se como a segunda etapa da educação básica. De oito anos de escolarização passou para 9 anos, iniciando-se a partir dos seis anos de idade. É ideia equivocada considerar, em edu-cação, que a transição de uma etapa para outra de nível superior independem entre si do ponto de vista cognitivo. Isso quer dizer que o ensino fundamental se constitui o prolongamento de uma etapa já iniciada na pré- escola, cujo processo de escolarização possibilita a organização contínua do conhecimento, dentro de um bloco articulado e organicamente construído. 4 De acordo com o artigo 32 da LDB, o ensino fundamental terá por objetivos a forma- ção básica do cidadão, mediante: I – o desenvolvimento da capacidade de apren- der, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III – o desenvolvimento da capacidade de aprendi- zagem, tendo em vista a aquisição de conhecimen- tos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerân- cia recíproca em que se assenta a vida social. A - A ampliação do ensino fundamental para nove anos Para a duração do ensino fundamental, a Lei nº 4.024, de 1961, estabelecia quatro anos; pelo Acordo de Punta Del Este e Santiago, o go-verno brasileiro assumiu a obrigação de estabelecer a duração de seis anos de ensino 5 primário para todos os brasileiros, prevendo cumpri-la até 1976. Com a Lei nº 5.692/71 estendeu a obri- gatoriedade para oito anos. E em 1996, a LDB sinalizou para um ensino obrigatório de nove anos, a iniciar-se aos seis anos de idade. A partir de então, tornou-se meta da educação nacional pela Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001, que aprovou o Plano Nacional de Educação (PNE) essa ampliação, cujas intenções são: [...] oferecer maiores oportunidades de aprendi- zagem no período de escolarização obrigatória e assegurar que, ingressando mais cedo no sistema de ensino, as crianças prossigam nos estudos, al- cançando maior nível de escolaridade. Esse Plano estabelece, ainda, que a im- plantação progressiva do ensino fundamental de nove anos deve se dar em consonância com a universalização do atendimento na faixa etária de 7 a 14 anos, sendo que essa ação requer planeja- 6 mento e diretrizes que norteiem o atendimento integral da criança em seu aspecto físico, psico- lógico, intelectual e social, além de metas para a expansão da atendimento, com garantia de qua- lidade.Inclusive o artigo 23 da LDB incentiva a criatividade e insiste na fl exibilidade da organiza- ção da educação básica: A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não se- riados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de orga- nização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar. A implantação do ensino fundamental de nove anos leva a repensá-lo em seu conjunto, o que se torna uma oportunidade para uma nova práxis dos educadores, sendo primordial que ela aborde os saberes e seus tempos, assim como os métodos de trabalho. Nesse sentido, os educa- dores deverão adotar uma práxis que caminhe na direção de uma escola de qualidade social. 7 I – a consolidação e o aprofundamento dos co- nhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos; II – a preparação básica para o trabalho e a cida- dania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com fl exibili- dade a novas condições de ocupação ou aperfei- çoamento posteriores; III– o aprimoramento do educando como pes- soa humana, incluindo a formação ética e o de- senvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; IV – a compreensão dos fundamentos cientí- fi co-tecnológicos dos processos produtivos, re- lacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina. O currículo do ensino médio destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do signifi cado da ciência, das letras e das artes; 2 Ensino Médio Conforme o artigo 35 da LDB constitui a etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos e terá como finalidades: 8 o processo de transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exer- cício da cidadania. Os conteúdos, as metodologias e as for- mas de avaliação serão organizados de tal modo que, ao fi nal do ensino médio, o educando de- monstre: domínio dos princípios científi cos e tecnológicos que presidem a produção moder- na; conhecimento das formas contemporâneas de linguagem; domínio dos conhecimentos de Filosofi a e Sociologia, necessários ao exercício da cidadania. Dentre as funções que lhe cabem, uma é possibilitar que os jovens possam ter acesso à educação profi ssionalizante, aprofundando sua compreensão sobre os fundamentos científi cos e tecnológicos, conhecendo o movimento do mundo do trabalho e as características dos pro- cessos produtivos. Hoje a educação do ensino médio visa preservar o caráter unitário, a educação geral como eixo unifi cador, com conteúdos organica- mente estruturados,fi cando a oferta de discipli- nas e atividades profi ssionalizantes condiciona- das à ampliação de sua duração. 9 De acordo com o Art. 27 da Resolução n. 4, de 13 de julho de 2010, [...] a cada etapa da Educação Básica pode cor- responder uma ou mais das modalidades de en- sino: Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial, Educação Profi ssional e Tecnológica, Educação do Campo, Educação Escolar Indíge- na e Educação a Distância. 3.1 Educação de Jovens e Adultos A Educação de Jovens e Adultos (EJA) destina-se aos que se situam na faixa etária supe- rior à considerada própria, no nível de conclusão do ensino fundamental e do ensino médio. O curso da EJA articula-se à Educação Profissional e à Educação Básica, apresentam como caracte-rística a flexibilidade, tanto curricular quanto ao espaço e tempo de estudos. 3 Modalidades da educação básica 10 Políticas Públicas e Legislação Educacional Aula 3 Políticas Públicas e Legislação Educacional Aula 3 Sumário Aula 03 Políticas Públicas e Legislação Educacional 1 – Educação especial 2 – Educação Profissional e Tecnológica 3 – Educação Básica do Campo 4 – Educação Escolar Indígena 5 – Educação a distância 6 – Financiamento da educação 1 – Educação especial O artigo 58 da LDB trata a educação es- pecial como a modalidade de aprendizagem de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portado- res de necessidades especiais: alunos subdotados e alunos superdotados. Os sistemas de ensino deverão assegurar recursos específicos para atender a essas necessi- dades especiais como: currículos, métodos, técni- cas, professores com especialização adequada em nível médio ou superior para atendimento espe- cializado, educação especial para o trabalho, visan- do a efetiva integração na vida em sociedade. 2 – Educação Profissional e Tecnológica Art. 30. A Educação Profissional e Tecnológica, no cumprimento dos objetivos da educação nacional, integra-- se aos diferentes níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia, e ar- ticula-se com o ensino regular e com outras modalidades educacionais: Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial e Educação a Distância. 4 Art. 31. Como modalidade da Educação Básica, a Edu- cação Profi ssional e Tecnológica ocorre na oferta de cursos de formação inicial e continuada ou qualifi cação profi s- sional e nos de Educação Profi ssional Técnica de nível médio. Art. 32. A Educação Profi ssional Técnica de nível mé- dio é desenvolvida nas seguintes formas: I - articulada com o Ensino Médio, sob duas formas: a) integrada, na mesma instituição; ou b) concomitante, na mesma ou em distintas instituições; II - subsequente, em cursos destinados a quem já tenha concluído o Ensino Médio. A Lei, ainda, preceitua que esta moda- lidade de educação pode ser desenvolvida me- diante estratégias de educação continuada, em instituições especializadas ou no ambiente de trabalho, incluindo os programas e cursos de aprendizagem, previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). 3 – Educação Básica do Campo Observa a lei que a educação para a po- pulação que reside no campo (zona rural) deverá adequar-se às peculiaridades da vida no campo e 5 O Art. 37 da LDB orienta que: A Educação Escolar Indígena ocorre em uni- dades educacionais inscritas em suas terras e culturas, as quais têm uma realidade singular, requerendo pedagogia própria em respeito à es- pecifi cidade étnico-cultural de cada povo ou co- munidade e formação específi ca de seu quadro docente, observados os princípios constitucio- nais, a base nacional comum e os princípios que orientam a Educação Básica brasileira. E, ainda, o Art. 38 ressalta que a comuni- dade deverá participar na defi nição do modelo de organização e gestão, assim como em relação a: de cada região. Portanto, a organização da ação pedagógica deverá pautar-se em metodologias e conteúdos curriculares apropriados às necessi- dades e interesses desses estudantes; o calendá- rio escolar terá de ser adaptado às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas 4 – Educação Escolar Indígena 6 I - suas estruturas sociais; II - suas práticas socioculturais e religiosas; III - suas formas de produção de conhecimento, pro- cessos próprios e métodos de ensino-aprendizagem; IV - suas atividades econômicas; V - edifi cação de escolas que atendam aos inte- resses das comunidades indígenas; VI - uso de materiais didático-pedagógicos pro- duzidos de acordo com o contexto sociocultural de cada povo indígena. 5 - Educação a distância A educação a distância se constitui um instrumento pedagógico que pode desempenhar um papel no processo de ensino-aprendizagem, através do uso tecnológico da informática e das comunicações. Nesse processo rompem-se os limites tradicionais da sala de aula, interagem indivíduos que não se conhecem pessoalmente. Não mais prevalecem as fronteiras geográficas e nacionais e se confrontam de imediato valores de diferentes culturas. Apresenta, portanto, novos desafios às formulações teóricas e ao exercício 7 pedagógico, através da criatividade e do espírito inventivo. Propõe o artigo 80 da LDB a educação a distância ou não presencial: O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distan- cia, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. §” 1º A educação a distancia, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especifi camente credenciadas pela União. § 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relati- vos a cursos de educação a distancia. § 3º As normas para produção, controle e ava- liação de programas de educação a distancia e a autorização para sua implementação, caberão aos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas. § 4º A educação a distancia gozará de tratamento diferenciado. 8 O fi nanciamento público da educação e a situação socioeconômica estão fortemente vin- culados, na medida em que principais fontes de recursos para a educação provêm da arrecada- ção de impostos, que é automaticamente afetada pelo desempenho da economia. O ensino fundamental e médio é manti- do e desenvolvido à custa de recursos internos e externos. Os recursos internos são de caráter público e privado. Os públicos advêm da União, dos Estados e dos Municípios e os privados emanam das taxas de anuidade ou mensalidades da rede particular de ensino e, eventualmente, de doações e legados originários de fundações, de empresas privadas e de indivíduos isolados. Os recursos externos podem ser públi- cos e privados. Os públicos são aqueles forne- cidos diretamente pelos governos de outros paí- ses ou agências representativas dos mesmos. Os privados fornecidos por agências fi nanciadoras internacionais com capital misto de vários países, ou por fundações, instituições, empresas e indi- víduos de outros países. 6 – Financiamento da educação 9 A maior fonte de recursos internos é con- signada à educação por meio dos orçamentos. A manutenção e a execução do ensino público em suas diferentes esferas assim como do ensino mi- nistrado pelas entidades privadas (escolas fi lantró- picas, confessionais e comunitárias) dependem do controle e avaliação dos orçamentos. Historicamente, o ensino público e gra- tuito evoluiu de forma lenta em relação à popu- lação de 1834 a 1934. Nessa época, o ensino era fi nanciado pelos impostos advindos da exporta- ção de café. E à medida que crescia a arrecada- ção de impostos, as escolas eram fundadas nas cidades e comunidades rurais. Foi a Constituição de 1934 a primeira a destinar recursos vinculados a impostos para a educação pública. As despesas com educação passavam a aumentar tanto por parte da União, como dos estados e municípios. Entre os anos de 1950 a 1980,as matrículas na Educação Bá- sica aumentaram disparadamente e os recursos fi nanceiros não eram proporcionais à demanda crescente, fi cando prejudicados os salários dos professores e a qualidade do ensino. O resultado disso era que o Brasil na década de 80 apresenta- va mais de 20% da população totalmente analfa- 10 beta e índices de defasagem idade/série no ensi- no fundamental acima de 70%. O investimento em educação estava na verdade resultando em uma escola que fabricava excluídos, com esco- laridade totalmente inadequada aos padrões de industrialização do país e de consumo da popu- lação. O crescente desenvolvimento econômico era desproporcional à ínfi ma distribuição de ren- da e de cultura. Com a promulgação da Constituição em 5 de outubro de 1988, garantiu-se o ensino público gratuito nas escolas ofi ciais, obrigando o Estado a oferecer a todos o ensino fundamental , o ensino médio e a educação infantil (em creche e pré-esco- la) para os fi lhos de trabalhadores e ainda, a edu- cação superior para quem mostrasse capacidade. Foram destinados, nessa época, à educação dois tipos de recursos fi nanceiros: percentuais vincula- dos a impostos e transferências para manutenção e desenvolvimento do ensino e contribuições so- ciais para reforço desse fi nanciamento. O artigo 212 da lei diz ser obrigação da União aplicar pelo menos 18% e os estados, o Distrito Federal e os municípios 25%, fi cando as unidades federadas livres para aumentar estes percentuais mínimos. O salário educação, corres- 11 pondente a 2,5% da folha de contribuição dos empregados, deve destinar-se, também, integral- mente ao ensino fundamental público. Em 1996 os recursos aplicados em edu- cação se dividiam em: impostos federais (impos- to sobre a renda – IR, imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, Imposto Territorial Ru- ral – ITR, Imposto sobre Operações Financei- ras – IOF, Imposto sobre Importação – I. Imp., Imposto sobre Exportação – I.Exp.); impostos estaduais (Fundo de Participação dos Estados – FPE, Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS, Transferência de IPI relativa a produtos exportados – IPI-Exp., Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA, Imposto sobre a Transmissão “Causa Mortis” de Bens e Direitos – ITCD, Adicional sobre Impos- to de Renda – AIR, Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF , sendo 25% da arrecadação disponíveis aos estados e ao Distrito Federal); impostos municipais (Fundo de Participação dos Municípios – FPM, Imposto Territorial Rural – ITR, Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS, Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores – IPVA, Imposto Pre- dial e Territorial Urbanos – IPTU Imposto sobre 12 Serviços de Qualquer Natureza – ISS, Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis – ITBI, Im- posto de Renda Retido na Fonte – IRRF, sendo 25% da arrecadação disponível para os municí- pios brasileiros). Deparamos com as seguintes questões: Será a quantia da arrecadação com impostos e taxas suficiente para garantir um ensino de qualidade e acessível à demanda populacio- nal brasileira? É uma constatação que nem todos os atuais recursos chegam ao sistema escolar e, os que chegam, são distribuídos desordenadamente, principalmente nos municípios. Na maioria dos municípios recursos são desviados sistematica- mente, calculando-se que, em média, somente metade dos impostos e transferências vinculados são realmente aplicados em manutenção e de- senvolvimento do ensino. O que diz a LDB a respeito do investimento em educação? No artigo 69, em seus parágrafos 5º e 6º, dispõe: A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os estados, o Distrito Federal e os mu- nicípios, vinte e cinco por cento, ou o que consta 13 nas respectivas Constituições ou Leis Orgânicas, da receita resultante de impostos, compreendidas as transferências constitucionais, na manutenção e desenvolvimento do ensino público. § 5º O repasse dos valores referidos neste artigo do caixa da União, dos estados, do Distrito Fede- ral e dos municípios ocorrerá imediatamente ao órgão responsável pela educação, observados os seguintes prazos: I – recursos arrecadados do primeiro ao décimo dia de cada mês, até o vigésimo dia; II – recursos arrecadados do décimo primeiro ao vigésimo dia de cada mês, até o trigésimo dia; III – recursos arrecadados do vigésimo primeiro dia ao fi nal de cada mês, até o décimo dia do mês subsequente. § 6º O atraso da liberação sujeitará os recursos à correção monetária e à responsabilização civil criminal das autoridades competentes. Mesmo havendo a redução de recurso para a educação básica, como mostra o arti- go 60 do Ato das Disposições Transitórias da LDB, o problema é que, no Brasil, historica- mente, as leis fi cam subordinadas às políticas do governo central e estes, por sua vez, às in- junções internacionais. 14 Segundo (João Monlevade, 1998, p. 221 a 214), os avanços da LDB em termos de fi nancia- mento estão divididos nas seguintes categorias: I – A reorganização da distribuição – a União se responsabiliza pelo fi nanciamento na manu- tenção da educação superior e do ensino médio profi ssional. Quando necessário suplementa re- cursos para o ensino fundamental no Distrito Federal, nos estados e nos municípios, além de propor ações de política educacional: assistência ao educando (alimentação escolar e material di- dático), investimentos na qualidade (avaliação e capacitação) e no desenvolvimento tecnológico do ensino: TV Escola, informática educativa, Plano Nacional de Educação. Cabe aos estados aplicar os seus recursos no ensino fundamental e médio e os municípios no ensino fundamental e na educação infantil. II – Gestão democrática das verbas – que acon- tece pelo acompanhamento fi scal da sociedade, de maneira direta e indireta; pela escola que tem autonomia para gerir todos os seus recursos. III – Defi nição das despesas de manutenção e desenvolvimento de ensino com material didáti- co e transporte escolar, alimentação escolar. 15 IV – Priorização do ensino público com verbas vinculadas da União, dos estados e dos municí- pios, mesmo que ultrapassem os 25%. As escolas particulares merecem também apoio fi nanceiro, porém acima dos percentuais vinculados e sempre na perspectiva emergencial, ou seja, desde que não haja vagas no ensino obrigatório na localidade. Postura como essa, na visão do autor, iria aumentar ainda mais os transtornos com relação às escolas públicas. As famílias poderiam pas- sar a dar preferências pelas escolas particulares, acreditando que a solução para a qualidade na educação se encerraria no jargão escola particu- lar para todos. Em contrapartida, o autor assume as se- guintes posições: a – Historicamente, os países com educação uni- versal de qualidade chegaram a esse resultado pela via da escola pública e gratuita para todos; b – problemas e necessidades comuns a toda a população, principalmente onde o poder de compra das famílias é muito diversifi cado, exi- gem forte intervenção da autoridade social se quer preservar a justiça e realizar ao máximo as potencialidades dos educandos; c – devolver para as famílias a gestão fi nanceira 16 da escola de seus fi lhos, além de legitimar dife- renças sociais indesejáveis, recria valores com- petitivos e diferenciados que ameaçam a própria unidade social; A questão do fi nanciamento esconde vi- sões político-ideológicas que se prestam ao debate. V - A qualifi cação do ensino é uma questão lógi- ca: quanto maior a qualidade do ensino, maior é seu custo. Acontece que cada aluno tem seu cus- to-qualidade calculado, e os municípios e estados não detêm capacidade sufi ciente de fi nanciamen- to. Assim, recai sobre a União o compromisso de exercer seu dever supletivo. A luta por uma educação de qualidade não pode se esgotar. É o dinheiro público que a faz mover, fl exibilizar, alternar etc. Isso é fruto do trabalho públicoe do desenvolvimento eco- nômico que não pode ser excludente, negando qualidade de ensino para a maioria e reserva de vagas de excelência para poucos. É hora de criarmos consciência do nosso papel de cidadãos que pagam impostos e traba- lham honestamente. Temos direito, e as esferas de governo devem primar pelo compromisso na 17 qualidade e no investimento educacional. Está certo que existe um capitalismo exacerbado que, na maioria das vezes, dilacera sonhos e arromba metas humanas. Mas não desistamos. Diante da real situação, há que se tecer esperança e ir à luta em busca de um universo mais justo, mais huma- no, mais solidário. São muitos os que se queixam e poucos os que realmente fazem algo para ge- rir mudanças. Pensemos em nossos fi lhos. Que educação queremos para eles? 18 Diploma do Ensino Médio pelo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) Agora é possível obter o certifi cado de conclusão do ensino médio através do ENEM. O exame nacional do ensino médio agora habili- ta estudantes acima de 18 anos a concluir o ensi- no médio caso preencham os requisitos mínimos e obtenham um bom desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio. Os resultados do ENEM 2011 podem ser utilizados para fi ns de certifi cação em nível de conclusão de ensino médio. Os requisitos para se obter a certifi cação são: • ter 18 anos completos até a data de realização da primeira prova do ENEM; • atingir pelo menos 400 pontos em cada uma das quatro provas; •atingir o mínimo de 500 pontos na redação. Além disso, durante a inscrição no ENEM, o candidato deve indicar a Secretaria Complementação de estudo 1 19 Estadual de Educação ou o Instituto/Centro Fe- deral de Educação, Ciência e Tecnologia em que irá tentar obter a certifi cação, pois o diploma de conclusão do ensino médio, através do ENEM, é emitido por esses órgãos e a escolha de qual secretaria dependerá do endereço de residência. Ao selecionar esta opção, o candidato estará au- torizando o Instituto Nacional de Estudos e pes- quisas Educacionais (Inep) a enviar os dados e as notas obtidas no ENEM para as Secretarias Estaduais de Educação e Instituições da Rede Federal de Educação Profi ssional, Científi ca e Tecnológica. Com o diploma do Ensino Médio e o resultado do ENEM o estudante poderá tentar uma vaga nos vestibulares das faculdades e uni- versidades do Brasil. www.mundovestibular.com.br (2011) Por que Ensino Fundamental a partir dos seis anos? Conforme recentes pesquisas, 81,7% das crianças de seis anos estão na escola, sendo que 2 20 38,9% frequentam a Educação Infantil, 13,6% as classes de alfabetização e 29,6% já estão no Ensino Fundamental (IBGE, Censo Demográ- fi co 2000). Esse dado reforça o propósito de ampliação do Ensino Fundamental para nove anos, uma vez que permite aumentar o número de crianças incluídas no sistema educacional. Os setores populares deverão ser os mais benefi ciados, uma vez que crianças de seis anos da classe média e alta já se encontram majorita- riamente incorporadas ao sistema de ensino – na pré-escola ou no primeiro ano do ensino funda- mental. A opção pela faixa etária dos 6 aos 14 e não dos 7 aos 15 anos para o Ensino Fundamen- tal de nove anos segue a tendência das famílias e dos sistemas de ensino de inserir progressiva- mente as crianças de 6 anos na rede escolar. A inclusão, mediante a antecipação do acesso, é uma medida contextualizada nas políticas edu- cacionais focalizadas no Ensino Fundamental. Assim, observadas as balizas legais constituídas desde outras gestões, elas podem ser implemen- tadas positivamente na medida em que podem levar a uma escolarização mais construtiva. Isto porque a adoção de um ensino obrigatório de 21 nove anos iniciando aos seis anos de idade pode contribuir para uma mudança na estrutura e na cultura escolar. No entanto, não se trata de transferir para as crianças de seis anos os conteúdos e atividades da tradicional primeira série, mas de conceber uma nova estrutura de organização dos conteúdos em um Ensino Fundamental de nove anos, considerando o perfi l de seus alunos. O objetivo de estender o ensino obriga- tório é assegurar a todas as crianças um tempo mais longo de convívio escolar, maiores oportu- nidades de aprender e, com isso, uma aprendiza- gem mais ampla. É evidente que a maior apren- dizagem não depende do aumento do tempo de permanência na escola, mas sim do emprego mais efi caz do tempo. No entanto, a associação de ambos deve contribuir signifi cativamente para que os edu- candos aprendam mais. Seu ingresso no Ensino Fundamental obrigatório não pode constituir-se em medida meramente administrativa. O cui- dado na sequência do processo de desenvolvi- mento e aprendizagem das crianças de seis anos de idade implica o conhecimento e a atenção às suas características etárias, sociais e psicológicas. 22 As orientações pedagógicas, por sua vez, estarão atentas a essas características para que as crianças sejam respeitadas como sujeitos do aprendizado. www.portal.mec.gov.br Livros: • Estrutura e Funcionamento da Educação Básica – Leituras “Este livro propõe-se a analisar a educação bá- sica brasileira desde sua política, história, funda- mentos até as concepções da nova Lei de Diretri- zes e Bases da Educação (Lei 9.394 de 20.12.96). Apresenta os princípios, fi nalidades, objetivos e rumos da educação escolar”. • LDB INTERPRETRADA: diversos olha- res se entrecruzam. Este livro estimula os leitores a identifi carem avanços e lacunas da lei e propõe aos educado- res brasileiros, que atentem para esse momento em que decretos, portarias e pareceres do poder instituído regulamentando a lei possam golpear, uma vez mais, o que restou do projeto de LDB 1258-C da Câmara Federal, apresentado ao Sena- 23 do da República e defendido por educadores que lutam por uma sociedade brasileira mais moder- na, cada vez mais democrática, igualitária e pal- milhada pela ética da solidariedade e pela justiça social. • A Pré-escola é não é escola: a busca de um caminho. Machado, Maria Lúcia A. Rio de Ja- neiro, Paz e Terra, 1991. • Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. • Educação Pública no Brasil: Contos & des- contos. MONLEVADE, João A. C. de (1997). Ceilândia, Ideia Editora. • Resolução n. 4, de 13 de julho de 2010: Defi - ne Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. 24 Políticas Públicas e Legislação Educacional Aula 4 Políticas Públicas e Legislação Educacional Aula 4 Sumário Aula 04 Políticas Públicas e Legislação Educacional 1 – Considerações preliminares 2 – O que determina a Lei de Diretrizes e Bases e os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino fundamental do país? 1 - Considerações preliminares A Lei de Diretrizes e Bases (Lei nº 9.394/96) dispõe em seu artigo 26: Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum a ser com- plementada, em cada sistema de ensino e esta- belecimento escolar, por uma parte diversifi cada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. De acordo com Art. 14 da Resolução n.4, de 13 de julho de 2010, que defi ne Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica, a Base Nacional Comum constitui-se de: conhecimentos, saberes e valores produzidos culturalmente, expressos nas políticas públicas e gerados nas instituições produtoras do conheci- mento científi co e tecnológico; no mundo do tra- balho; no desenvolvimento das linguagens; nas atividades desportivas e corporais; na produção artística; nas formas diversas de exercício da ci- 4 dadania; e nos movimentos sociais. [...] é integrada pelo ensino da Língua Portugue- sa, da Matemática, do conhecimento do mundo físico, natural, da realidade social e política, es- pecialmente do Brasil, incluindo-se o estudo da História e das Culturas Afro-Brasileira e Indíge- na; da Arte, em suasdiferentes formas de expres- são, incluindo-se a música; da Educação Física e do Ensino Religioso. Esses componentes curriculares se es- truturam por áreas de conhecimento, por disci- plinas, por eixos temáticos, contanto que se pre- serve a especifi cidade dos diversos campos do conhecimento. O § 3º do artigo e resolução supracitados complementa ainda que: A Base Nacional Comum e a Parte Diversifi cada não podem se constituir em dois blocos distin- tos, com disciplinas específi cas para cada uma dessas partes, mas devem ser organicamente planejadas e geridas de tal modo que as tecno- logias de informação e comunicação perpassem transversalmente a proposta curricular, desde a educação infantil. 5 Ressaltamos, entretanto, que por força da Lei nº. 11.161/2005, a Língua Espanhola é obrigatoriamente ofertada no ensino médio, em- bora de caráter facultativo para o estudante, bem como possibilidade no ensino fundamental do 6 º ao 9º ano. Nesse processo, cabe aos Parâmetros Curriculares Nacionais orientar o trabalho do- cente e conduzir à refl exão acerca de sociedade e de educação que se quer formar, como deverá acontecer a organização do trabalho escolar, bem como reorientar posturas e valores de educado- res e a organização dos conteúdos e metodologia de trabalho. Inclusive, a supramencionada Reso- lução, no Art. 56 aborda o perfi l dos educadores: A tarefa de cuidar e educar, que a fundamentação da ação docente e os programas de formação ini- cial e continuada dos profi ssionais da educação instauram, refl ete – se na eleição de um ou outro método de aprendizagem, a partir do qual é de- terminado o perfi l de docente para a Educação Básica, em atendimento às dimensões técnicas, políticas, éticas e estéticas. 6 O Art. 57 versa a respeito da valoriza- ção do profi ssional da educação, uma vez que se assim se procede, a escola do mesmo modo é valorizada. Isso se resume na prática através da garantia de programas de formação inicial e con- tinuada de docentes e não docentes, no contexto do conjunto de várias atribuições defi nidas para os sistemas educativos. Cabem, portanto, aos programas de formação continuada preparar os profi ssionais da educação para o desempenho de suas atribuições, considerando necessário: a) além de um conjunto de habilidades cogniti- vas, saber pesquisar, orientar, avaliar e elaborar propostas, isto é, interpretar e reconstruir o co- nhecimento coletivamente; b) trabalhar cooperativamente em equipe; c) compreender, interpretar e aplicar a linguagem e os instrumentos produzidos ao longo da evolu- ção tecnológica, econômica e organizativa; d) desenvolver competências para integração com a comunidade e para relacionamento com as famílias. Não basta simplesmente ao educador a 7 formação adquirida nos cursos de licenciatura, pois os conhecimentos, saberes e habilidades integram um processo contínuo de desenvolvi- mento e aperfeiçoamento. Nesse sentido, os sis- temas educativos precisam instituir orientações para que o programa de formação dos profi ssio- nais favoreça: a) a consolidação da identidade dos profi ssionais da educação, nas suas relações com a escola e com o estudante; b) a criação de incentivos para o resgate da ima- gem social do professor, assim como da autono- mia docente tanto individual como coletiva; c) a defi nição de indicadores de qualidade social da educação escolar, a fi m de que as agências for- madoras de profi ssionais da educação revejam os projetos dos cursos de formação inicial e conti- nuada de docentes, de modo que correspondam às exigências de um projeto de Nação. 8 2 – O que determina a Lei de Diretrizes e Bases e os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino fundamental do país? O Art. 32 fala da obrigatoriedade do ensino fundamental, agora com duração de 9 (nove) anos, e gratuito na escola pública, tendo início aos 6 (seis) anos. Estabelece quatro pilares que deverão ser considerados na formação do cidadão tendo em vista os objetivos do ensino fundamental: • Desenvolvimento da capacidade de aprender. • A compreensão do ambiente natural e social, do sistema político. • O desenvolvimento da capacidade de apren- dizagem, tendo em vista a aquisição de conhe- cimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; • O fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância re- cíproca em que se assenta a vida social. 9 O ensino deverá ser ministrado em língua portuguesa, porém fi cando assegurada às comuni- dades indígenas e utilização de suas línguas mater- nas e processos próprios de aprendizagem. O currículo do ensino fundamental terá de incluir o conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos adolescentes, tendo como dire- triz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do Adolescente, observada a produção e distribuição de material didático a dequado. (Incluído pela Lei nº 11.525, de 2007). Em relação ao ensino religioso (de ma- trícula facultativa), conforme o que determina o Art. 33, fi ca estabelecido que será ministrado em horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, com uma ressalva, sem ônus para os cofres públicos, e levando em consideração as preferências manifestadas pelos alunos ou por seus responsáveis, em caráter: I - confessional, de acordo com a opção religiosa do aluno ou do seu responsável, ministrado por professores ou orientadores religiosos prepara- dos e credenciados pelas respectivas igrejas ou entidades religiosas; ou 10 II - interconfessional, resultante de acordo entre as diversas entidades religiosas, que se responsa- bilizarão pela elaboração do respectivo programa. Precisamos nos atentar para o seguinte: a atual Lei levanta a questão do pagamento aos professores de ensino religioso, devendo ser ofe- recido sem ônus para os cofres públicos. Porém, esse dispositivo legal, na prática não é seguido. Os professores de ensino religioso são remune- rados no mesmo patamar que o fazem com os demais componentes curriculares. Em muitos sistemas, os professores de outras disciplinas, com o intuito de completar a carga horária, são os que lecionam o ensino religioso. Quanto ao conteúdo que deverá ser mi- nistrado nas aulas de ensino religioso, cabem aos sistemas de ensino regulamentar os procedimen- tos para a defi nição dos conteúdos e estabelecer as normas para a habilitação e admissão dos pro- fessores. Em relação à jornada escolar, o Art. 34 esclarece que: “A jornada escolar no ensino fundamental incluirá 11 pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola. § 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das formas alternativas de organização autoriza- das nesta Lei. Esse Artigo propõe a implantação grada- tiva da escola de tempo integral no ensino funda- mental, sendo que, de imediato, o aluno deve ter pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula. Para cumprir a obrigatoriedade de oferta de ensino fundamental, o Estado e os Municípios: • Em regime de colaboração e com assistência da União, recensearão a população em idade escolar para o ensino fundamental, e os jovens e adultos que a ele não tiveram acesso. • Criarão formas alternativas de acesso aos dife- rentes níveis de ensino, independentemente da escolarização anterior. • Promoverão cursos presenciais ou a distância para jovens e adultos insufi cientemente escola- rizados. • Possibilitarão a aceleração de estudos para alu- 12 nos com atraso escolar. • Realizarão cursos e exames supletivos que os habilitem ao prosseguimento de estudos. Os PCNs indicam como objetivos do Ensino Fundamental que os alunos sejam ca- pazes de: • Compreender a cidadania como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, ado- tando, no dia a dia, atitudes de participação, so- lidariedade, cooperação e repúdio àsinjustiças e discriminações, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito. • Posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, res- peitando a opinião e o conhecimento produzido pelo outro, utilizando o diálogo como forma de mediar confl itos e de tomar decisões coletivas. • Perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identifi cando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente. • Conhecer e valorizar a pluralidade do patri- mônio sócio-cultural brasileiro, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em dife- renças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individu- 13 ais e sociais. • Conhecer características fundamentais do Bra- sil nas dimensões sociais, materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o senti- mento de pertinência ao país. • Desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confi ança em suas ca- pacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimen- to e no exercício da cidadania. • Utilizar as diferentes linguagens - verbal, mate- mática, gráfi ca, plástica e corporal - como meio para expressar e comunicar suas ideias, interpre- tar e usufruir das produções da cultura. • Utilizar a Língua Portuguesa para compreender e produzir, em contextos públicos e privados, mensagens orais e escritas, atendendo a diferen- tes intenções e contextos de comunicação. • Questionar a realidade formulando-se proble- mas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intui- ção, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verifi cando sua adequação. • Saber utilizar diferentes fontes de informação 14 e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos. • Conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizan- do e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva. 15 Políticas Públicas e Legislação Educacional Aula 5 Políticas Públicas e Legislação Educacional Aula 5 Sumário Aula 05 Políticas Públicas e Legislação Educacional 1 – Considerações gerais sobre as “Diretrizes Nacionais para o Ensino Fundamental” 1 – Considerações gerais sobre as “Diretrizes Nacionais para o Ensino Fundamental” (Extraído do Parecer 04/98 da CEB do Conselho Nacional de Educação) As Diretrizes Curriculares se classifi cam como o “conjunto de defi nições doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimentos na Educação Básica, expressas pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Edu- cação, que orientarão as escolas brasileiras dos sistemas de ensino, na organização, na articulação, no desenvolvimento e na avaliação de suas propostas pedagógicas”. 4 As Diretrizes Curriculares para o Ensi- no Fundamental têm com i nalidade “orientar as práticas educacionais em nosso país, respeitando as variedades curriculares já existentes em Esta-dos e Municípios”, a saber: I – As escolas deverão estabelecer, como norteadores de suas ações pedagógicas: a. os Princípios Éticos da Autonomia, da Res- ponsabilidade, da Solidariedade e do Respeito ao Bem Comum; b. os Princípios Políticos dos Direitos e Deve- res de Cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à Ordem Democrática; c. os Princípios Estéticos da Sensibilidade, da Criatividade, e da Diversidade de Manifestações Artísticas e Culturais. São princípios norteadores das práticas pe- dagógicas das escolas. A autonomia, a responsabi- lidade, a solidariedade e o respeito ao bem comum farão brotar a Ética na vida cidadã dos alunos. A vida em sociedade exige do ser humano o cumprimento aos deveres de cidadão e o respei- to à ordem democrática, ao mesmo tempo em que 5 delega a ele direitos sociais. O direito de exercitar a criticidade o levará a desenvolver o pensamento construtivo, refl exivo, analítico. Os Princípios Estéticos da Sensibilidade fundamentam a prática pedagógica, ao reconhecer pormenores e variações no comportamento hu- mano. Da mesma forma, a criatividade estimula a curiosidade, a inventividade, a disciplina para a pes- quisa, o registro de experiências e de descobertas. E por último, a Diversidade de Manifestações ar- tísticas e culturais, valoriza a nação brasileira, dele- gando ao aluno liberdade para ser, agir e expressar- -se, de acordo com os princípios éticos. II – Ao defi nir suas propostas pedagógicas, as escolas deverão explicitar o reconheci- mento da identidade pessoal de alunos, pro- fessores e outros profi ssionais e a identidade de cada unidade escolar e de seus respecti- vos sistemas de ensino. Esse reconhecimento traz o sentido de perceber “as diversidades e peculiaridades básicas relativas ao gênero masculino e feminino, às varie- dades étnicas, de faixa etária e regionais e às va- riações socioeconômicas, culturais e de condições psicológicas e físicas, presentes nos alunos de nos- 6 so país”. Sabemos das absurdas discriminações e exclusões no interior das escolas. Escândalos que têm sido amplamente divulgados nos meios de co- municação e que têm gerado revolta na maioria da população, a qual responde com violências físicas e de efeitos morais. Assistimos há pouco tempo nos noticiários, a estudante que foi quase linchada na universidade por trajar um vestido curto. Houve, inclusive, opinião de especialistas a respeito desse tipo violento de agressão. Fatos como esse refl e- tem na própria identidade das escolas e sua relação com a comunidade às quais servem. Assim, “desde concepção arquitetônica, história de cada escola, algumas vezes centenária, até questões relacionadas com calendário escolar e atividades curriculares e extracurriculares, a di- retriz nacional deve reconhecer essas identidades e suas consequências na vida escolar, garantidos os direitos e deveres prescritos legalmente. Nesse sentido, as propostas pedagógicas e os regimentos escolares devem acolher, com autonomia e senso de justiça, o princípio da identidade pessoal e co- letiva de professores, alunos e outros profi ssionais da escola, como defi nidor de formas de consciên- cia democrática”. 7 III – As escolas deverão reconhecer que as aprendizagens são constituídas na interação entre os processos de conhecimento, de lin- guagem e afetivos, como consequência das relações entre as distintas identidades dos vá- rios participantes do contexto escolarizado, através de ações inter e intrasubjetivas. No processo educacional, conhecimento, linguagem e afeto não se dissociam dos atos de ensinar e aprender, que se expressam através das comunicações entre os próprios alunos ou entre eles e seus professores. Desta forma, os diálogos expressos através de múltiplas linguagens verbais e não verbais, refl etem diferentes identidades, capazes de interagir consigo próprias e com as demais, através da comunicação de suas percepções, impressões, dúvidas, opiniões e capacidades de entender e interpretar a ciência, a tecnologia, as artes e os valores éticos, políticos e estéticos. Merece destaque ainda, o cuidado que se deve ter em relação a esse “diálogo”, que não de- verá jamais ser direcionado de forma a reafi rmar 8 a “escassa cultura dos pobres”, que portam um linguajar vulgar, distante do universo da cultura formal, elitizada. “Ao trabalhar a relação inseparável entre conhecimento, linguagem e afetos, as equipes docentes deverão ter a sensibilidade de integrar estes aspectos do com- portamento humano, discutindo-os e comparando-os numa atitude crítica, construtiva e solidária, dentro da perspectiva e da riqueza da diversidade da grande nação brasileira”. Dessa forma, fi cam explícitos alguns con- ceitos, para compreensãodo presente documento: a. Currículo: atualmente este conceito envolve outros três, quais sejam: currículo formal (planos e propostas pedagógicas), currículo em ação (aqui- lo que efetivamente acontece nas salas de aula e nas escolas), currículo oculto (o não dito, aquilo que tanto alunos, quanto professores trazem, car- regado de sentidos próprios criando as formas de relacionamento, poder e convivência nas salas de aula). b. Base Nacional Comum: refere-se ao conjun- to de conteúdos mínimos das Áreas de Conheci- mento articulados aos aspectos da Vida Cidadã, de acordo com o artigo 26. Por ser a dimensão obrigatória dos currículos nacionais – certamente âmbito privilegiado da avaliação nacional do ren- dimento escolar – a Base Nacional Comum deve 9 preponderar substancialmente sobre a dimensão diversifi cada. c. Parte Diversifi cada: envolve os conteúdos complementares, escolhidos por cada sistema de ensino e estabelecimentos escolares, integrados à Base Nacional Comum, de acordo com as caracte- rísticas regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela, refl etindo-se, portanto, na Proposta Pedagógica de cada Escola, conforme o artigo 26. d. Conteúdos Mínimos das Áreas de Conheci- mento: refere-se às noções e conceitos essenciais sobre fenômeno, processos, sistemas e operações, que contribuem para a constituição de saberes, co- nhecimentos, valores e práticas sociais indispensá- veis ao exercício de uma vida de cidadania plena. IV – Em todas as escolas deverá ser garantida a igualdade de acesso dos alunos a uma Base Nacional Comum, de maneira a legitimar a unidade e a qualidade da ação pedagógica na diversidade nacional; a Base Nacional Co- mum e sua Parte Diversifi cada deverão inte- grar-se em torno do paradigma curricular, que visa estabelecer a relação entre a Educação Fundamental e: 10 a. A Vida Cidadã, através da articulação entre vá- rios dos seus aspectos como: 1. a Saúde 2. a Sexualidade 3. a Vida Familiar e Social 4. o Meio Ambiente 5. o Trabalho 6. a Ciência e a Tecnologia 7. a Cultura 8. as Linguagens. b. As Áreas de Conhecimento de: 1. Língua Portuguesa 2. Língua Materna (para populações indígenas e migrantes) 3. Matemática 4. Ciências 5. Geografi a 6. História 7. Língua Estrangeira 8. Educação Artística 9. Educação Física 10. Educação Religiosa (na forma do art. 33 da LDB) A construção da Base Nacional Comum passa pela 11 constituição dos saberes integrados à ciência e à tecnologia, criados pela inteligência humana. Por mais instituinte e ousado, o saber terminará por fundar uma tradição, por criar uma referência. A nossa relação com o instituído não deve ser, por- tanto, de querer destruí-lo ou cristalizá-lo. Sem um olhar sobre o instituído, criamos lacunas, desfi gu- ramos memórias e identidades, perdemos vínculo com a nossa história, quebramos os espelhos que desenham nossas formas. A modernidade, por mais crítica que tenha sido da tradição, arquitetou- -se a partir de referências e paradigmas seculares. Vimos, portanto, que a construção do co- nhecimento vem vindo de geração em geração, integrando, desintegrando, articulando-se com diversos saberes, ultrapassando barreiras, e supe- rando os desafi os insondáveis da história da edu- cação. Os saberes são ampliados na articulação do que ‘já é’ com o que ‘venha a ser’, e em interação com diversas etnias. Importa que os processos formativos desenvolvidos nos movimentos so- ciais criem ou recriem a cultura. Só entendemos o mundo quando somos capazes de interpretá-lo. De acordo com Freire (1997, p.25): 12 Quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser forma- do. É nesse sentido que ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos nem formar é ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado. Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que os co- notam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. E bem sabemos que para ensinar é ne- cessária a experiência do aprender. Assim, desde a educação infantil, que merece as mesmas aten- ções dos sistemas de ensino, etapa essencial da vida da criança, a educação precisa ser contem- plada como um processo de construção perma- nente e ininterrupto, tendente a uma dimensão crescente de saberes constitutivos da cultura e do processo de desenvolvimento humano. Cabe, portanto, atenção merecida às características re- gionais e locais da sociedade, da cultura, da eco- nomia e do contingente populacional servido pela escola. Todos os alunos terão acesso aos 13 mesmos conteúdos de aprendizagem, a partir de paradigma curricular apresentado dentro de con- textos educacionais diversos e específi cos. Esta é uma das diretrizes fundamentais da Educação Nacional. Dentro dessa proposta, é importante ob- servarmos: a. A busca de defi nição, nas propostas pedagó- gicas das escolas, dos conceitos específi cos para cada área de conhecimento, sem desprezar a in- terdisciplinaridade e a transdisciplinaridade en- tre as várias áreas. Neste sentido, as propostas curriculares dos sistemas e das escolas devem articular fundamentos teóricos que embasem a relação entre conhecimentos e valores voltados para uma vida cidadã [...]. b. A compreensão de que propostas curricula- res das escolas e dos sistemas, e das propostas pedagógicas das escolas, devem integrar bases teóricas que favoreçam a organização dos conte- údos do paradigma curricular da Base Nacional Comum e sua Parte Diversifi cada. c. A cautela em não adotar apenas uma visão te- órico-metodológica como a única resposta para todas as questões pedagógicas. Os professores precisam de um aprofundamento continuado e 14 de uma atualização constante em relação às dife- rentes orientações originárias da Psicologia, An- tropologia, Sociologia, Psico e Sociolinguística e outras Ciências Humanas, Sociais e Exatas para evitar os modismos educacionais, suas frustra- ções e resultados falaciosos. Aí está a necessidade de uma boa for- mação docente: dos estudos e das leituras que o professor vem fazendo a fi m de aperfeiçoar sua prática de sala de aula. Ensinar exige compro- metimento, respeito aos saberes dos educandos, refl exão crítica sobre a prática, reconhecimento da identidade cultural do grupo ao qual pertence o educador e educando. Ensinar exige disciplina, afetividade, amorosidade, pois o ensino é em si um ato amoroso, de doação, de trocas internali- zadas. Exige do educador curiosidade, criativida- de e espírito inventivo. Ensinar exige visão do novo, um olhar diferente sobre as necessidades, difi culdades e interesses dos educandos. Ensi- nar é conceber o outro em sua “incompletude” (Freire, 1997), dotado de potencialidades e de desejo. Assim: V – As escolas deverão explicitar, em suas propostas curriculares, processos de ensino 15 voltados para as relações com sua comuni- dade local, regional e planetária, visando à interação entre a Educação Fundamental e a Vida Cidadã; os alunos, ao aprender os co- nhecimentos e valores da Base Nacional Co- mum e da Parte Diversifi cada, estarão tam- bém constituindo suas identidades como cidadãos em processo, capazes de ser prota- gonistas de ações responsáveis, solidárias e autônomas em relação a si próprios, às suas famílias e às comunidades. A educação precisa considerar as condi- ções de existência dos educandos, os meios como sobrevivem às incertezas e às difi culdades do mundo. Professores precisam entender os proces- sos pelos quais passam as crianças em suas etapas de desenvolvimento intelectual e afetivo. A esco- la ao mesmo tempo em que se presta a auxiliar a educação pode ser motivo de perturbação e des- controle emocional de crianças e jovens. Como salienta o documento: [...] um excessivo academicismo e um anacronis- mo em relação às transformações existentes no Brasil e no restodo mundo, de um modo geral, condenaram a Educação Fundamental, nestas úl- 16 timas décadas, a um arcaísmo que deprecia a inte- ligência e a capacidade de alunos e professores e as características específi cas de suas comunidades. VI – As escolas utilizarão a Parte Diversi- fi cada de suas propostas curriculares, para enriquecer e complementar a Base Nacional Comum, propiciando, de maneira específi ca, a introdução de projetos e atividades do inte- resse de suas comunidades (arts. 12 e 13 da LDB). E ainda: VII – As Escolas devem, através de suas pro- postas pedagógicas e de seus regimentos, em clima de cooperação, proporcionar condições de funcionamento das estratégias educacio- nais, do espaço físico, do horário e do ca- lendário escolar, que possibilitem a adoção, a execução, a avaliação e o aperfeiçoamento das demais Diretrizes, conforme o exposto na LDB Art. 12 a 14. Assim, desde a discussão e as ações cor- relatas sobre interdisciplinaridade e transdiscipli- naridade, decisões sobre sistema seriado ou por ciclos, interação entre diferentes segmentos no 17 exercício da Base Nacional Comum e Parte Diver- sifi cada, até a relação com o bairro, a comunida- de, o estado, o país, a nação e outros países, serão objeto de um planejamento e de uma avaliação da escola e de sua proposta pedagógica. A escola e o agir pedagógico têm uma função social específi ca na medida em que exis- tem, precisa e especifi camente, para criar as opor- tunidades básicas para a morfogênese do conhe- cimento: todo o conhecimento tem uma inscrição corporal e se apoia numa complexa interação sen- sorial. É preciso, portanto, reencantar (Assmann, 1996) a educação se comprometendo a unir sensi- bilidade social e efi ciência pedagógica. Complementação de estudo Texto O Currículo no Brasil Nas décadas de 20 e 30 do século XX, surgem as elaborações nacionais do pensamen- to curricular brasileiro. A característica principal, 18 nesse momento, é a tentativa de superação das limitações da antiga tradição pedagógica jesuítica (infl uência da Igreja Católica) e da tradição enci- clopédica (infl uência francesa). A emergência do pensamento positivista, nas primeiras décadas da república brasileira, exigia a defesa do ensino lai- co e a valorização de um currículo centrado na criança, em atividades, projetos e problemas. Pe- los mesmos motivos políticos, procurava-se criar um sistema nacional de educação com ênfase na educação básica. É desse período (1932) o Mani- festo dos Pioneiros (A reconstrução educacional do Brasil: manifesto dos pioneiros da Educação Nova), redigido por Fernando de Azevedo, assi- nado por mais de 25 educadores e/ou escritores, para o governo. A ideia central desse manifesto, diretamente relacionada ao currículo escolar, era que a educação deve ser funcional e ativa e os currículos devem adaptar-se aos interesses na- turais dos alunos, que são o eixo da escola e o centro de gravidade do problema da educação. As reformas educacionais, realizadas ao longo da década de 20, em vários estados bra- sileiros, e que adotam os princípios da Escola Nova, baseiam-se na iniciativa do aluno; preo- cupavam-se com o que a criança pode realmente 19 aprender; valorizam as tendências espontâneas da criança; os professores sugerem, orientam e coordenam; os métodos, programas e horá- rios são maleáveis; visam às noções utilizáveis; são essencialmente educativos; estão mais pró- ximos do meio natural de vida; buscam o aper- feiçoamento; elevam a natureza moral do aluno; procuram individualizar o ensino, produzindo satisfação; atendem mais ao presente; tratam a criança como criança; propõem uma atividade produtiva e obtêm a disciplina voluntária. A infl uência norte-americana, que já era considerável até os anos 30, aumenta após o fi m da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e a Revolução Cubana (1959). Em 1956, é assi- nado um acordo entre Brasil e EUA (Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao Ensino Elementar) que procurava treinar supervisores e professores além de produzir e adaptar matérias didáticas. Esse programa introduz a noção de currículo descontextualizado, apoiando-se ape- nas em procedimentos, métodos e recursos. O fundamento teórico era disciplinar o pensamen- to e o comportamento das crianças, integrando- -as à sociedade e transmitindo a herança cultural. É nesse contexto que é promulgada a 20 primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 4.024/1961), que foi discutida por treze anos no Congresso Nacional. No ano seguinte, foi introduzida a disciplina Currículos e Programas nos cursos de pedagogia e, 10 anos depois, surgem os primeiros cursos de mestra- do de currículo no Brasil. A ênfase era sempre o planejamento, com objetivos e metas a serem alcançadas. A preocupação com o como fazer sugere a ênfase na técnica – e não na construção de conhecimentos – que fi cou conhecida na lite- ratura especializada pelo termo tecnicismo. [...] Ao longo dos anos 80, em especial depois de 85, ocorreram várias reformas curriculares em quase todos os estados brasileiros, destacando-se as promovidas por Darci Ribeiro (RJ), Guiomar Namo de Mello (SP) e Neidson Rodrigues (MG). Apesar de grandes diferenças entre si (tanto no conteúdo como na forma como foram constru- ídas), essas propostas tinham como eixo central trabalhar a realidade do aluno. A grande questão norteadora das reformas foi tentar superar o cha- mado fracasso escolar: aumento da repetência e evasão. Em termos de conteúdo, introduziram questões sociais, tais como a consolidação demo- crática do país e justiça social. Os autores norte- 21 -americanos são deixados de lado, prevalecendo a pedagogia crítico-social dos conteúdos que subs- titui a até então prioridade com o método e técni- cas de transmissão de conhecimento. Em alguns meios, a proposta curricular se aproxima dos parâmetros da Educação Po- pular (desenvolvida nos movimentos sociais e sindicatos do Brasil, baseada em Paulo Freire, descolada das propostas ofi ciais) e privilegia as relações democráticas na sala de aula e a elabora- ção de novos conhecimentos em detrimento dos conhecimentos já existentes. O ambiente democrático que se instala nos fóruns educacionais ao longo da década de 90 e a mudança de paradigma, com a emergên- cia das orientações pós-modernas, propiciou a multiplicação de teorias sobre currículo além de fomentar um intenso debate sobre a construção de conhecimento e o processo de aprendizagem. Vale destacar duas abordagens sobre currículo que vêm sendo alvo de polêmicas no meio aca- dêmico e escolar, nos últimos vinte anos: multi- culturalista e pós-moderna. Profª Cláudia Sapag Ricci. 22 Livros: • Psicologia e currículo: uma aproximação psi- copedagógica à elaboração do currículo escolar. COLL, César. São Paulo: Ática, 1996 • Cidadania e educação. MACHADO, Nilson José. São Paulo: Es- crituras, 1997. • Currículos e programas no Brasil. MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa. Cam- pinas: Papirus, 1997. • Currículo: questões atuais. _______. (org.). Campinas: Papirus, 1997. • Artigo: Orientações legais na área de Currí- culo, nas esferas Federal e Estadual, a partir da Lei 5.692/71. • Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9.394/96. Brasil em Ação, Brasília, 1997. • Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) 23 Políticas Públicas e Legislação Educacional Aula 6 Políticas Públicas e Legislação Educacional Aula 6 Sumário Aula 06 Políticas Públicas e Legislação Educacional 1 – Considerações iniciais 2 – Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio 2.1 – Base Nacional Comum e Parte Diversificado dos currículos do ensino médio 3 – Política da igualdade X política fragmentada 1 – Considerações iniciais Conforme consta na LDB, o ensino mé- dio faz parte da educação básica. A própria Cons- tituição Federal garante, no inciso II do Art. 208, como dever do Estado “a progressiva extensão da obrigatoriedade
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