Netto – CARDIOLOGIA – MEDICINA P6 – 2010.1 7 INTERVALO PR o intervalo que corresponde desde o incio da onda P at incio do complexo QRS, ou seja, incio da contrao atrial ao incio da contrao ventricular. Significa o registro grfico da despolarizao de praticamente todo o sistema de conduo: transmisso do impulso desde o n sinuatrial at os ramos do feixe de His e de Purkinje (por se tratar de um pequeno contigente de fibras em comparao ao msculo cardaco, se mostra na forma de uma linha isoeltrica). um indicativo da velocidade de conduo entre os trios e os ventrculos e corresponde ao tempo de conduo do impulso eltrico desde o n do atrio-ventricular at aos ventrculos. Este intervalo necessrio para manter o ritmo cardaco necessrio para que os trios e ventrculos se contraiam em tempos diferentes. Duração: de 0,12 a 0,20s (3 a 5 quadradinhos). o Maior que 0,20s: Bloqueio atrio ventricular de estmulo de 1 grau (BAV 1) o Menor que 0,12s: Sndrome de Pr-excitao; Sndrome de Wolf-Parkinson-White (causada por uma fibra que conecta previamente as fibras de conduo dos trios com os ventriculos). A Síndrome de Wolff-Parkinson-White caracterizada por uma arritmia cardaca causada por um sistema de conduo eltrico anmalo, que faz com que os impulsos eltricos sejam conduzidos ao longo de uma via acess ria das aurculas at os ventrculos, diminuindo o retardo que ocorreria no n AV. tambem uma forma de taquicardia, formada por uma conduo atrioventricular adicional que impede conduo normal do estmulo do trio at o n dulo atrioventricular, causando o que chamamos de taquicardia supraventricular. A correo cirrgica, sendo necessria a ablao deste segmento acess rio. O intervalo PR assim chamado, mesmo no compreendendo a pr pria onda R (mas sim o incio da onda Q), pois nem todas as derivaes possuem a onda Q, mas todas possuem a onda R. SEGMENTO PR Linha isoeltrica correspondente entre o fim da onda P e o incio do complexo QRS, representando o atraso normal que acontece quando o estmulo eltrico do corao alcana o n AV. Este atraso, como j vimos, necessrio para que haja a contrao ventricular logo depois de completada a contrao atrial, isto : para que haja uma harmonia de contrao entre os dois sinccios cardacos. Tem durao mdia de 0,08s (2 quadradinhos). COMPLEXO QRS Complexo, como vimos, um conjunto de ondas. O complexo QRS consiste na representao grfica da despolarizao ventricular, ou seja, da contrao dos ventrculos. maior que a onda P em amplitude pois a massa muscular dos ventrculos maior que a dos trios. Anormalidades no sistema de conduo geram complexos QRS alargados e representam situaes de emergncia. Duração: 0,10 a 0,12 segundos. Maior que 0,12s Bloqueio de um ramo D ou E do Feixe de His. Nestes casos, apresenta entalhes importantes. Polaridade: depende da orientao do vetor SQRS (que representa o vetor de despolarizao ventricular). Vale salientar que, no complexo QRS, a primeira onda positiva sempre ser a onda R, independente da derivao; a primeira onda negativa antes do R a onda Q; a primeira onda negativa depois de R a onda S. Morfologia normal: de V1 a V6, nesta ondem, a onda R aumenta e a onda S diminui em amplitude (r, rS, rS’, Q, qR, qRs). Amplitude: baixa voltagem: 5mm; R+S em V2 ≤ 9mm. A doença de Chagas causa bloqueio atrioventricular total (BAVT), causando um bloqueio no sistema de conduo do impulso entre o trio e o ventrculo, alargando o complexo QRS. Se o complexo QRS estiver alargado, isso representa algum bloqueio no ramo direto ou esquerdo do Feixe de His, ou a pr rpia ausncia desse ramo. Isso faz com que o impulso, para ser propagado a todo o ventrculo, seja passado de clula em clula, a ponto de que o ventrculo se contraia de forma errada e ineficiente, alargando o complexo QRS devido a demora de propagao do impulso a toda a massa muscular. 5% da populao nasce com o ramo direito do Feixe de His bloqueado. A repolarizao auricular no costuma ser registrada, pois encoberta pela despolarizao ventricular (registrada pelo complexo QRS), evento eltrico concomitante e mais potente. SEGMENTO ST O segmento ST a linha isoeltrica que representa o intervalo entre o fim do complexo QRS (Ponto J) e o incio da onda T. Corresponde ao perodo entre fim da contrao ventricular e o incio da repolarizao ventricular, sendo representada por uma linha isoeltrica. O desnivelamento do segmento ST aceitvel em at 1 mm; mais do que isso, podemos suspeitar das seguintes alteraes, que devem ser diferenciadas por meio da clnica do paciente ou por marcadores bioqumicos. Arlindo Ugulino Netto – CARDIOLOGIA – MEDICINA P6 – 2010.1 8 Alteraes primrias da repolarizao ventricular: so as alteraes causadas por doenas coronarianas. Um infradesnivelamento nessa linha (mais que 1mm) sinal de isquemia subendocrdica; um supradesnivelamento nessa linha sinal de infarto agudo do miocrdio (isquemia subepicrdica). Alteraes secundrias da repolarizao ventricular: caracterizada por uma sobrecarga ventricular. A sobrecarga do ventrculo direito ou um bloqueio de ramo pode provocar um infradesnivelamento do segmento ST; j o supradesnivelamento sugestivo de sobrecarga ventricular esquerda. ONDA T Onda arredondada que representa o final da repolarizao ventricular, correspondendo, portanto, ao fim do segmento ST. O seu parmetro mais importante a morfologia. Durao: a medida est inclusa no intervalo QT. Morfologia: arredondada e assimtrica, em que a primeira poro mais lenta. o Simtrica, pontiaguda e positiva hiperpotassemia, isquemia subendocardica. o Simtrica, pontiaguda e negativa isquemia subepicrdica. Amplitude: menor do que a amplitude do QRS. Polaridade: positiva na maioria das derivaes: DIII, aVR, V1 e em crianas: V1, V2 e V3. INTERVALO QT Incio da contrao ventricular at o fim da repolarizao ventricular. Corresponde ao incio do complexo QRS at o fim da onda T. O aumento em durao da onda QT significa aumento da repolarizao, o que predispe arritmia. Durao: entre o incio do QRS e o fim da onda T normal: 0,30 – 0,46 seg. A durao do intervalo QT pode ser calculada pela f rmula de Bazett (QT corrigido): QTcorrigido = QTmedido / √R-R. QT > 0,46 Sndrome do QT longo, morte sbita, SMSI. O prolongamento do intervalo QT (Sndrome do QT Longo Congnita) um fator de risco para morte sbita independentemente da idade do paciente, de hist ria de infarto do miocrdio, da freqncia cardaca e de hist ria de uso de drogas; os pacientes com intervalo QTc de > 0,44s tm 2 a 3 vezes maior risco de morte sbita que aqueles com intervalo QTc < 0,44s. A taxa de mortalidade em pacientes com SQTL no tratados varia de 1 a 2% por ano. A incidncia de morte sbita varia de famlia para famlia como uma funo do gen tipo. DERIVAES ELETROCARDIOGR FICAS Na superfcie do corpo existem diferenas de potencial consequentes aos fenmenos eltricos gerados durante a excitao cardaca. Estas diferenas podem ser medidas e registradas. Para isto so utilizados galvanmetros de tipo particular que constituem as unidades fundamentais dos eletrocardi grafos. Os pontos do corpo a serem explorados so ligados ao aparelho de registro por meio de fios condutores (eletrodos). Dessa forma, obtm-se as chamadas derivaes que podem ser definidas de acordo com a posio dos eletrodos. A idia bsica observar o corao em diferentes ngulos, ou seja, cada derivao, representada por um par de eletrodos (um positivo e um negativo), registra uma vista diferente da mesma atividade cardaca. As derivaes podem ser definidas de acordo com a posio dos eletrodos (chamados eletrodos