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Dor Abdominal Diagnóstico e Terapêutica Alan Paz Passo Fundo 2021 Revisão Anatômica Anatomia Em primeiro plano, a parede abdominal deve ser inspecionada para delimitar os quadrantes e as regiões a serem analisados de maneira mais acessível. Os músculos retos do abdome são mais facilmente identificados quando o paciente, em decúbito dorsal, eleva a cabeça e os ombros. Fonte: Planeta Biologia. Disponível em: <https://planetabiologia.com/abdome-humano- anatomia-do-abdomen/amp/> https://planetabiologia.com/abdome-humano-anatomia-do-abdomen/amp/ Anatomia Para fins delimitativos, o abdome geralmente pode ser dividido em dois modos: em nove regiões (Hipocondríaca direita, Epigástrica, Hipocondríaca esquerda, Lateral direita, Umbilical, Lateral esquerda, Inguinal direita, Hipogástrica e Inguinal esquerda.) ou em quatro quadrantes que se cruzam no umbigo (superior direito, superior esquerdo, inferior direito e inferior esquerdo). Fonte: Ciências Morfológicas. Disponível em: <https://cienciasmorfologicas.webnode.pt/introdução%20a%2 0anatomia/quadrantes-abdominopelvica/> https://cienciasmorfologicas.webnode.pt/introdu%C3%A7%C3%A3o%20a%20anatomia/quadrantes-abdominopelvica/ Anatomia ● Quadrante Superior Direito (QSD): - Borda inferior do fígado é frequentemente palpável na altura do rebordo costal direito; - O polo inferior do rim direito pode ser percebido, especialmente em indivíduos magros com a musculatura abdominal relaxada. - A aorta abdominal geralmente apresenta pulsações visíveis, sendo habitualmente palpável na parte superior do abdome Fonte: Aula de anatomia. Disponível em: <https://www.auladeanatomia.com/novosite/gener alidades/quadrantes-abdominais/> https://www.auladeanatomia.com/novosite/generalidades/quadrantes-abdominais/ Anatomia ● Quadrante Superior Esquerdo (QSE): - A extremidade do baço pode ser palpável, em uma pequena porcentagem dos adultos, abaixo do rebordo costal esquerdo (as costelas 9ª, 10ª e 11ª protegem a maior parte do baço.) - O pâncreas é impalpável em indivíduos hígidos. - O estômago não pode ser alcançado por estar protegido entre o gradil costal e a cúpula do diafragma, ficando inacessível a palpação. - Fonte: Aula de anatomia. Disponível em: <https://www.auladeanatomia.com/novosite/gener alidades/quadrantes-abdominais/> https://www.auladeanatomia.com/novosite/generalidades/quadrantes-abdominais/ Anatomia ● Quadrante Inferior Esquerdo (QIE): - Colo sigmóide; - Na parte inferior da linha média: bexiga, promontório da base do sacro, borda óssea anterior da primeira vértebra sacral (SI) e, nas mulheres, o útero e os ovários. Fonte: Aula de anatomia. Disponível em: <https://www.auladeanatomia.com/novosite/gener alidades/quadrantes-abdominais/> https://www.auladeanatomia.com/novosite/generalidades/quadrantes-abdominais/ Anatomia ● Quadrante Inferior Direito (QID): - Localizam-se as alças intestinais e o apêndice (esses órgãos não são palpáveis nos indivíduos hígidos). Fonte: Aula de anatomia. Disponível em: <https://www.auladeanatomia.com/novosite/generali dades/quadrantes-abdominais/> https://www.auladeanatomia.com/novosite/generalidades/quadrantes-abdominais/ Anatomia ● É possível palpar a bexiga distendida acima da sínfise pubiana. ● Os rins são órgãos de localização posterior. ● O ângulo costovertebral – constituído pela borda inferior da 12ª costela e pelos processos transversos das vértebras lombares superiores – define a região onde é realizada a manobra de Giordano. Bates, Propedêutica Médica; 11ª ed.; 2015 Inervação das vísceras abdominais ● Inervação autônoma: nervos esplâncnicos (simpática) e vago (parassimpática) por fibras pré-ganglionares para o plexo abdominal aórtico e seus gânglios simpáticos; ● Inervação simpática: nervos esplâncnicos abdominopélvicos, gânglios simpáticos pré-vertebrais, plexo aórtico abdominal (T5 – L3); ● Inervação sensitiva: fibras aferentes viscerais que conduzem a dor. ○ A partir do ponto médio do colo sigmóide as fibras da dor visceral começam a acompanhar as fibras parassimpáticas até S2 a S4; ● Inervação parassimpática: troncos vagais anteriores e posteriores, nervos esplâncnicos pélvicos, plexo autônomo abdominal, gânglios parassimpáticos intrínsecos; ● Sistema nervoso entérico: composto por dois plexos: ○ o plexo externo, disposto entre as camadas musculares longitudinal e circular, denominado plexo mioentérico ou de Auerbach – controla os movimentos gastrointestinais; ○ e o plexo interno, localizado na submucosa, denominado plexo submucoso ou de Meissner – controla a secreção gastrointestinal e o fluxo sanguíneo local; Padrões e mecanismos da dor abdominal ● Dor visceral: pode ser de difícil localização, pois os estímulos são conduzidos por fibras simpáticas, gerando dor difusa, mas ocorre tipicamente próximo a linha média. ○ As características da dor visceral variam, podendo ser sentida como uma corrosão, queimação, cólica ou ser vaga e imprecisa. Quando é intensa pode associar-se a sudorese, palidez, náuseas, vômitos e inquietação; ○ Ex.: dor periumbilical de apendicite; Bates, Propedêutica Médica; 11ª ed.; 2015 ● Dor parietal: origina-se da inflamação no peritônio parietal. A sensação álgica é constante e vaga, geralmente mais intensa que a dor visceral e com uma correspondência de localização mais precisa sobre a estrutura envolvida; ○ Esse tipo de dor é agravada por movimentos ou tosse; ○ Essa dor é conduzida pelos mesmos músculos que fazem a contração abdominal (nn. Intercostais) e por isso a irritação do peritônio parietal causa contratura muscular (abdome em tábua); ● Dor referida: é percebida em locais mais distantes, aparece quando a dor inicial torna-se mais intensa, parecendo irradiar-se a partir do seu ponto de origem. Pode ser sentida superficial ou profundamente, mas em geral é bem localizada; Mecanismo da dor referida: fibras - sinapse - neurônios de segunda ordem Anamnese Anamnese ● Anamnese + Exame Físico = Diagnóstico ● Relato espontâneo Direcionamento ● Manifestações iniciais da doença ● Características ● Irradiações ● Relações ( outros sintomas, refeições, emocional) ● Desencadeantes e Atenuantes ● Tempo/Duração ● Impacto na qualidade de vida Anamnese Distúrbios gastrintestinais ● Dor abdominal, aguda e crônica ● Dispepsia, náuseas, vômitos (hematêmese), perda de apetite, saciedade precoce ● Disfagia e/ou odinofagia ● Alteração do ritmo intestinal ● Diarreia, constipação intestinal ● Icterícia Anamnese Distúrbios urinários e renais ● Dor suprapúbica ● Disúria, polaciúria ou urgência ● Redução do jato urinário nos homens ● Poliúria ou nictúria ● Incontinência urinária ● Hematúria ● Dor renal ou no flanco ● Cólica ureteral ● Queixas Ginecológicas Anamnese ● As queixas gastrintestinais são uma causa importante de consulta médica no consultório ou nos serviços de emergência. A dor abdominal foi a causa isolada de mais de 13 milhões de consultas médicas nos consultórios e de 4 milhões de consultas nos serviços de emergência em 2007. ● Com frequência é necessário reunir os dados de anamnese coletados com os resultados do exame físico, na tentativa de explicar os sintomas do paciente. Anamnese ● A prevalência de desconforto ou dor recorrente na região abdominal superior é de aproximadamente 25% nos EUA e em outros países ocidentais. Os estudos sugerem que neuropeptídios, como 5-hidroxitriptofano e substância P, medeiam os sintomas interligados de dor, disfunção intestinal e estresse. Anamnese Dor ou desconforto do abdome: ● As causas da dor abdominal apresentada pelo paciente variam de benignas a potencialmente fatais, de modo que é importante fazer uma anamnese cuidadosa. Determine primeiro o momento de ocorrência da dor (cronologia): - Ela é aguda ou crônica? A dor abdominal aguda tem muitos padrões. A dor teve início de forma gradual ou súbita? Quando começou?Há quanto tempo persiste? Qual é o seu padrão em um período de 24 h? Em semanas ou meses? Trata-se de uma doença aguda ou crônica e recorrente? Anamnese Solicite, então, ao paciente que indique o local exato da dor. Os pacientes nem sempre são claros ao tentarem descrever em palavras onde a dor é mais intensa. O quadrante em que a dor se localiza pode ser útil. Os órgãos subjacentes aí localizados estão, com frequência, envolvidos. - Se as roupas estiverem atrapalhando, repita a pergunta durante o exame físico Anamnese Peça ao paciente para avaliar a intensidade da dor em uma escala de 0 a 10. - Como 0 sendo sem dor e 10 como sendo a pior dor que já sentiu. Fonte: MultiSaúde Educacional. Anamnese Pergunte ao paciente sobre a qualidade da dor/como é a dor. - Em queimação, em compressão, em cólica, pulsátil, em facadas... Anamnese Ao sondar os fatores que exacerbam ou aliviam a dor, preste atenção especial a toda e qualquer associação a refeições, consumo de bebidas alcoólicas, medicamentos (incluindo ácido acetilsalicílico e fármacos similares, além de fármacos de venda livre), estresse, posição do corpo e uso de antiácidos. - Pergunte, por exemplo se a indigestão ou o desconforto estão relacionados com o esforço físico e se são aliviados pelo repouso. Anamnese Sinais e sintomas gastrointestinais associados a dor abdominal: Os pacientes apresentam, com frequência, dor abdominal associada a outros sinais e sintomas. - Uma boa pergunta inicial seria “Como está seu apetite?”, que pode conduzi-lo a outros problemas, tais como indigestão, disfagia, odinofagia, náuseas, vômitos e anorexia. Indigestão é um termo geral que descreve o desconforto associado à alimentação, o que pode ter vários significados. Insista com o paciente para ser mais específico. Anamnese Dor suprapúbica: Os distúrbios do sistema urinário podem gerar dor no abdome ou no dorso. Os distúrbios da bexiga causam dor suprapúbica. A dor na região abdominal inferior é tipicamente surda e em caráter de compressão nos casos de infecção vesical. Por outro lado, a dor é, com frequência, excruciante quando ocorre distensão excessiva e súbita da bexiga; a distensão vesical crônica, entretanto, costuma ser indolor. Anamnese Dor no rim ou no flanco; cólica ureteral: Fonte: Bates, Propedêutica Médica; 11ª ed.; 2015. Anamnese Dor Abdominal: causas, sinais e sintomas mais comuns Condição Mecanismo Localização Características Doença por refluxo gastroesofágico (DRGE) Exposição prolongada do esôfago ao ácido gástrico por causa do comprometimento da motilidade esofágica ou da ação do esfíncter esofágico inferior. Pode haver Helicobacter pylori. Torácica ou epigástrica Em queimação (pirose); Também regurgitação. Anamnese Dor Abdominal: causas, sinais e sintomas mais comuns Condição Mecanismo Localização Características Úlcera péptica e dispepsia Úlcera localizada, em geral, no duodeno ou estômago. A dispepsia causa sintomas semelhantes, porém, não há ulceração. A infecção por Helicobacter pylori é frequente. Epigástrica, podendo irradiar-se para o dorso. Variável: em corrosão, queimação, surda, penetrante, vaga e imprecisa, compressiva ou semelhante à sensação de fome. Anamnese Dor Abdominal: causas, sinais e sintomas mais comuns Condição Mecanismo Localização Características Câncer de estômago Predominantemente adenocarcinoma (90 a 95%) Cada vez mais na cárdia e na junção GE; também no estômago distal Variável Apendicite aguda Inflamação aguda do apêndice, com distensão ou obstrução Dor periumbilical mal localizada, geralmente seguida de dor no quadrante inferior direito Leve, mas aumentando de intensidade, às vezes adquirindo característica de cólica Constante e mais intensa Anamnese Dor Abdominal: causas, sinais e sintomas mais comuns Condição Mecanismo Localização Características Colecistite aguda Inflamação da vesícula biliar, em geral deflagrada por obstrução do ducto cístico por cálculo biliar Quadrante superior direito ou região superior do abdome; pode irradiar-se para a região escapular direita Constante, vaga e imprecisa Cólica biliar Obstrução súbita do ducto cístico ou do colédoco por cálculo biliar Epigástrica ou no quadrante superior direito do abdome; pode irradiar-se para a escápula e ombro direito Constante, vaga e imprecisa; sem características de cólica Anamnese Dor Abdominal: causas, sinais e sintomas mais comuns Condição Mecanismo Localização Características Pancreatite aguda Inflamação aguda do pâncreas Epigástrica; pode irradiar-se para o dorso ou outras partes do abdome; pode ser mal localizada Geralmente constante Pancreatite crônica Fibrose pancreática secundária a inflamação recorrente Epigástrica, com irradiação para o dorso Constante, profunda Câncer de pâncreas Predominantemente adenocarcinoma (95%) Epigástrica e nos quadrantes superiores do abdome, com irradiação frequente para o dorso Constante, profunda Anamnese Dor Abdominal: causas, sinais e sintomas mais comuns Condição Mecanismo Localização Características Diverticulite aguda Inflamação aguda de um divertículo colônico, uma evaginação sacular da mucosa através da musculatura do cólon intestinal Quadrante inferior esquerdo do abdome Pode ser inicialmente em cólica, mas passa a ser constante Obstrução intestinal mecânica aguda Obstrução do lúmen intestinal, causada mais comumente por (1) aderências ou hérnias (intestino delgado) ou (2) câncer ou diverticulite (colo) Intestino delgado: periumbilical ou região superior do abdome Colo: abdominal baixa ou generalizada Em cólica Em cólica Anamnese Dor Abdominal: causas, sinais e sintomas mais comuns Condição Mecanismo Localização Características Isquemia mesentérica Irrigação sanguínea do intestino e mesentério bloqueada por trombose ou embolia (oclusão arterial aguda) ou reduzida por hipoperfusão De início, pode ser periumbilical, mas depois se torna difusa Inicialmente sentida como cólica; depois, contínua Anamnese Constipação intestinal: causas, sinais e sintomas mais comuns Problema Mecanismo Sinais e sintomas associados e contexto Atividades e hábitos da vida diária ● Horário ou contexto inadequado para o reflexo da defecação; ● Falsas expectativas quanto ao ritmo intestinal; ● Dieta pobre em fibras. ● Ignorar a sensação de plenitude retal inibe o reflexo da defecação; ● Expectativas de “regularidade” ou defecação mais frequente do que o normal para o indivíduo; ● Redução do bolo fecal. ● Esquemas irregulares; ambiente pouco familiar; repouso no leito; ● Crenças, tratamentos e propagandas promovendo o uso de laxantes; ● Outros fatores contribuem, tais como quadros debilitantes e agentes constipantes. Anamnese Constipação intestinal: causas, sinais e sintomas mais comuns Problema Mecanismo Sinais e sintomas associados e contexto Síndrome do intestino irritável Modificação na frequência de defecação ou do formato das fezes, sem anormalidade estrutural ou química Três padrões: diarreia - predominante; constipação intestinal - predominante; ou misto. Sinais e sintomas existentes ≥ 6 meses e dor abdominal ≥ 3 meses + pelo menos 2 de 3 manifestações (melhora do quadro com a defecação; o quadro inicial com alteração da defecação; quadro inicial com alteração do aspecto e do formato das fezes) Anamnese Constipação intestinal: causas, sinais e sintomas mais comuns Problema Mecanismo Sinais e sintomas associados e contexto Obstrução mecânica ● Câncer do reto ou colo sigmoide; ● Impactação fecal; ● Outras lesões obstrutivas (como diverticulite, vólvulo, intussuscepção ou hérnia). ● Estreitamento progressivo do lúmen intestinal; ● Massa fecal grande, de consistência firme e imóvel, mais comumenteno reto (fecaloma); ● Estreitamento ou obstrução completa do intestino. ● Modificação do ritmo intestinal; frequentemente diarreia, dor abdominal, sangramento e sangue oculto nas fezes. No CA retal, tenesmo e fezes no formato de lápis. Perda ponderal; ● Plenitude retal, dor abdominal e diarreia em torno da impactação; comum em pacientes idosos, debilitados e acamados ● Dor abdominal, como cólica, distensão abdominal e, na intussuscepção, com frequência, fezes semelhante a “geleia de groselha” (sangue vermelho vivo e muco) Anamnese Constipação intestinal: causas, sinais e sintomas mais comuns Problema Mecanismo Sinais e sintomas associados e contexto Lesões anais dolorosas A dor pode causar espasmo do esfíncter externo e inibição voluntária do reflexo de defecação. Fissuras anais, hemorroidas dolorosas, abscessos perirretais Medicamentos Diversos mecanismos Opiáceos, anticolinérgicos, antiácidos contendo cálcio ou alumínio e muitos outros Depressão Transtorno do humor Fadiga, anedonia, transtornos do sono, perda ponderal Anamnese Constipação intestinal: causas, sinais e sintomas mais comuns Problema Mecanismo Sinais e sintomas associados e contexto Transtornos neurológicos Interferência da inervação autônoma do intestino Lesões raquimedulares, esclerose múltipla, doença de Hirschsprung e outras condições Condições metabólicas Interferência com a motilidade intestinal Gravidez, hipotireoidismo,hipercalcemia Anamnese Diarreia: causas, sinais e sintomas mais comuns Condição Mecanismo Características Diarreia aguda19 (≤ 14 dias) Infecção secretora Infecção inflamatória Infecção por vírus, toxinas bacterianas pré- formadas (como Staphylococcus aureus, Clostridium perfringens, Escherichia coli toxigênica, Vibrio cholerae), Cryptosporidium, Giardia lamblia, rotavírus Colonização ou invasão da mucosa intestinal (Salmonella não tifoide, Shigella, Yersinia, Campylobacter, E. coli enteropática, Entamoeba histolytica, C. difficile) Líquidas, sem sangue, muco ou pus Líquido-pastosas a líquidas, frequentemente com sangue, muco ou pus Anamnese Diarreia: causas, sinais e sintomas mais comuns Condição Mecanismo Características Diarreia farmacoinduzida Ação de vários medicamentos, como antiácidos contendo magnésio, antibióticos, agentes antineoplásicos e laxantes Líquido-pastosas a líquidas Diarreia crônica (≤ 30 dias) Síndrome do intestino irritável Alteração da frequência de defecação e do formato das fezes, sem alterações químicas ou estruturais Pastosas; cerca de 50% com muco, volume pequeno a moderado Fezes endurecidas e de pequeno volume, acompanhando a constipação intestinal. O padrão pode ser misto. Anamnese Diarreia: causas, sinais e sintomas mais comuns Condição Mecanismo Características Diarreia crônica (≤ 30 dias) Câncer do colo sigmoide Obstrução parcial por neoplasia maligna Pode haver raias sangue Doença inflamatória intestinal (crônica) Colite ulcerativa Inflamação da mucosa e da submucosa do reto e do colo, com ulceração; estende-se tipicamente no sentido proximal a partir do reto Pastosas a líquidas, muitas vezes contendo sangue Anamnese Diarreia: causas, sinais e sintomas mais comuns Condição Mecanismo Características Diarreia crônica (≤ 30 dias) Doença de Crohn do intestino delgado (enterite regional) ou do colo (colite granulomatosa) Inflamação crônica transmural da parede intestinal, em um padrão segmentar ou salteado, que tipicamente compromete o íleo terminal e/ou o colo proximal Pastosas, líquido-pastosas ou líquidas, de pequeno volume. Geralmente sem sangue evidente (enterite) ou com menos sangramento que na colite ulcerativa (colite) Anamnese Diarreia: causas, sinais e sintomas mais comuns Condição Mecanismo Características Diarreia volumosa Síndrome disabsortiva Transporte defeituoso de membrana ou absorção defeituosa do epitélio intestinal (doença de Crohn, doença celíaca, ressecção cirúrgica); comprometimento da digestão luminal (insuficiência pancreática); defeitos epiteliais na borda em escova (intolerância à lactose) Tipicamente fezes volumosas, pastosas, de coloração amarelo-clara a cinza, gordurosas ou oleosas e, às vezes, espumosas; odor fétido característico; costumam flutuar na água do vaso sanitário Anamnese Diarreia: causas, sinais e sintomas mais comuns Condição Mecanismo Características Diarreia osmótica Intolerância à lactose Uso abusivo de laxantes osmóticos Deficiência de lactase intestinal Hábito de usar laxantes, muitas vezes de forma sub- reptícia Diarreia aquosa e volumosa Diarreia aquosa e volumosa Diarreia secretora secundária Variável: infecção bacteriana, adenoma viloso secretor, má absorção de lipídios ou sais biliares, condições mediadas por hormônios (gastrina na síndrome de Zollinger-Ellison, peptídio intestinal vasoativo) Diarreia aquosa volumosa Anamnese Fezes pretas e sanguinolentas: causas, sinais e sintomas mais comuns Problema Causas selecionadas Contexto e sintomas associados Melena: consiste na eliminação de fezes pastosas e pretas semelhantes a piche (pegajosas e brilhantes). A pesquisa de sangue oculto é positiva. Implica cerca de 60ml de sangue pelo sistema digestório (menos em lactente e crianças), geralmente originada no esôfago, no estômago ou no duodeno. Mais raramente, quando o trânsito intestinal ta lento, o sangue se origina do jejuno, íleo o do colo ascendente. Esofagite de refluxo com laceração de Mallory-Weiss; Gastrite ou úlceras de estresse; Varizes esofágicas ou gástricas; Gastrite, DRGE, úlcera péptica (gástrica ou duodenal); Geralmente desconforto epigástrico por pirose, dismotilidade; se houver úlcera péptica, dor pós- prandial (tardia, 2 a 3 horas no caso de úlcera duodenal). Pode não haver dor; Ingestão recente de etanol, AAS e outros AINEs; traumatismo corporal recente, queimaduras graves, cirurgia ou aumento da pressão intracraniana; Cirrose hepática ou outras causas de hipertensão portal; Ânsia de vômito, vômitos e, com frequência, ingestão frequente de bebidas alcoolicas Anamnese Fezes pretas e sanguinolentas: causas, sinais e sintomas mais comuns Problema Causas selecionadas Contexto e sintomas associados Fezes pretas mas não pegajosas: fezes pretas podem ter outras causas, e, nestes casos, a pesquisa de sangue oculto é negativa. Essas fezes não têm importância patológica. Ingestão de ferro, sais de bismuto, alcaçuz ou até mesmo biscoitos de chocolate industrializados; Câncer de colo intestinal; Hiperplasia ou pólipos adenomatosos. Pacientes assintomáticos; Com frequência há alteração do ritmo intestinal. Anamnese Fezes pretas e sanguinolentas: causas, sinais e sintomas mais comuns Problema Causas selecionadas Contexto e sintomas associados Sangue vivo nas fezes (hematoquezia):origina-se, habitualmente, no colo intestinal, no reto ou no ânus; origina-se muito mais raramente no jejuno ou no íleo. Entretanto, hemorragia digestiva alta também pode tornar as fezes vermelhas. Nestes casos, a perda de sangue costuma ser grande (mais de 1 litro). O trânsito intestinal está acelerado, e não há tempo suficiente para o sangue ficar preto em consequência de oxidação de ferro em hemoglobina. Divertículos do colo intestinal; Condições inflamatórios do colo e do reto: colite ulcerativa, doença de Crohn, diarréias infecciosas, proctite (causas diversas, inclusive relações sexuais anais frequentes); Colite isquêmica; Hemorróidas; Fissura anal Com frequência não há outros sinais e sintomas; Amiúde assintomáticos, a menos que a inflamação cause diverticulite; Urgência retal, tenesmo; Dor abdominal baixa e, às vezes, febre ou choque em idosos; Abdome tipicamente flácido à palpação; Sangue no papel higiênico, na superfíciedas fezes ou gotejamento no vaso sanitário; Sangue no papel higiênico, na superfície das fezes; dor anal; Anamnese Fezes pretas e sanguinolentas: causas, sinais e sintomas mais comuns Problema Causas selecionadas Contexto e sintomas associados Fezes avermelhadas, porém, sem sangue Ingestão de beterraba Urina rosada, que geralmente precede as fezes avermelhadas; consequente ao metabolismo insatisfatório da betacianina Exame Físico Exame Físico Inspeção Ausculta (Evita modificação da frequência) Percussão Palpação Bates, Propedêutica Médica; 11ª ed.; 2015 Exame Físico Dicas Para Realização Do Exame Abdominal: - Manter-se à direita do paciente; - Paciente relaxado (Músculos abdominais); - Bexiga vazia; - Decúbito dorsal; - MMSS ao lado do corpo ou cruzado sobre o tórax; - Aquecer as mãos e o estetoscópio; - Examinador: Manter unhas das mãos curtas!!!; - Pedir para o paciente indicar a região dolorosa e palpar por último; - Observar a face do paciente durante a palpação; - Se necessário, distraia o paciente. Exame Físico ● Inspeção: Pele: Cicatrizes, Estrias, Veias dilatadas, Erupções e lesões; Umbigo; Contorno do abdome: Formato, Volume, Simetria, Massas visíveis; Peristalse; Pulsações. Exame Físico ● Ausculta: Motilidade intestinal: - Frequência (5 a 34 por minuto); - Característica (Intensidade). Patologia arterial: - Estenose; - Obstrução; - Aneurisma. Bates, Propedêutica Médica; 11ª ed.; 2015 Exame Físico ● Percussão: - Som Maciço: Vísceras Maciças - Fígado e Baço; - Som Timpânico: Vísceras Ocas. Intensidade e distribuição dos gases; Possíveis massas sólidas ou líquidos; Estimar dimensão do fígado e do baço (se aumentado); Situs Inversus. Exame Físico ● Palpação: Superficial - Hipersensibilidade abdominal; - Resistência muscular (defesa abdominal); - Massas superficiais. Profunda - Massas: Fisiológica, Neoplásica, Obstrutiva, Vascular ou Inflamatória; - Órgãos: Fígado, Baço e Rim. Exame Físico ● O Fígado: Percussão - Determinar dimensões (hepatimetria); - Localização do órgão; - Sinal de Jobert: Timpanismo - Pneumoperitônio. Palpação - Normal: borda macia, bem delimitada, regular e com superfície lisa; - Manobra de Lemos Torres: Mãos espalmadas; - Técnica de Mathieu: Mão em garra - Preferível nos obesos. Exame Físico Ponto de McBurney Ponto Cístico Ponto Epigástrico Exame Físico Pesquisa de Colecistite Sinal de Murphy - Dor à palpação com parada brusca da inspiração Regra de Courvoisier-Terrier - Icterícia + Vesícula biliar palpável - neoplasia de cabeça de pâncreas Tríade de Charcot (Colangite) - Febre + Icterícia + Dor abdominal Exame Físico Pesquisa de Apendicite: Sinal de Blumberg - Dor à descompressão súbita (McBurney) - Peritonite (Abdome agudo inflamatório) Sinal de Rovsing - Dor no QID durante compressão no QIE Exame Físico Pesquisa de Apendicite: - Irritação do músculo pela apendicite Sinal do Psoas Sinal do Obturador Exame Físico ● O Baço: Percussão - Espaço de Traube: Livre = Timpânico Palpação - Posição de Schuster: Pesquisa de Esplenomegalia Exame Físico Sinal de Giordano - Inflamação retroperitoneal Sinal de Cullen - Equimose periumbilical - Hemorragia retroperitoneal Sinal de Grey-Turner - Equimose em Flancos Exame Físico Pesquisa de Ascite: Sinal de Piparote Macicez Móvel Tratamento Farmacológico Secreção Gástrica Farmacologia Doença do Refluxo Gastroesofágico Hérnia Hiatal e Relaxamento Esfincteriano Medidas Medicamentosa Antiácidos Antagonista H2 IBP Farmacologia Úlcera Péptica Desequilíbrio entre componentes ácidos e básicos Anti-inflamatórios não esteroidais Helicobacter pylori IBP + Amoxicilina + Claritromicina Inibidor de Bomba de Prótons Antagonistas H2 Farmacologia Controle do Vômito Farmacologia Êmese Anticolinérgicos (Escopolamina) Antagonista H1 (Dimenidrinato - Dramin) Antidopaminérgico (Clorpromazina, Metoclopramida - Plasil) Antisserotoninérgico (Ondansetrona - Vonau) Farmacologia Constipação Medidas Não farmacológicas Medidas farmacológicas Amolecedores do bolo fecal, Osmóticos e Salinos, Estimulantes Diarreia Hidratação, Repositor de flora Farmacologia Referências BICKLEY, Lynn S.; SZILAGYI, Peter G.. Bates, propedêutica médica. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. PORTO, Celmo Celeno. Semiologia médica. 7. ed.- Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. WHALEN, Karen; FINKEL,Richard ; . PAVANELIL, Thomas A. Farmacologia Ilustrada. 6. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2016. KUMAR, Vinay et al. Robbins e Cotran, bases patológicas das doenças. 8. ed. Rio de Janeiro : Elsevier, 2010. Dor Abdominal Diagnóstico e Terapêutica Revisão Anatômica Anatomia Anatomia Anatomia Anatomia Anatomia Anatomia Anatomia Inervação das vísceras abdominais Slide 11 Padrões e mecanismos da dor abdominal Slide 13 Slide 14 Slide 15 Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Anamnese Exame Físico Exame Físico Exame Físico Exame Físico Exame Físico Exame Físico Exame Físico Exame Físico Exame Físico Exame Físico Exame Físico Exame Físico Exame Físico Exame Físico Exame Físico Tratamento Farmacológico Secreção Gástrica Farmacologia Farmacologia Controle do Vômito Farmacologia Farmacologia Referências
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