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Distúrbios da Hemostasia • Hemostasia é o processo fisiológico encarregado de parar o sangramento e iniciar o reparo dos tecidos → existindo em 2 etapas, que acontecem ao mesmo tempo o Hemostasia primária, sendo função das plaquetas → estanca o sangramento, pela formação do tampão plaquetário o Hemostasia secundária → evita o ressangramento pela formação de fibrina, que consolida o trombo (coágulo). • A resposta hemostática normal ao dano vascular depende da interação entre a parede vascular, as plaquetas circulantes e os fatores de coagulação do sangue o Devendo ser estritamente controlada para evitar desenvolvimento excessivo de coágulos e desfazê-los após a reparação dos danos ▪ Precisa do equilíbrio entre mecanismos pró e anti coagulantes e o processo de fibrinólise Plaquetas • Plaquetas em repouso possuem formato discoide, com superfície com várias invaginações na membrana o Dão origem ao sistema canalicular aberto, uma rede de tubos no citoplasma, com o interior em contato com o meio externo → serve para exocitose dos grânulos intracelulares ▪ E armazena receptores de agregação plaquetária e reserva de membrana que serão “regurgitadas” quando a plaqueta se ativar. • Existem 3 tipos de grânulos no citoplasma plaquetário Grânulos-alfa → predominantes, contem proteínas que aumentam adesividade plaquetária (fator de von Willebrand, fibronectina, fibrinogênio...) e que participam da cascata da coagulação, como o fator V o Tambem secretam fatores de crescimento como PDGF Grânulos densos → armazenam agonistas da atv plaquetária e sistema de coagulação, como ADP e Ca Lisossomos → contêm hidrolases que podem ajudar a ativar alguns fatores • O citoesqueleto das plaquetas possui filamentos de actina e miosina no citoplasma → e uma malha de espectrina abaixo da superfície celular o Essa rede proteica se ancora na membrana pela ligação do receptor do fvW (glicoproteína Ib), servindo de ponte entre o citoesqueleto e a matriz extracelular → estabiliza o tampão • Varias proteínas da superfície são antígenos importantes na autoimunidade → antígenos plaquetários humanos HPA, antígenos ABO e HLA classe I ORIGEM • Produzidas na MO por fragmentação do citoplasma dos megacariócitos • Seu precursor megacarioblasto surge por diferenciação da CT hematopoética a partir da estimulação pela trombopoietina → produzida no fígado e rim, e aumenta a maturação via receptor c-MPL o O megacariócito amadurece por replicação endomitótica sincrônica → não há divisão nuclear ou citoplasmática, e aumenta o volume citoplasmático e o número de lobos nucleares • Nas formas precoces há invaginações da membrana, com ramificação e granulação do citoplasma → plaquetas se formam pela fragmentação das extremidades do citoplasma, com liberação dos grânulos • Cada célula origina 1-5k de plaquetas → com vida média de 7 a 10 dias ❖ Importância do Fator de von Willebrand → as plaquetas circulantes precisam se prender ao colágeno subendotelial exposto do vaso lesado o Sua superfície tem receptores de colágenos GP Ia/IIa/VI → a ligação entre o colágeno, o fvW e seu receptor (GP Ib) faz com que a plaqueta fique firmemente presa • Ele tambem transporta o fator VIII → liberado sob influência de estresse, exercícios físicos, adrenalina... HEMOSTASIA PRIMÁRIA • A formação do tampão plaquetário no sitio de injuria vascular requer a integridade da adesão, ativação e agregação plaquetária (além da amplificação) Adesão Plaquetária • A lesão do endotélio dos vasos sanguíneos expõe a matriz subendotelial fibrosa → onde o colágeno é a principal e serve se substrato, se ligando a GP VI da plaqueta • O fator de von Willebrand faz o tampão plaquetário permanecer “agarrado” ao colágeno, pelo receptor GP Ib produzido pelas células endoteliais → evita que a corrente sanguínea arraste as plaquetas o O fvW tambem é o carreador do fator VIII, e impede que este seja destruído precocemente pelas proteases → consistência e adesão plaquetária Ativação Plaquetária • As plaquetas são estimuladas pelos agonistas plaquetários → colágeno, epinefrina e trombina • Eles “regurgitam” as membranas do sistema canalicular e o conteúdo de seus grânulos é secretado o Isso aumenta a superfície de contato entre os receptores de adesão e agregação • Também induz a síntese de Tromboxane A2 pela COX-1 → recruta plaquetas circulantes e faz uma alça de retroalimentação positiva – amplificando a atv plaquetária. Há a degranulação → onde os grânulos densos liberam ADP que ativa novas plaquetas, e serotonina que causa vasoconstrição local → ajuda a reduzir o sangramento o Grânulos alfa secretam proteínas que aumentam atv plaquetária e participam da cascata → e fatores de crescimento que iniciam o reparo tecidual • Há exposição do fosfolipídio plaquetário (fator III) na membrana do trombócito ativado → nele se prendem as principais enzimas da cascata de coagulação ❖ AINEs → a síntese de tromboxano A2 pela COX-1 amplifica a ativação plaquetária e recruta plaquetas para a área de lesão • O AAS (ácido acetilsalicílico) “acetila” a molécula de COX-1, causando bloqueio irreversível → pode reduzir a formação de trombos por dias • Os demais AINEs bloqueiam reversivelmente a COX-1, permitindo a secreção de TxA2 pela mesma plaqueta após a suspensão da droga o Por isso se suspende o AAS 7-10 dias e os outros AINEs 48h antes de uma cirurgia. • Também existem suplementos alimentares e ervas medicinais capazes de exercer efeito antiplaquetário → suplementos de ácidos ômega-3 e o Gingko biloba Agregação Plaquetária • A formação de um trombo firme, bem aderido e com várias camadas de plaquetas, consegue estancar o sangramento em pouco tempo • A agregação é mediada pela glicoproteína IIb/IIIa → utiliza fibrinogênio como “ponte” para ligar uma plaqueta à outra, formando um trombo mais coeso o A GP IIb/IIIa é incapaz de fazer isso quando inativada → ativação plaquetária promove uma alteração conformacional desses receptores HEMOSTASIA SECUNDÁRIA • O sistema de coagulação é representado por um conjunto de proteínas plasmáticas, inicialmente inativas (zimogênios) → que ativam umas às outras numa sequência exponencial o Assim, até pequenos estímulos pro coagulantes podem resultar em formação alta de fibrina • Os monômeros de fibrina se polimerizam e formam uma “rede” em volta do plug plaquetário, acumulando também hemácias e leucócitos → trombo vermelho, formado na circulação venosa o O trombo branco é composto por plaquetas (pouca fibrina), predomina na circulação arterial. • Todos os fatores de coagulação são sintetizados no fígado, exceto fator VIII (sintetizado no endotélio) • Alguns necessitam de modificações pós-sintéticas para funcionar adequadamente → são dependentes de vitamina K, necessária para a carboxilação dos resíduos de ácido glutâmico dessas moléculas o Complexo protrombínico → fatores II, VII, IX, X, proteínas C e S ❖ O fosfolipídio plaquetário serve para que os fatores com resíduos carboxilados se liguem → sendo formadas enzimas que aumentam a velocidade das reações de coagulação o E facilita a formação do coágulo, uma vez que estará restrito a superfície do trombo plaquetário no sitio de injuria vascular ▪ Tenase → ativador do fator X ▪ Protrombinase → ativador da protrombina. • Depois da agregação e liberação das plaquetas, o fosfolipídio da membrana exposto (fator plaquetário 3) fica disponível para 2 reações da cascata da coagulação → ambas dependentes de cálcio o A 1ª envolve os fatores IXa, VIIIa e X → na formação do fator Xa o A 2ª resulta na formação da trombina a partir da interação entre Xa, Va e protrombina II • Existem 2 maneiras de fazer o sangue coagular no lab → via intrínseca e via extrínseca → na realidade apenas um processo é operante, com ambas as vias Via Intrínseca • Desencadeada pelo contatodo fator XII no sangue com uma superfície que tenha cargas elétricas negativas (vidro, caolin, colágeno) o Nestas superfícies, o Cininogênio de Alto Peso Molecular (CAPM) ativa o fator XII • O fator XIIa converte a pré-calicreína em calicreína → que aumenta a formação do fator XII num feedback positivo, e converte o fator XI em fator XIa • O fator XIa ativa o fator IXa → este atua junto ao Fator VIIIa, fosfolipideos plaquetários, e fator III das plaquetas traumatizadas → ativando o fator X o O fator Xa se combina com fator V e plaquetas/fosfolipideos para formar o complexo ativador da protrombina → desencadeia a clivagem da protrombina em trombina, iniciando a etapa final • O fator VIII é ativado pela trombina • O exame utilizado para avaliá-la é o Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada → “PTTa” Via Extrínseca • Iniciada com a liberação do Fator Tecidual pelas células subendoteliais lesadas • Na membrana, o fator VII se liga ao TF na presença de cálcio ionizado → vira fator VIIa o O complexo TF-fator VIIa ativa o fator X → produzindo o fator Xa ▪ Fator Xa se combina com TF, fatores plaquetários e Fator V → forma o complexo ativador da protrombina → na presença de Ca, protrombina se divide e forma trombina • Inicialmente o Fator V no complexo está inativo → é ativado pela trombina assim que a coagulação inicia • O Fator Xa cliva a protrombina para a formação da trombina no complexo ativador da protrombina final o O fator V acelera essa atividade → feedback positivo • O exame que mede a eficiência desta via é o Tempo e Atividade da Protrombina → “TAP” ❖ Ambas as vias convergem para a “VIA COMUM” a partir do momento em que o fator X é ativado. • O fator Xa se liga ao fosfolipídio plaquetário para converter o fator II (protrombina) em fator IIa (trombina) → na presença de cálcio ionizado e fator Va o Esse complexo é a Protrombinase → forma muita trombina, que transforma o fibrinogênio plasmático (fator I) em monômeros de fibrina, os quais se combinam para formar um polímero • A trombina também ativa os fatores V, VIII e XIII → e é um potente ativador plaquetário • As ligações fibrina-fibrina são estabilizadas pela ação do fator XIIIa → a rede de fibrina reveste e estabiliza o plug plaquetário, finalizando o processo hemostático. ❖ A tenase da VI sustenta a continuidade da coagulação sanguínea → fator VIIa (da VE) também ativa o fator IX, que ativa o fator X na presença do fator VIIIa (tenase da VI) o Isso quer dizer que a VE ativa a enzima mais importante da VI, retroalimentando positivamente o sistema (gerando trombina) • Este fenômeno é crucial para a continuidade do processo, já que a tenase da via extrínseca (TF + VIIa) é rapidamente inativada pelo TFPI (Tissue Factor Pathway Inhibitor), bloqueando a continuidade o Logo, se houver deficiência dos fatores IX e VIII, distúrbio da coagulação se instala (hemofilia). CÉLULAS ENDOTELIAIS • O endotélio está representado por uma monocamada de células na interface entre o sangue e os tecidos → dotada de diversas propriedades, incluindo a regulação da trombogênese Endotélio Integro • Mantém a fluidez do sangue e secreta agentes fibrinolíticos endógenos → que garante a “poda” do coágulo caso ele se forme nas proximidades. o Consegue bloquear os 3 passos da hemostasia primaria, e a cascata da coagulação ❖ INIBIÇÃO DA HEMOSTASIA PRIMÁRIA → endotélio produz Óxido Nítrico e Prostaciclina (PGI2 ) • Ambos têm meia vida de segundos, então não se afastam de onde são secretados. • Quando a plaqueta se aproxima da parede do vaso ela entra em contato com esses inibidores, não respondendo a agonistas o Na membrana luminal existe um receptor CD39 que transforma ADP (ativador) em adenosina (inibidor da função plaquetária) • As plaquetas são facilmente ativadas por diversos tipos de “provocação” → o endotélio consegue garantir o desencadeamento de reações “furiosas” apenas quando necessárias • A prostaciclina e NO aumentam o AMPc e GMPc no citoplasma trombocitário → ativam quinases intracelulares, fazendo fosforilação e inativação de proteínas de ativação plaquetária. o O Dipiridamol (Persantin®) imita esse processo pois inibe a fosfodiesterase (bloqueando a degradação de AMPc e GMPc) ❖ INIBIÇÃO DA HEMOSTASIA SECUNDÁRIA • Trombomodulina → expressa no lúmen, forma um complexo com a trombina e ativa a proteína C o Degrada os fatores VIIIa (via intrínseca) e Va (via final comum). • Proteína S → cofator da proteína C, inativa os fatores Va, VIIIa, e fator Xa • Heparan-sulfato → ativa antitrombina III, acelerando hidrólise dos fatores dependentes da vitamina K o Interrompe tanto a via extrínseca quanto a via intrínseca e a via final comum. • Inibidor da Via do Fator Tecidual (TFPI) → corta a via extrínseca “pela raiz” ❖ ESTÍMULO À FIBRINÓLISE • Estresses como exercício, hipóxia, acidose, aumento da pressão venosa e a própria trombina promovem a liberação de tPA → ativados do plasminogênio tecidual o Transforma o plasminogênio em plasmina, o principal agente fibrinolítico endógeno ENDOTÉLIO LESADO • Ocorre estímulos pró-coagulantes. • Corpúsculos de Weibel-Palade nas artérias da macrovasculatura → lembra grânulos alfa das plaquetas, pois contem fvW e receptores transmembrana de adesão. • Matriz subendotelial → estrutura responsável pela adesão e ativação primária das plaquetas. ❖ Mesmo sem trauma, células endoteliais podem “desligar” seus mecanismos antitrombóticos graças aos efeitos de citocinas pró-inflamatórias • TNF-alfa e IL-1 reduzem níveis de trombomodulina na membrana e “forçam” a síntese do FT • Endotoxinas bacterianas induzem as células endoteliais a aumentarem a síntese do inibidor do ativador de plasminogênio → causa um autobloqueio na capacidade fibrinolítica, aumentando risco de trombose • Diminuição nos níveis de proteína S → existe a forma livre e ligada ao C4b o Este último é reagente de fase aguda e seu nível sérico aumenta na resposta inflamatória → e a concentração da forma livre da proteína S cai PROVAS DE HEMOSTASIA • Principais provas hemostáticas → contagem plaquetária, índices plaquetários o Tempo de retração do coágulo, tempo de sangramento, tempo de coagulação o Tempo de tromboplastina parcial ativada, tempo de protrombina o Tempo de trombina, dosagem do fibrinogênio plasmático. CONTAGEM PLAQUETÁRIA E ÍNDICES PLAQUETÁRIOS • Plaquetometria normal 150.000-450.000/mm3 o Realizado por automação pelo aparelho Coulter ou pela contagem manual no esfregaço periférico. ❖ Volume Plaquetário Médio → normal 3-12 fL o Aumento do VPM reflete destruição periférica de plaquetas, pois o estímulo aos megacariócitos da medula leva à liberação de plaquetas maiores ❖ Índice de Anisocitose Plaquetário → aumento do VPM é acompanhado pelo aumento do PDW. ❖ Tempo de sangramento – TS → normal de 3 a 7 min o Tempo necessário para que um pequeno corte superficial na pele pare de sangrar CORRELAÇÃO ENTRE A PLAQUETOMETRIA E A POSSIBILIDADE DE SANGRAMENTO • > 100.000/mm3 → não há risco de sangramento anormal • 50.000-100.000/mm3 → eventual sangramento acima do normal após trauma grave • 20.000-50.000/mm3 → sangramento acima do normal após trauma ou cirurgia o Ou eventual sangramento espontâneo → principalmente quando < 30.000/mm3 • 10.000-20.000/mm3 → sangramento espontâneo comum • < 10.000/mm3 → risco de sangramento grave ou incontrolável • < 5.000/mm3 → risco muito alto de sangramento grave e fatal ❖ Tempo de Retração do Coágulo → normal de 1 a 3 horas o Aumentado → trombocitopenia com plaquetas < 50.000/mm3 o Diminuído → estados de hiperfibrinólise. ❖ Tempo de Coagulação → normal de 5 a 10 min • Tempo necessário para que o sangue coagule dentro de um tubo de ensaio, à temperatura corporal • A coagulação é ativada apenas pela via intrínseca o Elevado → deficiência grave de algum fator davia intrínseca. ❖ Tempo de Tromboplastina Parcial Ativado (PTTa) → normal de 25-35s • Feito no plasma descalcificado, pelo uso do quelante citrato o Adiciona-se o fator 3 plaquetário proveniente do extrato de cérebro animal (não contem TF), contando-se o tempo a partir da adição do cálcio ionizado • O processo é iniciado pela via intrínseca → pelo contato do tubo com o viro. • Interpretado em função da relação entre o tempo do paciente e o tempo de controle, por exemplo o Se o controle for 30s e o tempo do paciente for 60s, a relação do PTTa é 2 ▪ Alargado → coagulopatias da via intrínseca ou via comum. ❖ Tempo de Protrombina (TP ou TAP) → normal de 10 a 13s • Plasma descalcificado pelo uso de citrato → adição de um extrato de tecido animal que contém além do fosfolipídio plaquetário, o próprio fator tecidual. o A coagulação é iniciada pela via extrínseca (fator tecidual-fator VII) • Interpretado pela relação entre o tempo do paciente e o tempo controle e pela Atividade de Protrombina o Se o controle for 12s e tempo do paciente for 18s → relação 1,5 e atividade de protrombina 50%. • TAP e INR elevados → coagulopatias da via extrínseca ou comum Distúrbios Plaquetários • Classificados em desordens numéricas (trombocitopenia e trombocitose) ou da função plaquetária. • Plaquetas pós abandonar a MO → 1/3 é sequestrada no baço e 2/3 perduram por 7 a 10 dias na circulação, até se tornarem “envelhecidas” e serem removidas pelo sistema reticuloendotelial. TROMBOCITOPENIA • Pode ocorrer por 5 mecanismos • O sangramento anormal associado é caracterizado por purpura cutânea espontânea, hemorragia de mucosas e sangramento alongado após traumaas PSEUDOTROMBOCITOPENIA • Falsa baixa contagem de plaquetas pelo aparelho de automação (Coulter) • Principais → formação de clumps plaquetários decorrente do anticoag ou de aglutininas plaquetárias o Satelitismo plaquetário e as plaquetas gigantes • Níveis aumentados de IgA, IgG ou IgM induzem agregação plaquetária no momento da coleta de sangue. • Suspeita é confirmada pela contagem manual de plaquetas no esfregaço do sangue periférico. DESTRUIÇÃO ACELERADA • É a causa mais comum → aumento do consumo ou destruição de plaquetas estimula a trombopoiese o Aumenta o número, tamanho e taxa de maturação dos precursores megacariocítico • Quando a taxa de destruição excede este mecanismo de compensação, há plaquetopenia • Os mecanismo imunes são os mais prevalentes → púrpura trombocitopênica imune idiopática, PTI relacionada ao LES ou HIV, PTI induzida por drogas, e trombocitopenia ocasionada por infecções • Não imunes → Púrpura Trombocitopênica Trombótica, a Síndrome Hemolítico-Urêmica, Coagulação Intravascular Disseminada o A plaqueta é consumida em trombos intravasculares e superfícies endoteliais danificadas o Geralmente esse consumo é compensado por aumento da trombopoiese → plaquetopenia não é observada no sangue periférico. DIMINUIÇÃO DE SUA PRODUÇÃO PELA MEDULA ÓSSEA • Causa comum → distúrbios que provocam lesão da célula-tronco podem comprometer a diferenciação megacariocítica, ou que há inibição da hematopoiese o Visto na anemia aplásica, mielodisplasias, na leucemia o Tambem pode resultar de toxicidade a fármacos ou infecções virais • A biópsia e o aspirado nos fornecem o diagnóstico. TROMBOPOIESE INEFICAZ • Carência de vitamina B12 ou ácido fólico • MO tem aumento de megacariócitos → mas produzem pouca plaqueta por problema de maturação nuclear (síntese de DNA). DISTRIBUIÇÃO ANORMAL • Decorre de esplenomegalia na hipertensão portal ou doenças infiltrativas → mais sequestro de plaquetas • Trombocitopenia dilucional → na transfusão maciça de concentrado de hemácias em indivíduos que sangram de maneira continuada o Encontrada quando o paciente recebe mais de oito a dez unidades de sangue em 24 horas. PURPURA TROMBOCITOPÊNICA IMUNE OU IDIOPÁTICA • As plaquetas são destruídas prematuramente devido à existência de autoanticorpos → as plaquetas “opsonizadas” por autoanticorpos IgG são reconhecidas e destruídas no baço e fígado • Quando a desordem responsável pela formação desses autoanticorpos é conhecida → PTI secundaria o Plaquetopenia autoimune do LES, reações cruzadas com anticorpos contra HIV ou HCV, na LLC e linfomas não Hodgkin indolentes. • Os alvos do anticorpos são glicoproteínas da membrana plaquetária (GP Ia, GP IIb/IIIa) • A meia vida das plaquetas passa de 7-10 dias para algumas horas → causando expansão megacariocítica na MO para compensação o Megacariócitos de aspecto “imaturo” e plaquetas imaturas acabam sendo liberadas na circulação FORMA INFANTIL (AGUDA) • Dura < 6 meses • Em crianças se resolve de maneira espontânea em 70-80% → pico de incidência 1-4 anos o 20% evoluem para a crônica (> 12 meses) → mais frequente quanto > idade • Em 65% a PTI infantil ocorre após uma infecção viral respiratória ou após vacinação • Plaquetometrias frequentemente < 20000/mm3 → mas manifestações hemorrágicas não são comuns. o < 3% dos casos → em < 1% ocorre hemorragia no SNC • Deve ser diferenciada de outras causas de púrpura infantil → púrpura de Henoch-Schönlein e leucemias FORMA DO ADULTO (CRÔNICA) • Mais comum em mulheres (3:1), com pico de 20 a 40 anos • Causa mais comum de trombocitopenia sem anemia ou neutropenia • Início insidioso, com história de sintomas hemorrágicos de gravidade variável geralmente relatados • Em geral não há antecedentes de infecção, e não costumar ter esplenomegalia o Em 10% pode ter esplenomegalia pequena • Curso fulminante → episódios de sangramento duram dias a semanas → intermitentes ou cíclicos • Podem recidivar, e remissão espontânea é rara → 10% Manifestações Clínicas Gerais • A gravidade da hemorragia se relaciona à contagem plaquetária o 10.000-30.000/mm → manifestações hemorrágicas de gravidade variável o Inferior a 10.000/mm → pode ter risco de vida por hemorragia cerebral • Sinais hemorrágicos mais comuns são as petéquias → surgem por estase vascular em áreas dependentes como mmii (+ tornozelo) e regiões submetidas a constrição (cintos, meias) o Equimoses na região dorsal e coxas, sangramento gengival, epistaxe o Sangramento menstrual excessivo pode ser o primeiro sinal da doença o Sangramento no TGU e TGI → melena ou hematêmese o Sangramento no SNC ocorre em 1% - mais comum é a hemorragia subaracnoide • Não ocorre hematomas Diagnóstico • É de exclusão, considerado em pacientes com plaquetopenia e mais nada • Trombocitopenia geralmente < 50.000/mm3, e: o Esfregaço periférico com número reduzido de plaquetas (pode ter algumas aumentadas), ausência de esquizócitos, blastos → ou qualquer outro achado que aponte para outra etiologia o Ausência de causas secundárias de PTI → drogas, HIV, LES, LLC Aspirado de medula é indicado para → pctes > 60 anos (descartar mielodisplasia o Quando sinais e sintomas sugestivos de outros diagnósticos, como leucemia ou linfoma o Quando a PTI é refratária ao tratamento • Nos pacientes submetidos ao aspirado espera-se → MO normal, ou existência de hiperplasia megacariocítica leve a moderada, com megacariócitos imaturos ❖ A pesquisa de autoanticorpos antiplaqueta não deve ser realizada como critério diagnóstico pois baixa acurácia → indivíduos saudáveis têm ig no interior dos grânulos → podem dar falso-positivo. • Outros achados → MPV > 12 fL e anisocitose plaquetária, com aumento do PDW o O hemograma, excluída trombocitopenia, é normal → eventualmente anemia pelo sangramento Tratamento na Criança • Não padronizado → uso de medicamentos não diminui incidência de hemorragias graves, mas acelera recuperação da plaquetometria → pctes com sangramentos importantes devem ser tratados CONCEITO 1 • Pctes assintomáticos ou com sangramento cutâneo e pouco expressivo, sem fatores de risco o Plaquetas < 10.000/ml com sangramentocutâneo extenso o Plaquetas < 20.000/ml com sangramento em mucosas o Condições que aumentam chance de hemorragia, independentemente da contagem plaquetária • Evitar esportes e uso de medicamentos com ação antiplaquetária ou anticoagulante. CONCEITO 2 • Três classes são consideradas primeira linha ❖ Glicocorticoides → em dose imunossupressora, diminui a síntese de autoanticorpos antiplaqueta o Prednisona 1-2 mg/kg/dia, por 2-4 semanas, ❖ Imunoglobulina humana intravenosa (IVIG) → suposto efeito benéfico pela saturação dos receptores Fc nos macrófagos esplênicos → ficam “indisponíveis” para mediar a fagocitose plaquetária o 0,8-1 g/kg/ dia, por 1-2 dias. ❖ Imunoglobulina anti-D → dose única de 50-75 mcg/kg o Efeito semelhante, mas só funciona em Rh + → contraindicado se coombs direto + CONCEITO 3 • Transfusão de plaquetas contraindicada, exceto se hemorragia grave • Os autoanticorpos também atacam plaquetas transfundidas. CONCEITO 4 • Se sangramento agudo grave, com ameaça de vida → conduta de urgência o Pulsoterapia com metilprednisolona, IVIG com ou sem Ig anti-D, transfusão de plaquetas • Nos casos refratários pode ser feito esplenomegalia de urgência. CONCEITO 5 • As 10 a 20% que evoluir para a forma crônica são indicadas as drogas anteriores • Se for refratário → rituximab, e/ou agonistas do receptor de trombopoietina que estimulam a produção de plaquetas pela medula óssea o A esplenectomia é considerada como último recurso nos pacientes refratários. Tratamento no Adulto • Há maior chance de sangramento grave e a doença geralmente é crônica Assintomáticos com plaquetometria > 30.000/ml → monitorar Plaquetometria < 30.000/ml → tratar por conta do risco de sangramentos Sintomas hemorrágicos e plaquetometria > 30.000/ml → tratar o Primeira linha → glicocorticoides em monoterapia ▪ Prednisona/dexametasona por 4d, repetindo de acordo com necessidade a cada 14-28d • Se plaquetometria < 30.000/ml persistir, ou se houver melhora inicial com recidiva → 2ª linha é a esplenectomia, rituximab, IVIG ± Ig anti-D, agonistas do receptor de trombopoietina o Para pacientes refratários à associação de corticoterapia + esplenectomia (± rituximab) → associação de um agonista do receptor de trombopoietina. PURPURA TROMBOCITOPÊNICA SECUNDÁRIA PTI Induzida Por Drogas • Resultado de uma reação idiossincrásica apresentada por pequeno nm de indivíduos expostos • Mecanismos mais conhecidos são pela ingestão de quinidina → onde um autoanticorpo é dirigido contra a droga e reage também contra a glicoproteína IIb/IIIa o E uso de heparina → formação de anticorpos que reagem contra o complexo heparina-fator 4 ▪ Tais imunocomplexos se ligam aos receptores Fc das plaquetas → resulta na ativação e agregação plaquetária, levando à trombocitopenia + predisposição à trombose • Trombocitopenia induzida por heparina ocorre em 5-10%, 5-15 dias após o início da heparinização → cursa com contagem de 50.000-100.000/mm3, voltando ao normal dias após suspensão o Em poucos casos é grave (< 50.000/mm3) → “síndrome do trombo branco” ❖ Outras drogas → sulfonamidas, ampicilina, penicilina diurético tiazídico, furosemida, fenitoína, metildopa, digitálicos... • O quadro clínico é caracterizado por manifestações hemorrágicas graves como sangramento e bolhas hemorrágicas em membranas mucosas, petéquias e equimoses o O tratamento envolve a suspensão da droga Trombocitopenia Gestacional • Acomete 7% das gestantes, com mecanismo provavelmente imune • Contagem de 100.000-150.000/mm3 → em 1% < 100.000/mm3. • Associada à trombocitopenia neonatal em 8%, pela passagem dos anticorpos maternos pela placenta. PTI No Lúpus Eritematoso Sistêmico • 5-15% dos pacientes, curso comparado a PTI crônica PTI Na Infecção Pelo HIV • 40% dos pacientes infectados → em 10% é o primeiro sintoma da infecção o Associado a destruição imune plaquetária • Tratamento → zidovudina (AZT), e evitar corticoides por conta das complicações ❖ Outras causas de PTI → LLC, outras doenças autoimunes • Infecções virais → anticorpos contra o vírus reagem com elementos da membrana da plaqueta o Deposição na superfície de membrana da plaqueta do complexo anticorpo-antígeno viral, invasão viral dos megacariócitos na MO, partículas virais inibindo a trombopoiese... PURPURA DE HEROCH SCHONLEIN → geralmente ocorre em crianças após infecção aguda do TRS • Vasculite mediada por IgA • Há erupção purpurica característica, acompanhada de edema localizado e prurido → em geral mais proeminente nas nadegas e superfícies extensoras dos mmii e cotovelos o Pode haver edema articular doloroso, hematúria e dor abdominal • Em geral é autolimitada, mas alguns desenvolvem IR PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA TROMBÓTICA • Microangiopatia trombótica difusa, caracterizada pela oclusão trombótica da microcirculação o Levando a síndrome de anemia hemolítica microangiopática (com esquizócitos na periferia), trombocitopenia, sintomas neurológicos, febre e insuficiência renal. • Mais comum em mulheres (2:1), de idade 20 a 40 anos. Fisiopatologia • Por estímulos como imunocomplexos, anticorpos, toxinas ou infecção, as células endoteliais liberam substâncias que ativam plaquetas → principalmente fvW o Induzem aglutinação plaquetária, principalmente se fatores patológicos pró agregantes presentes • Outro mecanismo é a deficiência adquirida de ADAMST-13, metaloproteinase que cliva os multímeros do fvW → alguns pctes desenvolvem anticorpos IgG contra a ADAMST-13 o Resulta em sua inativação e consequente acúmulo dos multímeros de maior tamanho do fvW → maior agregação das plaquetas ao endotélio da microvasculatura Os microtrombos formam-se nas arteríolas terminais e rede capilar, sendo constituídos na maior parte por plaquetas e fvW, com pouca fibrina → formando Depósitos Hialinos Subendoteliais o São responsáveis por oclusão e isquemia, consumo de plaquetas e lise de hemácias com a formação de esquizócitos (fragmentos de hemácias). Manifestações Clínicas • Anemia hemolítica, trombocitopenia, sintomas neurológicos, febre e insuficiência renal → 40% o O restante → anemia hemolítica, plaquetopenia e distúrbio neurológico • Os primeiros sintomas são mal-estar, fraqueza e quadro neurológico variável → cefaleia, paralisia de pares cranianos, afasia, hemiparesia, confusão mental, crise convulsiva... o A febre está presente no quadro inicial em 50% dos pacientes EXAME FÍSICO → púrpura (petéquias e equimoses), com mucosas descoradas e ligeiramente ictéricas • A insuficiência renal não costuma ser grave a ponto de causar sintomas urêmicos. LABORATÓRIO • Anemia, leucocitose neutrofílica moderada com desvio, trombocitopenia (quase sempre < 50.000 • Critérios de hemólise presentes → reticulocitose acentuada, policromatofilia, aumento do LDH (400- 1.000 U/ ml), elevação da bilirrubina indireta, queda da haptoglobina o Esfregaço de sangue periférico mostra esquizócitos → bem importante pra diagnostico • Provas de coagulação TP e PTTa normais, com leve aumento dos Produtos de Degradação da Fibrina • EAS → hematúria e proteinúria → comum hemoglobinúria e hemossiderinúria pela hemólise intravasc • Bioquímica → discreta azotemia e alterações das enzimas hepáticas podem ser encontradas. • TC de crânio pode mostrar múltiplas pequenas imagens de hipodensidade. Diagnóstico e Tratamento • Baseado na clínica, e confirmado por biopsia (pele, gengiva, medula óssea) em 50% dos casos. o O achado característico são depósitos hialinos subendoteliais. ❖ Tratamento se baseia na plasmaferese (troca de plasma) → com sobrevida de 80% • O mecanismo reflete a retirada dos multímeros do fvW de alto peso, fatores pró-agregantes e imunocomplexos circulantes o Retira-se diariamente todo o plasma (40 ml/kg), trocando-o por plasma fresco congelado. o As trocas ocorrem até a estabilização e normalizaçãodos exames (em geral 10 dias). • A transfusão diária de plasma fresco congelado (> 10 unidades) tem efeito terapêutico razoável, estabilizando o pcte enquanto se providencia a plasmaferese o O plasma exógeno tem efeito dilucional sobre os fatores patogênicos do plasma e fornece moléculas de ADAMST-13 ❖ Muitos médicos associam corticoides para reduzir a formação de anticorpos como o anti-ADAMST 13 • Transfusão de plaquetas é contraindicada pois tem risco de aumentar a formação dos microtrombos. • Pacientes que recidivam (30%) → novo curso de plasmaferese, com terapia alternativa Distúrbios Hereditários da Função Plaquetária • Deve-se suspeitar de distúrbios da função plaquetária em pctes com sangramento de pele e mucosas → com níveis normais de plaquetas e de fvW TROMBASTENIA (DOENÇA DE GLANZMANN) • Doença autossômica recessiva, há falta de agregação das plaquetas por deficiente de glicoproteínas de membrana IIb/IIIb → juntas formam o receptor de fvW e fibrinogênio o Geralmente já notada no período neonatal, manifestada com diátese hemorrágica • As plaquetas não se agregam in vitro com nenhum agonista → só ristocetina o Encontra-se um tempo de sangramento prolongado, tempo de retração do coagulo elevado • O tratamento é feito com transfusão de plaquetas de repetição. SINDROME DE BERNARD SOULIER • As plaquetas são maiores que o tamanho normal e há deficiência da GP Ib • Há ligação defetuosa com o fVW, aderência defeituosa aos tecidos conectivos subendoteliais → e as plaquetas não se agregam com ristocetina o Há grau variável de trombocitopenia DOENÇA DE ARMAZENAMENTO • Síndrome das plaquetas cinzentas → são maioresque o normal e há ausência de grânulos alfa • Podendo ter deficiência de grânulos gama tbm Distúrbios da Coagulação DOENÇA DE VON WILLEBRAND • Desordem hemorrágica hereditária mais comum → afeta 1% da população (pelo Cecil) ou 1 em cada 800 indivíduos (pelo Harrison). • Fator de von Willebrand é um multimero composto de glicoproteínas de diversos pesos moleculares o Níveis normais → em torno de 1 mg/dl • Sintetizado pelo endotélio e megacariócitos, é responsável pela adesividade plaquetária ao colágeno do subendotélio em sítios de lesão vascular o E formar um complexo com o fator VIII, funcionando como proteína de transporte e impedindo que este seja depurado da circulação • O distúrbio afeta o componente primário da hemostasia, pelo prejuízo à adesão plaquetária o A depleção do fator VIII ocorre pelo aumento da degradação enzimática, mas não a ponto de causar distúrbio da hemostasia secundara • Maioria manifesta de forma branda, c hemorragia pós procedimento invasivo → como extração dentária • A desordem é herdada quase sempre com padrão autossômico dominante → geralmente possui HF+ ❖ Existem 3 tipos, sendo o 1 e 2 os mais comuns Tipo 1 → responsável por 80% o Redução leve a moderada dos níveis do fator → 50% de atividade ou 0,5 mg/dl Tipo 2 → níveis plasmáticos normais, o defeito é no tamanho dos multímeros o Pode ser tipo 2a, com deficiência dos multímeros de peso alto e médio o E 2b, com os de alto peso deficientes → por adesão exagerada as plaquetas Tipo 3 → raro, constitui ausência quase total de fvW e atividade do fator VII muito baixa o É a única herança autossômica recessiva e que se manifesta com diátese hemorrágica grave Clínica • Maioria possui forma leve, sem hemorragia espontânea → suspeita quando pcte sangra após procedimento ou trauma. o Quando moderado → equimoses, sangramentos em mucosas e gastrointestinais • Apesar da diminuição do fator VIII, não ocorrem manifestações típicas das desordens da coagulação → hemartrose, sangramento para cavidades, tendões, grupamentos musculares etc → mas no tipo 3 sim LABORATÓRIO • Tempo de Sangramento prolongado • PTTa alargado pela deficiência do fator VIII o Já pode alargar qd a atv do fator VIII é < 30% → deficiência dele só é sintomática quando < 5% • Demais provas de homeostasia normais → TS e PTTa também podem estar normais, devido a flutuação na atv do fvW e VIII nas formas brandas Diagnóstico • Confirmação feita pela medida da atividade do fvW → através do Teste da Ristocetina • Medida do antígeno do fvW por métodos sorológicos (ELISA) • A ristocetina é capaz de induzir agregação plaquetária em plasma rico em plaquetas → induz a aglutinação de plaquetas inativas usando como “ponte” o fvW • Na dvW, a agregação plaquetária pela ristocetina está prejudicada o Na dvW Tipos 1 e 3 → tanto a dosagem do fvW quanto o teste da ristocetina estarão reduzidos o Na dvW Tipo 2, o teste da ristocetina estará muito mais alterado que a dosagem do fvW. Tratamento • Evitar drogas antiplaquetárias – AAS, AINEs. Tipo 1 → profilaxia do sangramento operatório e tto de hemorragia leve feito c/ DDAVP (desmopressina) o Aumenta (2-7x) a liberação do fvW a partir de seus sítios de estoque o Via IV, SC, intranasal. o Contraindicada no tipo 2 • Reposição de concentrados ricos no fvW → terapia mais eficaz, feitos de 1ª escolha em casos graves ou refratários a desmopressina o Mais empregados → concentrados de fator VIII de alta ou intermediária purificação • Na extração dentária de casos leves → profilaxia com antifibrinolíticos. HEMOFILIAS • Distúrbios da coagulação de caráter hereditário, com herança ligada ao sexo (cromossoma X) o Quase exclusivos do sexo masculino. • Defeito consiste em atividade muito baixa do fator VIII (hemofilia A) ou fator IX (hemofilia B). o Hemofilia A tem incidência de 1/10.000 nascidos do sexo masculino → deficiência de fator de coagulação mais comum o Hemofilia B tem incidência de 1/100.000 • Há HF+ em 65% dos casos o As mulheres podem ter o gene da hemofilia em um de seus cromossomos X → se tiver um filho homem, a chance dele ser hemofílico é de 50% Manifestações Clínicas • Manifestações das 2 são indistinguíveis • 70% dos pctes com o tipo A tem a forma grave → com atv do fator VIII < 1% do normal o 30% com as formas moderada e leve • Na hemofilia B, a grave responde por 20-45% dos casos • Manifestações da forma grave aparecem nos 2 a 4 anos, quando a criança começa a deambular sem os pais → aparecimento de hemartroses (sangramento dentro das articulações) o Acomete principalmente joelho, cotovelo, tornozelo e quadril ▪ A hemorragia provém dos capilares subsinoviais e provoca edema e dor intensa → articulação fica inflamada, semifletida, com eritema e difícil mobilização ▪ A reposição do fator de coagulação e o repouso articular ajudam a reabsorção do sangue na cavidade. • A ressonância magnética é o exame de eleição para avaliar com precisão ❖ Outras manifestações → hematomas intramusculares, que podem comprimir nervos periféricos e provocar síndrome compartimental (com comportamento isquêmico) • Hematomas retroperitoneais, hematomas do psoas (quadro simula apendicite aguda), sangramento gastrointestinal e geniturinário (hematúria) • Hemorragia intracraniana em 10%, com mortalidade de 30% → 2ª causa de morte em hemofílicos, perdendo para a SIDA o Outro evento ameaçador é o hematoma orofaríngeo → possibilidade de levar à obstrução de via aérea alta e morte por asfixia LABORATÓRIO E DIAGNÓSTICO • Laboratório revela apenas distúrbio da via intrínseca → PTTa alargado. o O Tempo de Coagulação também pode se alterar, porém é muito menos fidedigno • Diagnóstico confirmado pelo ensaio específico para os fatores VIII e IX → diferencia hemofilia A da B. • Detecção nas portadoras feita com sondas de DNA no pré-natal → identifica uma mutação especifica o Feito por biópsia coriônica → ou amostra de sangue do cordão umbilical com pouco fVIII Tratamento HEMOFILIA A • Atualmente se usa fator VIII purificado, com inativação de agentes infecciosos por detergentes ou calor o E o fator VIII recombinante, obtido a partir de células de cabrasgeneticamente preparadas • Reposição do fator VIII indicada sempre que houver hemorragia no preparo pré e perioperatório • Dose dada 2x ao dia por 3 a 14 dias, sendo calculada para manter atividade do fator VIII: o Entre 15-20% nos sangramentos leves o Entre 25-50% nas hemartroses ou sangramentos moderados o 50% na hemorragia intracraniana e no preparo cirúrgico Terapia adjuvante → se hemorragia branda se usa DDAVP (desmopressina) para aumentar a atividade do fator 4 a 6x • Antifibrinolíticos antes de procedimentos na cavidade oral → contraindicados se hematúria HEMOFILIA B • Atualmente se faz reposição de fator IX purificado e de fator IX recombinante. • O concentrado do complexo protrombínico parcial contém fatores II, IX e X, sendo uma opção → mas a presença de alguns fatores ativados neste concentrado pode levar a eventos tromboembólicos. DEFICIENCIA DO FATOR XI • Desordem autossômica recessiva, tambem chamada de hemofilia C → + comum em judeus defardistas o Prevalência de 1 para 1mi • O fator XI é o único componente do sistema de contato (XI, XII, Calicreína e CAPM) que pode provocar sangramento quando ausente ou atividade diminuída • Os pctes raramente apresentam desordem hemorrágica como nas outras hemofilias → a maioria dos indivíduos com atv < 20% têm sangramento excessivo após trauma e cirurgias o Só metade dos pctes com atv entre 20 e 50% sangra após cirurgias Tratamento → infusão de plasma fresco congelado em sangramentos e preparos para eventos cirúrgicos • Atualmente, um fator XI recombinante tem sido empregado → mas foi associado a episódios trombóticos e coagulação intravascular disseminada, devendo ser utilizado com cautela o A reposição deve ter como objetivo atingir, no máximo, 70% de atividade do fator XI. OUTRAS Disfibrinogenemias • São desordens autossômicas recessivas ou dominantes → onde o fibrinogênio produzido é defeituoso o As vezes o problema está na reação com a trombina → outras, na formação do coágulo • A maioria é assintomática, porém alguns apresentam sangramento → especialmente pós cirúrgico • A cicatrização pode estar prejudicada e a deiscência de sutura é uma complicação comum • PTTa e TP podem estar alargados ou normais o O tempo de trombina está prolongado e o coágulo formado possui alterações de consistência o Os níveis de fibrinogênio plasmático encontram-se dentro da normalidade • O tratamento pode ser feito com crioprecipitado. Deficiência do Fator XIII • Deficiência do fator estabilizador da fibrina é uma desordem autossômica recessiva rara e característica o Paciente sangra desde o nascimento (pelo cordão umbilical) e eventualmente evolui para hemorragia grave • PTTa, TP, tempo de trombina e fibrinogênio encontram-se normais Diagnóstico → teste de solubilidade do coágulo à ureia (Teste da Ureia). o O coágulo é lentamente dissolvido com 5M de ureia apenas se deficiência grave deste fator (< 2% de atividade). • O fator XIII tem meia-vida longa (12 dias) e apenas 1% de atv é necessária para normalizar a hemostasia → terapia de reposição profilática realizada com apenas 1u de plasma fresco congelado DEFICIÊNCIA DE VITAMINA K • A vitamina K é cofator fundamental para a gama-carboxilação hepática, fundamental para a interação com o fosfolipídio plaquetário e com o cálcio ionizado, dos fatores: o II (protrombina – via comum), VII (extrínseca), IX (intrínseca) e X (via comum) o Anticoagulantes endógenos proteína C e proteína S. ❖ Estados deficitários de vitamina K principais Recém-nato (“Desordem Hemorrágica do Recém-Nato”) → RN tem baixas reservas de vitamina K, ficando propenso à sua carência o Principalmente se for prematuro e alimentado exclusivamente com leite materno (pobre em K) o Prevenida ou tratada pela aplicação parenteral de vitamina K 1 mg Paciente em → uso de antibióticos, síndromes de má absorção intestinal, colestase e hepatopatias. o Vit K provem de alimentos verdes e flora intestinal → pode estar com déficit em pctes com alimentação inadequada, debilitados... o É lipossolúvel → exige os sais biliares para a absorção intestinal Sinais e sintomas incluem o sangramento das mucosas, hemorragias, melena, hematúria ou quaisquer outras manifestações de coagulação deficiente ❖ O fator VII é o de menor meia vida, e fica deficiente na carência de vitamina K • Assim, o TP alarga mais e muito antes do PTTa → parâmetro diagnostico e terapêutico o Depois, deficiência dos fatores II, IX e X faz alargar também o PTTa. • Tratamento → reposição da vitamina 10 mg parenteral, restaurando a hemostasia em 10-12h • O plasma fresco congelado é utilizado nos casos de urgência hemorrágica. Coagulação Intravascular Disseminada • Grave desordem adquirida da hemostasia, relacionada a doenças como: o Sepse bacteriana, complicações obstétricas (descolamento de placenta, feto morto retido...), neoplasias malignas, politrauma, grande queimado, hemólise IV aguda... • A liberação ou exposição do TF é o principal fator na gênese → causa coagulação exacerbada a ponto de levar à formação de fibrina em vários pontos da microvasculatura, que implica em: o Consumo de plaquetas e fatores da coagulação → trombocitopenia e coagulopatia o Destruição de hemácias → anemia hemolítica microangiopática, com esquizócitos na periferia o Obstrução de pequenos vasos → gangrena periférica ❖ Os microtrombos são constituídos principalmente por fibrina → ao mesmo tempo que se forma, a fibrina é degradada pelo sistema fibrinolítico endógeno, que se encontra ativado • De todos os fatores, o mais depletado é o fibrinogênio (fator I), que pode ficar indetectável → causa aumento dos PDF (Produtos de Degradação de Fibrina), que podem ser dosados o D-dímero é produto importante, pois só é liberado pela degradação direta de polímeros de fibrina, não dos monômeros ou fibrinogênio ▪ Só aparece quando a fibrinólise resulta da formação prévia de trombos ▪ Na fibrinólise primária, os PDFF estão elevados, mas o D-dímero está normal ❖ Existem duas formas Forma aguda → relacionada à sepse, trauma, complicações obstétricas, LMA o O consumo de fatores da coagulação e plaquetas não consegue ser compensado por aumento da produção hepática e medular → se manifesta muito mais com sangramento Forma Crônica → quase sempre relacionada a tumores sólidos secretores de fator tecidual o Há resposta compensatória hepática e medular → consumo excessivo de fatores da coagulação e plaquetas é reposto o As manifestações principais são repetidas tromboses Clínica e Diagnóstico • O diagnóstico de CIVD agudo deve ser suspeitado em qualquer pcte grave com fatores de risco previamente assinalados, que se apresenta com diátese hemorrágica o Hemorragia cutaneomucosa, gastrointestinal, pulmonar, cerebral etc. • A hemostasia primária está prejudicada principalmente pelo consumo plaquetário Os critérios que definem o diagnóstico são: o Hipofibrinogenemia (< 70-100 mg/dl) o Aumento dos PDF, especialmente o D-dímero o Alargamento do PTTa, do TP e do TT (tempo de trombina) o Trombocitopenia o Anemia hemolítica com esquizócitos • Em conjunto com a hemorragia, os pctes fazem microtrombose difusa → IRA, disfunção hepática, depressão do sensório e gangrena de dígitos Tratamento Prognóstico • O prognóstico não é bom → reflete doença de base geralmente muito grave. o Mortalidade 40-80% em casos de sepse, politrauma e grande queimado ▪ Não se sabe se o óbito é pela própria CIVD ou pela SIRS (Resposta Inflamatória Sistêmica) • Pctes com critério laboratorial mas sem sangramento ou trombose, não necessitam de terapia específica o Sangramento abordado com reposição de plaquetas (se < 50.000/ mm3), plasma fresco congelado e crioprecipitado → último visa manter níveis de fibrinogênio > 100 mg/dl • CIVD crônica → heparinização está indicada para tratar os eventos macrotrombóticosHeparina • Polissacarídeo capaz de ligar-se ao anticoagulante endógeno antitrombina III → aumenta sua atividade antitrombina e antifator Xa → em menor escala, anti-IXa, anti-XIa e anti-XIIa o Com isso, inibe as vias comum e intrínseca da coagulação • Alarga principalmente o PTTa → teste utilizado como parâmetro para o controle da anticoagulação pela heparina não fracionada o O TP (INR) pode ou não alargar. Heparina Não Fracionada • Pool de fragmentos polissacarídeos de diversos tamanhos e pesos moleculares • Capaz de inativar a trombina (IIa) e o fator Xa, na presença da antitrombina III • Para inativar a trombina, a heparina precisa envolver todo o complexo antitrombina III-trombina → tamanho > 6000 daltons • Para inativar p fator Xa só precisa que polissacarídeo se ligue à antitrombina III • Mecanismo de ação → acelera a ligação da antitrombina III com os fatores da via intrínseca (principalmente VIII e IX) e da via comum (trombina e fator X) o Sempre prolonga os exames que avaliam a via intrínseca → PTTa Os grandes polímeros da HNF se ligam a proteínas plasmáticas, fator 4 plaquetário e endotélio o A ligação proteica limita o efeito, por reduzir a quantidade de polímeros disponíveis para atividade da antitrombina III • Algumas proteínas que ligam a HP são reagentes de fase aguda, exacerbando a ligação em pctes críticos • Resultado é uma resposta extremamente variável de pcte para pcte o Obrigatório controle terapêutico → deve manter relação entre 1,5 e 2,5 • Quando se utiliza a HNF venosa (infusão contínua), PTTa deve ser dosado 6h após o início da infusão e 6h após qualquer ajuste de dose o No caso da cutânea 12/12h → ideal medir PTTa entre as duas aplicações (6h após uma delas) Heparina De Baixo Peso Molecular • Preparado de polissacarídeos menores, com peso médio entre 4.000 e 5.000 daltons. • Inibe fortemente o fator Xa e fracamente a trombina → geralmente não alarga o PTTa pois não mexe com a via intrínseca o Mecanismo de ação → estimula a ligação da antitrombina III com a trombina, e antitrombina com o fator X, inativando-o. • Como a ligação proteica é desprezível com a HBPM, não há necessidade de se monitorar o PTTa. ❖ Efeitos adversos → sangramento, trombocitopenia imune, osteoporose (uso crônico) o Outros → urticária, broncoespasmo, elevação das transaminases, etc. • HBPM tem chance menor de trombocitopenia e de osteoporose • IR e obesidade mórbida deve-se pedir o exame para acompanhar a coagulação – atividade anti Xa.
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