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DIREITO CIVIL II - SEMANA 2 - ELEMENTOS ESTRUTURAIS DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL Objetivo • Conceituar a relação obrigacional no âmbito das relações jurídicas; • Conceituar e distinguir cada um dos elementos da relação obrigacional; • Distinguir as diversas fontes originárias de obrigações; • Apontar as diversas classificações das obrigações. A ESTRUTURA DA RELAÇÃO JURÍDICA OBRIGACIONAL 1.1 Obrigação: 1.1.1Conceito; 1.1.2Natureza jurídica. 1.2 Elementos constitutivos da obrigação: 1.2.1 Características; 1.2.2 Elementos das obrigações: a) Subjetivo - sujeitos; b) Objetivo - prestação: c) Abstrato ou Ideal - vínculo jurídico; 1.3 Fontes das obrigações 1.3.1 As fontes obrigacionais no Código Civil 1.3.2 Os usos e costumes jurídicos e a decisão judicial constitutiva como fonte obrigacionais. 1.4 Classificações das obrigações. 1.4.1Classificação básica quanto ao objeto; 1.4.2 Classificação especial quanto aos elementos; 1.4.3 Classificação quanto à exigibilidade e conteúdo. Referências bibliográficas: Nome do livro: Direito civil brasileiro Nome do autor: GONÇALVES, Carlos Roberto Editora: RJ: Saraiva Ano: 2010. Edição: 7a Nome do capítulo: Capítulo 5 – Classificação Básica das Obrigações N. de páginas do capítulo: 21 - Págs: 75 a 96 (Itens 1 a 2.3) ELEMENTOS ESTRUTURAIS DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL A obrigação é a relação jurídica de caráter transitório, estabelecida entre devedor e credor e cujo objeto consiste num prestação pessoal econômica, positiva ou negativa devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe adimplemento através de seu patrimônio. Para os romanos, obrigação era o vínculo jurídico ligando duas ou mais pessoas determinadas, no intuito de conseguir uma prestação de uma ou de algumas, em benefício de outra. Beviláqua: o civilista responsável pela elaboração do Código Civil de 1916 (Código Beviláqua) acreditava que a principal diferença, se não a única, entre o conceito romano de obrigação e o conceito que ele defendia era o caráter extremamente pessoal presente naquele, enquanto que neste prevalece a economicidade. Devido à fixidez do vínculo existente entre credor e devedor, no Direito Romano, a posição destes era inalienável, característica que, já na época de Beviláqua, não caracterizava as obrigações. Estas, então, eram transmissíveis devido ao fato de poderem ser contraídas junto a pessoas indeterminadas ou através de representantes, e de ser possível a cessão sem subterfúgios. (Beviláqua, Clóvis. Direito das Obrigações. 3° ed. revista e acrescentada, Rio de Janeiro, Freitas Bastos & Cia, 1931, PP. 15-17). Orlando Gomes define assim obrigação: “vínculo jurídico entre duas partes, em virtude do qual uma delas fica adstrita a satisfazer uma prestação patrimonial de interesse da outra, que pode exigi-la, se não for cumprida espontaneamente, mediante agressão ao patrimônio do devedor.” (Gomes, Orlando. Obrigações. 12° edição. Rio de Janeiro, Forense, 1999, p.10). Fica claro a partir desta definição que, diferentemente ao que ocorria no Direito Romano, a ausência de prestação por parte do devedor gerará conseqüências no patrimônio deste, e não na sua pessoa. É possível, portanto, a alienação do crédito e a substituição de um devedor por outro. Esta característica já havia sido destacada por Beviláqua e é ponto pacífico na doutrina. Outra mudança desta definição em relação à romana é o destaque dado ao vínculo ativo da relação obrigacional: não se fala mais apenas em uma prestação devida, mas em um direito a exigi-la também (embora não apareça na definição romana, tal característica não lhes era desconhecida). O importante é ressaltar que a obrigação é um dever jurídico resultante de lei, de negócio jurídico ou de sentença judicial, por força do qual se impõe ao devedor, sujeito passivo, a responsabilidade de cumprir ou satisfazer certa e determinada necessidade do credor, sujeito ativo, mediante o provimento de um direito, concretizado numa prestação de um bem jurídico ou numa abstenção. Do mesmo modo, deve ficar bem claro ao aluno que a obrigação pode existir pela vontade da pessoa ou contra a vontade da pessoa devedora, segundo a causa geratriz em decorrência da qual se impõe um dever ao sujeito passivo. Elementos constitutivos das obrigações: A partir da assertiva relativa à conceituação o professor poderá desenvolver tal conceito introduzindo um a um os elementos constitutivos das relações obrigacionais e que lhe consubstanciam estruturalmente, a saber: - Dois sujeitos, CREDOR e DEVEDOR; vínculo entre eles que é a PRESTAÇÃO (objeto). - Elementos: sujeito ativo; sujeito passivo; objeto; vínculo jurídico. - Não há poder sobre a coisa; o credor quer que o devedor satisfaça a obrigação, voluntariamente ou coativamente. A execução sobre o patrimônio só acontece na segunda fase – execução coativa. - OBJETO IMEDIATO – prestação; conduta do devedor; Ex.: contrato de mandato – execução dos serviços. - OBJETO MEDIATO – é o objeto sobre o qual incide a prestação. Ex.: Contrato de Mandato – é o próprio serviço ou própria atividade. O direito das obrigações apesar de lenta, mas segura evolução, encontra-se hoje em um estágio mais próximo da Teoria Geral do Direito em face de sua própria transformação. Ambas convergiram de um momento positivista extremado, com fulcro em uma dogmática restritamente científica para uma posição sociológica e ética, apresentando-se uma paridade entre o mais forte e o mais fraco, sem na busca de uma defesa diferenciada. É o que notamos hoje com as obrigações de Terceira Geração ou Dimensão (relativas aos direitos coletivos e aos difusos). Fontes no Direito Obrigacional Diz-se fonte de obrigação o fato jurídico de onde nasce o vínculo obrigacional. Trata-se da realidade sub specie iuris que dá vida à relação creditória: o contrato, o negócio unilateral, o fato ilícito, etc. A fonte tem uma importância especial na vida da obrigação, por virtude da atipicidade da relação creditória. Chama-se fonte de uma obrigação ao fato jurídico de que emerge essa obrigação, ao facto jurídico constitutivo da obrigação. A sistematização das fontes das obrigações foi feita, ao longo dos séculos, de maneiras diversas. Uma primeira classificação: a) Contratos; b) Quase contratos; c) Delitos; d) Quase delitos. Atualmente, face à nossa lei, são fontes das obrigações: - Os Contratos - Os Negócios Jurídicos Unilaterais - A Gestão de Negócios - Enriquecimento Sem Causa - Responsabilidade Civil O Código Civil Brasileiro reconhece expressamente três fontes de obrigações: o contrato, o ato ilícito e as declarações unilaterais de vontade. Contudo, a doutrina as classifica, a exemplo dos ensinamentos de Silvio Rodrigues(33), segundo critérios mais abrangentes. Pressupõe, segundo o renomado autor, a fonte sempre imediata da lei, seguindo a outras fontes mediatas, quais sejam: a) obrigações por fonte imediata da vontade humana: provêm dos contratos e das manifestações unilaterais de vontade (exemplo os títulos ao portador); b) obrigações que tem por fonte imediata o ato ilícito: constituem-se através de uma ação ou omissão, dolosa ou culposa do agente, causando dano à vítima. Estas obrigações emanam diretamente de um comportamento humano, infringidora de um dever legal ou social; c) obrigações que tem por fonte direta e imediata a lei: neste rol encontram-se os deveres de estado (prestação alimentícia, guarda de filhos menores etc), bem como pelas condutas que a imputação pode ocorrer por responsabilidade objetiva(34), quer do particular ou da Administração Pública por risco administrativo, perante danos causados aos administrados (art.37, § 6o. da CF/88). Mesmo assim, o elenco de fontes parece não bastar para designar a sua amplitude. Desta forma as obrigações podem surgir, por fonte imediata, independente da vontade das partes, pela ocorrência de fato ilícito, ou por decorrência direta da lei. Pode decorrer da atividade judicial. Tal situação é verificada nas decisões judiciais constitutivas de direitos, onde a relação jurídica só gerará obrigações quandodeterminada através da jurisdição Classificação das obrigações Neste tópico, aproveitamos as dicas do prof. Ciro Ferreira dos Santos, da UNESA/RJ, disponíveis em sua Sala de Aula Virtual: Considerações iniciais: - As modalidades termo, encargo e condição, repete-se nos tipos de obrigações: obrigações condicionais, obrigações a termo e obrigações com encargo. - O Novo Código Civil adotou a manutenção da classificação estabelecida por Clóvis Bevilácqua, sendo esta mais difundida é aquela em que se subdivide em dar, fazer (obrigações positivas) ou não-fazer (obrigações negativas); As Obrigações podem ser: - - Simples - um único ato ou uma só coisa; - Conjunta – mais de um ato ou mais de uma coisa; - Instantâneas – Exaure-se num único ato; - Periódicas – Cumpridas num espaço de tempo; - Única – Só um credor e um devedor; - Múltiplas ou Plúrimas – mais de um credor ou mais de um devedor; podem ser conjuntas ou solidárias; - Conjuntas - cada titular somente irá responder por sua quota-parte; - Solidárias - cada credor ou devedor pode ser obrigado a receber ou efetivar o pagamento por inteiro. - Divisíveis: sob o ponto de vista do objeto da prestação; - Indivisíveis: são aquelas em que o objeto não permite uma divisão. ATENÇÃO; a solidariedade (vontade das partes) exige indivisibilidade, o que não significa que ocorrerá apenas com objetos indivisíveis. Quanto ao Modo de Execução: - Simples: sem cláusula restritiva; - Conjuntivas: há uma adição entre os objetos (A e B) - Alternativas: há uma opção entre um ou outro objeto (A ou B) - Facultativa: há uma faculdade exercida pelo devedor quando do cumprimento da prestação. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES: • QUANTO AO OBJETO: Obrigação de Dar Ò transferência de coisa ou quantia Òcoisa certa ou incerta Obrigação de Fazer a prática de determinado ato Obrigação de Não Fazer ou deixar de praticar determinado ato Podem ser Positivas ou Negativas Simples (Singular) um único ato exaure a obrigação Conjuntas necessita a prática de mais de um ato para o cumprimento da obrigação (ex.: Empreitada) Instantâneas exaurem-se no primeiro ato Periódica determina sua repetição dentro de um espaço de termpo (ex.: locação) • QUANTO AS PESSOAS: Únicas 1 credor / 1 devedor Múltiplas +1 credor e ou devedor Conjuntas – devedor responde apenas por sua cota-parte Solidárias – devedor responde pela dívida integral • QUANTO A FORMA DE CUMPRIMENTO: Divisíveis permite o parcelamento Indivisíveis Ònão permite o parcelamento são obrigações solidárias • QUANTO AO MODO DE EXECUÇÃO: Simples / cláusula restritiva Conjuntivas o devedor deve atender a cumprimento de dois ou mais objetos Alternativas existe mais de um objeto e o cumprimento de qualquer deles põe fim a obrigação Facultativas um único objeto faculdade do devedor de substituição do objeto • QUANTO AO CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO: Obrigação de Resultado aferição se o resultado foi alcançado presunção de culpa ¢ Obrigação de Meio deve empregar técnica e diligência culpa deve ser provada OBRIGAÇÕES DE GARANTIA Seguro Fiança / Aval DIFERENÇA ENTRE DÉBITO E RESPONSABILIDADE/GARANTIA A idéia da obrigação encerra três elementos conceituais o vínculo jurídico; as partes na relação obrigatória, isto é, credor e devedor, um objeto da prestação que é devido por uma parte à outra. Vínculo é qualificado como jurídico por ser disciplinado por lei e acompanhado de sanção. No direito moderno destacam-se dois elementos: a dívida e a responsabilidade. O elemento dívida (Schuld) consiste no dever que incumbe ao sujeito passivo de presta aquilo que se compromete. O elemento responsabilidade (haftung) é representado pela prerrogativa conferida ao credor ocorrendo inadimplência, de proceder à execução do patrimônio do devedor, para obter a satisfação de seu crédito. Da maneira que o devedor se obriga, seu patrimônio responde. Processualistas como Alfredo Buzaid fundados nesta diferença, sustentam que o elemento dívida (schuld) é de direito privado e o elemento responsabilidade (haftung) é instituto do direito processual. A prestação consiste em dar, fazer ou não fazer. Ou seja, entrega de um bem, numa prestação de serviço ou numa omissão ou abstenção. O débito (schuld) é o dever de prestar e que não deve ser confundido com o objetivo da obrigação. O schuld é o dever que tem o sujeito passivo na relação obrigacional poderá ser um facere ou um dare ou um non facere. Haftung há um princípio de responsabilidade e que permite ao credor carrear uma sanção sobre o devedor, sanção sobre o devedor, sanção que outrora ameaçava a sua pessoa e, hoje tem sentido puramente patrimonial. Emilio Betti ensina que a responsabilidade é um estado potencial de dupla função: preventiva visto que cria uma situação de coerção, e a outra é de garantia, para assegurar a efetiva satisfação do credor. CASO CONCRETO 1 A 13ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais condenou uma empresa de comércio eletrônico a indenizar, por danos materiais, em R$ 299,00, corrigidos desde a citação, um supervisor de mergulho, da cidade de Juiz de Fora, que adquiriu um aparelho de som com defeito, pela internet. O supervisor adquiriu, através do site da empresa, um aparelho de rádio-gravador com CD, no valor de R$ 299,00, com pagamento feito pelo cartão de crédito, parcelado em nove vezes, em janeiro de 2005. Dois dias depois, recebeu o aparelho em casa e logo apareceu o problema: o mostrador digital não mais funcionava e o volume abaixava e aumentava independentemente do comando. O consumidor entrou em contato com a assistência técnica autorizada e foi atestado, pelos técnicos, defeito de montagem de fabricação. O consumidor procurou resolver a situação com a empresa, que transferiu a responsabilidade para o fabricante do produto. O supervisor de mergulho procurou a Justiça. Entrou com uma ação, em setembro de 2005, na 1ª Vara Cível de Juiz de Fora, que foi julgada favorável ao consumidor. No Tribunal de Justiça, os desembargadores confirmaram a sentença ao reconhecer a responsabilidade da empresa de comércio eletrônico em indenizar o consumidor, com base no Código do Consumidor. O relator salientou que o código é claro ao estabelecer que o comerciante fornecedor responde solidariamente pelo defeito de qualidade do produto, e essa obrigatoriedade fica ainda mais patente em razão do aparelho adquirido estar dentro do período de garantia quando detectado o defeito. (Fonte: Site do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais) Analise o caso e responda justificadamente as indagações: a) No caso em análise, qual o objeto da relação jurídica obrigacional e classifique a obrigação quanto a este? b) Identifique no caso as figuras de credor ( accipiens ) e devedor ( solvens ), respectivamente quanto à entrega do bem no início da relação obrigacional e quanto ao pagamento: c) Qual a diferença entre débito/dívida e responsabilidade/garantia ? d) De acordo com ensinamentos doutrinários, conceitue “obrigação” no âmbito do Direito Civil: QUESTÃO OBJETIVA 1 Examine as afirmativas abaixo: a) obrigação é o vínculo jurídico em virtude do qual uma pessoa pode exigir de outra prestação economicamente apreciável; b) os sujeitos da relação jurídica obrigacional serão sempre pessoas físicas ou jurídicas; c) nas relações obrigacionais os sujeitos, em função da situação que ocupam, têm nomes específicos – credor e devedor; d) as obrigações que apenas podem ser realizadas por certa pessoa são chamadas personalíssimas; e) a obrigação que somente uma determinada pessoa pode cumpri-la é chamada de intuito personae. Assinale a resposta correta: (A) Todas as afirmações estão erradas; (B) As afirmações a, b, c estão corretas; (C) Apenas as afirmações d e e estão corretas; (D) Todas as afirmações estão corretas; (E) Somente a afirmação e está errada.
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