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ÉTICA NA SAÚDE Equipe de Elaboração Grupo ZAYN Educacional Coordenação Geral Ana Lúcia Moreira de Jesus Gerência Administrativa Marco Antônio Gonçalves Professor-autor Luciano de Assis Silva Coordenação de Design Instrucional do Material Didático Eliana Antônia de Marques Diagramação e Projeto Gráfico Cláudio Henrique Gonçalves Revisão Ana Lúcia Moreira de Jesus Mateus Esteves de Oliveira GRUPO ZAYN EDUCACIONAL Rua Joaquim Pinto Lara,N° 87 2ºAndar – Centro Piracema –MG CEP: 35.536-000 TEL: (31) 3272-6646 ouvidoria@institutozayn.com.br pedagogico1@institutozayn.com.br Boas-vindas Olá! É com grande satisfação que o Grupo ZAYN Educacional agradece por escolhê-lo para realizar e/ou dar continuidade aos seus estudos. Nós do ZAYN estamos empenhados em oferecer todas as condições para que você alcance seus objetivos, rumo a uma formação sólida e completa, ao longo do processo de aprendizagem por meio de uma fecunda relação entre instituição e aluno. Prezamos por um elenco de valores que colocam o aluno no centro de nossas atividades profissionais. Temos a convicção de que o educando é o principal agente de sua formação e que, devido a isso, merece um material didático atual e completo, que seja capaz de contribuir singularmente em sua formação profissional e cidadã. Some-se a isso também, o devido respeito e agilidade de nossa parte para atender à sua necessidade. Cuidamos para que nosso aluno tenha condições de investir no processo de formação continuada de modo independente e eficaz, pautado pela assiduidade e compromisso discente. Com isso, disponibilizamos uma plataforma moderna capaz de oferecer a você total assistência e agilidade da condução das tarefas acadêmicas e, em consonância, a interação com nossa equipe de trabalho. De acordo com a modalidade de cursos on- line, você terá autonomia para formular seu próprio horário de estudo, respeitando os prazos de entrega e observando as informações institucionais presentes no seu espaço de aprendizagem virtual. Por fim, ao concluir um de nossos cursos de pós-graduação, segunda licenciatura, complementação pedagógica e capacitação profissional, esperamos que amplie seus horizontes de oportunidades e que tenha aprimorado seu conhecimento crítico a cerca de temas relevantes ao exercício no trabalho e na sociedade que atua. Ademais, agradecemos por seu ingresso ao ZAYN e desejamos que você possa colher bons frutos de todo o esforço empregado na atualização profissional, além de pleno sucesso na sua formação ao longo da vida. “Para que haja conduta ética é preciso que exista o agente consciente, isto é, aquele que conhece a diferença entre bem e mal, certo e errado, permitido e proibido, virtude e vício. A consciência moral não só conhece tais diferenças, mas também reconhece-se como capaz de julgar o valor dos atos e das condutas e de agir em conformidade com os valores morais, sendo por isso responsável por suas ações e seus sentimentos pelas consequências do que faz e sente. Consciência e responsabilidade são condições indispensáveis da vida ética”.SPOB - Dr. Heitor A. da Silva e Dra. Ivone Boechat EMENTA:Abordagem geral da ética e instrumentos ético-legais que norteiam o exercício profissional. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO - Introdução:Ética nos Serviços de Saúde; 1. Fundamentos Éticos da Conduta Profissional; 2. Legislação Reguladora do Exercício Profissional; 3. Ética e Bioética; 4. Dilemas Éticos; 5. Modelos de Análise de Conflitos em Bioética; 6. Atitude Ética na Atuação em Equipe Multiprofissional; - Leitura Complementar; - Referências Organização do conteúdo: Prof.ªM.ª Thaís de Sousa e Souza ÉTICA NA SAÚDE GRUPO ZAYN EDUCACIONAL CARACTERIZAÇÃO DA DISCIPLINA Disciplina: ÉTICA NA SAÚDE EMENTA Abordagem geral da ética e instrumentos ético-legais que norteiam o exercício profissional. OBJETIVOS Ao final da disciplina o aluno será capaz de desenvolver competências baseadas em princípios éticos que direcionem o exercício profissional. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO - Introdução: Ética nos Serviços de Saúde 1. Fundamentos Éticos da Conduta Profissional 2. Legislação Reguladora do Exercício Profissional 3. Ética e Bioética 4. Dilemas Éticos 5. Modelos de Análise de Conflitos em Bioética 6. Atitude Ética na Atuação em Equipe Multiprofissional - Leitura Complementar - Referências SUMÁRIO Introdução: Ética nos Serviços de Saúde 09 1. Fundamentos Éticos da Conduta Profissional 10 2. Legislação Reguladora do Exercício Profissional 15 3. Ética e Bioética 19 4. Dilemas Éticos 20 5. Modelos de Análise de Conflitos em Bioética 22 6. Atitude Ética na Atuação em Equipe Multiprofissional 23 Leitura Complementar 26 Referências 27 7 ÉTICA NA SAÚDE Introdução: Ética nos Serviços de Saúde Ética é o conjunto de princípios e valores morais que conduzem o comportamento humano dentro da sociedade. Ter uma conduta ética no trabalho, seguindo padrões e valores, tanto da sociedade, quanto da própria organização, é essencial para o alcance da excelência profissional. Não basta apenas buscar constante aperfeiçoamento para conquistar credibilidade profissional, é preciso assumir uma postura ética, pois é através dela que se adquire confiança e respeito de superiores, colegas de trabalho e demais colaboradores. Por isso, cabe ao profissional seguir tanto os padrões éticos da sociedade, quanto as normas e regimentos internos das organizações para ter a recompensa e ser reconhecido, não só pelo seu trabalho, mas também por sua conduta exemplar. Na prática médica, a ética é analisada sob três aspectos: a relação médico- paciente, o relacionamento dos médicos entre si e com a sociedade. Muitos profissionais em várias especialidades das ciências da saúde têm condutas inapropriadas quanto à ética e a moral. Há casos frequentes de mentira sobre os efeitos fisiológicos e benefícios terapêuticos, conduzindo os pacientes que são leigos, a realizarem tratamentos ou pacotes terapêuticos, desnecessários, indevidos ou mesmo iatrogênicos. Veja quais são as premissas éticas importantes na relação com o paciente: 1. Respeitar a necessidade do paciente, conquistando gradualmente a sua confiança técnica, ética e moral. Desta forma, todo procedimento realizado deve ser esclarecido, fazendo com que o paciente se mantenha sempre seguro; 2. Manter registros, relatórios e evoluções clínicas do paciente sempre atualizadas; 3. Não divulgar quaisquer informes que tenham origem nas palavras dos pacientes. Da mesma forma, deve-se manter em sigilo as informações clínicas ou de estudo clínico compartilhadas entre a equipe multidisciplinar, que forem obtidas em discussões clínicas, prontuários e relatos para atuação multi, inter ou transdisciplinar; 8 4. Ter cuidado ao gerar aproximações emocionais com um paciente. É preciso haver uma separação do profissional e do amigo ou do profissional e do esposo. Deve-se utilizar um ritual formal para haver uma sinalização da distinção destas partes do todo. Instrumentos como o tratamento pela titulação profissional, uso do jaleco ou uniforme, auxiliam nesta questão, mas o comportamento também deve ser modificado; 5. É dever de cada profissional admitir os limites de intervenção técnica e ética de sua profissão, encaminhando o paciente a um especialista de acordo com as necessidades clinicas específicas de cada situação, sempre explicando claramente ao paciente; 6. Nunca desacreditar ou menosprezar o médico ou qualquer outro profissional de saúde, valorizando sempre o seu trabalho. Quando houverdiagnósticos equivocados, os mesmos devem ser primariamente debatidos e discutidos com o profissional antes de trazer algum engano moral do referido profissional perante o paciente; 7. Ter cautela ao comentar casos entre pacientes, mesmo com a intenção de encorajá-los, pois isto foge da técnica e amedronta o paciente. 1. Fundamentos Éticos da Conduta Profissional Em se tratando de ética no trabalho, o filósofo Mario Sérgio Cortella afirma que – “É necessário cuidar da ética para não anestesiarmos a nossa consciência e começarmos a achar que tudo é normal”. Nestes últimos anos, ter este cuidado fez ainda mais sentido, pois testemunhamos uma crise no Brasil sem precedentes, que além de econômica e política, trouxe à tona uma enorme crise moral. Com isso, vimos tanto empresas privadas como grandes estatais mostrarem a face mais profunda da corrupção do sistema e, consequentemente, das pessoas, o que para os envolvidos, até ali, era perfeitamente normal. Se não tivessem sido descobertos e presos, certamente, muitos dos implicados estariam até hoje imersos nos esquemas, desviando dinheiro e impedindo o progresso nacional. Neste sentido, a questão que eu quero trazer aqui em nada tem a ver com julgar esse ou aquele por seus erros, pois este é o papel da justiça. Minha intenção é trazer uma reflexão sobre estes tipos de comportamentos que, lamentavelmente, estão cada vez mais recorrentes. Pense comigo – E se estas pessoas tivessem 9 escolhido fazer diferente? E se tivessem pautado suas ações pela ética e pela moral, será que tudo não seria diferente? Eu verdadeiramente acredito que sim! Por isso, não por acaso, o tema ética no trabalho é o assunto desta apostila, pois todos nós, independente do cargo que temos numa empresa, temos que continuamente buscar defender valores que sejam positivos e congruentes. Quando agimos assim, alimentamos uma corrente do bem que pode inspirar mais e mais pessoas a agirem de forma honesta e baseada em bons valores e preceitos. 1.1 – Porque Cultivar a Ética no Trabalho Ética é uma palavra de origem grega, que vem no termo ethos, que por sua vez significa: “costume superior”, “bom costume” e aquilo que “pertence ao caráter”. É também a área da filosofia que se ocupa em estudar a moral do homem, ou seja, suas condutas em todos os contextos. Uma profissional de caráter superior é aquele que tem sempre comportamentos corretos e que conduz suas ações baseado em bons princípios. Uma empresa, por exemplo, demonstra sua ética por meio dos valores que cultiva e da cultura organizacional que dissemina. Logo, quando um colaborador age de forma incongruente com isso, ele está desequilibrando aquele sistema e tendo atitudes que vão de encontro ao que ela prega. Quando isso acontece, se não houver forma de corrigir o problema, na maioria das vezes, o profissional acaba sendo desligado da organização para não influenciar negativamente os demais. Com certeza não é isso que deseja que aconteça com você. Contudo, a ética deve ser algo da pessoa e não consequência de uma exigência da sua empresa. Isso quer dizer que o profissional deve ser correto porque os seus valores são naturalmente assim, porque verdadeiramente cultiva uma postura ética e não porque seu líder exige isso. Assim, em se tratando de ética não adianta parecer ético, é preciso ter uma moral idônea e que seja comprovada por atitudes corretas também. 1.2 – O que é Ética Profissional? Você é o que você faz! Lembre-se sempre disso, pois do mesmo modo que observa os comportamentos dos outros, também está sempre sendo observado. Logo, seja dentro de uma empresa ou em sociedade, para ser um representante da https://www.ibccoaching.com.br/portal/comportamento/diferencas-entre-personalidade-comportamento/ 10 ética é preciso seguir valores e princípios morais positivos que te conduzam a sempre ter condutas e práticas exemplares. Neste sentido, com tudo que aconteceu nos últimos anos e com tantas denúncias de corrupção, podemos dizer que hoje em dia as pessoas estão muito mais atentas a isso. Em decorrência disso, as organizações e os profissionais que seguem padrões sociais e éticos, que incluem a moralidade em seus processos de trabalho e no alcance de resultados, são também as mais respeitadas e admiradas por seus clientes e também por seus liderados e pares. Outro ponto que vale destacar é que ética profissional é um elemento que faz muita diferença na qualidade de vida das pessoas no trabalho. No dia a dia, é também o que ajuda na construção de um ambiente positivo e de cooperação e respeito mútuo entre as pessoas. Na prática, isso proporciona aos colaboradores a oportunidade de exercerem suas funções de forma decente e confiável, sem desrespeitar os seus valores, e de prover resultados positivos sem que para isso tenham que burlar regras ou trapacear. Poder trabalhar numa empresa que preza pela ética como um valor indispensável faz com que seus profissionais sintam-se parte de algo maior e que estão contribuindo para um mundo melhor também. Por outro lado, quando sentem que seus valores éticos estão sendo feridos, sua motivação e produtividade baixam drasticamente. Portanto, o bom exemplo da organização faz com que sua equipe se sinta mais segura ao tomar suas decisões e mais confiante em sua liderança, pois sabe que os princípios por ela pregados são corretos e trazem um retorno positivo para todos. Como recompensa, os colaboradores que também cultivam a ética profissional no trabalho, consequentemente, acabam sendo reconhecidos positivamente pela sociedade por sua conduta exemplar. A ética é, portanto, uma trabalhadora disciplinada que nunca descansa, pois a todo o momento precisamos recorrer a ela para jamais perdermos de vista valores e comportamentos decentes. 1.3 – Exemplos de Ética no Trabalho Para te Inspirar A ética no trabalho está diretamente relacionada à honestidade, pois não há como ser ético sem ser honesto. Entretanto, como bem sabemos no dia a dia de um profissional podem surgir muitas situações onde à sua integridade e retidão; são https://www.ibccoaching.com.br/portal/qualidade-de-vida/qualidade-de-vida-trabalho-dicas-conceitos/ 11 testadas. Para não sucumbir a nenhuma delas, é essencial contra-atacar, ou seja, conhecer e cultivar hábitos positivos e que caminhem na direção oposta aos comportamentos imorais que muitas pessoas têm sem pensar nas consequências. Para isso, vou apresentar alguns exemplos de condutas éticas no trabalho que tanto podem orientar seus comportamentos como sinalizar quando a empresa ou um colega não estão respeitando verdadeiramente bons valores. Continue lendo e veja como agir: Responsabilidade: Ser responsável é ter a hombridade de assumir um compromisso verdadeiro com seus atos e consequências e buscar pautar suas ações em valores positivos. Portanto, ser ético é ter uma postura profissional condizente com as suas responsabilidades e com a confiança que a empresa depositou em você. Isso inclui cuidar bem do patrimônio da organização e manter sempre total sigilo sobre as informações referentes à empresa e aos seus funcionários. Integridade: Tudo que fazemos na empresa ou na vida tem uma consequência. Por isso, independente do seu sentimento em relação à organização ou a algum dos seus membros, você deve sempre ser honesto e correto em suas ações. Integridade significa lisura e retidão, portanto, especialmente por sua reputação, faça sempre aquilo que é certo e ético e coloque sempre estes valores em primeiro lugar. Retidão: Numa sociedade com valores, às vezes, um tanto quanto controversos, para obter vantagens, muitos podem considerar a honestidade algo até mesmo dispensável. Contudo, uma pessoa guiada pela retidão de caráter, independente do seu momento, se bem ou não financeiramente, por exemplo, jamais usará seu cargo na empresa para obteralgum tipo de benefício pessoal.Do mesmo modo, um profissional honesto e ético evitará repercutir fofocas, criar histórias mal intencionadas, falar mal de colegas e chefes ou criar qualquer situação ruim que prejudique as pessoas ao seu redor e a si mesmo. Meritocracia: Uma empresa ética é aquela que reconhece seus profissionais por seu mérito e não por afinidades ou favoritismos do líder. Todos aqueles que demonstram comprometimento, resultados e vontade de crescer devem ter a oportunidade de concorrer em pé de igualdade com seus colegas por uma promoção, aumento de salário ou novo cargo, por exemplo.Assim, a meritocracia é https://www.ibccoaching.com.br/portal/artigos/integridade-como-reconhecer-nas-pessoas/ https://www.ibccoaching.com.br/portal/como-implantar-o-conceito-de-meritocracia-nas-empresas/ 12 um exemplo de conduta honrosa e positiva que as organizações pautadas pela moralidade e equanimidade podem ter para promover e reconhecer seus funcionários e demonstrar seus valores. Capacidade de Reconhecer os Erros: Errar não é o fim, mas não aprender com seus erros pode ser o começo para isso. Portanto, é essencial saber reconhecer quando falhou e, especialmente, como aquele tropeço pode trazer algum aprendizado tanto individual como coletivo. Quando a organização ou seu colaborador têm dificuldades em fazer isso, geralmente acabam terceirizando a responsabilidade e culpabilizando quem muitas vezes não tem nada a ver com isso. Esta atitude é antiética.Logo, é importante saber que tanto uma empresa como um profissional, pautados pela excelência, também podem errar. Contudo, o seu grande diferencial está em ter a humildade de reconhecer publicamente sua falha e de orientar seus esforços para contornar o problema e evitá-lo novamente no futuro. Congruência: Seus valores representam quem você é na essência. Por isso, não adianta ter um discurso “bonitinho” e politicamente correto se os seus comportamentos práticos mostram exatamente o contrário sobre você. Portanto, seja congruente com aquilo que defende e no seu dia a dia profissional, procure sempre exercitar valores positivos e éticos em suas relações com seus colegas, líderes e clientes, de modo que estes sejam exemplos para os demais, ajudem a reafirmar sua conduta moral e a construir uma empresa sempre ética. Respeito ao Trabalho dos Outros: Uma empresa é um sistema formado por todos os seus membros. Estes por sua vez, ainda que não se conheçam, devem trabalhar de forma interligada para que as metas e objetivos sejam plenamente alcançados com sucesso. Portanto, não dá apenas para cuidar do seu e deixar que seus colegas se virem com suas demandas e problemas.Esta postura individualista além de antiprodutiva também é antiética, pois demonstra falta de respeito para com o trabalho das outras pessoas. Portanto, não vá por esta direção e sempre busque estar 100% comprometido com seus colegas de trabalho, com seus líderes e clientes. Faça o seu melhor e colabore positivamente para a construção conjunta de resultados extraordinários. Equidade: Não existe ética sem igualdade e, esse é justamente o significado de equidade. Ser justo é não favorecer ninguém por conta de amizades ou afinidades, mas respeitar o direito que todos têm de promover o seu crescimento na 13 empresa por meio de sua dedicação e dos seus esforços. Isso tem a ver com a meritocracia de que falei anteriormente, mas aqui ganha um sentido ainda maior, pois um ambiente profissional ético e igualitário é aquele que respeita o direito de cada um, bem como o que proporciona às pessoas a chance de ir além, superar limites e de vencer. 1.4 – Valorize e Cultive uma Conduta Ética Sempre Sabe aquele profissional que seus atos falam por si? Este é o colaborador que cultiva a ética no trabalho e na vida e que é um espelho positivo para todos ao seu redor. Nunca seu impulso é o de fazer algo errado para abafar um erro ou para evitar a responsabilidade por suas consequências culpando os outros. Mas não é só. A ética no trabalho também é representada pelo líder justo, que não difere seus liderados, sempre lhes trata com respeito, equanimidade e que confere a estes oportunidades reais de aprimoramento, desenvolvimento e crescimento. É ilustrada por profissionais corretos, responsáveis e comprometidos em entregar o seu melhor tanto à empresa como ao mundo. Ser ética é também ser uma instituição que paga seus funcionários em dia, que oferece a eles salários e benefícios compatíveis com o mercado e, muitas vezes, até superiores. Neste tipo de organização, todos os tipos de profissionais são bem-vindos, reconhecidos e respeitados, independentemente, de sua: origem, credo, gênero, classe, cor ou orientação sexual. Não estamos falando de um mundo perfeito, mas de um mundo possível e real, onde as empresas e os profissionais éticos caminham e constroem resultados positivos juntos, sem jamais ter que, para isso, burlar as regras, trapacear e prejudicar ninguém para ter sucesso e alcançar prosperidade. Esta mesma lógica, baseada em bons princípios, se aplica às nossas relações sociais, afetivas, financeiras e familiares, pois somos nós, individual e coletivamente, que construímos à nossa sociedade. Portanto, é por meio da nossa ética e de valores positivos e congruentes que podemos torná-la melhor para todos também. 14 2. Legislação Reguladora do Exercício Profissional 2.1 – Pontos Positivos do Projeto Aprovado no Congresso Nacional • Participação da enfermagem no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde e nos planos assistenciais de saúde, incluída consulta de enfermagem. • Necessidade de órgão de enfermagem na estrutura básica de todas as instituições de saúde, sob direção de enfermeiros. • Obrigatoriedade de habilitação legal e registro no Conselho (COREns/COFEn) para exercício da enfermagem. • Reconhecimento legal do técnico de enfermagem. • Reconhecimento da nova autonomia técnica do enfermeiro para exercício da enfermagem nas instituições de saúde e para o exercício liberal da profissão. • Obrigatoriedade de registro das instituições privadas de serviços de saúde e de ensino nos Conselhos de Enfermagem (COREns). • Definição do prazo de dez anos para profissionalização de todo o pessoal de enfermagem (atendentes de enfermagem). 2.2 – Pontos Negativos do Projeto Aprovado no Congresso Nacional • Não faz nenhuma referência aos parâmetros dos recursos humanos necessários para uma adequada assistência de enfermagem. • Exclui completamente as condições de trabalho necessárias para o exercício de uma profissão com características especiais como a enfermagem. • Não faz nenhuma referência ao direito de livre organização da enfermagem a partir do local de trabalho. 2.3 – Ponto Polêmico do Projeto Aprovado no Congresso Nacional A definição das atribuições de cada um dos exercentes da enfermagem é um dos pontos mais importantes da problemática atual e que identificamos como polêmico, porque a versão final aprovada conta com enfermeiros que discordam e têm uma forte oposição e indignação aos auxiliares de enfermagem. A versão original aprovada na Câmara dos Deputados tinha uma concepção mais genérica das atribuições, e assim, não despertava maiores dificuldades, porém, 15 limitava as atividades na área de obstetrícia apenas à obstetriz ou enfermeira obstétrica. As emendas apresentadas no Senado corrigiram esta deficiência na área da obstetrícia, porém, ao procurar especificar e detalhar as atribuições de cada profissional, introduziu conceitos e definições polêmicas e problemáticas. A primeira é a que cabe ao enfermeiro: • prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar e de doenças transmissíveis em geral. • prevenção e controle sistemático de danos que possam ser causados à clientela durante a assistência de enfermagem. •assistência de enfermagem a gestante, parturiente e puerperal. • cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida. • cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base científica e capacidade de tomar decisões imediatas. A segunda é que ao definir as competências do auxiliar de enfermagem estabelece as mesmas como sendo "de natureza repetitiva". Na verdade, esta classificação e estruturação das competências reflete uma concepção estratificada, hierarquizada e autoritária da prática da enfermagem e a busca de uma "saída legal", para a crise da prática atual do enfermeiro. E isto, num momento histórico em que a enfermagem procura aprofundar todo um questionamento sobre as suas relações internas de trabalho, o objeto do seu trabalho e o papel do enfermeiro. Não pode ser este o caminho e a forma de enfrentarmos um problema central como este para a profissão hoje, pois, ao contrário, isto amplia obstáculos e dificuldades. A Lei do Exercício Profissional deveria estabelecer parâmetros referenciais das competências, reafirmar o princípio da democratização interna do trabalho para uma adequada assistência de enfermagem e ter como preocupação central a garantia das condições externas e determinantes do pleno exercício profissional. 2.4 – Os Vetos do Presidente da República ao Projeto Aprovado no Congresso Nacional No dia 25 de junho de 1986, o presidente da República sanciona a "nova" LEP com 19 vetos ao projeto aprovado no Congresso Nacional (ver anexo). 16 Toda a orientação dos vetos é no sentido de impedir qualquer conquista externa mais ampla para a enfermagem, preservando, assim, os interesses da atual política de saúde, privatizante, hospitalar, curativa e empresarial. Por exemplo, a justificativa oficial para vetar o artigo 5: "a obrigatoriedade da inclusão de órgão de enfermagem da instituição de saúde seria desnecessariamente onerosa para pequenas unidades hospitalares". Para o artigo 10: "é discutível a autonomia na execução dos serviços e da assistência de enfermagem sem a supervisão médica". Assim, os vetos mutilam os avanços significativos que teríamos na Lei como autonomia, mercado de trabalho, organização profissional e a profissionalização dos atendentes de enfermagem. Os vetos presidenciais derrubam a metade dos pontos positivos listados anteriormente ao eliminar os itens 2, 3, 6 e parcialmente o item 7. No tocante às garantias do papel da enfermagem no ensino, com os vetos, a "nova" LEP representa um retrocesso em relação à anterior. Porém, como a Lei nº 2.604 não foi revogada, torna-se necessário usá-la para manter assegurado a nossa participação no ensino de enfermagem. 2.5 – O Decreto nº 94.406 que Regulamenta a "Nova" Lei do Exercício Profissional No Brasil uma lei aprovada pelo Congresso Nacional precisa ser sancionada pelo presidente da República, que pode vetar total ou parcialmente, e para entrar em vigor deve ter um decreto de regulamentação do poder executivo. No dia 08 de junho de 1987 o presidente da República assinou o decreto regulamentando a Lei nº 7.498 do exercício profissional da enfermagem. Este decreto de regulamentação não faz menção nenhuma ao item da profissionalização dos atendentes, exige a comprovação, apenas nas instituições públicas e se restringe, praticamente, somente na questão das atribuições dos exercentes de enfermagem. Nesse aspecto, faz uma tentativa de corrigir o texto da lei ampliando o campo de atuação do técnico de enfermagem como assistente do enfermeiro e eliminando a "natureza repetitiva" das competências do auxiliar de enfermagem e detalhando suas atribuições numa visão mais ampla do que previa a lei. O conjunto do decreto, ignorando questões externas determinantes, confirma e completa as medidas do executivo de eliminar os avanços significativos do projeto 17 original, demonstrando, mais uma vez, claramente, o compromisso do Governo com os interesses do setor privado hegemônico e dominante na política de saúde brasileira, com a consequente política de desvalorização da enfermagem e desinteresse pelas reais necessidades de saúde da população. 3. Ética e Bioética Ética: se refere à reflexão crítica sobre o comportamento humano e no ensino de enfermagem a disciplina faz “parar para pensar” a responsabilidade profissional, busca da autonomia, do agir com competência, em mobilizar conhecimentos para julgar e eleger decisões para a prática profissional democrática. Ao conceituar ética, enquanto disciplina, FORTES (1998) se refere à reflexão crítica sobre o comportamento humano, reflexão que interpreta, discute e problematiza, investiga os valores, princípios e o comportamento moral, à procura do “bom”, da “boa vida”, do “bem-estar da vida em sociedade”. A tarefa da ética é à procura de estabelecimento das razões que justificam o que “deve ser feito”, e não o “que pode ser feito”. É a procura das razões de fazer ou deixar de fazer algo, de aprovar ou desaprovar algo, do que é bom e do que é mau, do justo e do injusto. A ética pode ser considerada como uma questão de indagações e não de normatização do que é certo e do que é errado. A Ética teria surgido com Sócrates, pois se exigi maior grau de cultura. Ela investiga e explica as normas morais, pois leva o homem a agir não só por tradição, educação ou hábito, mas principalmente por convicção e inteligência. Vásquez (1998) aponta que a Ética é teórica e reflexiva, enquanto a Moral é eminentemente prática. Uma completa a outra, havendo um inter- relacionamento entre ambas, pois na ação humana, o conhecer e o agir são indissociáveis. Bioética: No termo bioética, bio representa o conhecimento biológico, a ciência dos sistemas viventes, enquanto ética, representa o conhecimento dos sistemas dos valores humanos. O nascimento da bioética como disciplina coincide, com um retorno do interesse da parte da ética filosófica pela ética prática; um interesse motivado pela urgência de fornecer um adequado fundamento ao debate público e 18 as legislações e de conduzir o diálogo no contexto das sociedades pluralistas e democráticas. A bioética atribui-se a função fascinante de dar plenitude de sentido, conhecimentos no campo das ciências da vida e da saúde e orientar a expansão dos conhecimentos técnicos e científicos para o bem autêntico e integral da pessoa humana. A definição mais aceita do termo bioética é, sem dúvida, aquela dada pela - Enciclopédia da Bioética: “É o estudo sistemático do comportamento perspectivo a luz dos valores e princípios morais”. 4. Dilemas Éticos 4.1 – O que são Dilemas Éticos? Os dilemas éticos acontecem quando um indivíduo precisa tomar uma decisão que envolve os seus valores morais. No âmbito da psicologia e da neurociência, são utilizadas situações hipotéticas desse tipo como teste, para que se possa conhecer melhor a pessoa que está sendo analisada. Esses testes são realizados nas mais diversas situações, o que inclui tanto psicopatas quanto pacientes que tiveram uma parte do cérebro atingida após um trauma. Assim como os dilemas éticos fictícios, a vida real também se mostra cheia de decisões desafiadoras que precisam ser tomadas no decorrer da existência. Nesse sentido, é importante que os indivíduos tenham sempre certeza a respeito de seus valores morais, para que consigam tomar decisões de forma tranquila e consciente em relação ao que acreditam. 4.2 – Exemplos de Dilemas Éticos e como Lidar com Eles No decorrer da vida pessoal e profissional, é bastante comum que você se veja diante de situações delicadas, em que precise pensar nas consequências e, também, considerar os seus valores éticos e morais para agir. Veja, a seguir, alguns exemplos de dilemas éticos. Presenciar Atitudes Antiéticas de Outras Pessoas: um dos dilemas mais comuns é aquele que envolve presenciaroutras pessoas tomando atitudes antiéticas. Isso pode acontecer entre amigos, na família e, principalmente, no trabalho. O dilema envolvido é se deve ou não denunciar o indivíduo que está agindo desonestamente ou intervir diretamente naquela situação. http://www.jrmcoaching.com.br/blog/conduta-etica-profissional-pode-e-deve-ser-uma-arma-para-crescer/ 19 Convivência com Atos Antiéticos: muitos profissionais lidam diariamente com atos antiéticos no trabalho, como sonegação de impostos, desrespeito aos direitos do trabalhador e concorrência desleal. Esse é um exemplo de dilema porque a grande maioria das pessoas não sabe como agir, já que o seu emprego pode estar em jogo. Utilizar Atalhos para Atingir Objetivos: quando se tem um objetivo, é necessário batalhar para alcançá-lo. Contudo, muitos indivíduos se sentem em dúvida quando se deparam com a oportunidade de conseguir o que desejam mais rapidamente, porém, o preço a se pagar é agir de forma antiética. Furtar: muitas pessoas, seja na vida pessoal ou profissional, têm acesso a dinheiro e objetos, de grande ou menor valor, que pertencem aos outros ou a empresas e que acreditam que poderiam furtar “sem serem descobertos”. Muitos agem de tal forma sem considerar que se trata de um furto por crerem que são itens de valor baixo. Contudo, independente do valor, se apossar de algo que pertence a terceiros sempre é uma atitude antiética. Se Permitir ser Subornado: o suborno é o ato de oferecer dinheiro a alguém em troca de um favor ou para obter vantagens. Assim como subornar é considerado uma atitude antiética, aceitar a situação também é. Agir com Parcialidade: em situações como escolher um candidato a uma vaga de emprego, por exemplo, o correto é agir com imparcialidade, para eleger o profissional mais qualificado e que melhor se encaixe no cargo. Agir com parcialidade, considerando relações de amizade, gênero, raça ou por ter recebido alguma vantagem é sinal de falta de ética. Se Beneficiar de Informações Confidenciais: esse exemplo é bastante comum em empresas, especialmente entre funcionários que tenham acesso a informações confidenciais. O ato de obter vantagens pessoais ao se valer de dados privilegiados da organização em que trabalha é considerado antiético. 4.3 – Como Lidar com Dilemas Éticos Não existe uma fórmula pronta de como lidar com dilemas éticos, afinal cada situação tem suas características e consequências. Contudo, procure sempre se pautar pela ética e pelos seus valores morais. Obter vantagens tendo que passar por cima daquilo que acredita pode até se mostrar uma boa opção no início, mas pode lhe custar muito no futuro. http://www.jrmcoaching.com.br/blog/encontrando-respostas-para-vida-pessoal-e-profissional-entenda-o-coaching-integral/ 20 Procure sempre conquistar os seus objetivos através de trabalho e esforço e verá o quanto isso será recompensador. A tranquilidade de agir sempre de forma honesta e ética não tem preço. Mesmo que a política do nosso país e algumas pessoas com as quais convive tentem mostrar o contrário, a melhor forma de lidar com dilemas éticos é sendo ético e fiel às suas convicções morais. Neste sentido, para tomar a melhor decisão, é importante considerar os seguintes pontos: O primeiro passo deve ser pensar na decisão que pretende tomar e em como se sente em relação a ela. Considere a sua intuição e o que ela te diz sobre a situação em questão. É importante analisar o fato com cautela, a fim de se certificar de que se trata de algo verídico e não de um boato. Caso tenha testemunhas confiáveis que possam confirmar as informações, poderá tomar a sua decisão com mais tranquilidade. Caso tivesse que contar sobre essa decisão para uma pessoa da sua família, sentiria vergonha ou orgulho? Se a resposta for vergonha, é um grande sinal de que precisa repensar a atitude que pretende ter. Se essa história vier a público, como acredita que ficará a sua imagem, a de alguém que agiu de forma ética ou antiética? Se a resposta for a segunda opção, é sinal de que sua decisão é, no mínimo, questionável e precisa ser revista. Faça um exercício de empatia e imagine como se sentiria se fosse a parte prejudicada da situação. Então, verifique se agiria da mesma maneira caso fosse o principal envolvido. Essa reflexão fará com que consiga ter uma visão mais ampla sobre os dilemas, podendo agir de forma mais assertiva e segura. Após a análise desses pontos, tenho a certeza de que irá tomar a melhor decisão e agir de forma ética, sem passar por cima dos seus valores morais, profissionais e pessoais. Por mais desafiador que possa parecer no início, vencer as provocações e agir com ética fará com que sinta mais orgulho de si. Ser um exemplo de ética para amigos, familiares e colegas de trabalho certamente trará muitos retornos positivos para a sua vida. Apesar do que muitos dizem; o mundo não é dos espertos, mas sim das pessoas éticas e honestas. 5. Modelos de Análise de Conflitos em Bioética 21 O conflito manifesta-se presente em todas as sociedades, sendo um fenômeno inevitável, uma vez que tem como base ontológica a natureza do próprio indivíduo em sua convivência em grupo. Entretanto, nos dias atuais, as grandes transformações pelas quais passam as sociedades, aliadas ao reconhecimento do pluralismo das ações humanas, antagonismos e contradições de ideias e interesses, ao mesmo tempo em que abrem novas perspectivas de melhoramento das condições humanas pelo respeito à diversidade, geram conflitos cada vez mais complexos que colocam em xeque as tradicionais formas de resolução de controvérsias, ou seja, um indivíduo isoladamente, utilizando-se da força física (autotutela) ou da força da lei (jurisdição), toma para si a obrigação de resolver o conflito. Considerando a complexidade desses conflitos, as soluções, para alcançarem efetividade e promoverem satisfação aos envolvidos, estão saindo da alçada do indivíduo para a competência de grupos multidisciplinares, a partir do diálogo entre indivíduos e do espírito de colaboração e solidariedade entre as pessoas, ressaltando a importância da participação ativa da sociedade no tocante à solução dos problemas individuais ou coletivos. O conflito, quando bem manejado, pode contribuir como uma força positiva motriz da sociedade. O seu estudo, que desperta o interesse de várias disciplinas, dentre elas a Bioética que possui um especial interesse pelo tema por ter ela mesma sua origem na preocupação com o respeito ao ser humano inserido num contexto de diversidade, será o objeto do primeiro capítulo deste trabalho, a fim de que, a partir do domínio da dinâmica do conflito seja possível encontrar formas de solução que restaurem, com o maior nível de satisfação possível, o equilíbrio social abalado pelas disputas em geral e, especificamente, pelas disputas relacionadas com temas bioéticos, conforme veremos a seguir. 6. Atitude Ética na Atuação em Equipe Multiprofissional Equipe Multiprofissional é a junção de esforços e interesse de um grupo de profissionais que reconhecem a interdependência com os outros componentes e se identificam com um trabalho de caráter cooperativo e não competitivo, com o fim de alcançar um objetivo comum cuja atividade sincronizada e coordenada caracteriza um grupo estritamente ligado. 22 O trabalho em equipe não significa portanto, a somação de indivíduos organizados para uma tarefa comum, mas a integração de cada elemento que a compõe, atendendo às peculiaridades grupais, e numa reunião de técnicos em várias especialidades profissionais, desempenhando funções harmônicas numa verdadeira intercomplementação. 6.1 – Vantagens do Trabalho em Equipe Multiprofissional Da noção de interdependência à influência bilateral da conduta do grupo interprofissional surgem os resultados esperados de qualquerfunção em equipe: a ideia do sinergismo. Sobre o assunto, assim se expressa DE FELICE (1976), "os pacientes consideram a equipe como seu médico". E quanto ao grau de satisfação obtida pelo paciente com relação ao trabalho de equipe, o autor citou SILVER, o qual observou que 94% dos pacientes expressaram satisfação com a assistência combinada, considerando-a melhor do que recebida por um médico somente e, S0% dos pacientes consideraram a associação de um médico e um profissional afim de área de saúde, como uma tendência inevitável na prática da medicina. Evidenciado está, que o trabalho realizado por equipe multiprofissional constitui importância relevante com as seguintes vantagens: a) assegura a participação de toda a equipe através de um trabalho integrado; b) propicia uma assistência mais condigna e humana ao paciente por meio da interação multiprofissional; c) centra as responsabilidades através do trabalho copraticado; d) fortalece as relações entre os profissionais, paciente e família para o alcance dos objetivos; e) aumenta o aproveitamento da capacidade profissional pela coesão do trabalho; f) favorece o relacionamento interprofissional. 6.2 – Requisitos para um Trabalho em Equipe 23 Um constante interesse para alcançar os objetivos propostos deve nortear a equipe, onde cada elemento necessita do trabalho do outro através de uma estreita colaboração. É imprescindível que os participantes da equipe apresentem requisitos como sejam: a) espírito de equipe — é o desejo de unir forças para obtenção do objetivo comum; b) participação — acreditar e se esforçar para realizar alguma coisa; c) intercomunicação — ocorre quando há um perfeito conhecimento e segurança no campo específico de ação e, geral nas outras áreas; d) capacidade de assumir responsabilidade — é aceitação total do trabalho com um esforço contínuo para bem desempenhar as funções; e) satisfação — é o sentimento de segurança, de amplitude em fazer parte de um trabalho que reflita satisfação íntima. 6.3 – Fatores que Impedem o Funcionamento Eficaz da Equipe Multiprofissional O trabalho em equipe multiprofissional nem sempre resulta perfeitamente uniforme e sem incidentes. O mesmo não nasce espontaneamente, sendo que uma verdadeira conscientização do papel de cada elemento contribui para eliminar aspectos que interferem em seu funcionamento eficaz. Muitos fatores contribuem para o não cumprimento das verdadeiras funções de equipe: a) Individualismo — um estudo sobre as atitudes dos médicos com relação ao trabalho em equipe, feito por Kane e Kane5, resultou na seguinte observação: "82% dos médicos pensam que poderiam atender adequadamente aos enfermos sem ajuda de outros profissionais sanitários. Admitiram que a tendência do médico a considerar-se a si mesmo em uma posição de autoridade em relação aos seus pacientes, guarda uma relação paralela com sua tendência a descartar a necessidade de experiência dos outros. Ferreira Santos (1973), cita: "o produto do trabalho, a tarefa principal (cura do doente) é entretanto considerada do médico". Mesmo quando outros profissionais atuam eficientemente, a tradição diz que o trabalho poderia ter sido feito sem esses auxílios". O MEC (Ministério da Educação e Cultura) propõe diretrizes para eliminar esse individualismo quando assim se expressa: "Considerando a evidência de que, cada vez mais, o médico deve trabalhar em equipe multiprofissional, que sejam http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71671978000300321#B05 24 realizadas com maior frequência, as técnicas de trabalho em grupo e proporcionadas experiências, sempre que possível, incluindo alunos de diferentes categorias profissionais". b) Tradicionalismo — este aspecto refere-se à enfermagem como tradição de caridade, imagem materna, que executa técnicas e cumpre ordens médicas, o que tem dificultado afirmar o alcance, a nível de seus pares universitários, de conhecimento em áreas específicas de enfermagem. Só paulatinamente o enfermeiro está sendo reconhecido como autoridade no seu campo6. c) Autoritarismo — a delimitação do âmbito de poder do médico, enfermeiro e outros profissionais, é um dos pontos críticos no inter-relacionamento multiprofissional. A tomada de consciência de que a enfermagem moderna, é científica, e com direito a este reconhecimento, faz com que os enfermeiros se insurjam contra a autoridade que outros profissionais julgam ter sobre os mesmos. Outros fatores interferem para inibir o funcionamento da equipe: alto interesse econômico, profissionalismo, diferenças de nível sociocultural, valores, atitudes e crenças. 6.4 – O Trabalho da Equipe O ponto de partida para o trabalho de equipe multiprofissional deve estar centrado numa filosofia em que, o paciente e seus problemas, circunstancialmente, depende de todos, com igual intensidade dentro da área de competência de cada elemento do grupo. O paciente ao ser encaminhado para a unidade de internação deve ter sentido a abordagem decorrente do processo médico e de enfermagem, pelo menos, na fase descritiva, ou seja: a) anmnese e diagnóstico médico quando o paciente consulta o médico; b) histórico de enfermagem e diagnóstico de enfermagemquando o paciente é recebido pelo enfermeiro. Nas fases subsequentes, ou seja: de intervenção e avaliação, é necessário que sejam atendidas as diferenciações das necessidades dos pacientes. A partir dessa diversificação de necessidades é que a equipe multiprofissional torna-se imprescindível ao integral atendimento do paciente. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71671978000300321#B06 25 Leitura Complementar ÉTICA E PRÁTICA PROFISSIONAL EM SAÚDE Maria Bettina Camargo Bub Resumo: Há várias teorias éticas e modelos de análise teórica que podem orientar a nossa forma de ser e agir profissionalmente. Mesmo levando em consideração que referências filosóficas e teóricas nos ajudam a pensar criticamente, é sempre bom ter em mente que a aplicação rotineira de métodos nunca é um substituto satisfatório para a inteligência crítica. Porém, não é nada simples responder as questões: como devem ser os enfermeiros e enfermeiras na sua prática profissional? Como devem agir os enfermeiros e enfermeiras em relação aos outros e a si mesmo? Neste sentido, o propósito deste texto é contribuir com fundamentos éticos que possibilitem a reflexão sobre a forma como temos agido e como temos sido enquanto profissionais de saúde. O objetivo é problematizar a relação cliente - profissional de saúde, uma vez que é nessa prática cotidiana que se integram os elementos próprios da conduta moral profissional. Palavras-chave: Ética. Prática profissional. Saúde. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/tce/v14n1/a09v14n1.pdf> Acesso em: 05/09/2018. 26 Referências A Importância da Conduta Ética no Trabalho. Disponível em: <https://www.ibccoaching.com.br/portal/comportamento/importancia-conduta-etica- trabalho/> Acesso em: 05/09/2018. A "Nova" Lei do Exercício Profissional da Enfermagem: uma análise critica. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034- 71671987000300014> Acesso em: 05/09/2018. As Condutas Éticas Essenciais para Profissionais de Saúde. Disponível em: <http://cbexs.com.br/as-condutas-eticas-essenciais-para-profissionais-da-saude/> Acesso em: 05/09/2018. A Atuação do Enfermeiro na Equipe Multifuncional. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034- 71671978000300321> Acesso em: 13/09/2018. Definição de Ética, Moral, Deontologia e Bioética. Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/definicao-de- etica-moral-deontologia-e-bioetica/33305> Acesso em: 07/09/2018. FERREIRA SANTOS, Célia A. — A Enfermagem como profissão. São Paulo,Pioneira, 1973. Mediação Bioética: busca de soluções compartilhadas para resolução de conflitos bioéticos. Disponível em: <http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/10220/4/2011_NataliaMariaSoaresCarreiro .pdf>Acesso em: 10/09/2018. O que são Dilemas Éticos e como Lidar com Eles? Disponível em: <https://www.jrmcoaching.com.br/blog/o-que-sao-dilemas-eticos-como-lidar/> Acesso em: 10/09/2018. Universidade Federal de Goiás. Ética e Exercício da Enfermagem. Disponível em: <https://www.fen.ufg.br/up/126/o/plano-2012-s01-p07-etica-exercicio- enfermagem.pdf?1343412215> Acesso em: 04/09/2018. 1.1 – Porque Cultivar a Ética no Trabalho 1.2 – O que é Ética Profissional? 1.3 – Exemplos de Ética no Trabalho Para te Inspirar
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