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• Condição inflamatória do pâncreas, com acometimento de estruturas peripancreáticas/órgãos a distancia • Sua patogênese depende da autodigestão tecidual pelas próprias enzimas pancreáticas o Em casos graves, se comporta como doença multissistemica → levando a síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS) • Cerca de 80-90% cursam apenas com edema de pâncreas, sem áreas extensas de necrose e complicações → tendo curso autolimitado de 3-7d → PANCREATITE AGUDA EDEMATOSA o 10-20% tem extensa necrose, hemorragia retroperitoneal, quadro sistêmico grave e evolução de 3-6sem → PANCREATITE AGUDA NECROSANTE ▪ Letalidade de 30-60%, enquanto na edematosa só 1% • A patologia indica um processo autodigestivo do pâncreas → mostra reação inflamatória aguda difusa, associada a áreas de necrose gordurosa → tanto no parênquima do órgão quanto nos tecidos adjacentes como mesentério e omento o Em casos graves, há necrose glandular, com ruptura vascular e focos de hemorragia ❖ O pâncreas funciona como uma glândula exócrina e endócrina → células acinares sintetizam e secretam as enzimas pancreáticas, fazendo a função exócrina o E as células das ilhotas de langerhans sintetizam e secretam os hormônios insulina, glucagon e somatostatina, tendo função endócrina • Exceto a amilase e lipase, as enzimas são armazenadas e secretadas como pró enzimas inativas → zimogênios → tripsinogênio, quimotripsinogênio, pró-elastase, pró-fosfolipase A o No duodeno, tripsinogênio é convertido em tripsina → ativa todas as outras enzimas pancreáticas o O processo inflamatório da PA se inicia pela lesão das células acinares → passam a liberam enzimas ativas para o interstício ❖ A teoria aceita é de que um estimulo lesivo na célula acinar provoca fusão dos grânulos contendo zimogênio com as vesículas lisossomais que possuem a enzima catepsina B → converte o tripsinogênio em tripsina dentro da célula acinar, ativando os zimogênios o As vesículas de fusão migram para a borda intersticial da célula, sendo liberadas ativas no interstício pancreático → iniciando a autodigestão • Um aumento na concentração de cálcio intracelular também parece capaz de autoativar o tripsinogênio • A fosfolipase A e lipase são responsáveis pela autodigestão da gordura pancreática e peripancreática → os ácidos graxos aqui liberados formam complexos com o cálcio (saponificação) → hipocalemia o A elastase lesa o tecido intersticial e rompe a parede vascular ❖ A lesão enzima induzida leva a diversos fatores → tripsina converte a pré-calicreína em calicraína, ativando o sistema de citocinas, e o fator XII em fator XIIa o Ativa o sistema da coagulação pela via intrínseca → formação de microtrombos nos vasos pancreáticos, que podem contribuir para a necrose • O sistema complemento também é ativado, atraindo neutrófilos e macrófagos → produzem novos mediadores inflamatórios, como o PAF (Fator Ativador Plaquetário) e diversas citocinas o Um exagero neste processo leva à SIRS ❖ DANO À MICROCIRCULAÇÃO → a liberação de enzimas ativadas no interstício lesa o endotélio vascular • Microtrombose, vasoconstrição, estase capilar, redução da saturação de O2 e isquemia ocorrem o Produz aumento da permeabilidade capilar e edema da glândula • A lesão pode levar a insuficiência microcirculatória e amplificação do dano ao tecido pancreático ❖ TRANSOCAÇÃO BACTERIANA → a quebra da barreira intestinal ocasionada pela hipovolemia, isquemia e shunts arteriovenosos induzidos pela pancreatite • A principal via de translocação é o colón transverso, mais próximo ao pâncreas • As consequências podem ser letais → infecção do tecido pancreático e peripancreático ocorre em 30-40%, com letalidade alta • As causas mais comuns de pancreatite aguda são litíase biliar e o álcool → 75% • A passagem de cálculos biliares pela ampola de vater parece ser a causa mais comum da PA o Esses cálculos geralmente são < 5mm, menores que os causadores de coledocolitíase e colangite o Cerca de 25-50% apresentam coledocolitíase associada • A obstrução da ampola por cálculo ou pelo edema gerado por sua passagem aumenta subitamente a pressão intaductal → estimula a fusão lisossomal aos grânulos de zimogênio e ativa a tripsina o Isso provoca a liberação das enzimas digestivas ativadas • Outra hipótese é que a obstrução proporciona refluxo biliar para o ducto pancreático, desencadeando a ativação enzimática o Essa pancreatite não se associa a pancreatite crônica → e colecistectomia previne as recidivas • É mais comum no sexo feminino, em obesos e entre 50-70 anos → dados da doença litiásica biliar • Complica em 3-7% dos indivíduos com colelitíase • Observada e 5-10% dos alcoólatras • Em geral o indivíduo já é etilista inveterado → 25g etanol/dia segundo estudos recentes e > 100g/dia classicamente → há pelo menos 5 anos o E já existe acometimento crônico do pâncreas, ainda que subclínico • A pancreatite crônica é marcada por vários episódios recorrentes de aguda → em geral desencadeados após libação alcoólica • A patogênese é desconhecida, mas há fatores implicados → estímulo direto à liberação de muitas enzimas pancreáticas ativadas o Contração transitória do esfíncter de oddi o Lesão toxica acinar direta do etanol ou metabolito o Formação de cilindros proteáceos que obstruem os ductos • Responsável por < 4% dos casos → maioria em pctes diabéticos mal controlados ou com hipertrigliceridemia familiar e alcoolistas o Acredita-se que a lipase pancreática metabolize os triglicerídeos em ácidos graxos livres → que seriam diretamente nocivos ao tecido pancreático • Outras causas de hipertrigliceridemia são → uso de estrogênio, nutrição parenteral, uso de propofol, hipotireoidismo, síndrome nefrótica • Geralmente níveis maiores que 1.000 mg/dl de triglicerídeos no sangue são necessários para induzir PA → mas há relatos com 500-1.000 mg/dl o A hipertrigliceridemia acentuada pode falsear o resultado da amilase sérica → uma substância inibidora da amilase se eleva junto → diluição da amostra pode revelar a hiperamilasemia • Hiperparatireoidismo primário é causa rara de pancreatite (< 0,5%) → 2% dos pctes com esta síndrome podem evoluir com a complicação • Outras causas de hipercalcemia podem determinar pancreatite, até mesmo a infusão excessiva de gluconato de cálcio • PA pode ocorrer no pós-operatório de cirurgias abdominais e cirurgias cardíacas → incidência depende do tempo de cirurgia e grau de proximidade entre o pâncreas e o local. • Nas cirurgias abdominais → mecanismo é o trauma direto, com prognóstico muito ruim • Evento incomum → patogenia pode estar relacionada à hipersensibilidade ou a efeito tóxico direto o A classe de drogas mais associada são os imunossupressores • Nos pacientes HIV positivos, a principal causa de pancreatite é a induzida por medicamentos, principalmente a didanosina (DDI) e a pentamidina. • Outras drogas envolvidas são → antibióticos, diuréticos, drogas usadas nas DII, anticonvulsivantes, antiinflamatórios, anti-hipertensivos, cálcio, estrógenos e tamoxifeno. • Cerca de 20% dos pctes com pancreatite aguda encontram-se neste grupo • Hoje são descritas 2 entidades que parecem ser responsáveis por grande parte das PA neste grupo o Microlitíase Biliar – 2/3 dos casos o Disfunção do Esfíncter de Oddi – 1/3 dos casos ❖ MICROLITÍASE BILIAR → “lama biliar” é uma suspensão viscosa na vesícula biliar que pode conter cálculos microscópicos • Na USG, parece como um agrupamento de ecos de baixa amplitude, sem sombra acústica, “repousando” no fundo da vesícula e mudando de local conforme a posição do paciente • Estudos sugeriram que até 75% dos casos de PA “idiopática” podem ser ocasionados pela lama biliar • Uso de ácido ursodesoxicólico reduz a recorrência desses episódios → ou papilotomia endoscópica e a colecistectomia. ❖ DISFUNÇÃODO ESFÍNCTER DE ODDI → diagnosticada pela mensuração da pressão intraesfincteriana, através da canulização da Papila de Vater • A pressão do esfíncter, normalmente 15 mmHg, costuma estar próxima a 40 mmHg. • O tratamento preconizado é a papilotomia endoscópica ou a esfincteroplastia cirúrgica • A clínica da doença é similar a outras, então é difícil o diagnostico apenas clínico • Os principais sintomas são a dor abdominal, náuseas e vômitos o Quase todos apresentam dor abdominal aguda no andar superior do abdome • Dor pode ser continua e no mesogástrio ou QSD, ser difusa, ou raramente a esquerda o Em metade dos pctes é disposta em barra, com irradiação para o dorso o Normalmente precisa de analgésicos opiáceos para controle o Se mantem por dias → dor biliar apenas de 6 a 8h o Progressão rápida, com intensidade máx. em 10 a 20min • PA sem dor não é comum mas pode ser complicada e fatal • Os sintomas da PA alcoólica frequentemente aparecer após 1 ou 3 dias de uma libação alcoólica intensa • 90% possuem náuseas e vômitos acompanhando a dor, que persistem por horas o Vômitos poder ser incoercíveis e não aliviam a dor o Podem estar relacionados a dor forte ou a alterações inflamatórias na parede do estomago o Inquietação, agitação e alivio da dor em posição de flexão anterior do tórax são notados • Varia na gravidade → achados são febre, desidratação, taquicardia e em casos graves, choque e coma • Na pancreatite necrosante → pode estar em mau estado geral, toxemico, pálido, hipotenso, taquicardico (100-150bpm), taquipneico, febril (38,5-39º) e com sensório deprimido o Os sinais acima podem estar em maior ou menor grau, depende da gravidade • Derrame pleural a esquerda é comum → extensão da inflamação p hemicupula diafragmática esquerda • O abdome mostra achados inferiores aos esperados pelo quadro álgico do pcte → revela desde dor leve à palpação até sinais de irritação peritoneal com descompressão dolorosa (Blumberg) o Distensão abdominal é comum principalmente em casos graves → devido ao “íleo paralítico” em consequência à inflamação intra-abdominal ▪ Na radiografia, a distensão pode ser de delgado e/ou de cólon. • Obstrução do ducto biliar principal em razão de coledocolitíase ou edema da cabeça do pâncreas pode ocasionar icterícia (geralmente leve) o A icterícia ocorre em cerca de 10% dos casos e não necessariamente indica PA biliar ❖ SINAIS CUTÂNEOS podem acontecer na pancreatite aguda, de forma incomum o Equimose em flancos → Sinal de Grey-Turner o Equimose periumbilical → Sinal de Cullen ▪ Esses 2 primeiros ocorrem 1% dos casos → característicos mas não patognomonicos ▪ Causados pela extensão do exsudato hemorrágico pancreático retroperitoeal pelo tecido subcutâneo → associado a mau prognostico o Necrose gordurosa subcutânea → Paniculite ▪ Raro, com nódulos subcutâneos dolorosos de 0,5-2 cm e eritema na pele adjacente → geralmente nas extremidades, podendo ser justarticular → ou nádegas, tronco e escalpo ▪ Podem preceder ou não os sintomas e tendem a melhorar junto com o quadro clínico o Equimose na base do pênis → Sinal de Fox ❖ RETINOPATIA DE PURTSCHER → rara complicação, manifesta-se como escotomas e perda súbita da visão • Fundoscopia mostra exsudatos algodonosos e hemorragias confinadas à mácula e papila óptica. ❖ COMPROMETIMENTO RESPIRATÓRIO pode piorar após os primeiros dias, se instalando derrame pleural (preferência pelo lado esquerdo), atelectasia (pela dor ou obesidade) • Ou a Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) → uma das complicações mais temíveis • Causado pela hipoxemia refratária à administração de altos fluxos de O2, associado a infiltrado pulmonar bilateral, em geral assimétrico → DIMINUIÇAO DA LECITINA, diminui o surfactante ❖ Pcte pode chegar “chocado” ou evoluir para o CHOQUE → na maioria dos casos tem 2 componentes o Hipovolêmico → perda de 6-10L para o retroperitônio ou peritônio nos pctes graves o Distributivo → com vasodilatação sistêmica, mesma fisiopatologia do séptico, sem infecção. ▪ Há queda acentuada da resistência vascular periférica (causando hipotensão arterial), venodilatação e um aumento do DC (pela baixíssima pós-carga) ❖ INSUFICIÊNCIA RENAL é comum → manifestando-se como azotemia no exame laboratorial → aumento de ureia e creatinina • A causa na maioria das vezes é pré-renal, devido à hipovolemia → é reversível com a reposição volêmica agressiva. • Em alguns casos os rins são lesados pela reação inflamatória sistêmica ou pela isquemia prolongada → evoluindo para um quadro de necrose tubular aguda • A leucocitose é comum, principalmente nos casos graves → pode chegar até 30.000/mm3 → reflete o grau de inflamação sistêmica (importante critério prognóstico) o Aumento de proteína C reativa é marco laboratorial de gravidade → mede resposta inflamatória • Hiperglicemia é comum, e no início do quadro é devida à SIRS → posteriormente pode ser secundária a uma destruição maciça das ilhotas de Langerhans, na pancreatite necrosante extensa o Hipocalcemia também é frequente → decorre da saponificação do cálcio circulante pela gordura peripancreática necrosada – quanto mais necrose, mais hipocalcemia • Outros marcos de gravidade → aumento de escórias nitrogenadas e alterações nas provas de coagulação • As provas hepáticas também podem estar alteradas → aumento das aminotransferases, fosfatase alcalina e bilirrubina. o O aumento das aminotransferases pode também sugerir o diagnóstico etiológico da pancreatite ▪ TGP (ALT) > 150 U/L tem especificidade de 96% para pancreatite biliar ▪ TGP (ALT) < 150 U/L não afasta pancreatite biliar, já que a sensibilidade é baixa (48%) • As doenças que se manifestam com intensa dor abdominal aguda devem ser afastadas, entre elas o Doença péptica / Úlcera perfurada / Colelitíase, Coledocolitíase, Colecistite aguda o Isquemia mesentérica / obstrução intestinal aguda o IAM inferior / Dissecção aórtica abdominal / Gravidez ectópica. AMILASE SÉRICA • Costuma se elevar já 2-12h após o início dos sintomas, mantendo-se alta por 3-5 dias. o Sua sensibilidade é de 85-90% entre 2-5 dias, e especificidade é de 70-75%. o Normal geralmente abaixo de 160 U/L → especificidade aumenta muito se acima de 500 U/L • A amilase pode estar normal na pancreatite crônica avançada agudizada, e pode estar falsamente reduzida na hipertrigliceridemia • Uma amilase colhida após o 5º dia dos sintomas frequentemente é negativa. • A especificidade da amilase é comprometida por 4 fatos o Amilase Salivar → a maior parte da amilase existente no organismo é salivar (55-60%) o Absorção Intestinal → existe amilase pancreática na luz intestinal, podendo haver absorção pelo intestino inflamado ou obstruído o Macroamilasemia → ligação de uma proteína sérica à amilase plasmática, impedindo que ela seja normalmente filtrada pelos rins o Insuficiência Renal → parte da amilase é eliminada pelos rins, logo, IR grave cursa com hiperamilasemia. • Doenças da glândula salivar e doenças intra-abdominais agudas podem aumentar a amilase → colecistite aguda, coledocolitíase, perfuração de víscera oca, isquemia mesentérica, obstrução intestinal aguda, apendicite, salpingite aguda, gravidez ectópica • Apesar de existirem diversas causas, raramente elas elevam a amilase acima de 3-5x o limite da normalidade (> 500 UI/L) → elevações dessa magnitude possuem ESPECIFICIDADE para pancreatite LIPASE SÉRICA • Esta outra enzima pancreática se eleva junto com a amilase na pancreatite aguda → e permanece alta por um período mais prolongado (até 14 dias). o Possui sensibilidade igual à da amilase (85%), sendo mais específica (80%). • Também existe dentro do lúmen intestinal e as mesmas condições que fazem aumentar a amilase também podem fazer aumentar a lipase o Essas condições não aumentam mais que 3x → normal: até 140 U/L;3x o normal: > 450 U/L AMILASE + LIPASE SÉRICAS • Tanto a amilase quanto a lipase, se acima de 3x da normalidade, são altamente específicas para pancreatite aguda → na prática devemos dosá-las em conjunto para confirmar o diagnóstico • Se as duas estiverem aumentadas, a especificidade e sensibilidade é 95% → em apenas 5% dos casos de pancreatite aguda as duas enzimas são normais (provavelmente pancreatite crônica agudizada) TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA CONTRASTADA • É o melhor método de imagem para avaliar a presença de complicações locorregionais na PA, indicada nos casos “graves” → pode ser normal em 15-30% na pancreatite “leve”, então não faz o Mostra aumento focal/difuso do pâncreas, borramento da gordura peripancreática e perirrenal, coleções líquidas, pseudocistos e áreas não captantes de contraste indicativas de necrose o Possui elevada sensibilidade e especificidade, e pode esclarecer os casos de dúvida diagnóstica • O exame ideal é a TC helicoidal, capaz de revelar imagens com maior definição • O melhor momento para a realização de TC na pancreatite aguda grave é após o 3º dia do início do quadro → quando as complicações como a necrose costumam estar bem estabelecidas • Deve-se evitar em pctes que evoluem com injúria renal aguda → RNM preferencial ULTRASSONOGRAFIA • O pâncreas pode ser visualizado, mostrando sinais ecogênicos clássicos de pancreatite aguda. • A frequente interposição de alças intestinais repletas de gás torna o exame de baixa sensibilidade tanto para o diagnóstico de PA quanto para a detecção de necrose pancreática. o Por outro lado, é o método de escolha para o diagnóstico da litíase biliar, a causa mais comum de PA, podendo orientar a conduta posterior → está sempre indicada RADIOGRAFIA SIMPLES • Importante exame a ser pedido nos quadros de “abdome agudo”, principalmente na dúvida entre um abdome cirúrgico ou não. o RX de tórax pode revelar derrame pleural à esquerda ou atelectasia em bases pulmonares → em casos graves pode haver infiltrado bilateral compatível com SDRA • A PA pode determinar várias alterações no RX de abdome, assim como outras causas de abdome agudo inflamatório – são elas o Alça sentinela → íleo localizado o Sinal do cólon amputado → paucidade de ar no cólon distal à flexura esplênica, devido a espasmo do cólon descendente o Dilatação das alças → íleo paralítico inflamatório o Aumento da curvatura duodenal → aumento da cabeça do pâncreas o Irregularidades nas haustrações do transverso, devido ao espasmo difuso. • As alterações intestinais são decorrentes da extensão do exsudato inflamatório pancreático para o mesentério, mesocólon transverso e peritônio. RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA • É equivalente à TC em termos de acurácia para o diagnóstico, mas possui 2 vantagens o Na suspeita de PA biliar, a colangiorressonância pode identificar > 90% dos cálculos na via biliar o No pcte que evolui com IR na PA “grave” → evita a exposição ao contraste iodado endovenoso • Na abordagem é fundamental realizarmos o quanto antes uma avaliação formal do prognóstico → deve ser feita através de critérios clínicos e laboratoriais, classificando como “leve”, “moderada” ou “grave” • Forma leve → Menos do que três critérios de Ranson positivos e APACHE II < 8 o Ausência de complicações orgânicas sistêmicas • Forma Grave → Escore de Ranson > 3 e APACHE > 8 o Presença de complicações orgânicas sistêmicas o Presença de complicações locais como necrose, abscesso e pseudocisto ❖ Como abordar inicialmente um quadro de pancreatite aguda • Reposição volêmica, analgesia e dieta zero • Definir se é a forma leve ou a forma grave de doença (só é possível após 48 horas) • Na forma grave, orientar a conduta posterior pelo resultado da TC (se existe necrose > 30%) • Observar o surgimento de complicações tardias • Recomeçar a dieta enteral no momento adequado. • Não indica internação em serviço de Terapia Intensiva → pode ser internado em uma unidade intermediária, permanecer em dieta zero até a melhora do quadro e até que haja peristalse audível. • A realimentação oral em geral é possível com 3-5d de evolução na forma leve. o Os melhores critérios para iniciarmos dieta são a melhora da dor abdominal, o retorno da peristalse, a ausência de vômitos e o paciente manifestar desejo de alimentar-se • O tratamento de suporte se resume a: o Analgesia → meperidina ou outros opiáceos → se necessário, PODEMOS usar morfina no paciente o Hidratação venosa para reposição volêmica → perdas para o terceiro espaço e pelos vômitos o Controle eletrolítico e acidobásico → hipocalemia e alcalose metabólica devido aos vômitos, hipocalcemia, hipomagnesemia, esta última comum na pancreatite alcoólica • A forma leve geralmente é a manifestação da pancreatite edematosa e a TC não é necessária • Casos graves podem evoluir com complicações orgânicas como choque misto, insuficiência renal, queda do sensório, insuficiência cardíaca congestiva e SDRA → devem ser agressivamente tratadas • Às vezes é necessária intubação traqueal com ventilação mecânica e a monitorização hemodinâmica ❖ ANALGESIA → feita com opiáceos, pois a dor em geral é de forte intensidade → meperidina de escolha • Caso ainda assim a dor seja de forte intensidade, é possível o uso de morfina • O grande problema da Meperidina é que pode haver acúmulo de metabólitos tóxicos, com irritação neuromuscular e, raramente, convulsões. ❖ HIDRATAÇÃO VENOSA → feita visando uma reposição volêmica vigorosa, com os objetivos principais de normalizar a diurese, a pressão arterial, FC e a pressão venosa central. • Estes pctes perdem grande quantidade de líquido para o retroperitônio → pelo menos 6L de cristaloide devem ser repostos nas primeiras 24h o O fluido de escolha pode ser o Ringer lactato ou o soro fisiológico • A estimativa da perda volêmica é feita pelo exame clínico, pelo hematócrito inicial, pela queda do hematócrito após 48h de reposição (queda > 10% indica hemoconcentração prévia) e pelo balanço hídrico (quando muito positivo em 48h, o organismo precisou de mais líquido para repor as perdas) • Nos casos graves ou se problema cardíaco prévio devemos guiar a reposição volêmica pela PCP (Pressão Capilar Pulmonar), estimada pelo cateter de Swan-Ganz → mantê-la em torno de 18 mmHg ❖ SUPORTE NUTRICIONAL → pctes ficarão em dieta oral zero por períodos prolongados (> 4 semanas), tornando necessário suporte nutricional → iniciado nas primeiras 48h, devido ao estado hipercatabólico • A nutrição enteral jejunal (por cateter nasojejunal instalado por via endoscópica) é a mais indicada • A dieta deve ser rica em proteínas e pobre em lipídeos → essa alimentação é segura e pode reduzir o risco de infecção pancreática por diminuir a translocação bacteriana pela mucosa intestinal • A Nutrição Parenteral Total é indicada nos que não toleram a enteral ou quando as necessidades calóricas não são atingidas após o 2 a 4º dia de dieta → essa dieta possui risco de sepse pelo cateter venoso profundo, é mais cara e menos efetiva que a enteral ❖ AMINAS VASOPRESSORAS → noradrenalina em veia profunda deve ser utilizada nos casos de choque refratário à reposição volêmica vigorosa • Quando necessária, indica que o pcte tem componente de choque “sirético” ou séptico. • Seu uso deve ser guiado pelos parâmetros da monitorização hemodinâmica. ❖ CATETER NASOGÁSTRICO EM SIFONAGEM → um cateter nasogástrico deve ser deixado em sifonagem nos casos de vômitos incoercíveis e distensão abdominal (íleo paralítico) • O objetivo é descomprimir o tubo digestivo e reduzir o risco de broncoaspiração • A pancreatite aguda com mais de 30% de necrose na TC contrastada tem chance de 40% de letalidade o Estes pctes, quando há piora clínica após melhora inicial ou aparece um quadro novo de febre, leucocitose ou outro sinal de sepse, devem ser submetidosà investigação de infecção pancreática • Geralmente a infecção ocorre após 10 dias do início da pancreatite → se a TC mostrar gás no pâncreas ou tecido peripancreático (sinal da bolha de sabão), é bastante indicativo de infecção. o Caso contrário, o diagnóstico é feito pela punção do tecido necrótico guiada por TC • O exame bacteriológico possui ótima acurácia → se mostrar bactérias coráveis pelo Gram ou crescimento positivo em culturas para germes comuns, o diagnóstico de necrose pancreática infectada é confirmado. o Germes mais comuns são os Gram-negativos entéricos, Staphylococcus aureus, anaeróbios e Candida sp → em 80% cresce apenas uma bactéria → chegam até o pâncreas por translocação ❖ Toda pancreatite com necrose infectada deve indicar a necrosectomia, que reduz letalidade • Cirurgia de alto risco, feita deixando-se a cavidade aberta ou fechada, com revisões a cada 2-3 dias, no intuito de completar a necrosectomia. • Deve-se postergar a necrosectomia, se possível, para após 12 dias do início do quadro, quando o pâncreas já está mais estruturado • É empregada nas primeiras 72h da PA biliar, na presença de colangite e/ ou icterícia progressiva moderada a grave → não está indicada de rotina em todos os casos de pancreatite aguda biliar • Durante, é capaz de permitir a saída dos cálculos impactados ou acumulados no colédoco. • A colecistectomia de urgência deve ser evitada na PA biliar, por ter maior morbimortalidade. o Não deve ser postergada por muito tempo, pelo índice de recidiva alto (20-25%) e precoce. • Todos os pacientes com PA biliar devem ser submetidos à colecistectomia laparoscópica antes da alta hospitalar, mas após a resolução do quadro clínico agudo. • Deve ser complementada pela CPRE pós-operatória com papilotomia, caso existam cálculos no colédoco o Ou pela colangiografia e exploração do colédoco peroperatória.
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