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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil DIOGO BOTELHO CORREA DE OLIVEIRA ANÁLISE DE ALTERAÇÃO DE TRATAMENTOS DE ESGOTO DEVIDO À INTRUSÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS Recife, PE 2020 UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil DIOGO BOTELHO CORREA DE OLIVEIRA ANÁLISE DE ALTERAÇÃO DE TRATAMENTOS DE ESGOTO DEVIDO À INTRUSÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS Dissertação apresentada ao curso de Pós- graduação em Engenharia Civil da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Engenharia Civil. Área de Concentração: Construção Civil Orientador: Prof. Dr. Willames de Albuquerque Soares Recife, PE 2020 Dedico esse trabalho às minhas mães, Luciana de Barros Botelho e Luzinete de Barros Botelho, pelo amor incondicional, apesar dos percalços da vida. AGRADECIMENTOS Agradecimentos são importantes, pois reforçam que todas as conquistas da vida possuem contribuições de diversas origens. Agradeço primeiramente a Deus, que nos dá forças para continuar todos os dias enfrentando os desafios da vida. Ao meu amigo e orientador Professor Willames de Albuquerque Soares, quem mais me incentivou nesse trabalho e em toda minha trajetória acadêmica. À minha família, por dividir os anseios e por sempre mostrarem apoio, Mébora, Luciana, Luzinete, Roberto, Bartira, Camila e todos que não puderam ser mencionados. Aos colegas de curso, que foram fundamentais durante esses dois anos, especialmente a Marco Aurélio Calixto Ribeiro de Holanda, com quem compartilho diversos estudos e trabalhos. Aos meus amigos do CEFET, que sempre estiveram juntos como uma família e me propiciaram os melhores momentos da vida. Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) Universidade de Pernambuco – Recife Oliveira, Diogo Botelho Correa de O48a Análise de alteração de tratamentos de esgoto devido à intrusão de águas pluviais. / Diogo Botelho Correa de Oliveira. – Recife: UPE, Escola Politécnica, 2020. 163 f.: il. Orientador: Prof. Dr. Willames de A. Soares Dissertação (Mestrado - Construção Civil) Universidade de Pernambuco, Escola Politécnica, Programa de Pós- Graduação em Engenharia Civil, 2020. 1. Saneamento Ambiental. 2. Tratamento de Efluentes. 3. Sistema Separador Absoluto. 4. Intrusão de Águas Pluviais. I. Engenharia Civil – Dissertação. II. Soares, Willames de Albuquerque (orient.). III. Universidade de Pernambuco, Escola Politécnica, Mestrado em Construção Civil. IV. Título. CDD: 690 DIOGO BOTELHO CORREA DE OLIVEIRA ANÁLISE DE ALTERAÇÃO DE TRATAMENTOS DE ESGOTO DEVIDO À INTRUSÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS BANCA EXAMINADORA: Orientador(a) _______________________________________ Prof. Dr. Willames de Albuquerque Soares Universidade de Pernambuco Examinadores Prof. Dr. Jaime Joaquim da Silva Pereira Cabral Universidade de Pernambuco Profa. Dra. Lêda Cristina da Silva Universidade de Pernambuco Recife-PE 2020 RESUMO A coleta de afluentes e o manejo de águas pluviais são canalizadas em sistemas distintos, não devendo haver comunicação entre si, pois quando isto acontece é comum identificar alterações nos indicadores de qualidade dos efluentes nas estações de tratamento de esgotos. Deste modo, objetiva-se quantificar as alterações causadas pela chuva no tratamento de esgoto sanitário dos tipos: Filtro Biológico, Lodos Ativados, Lagoas de Estabilização e de Aeração, Fossa Filtro, Reatores Anaeróbios de Fluxo Ascendente, Tanque Imhoff e Decantação Primária. O estudo foi realizado funcionamento por meio do programa Cidade Saneada, analisando as diferenças ocorridas entre dias considerados com e sem chuva nos indicadores de: vazão de entrada, DBO, DQO, pH, temperatura e eficiência de tratamento. Este último é considerado o mais relevante, pois é o principal parâmetro utilizado para verificação dos órgãos ambientais (CONAMA e CPRH) e da concessão da PPP existente na RMR. Foi constatado que nos dias em que existe índices pluviométricos significantes, em geral, a temperatura é reduzida (de 0,5 a 4 K), o pH se torna mais alcalino (em média as diferenças são de 0.3), a DBO e DQO são diluídas, reduzindo-se suas concentrações nos efluentes. Para verificar diferenças significativas na eficiência do tratamento, utilizou-se o intervalo de confiança em torno da média, onde a chuva interfere negativamente para os seguintes tipos de tratamento: filtro biológico, fossas sépticas com filtro adas alterações para os sistemas de Lodos ativados. Já os tratamentos em lagoa de estabilização e lagoas aeradas, houve melhora no seu desempenho, aumentando a eficiência no tratamento dos esgotos. Quanto as vazões de entrada, são incrementadas nos dias com chuva, exceto em poucos casos pontuais de sistemas condominiais, e sendo de grande relevância nas estações de médio e grande porte, por aumentar em até 30% e 150 L.s-1 as médias de fluxo de efluentes, gerando aumento nos custos, como energia elétrica, manutenção e operação do sistema. Palavras-chave: Saneamento Ambiental, Tratamento de Efluentes, Sistema Separador Absoluto, Intrusão de Águas Pluviais. ABSTRACT The collection of tributaries and the management of rainwater are channeled into different systems, and there should be no communication between them, because when this happens it is common to identify changes in the quality indicators of effluents in sewage treatment plants. Thus, the objective is to quantify the changes caused by rain in the treatment of sanitary sewage of the following types: Biological Filter, Activated Sludges, Stabilization and Aeration Ponds, Filter Pit, Anaerobic Upflow Reactors, Imhoff Tank and Primary Decantation. The study was carried out in the Metropolitan Region of Recife, which has 44 ETE's in operation and functioning through the Cidade Saneada program, analyzing the differences between days considered with and without rain in the indicators of: inflow, BOD, COD, pH, temperature and treatment efficiency. The latter is considered the most relevant, as it is the main parameter used to verify the environmental agencies (CONAMA and CPRH) and the concession of the existing PPP in RMR. It was found that on days when there are significant rainfall, in general, the temperature is reduced (from 0.5 to 4 K), the pH becomes more alkaline (on average the differences are 0.3), BOD and COD are diluted, reducing their concentrations in the effluents. To verify significant differences in treatment efficiency, the confidence interval around the mean was used, where rain interferes negatively for the following types of treatment: biological filter, septic tanks with anaerobic filter and UASB sludge systems. The treatmentsin the stabilization pond and aerated lagoons, there was an improvement in their performance, increasing the efficiency in the treatment of sewage. As for the inflows, they are increased on rainy days, except in a few specific cases of condominium systems, and being of great relevance in medium and large stations, for increasing the flow averages by up to 30% and 150 Ls-1 effluents, generating increased costs, such as electricity, maintenance and system operation. Keywords: Environmental Sanitation, Effluent Treatment, Absolute Separator System, Rainwater Intrusion. LISTA DE FIGURAS Figura 1 Esperas de ligações de drenagem e esgoto residenciais em sistema de coleta de águas pluviais, em Olinda, 2019 ............................................................................................... 25 Figura 2 - estudadas ................................................................................................................................... 31 Figura 3 - Lagoa de estabilização facultativa, Igarassu, Pernambuco ...................................... 33 Figura 4 - Lagoa de aeração facultativa, Paulista, Pernambuco ............................................... 34 Figura 5 - Cortes de projetos de Tanque Séptico e Filtro Anaeróbio ....................................... 35 Figura 6 - Componentes do Tanque Imhoff ............................................................................. 36 Figura 7 Esquema de funcionamento de Reator UASB ........................................................ 37 Figura 8 - Fluxograma de tratamento tipo filtro biológico ....................................................... 38 Figura 9 Ampliação da ETE Cabanga com investimento público para o programa Cidade Saneada, 2019 ........................................................................................................................... 55 Figura 10 - Locação dos municípios da RMR que participaram do estudo ............................. 63 Figura 11 - Filtro biológico percolador de alta carga da ETE Peixinhos, em Olinda .............. 65 Figura 12 - Divisão política dos bairros do SES Peixinhos, entre os municípios de Recife e Olinda ....................................................................................................................................... 66 Figura 13 - Vista aérea da ETE Peixinhos ................................................................................ 67 Figura 14 - Polígono de Thiessen aplicado ao SES Peixinhos ................................................. 68 Figura 15 - Bacias que compõem o sistema de esgotamento sanitário da estação de tratamento do Janga e seus postos pluviométricos e o corpo receptor do efluente (Rio Timbó) ............... 69 Figura 16 Bacia do SES Cabanga, inserida no município do Recife, recebe contribuições de importantes bairros da cidade, desaguando no rio Capibaribe ................................................. 71 Figura 17 - Histórico de vazões e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações de Lodos Ativados - ETEC-03 (a), ETES-01 (b) e ETEJ-01 (c) ................................................... 75 Figura 18 - Histórico de eficiência e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações de Lodos Ativados - ETEC-03 (a), ETES-01 (b) e ETEJ-01 (c) .............................................. 77 Figura 19 - Boxplot para análise do Intervalo de Confiança (IC) da eficiência do tratamento ............................................................................................... 79 Figura 20 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETEC-03 ............................ 80 Figura 21 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETES-01 ............................. 81 Figura 22 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETEJ-01 ............................. 81 Figura 23 - Histórico de vazões (a) e de eficiências (b) e suas médias para dias secos e chuvosos, para a estação de filtro biológico ............................................................................. 83 Figura 24 - Boxplot para análise do Intervalo de Confiança (IC) da eficiência do tratamento para a ETE Peixinhos ............................................................................................................... 85 Figura 25 Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para Filtro Biológico ..................... 86 Figura 26 - Histórico de vazões e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações de Lagoa de Estabilização ETEJ-05 (a), ETES-13 (b), ETES-15 (c) e ETE NSÓ .................... 89 Figura 27 - Histórico de eficiências e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações de Lagoa de Estabilização ETEJ-05 (a), ETES-13 (b), ETES-15 (c) e ETE NSÓ ................ 90 Figura 28 - Boxplot para análise do Intervalo de Confiança (IC) da eficiência do tratamento ................................................................................. 92 Figura 29 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETEJ-05 ............................. 93 Figura 30 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETES-13 ............................. 93 Figura 31 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETES-15 ............................. 94 Figura 32 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETE-NSÓ ........................... 94 Figura 33 - Boxplot para análise do Intervalo de Confiança (IC) da eficiência do tratamento ......................................................................................... 96 Figura 34 a) e b) - Boxplot para análise do Intervalo de Confiança (IC) da eficiência do .............................................................................. 98 Figura 35 - Boxplot para análise do Intervalo de Confiança (IC) da eficiência do tratamento ........................................................................... 100 Figura 36 - Boxplot para análise do Intervalo de Confiança (IC) da eficiência do tratamento gico ............................................................................ 102 Figura 37 - Boxplot para análise do Intervalo de Confiança (IC) da eficiência do tratamento .......................................................................................... 104 Figura 38 - Boxplot para análise do Intervalo de Confiança (IC) da eficiência do tratamento ............................................................................ 105 Figura 39 - Boxplot para análise do Intervalo de Confiança (IC) da eficiência do tratamento .......................................................................................... 106 Figura 40 - Histórico de vazões e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações de lagoas aeradas ETES-02 (a), ETES-03 (b), ETES-04 (c), ETES-08 (d), ETEC-02 (e), ETEC- 04 (f) e ETEJ-04 (g)................................................................................................................ 124 Figura 40 - Histórico de vazões e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações de lagoas aeradas ETES-02 (a), ETES-03 (b), ETES-04 (c), ETES-08 (d), ETEC-02 (e), ETEC- 04 (f) e ETEJ-04 (g)................................................................................................................125 Figura 41 - Histórico de eficiência e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações de Lagoas aeradas ETES-02 (a), ETES-03 (b), ETES-04 (c), ETES-08 (d), ETEC-02 (e), ETEC-04 (f) e ETEJ-04 (g) .................................................................................................... 126 Figura 41 - Histórico de eficiência e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações de Lagoas aeradas ETES-02 (a), ETES-03 (b), ETES-04 (c), ETES-08 (d), ETEC-02 (e), ETEC-04 (f) e ETEJ-04 (g) .................................................................................................... 127 Figura 42 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETES-02 ........................... 128 Figura 43 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETES-03 ........................... 128 Figura 44 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETES-04 ........................... 129 Figura 45 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETES-08 ........................... 129 Figura 46 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETEC-02 .......................... 130 Figura 47 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETEC-04 .......................... 130 Figura 48 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETEJ-04 ........................... 131 Figura 49 - Histórico de vazões e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações de decantação primária ETEC-01 (a) e ETES-09 (b) ............................................................... 132 Figura 50 - Histórico de eficiência e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações de decantação primária ETEC-01 (a) e ETES-09 (b) .......................................................... 133 Figura 51 - Histórico de vazões e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações de lagoas aeradas ETE Cel Fabriciano (a), ETE Jardim Uchôa (b), ETEC-07 (c), ETEC-13 (d), ETEX-05 (e), ETEX-10 (f), ETE-04 (g) e ETE-05 (j) ........................................................... 134 Figura 51 - Histórico de vazões e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações de lagoas aeradas ETE Cel Fabriciano (a), ETE Jardim Uchôa (b), ETEC-07 (c), ETEC-13 (d), ETEX-05 (e), ETEX-10 (f), ETE-04 (g) e ETE-05 (j) ........................................................... 135 Figura 52 - Histórico de eficiência e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações de Lagoas aeradas ETE Cel. Fabriciano (a), ETE Jardim Uchôa (b), ETEC-07 (c), ETEC-13 (d), ETEI-01 (e), ETEI-02 (f), ETEX-03 (g), ETEX-04 (h), ETEX-05 (i), ETEX-10 (j), ETE- 04 (k) e ETE-05 (l) ................................................................................................................. 136 Figura 52 - Histórico de eficiência e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações de Lagoas aeradas ETE Cel. Fabriciano (a), ETE Jardim Uchôa (b), ETEC-07 (c), ETEC-13 (d), ETEI-01 (e), ETEI-02 (f), ETEX-03 (g), ETEX-04 (h), ETEX-05 (i), ETEX-10 (j), ETE- 04 (k) e ETE-05 (l) ................................................................................................................. 138 Figura 53 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETE Coronel Fabriciano .. 139 Figura 54 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETE Jardim Uchôa ........... 139 Figura 55 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETEC-07 .......................... 140 Figura 56 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETEC-13 .......................... 140 Figura 57 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETEI-01 ............................ 141 Figura 58 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETEI-02 ............................ 141 Figura 59 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETEX-03 .......................... 142 Figura 60 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETEX-04 .......................... 142 Figura 61 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETEX-05 .......................... 143 Figura 62 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETEX-10 .......................... 143 Figura 63 - Histórico de vazões e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações de RAFA e Filtro Anaeróbio ETE Abençoada por Deus (a) e ETE Cardeal e Silva (b) ......... 144 Figura 64 - Histórico de eficiência e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações RAFA e Filtro Anaeróbio ETE Abençoada por Deus (a) e ETE Cardeal e Silva (b) ......... 145 Figura 65 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETE Abençoada por Deus 145 Figura 66 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETE Cardeal e Silva. ........ 146 Figura 67 - Histórico de vazões e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações de RAFA e Filtro biológico ETE Bonança (a), ETE Cajueiro Seco (b), ETE Dancing Days (c), ETE Minerva (d) e ETEJ-08 (e) ............................................................................................. 147 Figura 67 - Histórico de vazões e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações de RAFA e Filtro biológico ETE Bonança (a), ETE Cajueiro Seco (b), ETE Dancing Days (c), ETE Minerva (d) e ETEJ-08 (e) ............................................................................................. 148 Figura 68 - Histórico de eficiência e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações RAFA e Filtro biológico ETE Bonança (a), ETE Cajueiro Seco (b), ETE Dancing Days (c), ETE Minerva (d) e ETEJ-08 (e) ............................................................................................. 148 Figura 68 - Histórico de eficiência e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações RAFA e Filtro biológico ETE Bonança (a), ETE Cajueiro Seco (b), ETE Dancing Days (c), ETE Minerva (d) e ETEJ-08 (e) ............................................................................................. 149 Figura 69 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETE Bonança ................... 150 Figura 70 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), paraa entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETE Cajueiro Seco ........... 150 Figura 71 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETE Dancing Days........... 151 Figura 72 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETE Minerva .................... 151 Figura 73 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETEJ-08 ........................... 152 Figura 74 - Histórico de vazões e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações de RAFA e Lagoas de polimento ETE Gaibu (a), ETEC-09 (b) e ETEC-10 (c) ..................... 153 Figura 75 - Histórico de eficiência e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações RAFA e Lagoas de polimento ETE Gaibu (a), ETEC-09 (b) e ETEC-10 (c) ..................... 154 Figura 76 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETE Gaibu........................ 155 Figura 77 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETEC-09 .......................... 155 Figura 78 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETEC-10 .......................... 156 Figura 79 - Histórico de vazões e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações de RAFA e Lodos Ativados ETE Arena da Copa(a) e ETE Paiva (b) ..................................... 157 Figura 80 - Histórico de eficiência e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações de RAFA e Lodos Ativados ETE Arena da Copa(a) e ETE Paiva (b) ................................ 158 Figura 81 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETE Arena da Copa ......... 158 Figura 82 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETE Paiva ........................ 159 Figura 83 - Histórico de vazões e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações de RAFA Primário ETES-18 (a), ETES-19 (b) e ETEX-11 (c) ............................................... 160 Figura 84 - Histórico de eficiência e suas médias para dias secos e chuvosos, para as estações de RAFA Primário ETES-18 (a), ETES-19 (b) e ETEX-11 (c) .......................................... 161 Figura 85 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETES-18 ........................... 162 Figura 86 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETES-19 ........................... 162 Figura 87 - Boxplot para os parâmetros DBO (a), DQO (b), pH (c) e temperatura (d), para a entrada e saída em dias secos (DS) e dias chuvosos (DC) para a ETEX-11 .......................... 163 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Tipos de tratamento, contendo suas vantagens e desvantagens ............................... 41 Tabela 2 Avaliação de parâmetros para lançamento de efluentes CPRH ........................... 51 Tabela 3 ...................................................................................... 53 Tabela 4 Resumo da PPP Cidade Saneada ............................................................................ 56 Tabela 5 - Postos Pluviométricos utilizados no estudo ............................................................ 61 Tabela 6 - Classificação das ETE's quanto ao tipo de tratamento e porte e suas respectivas quantidades ............................................................................................................................... 63 Tabela 7 - ............................... 72 Tabela 8 - vazão de projeto ........................................................................................................................ 72 Tabela 9 Quadro resumo das vazões médias e eficiência em dias secos e chuvosos e para os intervalos de confiança (IC) nas estações de lodos ativados .................................................... 80 Tabela 10 Quadro resumo das vazões médias e eficiência em dias secos e chuvosos e para os intervalos de confiança (IC) nas estações de filtro biológico .............................................. 84 Tabela 11 Quadro resumo das vazões médias e eficiência em dias secos e chuvosos e para os intervalos de confiança (IC) nas estações de lagoas de estabilização .................................. 92 Tabela 12 Quadro resumo das vazões médias e eficiência em dias secos e chuvosos e para os intervalos de confiança (IC) nas estações de lagoas de Aeração ......................................... 96 Tabela 13 Quadro resumo das vazões médias e eficiência em dias secos e chuvosos e para os intervalos de confiança (IC) nas estações de Fossa e Filtro ................................................. 99 Tabela 14 Quadro resumo das vazões médias e eficiência em dias secos e chuvosos e para os intervalos de confiança (IC) nas estações de RAFA e Filtro Anaeróbio ........................... 100 Tabela 15 Quadro resumo das vazões médias e eficiência em dias secos e chuvosos e para os intervalos de confiança (IC) nas estações de RAFA e Filtro Biológico ............................ 102 Tabela 16 Quadro resumo das vazões médias e eficiência em dias secos e chuvosos e para os intervalos de confiança (IC) nas estações de RAFA e Lagoas .......................................... 104 Tabela 17 Quadro resumo das vazões médias e eficiência em dias secos e chuvosos e para os intervalos de confiança (IC) nas estações de RAFA e Lodos Ativados ............................ 105 Tabela 18 Quadro resumo das vazões médias e eficiência em dias secos e chuvosos e para os intervalos de confiança (IC) nas estações de RAFA Primário ........................................... 106 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ANA Agência Nacional de Águas APAC Agência Pernambucana de Águas e Clima CEMADEN Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais COMPESA Companhia Pernambucana de Saneamento CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente CPRH Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio DC Dias Chuvosos DQO Demanda Química de Oxigênio DS Dias Secos DU Drenagem Urbana EEE Estação Elevatória de Esgoto ETE Estação de Tratamento de Esgotos GAP Galeria de Águas Pluviais IC Intervalo de Confiança INMET Instituto Nacional de Meteorologia NBR Norma Brasileira OD Oxigênio Dissolvido OMS Organização Mundial da Saúde pH Potencial de Hidrogênio PNRH Política Nacional de Recursos Hídricos PRH Plano de Recursos Hídricos RAFA Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente RMR Região Metropolitana do Recife SES Sistema de Esgotamento Sanitário SIGRH Sistema Integrado de Gerenciamento dos Recursos Hídricos SNIS Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento ST Sólidos Totais SS Sólidos Suspensos SST Sólidos Suspensos Totais SSV Sólidos Suspensos Voláteis SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 18 1.1 Justificativa ...................................................................................................................... 20 1.2 Objetivos ..........................................................................................................................22 1.2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................... 22 1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................................. 22 2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 23 2.1 Saneamento Básico e Esgotamento Sanitário ............................................................... 23 2.2 Sistemas de Coleta ........................................................................................................... 26 2.3 Tipos de tratamento de efluentes ................................................................................... 28 2.2.1 Lodo Ativado ............................................................................................................. 30 2.2.2 Lagoas de estabilização ............................................................................................. 31 2.2.3 Lagoas de Aeração .................................................................................................... 33 2.2.4 Fossa Séptica e Filtros Anaeróbios .......................................................................... 34 2.2.5 Tanque Imhoff .......................................................................................................... 35 2.2.6 Reator Anaeróbio com Manta de lodo e Fluxo Ascendente (UASB/RAFA) .......... 36 2.2.7 Filtro Biológico ......................................................................................................... 37 2.2.8 Decantação primária ................................................................................................ 38 2.2.9 Outros Tipos de Tratamento ..................................................................................... 39 2.3 Parâmetros do efluente ................................................................................................... 42 2.3.1 Vazão de entrada ....................................................................................................... 42 2.3.2 pH do Efluente .......................................................................................................... 43 2.3.3 Temperatura .............................................................................................................. 44 2.3.4 Demanda Bioquímica de Oxigênio .......................................................................... 44 2.3.5 Demanda Química de Oxigênio ............................................................................... 45 2.3.6 DBO/DQO ................................................................................................................. 45 2.3.7 Oxigênio Dissolvido (OD) ......................................................................................... 45 2.3.8 Turbidez e Sólidos ..................................................................................................... 46 2.3.9 Óleos e Graxas .......................................................................................................... 47 2.3.10 Nitrogênio (N) e Fósforo (F) .................................................................................... 47 2.4 Pluviometria ..................................................................................................................... 48 2.5 Órgãos Ambientais .......................................................................................................... 50 2.6 Concessão de Saneamento de Pernambuco .................................................................. 51 2.7 Parceria Público Privada (PPP) ..................................................................................... 52 2.8 Marco do saneamento ..................................................................................................... 56 3 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 58 3.1 Local de Estudo ............................................................................................................... 58 3.2 Análise dos dados e indicadores ..................................................................................... 58 3.3 Dados Pluviométricos ...................................................................................................... 60 3.4 ................................................................................................................................ 62 3.4.1 ............................................................................................. 64 3.4.1.1 ETE Peixinhos ....................................................................................................... 64 3.4.1.2 ETE Janga ............................................................................................................. 68 3.4.1.3 ETE Cabanga ........................................................................................................ 70 3.4.2 ............................................................................................. 71 3.4.3 .......................................................................................... 72 3.5 Análise Estatística ........................................................................................................... 72 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................. 74 4.1 Lodos Ativados ................................................................................................................ 74 4.2 Filtro Biológico ................................................................................................................ 82 4.3 Lagoas de Estabilização .................................................................................................. 86 4.4 Lagoas de Aeração .......................................................................................................... 95 4.5 Decantação Primária....................................................................................................... 96 4.6 Fossas Sépticas e Filtros Anaeróbios ............................................................................. 97 4.7 RAFA ................................................................................................................................ 99 4.7.1 RAFA e Filtro Anaeróbio ......................................................................................... 99 4.7.2 RAFA e Filtro Biológico ......................................................................................... 101 4.7.3 RAFA e Lagoas ....................................................................................................... 102 4.7.4 RAFA e Lodos Ativados .......................................................................................... 104 4.7.5 RAFA Primário ....................................................................................................... 106 4.8 Discussão ........................................................................................................................ 107 5 CONCLUSÕES ............................................................................................................. 109 18 1 INTRODUÇÃO A Região Metropolitana do Recife (RMR) é um dos mais antigos e principais conglomerados urbanos do Brasil, possuindo cerca de 4 milhões de habitantes, distribuídos em 15 municípios da zona da mata pernambucana (WANDERLEY et al., 2018). Devido ao rápido e desordenado crescimento urbano ao longo dos anos, diversos problemas relacionados à infraestrutura e saneamento da região cresceram exponencialmente, afetando diretamente a vida da população (OLIVEIRA; SOARES; HOLANDA, 2018). No que diz respeito à infraestrutura e saneamento para atendimento à população, compõem-se de cinco serviços denecessidade fundamental: a oferta e abastecimento de água, o tratamento de esgotos produzidos através do abastecimento, o manejo das águas pluviais, a limpeza coletiva da região urbana e o controle de pragas (CHERNICHARO et al., 2008). No caso da Região Metropolitana do Recife (RMR), a oferta de água é bastante complexa e desafiadora, devido às dificuldades de captação de água e ampliação e recuperação do sistema de abastecimento existente (COMPESA, 2020). O sistema de abastecimento atual da RMR é composto por um sistema principal, de captação e transporte de água, que é formado por subsistemas interligados, além de outros sistemas menores isolados que auxiliam na complementação da disponibilidade hídrica da região. Em termos de mananciais superficiais, destacam-se as Barragens de Tapacurá, Gurjaú e Botafogo, além dos rios Capibaribe, Ipojuca e Beberibe. Devido à distância dessas fontes de captação, muitos municípios complementam o abastecimento com a utilização de mananciais subterrâneos. Além disso outros dois municípios na RMR (Ilha de Itamaracá e Itapissuma) que conseguem apenas captar exclusivamente em poços (ANA, 2020). Em relação aos indicadores de atendimento de água, a RMR possui bons percentuais de cobertura, como em Recife (85%), Olinda (90,6%) e Paulista (90,7%), que estão, atualmente, acima da média do Nordeste brasileiro, que é de 74,2% (SNIS, 2018). Entre os demais municípios da RMR, existem déficits que variam de 19 a 60%, como a de Jaboatão dos Guararapes, onde os indicadores se mostram mais precários (58,7%), sendo Araçoiaba a cidade com menor índice de cobertura abastecimento, com cerca de 40% (TRATA BRASIL, 2011). 19 Apesar da área de atuação nas adutoras e tubulações de abastecimento de água da Compesa possuírem índices acima de diversas áreas do Brasil, a oferta de água ainda é bastante limitada. Em diversos bairros, inclusive das regiões mais centrais, onde existem intervalos de atendimento para abastecimentos das bacias em que a espera é de mais de 1 mês para a chegada de água, como Maranguape II (Paulista). Em outros bairros como Jardim Brasil, Salgadinho, Nova Olinda (Olinda), Pau Amarelo, Janga, Jardim Paulista e Arthur Lundgreen I e II (Paulista), Matinha, Alto São Miguel e Caetés (Abreu e Lima) e Cruz de Rebouças (Igarassu) possuem oferta de um dia com e seis dias sem água (COMPESA, 2020; TRATA BRASIL, 2011). Quanto ao sistema de esgotamento sanitário a situação é ainda mais agravante, onde existe ainda um grande déficit em relação à universalização do acesso. Estima-se que, atualmente, apenas 32% do esgoto é coletado, e ainda que dessa fração, apenas cerca de 60% é tratado (COMPESA, 2018). Isso impacta diretamente em aspectos sociais, educacionais, econômicos, ambientais e de saúde da população. Os maiores índices de atendimento, que estão nos municípios de Recife, Olinda e Paulista são precários, com 38,6%, 37,1% e 34,7% de cobertura, respectivamente. Já Camaragibe e Igarassu apresentam os menores percentuais de acesso à rede de esgoto, com 1,5% e 0,9% (TRATA BRASIL, 2011). Outro grande problema com relação a infraestrutura da RMR é a drenagem urbana (DU). Observa-se ao longo dos anos que, nos períodos de chuvas, são recorrentes as cheias em rios que cortam as cidades (como o Beberibe e o Capibaribe) e alagamentos de origem pluvial, comprometendo grande parte do sistema de drenagem. As cotas de nível do terreno próximas ao do mar, a baixa variação altimétrica topográfica e o alto nível do lençol freático (próximo a superfície), aliado à crescente urbanização e a não modernização e adequação do planejamento em infraestrutura contribui para o agravamento deste problema. O sistema de drenagem urbana, que é composto por bocas de lobo e galerias de águas pluviais (GAP), teve seu planejamento inicial realizado em outras épocas da região, não sendo possível acompanhar a crescente urbanização, que resulta em descaracterizações do solo natural, ocupação de área ciliar ou de baixo relevo e o aumento de áreas propícias a transtornos (JÚNIOR; SILVA, 2016; OLIVEIRA; SOARES; HOLANDA, 2018). A diminuição significativa do fluxo de carros no trânsito, a propagação do lixo urbano não recolhido, redução da mobilidade dos pedestres, a invasão da água no interior das residências e estabelecimentos comerciais são exemplos de consequências negativas causadas pela 20 ineficiência da DU. Os maiores índices pluviométricos são observados entre os meses de abril e julho, indicando a maior frequência de incidentes nestes meses, que podem chegar a valores superiores a 600mm acumulados mensais (MELO et al.,2013). Souza, Azevedo e Araújo (2012) destacam frequências anuais para esta região com 62% de dias sem chuva, 8% entre 2 e 4 mm, 10% entre 4 e 8,5 mm, 10% entre 8,5 e 18,6 mm, 8% entre 18,6 e 55 mm, 2% superiores a 55 mm diários. Considerando chuvas maiores que 10 mm diários, existe uma frequência anual média de aproximadamente 18% do ano, ou seja, em cerca de 66 dias anuais existem precipitações consideráveis na região do Recife. Com isto, existem interações entre os sistemas de coleta de esgoto e de manejo de águas pluviais. O esgoto sanitário é coletado, transportado e tratado em sistemas de coleta e tratamento distintos ao das águas pluviais, onde o primeiro é direcionado através de coletores às estações de tratamento, e o segundo conduzido pelas galerias de águas pluviais ao corpo hídrico mais próximo. Apesar disto, sabe-se que existe comunicação entre os dois, devido a fatores como: ligações clandestinas, interceptações acidentais, a falta de recursos para utilização correta dos sistemas, infiltrações indevidas e contribuições superficiais. A passagem de uma grande quantidade de águas pluviais em um sistema de tratamento de efluentes pode acarretar em diversos problemas à estação de tratamento de esgotos, como a queda ou alteração na eficiência de tratamento da unidade, o aumento de energia elétrica consumida pelos dispositivos de recalque presentes, incremento do custo e esforço operacional, maior periodicidade de manutenção dos equipamentos, entre outros (SIQUEIRA et al., 2017), e o encaminhamento de esgoto nas GAP geram contaminação no meio ambiente, já que o afluente é diretamente encaminhado aos corpos hídricos, sem tratamento adequado.. 1.1 Justificativa A coleta de esgoto e os manejos de águas pluviais não permitem interação entre si no sistema separador absoluto. A sua interação pode acarretar diversos efeitos danosos, tanto para o tratamento do efluente bruto que chega às estações de tratamento, quanto às águas pluviais que desaguam nos corpos hídricos (JAMWAL et al., 2015). Como o sistema separador absoluto é mais comum em países tropicais, que geralmente possuem pouco desenvolvimento na área de saneamento, existem diversos estudos qualitativos para 21 analisar essas interações e os efeitos causados por ela. O que ainda necessita de desenvolvimento são os estudos quantitativos, que expressam com maior precisão as alterações causadas nas estações de tratamento de esgoto (MACHADO; BORJA; MORAES, 2013). As contribuições pluviais na coleta de esgotos provocam aumentos de vazão de entrada consideráveis, acrescendo os custos de operação e manutenção das estações de tratamento, reduzindo o tempo de detenção necessário para o ciclo de tratamento do afluente e podendo alterar a eficiência da qualidade do esgoto tratado (SALIBA; SPERLING, 2017). Atualmente os conceitos e dimensionamentos de projetos de redes coletoras de esgotos preveem diversos fatores como a contribuição da população, com previsões de seu crescimento ao longo dos anos, do lençol freático nas tubulações, a topografia e a formação de bacias e sub-bacias para auxiliar o transporte dos afluentes pela gravidade e métodos para execução e proteção das tubulações (MATOS et al., 2017;NBR 9649, 1986). Apesar disso, devido à deficiência de registros e cadastro de redes coletoras de esgotos e drenagens antigas e/ou clandestinas, existem diversas dificuldades entre a execução adequada do projeto e o seu conceito. O não repasse financeiro das adequações e mudanças causadas pelas interferências, falta de soluções técnicas apropriadas, as adequações próprias da população, a não realização correta das As-Builts (projetos pós-obras indicando como foi construída a estrutura in loco) influenciam em diversas alternativas danosas para os dois sistemas (esgoto e drenagem), principalmente as ligações e interações entre eles (PAIVA; BRACARENSE; SOUSA, 2018). Em relação às caracterizações e análises das alterações da intrusão de águas pluviais nos sistemas de tratamento de esgotos existem diversos estudos qualitativos acerca do tema, porém os quantitativos ainda são gradativos no Brasil, principalmente quando relacionados aos sistemas não condominiais, que são de grande porte (TONETTI et al., 2012). Assim, procura- se quantificar e analisar essas alterações na qualidade do efluente tradado das estações de tratamento de esgotos da RMR, levando em consideração a capacidade, o tipo de tratamento e a abrangência da bacia de coleta. 22 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral Avaliar as alterações no tratamento de efluentes em da Região Metropolitana do Recife, devido às contribuições irregulares de origem pluvial. 1.2.2 Objetivos específicos Analisar as Estações de Tratamento da Região Metropolitana do Recife que estão em funcionamento e operação pela Companhia Pernambucana de Saneamento, de acordo com tipo de tratamento, eficiência e área de atendimento. . Verificar existência de alterações nos indicadores de tratamento de esgoto em decorrência de contribuições indevidas de origem pluvial. 23 2 REFERENCIAL TEÓRICO Diversos conhecimentos essenciais são necessários para o entendimento do tratamento de afluentes de esgoto, desde a sua formação, através do abastecimento de água potável, uso e descarte, após utilização do homem, até a coleta, tratamento e destinação final. Na maior parte dos sistemas de infraestrutura do Brasil, o sistema de esgotamento é tratado de forma distinta do sistema de GAP, onde suas comunicações causam transtornos para ambos os sistemas. Nos tópicos seguintes são abordados conceitos necessários para o entendimento do estudo. 2.1 Saneamento Básico e Esgotamento Sanitário O saneamento básico abrange o abastecimento e tratamento de água para uso e consumo, a coleta e tratamento de esgoto e águas servidas, a drenagem urbana que compreende o manejo das águas pluviais, a coleta e limpeza urbana e o controle de vetores (pragas e agentes patogênicos). A coleta e o tratamento de esgoto são fundamentais para evitar a poluição e contaminação de corpos hídricos, do solo e da vida animal e vegetal. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a cada R$ 1,00 investido em saneamento básico é equivalente a R$ 4,00 despendidos na saúde por problemas oriundos da falta do mesmo (COSTA; PIEROBON; SOARES, 2018). A política nacional de saneamento (Lei 11.445/2007) estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico, onde um de seus princípios fundamentais é a universalização do acesso. privadas nos serviços relativos ao abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto, sendo mais detalhado no tópico 2.8. O abastecimento de água é fundamental, pois tem aplicações diversas e primordiais para os processos antrópicos, contribuindo para o bom funcionamento das atividades industriais e domésticas. Após a utilização da mesma, ela se torna esgoto sanitário, que deve ser coletado e encaminhado para tratamento específico. O Sistema de Esgotamento Sanitário (SES) inclui ligações prediais, atividades e estruturas físicas de coleta, transporte, tratamento e disposição final, de forma adequada, dos esgotos sanitários. (MACHADO et al., 2013). Já as águas das chuvas são interceptadas por outro tipo de sistema, o de drenagem e manejo de águas pluviais urbanas. Essas águas são drenadas por canais naturais e artificiais e condutos 24 construídos. Tais sistemas podem ser desde córregos, por onde escoa uma bacia de poucos hectares, como um enorme rio, do porte do Amazonas, que drena uma bacia de milhões de quilômetros quadrados (TUCCI, 2002). Atualmente o Brasil possui cerca de 200 milhões de habitantes, onde 168 milhões são abastecidos com água proveniente das empresas de saneamento responsáveis por captar, tratar e distribuir (83,62% da população) e 57 milhões possuem coleta de esgoto. (SOUSA; BARROCAS, 2017; TRATA BRASIL, 2020). No que se refere à infraestrutura de esgotamento sanitário (atividades, instalações, rede coletora, tratamento e disposição), estima-se que 2.495 municípios nacionais não possuem rede coletora de esgoto, desconsiderando-se a implantação de fossas sépticas (alternativa compensatória que ameniza os impactos ao meio ambiente, mas ainda longe do ideal). Nas regiões rurais a coleta urbana corresponde a cerca de 15% do total de esgoto gerado nessas áreas e lançado nos corpos receptores de maneira adequada (COSTA; PIEROBON; SOARES, 2018). Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre o saneamento (SNIS, 2018), cerca de 17% dos brasileiros não têm acesso à agua e mais de 45% não possuem coleta de esgoto, isto corresponde a aproximadamente 36 milhões de pessoas sem fonte de abastecimento própria e a quase 100 milhões sem coleta de esgoto. Nas regiões urbanas a situação é dos indicadores é superior, com 92,8% para a água e 60,9% para esgoto. É importante destacar que, do esgoto gerado onde existe coleta, cerca de 75% é efetivamente encaminhado às tubulações de coletores tronco (tubulações principais, com grande capacidade de transporte) e apenas 46% é tratado. Este quadro obriga a utilização de soluções individuais (Figura 1), como ligações diretas nas para atender às necessidades básicas da população que tem origem nas residências) para serem ligadas posteriormente a um sistema de coleta maior, sanando provisoriamente a necessidade individual de cada proprietário de imóvel. Estas soluções, além de não serem, na maioria dos casos, projetadas por profissionais qualificados, analisadas e adequadas do ponto de vista da segurança, interferem nos cadastro e indicadores nacionais, considerando-se ainda as executadas apenas nas redes de abastecimento, pois nos casos dos poços artesanais essa situação é agravada. Isto altera diretamente a proposta e os 25 indicadores de universalização do acesso da política nacional de saneamento, que se encontra distante de concretizar-se (SOUSA; BARROCAS, 2017; TCACENCO-MANZANO et al., 2019). Figura 1 Esperas de ligações de drenagem e esgoto residenciais em sistema de coleta de águas pluviais, em Olinda, 2019 Fonte: Autor O tratamento de efluentes de esgoto consiste, em essência, na aceleração dos processos biológicos de depuração da matéria orgânica presente no próprio fluído. Com os processos e controles adequados, é possível desenvolver as bactérias e microrganismos presentes para o tratamento biológico, onde fatores como a temperatura, pH, fornecimento de oxigênio, vazão, tempo de recirculação e insolação afetam diretamente no seu desempenho (SAAE, 2006). A decomposição do esgoto é um processo que consome tempo. A sua caracterização e controle, assim como o de seus parâmetros é fundamental para seu correto tratamento. Um dos parâmetros mais relevantes é a DBO, que indica o teor de matéria orgânica biodegradável e define o grau de poluição que o esgoto pode causar ou a quantidade de oxigênio necessária para submeter o esgoto a um tratamento aeróbio (SAAE, 2006). O desenvolvimento dos agentes depuradores pode-se dar pela disponibilidade, ou não, de oxigênio dissolvidono efluente, onde cada um detém suas particularidades de processamento e 26 produtos finais. Para os tratamentos aeróbios, o tempo de detenção pode ser reduzido em até três vezes, resultando em compostos como o gás carbônico, água, nitratos e sulfatos. Já nos tratamentos anaeróbios existe a geração de gases sulfídricos, metano, nitrogênio, amoníaco, que são tóxicos, corrosivos e de forte odor (SAAE, 2006). 2.2 Sistemas de Coleta O primeiro registro a esgotamento sanitário está relacionado à Cloaca Máxima de Roma, 600 anos a.C., que recebia esgotos domésticos, assim como águas pluviais de áreas adjacentes ao fórum Romano. Ao longo de séculos, o uso de um sistema unitário de esgotamento - onde são transportados juntos excretas humanas e águas de chuvas - foi amplamente difundido, sendo aplicado em grandes cidades como Boston, Rio de Janeiro, Buenos Aires e Viena. Porém, no fim do século XIX, o engenheiro George Waring, concluiu que a implantação de um sistema unitário, para a cidade de Memphis, nos Estados Unidos, teria um custo muito elevado, sugerindo o uso do - depois assim denominado sistema separador absoluto. Tal sistema obteve grande sucesso na cidade americana, e, após isso, teve sua escala de utilização expandida para o mundo inteiro (SOBRINHO; TSUTIYA, 1999). Com isto, os sistemas de esgoto podem ser diferenciados quanto a sua interação, ou não, com o sistema de coleta de água pluvial. A distinção pode ser influenciada, principalmente, pela posição geográfica da bacia e pela sua situação econômica. Podem ser divididos entre sistema combinado ou unitário, sistemas separadores mistos ou parciais e sistema separador absoluto. O sistema combinado, ou unitário, tem melhor desempenho e são mais comuns em regiões subtropicais e de alto poder econômico (Europa ocidental), onde todos os lançamentos de águas residuais pluviais são direcionados para as redes de esgoto. Já em áreas tropicais, onde os índices pluviométricos são mais significativos, e existe limitação ou redirecionamento de recursos financeiros à infraestrutura, pode-se utilizar os sistemas separadores mistos (ou parciais) ou separadores absolutos (JAMWAL et al., 2015). No separador misto, utilizado em algumas bacias do Brasil (maior frequência no Rio de Janeiro), o sistema recebe os esgotos domésticos incrementado com as contribuições oriundas de telhados e pátios das residências. Já no separador absoluto é não existe interferência entre os dois sistemas, descartando em diversos casos o tratamento das águas pluviais. Ele é adotado em 27 grande parte do mundo, inclusive na maior parte do Brasil e dos Estados Unidos, sendo este pioneiro neste tipo de implantação (RIBEIRO; PEIXOTO, 2018). No sistema separador absoluto o esgoto sanitário é coletado, transportado e tratado em canalizações distintas das águas pluviais, pelo menos no planejamento e nos projetos. Porém isso não é o que acontece na prática, pois existem diversas comunicações entre os dois sistemas, por meio de ligações clandestinas ou então por meio de interceptações acidentais. No caso dos Sistemas de Esgotamento Sanitário (SES), isto pode acontecer através de várias formas: das infiltrações pluviais ocorridas no solo para as redes de esgoto, das contribuições superficiais, ocasionadas pela entrada de águas de chuva em dispositivos como caixas de inspeção ou poços de visitas e através de contribuições irregulares oriundas da ligação direta com a rede de drenagem pública (MENEZES et al., 2018; RIBEIRO; PEIXOTO, 2018). De acordo com Vieira et al. (2016), a comunicação entre os sistemas de drenagem de águas pluviais e redes coletoras de esgoto é prejudicial em ambos os sistemas, no primeiro, o esgoto é conduzido pelos condutos e despejado diretamente nos corpos receptores sem nenhum tipo de tratamento adequado, enquanto que para o segundo, a contribuição acarreta na sobrecarga das tubulações de esgoto, estações elevatórias e de tratamento e no custo operacional de manutenção e influenciando ainda no tratamento do próprio esgoto. A sobrecarga nas tubulações de coleta de esgoto (que não são dimensionadas para absorver este incremento) e na entrada das Estações de Tratamento de Esgotos podem ser incrementadas em volumes de 40% a 300% se comparados aos dias sem chuvas, a depender da intensidade delas e do tamanho da bacia (MINES; LACKEY; BEHREND, 2007; RIBEIRO; PEIXOTO, 2018). Os diversos tipos de tratamento podem reagir de diversas formas a este aumento de vazão causado pela intrusão parasitária de origem pluvial, principalmente os mais rudimentares, como as lagoas de estabilização, tanques sépticos, Imhoff com sistema secundário de filtro anaeróbio e até mesmo os filtros biológicos. Em geral, pode-se definir como mais influenciados por essa contribuição os sistemas altamente dependentes de tratamentos primários de decantação (TONETTI et al., 2012). Saliba e Sperling (2017) destacam que, apesar de não alterar a eficiência do tratamento (remoção de carga orgânica) em sistemas de tratamentos mais avançados (como o de lodos ativados), em períodos de chuva é notório o aumento dos custos operacionais e de manutenção, além da redução do tempo de detenção do esgoto no tratamento. 28 Ainda é válido ressaltar que, apesar do esgoto bruto chegar às estações de tratamento, estas precisam atender a certos parâmetros e indicadores de eficiência para lançar seus efluentes nos corpos receptores. A resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 430/2011 dispõe sobre condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução nº 357/2005, sendo utilizada então como embasamento nacional para as operações de . Além disso, por conta de outros parâmetros, como temperatura e o potencial de hidrogênio (pH), o conselho indica remoção mínima de 60% da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO). 2.3 Tipos de tratamento de efluentes As etapas do tratamento de esgoto podem ser formadas pelos sistemas: preliminar, primário, secundário e terciário. No preliminar são realizadas as remoções de sólidos grosseiros através dos gradeamentos e a decantação da areia bruta contida no efluente. No primário estão os processos essencialmente físicos, onde ocorre a sedimentação gradativa dos materiais suspensos não grosseiros mais densos que o líquido. Já o secundário, onde são comportadas as maiores diversidades de tipos de tratamento, visa acelerar a autodepuração do esgoto, que ocorre naturalmente quando são lançados nos corpos receptores. Por fim, o terciário é um tipo complementar que é utilizado para remover agentes tóxicos e patógenos que não são biodegradáveis pelo secundário (CHERNICHARO et al., 2008). A seguir essas etapas são descritas mais detalhadamente, assim como os tipos de tratamento de efluentes nos subtópicos subsequentes. Tratamento preliminar - No sistema preliminar são realizadas as remoções de sólidos grosseiros e a decantação da areia contida no efluente. Este tipo de sistema pode ser transporte dos líquidos. Nos gradeamentos, a depender do tratamento podem ser mais ou menos espaçados, são realizadas as retenções de grandes sólidos, como papéis, madeiras, cabelos e demais compostos. Suas limpezas devem ser periódicas, de forma manual ou mecanizada. Já as areias são contidas pelos desarenadores (ou caixas de areia), onde são compostos, geralmente, por tanques de depósitos onde a areia é impedida de prosseguir para o tratamento, devem ser recolhidas e destinadas adequadamente, por se tratar de material 29 contaminado. Após estes dois dispositivos, comumente, encontra-se o medidor de vazão de entrada da ETE, havendo diversos tipos, como Calha Parshall, ultrassônico, eletromagnético, entre outros (CESAN, 2019). Tratamento primário - Após passarem pelo tratamento preliminar, define-se como primário os dispositivos que permitema sedimentação gradativa dos sólidos suspensos não grosseiros que ainda possuem densidade maior que a do líquido. Neste processo o esgoto flui vagorosamente, permitindo que os sólidos em suspensão sedimentem gradativamente no fundo do decantador, formando o lodo primário bruto, que é recolhido através de descargas e direcionados para tratamento específico. Ainda é possível a remoção dos óleos e graxas, que podem ser classificados como sobrenadantes, através de mecanismos físicos. Tratamento secundário Existem diversos tipos de tratamento secundários que serão abordados posteriormente, que visam acelerar os mecanismos de autodepuração do efluente, que ocorrem naturalmente nos corpos receptores. Em essência, ocorrem as remoções de sólidos e de matéria orgânica não sedimentável e em alguns casos nutrientes ricos no esgoto, como fósforo e nitrogênio. Para conformidade com a legislação vigente do CONAMA, a etapa biológica (secundária) deve atingir a remoção de DBO em 60% da carga de entrada. Tratamento terciário Este tratamento tem por finalidade a remoção de poluentes tóxicos e/ou não biodegradáveis, complementar ao tratamento secundário e a eliminação de organismos patogênicos, podendo ser classificado como desinfecção. Para esta etapa, é necessário a previsão de instalações para comportar o efluente a ser tratado. Esse tipo de tratamento pode ser feito por meio de processo natural, como uma lagoa de maturação, ou artificial, via cloração, ozonização ou radiação ultravioleta. A lagoa de maturação demanda grandes áreas, pois necessita de pouca profundidade para permitir a penetração da radiação solar ultravioleta. Entre os processos artificiais, a cloração é o de menor custo, mas pode gerar subprodutos tóxicos, como organoclorados. A ozonição é muito dispendiosa e a radiação ultravioleta não se aplica a qualquer situação. 30 2.2.1 Lodo Ativado Sistema de tratamento no qual os flocos de lodo recirculam com alta concentração de bactérias, acelerando o processo de digestão da matéria orgânica (Figura 2). Este processo é bastante utilizado quando se deseja elevada eficiência de remoção de carga orgânica (cerca de 95 a 98%) para altas concentrações de entrada com poucas disponibilidades de área operacional. O tratamento consiste na formação de micro-organismos responsáveis pela biodegradação da matéria orgânica contida no efluente (ZOBY JR et al., 2014). Este tipo de tratamento secundário é formado, geralmente, por: a) tanques de aeração, que contém dispositivos de oxigenação (como valos de oxidação, sopradores ou equipamentos com funções semelhantes) que oxigenam e estimulam o desenvolvimento de bactérias aeróbias que digerem a matéria orgânica e o nitrogênio dissolvido, b) decantadores secundários, onde os flocos oriundos dos tanques de aeração se sedimentam para o centro do decantador, onde uma canalização pressurizada encaminha os mesmos para recirculação no processo ou descarte. Antes do descarte o lodo passa pelos adensadores (Skid), que têm função de reduzir a água presente no mesmo para destinação em local autorizado pelos órgãos ambientais. Geralmente são encaminhados para os aterros sanitários (VIEIRA, 2012). A finalidade dos adensadores é semelhante à dos leitos de secagem e aos geobags, que são alternativas com menor custo de implantação e também menor produtividade (FERRAZ, 2014). Na Figura 2 é possível observar um dos valos de oxidação e dos decantadores . 31 Figura 2 - Fluxograma de tratamento por Lodos Ativados Fonte: Ferraz (2014), adaptado pelo autor 2.2.2 Lagoas de estabilização As lagoas de estabilização são bastante aplicadas em localidades de baixa relevância econômica, por ser um sistema que possui baixo custo de implantação e manutenção. A sua principal ressalva é a disponibilidade de grandes áreas para suas construções, sendo um dos fatores limitantes. Existem três tipos lagoas de estabilização, com funcionalidades diferentes: as anaeróbias, as facultativas e de maturação. As anaeróbias são menos comuns que as facultativas, usualmente utilizadas como tratamento primário, necessitando de um tipo complementar (secundário). São empregadas quando o efluente tem alto teor de DBO. Seu desempenho é baseado na oxidação da matéria orgânica através de bactérias anaeróbias, e devem ter profundidade que propicie o desenvolvimento delas. Suas limpezas devem ser periódicas, devido ao fácil acúmulo de lodo em decorrência do tempo de operação (ARAÚJO et al., 2016; CASAROTTI; MATSUMOTO; ALBERTIN, 2012; CYBIS, 2018). As lagoas facultativas tratam a matéria orgânica através de processos aeróbios (como a fotossíntese) que ocorrem na parte mais próxima da superfície. Ao contrário das anaeróbias, elas necessitam de considerável extensão de área e baixa profundidade, auxiliando no desenvolvimento das algas (Figura 3), que são de extrema importância na eficiência do processo, pois elas fornecem oxigênio para as bactérias degradarem a matéria orgânica. Uma 32 das dificuldades de operação é na saída do sistema, por onde as algas não podem ser conduzidas, já que podem causar eutrofização no corpo receptor. É interessante que elas possuam sistemas simplificados de retenção dessas algas no pós-tratamento, como filtros anaeróbios ou tanques de retenção (ARAÚJO et al., 2016; CASAROTTI; MATSUMOTO; ALBERTIN, 2012; CYBIS, 2018). Os processos de tratamento ocorrem em três zonas da lagoa: a anaeróbia (inferior), aeróbia (superior) e a facultativa (transição). Na parte mais próxima à superfície da lagoa, há penetração de luz e ocorrem mecanismos de oxigenação natural por ação dos ventos, predominam as condições aeróbias, ou seja, a degradação biológica aeróbica da matéria orgânica, já que o oxigênio é fornecido pelas algas e consumido pelas bactérias no processo de degradação. Cabe ressaltar a profundidade da zona aeróbia pode variar durante o dia e meses do ano (em período chuvoso, por exemplo, a profundidade desta zona diminui). Na parte um pouco mais profunda tem-se a zona anóxica (condição de escassez de oxigênio), predominam as bactérias facultativas, que podem realizar degradação aeróbia quando há oxigênio disponível ou processo fermentativo anaeróbio, na falta deste. Já na parte mais próxima ao sedimento, fundo da lagoa, tem-se a zona anaeróbia, os micro-organismos atuam na degradação de matéria orgânica por fermentação e, neste processo, liberam o biogás (CH4, CO2 e H2S). As lagoas facultativas podem ser classificadas em primárias e secundárias, onde aquelas recebem o esgoto bruto e estas recebem o efluente pré-tratado de outras estações (ARAÚJO et al., 2016; CASAROTTI; MATSUMOTO; ALBERTIN, 2012; CYBIS, 2018). O esgoto afluente entra continuamente em uma extremidade da lagoa e sai na extremidade oposta. Ao longo desse percurso, que duram muitos dias, os micro-organismos fazem uma série de transformações neste esgoto. A DBO é estabilizada aerobiamente por bactérias na zona aeróbia da lagoa e depois no fundo da lagoa esta DBO é estabilizada por bactérias anaeróbias e este lodo é convertido em CO2 e metano, principalmente. Somente a fração considerada inerte, ou seja, aquela que não é biodegradável permanece na camada de fundo sem, obviamente, ser degrada pelas bactérias. Nestes sistemas, o O2 necessário para as bactérias aeróbias é fornecido pelas algas por meio de processos fotossintéticos. Para que a fotossíntese acontece de forma eficiente, estas lagoas precisam ser dimensionadas com grandes áreas de exposição, pois as algas necessitam de energia solar para fotossintetizar e gerar gás oxigênio. Para tanto, a total eficiência desse tipo de sistema de tratamento depende da disponibilidade de grandes áreas para 33 que a exposição à luz solar seja adequada (ARAÚJO et al., 2016; CASAROTTI; MATSUMOTO; ALBERTIN, 2012; CYBIS, 2018). Por último, as lagoasde maturação resultam no tratamento final (terciário), com objetivo de eliminar organismos patogênicos. Os fatores que mais influem na eliminação de organismos patogênicos e na diminuição de coliformes são: temperatura, insolação, pH, escassez de alimento, organismos predadores, competição, compostos tóxicos e sedimentação. Logo ela é ainda mais rasa que as anteriores, facilitando a penetração da radiação solar, elevando pH e proliferando agentes eficientes na remoção dos coliformes (ARAÚJO et al., 2016; CASAROTTI; MATSUMOTO; ALBERTIN, 2012; CYBIS, 2018). Figura 3 - Lagoa de estabilização facultativa, Igarassu, Pernambuco Fonte: Autor 2.2.3 Lagoas de Aeração As lagoas de aeração surgiram como alternativa semelhante às de estabilização, diferindo pela menor utilização de área para seu tratamento, havendo também maior custo operacional (causado pela implantação das bombas). Podem existir dois tipos: as facultativas e as de mistura completa. Na primeira, onde o grau de turbulência (estado de escoamento do fluido) é baixo e adequado para a oxigenação do efluente. Nisto, parte da biomassa é decantada para o fundo, 34 sendo decomposta anaerobicamente, já na parte superior, com a oxigenação das bombas, o esgoto é tratado aerobiamente. Nas de mistura completa a turbulência é mais elevada, não havendo o tratamento anaeróbio no fundo da lagoa. Isto aumenta as taxas de sólidos suspensos, e não permite a decantação do lodo, sendo necessário sistema complementar de tratamento para depósito deste material sólido (algo como uma lagoa de sedimentação ou decantador) (BRITO et al., 2015). Figura 4 - Lagoa de aeração facultativa, Paulista, Pernambuco Fonte: Autor 2.2.4 Fossa Séptica e Filtros Anaeróbios As Fossas (ou Tanques) sépticos são uma das alternativas mais utilizadas para tratamento primário de efluentes em redes domésticas ou de pequeno porte. São câmaras fechadas de detenção de partículas sólidas para escoamento do efluente. Atualmente é regido pela NBR 7229 (ABNT, 1993) e aplicado em áreas onde inexiste rede coletora de esgotos ou como solução prévia ao lançamento dos efluentes na rede existente, podendo ser dimensionados abrangendo de 1 a 500 habitantes. É composto pelas etapas de retenção, onde o esgoto é detido por período determinado em projeto; decantação (onde os sólidos suspensos são decantados para o fundo da câmara - cerca de 65% em massa - formando o lodo); digestão fase onde o lodo é digerido pelas bactérias anaeróbias, provocando destruição parcial dos organismos patogênicos; e a 35 redução de volume, que é consequência da digestão, onde os sólidos digeridos se transformam em gases e líquidos e são direcionados para o sistema secundário. Recomenda-se a instalação de caixa de gordura após a Fossa e antes do processo seguinte (QUIMLAB, 2019). Dentre os diversos sistemas posteriores ao tanque séptico, um dos mais recomendados e utilizados é o do filtro anaeróbio. Além de incluir o tratamento biológico ao sistema, é de baixo custo e fácil execução. Regido pela NBR 13969 (ABNT, 1997) é formado por tanque direcional ascendente, onde existe laje intermediária vazada para acomodação de brita n°4, formando leito biológico para acomodação de bactérias desenvolvidas. É adequada para proceder o tratamento dos tanques sépticos devido à baixa carga orgânica e pequena concentração de SST. Após o filtro, o efluente final pode ser destinado para as galerias pluviais, por estar em acordo com as normas ambientais nacionais vigentes (Figura 5) (QUIMLAB, 2019). Figura 5 - Cortes de projetos de Tanque Séptico e Filtro Anaeróbio Fonte: Autor 2.2.5 Tanque Imhoff Essencialmente caracterizado como tratamento primário, o Tanque Imhoff (Figura 6) é composto por tanques sépticos de câmaras superpostas, sendo a superior para sedimentação e a inferior para digestão anaeróbia. A transferência do material é realizada por abertura específica 36 na parte inferior do reservatório superior, permitindo o escoamento do lodo. Em comparação aos tanques sépticos, possui melhor digestão anaeróbia por não haver movimentação constante da efluente e consequentemente melhor eficiência no tratamento. Possui menor tempo de retenção, otimizando seu dimensionamento, podendo atingir 5000 habitantes (QUIMLAB,2019). Foi bastante utilizado para demandas locais em diversas cidades da RMR, principalmente em Abreu e Lima e Recife (COMPESA, 2019). Figura 6 - Componentes do Tanque Imhoff Fonte: Autor 2.2.6 Reator Anaeróbio com Manta de lodo e Fluxo Ascendente (UASB/RAFA) Segundo Santos et al. (2017) o Reator Anaeróbico de Fluxo Ascendente (RAFA) ou Upflow Anaerobic Sludge Blanket (UASB) inicia o processo pela entrada do efluente bruto na parte inferior do tanque e em movimento ascendente é encaminhado para a saída do processo. A primeira etapa de tratamento é formada por uma manta de alta concentração de lodo, onde existe elevada atividade anaeróbia metabólica chamada de zona de digestão e posteriormente para a zona de sedimentação, onde a água residuária é menos espessa e encaminhada ao final do sistema (Figura 7). O sistema possui vantagens como a compacidade física, ocupando pouco espaço, baixa geração de lodo e de consumo de energia elétrica, facilidade na sua operação e grande geração de biogás, através do material orgânico resultante do final do tratamento. 37 Este tipo de tratamento possui eficiência de 70 a 80% em caráter primário, necessitando de uma etapa posterior para assim o efluente final ser direcionado ao corpo receptor (SANTOS et al., 2017). Figura 7 Esquema de funcionamento de Reator UASB Fonte: Adequar (2011) 2.2.7 Filtro Biológico Os filtros biológicos (Figura 8) fazem em parte de uma subclassificação dos reatores aeróbios com biofilmes, onde a biomassa é desenvolvida e aderida em um meio físico de suporte (geralmente britas de alta granulometria), recebendo o nome de filtros biológicos percoladores. Este tratamento é formado basicamente por um leito de brita onde o efluente é aspergido por um suporte (movido preferencialmente pela energia potencial gravitacional do sistema), percolando para os drenos de fundo. A matéria orgânica é estabilizada pelas bactérias aeróbias aderidas ao meio de suporte, criando um biofilme que propicia o desenvolvimento das mesmas (CHERNICHARO et al., 2008). Com o crescimento da biomassa na brita, os poros são ocupados, o que torna a velocidade de escoamento dos esgotos maior, desalojando o material aderido, formando um controle natural das bactérias e do meio. Essas partículas sólidas são removidas no pós-tratamento (decantadores secundários), reduzindo os sólidos suspensos no final do tratamento (CHERNICHARO et al., 2008). 38 Os filtros biológicos podem ser divididos em percoladores de baixa carga e de alta carga, onde as principais diferenças para os de baixa são: Menor necessidade de área física, pequena redução na eficiência de remoção de carga orgânica, o lodo não é digerido no filtro e ocorre a recirculação do efluente. A recirculação é realizada para regularizar a vazão, equilibrar a carga de entrada e oxigenar o líquido afluente. Para o lodo resultante do descarte, devido à sua não estabilização durante o processo, é necessária sua digestão, além do adensamento e da desidratação, necessitando de biodigestor na unidade de tratamento (CHERNICHARO et al., 2008). Figura 8 - Fluxograma de tratamento tipo filtro biológico Fonte: Chernicharo (2008) 2.2.8 Decantação primária A decantação primária é um tratamento essencialmente físico, sem aceleração da autodepuração biológica dos elementos orgânicos que formam o esgoto. Tem por finalidade a remoção dos sólidos mais densos que o líquido que formam o lodo primário, preparando o efluente para a etapa de tratamento secundária (FIGUEIREDO, 2009).
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