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Lara Fernandes – Enfermagem UFRJ – Farmacologia I DIVISÃO DO SISTEMA NERVOSO • O sistema nervoso é dividido em SNP e SNC, sendo que o SNP é subdividido em autônomo e somático. • O somático é aquele que inerva a musculatura esquelética e está sob controle voluntário. • O autônomo pode ser dividido em simpático e parassimpático ou adrenérgico e colinérgico respectivamente. • Os neurônios do sistema nervoso autônomo têm origem na divisão simpática da região toracolombar (t1-L3) da medula espinal. • No sistema parassimpático os nervos saem da região do crânio e do sacro, conhecido como crâniosacral. • No simpático há um primeiro neurônio curto que faz sinapse com um segundo neurônio mais longo. Essa sinapse ocorre na cadeia de gânglios paravertebrais, onde haverá a acetilcolina como neurotransmissor do primeiro para o segundo neurônio e desse segundo neurônio para os tecidos há a noradrenalina, há algumas exceções podendo ser a acetilcolina em caso de glândulas sudoríparas ou dopamina no caso da musculatura lisa vascular renal. • O sistema nervoso autônomo simpático é aquele que estará com a sua ação predominantemente em situações de estresse, reações de luta ou fuga. Sistema nervoso autônomo adrenérgico Lara Fernandes – Enfermagem UFRJ – Farmacologia I • A midríase (dilatação das pupilas) e a broncodilatação vão favorecer o aumento das trocas gasosas para a reação de luta ou fuga. • A renina quando secretada no receptor beta 1 vai aumentar a cascata de ativação do sistema renina angiotensina aldosterona. Na musculatura lisa da bexiga ocorre o relaxamento do detrusor e uma contração do trígono e do esfíncter, impedindo a liberação da urina e o estímulo da ejaculação. • As glândulas salivares permitem uma secreção mais espessa e viscosa. • No coração ocorre aumento da frequência cardíaca e da contratilidade e força de contração, o que irá favorecer o aumento da pressão arterial, redução da motilidade e tônus muscular na parte gastrointestinal, relaxamento uterino e vasodilatação na musculatura esquelética trazendo mais aporte de nutrientes e oxigênio. • Por outro lado, ocorre vasoconstrição na pele, membranas mucosas e na área esplâncnica. SÍNTESE DE NORADRENALINA • Precursor inicial: tirosina. • A tirosina sobre ação da tirosina hidroxilase para formar dopa, essa por sua vez sofre ação da enzima dopa descarboxilase para formar dopamina. Essa dopamina entra nas vesículas e lá a dopamina beta hidroxilase converte a dopamina em noradrenalina. • No caso da suprarrenal há a conversão de noradrenalina em adrenalina pela enzima feniletanolamina N- metiltransferase. FÁRMACO METIROSINA • Tem a função de inibir a tirosina hidroxilase. • É utilizado no tratamento do feocromocitoma, um tumor da adrenal em que ocorre uma elevada produção de noradrenalina e adrenalina. O paciente apresenta um quadro clínico principal de hipertensão arterial grave. FÁRMACO CARBIDOPA • Inibe a dopa descarboxilase impedindo a conversão de dopa em dopamina. • Esse fármaco é utilizado no tratamento da doença de Parkinson associado com a levodopa para impedir a conversão de dopa em dopamina no SNP, e essa conversão ocorra principalmente no SNC. • A doença de Parkinson se caracteriza pelos baixos níveis de dopamina nos núcleos da base, localizados no SNC. FÁRMACO METILDOPA • É um fármaco que vai agir sobre a enzima dopa descarboxilase, mas não age de forma antagônica. • Ele altera a conformação da enzima dopa descarboxilase formando um falso substrato ao invés de gerar a dopamina. • A conversão de dopa vai gerar metildopamina e consequentemente na via de síntese haverá a formação de metilnoradrenalina. • A metildopa é um fármaco utilizado no tratamento de hipertensão para gestantes, a metilnoradrenalina tem uma potência muito menor nos receptores e dessa forma controla a hipertensão dessa gestante. • A tirosina entra no botão pré-sináptico no co-transporte com o sódio, sofre o processo de síntese e a noradrenalina é armazenada nas vesículas. • Para que ocorra o processo de exocitose dessas vesículas é necessário que haja um potencial de ação que despolarize a membrana e abra os canais de cálcio voltagem dependentes. O cálcio vai ser responsável por mobilizar as vesículas até a membrana para que ocorra Lara Fernandes – Enfermagem UFRJ – Farmacologia I o processo de exocitose da noradrenalina na fenda sináptica. • A noradrenalina vai se ligar nos receptores adrenérgicos alfa e beta, podendo se difundir para outros lugares e ser degradada em outros tecidos. Ela pode se ligar a receptores pré-sinápticos, principalmente o alfa 2 adrenérgico acoplado a proteína G1, impedindo a entrada de cálcio nesse botão pré-sináptico, consequentemente impedindo a liberação de mais noradrenalina (feedback negativo). • Existem substâncias que impedem o processo de recaptação pelo NET: antidepressivos tricíclicos e a cocaína. • A riserpina foi o primeiro anti-hipertensivo utilizado na clínica, mas atualmente não é mais usado, atuava impedindo a vesiculação das aminas. RECEPTORES ADRENÉRGICOS RECEPTORES ALFA ADRENÉRGICOS ALFA 1 • Está presente na musculatura lisa vascular, onde observa-se o processo de vasoconstrição. • Esse receptor é acoplado a proteína Gq e desencadeia toda a resposta intracelular com a formação de diacilglicerol IP3, o IP3 vai no retículo para liberar cálcio. • Na musculatura lisa geniturinária também observamos o processo de contração. • No fígado ocorre a produção da glicogenólise e gliconeogênese. • Na musculatura lisa intestinal ocorre a hiperpolarização e relaxamento, já que essa parte intestinal será ativada apenas com o sistema colinérgico. • No coração há o aumento da força contrátil e arritmias, porém o principal receptor no coração é o receptor beta 1. ALFA 2 • São acoplados a proteína Gi. • Quando localizados nos terminais neuronais vão impedir a liberação de noradrenalina. • Nas ilhotas pancreáticas, mais especificamente nas células beta, observa-se uma redução da secreção de insulina, já que o sistema nervoso autônomo adrenérgico precisa manter a glicemia elevada como fonte energética imediata. • Nas plaquetas observa-se um processo de agregação plaquetária. RECEPTORES BETA ADRENÉRGICOS • Todos eles são acoplados a proteína Gs. • É muito importante no coração, promovendo um efeito inotrópico positivo, ou seja, aumento da força de contração cardíaca; cronotrópico positivo: aumento da frequência cardíaca; e dromotrópico positivo: aumento da velocidade de condução do potencial de ação. BETA 1 • Beta 1 presente nas células justaglomerulares: observa-se uma secreção de renina e ativação de todo o sistema renina angiotensina aldosterona, o que também contribui para o aumento de pressão arterial, já que a angiotensina 2 promove uma vasoconstrição e aldosterona retém sódio e água. BETA 2 • Beta 2 presente na musculatura lisa e vascular: promove uma vasodilatação brônquica, relaxamento da musculatura esquelética no trato gastrointestinal e geniturinário. • O beta 2 promove glicogenólise e gliconeogênese. BETA 3 • Está presente no tecido adiposo promovendo lipólise. • Não existem agonistas do receptor beta 3. Lara Fernandes – Enfermagem UFRJ – Farmacologia I AGONISTAS ADRENÉRGICOS FÁRMACOS DE AÇÃO DIRETA • São os que se ligam diretamente nos receptores e vão ter ação agonista desses receptores. FÁRMACOS SELETIVOS PARA UM ÚNICO TIPO DE RECEPTOR • A fenilefrina é um agonista alfa 1 seletivo. • A cloridina é agonista alfa 2 seletivo. • A dobutamina é agonista beta 1 seletivo. • O salbutamol é agonista beta 2 seletivo. FÁRMACOS NÃO SELETIVOS • Tem afinidade por dois ou mais tipos de receptores. • O isoproterenol é um agonista betanão seletivo, ou seja, tem afinidade tanto por beta 1 quanto por beta 2. • A adrenalina e noradrenalina são neurotransmissores endógenos, mas também existem essas substâncias sintéticas. • A adrenalina tem ação agonista alfa 1, alfa 2, beta 1 e beta 2. • A noradrenalina tem ação alfa 1, alfa 2 e beta 1. FÁRMACOS DE AÇÃO INDIRETA • São aqueles que não possuem afinidade pelos receptores adrenérgicos, mas de alguma forma aumentam a concentração de noradrenalina e ativam o sistema nervoso parassimpático. • Os antidepressivos tricíclicos como a amitriptilina, e a cocaína (apesar de não ser um fármaco), provocam excesso de ativação do sistema simpático, com ataque cardíaco, midríase, agitação, hipertensão, devido a inibição da recaptação neuronal de noradrenalina. • Fármacos que inibem enzimas responsáveis por degradar a noradrenalina como a monoaminoxidase. • A selegilina é um inibidor da MAO. • Existem os inibidores da COMT como a entacapona. • A anfetamina também estimula a liberação de noradrenalina. • A tiramina, que não é um fármaco, mas está presente nos alimentos também aumenta a liberação de noradrenalina. FÁRMACOS DE AÇÃO MISTA • São aqueles que possuem afinidade pelos receptores, mas também aumentam a liberação de noradrenalina. • A efedrina é agonista alfa 1, alfa 2, beta 1 e beta 2, e aumenta a liberação de noradrenalina. • Provoca uma ação muito intensa no sistema, por isso tem-se aplicações clínicas reduzidas da efedrina, mais localizadas. SINALIZAÇÃO DO RECEPTOR ALFA 1 • O receptor alfa 1 é acoplado a proteína Gq, ele ativa a fosfolipase C dando origem ao diacilglicerol e ao trifosfato de inositol (IP3). O IP3 vai ao retículo no seu receptor, libera o cálcio e com isso se tem o efeito da vasoconstrição. Lara Fernandes – Enfermagem UFRJ – Farmacologia I SINALIZAÇÃO DO RECEPTOR ALFA 2 • O receptor alfa 2 fica localizado principalmente na região pré-sináptica. • À medida que a noradrenalina de liga ou algum fármaco agonista se liga ao receptor, haverá o acoplamento da proteína Gi impedindo a ação da adenililciclase e consequentemente não entrará cálcio no botão pré- sináptico, desfavorecendo o processo de exocitose das vesículas. SINALIZAÇÃO DO RECEPTOR BETA • Os receptores beta são aqueles acoplados a proteína Gs. • Estimula a enzima adenililciclase que irá degradar o ATP para gerar AMPc, esse por sua vez, estimula a proteína quinase A que fosforila e abre os canais de cálcio da membrana plasmática. Consequentemente observa-se um influxo de cálcio na célula, esse cálcio que vem do meio extracelular estimula mais liberação de cálcio do retículo, promovendo os efeitos iono, cromo e dromotrópicos no coração. • Esse fenômeno do cálcio do meio extracelular estimular a liberação do cálcio do reticulo é chamado de cálcio libera cálcio. CATECOLAMINAS ENDÓGENAS • A noradrenalina, adrenalina e dopamina são catecolaminas endógenas, porém essas substâncias são comercializadas na forma sintética para serem administradas nos pacientes em suas respectivas indicações clínicas. EFEITOS ADVERSOS DA ADRENALINA • Inquietação, cefaleia, tremor e palpitações, hiperglicemia, hemorragia, hemorragia cerebral e arritmias ventriculares. • O uso de adrenalina em pacientes e usuários de beta bloqueadores não seletivo é contraindicado pois uma vez que esses receptores beta estejam bloqueados, a adrenalina vai se ligar totalmente nos receptores alfa, fazendo uma vasoconstrição intensa e provocando uma crise hipertensiva. EFEITOS ADVERSOS DA NORADRENALINA • São parecidos com os da adrenalina, além de hipertensão grave, necrose local de injeção após extravasamento e diminuição do fluxo sanguíneo para rins e intestino. • É possível avaliar os registros de pressão arterial, frequência cardíaca e resistência vascular periférica após a administração de adrenalina, noradrenalina e isoprotereno. • Avalia-se inicialmente a parte do meio onde foi administrado a noradrenalina. Sabendo que ela é um agonista alfa 1, alfa 2 e beta 1, com sua ação no receptor alfa 1 observa-se um efeito de vasoconstrição e consequentemente fica mais difícil para o sangue passar. Haverá aumento da resistência vascular periférica, aumento do retorno venoso ao coração e maior pressão de enchimento durante o momento de relaxamento das câmaras cardíacas. Lara Fernandes – Enfermagem UFRJ – Farmacologia I • No gráfico acima consegue-se observar um aumento da pressão diastólica. • O efeito da noradrenalina no receptor beta 1 provoca o aumento da força de contração cardíaca, frequência cardíaca e da velocidade de condução do potencial de ação. Então há o aumento da força de contração (sístole). • Quando se avalia o gráfico de frequência cardíaca curiosamente observa-se uma redução da frequência cardíaca. Isso ocorre devido ao fato de que toda vez que há uma elevação significativa da pressão arterial o organismo vai gerar um barorreflexo para que ocorra essa redução da frequência cardíaca. • No caso da administração da adrenalina, essa substância é um agonista alfa 1, alfa 2, beta 1 e beta 2. Apesar da ação no alfa 1 fazendo vasoconstrição, o efeito predominante é no receptor beta 2 promovendo vasodilatação, o que irá reduzir a resistência vascular periférica, consequentemente reduzindo o retorno venoso ao coração e provocando uma diminuição da pressão diastólica. • Também há um efeito do receptor beta 1 com o aumento da frequência cardíaca no gráfico do meio e o aumento da força de contração durante a pressão sistólica, promovendo elevação da pressão arterial média, aumento da sistólica e leve redução da pressão diastólica. • Em casos de parada cardíaca é necessário optar pelo uso de adrenalina para restaurar a frequência cardíaca do paciente. • Em casos de hipotensão ou quando o paciente está chocado, deve-se utilizar a administração de noradrenalina e isoproterenol, promovendo a vasodilatação, reduzindo a resistência vascular periférica e consequentemente diminuindo o retorno venoso e a pressão diastólica. Há o efeito do beat 1 aumentando a frequência cardíaca e a pressão sistólica. AGONISTAS ADRENÉRGICOS: USOS TERAPÊUTICOS • Adrenalina: pode ser usada em quadros de asma em emergência, pode ser usada em tratamento de choque anafilático, parada cardíaca, associada a anestésicos locais e como agente hemostático tópico em superfícies com sangramento devido ao efeito vasoconstritor. • Noradrenalina: pode ser utilizada em pacientes em choque ou em hipotensão. AGONISTAS ALFA 1 SELETIVOS METOXAMINA • Vai agir sobre o alfa 1 que é acoplado a proteína Gq, promovendo a vasoconstrição. • Aumenta a resistência vascular periférica (RVP) e consequentemente observa-se um aumento da pressão arterial. • Pode-se observar uma bradicardia sinusal compensatória em função desse aumento da pressão arterial. • A meia vida é curta: uma hora. Então essa substância é usada em quadros de hipotensão por via intravenosa. • Importante lembrar que quadros de hipotensão podem ser tratados de outras formas não farmacológicas como reposição volêmica, colocar o paciente em decúbito dorsal com os membros inferiores elevados para facilitar o retorno venoso e elevar a pressão arterial. FENILEFRINA • Também promove vasoconstrição, podendo aumentar a RVP e consequentemente a pressão arterial. • A aplicação clínica dessa substância é apenas em duas situações: descongestionante nasal – durante a congestão nasal há um edema da mucosa e com a vasoconstrição o líquido do espaço extravascular acaba sendo drenado, o que irá desobstruir a passagem do ar; ou como colírio midriático para realização de exame de fundo de olho. • Os efeitos adversos são muito raros de acontecer com as aplicações locais, como porexemplo hipertensão e bradicardia reflexa, isso só vai acontecer no indivíduo que usa em excesso esse tipo de descongestionante nasal e já possua um quadro de hipertensão clínica. • Existem outros agonistas alfa 1 seletivos como por exemplo a mefentermina (ação mista), metaraminol (ação mista) e midodrina, todos são praticamente usados em quadro de hipotensão. AGONISTAS ALFA 2 SELETIVOS CLONIDINA • A clonidina se liga ao receptor alfa 2 pré-sináptico que é acoplado a proteína Gi e consequentemente provoca uma redução da liberação de noradrenalina. Em função disso ocorre a vasodilatação devido à ausência da noradrenalina e redução da frequência cardíaca. • A clonidina pode ser usada no tratamento de hipertensão arterial (raramente utilizada pois existem fármacos mais eficazes com menos efeitos adversos), pode ser usada na preparação de dependentes na suspensão de narcóticos, no tratamento da diarreia em pacientes com neuropatia autonômica e como coadjuvante na anestesia geral (principal aplicação). • Durante a anestesia geral muitos fármacos são associados na tentativa de reduzir o uso do anestésico Lara Fernandes – Enfermagem UFRJ – Farmacologia I geral que é muito toxico, então a clonidina contribui no processo de analgesia e sedação. • A clonidina não é um anestésico geral, é apenas um coadjuvante. EFEITOS COLATERAIS • Em torno de 50% dos pacientes: boca seca e sedação. • Pode causar depressão, disfunção sexual, bradicardia, síndrome de abstinência com a interrupção do fármaco, ou seja, é necessário fazer uma retirada prolongada com redução das doses do fármaco. • Pode causar náusea, tonteira, retenção hidrossalina, além de dermatite de contato. • Em casos de superdosagem o paciente irá apresentar hipertensão transiente seguida de hipotensão, bradicardia, depressão respiratória e miose. AGONISTAS BETA NÃO SELETIVOS DOPAMINA • Tem o efeito dose dependente, ou seja, em doses baixas ela irá ativar o receptor D1 promovendo vasodilatação de alguns vasos específicos como renais, mesentéricos e coronarianos. Em doses moderadas temos ação do agonista beta 1 promovendo os efeitos inotrópicos, cronotrópicos e dromotrópicos positivos, além do aumento da liberação de renina. Em doses elevadas tem o efeito agonista alfa 1, promovendo vasoconstrição. • Esse fármaco só é disponível para administração via intravenosa e faz-se necessário monitorar a pressão arterial e o eletrocardiograma durante toda sua administração, pois ela deve ser rompida quando diminuir o volume de urina (também deve ser monitorado) ou aumentar muito a frequência cardíaca, ou apresentar arritmias durante o registro do ecg. • Tem uma meia vida de apenas 2 minutos, então é necessário realizar dose de ataque pois apenas 8 a 10 minutos já está no platô de efeito da substância. • A dopamina é utilizada no tratamento agudo da insuficiência cardíaca para restaurar a força de contração cardíaca e no tratamento de choque séptico ou cardiogênico. EFEITOS ADVERSOS • Náuseas, vomito, taquicardia, angina, arritmias cardíacas, cefaleia, hipertensão e vasoconstrição periférica. ISOPROTERENOL • Pode reduzir a resistência vascular periférica em função da vasodilatação mediada pelo beta 2, o que irá reduzir a pressão diastólica. • A pressão sistólica permanece inalterada ou levemente aumentada e observamos um aumento do débito cardíaco. • Pode causar também relaxamento de outras musculaturas lisas. • É pouco utilizado, tendo como aplicação clínica em casos de bradicardia ou bloqueio cardíaco (uma arritmia que também apresenta um quadro de bradicardia associado). EFEITOS ADVERSOS • Taquicardia, isquemia cardíaca, arritmias cardíacas, além de cefaleia. AGONISTAS BETA 1 SELETIVOS DOBUTAMINA • Tem efeito inotrópico, cronotrópico e dromotrópico positivos. • Não se sabe por que essa substância tem o efeito inotrópico maior do que o cronotrópico positivo. • Ela não altera tanto a frequência cardíaca, o que é benéfico pois observa-se uma menor incidência de arritmias cardíacas na administração de dobutamina, em comparação com a administração de dopamina. • Não há alteração na resistência vascular periférica e observa-se um aumento da pressão arterial. • Só é administrada via intravenosa. • Tem meia vida de 2 minutos, não sendo necessário fazer dose de ataque. • Também é utilizada no tratamento agudo da insuficiência cardíaca e no pós infarto agudo do miocárdio. • Umas das principais aplicações é no tratamento a curto prazo da descompensação cardíaca após cirurgia cardíaca, pois nesse tipo de cirurgia é induzido momentaneamente uma parada cardíaca, o sangue é oxigenado na máquina de circulação extracorpórea e após o término da cirurgia a dobutamina funciona para restaurar a função cardíaca. EFEITOS ADVERSOS • Aumento de consumo de oxigênio pelo miocárdio. • Devido ao aumento do trabalho cardíaco, todos esses fármacos agonistas beta podem causar tolerância em função do processo de dessensibilização homóloga que pode acontecer nesses receptores. Lara Fernandes – Enfermagem UFRJ – Farmacologia I • Pode ocorrer aumento da condução atrioventricular, aumento da taxa de resposta ventricular (fibrilação atrial) e desenvolver atividade ventricular ectópica. AGONISTAS BETA 2 SELETIVOS • Esses fármacos estão disponíveis para administração via inalatória em diversas formulações. • Na forma de líquido, onde irá diluir o soro para colocar na nebulização, ou nas bombas que pacientes asmáticos utilizam, ou ainda em cápsulas associadas com corticoide em que são colocadas dentro de um dispositivo e quando se aperta ele vira um vapor (atomização de moléculas). • O efeito farmacológico principal é o processo de broncodilatação. • Esses fármacos são utilizados no tratamento de doenças obstrutivas das vias aéreas como DPOC, tratamento do broncoespasmo agudo, tratamento de asma, alergia e como relaxante uterino (ritodrina). EFEITOS ADVERSOS • Em relação a ação no beta 2: tremor da musculatura esquelética que vai cessando ao longo do tratamento em torno de 1 semana, cansaço e ansiedade. • Os fármacos são seletivos para um determinado receptor nas doses terapêuticas, porém em doses elevadas (tóxicas), as vezes acaba atingindo outros receptores, o que acontece quando ocorre um efeito dos agonistas beta 2 seletivos no receptor beta 1, então observa um quadro de taquicardia, tolerância, podendo levar ao aumento da mortalidade com a asma e quadro de hiperglicemia. • A taquicardia é bastante frequente, deve ter cuidado com os pacientes, principalmente com crianças nas nebulizações e usar sempre a menor dose possível. AGONISTAS BETA-ADRENÉRGICOS: DESSENSIBILIZAÇÃO DO RECEPTOR • O uso prolongado desses agonistas beta adrenérgicos ou de doses excessivas pode levar a uma dessensibilização do receptor. • O receptor acoplado a proteína G, sofre ação de fosforilação do receptor e consequentemente ocorre a ligação da proteína beta restina, fazendo com que o acoplamento da proteína G seja impedido, dessa forma pode ocorrer um sequestro desse receptor que será internalizado, com isso ele poderá ser degradado em lisossomos ou posteriormente reciclado para a membrana plasmática. • Supondo que o paciente tenha asma, ele não pode ficar utilizando doses elevadas ou repetir muitas vezes o uso dos broncodilatadores pois uma hora esse individuo pode parar de responder ao tratamento: tolerância do efeito farmacológico devido à ausência ou diminuição considerável da quantidade de receptores no tecido. Então deve-se fazer um tratamento com doses específicas para evitar esse processo de dessensibilização e consequentemente uma perda da resposta farmacológica. AMINAS SIMPATOMIMÉTICAS DE AÇÃO MISTA EFEDRINA • Temos a efedrina quevai aumentar a liberação de noradrenalina. • Como ela tem uma ação muito extensa, ao aumentar essa liberação de noradrenalina e sendo agonista direto dos receptores alfa 1, alfa 2, beta 1 e beta 2, temos a aplicação clínica bem restrita como descongestionante nasal e raramente é utilizada no tratamento da asma. EFEITOS ADVERSOS • Taquicardia, palidez, hipertensão e insônia. AMINAS SIMPATOMIMÉTICAS DE AÇÃO INDIRETA ANFETAMINA • Tem o mecanismo de ação bem peculiar. • Na figura temos a anfetamina representada pela bolinha preta e a noradrenalina representada pela vermelha. Lara Fernandes – Enfermagem UFRJ – Farmacologia I • Inicialmente a anfetamina usa o NET (transportador de recaptação neuronal no botão pré-sináptico) para entrar no botão pré-sináptico – nesse primeiro momento já tem uma competição dessas duas moléculas por esse transportador e aí começa a acumular a noradrenalina na fenda sináptica. • Então a anfetamina entra no botão pré-sináptico (também é capaz de entrar nas vesículas) e há o funcionamento do NET invertido, ou seja, ele só funcionava trazendo a noradrenalina de fora para dentro do botão pré-sináptico, agora ele começa a funcionar liberando a noradrenalina por um mecanismo que não existe fisiologicamente através do NET. • Com todo esse mecanismo temos um acúmulo de noradrenalina na fenda sináptica e todos os efeitos clínicos adversos vão ocorrer em função desse excesso de noradrenalina presente no sistema. • Observa-se um aumento da resistência vascular periférica (RVP) e consequentemente da pressão arterial (PA). • A pressão arterial pode se elevar bastante, o que acarreta uma redução da frequência cardíaca (FC) de forma reflexa. • Podem acontecer arritmias cardíacas. • O débito cardíaco normalmente não se altera em doses terapêuticas. • A anfetamina vai estimular a contração do esfíncter da bexiga. • Já no trato intestinal existe um efeito bem controverso dependendo do indivíduo: em algumas pessoas pode causar relaxamento e em outras pode causar contração. • Há um estímulo do centro respiratório bulbar, o que acaba aumentando a capacidade ventilatória do indivíduo. Isso é uma das justificativas que essas substâncias foram bastante utilizadas como forma de abuso, principalmente no caso de atletas para aumentar a performance física, uma vez que também temos um aumento da vasodilatação através do receptor beta 2 nos vasos que irrigam a musculatura esquelética. • O potencial de abuso da anfetamina se deve a sua capacidade de aumentar o estado de alerta do indivíduo, reduzir o cansaço, elevar o humor, aumento da iniciativa e da autoconfiança e aumento da habilidade de concentração, porém isso gera no futuro maior probabilidade de erros. • Os efeitos podem ser revertidos por superdosagem ou por uso repetido, o que gera esse potencial de abuso das anfetaminas e seus derivados junto com a melhora da performance física. • A anfetamina tem um uso clínico bem restrito, ela é indicada apenas nos indivíduos portadores de síndrome da deficiência de atenção, como a dextroanfetamina e o dexmetilfenidato. Esses pacientes devem ser muito bem diagnosticados, normalmente o diagnostico vem na infância, quando a criança começa a ter um quadro de dificuldade no aprendizado, principalmente durante o processo de alfabetização. • Muitos diagnósticos errôneos estão sendo feitos em crianças bem pequenas e esses derivados de anfetamina estão sendo prescritos de forma incorreta. • Com o potencial de abuso pode-se observar um alto grau de toxicidade incluindo tremores, cefaleia, febre, aumento da loquacidade, irritabilidade/agressividade e posteriormente depressão, já que esgota os nívei de noradrenalina do sistema uma vez que o organismo não da conta de ficar sintetizando a molécula, o mecanismo de recaptação neuronal é responsável por 75% da noradrenalina circulante. • Além disso, pode causar fadiga, insônia, anorexia, ansiedade, alucinações paranoicas, pode evoluir para um quadro de convulsões, coma, efeitos cardiovasculares como taquicardia, arritmias, hipertensão. Isso vai gerando uma dependência e tolerância complicados que deve ser tratado. • O tratamento de um quadro agudo de intoxicação deve ser feito com acidificação da urina, já que a anfetamina, metanfetamina por exemplo, são substâncias básicas. Usa-se sedativos já que as pessoas chegam muito agressivas e muito agitadas na emergência e usa-se antagonistas alfa-adrenérgicos para poder bloquear o efeito hipertensivo em função da noradrenalina, provocando vasoconstrição no receptor alfa 1. TIRAMINA • Não é um fármaco, mas é uma substância presente em alimentos como queijos, vinhos e alguns iogurtes, onde vemos a reação chamada de reação do queijo. REAÇÃO DO QUEIJO • Quando os indivíduos que utilizam fármacos inibidores da monoaminoxidade (principal enzima que degrada noradrenalina, mas também degrada tiramina) aumenta a noradrenalina e as concentrações de tiramina proveniente desses alimentos. Com isso esse individuo terá uma crise hipertensiva, além de cefaleia, palpitação, rigidez de pescoço, náusea, vomito, sudorese, midríase, fotofobia e angina. • Essa reação do queijo ocorre nos indivíduos que são usuários de fármacos inibidores da MAO e comem em excesso esses alimentos ricos em tiramina. Lara Fernandes – Enfermagem UFRJ – Farmacologia I ANTAGONISTAS ALFA-ADRENÉRGICOS NÃO SELETIVOS • Podem se dividir em competitivo reversível como a fentolamina e competitivo irreversível como a fenoxibenzamina. EFEITOS ADVERSOS • Podem causar hipotensão postural, taquicardia/arritmias. • A fenoxibenzamina pode causar inibização da ejaculação e aspermia. • A fentolamina pode causar dor abdominal, náusea, exacerbação da úlcera péptica. BLOQUEIO DO RECEPTOR ALFA 1 • Ao bloquear o receptor alfa 1 observa-se o efeito vasodilatador que ocorre nas arteríolas e nas veias, isso vai contribuir para redução da resistência vascular periférica e consequentemente da pressão arterial. • A redução da pressão arterial pode gerar um reflexo barorreceptor que será responsável pelo amento da frequência cardíaca e do débito cardíaco. • Podemos observar também retenção de fluidos, além de relaxamento da musculatura lisa não vascular que inclui esfíncter da bexiga e próstata. BLOQUEIO DO RECEPTOR ALFA 2 • Quando ocorre o bloqueio do alfa 2 principalmente na região pré-sináptica, observa-se um aumento da liberação de noradrenalina, além de um aumento da secreção de insulina e ocorre vasodilatação devido ao bloqueio do alfa 2 nos vasos – apesar de saber que existe uma concentração menor de alfa 2 nos vasos em relação ao receptor alfa 1. • Com o bloqueio desses receptores alfa, a noradrenalina, assim como a adrenalina, vai acabar se ligando nos receptores beta que estão livres. A partir disso, pode-se observar um aumento do débito cardíaco e da frequência cardíaca em função da ação das aminas no receptor beta 1. • Também pode-se observar uma hipotensão em função da vasodilatação mediada pelo receptor beta 2. • Esses fármacos podem ser usados no tratamento de feocromocitoma: um tumor da adrenal responsável por produzir um excesso de catecolaminas, adrenalina e noradrenalina e o indivíduo apresenta um quadro clínico grave de hipertensão. Em algumas situações esse tumor pode ser operável, mas nos casos inoperáveis os antagonistas alfa-adrenérgicos vão ser importantes no controle da hipertensão do paciente. FENOXIBENZAMINA • Pode ser utilizada nos pacientes portadores de hiperreflexia autonômica: são aqueles indivíduos cadeirantes paraplégicos que precisam fazer regularmente um esvaziamento da bexiga ou outros fenômenos considerados “agressivos” ao organismo. • Na hiperreflexia autonômica o paciente responde com umexcesso de ativação do sistema simpático. • A fenoxibenzamina vai fazer o bloqueio alfa não seletivo e vai impedir a crise hipertensiva que ocorre durante os estímulos nocivos no organismo dos pacientes paraplégicos ou tetraplégicos. • A fenoxibenzamina pode ser utilizada no tratamento da hiperplasia prostática benigna: durante o processo de hiperplasia há o aumento da próstata, o que irá comprimir o ureter e consequentemente dificultar a liberação da urina. Então o paciente relata que faz “xixi pingado” ou um jato muito fino, o bloqueio alfa vai ajudar a relaxar a musculatura lisa dessa região. FENTOLAMINA • Pode ser utilizada na prevenção da necrose local com administração e extravasamento de fármacos agonistas alfa 2, no caso de administração incorreta e extravasamento ou no tratamento da crise hipertensiva em duas situações: após a interrupção abrupta do tratamento com clonidina ou pela crise hipertensiva na associação de fármacos inibidores da MAO com os alimentos ricos em tiramina. ANTAGONISTAS ALFA 1-ADRENÉRGICOS SELETIVOS • Como por exemplo: prazosina, terazosina, doxazosina e tanzulosina, todos eles são competitivos reversíveis. • Eles vão fazer a vasodilatação arteriolar e venosa, o que pode reduzir bastante a pressão arterial, possivelmente gerando um aumento da frequência cardíaca e débito cardíaco de forma reflexa. • Pode-se observar uma melhora do perfil lipídico, com uma diminuição do colesterol total, o LDL e os triglicerídeos, além de um aumento do HDL e da lipoproteína lipase. • A melhora do perfil lipídico não é uma indicação clínica dos fármacos. • Supondo que tem um paciente hipertenso com dislipidemia, daí terá esse efeito benéfico associado, mas o tratamento seria indicado para a hipertensão apenas, lembrando que durante o tratamento da Lara Fernandes – Enfermagem UFRJ – Farmacologia I hipertensão arterial existem fármacos mais eficazes com menos efeitos adversos. • Os fármacos seletivos alfa 1 podem diminuir o crescimento celular mediado por esse receptor alfa 1. Isso será benéfico para o paciente portador da hiperplasia prostática benigna pois além do relaxamento da musculatura lisa observa-se a redução do crescimento celular. • Na hipertensão arterial sistêmica, e na hiperplasia prostática benigna usa normalmente tanzulosina. • Na doença de Raynoud caracteriza por um vasoespasmo digital que ocorre em situações em que o indivíduo sente frio, o bloqueio da alfa 1 será benéfico promovendo vasodilatação. EFEITOS ADVERSOS • Os antagonistas alfa 1 seletivos podem causar principalmente durante o tratamento na primeira dosagem: hipotensão postural e síncope. • Os indivíduos devem ser alertados com relação a isso, pois pode causar síncope quando associado a outro anti- hipertensivo ou por rápido amento da dosagem e outros efeitos adversos não específicos como dor de cabeça, vertigem e astenia. ANTAGONISTAS BETA ADRENÉRGICOS • Temos 3 gerações de fármacos, incluindo seletivo e não seletivos. NÃO SELETIVOS • Bloqueiam beta 1 e beta 2 de primeira geração: Temos o propranolol, nadolol, timolol, sotalol e pindolol. • O bloqueio de beta 2 pode diminuir a performance no exercício, em função da redução do fluxo sanguíneo para a musculatura esquelética, diminuição do metabolismo da glicose e lipólise e broncoconstrição apenas nos pacientes que são suscetíveis, como pacientes portadores de asma ou de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), como por exemplo o enfisema. SELETIVOS BETA 1 • Fármacos de segunda geração como: esmolol, metoprolol, atenolol, acebutol e bisoprolol. • Quando observamos o bloqueio de beta 1, veremos uma redução do efeito inotrópico, cronotrópico e dromotrópico, isso vai contribuir para uma redução do débito cardíaco, uma melhora da relação entre oferta e o consumo de oxigênio. • Isso é bastante importante por exemplo nos pacientes portadores de angina. • O aumento de resistência vascular periférica que pode ser desencadeada de forma reflexa a redução de pressão arterial, principalmente a longo prazo uma redução da liberação de renina pelas células justaglomerulares, o que vai reduzir todo a cascata de ativação no sistema renina angiotensina aldosternona com redução da formação e ação da angiotensina 2 que tem a ação vasoconstritora além da redução da produção de aldosterona que retém sódio e retém água, isso contribui bastante para a redução de pressão arterial. FÁRMACOS DE TERCEIRA GERAÇÃO • Não seletivos: lebetalol, cabedolol que além de bloquear beta 1 e beta 2 também bloqueia o alfa, carteolol e bunciondolol. • Seletivos beta 1: betaxolol, celiprolol e nebivolol. • Os fármacos de terceira geração eles tem algumas outras propriedades farmacológicas que não eram observadas nos fármacos de primeira e segunda geração. CARVEDIOL – NÃO SELETIVO • Além de bloquear beta 1 e beta 2, é antagonista alfa1. • Faz bloqueio de canal de cálcio: isso contribui mais ainda para o seu efeito vasodilatador, além de ter uma ação antioxidante, esse é um dos raríssimos fármacos que já tem essa ação antioxidante comprovada. LABETALOL – NÃO SELETIVO • Bloqueia beta 1 e beta 2 e alfa 1. CARTEOLOL – NÃO SELETIVO • Contribui para a produção de óxido nítrico que tem um potente efeito vasodilatador. BETAXOLOL – BLOQUEADOR BETA 1 SELETIVO • Bloqueador de canal de cálcio. CELIPROLOL – BLOQUEADOR BETA 1 SELETIVO • Produz óxido nítrico e é agonista parcial beta 2, o que contribui para um efeito vasodilatador. NEBIVOLOL – BLOQUEADOR BETA 1 SELETIVO • Produz oxido nítrico e possui uma ação antioxidante. Lara Fernandes – Enfermagem UFRJ – Farmacologia I • O óxido nítrico tem um papel importante no processo de vasodilatação. • Normalmente ele é produzido no endotélio vascular, alguns desses fármacos de terceira geração tem a função de produzir o óxido nítrico, o que irá contribuir para uma redução da aglutinação e aderência das plaquetas e leucócitos, diminuindo a oxidação das moléculas de LDL e a proliferação das células musculares lisas. Isso irá contribuir para uma redução da formação das placas de ateroma que são constituídas principalmente pelas lipoproteínas de LDL, reduzindo a peroxidação de lipídios, a disfunção endotelial e apoptose dessas células endoteliais que tem esse papel importante no processo de vasodilatação e manutenção da PA. • Esses antagonistas beta adrenérgicos são muito utilizados na clínica, principalmente no tratamento de doenças cardiovasculares como por exemplo: hipertensão arterial, angina, arritmias cardíacas, síndromes coronarianas agudas, cardiomiopatia hipertrófica, além de insuficiência cardíaca crônica (ICC) ou infarto agudo do miocárdio (IAM), nesses dois últimos casos apenas no tratamento à longo prazo. • O que gera bastante confusão é que esse tratamento de agonistas beta adrenérgicos na insuficiência cardíaca crônica é justificado pela ação de redução do excesso de ativação simpática que ocorre durante a insuficiência cardíaca e é bastante deletéria, principalmente as células vasculares e os miócitos. Então tem-se uma redução importante do processo de remodelação cardíaca que ocorre na ICC, e ele é prescrito sempre nos tratamentos dos pacientes de classe 1 e 2 e é totalmente contraindicado na fase 4 em que o paciente já possui uma insuficiência grave, as vezes já é dependente de oxigênio e candidato a transplante cardíaco. • Temos o uso desses antagonistas beta adrenérgicos no tratamento de hipertireoidismo, já que esses pacientes normalmente possuem um problema cardíaco associado. Para a prevenção de enxaqueca, esse mecanismo ainda é desconhecido. Esses antagonistas não funcionam no tratamento, apenas para prevenção. Em distúrbios de ansiedade, não é no tratamento de ansiedade generalizada, é mais poruma ansiedade situacional, onde já sabe especificamente que aquela situação vai gerar um quadro de ansiedade, no tratamento da síndrome de abstinência ao álcool e na prevenção primária da hemorragia em pacientes com hipertensão portal. • Além disso pode ser utilizado no tratamento do glaucoma onde irá causar uma miose e isso facilitará a drenagem do tumor aquoso e uma redução da pressão intraocular FT:Glaucoma EFEITOS ADVERSOS • Quando se faz o bloqueio do beta 1 o paciente pode desencadear uma insuficiência cardíaca aguda – apenas em indivíduos que já são suscetíveis, que já possuem um problema cardíaco associado. • Pode desencadear bradicardia ou bradiarritmias, diminuição dos sintomas associados a hipoglicemia. • Os pacientes que fazem hipoglicemia normalmente eles geram uma descarga simpática com um aumento de FC e com bloqueio beta 1 esse indivíduo não vai mais sentir essa taquicardia e pode evoluir para um quadro grave de hipoglicemia, sem ter esse sinal de aumento de FC, pode causar ainda hipotensão, extremidades frias e o fenômeno de Raynaud, que é aquele vasoespasmo digital. • Em relação ao bloqueio beta 2, pode-se observar um aumento da resistência das vias aéreas principalmente em pacientes com doença broncoespástica como asma e DPOC. Pode causar hipoglicemia e atraso da recuperação da hipoglicemia induzida pela insulina, então é bastante importante frisar que pacientes diabéticos devem ter bastante cuidado no uso desses antagonistas beta adrenérgicos e outros efeitos adversos que não são resultantes de bloqueio beta, como por exemplo pesadelos, insônia e reações psicóticas. CONTRAINDICAÇÕES • Os antagonistas beta adrenérgicos são contra indicados em pacientes com hipotensão severa, com angina variante ou de prinzmetal. Lara Fernandes – Enfermagem UFRJ – Farmacologia I • A angina é dividida em três tipos: a angina estável, quando o indivíduo sente dor precordial, dor no peito, apenas durante a atividade física, a angina instável quando ele sente dor até mesmo em repouso e a angina variante ou de prinzmetal, que tem uma causa diferente, causada por um vasoespasmo das coronárias, então não são indicados antagonistas beta adrenérgicos, é indicado nas anginas do tipo estável e instável. • O antagonista beta adrenérgico também é contra indicado no tratamento de choque cardiogênico, porque compromete mais ainda essa função cardíaca e uma arritmia cardíaca chamada de bloqueio átrio ventricular (BAV) de 2 e 3 grau, na insuficiência cardíaca grau III e IV, no grau III é questionável em alguns protocolos, na bradicardia sinusal e nos pacientes portadores de asma brônquica. INTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS • Interações com colestiramina e colestipol: vão diminuir a absorção desses antagonistas beta adrenérgicos. • Rifampicina, fenitoína e barbitúricos podem aumentar a metabolização dos antagonistas beta adrenérgicos e consequentemente aumentar sua eliminação, reduzindo muito a concentração plasmática. • Cimetidina, furosemida e clorpromazina podem diminuir a metabolização dos antagonistas beta adrenérgicos e aumentar a sua concentração plasmática, levando a uma maior chance de efeitos adversos. INTERAÇÕES FARMACODINÂMICAS • Sinergismo na depressão nodal com bloqueadores de canais de cálcio, digoxina e amiodarona, então vai ter uma redução muito importante da frequência cardíaca. • Sinergismo de efeito com outros anti-hipertensivos: a hipertensão inicialmente é tratada com monoterapia, mas posteriormente outros fármacos são adicionados com a evolução da doença e dificuldade no controle da hipertensão. • Pode ocorrer antagonismo de efeito anti-hipertensivo, quando esses antagonistas beta são prescritos junto com AINEs. Então tem que ter bastante cuidado na prescrição conjunta do antagonista beta como anti- hipertensivo e durante o tratamento de processos inflamatórios em que são muito prescritos AINEs e vai ter uma redução desse efeito anti-hipertensivo do antagonista beta.
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