Prévia do material em texto
A prática da literatura no espaço escolar É interessante que o espaço físico da sala de aula ofereça aos estudantes uma condição material confortável para o estudo e a concentração. Entretanto, não é só isso que define o espaço como aprazível. A literatura na escola O espaço da literatura na escola sofreu diversas transformações ao longo do tempo. Essas transformações foram de ordem social, uma vez que o acesso ao livro e à literatura tornam-se cada dia mais distantes das classes menos privilegiadas; e de ordem técnica e pedagógica, com a entrada massiva dos livros didáticos, A leitura literária na escola, portanto, precisa ter objetivos e práticas pedagógicas bem definidos que não devem ser confundidos simplesmente com o ensinar um conteúdo sobre a literatura, nem com uma simples atividade de lazer” é importante ressaltar que o acesso ao “código” da escrita é, sim, essencial à compreensão da leitura, porém igualmente importante é perceber que a criança já lê à sua própria maneira bem antes de ser alfabetizada. A concepção de leitura proposta por Silva (1999) pode ser sintetizada da seguinte maneira: ler é uma prática social; ler é interagir com o texto e com o repertório de experiências de cada um; ler é produzir sentidos; ler é compreender e interpretar. O papel da escola Se as gerações que chegam à escola estão cada vez mais “conectadas” em relação às novas tecnologias, o trabalho da escola não tem como ser outro além de uma prática que leve os alunos a “[...] transpor fronteiras simbólicas” (GALLO, 2012, p. 54). http://ead.fce.edu.br/licenciatura/mod/lti/view.php?id=3184 http://ead.fce.edu.br/licenciatura/mod/lti/view.php?id=3184 Para que o aluno tenha acesso a diferentes tipos de organização textual, dentre eles o texto literário, é preciso que a escola descentralize as ações relacionadas à leitura, que geralmente ficam a cargo somente dos professores alfabetizadores e de linguagens. ações sugeridas por Silva (1999) para que a escola promova a leitura: discussão coletiva sobre a promoção da leitura a partir do projeto pedagógico da escola; estruturação ou melhoria do acervo da biblioteca, levando-se em consideração tanto os títulos canônicos quanto os best-sellers, obras pelas quais os jovens costumam se interessar mais; reflexão sobre o currículo de leitura ao longo das diferentes séries, para evitar redundâncias e permitir o planejamento de sequências mais pedagógicas e menos improvisadas Estratégias e práticas de leitura literária em sala de aula A leitura literária na sala de aula pode partir de diferentes abordagens por parte do professor. Por um lado, ele deve se posicionar também como um leitor curioso; também deve ser um mediador de leitura e, ao mesmo tempo, ensinar literatura. Ler, mediar e ensinar, portanto, são os três verbos que devem fazer parte das estratégias para levar a leitura literária para a sala de aula. Veja, a seguir, como esses verbos podem se tornar práticas no dia a dia do professor. Ler Para ensinar literatura, é necessário, primeiramente, que o professor seja um leitor de literatura, um professor que está constantemente lendo, possui uma grande gama de histórias novas para abastecer seus alunos, mesmo que aquelas obras não sejam necessariamente trabalhadas em sala de aula. Logo, o professor curioso e leitor estará mais próximo de inspirar seus alunos a serem leitores curiosos assim como ele. Outra possibilidade de prática de leitura na sala de aula é a criação de espaços físicos e temporais de leitura para os alunos. É importante que os alunos percebam sua sala de aula não apenas como local onde atividades obrigatórias e muitas vezes maçantes ocorrem. Mediar Segundo Cosson (2015), a mediação da leitura literária é, muitas vezes, percebida como “animação”. Ou seja, o professor acaba sendo o único responsável por desenvolver diferentes atividades criativas e despertar o interesse dos alunos pela leitura literária. algumas possibilidades de mediação necessárias para que a curiosidade sobre o mundo da literatura seja despertada nas crianças e nos adolescentes. Uma das práticas de leitura mais comuns nas salas de aula é a Hora do Conto, na qual o professor, o bibliotecário ou um convidado realizam a leitura de um conto atrativo para uma turma de crianças. Ensinar Essas e outras atividades são muito interessantes e podem motivar e gerar o prazer da leitura. No entanto, o professor não pode assumir um papel de mero “animador” de leitura; ele ainda deve estar na posição de ensinar literatura. E o que compõe a função de ensinar literatura? Para Colomer (2007 apud VÖLKER, 2014), a função do ensino literário seria a de capacitar os alunos para que possam ampliar seu corpus de obras literárias de modo mais amplo e complexo. Para que seja possível efetivamente ensinar a leitura literária na escola, Cosson (2015) resume algumas das recomendações dos principais estudiosos do tema no País: levar o aluno a desenvolver sua autonomia, construindo sua própria história de leituras; ser um leitor de literatura, ou seja, o professor deve ter construído seu repertório de leituras previamente; formar mais do que informar, isto é, acima de tudo, ensinar a ler, colocar a leitura efetiva dos textos no centro do processo; ser uma presença ausente, ou seja, ser uma presença sutil, conduzindo o processo de descoberta da leitura ao mesmo tempo que deixa o aluno se encantar por suas próprias descobertas. No ensino de leitura literária, principalmente para crianças e adolescentes, é preciso também, segundo Frantz (2011), evitar alguns aspectos, como o didatismo e o pedagogismo, isto é, pensar a leitura apenas como meio para atingir um fim. C Elementos para um plano de aula 1. A prática de sala de aula precisa ser mais consciente e prazerosa e, acima de tudo, mais transformadora. A respeito deste tema, é CORRETO afirmar que: A. A sala de aula é o espaço onde as crianças ficam um turno do seu dia. Por isso, é necessário tornar esse espaço o mais silencioso possível. Por que esta resposta não é correta? A sala de aula é o espaço onde as crianças ficam um turno do seu dia. Talvez, elas não passem tanto tempo seguido em companhia de outras pessoas, como passam na companhia do professor e dos colegas. Por isso, é necessário tornar esse espaço o mais aprazível possível. B. O que define o espaço como “aprazível” é somente um espaço físico de sala de aula que ofereça aos estudantes uma condição material confortável para o estudo e a concentração. Por que esta resposta não é correta? É interessante que o espaço físico da sala de aula ofereça aos estudantes uma condição material confortável para o estudo e a concentração. Entretanto, não é só isso que define o espaço como “aprazível”. Você acertou! C. Um local agradável é aquele que abriga o desejo de ser interessante. Um espaço físico aprazível favorece o encontro de professores e estudantes para estabelecer trocas e sedimentar relações. Por que esta resposta é a correta? Um local agradável é aquele que abriga o desejo de ser interessante. Nele, o professor e o estudante se encontram para estabelecer trocas, sedimentar relações, aprender e (por que não?) ler literatura. D. Consagrar a sala de aula como um espaço que promove o compartilhamento de uma boa leitura não se traduz em um ponto de partida para estreitar os vínculos do estudante com a leitura. Por que esta resposta não é correta? Consagrar a sala de aula como um espaço que promove alguns raros prazeres, como compartilhar uma boa leitura, é um bom começo para enredar o estudante numa rotina prazerosa e estreitar seus vínculos com a leitura. E. Para conseguir que os alunos tenham desejo de frequentar a escola, o professor deve inserir a literatura em sua prática de forma rigorosa. Por que esta resposta não é correta? A literatura aproxima as pessoas. Através dela poderemos conseguir, na prática, que os nossos alunos tenham desejo de frequentar a escola, de caminhar em direção a ela, curiosos pela nova história ou pela continuação da história já iniciada pelaprofessora. Mas isso deve ser feito sem rigor. Por que não começar o turno de trabalho contando histórias? Sem rigor, sem a obrigatoriedade de uma atividade, mas apenas desejando-a.