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Introdução ao Estudo da Medicina | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII Histologia Bases da técnica histológica Introdução COMO UM MATERIAL BIOLÓGICO SE TRASNFORMA EM UMA LÂMINA? ainda é um método muito dependente do humano, há pouco maquinário relativo à transformação de um material biológico em lâmina. Esse processo depende de algumas etapas bem determinadas, com utilização de substâncias químicas, para que o tecido fique mais firme e seja cortado por um aparelho, chamado micrótomo. Após isso, é corado e a lâmina é colocada no microscópio. HISTÓRIA DA TÉCNICA HISTOLÓGICA século xvii ❖ 1590 – Janssen (pai e filho) e o aparelho rudimentar; ❖ Galileu Galilei: luneta é um microscópio (micro = pequeno); ❖ Robert Hooke: lentes de vidro líquido para ampliação da imagem; ❖ 1714 – Antoni Van Leeuwenhoek, aprimoramento do microscópio e as linhas do tecido (era um vendedor de tapetes); ❖ Marcello Malpighi: anatomia microscópica. O que há de limites na microscopia ótica, a microscopia eletrônica vem para completar. Técnica histológica DEFINIÇÃO é o conjunto de operações que tem por fim transformar as células e os tecidos em preparações destinadas ao exame microscópico. INÍCIO DA TÉCNICA Trillat implantou o formol (1892) como fixação do material humano (literalmente fixa tecido e garante que esse não apodreça – também o endurece). Edwin Klebs inclui o material em parafina (1864) para endurecer o tecido. Micrótomo foi descoberto em 1848, é um aparelho para cortar o material humano. Foi inventado o micrótomo rotativo em 1885. É necessária a coloração para que seja visto, pelo feixe de luz, no microscópio (se não fica tudo branco). Antonius Mizaldus coloria com rúbia (ficava tudo com a mesma cor). Alfonso Corti utilizava carmin para coloração de células do aparelho auditivo. Mas foi Joseph Gerlach que deu o pontapé inicial da coloração (utiliza duas colorações, a primeira para o núcleo e a segunda para o citoplasma). É considerado pai da técnica histológica pois “com a arte de tingir, inicia-se de fato a histologia”. PASSOS DA TÉCNICA HISTOLÓGICA é a retirada de material celular ou fragmento de tecido para um determinado diagnóstico. Recepção e tratamento prévio do material. do material / descalcificação e o tempo para fixação é variável. (que é inevitável após retirada, mas é retardada por temp fria, acelerada por temp acima de 30°C e inibida por aquecimento a 50°C). (tem como objetivo possibilitar a inclusão na parafina). Desidrata e diafaniza (álcool etílico retira a água do tecido e, depois, substitui-se o álcool por um dissolvente de parafina) . Impregnação ou penetração pela parafina (entre 56 e 58°C). (cortar). Depende do técnico. adesão, acerto e aparagem do bloco; obtenção dos cortes; formação de fitas; estendimento no banho histológico; estendimento e colagem nas lâminas; secagem dos cortes na estufa. . Corante básico (hematoxilina) e ácido (eosina). Montagem. Microscopia. formol a 10% é o fixador universal, bouin (medula óssea, testículo e rim), álcool absoluto (citologia), refrigeração (líquidos corpóreos) e substâncias químicas. Introdução ao Estudo da Medicina | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII formaldeído a 37% (CH2O) é estocado em temp ambiente, hermeticamente fechado. Demora entre 8 e 48h para fixação, com tempo máximo indeterminado. Seu mecanismo de ação é a ligação cruzada com as proteínas (penetra na membrana celular e forma um gel, por isso endurece e muda de cor). É irritante aos olhos, trato respiratório superior e à pele. Manuseio do microscópio Microscópio PARTES DO MICROSCÓPIO MICROSCÓPIO ÓTICO Microscópio de luz, transluminação. canhão, revólver, platina, base, parafusos micrométrico e macrométrico, charriot e braço. espelho (fonte de luz), condensador ou diafragma (concentra a luz da lâmpada e projeta o feixe luminoso), objetivas (recebe a luz e projeta uma imagem aumentada, corrige defeito das cores dos raios luminosos) e oculares (amplia a imagem e a projeta na retina ou tela). a imagem é ampliada, invertida da esquerda para a direta e invertida de baixo para cima. Passos para uso do microscópio VISUALIZAÇÃO DA LÂMINA Acender a lâmpada do sistema de iluminação. Colocar a amostra a ser analisada sempre na parte superior, colocar a lâmina sobre a platina (tomando cuidado para que a parte a ser examinada esteja centrada com a objetiva). Abrir totalmente o diafragma e colocar o sistema condensador (diafragma na posição mais elevada, onde permite melhor iluminação). Focalizar a preparação para a obtenção de uma imagem nítida, movimentando o parafuso macrométrico e abaixando a platina até que se possa visualizar a imagem. Utilizar parafuso macrométrico para focalização fina. Sempre que for remover o microscópio, ter certeza de segurar o braço com uma das mãos e a base sobre a palma da outra mão. Não deixar a luz ligada sem necessidade, ela tem vida útil de 50 a 100 horas. Tecidos do organismo Introdução COMO VISUALIZAR? A visualização de tecidos depende do foco e do aumento do microscópio. A coloração mais comum é a HE (hematoxilina - colore o núcleo de roxinho, pois é um corante básico e o núcleo possui os ácidos nucleicos, e eosina - colore o citoplasma de rosa). Porém, existem outras colorações e, também, colorações especiais. Em alguns tipos celulares conseguimos ver também nucléolos, cromatina, limites celulares e se a célula é binucleada ou não. Todos os tecidos são formados por células e matriz extracelular (MEC). TECIDOS BÁSICOS formado por células justapostas com pouca matriz extracelular. Revestimento e secreção. grande quantidade de matriz extracelular produzida por suas próprias células (vários tipos, podem ser fixas ou migratórias). Apoio e proteção. Introdução ao Estudo da Medicina | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII células alongadas contráteis com quantidade moderada de matriz extracelular. Movimento. células com longos prolongamentos e muito pouca matriz extracelular. Produção e transmissão de impulsos nervosos. Tecido epitelial Introdução FUNÇÕES As principais funções dos epitélios são e . CARACTERÍSTICAS Os epitélios são constituídos de (de muitas faces) justapostas, com . Suas células geralmente se aderem firmemente umas às outras por meio de . É um tecido , nutrido pelos vasos sanguíneos do tecido conjuntivo. A forma de células epiteliais varia muito, e a forma dos núcleos geralmente acompanha o formato da célula. A forma e posição dos núcleos é importante para determinar se as células epiteliais estão organizadas em camada única ou várias camadas. A porção da célula epitelial voltada para o tecido conjuntivo é chamada de , enquanto a extremidade oposta (geralmente voltada para uma cavidade ou espaço), é denominada . é uma fina camada de moléculas entre as células epiteliais e o tecido conjuntivo. É visível apenas ao microscópio eletrônico. Seus componentes são secretados pelas células epiteliais, musculares, adiposas e de Schwann. Têm várias funções, sendo a principal delas . é o nome dado para uma camada situada abaixo do epitélio, visível ao microscópio óptico. interdigitações, zônulas de oclusão, zônulas de adesão, desmossomo, hemidesmossomo e junções comunicantes. microvilosidades, estereocílios, cílios e flagelos. Epitélios de Revestimento CLASSIFICAÇÃO ❖ uma única camada de células conectada diretamente à lâmina basal. ❖ duas ou mais camadas de células, mas só uma está ligada à lâmina basal. ❖ apenas uma camada de células diretamente ligada à lâmina basal, mas com núcleos em diferentes alturas, promovendo sensação de várias camadas. ❖ células achatadas, seu contorno pode ser oval ou alongado e seu núcleo geralmente é elíptico. Aspecto de um ‘ovo frito’ (onde o núcleo seria a gema). Muitas dessas células possuem prolongamentos(desmossomos), que aumentam a aderência. ❖ poucas células são, de fato, cúbicas. A maioria é, na verdade, aproximadamente cúbicas (chamadas de cubóides). Geralmente têm várias pequenas faces, em vez das seis faces de um cubo verdadeiro. ❖ tem forma de paralelepípedos com várias pequenas faces ou forma de cilindros. ❖ variação entre células globosas e pavimentosas. Introdução ao Estudo da Medicina | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII Epitélios Glandulares CLASSIFICAÇÃO ❖ mantêm conexão com o epitélio do qual se originaram, com ductos tubulares: secreção é eliminada e alcança superfície ou cavidade. um ducto não ramificado. ductos ramificados. ❖ a conexão com o epitélio é obliterada e reabsorvida. Não tem ductos: suas secreções são lançadas no sangue. ❖ ❖ ❖ ❖ secreção é liberada junto com toda a célula. ❖ secreção é liberada por meio de exocitose, sem perda de outro material celular. ❖ a secreção apresenta porções do citoplasma das células secretoras. as glândulas também podem ser classificadas conforme a complexidade e forma de seus túbulos. GLÂNDULAS SEROSAS São aquelas que secretam um . As células serosas possuem um formato poliédrico ou piramidal, tem núcleos centrais arredondados e polaridade bem definida. São o e o . As células acinosas do pâncreas e das glândulas salivares parótidas são exemplos de células serosas. GLÂNDULAS MUCOSAS São aquelas que secretam um , , denominado . As células mucosas possuem geralmente um formato cubóide ou colunar, seu núcleo é oval e encontra-se pressionado junto à base da célula. A célula mucosa melhor estudada é a célula caliciforme dos intestinos e trato respiratório. Tecido Conjuntivo Introdução FUNÇÕES A principal função dos tecidos conjuntivos é o estabelecimento e manutenção da forma do corpo. Garante sustentação, estrutura e função. É um meio para trocas: nutrientes e oxigênio. CARACTERÍSTICAS O tecido conjuntivo é agregado com todos os tecidos. Formado por diversos tipos de células separadas por . Fibras + células + MEC. Possui alta vascularização. formado por , e a (é um complexo viscoso e hidrofílico formado por glicosamidoglicanos, proteoglicanos e glicoproteínas de adesão). COMPONENTES CELULARES são residentes nos locais em que exercem sua função. Possuem vida longa. ❖ produção de moléculas da matriz extracelular (fibras e substância fundamental). ❖ estocagem de gordura, reserva de energia, isolante térmico. Introdução ao Estudo da Medicina | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII ❖ liberação de moléculas farmacologicamente ativas, participação em reações alérgicas. ❖ células endoteliais de capilares e vênulas são produzidas principalmente na medula óssea e, sob a presença de um estímulo, ficam livres e migram para exercerem suas funções. ❖ produção e secreção de anticorpos. Presentes principalmente em áreas de inflamação crônica, penetração de subtâncias. estranhas ou microrganismo. ❖ participação na resposta imunológica. ❖ fagocitose, processamento e apresentação de antígenos, secreção de citocinas e fatores que participam na inflamação. ❖ glóbulos brancos. ❖ fagocitose e digestão de bactérias em áreas de inflamação aguda. ❖ atraídos por fatores quimiotáticos para leucócitos; liberam citotoxinas para combater parasitas. ❖ liberam agentes farmacológicos que iniciam, mantêm e controlam o processo inflamatório. Fibroblastos e fibrócitos Eosinófilos, fibroblastos e macrófagos Plasmócitos, mastócitos e adipócitos FIBRAS Um dos principais componentes da matriz extracelular. Proporcionam forma, estrutura e resistência ao tecido. produzidas pelos fibroblastos. São . ❖ Tipo I: mais resistente; dentina, osso, TCPD. ❖ Tipo II: cartilagem hialina e elástica. ❖ Tipo III: órgãos hematopoiéticos. ❖ Tipo IV: lâmina densa da lâmina basal. ❖ Tipo V: associada ao colágeno I; placenta. ❖ Tipo VII: liga a lâmina basal à reticular. Reticulares Introdução ao Estudo da Medicina | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII são constituídas por elastina. Estão presentes nas paredes das artérias e nos alvéolos pulmonares. são pouco resistentes. São encontradas em órgãos hematopoiéticos. TIPOS DE TECIDOS CONJUNTIVOS Existem diversos tipos de tecidos conjuntivos, todos formados pelos mesmos componentes supracitados. Seus nomes refletem o componente predominante ou a organização estrutural do tecido. São eles: tecido adiposo, tecido elástico, tecido reticular ou hemocitopoiético e tecido mucoso. tecido cartilaginoso e tecido ósseo. TECIDO CONJUNTIVO PROPRIAMENTE DITO É dividido em : suporta estruturas normalmente sujeitas a pressão e pequenos atritos. É um tipo muito comum. Contém todos os elementos estruturais do TCPD, não havendo nenhuma predominância. Suas células mais numerosas são os fibroblastos e macrófagos. É de , , e . é adaptado para oferecer resistência e proteção aos tecidos. É formado pelos mesmos componentes do TCPD frouxo, porém, com menos células e predominância de fibras colágenas. É e . É subdividido, ainda, em dois: ❖ as fibras colágenas são organizadas em feixes sem orientação definida. Formam uma trama tridimensional, o que lhes confere resistência às trações de qualquer direção. Presente, por exemplo, na derme profunda da pele. ❖ as fibras de colágeno são paralelas umas às outras e alinhadas aos fibroblastos. Tem resistência às forças de tração exercidas em um determinado sentido. Como, por exemplo, os tendões. TECIDO ADIPOSO Predominam (adipócitos). Estão depositadas (ou triacilgliceróis – TAG), que são apolares, hidrofóbicas e insolúveis em água, também chamadas de gordura neutra podem ser metabolizadas para extrair energia, os depósitos de TAG do tecido adiposo são as principais reservas energéticas do organismo (células hepáticas e músculo esquelética também são reservas, mas na forma de glicogênio). Há , apresentam diferenças em distribuição, estrutura, fisiologia e patologia: quando totalmente desenvolvido, suas células contêm apenas uma que ocupa quase todo o citoplasma. Sua cor varia entre branco e amarelo-escuro dependendo da dieta ingerida (acumula carotenos nas gotículas de gordura). É bem distribuído pelo corpo (mas acumula em alguns locais). Funções: ❖ Reserva energética; ❖ Modela a superfície corporal ; ❖ Absorve choques mecânicos; ❖ Isolamento térmico gordura é má condutora de calor; Introdução ao Estudo da Medicina | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII ❖ Preenche espaço entre outros tecidos e ajuda a manter órgãos em suas posições; ❖ Sintetiza e secreta alguns fatores e hormônios. são grandes. Quando isoladas, esféricas, porém, quando se reúnem para formar o tecido adiposo, tornam-se poliédricas devido à compressão. Tem o núcleo geralmente alongado. Cada célula adiposa é envolvida por uma lâmina basal, e sua membrana plasmática tem vesículas de pinocitose. As gotículas de gordura, independente do tamanho, não possuem membrana envolvente (encontram-se no citosol da célula). O tecido unilocular apresenta septos de tecido conjuntivo propriamente dito, contendo vasos e nervos que servem às células adiposas. A vascularização do tecido adiposo é muito abundante (considerando a quantidade relativamente pequena de citoplasma ativo). formado por células que contêm e muitas mitocôndrias. Sua cor característica vem da vascularização abundante e numerosas mitocôndrias (são avermelhadas devido aos citocromos). É de distribuição limitada, localiza-se em áreas determinadas (o tecido não cresce, então, em adultos, é muito reduzido). são menores, com formato poligonal. O citoplasma é carregado de inúmeras gotículas lipídicas de vários tamanhos, assim como numerosas mitocôndrias (com cristas longas). Apresentam um arranjo epitelioide, formam massas compactas (associadasa muitos capilares sanguíneos). TECIDO ELÁSTICO É composto por . O espaço entre essas fibras é ocupado por finas fibras de colágeno e fibrócitos. Possui . Presente nos ligamentos amarelos da coluna vertebral e no ligamento suspensor do pênis. TECIDO RETICULAR/HEMOCITOPOIÉTICO É muito delicado e forma uma rede tridimensional que . É constituído por ( ). Cria um ambiente especial para órgãos linfoides e hematopoiéticos (medula óssea, linfonodos, nódulos linfáticos e baço). As células reticulares estão dispersas ao longo da matriz e cobrem parcialmente (com seus prolongamentos citoplasmáticos) as fibras reticulares e a substância fundamental. Esse arranjo forma uma (parece uma esponja), dentro da qual as células e fluidos movem-se livremente. Ao lado delas, encontram-se células do sistema fagocitário, estrategicamente dispersas ao longo das trabéculas (monitorando o fluxo de materiais que passa lentamente através de espaços semelhantes a seios, removendo organismos invasores por fagocitose). TECIDO MUCOSO Tem graças à preponderância de MEC composta, predominantemente, por . É o principal componente do cordão umbilical, porém, nos adultos, é restrito apenas à polpa jovem dos dentes. TECIDO CARTILAGINOSO Tem e desempenha função de suporte de tecidos moles, reveste superfícies articulares, absorvendo choques mecânicos e diminui o atrito, facilitando o deslizamento dos ossos nas articulações. A cartilagem é essencial para a formação e o crescimento dos ossos longos na vida intrauterina e depois do nascimento. É composto por condrócitos e abundante MEC. Os condrócitos alojam-se em (cavidades pequenas da matriz), cada lacuna pode conter um ou mais condrócitos. Suas funções dependem, principalmente, da estrutura da matriz (pode ser formada por colágeno ou colágeno e elastina). Há ainda grande quantidade de proteoglicanos, ácido hialurônico, e diversas glicoproteínas (associadas às fibras de colágeno e elásticas). As cartilagens, com exceção das articulares e do tipo fibroso, são envolvidas por uma bainha conjuntiva chamada de (tecido conjuntivo denso), que contém nervos e vasos sanguíneos e linfáticos. O tecido cartilaginoso não contém vasos sanguíneos, então, é nutrido por capilares do pericôndrio. E é desprovido, também, de vasos linfáticos e de nervos. As cartilagens que revestem a superfície dos ossos nas articulações móveis não têm pericôndrio, recebem nutrientes do líquido sinovial. Há : é a mais comum, mais frequentemente encontrado no corpo. Sua matriz contém fibrilas constituídas, principalmente, de Introdução ao Estudo da Medicina | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII . A fresco, tem coloração branco-azulada e translúcida. É o tipo de cartilagem que constitui o primeiro esqueleto do embrião (posteriormente é substituído por um esqueleto ósseo). ❖ formada 40% por colágeno tipo II associadas a ácido hialurônico e a outros glicosaminoglicanos, proteoglicanos muito hidratados e glicoproteínas. Um importante componente proteico é a glicoproteína estrutural condronectina (participa da associação do arcabouço macromolecular da matriz com os condrócitos). Além de colágeno e glicoproteínas, grande parte da matriz é ocupada por glicosaminoglicanos, combinados por ligação covalente com proteínas, formando proteoglicanos. Como o colágeno e a elastina são flexíveis, a consistência firme das cartilagens deve-se principalmente, pelas ligações eletrostáticas (entre glicosaminoglicanos sulfatados e o colágeno) e grande quantidade de água presas aos glicosaminoglicanos (confere turgidez à matriz). ❖ além de fonte de novos condrócitos para o crescimento, o pericôndrio é responsável pela nutrição, oxigenação e eliminação dos refugos metabólicos da cartilagem, uma vez que nele estão localizados vasos sanguíneos e linfáticos, inexistentes no interior do tecido cartilaginoso. É formado por um tecido conjuntivo com muitas fibras de colágeno tipo I. Suas células são semelhantes aos fibroblastos, mas as situadas próximas à cartilagem podem facilmente multiplicar-se (por mitose) e originar condrócitos, caracterizando- se funcionalmente como . ❖ na periferia da hialina, apresentam-se de forma alongada, com o eixo maior paralelo à superfície. Já mais internamente, são arredondados e frequentemente aparecem em grupos (grupos isógenos) suas células são pequenos clones, originados por divisão de um único condroblasto. Tem forma estrelada ao ver no microscópio (pq sofrem tração no processo histológico). São (principalmente do tipo II), e . contém menos fibrilas de cartilagem tipo II e . É encontrada no pavilhão auditivo, no conduto auditivo externo, na tuba auditiva, na epiglote e na laringe. É semelhante à cartilagem hialina, mas inclui, além das fibrilas de colágeno, uma abundante contínuas com as do pericôndrio. também é chamada de fibrocartilagem, apresenta matriz constituída principalmente por . É um tecido com características intermediárias entre o tecido conjuntivo denso modelado e a cartilagem hialina. É encontrada nos discos intervertebrais, nos pontos em que alguns tendões e ligamentos se inserem nos ossos e na sínfise pubiana. Está , e os limites entre os dois são imprecisos. . TECIDO ÓSSEO É composto por e (MEC calcificado). É o principal componente do esqueleto. Funções: ❖ Suporte para tecidos moles; ❖ Proteção de órgãos vitais ; ❖ Aloja e protege a medula óssea; ❖ Apoia a musculatura esquelética ; ❖ Sistema de alavancas ; ❖ Depósito de cálcio, fosfato e outros íons ; ❖ Absorve toxinas e metais pesados vem de duas linhagens (formadas pelos osteoblastos e osteócitos, derivadas de células osteoprogenitoras) e Introdução ao Estudo da Medicina | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII (são os osteoclastos, originados de monócitos, produzidos na medula hematopoiética). ❖ localizados sempre nas superfícies ósseas, lado a lado. Sintetizam a parte orgânica da matriz (colágeno tipo I, proteoglicanos e glicoproteínas) e fatores que influenciam a função de outras células ósseas. Quando em intensa atividade sintética, são cuboides com citoplasma muito basófilo, mas, em estado pouco ativo, são achatados e com menos intensidade em sua basofilia. Também são capazes de concentrar fosfato de cálcio, participando da mineralização da matriz. . A matriz então deposita-se ao redor do corpo da célula e passa por deposição de cálcio, formando lacunas que contém os osteócitos e os canalículos (túneis compostos por prolongamentos celulares de osteócito). a matriz óssea recém-formada (não calcificada ainda) recebe o nome de osteoide. ❖ são células achatadas, encontradas no interior da matriz óssea e ocupam pequenos espaços chamados lacunas (cada lacuna contém apenas um osteócito). São responsáveis por manter a matriz extracelular. ❖ são células móveis, de tamanho muito grande e multinucleadas, responsáveis pela reabsorção do tecido ósseo. Tem citoplasma granuloso (algumas vezes com vacúolos), fracamente basófilos em osteoclastos jovens e altamente acidófilos nos maduros. Situam-se na superfície do tecido ósseo ou em túneis no interior das peças ósseas. pequenas depressões da matriz escavadas pela atividade dessas células. constituída de parte orgânica e inorgânica. Cerca de 95% da da matriz é formada por fibras colágenas constituídas principalmente por colágeno do tipo I, e o restante, por proteoglicanos e glicoproteínas. destacam-se a osteonectina (importante para calcificação da matriz) e a osteopontina. A representa cerca 50% do peso da matriz óssea. Os íons mais encontrados são o fosfato e o cálcio, mas há, também, bicarbonato, magnésio, potássio, sódio e cirato em pequenas quantidades. Ainda não existe uma explicação para o mecanismo de calcificação ou mineralização da matriz óssea. Sabe-se que a calcificação começa pela deposição de sais de cálciosobre as fibrilas colágenas (deve ser induzida por proteoglicanos e glicoproteínas. É influenciada pela concentração desses minerais em vesículas da matriz). a superfície externa e interna dos ossos é recoberta por uma camada de tecido conjuntivo e células osteogênicas. Fornecem novos osteoblastos para o crescimento, remodelação e recuperação do osso. Além disso, são importantes para a nutrição do tecido ósseo (pois apresenta vasos sanguíneos em seu interior). ❖ reveste o osso externamente. Em sua camada mais externa há mais fibras colágenas e fibroblastos, contém fibras de Sharpey (feixes que penetram no tecido ósseo e prendem firmemente o periósteo ao osso). Sua camada mais interna contém mais células osteoprogenitoras. ❖ Endósteo reveste o osso internamente. Fina camada de células osteogênicas achatadas, que reveste as cavidades do osso esponjoso, o canal medular, o canal de Havers e os de Volkmann. compacto é formado por partes sem cavidades visíveis e o esponjoso possui cavidades visíveis, é ocupado pela medula óssea amarela ou vermelha. do ponto de vista histológico, os tecidos ósseos podem ser classificados em dois tipos. Ambos contêm os mesmos tipos celulares e os constituintes da matriz são muito semelhantes. ❖ é sempre o primeiro a ser formado (seja embrionário como na reparação de fraturas). As fibras de colágeno se dispõem Introdução ao Estudo da Medicina | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII irregularmente, sem orientação definida. É temporário, sendo substituído pelo secundário. Apresenta menor quantidade de minerais, mas maior proporção de osteócitos. ❖ as fibras de colágeno se organizam em lamelas, que se organizam em uma disposição muito ordenada. As fibras colágenas de cada lamela são paralelas entre si, mas de lamela para lamela as fibras tem direções diferentes. Apresenta substância cimentante (matriz mineralizada, mas com pouco colágeno). É a variedade mais encontrada no adulto. Sistema de Havers: é no tecido ósseo secundário que contém sistema de Havers, característico da diáfise dos ossos longos. É paralelo a diáfise de ossos longos, formado por 4 a 20 lamelas ósseas concêntricas. No centro desse sistema existe um canal revestido de Endósteo (Canal de Havers) que contém vasos e nervos, paralelo ao canal medular. canais de Volkmann se distinguem por não apresentarem lamelas ósseas concêntricas. a histogênese do tecido ósseo pode ser por 2 processos e, em qualquer um dos dois, o primeiro tecido ósseo formado é do tipo primário, que vai sendo substituído pouco a pouco pelo lamelar. ❖ ocorre no interior de uma membrana conjuntiva ❖ se inicia dentro de um molde de cartilagem hialina, que gradualmente é destruído e substituído por tecido ósseo formado a partir de células do conjuntivo adjacente. Tecido Muscular Introdução FUNÇÃO A principal função do tecido muscular é o CARACTERÍSTICAS O tecido muscular é constituído por células alongadas que contêm grande quantidade de filamentos citoplasmáticos compostos de proteínas contráteis (seu arranjo torna possível a transformação de energia química em energia mecânica). O tipo de contração varia conforme a função. O tecido conjuntivo que circunda tanto as fibras musculares individuais quanto os feixes de fibras musculares é essencial para a transdução de força. Os componentes das células musculares recebem nomes especiais: membrana = sarcolema, citosol = sarcoplasma e retículo endoplasmático liso = reticulo sarcoplasmático. TIPOS DE TECIDOS MUSCULARES Existem 3 tipos de tecidos musculares: formado por feixes de células cilíndricas multinucleadas e muito longas, com estriações transversais. Essas fibras têm contração rápida e controle voluntário. também apresentam estrias transversais e é formado por células alongadas, porém, mais curtas que as do esquelético. Suas fibras são ramificadas e se unem por meio de (exclusivos da musculatura cardíaca). Sua contração é involuntária e rítmica. formado por células fusiformes que não tem estrias. Tem processo de contração lento e involuntário. MÚSCULO ESTRIADO ESQUELÉTICO É formado por feixes de células muito longas, cilíndricas, multinucleadas (na periferia celular) e com inúmeras (filamentos cilíndricos). As fibras musculares estriadas esqueléticas apresentam estriações transversais, pela alternância de faixas claras e escuras Cada fibra muscular contem centenas de milhares de , que, por sua vez, são compostas pelas proteínas (cerca de 3000 filamentos – mais fino) e (em torno de 1500 filamentos – mais grosso). é um segmento das miofibrilas (delimitado entre dois discos Z consecutivos). Introdução ao Estudo da Medicina | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII ❖ Filamentos mais grossos: . ❖ Filamentos mais finos: . ❖ Filamentos parcialmente interdigitados. ❖ faixa clara, isotrópicos à luz polarizada. ❖ faixa escura, anisotrópicos à luz polarizada. ❖ Pontes cruzadas ❖ composto de proteínas filamentosas cruzando transversalmente a miofibrila, e de uma fibrila a outra, conectando-as desta forma por toda a fibra muscular. ❖ formada apenas por filamentos grossos e é constituída por miosina. ❖ divide a banda H ao meio. ❖ O epimísio é a bainha de tecido conjuntivo denso que circunda um conjunto de fascículos, constituindo o músculo. O suprimento vascular e nervoso adentra o músculo através do epimísio. ❖ camada de tecido conjuntivo mais espessa, que circunda um grupo de fibras para formar um feixe ou fascículo. São encontrados vasos sanguíneos de maior calibre, além de nervos. ❖ a camada delicada de fibras reticulares que circunda cada fibra muscular. Apenas vasos sanguíneos de pequeno diâmetro e os ramos neuronais mais finos são encontrados no endomísio, que corre paralelamente às fibras musculares. As fibras musculares estriadas ( ) têm estruturas especializadas em conduzir a despolarização de membrana para o interior da célula: (ou túbulos T). São milhares de invaginações da membrana plasmática da fibra muscular. MÚSCULO ESTRIADO CARDÍACO É constituído por células cilíndricas alongadas e às vezes ramificadas. Apresentam estriações transversais, mas contem apenas um ou dois núcleos localizados no centro da fibra. As fibras são circundadas por uma bainha de tecido conjuntivo (equivalente ao endomísio do músculo esquelético). As fibras cardíacas se prendem entre si por meio de junções intercelulares complexas (vistas ao microscópio como traços transversais): ou escalariformes. são estruturas encontradas apenas na musculatura cardíaca e aumentam a adesão entre as fibras cardíacas. Nesses discos encontram-se 3 especializações: ❖ servem para ancorar os filamentos de actina dos sarcômeros terminais. ❖ unem as células musculares cardíacas, impedindo que elas se separem durante a atividade contrátil. ❖ responsáveis pela continuidade iônica entre células musculares vizinhas. sistema T e o retículo sarcoplasmático não são bem organizados no cardíaco como no esquelético. Na musculatura dos ventrículos os túbulos T são maiores do que no esquelético. Os túbulos T cardíacos se localizam na altura da Banda Z e não na junção das Bandas A e I. No músculo cardíaco existe apenas uma expansão de túbulo T por sarcômero e não duas. O retículo sarcoplasmático do cardíaco não é tão desenvolvido. MÚSCULO LISO É formado pela associação de células longas e fusiformes, mais espessas no centro e afiladas nas extremidades, com núcleo único elíptico e central. É encontrado nas vísceras e na camada média dos vasos Introdução ao Estudo da Medicina | Fernanda Ribeiro – MedUesb XVII sanguíneos. As células musculares lisas são revestidas por lâmina basal e mantidas juntas por uma rede muito delicada de fibras reticulares. Essas fibras reticulares amarram as células musculares umas às outras, de tal maneira que a contração de apenas algumasse transforma na contração do músculo inteiro. O sarcolema dessas células apresenta grande quantidade de depressões chamadas de contêm íons Ca² que são utilizados para iniciar a contração. As células musculares lisas apresentam também os estruturas densas que tem importante papel na contração das células musculares lisas. O mecanismo de contração do músculo liso é diferente do observado nos músculos estriados esquelético e cardíaco. Não possui troponina nem placa motora. Apresenta retículo sarcoplasmático rudimentar (e, às vezes, até inexistente).
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