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Diário Oficial Câmara Municipal do Rio de Janeiro • Poder Legislativo Mesa Diretora Lideranças Ano XLIV • Rio de Janeiro Quarta-feira • 12 de maio de 2021 CHEFE DE GABINETE DA PRESIDÊNCIA CESAR ABRAHÃO SECRETÁRIA-GERAL DA MESA DIRETORA TANIA MARA MARTINEZ DE ALMEIDA SUMÁRIO Nº.083 PRESIDENTE CARLO CAIADO • DEM 1º VICE-PRESIDENTE TÂNIA BASTOS • REPUBLICANOS 2º VICE-PRESIDENTE LUCIANO VIEIRA • AVANTE 1º SECRETÁRIO RAFAEL ALOISIO FREITAS • CIDADANIA 2º SECRETÁRIO MARCOS BRAZ • PL 1º SUPLENTE JONES MOURA • PSD 2º SUPLENTE TAINÁ DE PAULA • PT LÍDER DO GOVERNO ÁTILA A. NUNES BLOCOS E PARTIDOS BLOCO JUNTOS PELO RIO Líder: CESAR MAIA PARTIDO SOCIAL DEMOCRÁTICO • PSD Líder: GABRIEL MONTEIRO PARTIDO DEMOCRÁTICO TRABALHISTA • PDT Líder: WELINGTON DIAS PARTIDO LIBERAL • PL Líder: MARCOS BRAZ REPUBLICANOS Líder: INALDO SILVA PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE • PSOL Líder: TARCÍSIO MOTTA CIDADANIA Líder: TERESA BERGHER NOVO Líder: PEDRO DUARTE PROGRESSISTAS Líder: VERA LINS PARTIDO DOS TRABALHADORES • PT Líder: LINDBERGH FARIAS ATOS DA CÂMARA MUNICIPAL .............................................................2 MESA DIRETORA .......................................................................................2 PRECEDENTE REGIMENTAL ................................................................... EXPEDIENTE DESPACHADO PELO PRESIDENTE ............................. PLENÁRIO ....................................................................................................3 Grande Expediente ........................................................................................3 Prolongamento do Expediente ....................................................................12 Ordem do Dia ..............................................................................................13 Expediente Final ............................................................................................. EXPEDIENTE Ofícios ...........................................................................................................25 Projetos de Emenda à Lei Orgânica .............................................................. Projetos de Lei Complementar ...................................................................27 Projetos de Lei ..............................................................................................30 Projetos de Decreto Legislativo ....................................................................... Projetos de Resolução ...................................................................................... Requerimentos .............................................................................................32 Indicações .....................................................................................................38 CONSULTORIA E ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO ...................39 COMISSÕES ...............................................................................................45 ATOS E DESPACHOS Mesa Diretora ........................................................................................... 112 Presidente .................................................................................................. 115 Secretário .................................................................................................. 116 Procurador-Geral ............................................................................................ Diretoria-Geral de Administração .......................................................... 117 Diretor de Pessoal ............................................................................................ EDITAIS, CONTRATOS E BALANCETES ......................................... 117 ERRATAS ........................................................................................................ 2 Ano XLIV Rio de Janeiro Quarta-feira 12 de maio de 2021 Nº083 ATOS DA CÂMARA MUNICIPAL CÂMARA MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO Faço saber que, com fulcro no artigo 56, inciso IV, da Lei Orgâ- nica do Município, tendo em vista a aprovação, na Sessão Extraor- dinária de 5 de maio de 2021, do Projeto de Decreto Legislativo nº 281, de 2020, de autoria da Senhora Vereadora ROSA FERNAN- DES, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro decreta e eu promulgo o seguinte DECRETO LEGISLATIVO Nº 1.464, DE 11 DE MAIO DE 2021. Concede o Título de Cidadão Benemérito do Município do Rio de Janeiro ao Doutor Marcio Henrique de Mattos Silva. Art. 1º Fica concedido o Título de Cidadão Benemérito do Município do Rio de Janeiro ao Doutor Marcio Henrique de Mattos Silva. Art. 2º Este Decreto Legislativo entra em vigor na data de sua publicação. Câmara Municipal do Rio de Janeiro, 11 de maio de 2021. Vereador CARLO CAIADO Presidente MESA DIRETORA (*)RESOLUÇÃO DA MESA DIRETORA Nº 10531 DE 2021 CONSIDERANDO a proposta de iniciativa do Senhor Vereador Fe- lipe Michel de criação da Frente Parlamentar em Defesa da Educação Física, conforme Ofício S/N°/2021-GVFM, datado de 19 de janeiro de 2021; CONSIDERANDO que a manifestação em tela contém a subscrição e o apoiamento da maioria absoluta dos membros desta Casa de Leis, per- fazendo a adesão de trinta Senhores Vereadores, dispensando, por conse- guinte a apreciação da proposta pelo Plenário; CONSIDERANDO o disposto no Precedente Regimental nº 66, de 2017, A MESA DIRETORA DA CÂMARA MUNICIPAL DO RIO DE JA- NEIRO, no uso de suas atribuições, R E S O L V E : Art. 1º Fica criada, em caráter suprapartidário, a FRENTE PARLA- MENTAR EM DEFESA DA EDUCAÇÃO FÍSICA. Art. 2º Compõem a Frente Parlamentar os seguintes Senhores Verea- dores signatários da proposta: I. FELIPE MICHEL - Presidente II. CARLO CAIADO III. CARLOS BOLSONARO IV. CESAR MAIA V. CHICO ALENCAR VI. DR. GILBERTO VII. DR. JOÃO RICARDO VIII. DR. MARCOS PAULO IX. DR. ROGÉRIO AMORIM X. ELIEL DO CARMO XI. GABRIEL MONTEIRO XII. JONES MOURA XIII. JORGE FELIPPE XIV. LINDBERGH FARIAS XV. LUCIANO MEDEIROS XVI. LUIZ RAMOS FILHO XVII. MARCELO ARAR XVIII. MARCIO RIBEIRO XIX. MARCIO SANTOS XX. RAFAEL ALOISIO FREITAS XXI. REIMONT XXII. RENATO MOURA XXIII. ROCAL XXIV. ROSA FERNANDES XXV. TÂNIA BASTOS XXVI. THIAGO K. RIBEIRO XXVII. VITOR HUGO XXVIII. WALDIR BRAZÃO XXIX. WILLIAM SIRI XXX. ZICO Art. 3º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. Sala das Reuniões, 10 de maio de 2021. CARLO CAIADO Presidente TÂNIA BASTOS LUCIANO VIEIRA 1º Vice-Presidente 2º Vice-Presidente RAFAEL ALOISIO FREITAS MARCOS BRAZ 1º Secretário 2º Secretário (*)(Republicado por incorreção na publicação no DCM de 11/05/2021, pág. 2, col. 1 e 2). (*)RESOLUÇÃO DA MESA DIRETORA Nº 10532 DE 2021 CONSIDERANDO a proposta de iniciativa do Senhor Vereador Dr. Rogério Amorim de criação da Frente Parlamentar com o Objetivo de Promover Estudos e Debates em Defesa dos Polos Gastronômicos Si- tuados no Município do Rio de Janeiro, conforme OFÍCIO GVRA Nº 123.003/2021, datado de 29 de abril de 2021; CONSIDERANDO que a manifestação em tela contém o número mí- nimo necessário à apresentação da proposta de constituição da Frente Parlamentar, porém não possui a subscrição e o apoiamento da maioria absoluta dos membros desta Casa de Leis; CONSIDERANDO que a proposta foi submetida à deliberação do Plenário e foi aprovada pelos Senhores Vereadores no decurso da 30ª Sessão Ordinária realizada em 6 de maio de 2021; CONSIDERANDO o disposto no Precedente Regimental nº 66, de 2017, 3 Ano XLIV Rio de Janeiro Quarta-feira 12 de maio de 2021 Nº083 A MESA DIRETORA DA CÂMARA MUNICIPAL DO RIO DE JA- NEIRO, no uso de suas atribuições, R E S O L V E : Art. 1º Fica criada, em caráter suprapartidário, a FRENTE PARLA- MENTAR COM O OBJETIVO DE PROMOVER ESTUDOS E DEBA- TES EM DEFESA DOS POLOS GASTRONÔMICOS SITUADOS NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO. Art. 2º Compõem a Frente Parlamentar os seguintes Senhores Verea- dores signatários da proposta: I. DR. ROGÉRIO AMORIM - Presidente II. ALEXANDRE ISQUIERDOIII. ÁTILA A. NUNES IV. JAIR DA MENDES GOMES V. LUCIANO MEDEIROS VI. LUIZ RAMOS FILHO VII. MARCELO ARAR VIII. MARCIO SANTOS IX. MARCOS BRAZ X. PEDRO DUARTE XI. REIMONT XII. ROCAL XIII. ROSA FERNANDES XIV. ULISSES MARINS XV. VERA LINS XVI. VERONICA COSTA XVII. VITOR HUGO XVIII. WALDIR BRAZÃO XIX. WILLIAM SIRI XX. ZICO Art. 3º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. Sala das Reuniões, 10 de maio de 2021 CARLO CAIADO Presidente TÂNIA BASTOS LUCIANO VIEIRA 1º Vice-Presidente 2º Vice-Presidente RAFAEL ALOISIO FREITAS MARCOS BRAZ 1º Secretário 2º Secretário (*)(Republicada por incorreção na publicação no DCM de 11/05/2021, pág. 2, col. 2 e pág. 3, col. 1). PLENÁRIO 11ª LEGISLATURA 1ª SESSÃO LEGISLATIVA 1º Período Ordinário de Sessões ATA DA 31ª SESSÃO ORDINÁRIA, EM 11 DE MAIO DE 2021. Presidência dos Srs. Vereadores Tânia Bastos, Primeiro Vice-Presi- dente; e, a convite, Eliel do Carmo e Marcio Santos. Às 14 horas, em ambiente híbrido, com a presença dos Srs. Vereadores Alexandre Isquierdo, Átila A. Nunes, Carlo Caiado, Carlos Bolsonaro, Celso Costa, Cesar Maia, Chico Alencar, Dr. Carlos Eduardo, Dr. Gil- berto, Dr. João Ricardo, Dr. Marcos Paulo, Dr. Rogério Amorim, Eliel do Carmo, Felipe Michel, Gabriel Monteiro, Inaldo Silva, Jair da Mendes Gomes, João Mendes de Jesus, Jones Moura, Jorge Felippe, Lindbergh Farias, Luciano Medeiros, Luciano Vieira, Luiz Ramos Filho, Marcelo Arar, Marcio Ribeiro, Marcio Santos, Marcos Braz, Monica Benicio, Paulo Pinheiro, Pedro Duarte, Prof. Célio Lupparelli, Rafael Aloisio Freitas, Reimont, Renato Moura, Rocal, Rosa Fernandes, Tainá de Paula, Tânia Bastos, Tarcísio Motta, Teresa Bergher, Thais Ferreira, Ulisses Ma- rins, Vera Lins, Veronica Costa, Vitor Hugo, Waldir Brazão, Welington Dias, William Siri e Zico 50 (cinquenta), assume a Presidência o Sr. Ve- reador Eliel do Carmo e ocupa o lugar de Secretário o Sr. Vereador Chico Alencar, ambos a convite. O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Havendo número le- gal, “Invocando a Deus pela grandeza da Pátria e a paz entre os Homens, dou por aberta a Sessão”. Convido o nobre Vereador Chico Alencar para proceder à leitura da Ata da Sessão anterior. Com a palavra, Sua Excelência. (É lida e considerada aprovada, na forma regimental, a Ata da Sessão anterior) O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Aprovada a Ata, pas- semos ao Grande Expediente. Passa-se ao Grande Expediente O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Na Primeira Parte do Grande Expediente, o primeiro orador inscrito é o nobre Vereador Chico Alencar, que dispõe de 10 minutos. O SR. CHICO ALENCAR – Muito obrigado, Senhor Presidente. Colegas de representação, todos que nos assistem, boa tarde! Nesta Casa, quero registrar uma carta enviada pelo Presidente do Sin- dicato Carioca dos Fiscais de Renda ao Senhor Prefeito. O Presidente Luiz Antônio Barreto enviou, no último dia 7 de maio, ao Prefeito Eduar- do Paes, uma carta, pelo sindicato que preside, lembrando que, diante do Decreto que determina o trabalho presencial do funcionalismo, pede que Sua Excelência, o Prefeito, reavalie essa decisão. Diz o sindicato: “A pandemia não acabou. A cobertura vacinal na Cidade ainda é pífia e a lista elaborada pelo Ministério da Saúde não contempla todas as comorbidades existentes. Para piorar a situação, novas variantes do coronavírus circulam em nosso Município, segundo os principais infectologistas do país. Ignorar a reali- dade é criminoso.” Prossegue o dirigente Barreto: “A volta aos serviços, de forma pre- sencial, ignora a Lei 6750, de 25 de junho de 2020”, de autoria do saudo- síssimo ex-Vereador Fernando William, que lamentavelmente faleceu em decorrência da Covid-19. Tempos sombrios. “A lei estabelece o conjunto de regras para o exercício laboral do funcionalismo diante da pandemia do coronavírus, com a indicação do trabalho remoto para proteção dos servidores e dos contribuintes. Cabe ressaltar que o art. 7º do Decreto nº 48.815 menciona Proto- colos de saúde a serem seguidos, que jamais poderão ser cumpridos, uma vez que o Poder Público desconhece suas próprias dependências, incluindo a sede da Prefeitura e seu anexo, sem ventilação, com jane- las lacradas, sem sabonete, tantas vezes sem água inclusive, sem fun- cionários para verificar o cumprimento de medidas básicas de distan- ciamento e prevenção do contágio viral, com aferição de temperatura na entrada dos prédios e distanciamento em filas. Enfim, a Prefeitura 4 Ano XLIV Rio de Janeiro Quarta-feira 12 de maio de 2021 Nº083 não tem como cumprir o protocolo para evitar a transmissão em massa da doença. O inciso I do Decreto prevê o uso de máscara facial nos ambientes coletivos e compartilhados, entretanto, a Prefeitura jamais distribuiu o equipamento de proteção individual à população, muito menos aos seus funcionários, em que se incluiria obviamente a máscara que, tendo em vista as condições atuais da pandemia, teria que ser o modelo PFF2 para garantir alguma eficácia. A distribuição do equipamento de proteção é garantida no artigo 5º da, mais uma vez ignorada, Lei nº 6750, do nosso querido e sempre presente Fernando William. Os fiscais de renda e muitos funcionários estão trabalhando em home office sem nenhum prejuízo às atividades desenvolvidas. O Decreto perde a oportunidade de regulamentar o trabalho remoto, modalidade que, res- salte-se mais uma vez, deveria estar sendo priorizada durante a pandemia. Outro fator é que a abertura geral do Centro Administrativo São Se- bastião criará grande afluxo de pessoas criando aglomerações, multipli- cando riscos da contaminação. Sem ampla cobertura vacinal, a vida de todos é ameaçada. Desta forma, pediria que o ofício encaminhado pelo Sindicato Carioca dos Fiscais de Renda seja publicado na íntegra no Diá- rio da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Atenciosamente, Luiz Antônio Barreto, Presidente do SINCAF-Rio”. Ele enviou esta carta a todos os vereadores, à Câmara Municipal e eu tenho o privilégio de ser o primeiro a mencioná-la, pela ordem de inscrição aqui na Sessão, e reforçar, não só a minha concordância, mas o empenho do nosso mandato, e tenho certeza que de toda a bancada do PSOL, para que o pleito do Sindicato Carioca dos Fiscais de Renda e dos servidores públicos em geral, inclusive os da Câmara, seja atendido. Ainda não é hora de abrir tudo e muito menos é hora de desprezar os equi- pamentos de proteção individual e os protocolos determinados. Além disso, Senhor Presidente, não posso deixar de registrar mais uma violência contra os trabalhadores. O Metrô do Rio hoje passa a cus- tar R$ 5,80, tornando-se outro recorde triste para a nossa Cidade, o mais caro do Brasil. O bilhete do trem já tinha subido para R$ 5,00. As linhas de ônibus estão defasadas, escassas, precárias; por R$ 4,05. Assim como o BRT sucateado, cuja intervenção esperamos ser exitosa, mas a mobili- dade urbana do Rio anda muito mal. A população carioca, em geral, e a população brasileira como um todo sofrem de muitas mazelas nos serviços públicos e em especial com a inflação; desde o início do Governo Bolsonaro, a inflação média foi de 11,22%, segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), bem maior que o reajuste, se é que houve e onde houve, dos salários – para quem tem hoje o privilégio do emprego nesse país. A inflação média dos alimentos, sobretudo, foi de 28,9%; um absurdo. A miséria está crescendo e aumentando. Os que mais perderam emprego, nessa cifra que chegou a 14,4% no Brasil, foram os mais pobres e eles são também os que compõem o contingente de milhões – 30 milhões – de subempregados. Eles também são os que mais morrem, mais adoecem da Covid-19. Isso é constatado facilmente. O maior problema brasileiro, que é a histórica desigualdade social, está se agravando com o desmonte de políticas sociais, que já eram insuficientes. Então, a gente vê que, enquanto isso, parlamentares e empresas, um velho consórcio com dinheiro públicodo orçamento, estão sendo aqui- nhoados por apoiar o governo, o chamado escândalo do Bolsolão, ou Tratoraço, sendo revelado agora, gravíssimo. Eu diria que, assim como houve os anões do orçamento 28 anos atrás, agora nós temos os gigantes do orçamento, porque os aquinhoados, inclusive com superfaturamento de equipamentos agrícolas, sobretudo tratores, em quase 300% em alguns casos, são parlamentares poderosos. O ex-Presidente do Senado, Davi Alcolumbre, o atual Presidente da Câmara Arthur Lira e, como o Jornal O Globo mostrou hoje, uma lista de controle de fidelidade. Esse é o velho toma-lá-dá-cá. É a compra de votos, a compra de fidelidade. É como dizia meu saudoso amigo, o falecido Deputado Federal Nelson Trad, pai de um senador e de um deputado de hoje, mas ele dizia que isso é a governabi- lidade do amor invulnerável; não vale. Enquanto isso, pelo que li, no Palácio Alvorada, um churrasco, que é legítimo se fazer, claro, pois confraternização é até saudável, mas está no mundo da lua uma peça da picanha japonesa, a R$ 1.799 o quilo. Tem coisas que não dá para entender neste país e que vem de longe. Tem um lastro histórico que só aprofunda o abismo entre o Brasil das maiorias, sofrido, vivendo essa mortandade, maiorias que estão aqui na planície, no abandono, e a oligarquia do Planalto, dos palácios estaduais e municipais inclusive, que vivem numa outra realidade, parecendo não ter sensibilida- de para com esses tantos desvalidos da nossa cidade, do nosso estado e do país. E mesmo do mundo. Drummond dizia: “Eu tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo.” O sentimento do mundo é algo que a devemos cultivar sempre para nos sentirmos parte da Humanidade e ajudarmos na sua salvação. É disso que se trata. Muito obrigado, Presidente Eliel. O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Obrigado, nobre Ve- reador Chico Alencar. O próximo orador inscrito é o Senhor Vereador Cesar Maia, que dis- põe de 10 minutos. Boa tarde, vereador. O SR. CESAR MAIA – Boa tarde. Muito obrigado, Presidente. É um texto de Janaína Figueiredo, publicado no Jornal O Globo agora no dia 10 de maio. Peço para dar como lido e publicar no Diário Oficial. E eu vou postar na rede de vereadores, para facilitar a transcrição. O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – A Presidência acolhe o pedido de Vossa Excelência. O SR. CESAR MAIA – Obrigado, Senhor Presidente. “Embates entre Executivo e Judiciário se multiplicam na América La- tina e preocupam juristas e ONGs.” Na Argentina, o governo acusou a Corte Suprema de golpe institucio- nal, após decisão que derrubou o decreto presidencial sobre restrições na pandemia. Tensão entre poderes é elevada no Brasil, em El Salvador, no México e no Peru. “Depois da decisão da Assembleia Nacional de El Salvador, de maio- ria governista, de destituir todos os juízes da Câmara Constitucional da Corte Suprema de Justiça e o procurador-geral, o governo da Argentina redobrou na semana passada os ataques à Corte Suprema de Justiça e deu aval ao funcionamento presencial das escolas da Cidade de Buenos Ai- res, derrubando o ponto central de recente decreto do Presidente Alberto Fernández e se alinhando com a política sanitária do prefeito opositor Horacio Rodríguez Larreta. Para a vice-presidente Argentina, Cristina Kirchner, a ação da Corte foi um ‘golpe institucional’. Os embates entre os Poderes Executivo e Judiciário em países da re- gião, entre eles o Brasil, preocupam os juristas e organizações como a Human Rights Watch (HRW), que observam uma tendência autoritária de governos eleitos. Na visão de José Miguel Vivanco, diretor da divisão das Américas da HRW, Human Rights Watch, ‘não se trata de casos isolados. Pouco a pouco, está se impondo um discurso autoritário, de caudilhos que tentam convencer as sociedades de que devem ter a última palavra’. — Estão sendo desafiados princípios básicos da democracia nos últi- mos três séculos, entre eles o da separação de Poderes — enfatiza Vivan- co, em entrevista ao GLOBO. Depois de anunciada a decisão do Supremo argentino sobre as esco- las, Fernández afirmou que a resolução refletia a ‘decrepitude’ da Justiça. — A Justiça causou muito dano, o Estado de Direito precisa de uma institucionalidade adequada. Escolham o candidato a presidente que qui- serem, mas não usem as sentenças para favorecer seus candidatos — de- clarou Fernández, em referência à suposta tendência da corte em favor do ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019). Já Cristina, que enfrenta oito processos por suposta corrupção e nos últimos meses intensificou sua ofensiva contra os tribunais, escreveu em sua conta no Twitter que ‘está muito claro que os golpes contra as insti- tuições democráticas eleitas pelo voto popular já não são como antes’. A Associação de Magistrados e Funcionários da Justiça Nacional, o Colégio de Advogados e a ONG Seremos Justiça divulgaram comunica- dos repudiando a atitude da Casa Rosada. O presidente da Associação de 5 Ano XLIV Rio de Janeiro Quarta-feira 12 de maio de 2021 Nº083 Magistrados, Marcelo Gallo Tagle, disse sentir ‘profunda preocupação pela sucessão e o estilo de declarações das mais altas autoridades políti- cas da nação’. Na opinião de Daniel Sabsay, professor de Direito Constitucional da Universidade Nacional de Buenos Aires, “pela primeira a Corte Suprema tratou de atos de um governo em exercício, de forma constitucional, por- que a sociedade está farta desse tipo de decretos e a palavra do presidente perdeu autoridade’. — A cidade de Buenos Aires é autônoma, está em nossa Constituição. Várias câmaras inferiores deram razão ao chefe de governo portenho, e a corte simplesmente deu a última palavra — explica Sabsay. O jurista lamenta que a vice-presidente ‘ataque para tentar garantir sua impunidade’. — O maior problema de Cristina é que o governo não tem maioria parlamentar para lhe dar proteção e promover, por exemplo, uma am- pliação do número de membros da Corte ou alguma outra reforma — diz Sabsay. — A Argentina é mais um exemplo de tentativa de cooptação do Judiciário na região. A tensão entre Executivo e Judiciário tem se acentuado em vários países latino-americanos. Dirigentes de esquerda e direita questionam as decisões e posicionamentos dos mais altos tribunais de seus países. No México, o presidente de esquerda Andrés Manuel López Obrador, o AMLO, conseguiu aprovar uma reforma do Judiciário que ampliou o período de mandato do presidente da Corte Suprema, hoje seu aliado, de quatro para seis anos. A oposição considera a reforma inconstitucional. — Cada vez que a corte faz alguma coisa que AMLO não aprova, o presidente acusa o tribunal de ser neoliberal e corrupto. Os presidentes da região têm um cardápio de ataques a serem usados contra os tribunais — ressalta Vivanco. Segundo o diretor da HRW, governos como os de Bolsonaro, Fer- nández e Nayib Bukele, em El Salvador, ‘usam argumentos fraudulentos para questionar os que colocam pedras em seu caminho’. Para este tipo de líderes, disse Vivanco, ‘quem ganha uma eleição leva tudo. (Hugo) Chávez foi o grande precursor da tese’. — As democracias têm uma legitimidade de origem, que é o voto popular, mas também uma legitimidade que deve ser preservada no exer- cício do poder. Caso contrário, os presidentes viram tiranos. Ele lembrou que, na Bolívia, 90% dos juízes são provisórios, o que torna o Judiciário dependente dos governos de turno. No Brasil, onde o presidente Jair Bolsonaro voltou a ameaçar o Supremo de baixar um de- creto para garantir a circulação de pessoas na pandemia, desautorizando prefeitos e governadores, Vivanco acredita que “a democracia está sólida, em grande medida, pela atuação do STF frente a um governo despótico”. Na eleição presidencial peruana, também está em debate a independência dos tribunais. Antes do primeiro turno, o candidato de extrema esquerda, Pedro Castillo, que disputará o segundo turno com Keiko Fujimori em 6 de junho, prometeu “desativar o Tribunal Constitucional”e promover a eleição popular de novos juízes e promotores”. Era isso, Senhor Presidente. Obrigado. O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Obrigado ao nobre Vereador Cesar Maia. Não havendo mais orador inscrito, a Presidência franqueia a palavra. O SR. CESAR MAIA – Senhor Presidente, eu me inscreveria. O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Com a palavra fran- queada, o nobre Vereador Cesar Maia, que dispõe de 10 minutos. O SR. CESAR MAIA – Esse é um texto de Leandro Machado, da BBC News Brasil, em São Paulo, no dia 8 de maio de 2021. Senhor Presidente, peço para dar como lido e publicado no Diário da Câmara Municipal. Vou postar na rede de vereadores para facilitar a transcrição. O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – A Presidência acolhe a solicitação de Vossa Excelência. O SR. CESAR MAIA – “A desconhecida ação judicial com que advo- gado negro libertou 217 escravizados no século 19 Luiz Gama foi figura-chave no movimento abolicionista brasileiro. Em um dia do mês junho de 1869, uma nota no jornal chamou a atenção de Luiz Gama, advogado considerado um herói nacional por seu ativismo abolicionista no século 19. A notícia relatava que a família do comenda- dor português Manoel Joaquim Ferreira Netto, um dos homens mais ricos do Império, estava brigando na Justiça pelo espólio do patriarca, morto repentinamente em Portugal. Ferreira Netto tinha uma grande fortuna: 3 mil contos de réis (cerca de R$ 400 milhões em valores atuais), distribuídos em inúmeras fazendas, armazéns comerciais, sociedade em empresas lucrativas, e centenas de pessoas negras escravizadas em suas propriedades. Em uma linha de seu testamento, publicado em um jornal um ano antes, o comendador fez um pedido comum entre grandes proprietários de escravos da época: depois de sua morte, ele gostaria que todos os seus cativos fossem libertados. A “alforria post mortem” era vista como uma espécie de “redenção moral e de consciência”, pois, ao final da vida, os escravocratas também queriam garantir um espacinho no céu. Ao ler a notícia, Luiz Gama procurou saber se a vontade do morto havia sido cumprida: as 217 pessoas escravizadas pelo comendador tinham sido libertadas como determinava o testamento? Logo descobriu que não, como ocorria com frequência em documentos do tipo. A família e alguns sócios brigavam pelos bens, mas os cativos continuaram na mesma situação. O ad- vogado, em início de carreira, decidiu acionar a Justiça para que a liberdade e a vontade do empresário fossem respeitadas. O processo judicial que se seguiu, conhecido nos jornais da época como “Questão Netto”, é apontado por historiadores consultados pela BBC News Brasil como a maior ação coletiva de libertação de escravizados conhecida nas Américas. Por ora, não há registro de processo que envolva mais pessoas, segundo eles. Essa ação de Luiz Gama foi encontrada recentemente pelo historiador Bruno Rodrigues de Lima, doutorando em História e Teoria do Direito pelo Max Planck Institute, em Frankfurt, na Alemanha. A peça de mais de mil páginas – toda escrita à mão – estava armazenada no Arquivo Nacional e não há registros de que ela tenha sido analisada em profun- didade. ‘Não há grandes registros desse processo na historiografia sobre Luiz Gama. Encontrei citações nas décadas seguintes ao processo e uma nota de rodapé num livro dos anos 1990’, diz Lima, que há mais de uma década pesquisa a vida e a obra do abolicionista. Lima fez uma cópia do processo e a levou para a Alemanha, onde passou meses decifrando as várias caligrafias presentes no calhamaço. ‘Logo identifiquei a letra de Gama, que era de mais fácil leitura. Mas havia várias outras, como a de escrivães, promotores e juízes’, explica. A análise do processo agora fará parte da tese de doutorado que o historiador vai apresentar ao final deste ano sobre a obra jurídica do abo- licionista. Além desse, a tese contará com dezenas de outros processos ainda desconhecidos, diz. A ‘Questão Netto’ Lima conta que o processo passou a correr em Santos, litoral sul de São Paulo, por causa de uma pendenga judicial do comendador Ferreira Netto com um sócio da cidade. Inicialmente, Luiz Gama se apresentou ao juiz da comarca apenas como um interessado no caso. ‘Ele fez uma petição ao juiz de maneira bastante escorregadia, porque ele não era parte naquela briga judicial pela herança. Ele entra no proces- so como um cidadão que queria saber o que aconteceu com os escravi- zados. O juiz respondeu que eles precisavam de um representante’, diz. A princípio, Gama não foi nomeado ‘curador’ dos interesses do gru- po, mas, depois de outros cidadãos se recusarem a participar da ação, ele foi indicado pelo próprio juiz para assumir a tarefa. O abolicionista não sabia quem estava representando de fato, mas mandou emissários para descobrir os nomes, idades e há quanto tempo pertenciam ao comendador. No total, havia 217 escravizados nas propriedades do fidalgo – gente de Angola, Moçambique, Congo, entre outras nações africanas. ‘Gama recebe informações com nome, idade, naturalidade, histórias de vida. Ha- via famílias inteiras nas fazendas’, diz Lima. 6 Ano XLIV Rio de Janeiro Quarta-feira 12 de maio de 2021 Nº083 Mas como garantir que o direito à liberdade, recém-conquistado com a morte do comendador, fosse garantido? Lima acredita que a ‘Questão Netto’ tenha sido o primeiro grande processo de liberdade de Luiz Gama, que, na época, havia sido demitido de um cargo na polícia. Quem era Luiz Gama? Nascido em 1830 em Salvador, Luiz Gama teve de lidar com a escra- vidão desde cedo. Sua mãe era uma mulher negra e seu pai, um fidalgo de origem portuguesa. ‘A vida dele foi singular em todos os aspectos. Muitos historiadores acreditam que ele era filho de Luiza Mahin, uma guerreira que partici- pou de várias revoltas negras na Bahia’, diz Zulu Araújo, presidente da Fundação Pedro Calmon e ex-presidente da Fundação Palmares durante o governo Lula. ‘Mas não há certeza de que Mahin era sua mãe mesmo ou se foi uma história inventada por Gama. O fato é que a mãe dele desapareceu, e ele foi criado pelo pai.’ Aos 10 anos, Gama foi vendido pelo próprio pai a um contrabandista do Rio de Janeiro, que logo o repassou a um fazendeiro paulista. O di- nheiro da venda serviria para o pai saldar uma dívida de jogo. Na adoles- cência, ele foi escravizado, mas, com 18 anos, conseguiu provas de sua liberdade e fugiu do cativeiro. Aprendeu a ler e escrever, foi poeta e trabalhou como jornalista, tipó- grafo e escrivão de polícia, onde passou a lidar diariamente com a legis- lação. Autodidata, o jovem tentou cursar Direito na tradicional Faculdade do Largo São Francisco, mas foi rejeitado pela elite que comandava a instituição. Ele só ganharia o título oficial de advogado, dado pela OAB, em 2015, quando sua morte completou 133 anos. ‘Gama era uma pessoa ‘improvável’ para a época, porque era negro e pobre. Ele aprende o Direito na prática, trabalhando na polícia e frequen- tando a biblioteca particular de Furtado de Mendonça, chefe da polícia e amigo que o protegia”, explica Tâmis Parron, professor de História do Brasil da Universidade Federal Fluminense (UFF) e membro do Com- mun (Núcleo de Estudos de História Comparada Mundial). “A grande sacada dele foi perceber a centralidade do Direito na luta abolicionista e como estratégia para destruir a escravidão. O ativismo jurídico tinha sido muito importante para o abolicionismo na Inglaterra e nos Estados Unidos. Ele o trouxe para o Brasil. Gama percebeu que a própria legislação podia ser usada contra os senhores”, diz Parron. Estima-se que o advogado tenha conseguido libertar centenas de es- cravizados com ações na Justiça – há centenas de processos de liberdade com seu nome no arquivo do Tribunal de Justiça de São Paulo, material em boa parte desconhecido da historiografia. Muitas vezes, ele trabalhava de graça. Mas como ele conseguia libertar tantas pessoas? Primeiro, é preciso voltar um pouco no tempo. Em 7 de novembrode 1831, pressionado pela Inglaterra, o Império brasileiro assinou uma lei que proibia o tráfico de africanos ao Brasil. Ou seja, a partir daque- le momento, qualquer africano trazido ao país deveria ser libertado imediatamente. Mas isso não aconteceu na prática. Embora embarcações inglesas pa- trulhassem a costa brasileira em busca de navios negreiros, o contrabando era bastante comum no país – essa discrepância entre o que estava na lei e a vida real fez com que a norma ganhasse o apelido de “lei para inglês ver”. Estima-se que mais de 700 mil africanos foram trazidos ilegalmente para o Brasil entre 1831 e 13 de maio de 1888, quando a escravidão foi finalmente abolida pela Lei Áurea. Em todo o período de escravidão, fo- ram cerca cinco milhões de pessoas. Luiz Gama passou a atuar em casos de pessoas contrabandeadas ao país depois dessa legislação. “Ele reunia provas para demonstrar que, se a pessoa tinha nascido na África e foi trazida ao Brasil depois de 1831, ela fatalmente foi traficada e sua condição de escravizada era ilegal. Esse foi um dos argumentos que ele utilizou para conseguir libertar centenas de pessoas”, conta Bruno Lima. Segundo Tâmis Parron, o tráfico negreiro ocorria com o consenti- mento e a participação do Império, que dependia da economia escravista. “Para existir e atuar, o crime organizado precisa da participação ou da anuência de alguma esfera da burocracia estatal”, diz. “O que Gama fez com seu ativismo foi escancarar que o Estado e o escravismo brasileiros, além de roubarem os direitos naturais e inaliená- veis do homem, eram literalmente ladrões e criminosos, pois burlavam a lei que eles próprios criaram”, completa Parron. Luiz Gama apresentou uma tese jurídica bastante simples, porém iné- dita, para tentar ganhar a ação contra a família e os sócios do comendador Ferreira Netto, que queriam manter a propriedade de seus 217 cativos. “Ele teve a sacada de usar a voz do senhor de escravos como argu- mento jurídico contra ele próprio. O testamento havia sido publicado em vida na imprensa. Então, a estratégia dele foi a seguinte: se o próprio co- mendador escreveu que gostaria que os escravizados fossem libertados, por que eles ainda não estavam livres?”, conta Bruno Lima. Ou seja, o advogado argumentou que, quando Ferreira Netto morreu, os cativos ficaram livres imediatamente, pois o testamento assim o prega- va. Para Gama, o papel da Justiça no caso não seria conceder a liberdade aos escravizados, mas devolvê-la a eles. “Ele para de usar a palavra ‘escravo’ no processo, chama-os de liber- tandos. Na época, havia o crime de redução de uma pessoa livre à condi- ção de escravizado. Isso não era permitido pela lei. Então, Gama inverte o jogo, mostrando ao juiz que a família do comendador estava cometendo um crime ao escravizar pessoas que já eram declaradas livres. É um argu- mento meticuloso e muito bem pensado”, explica Lima. Os herdeiros da herança, temendo perder um bem tão valioso, con- trataram um advogado renomado para representá-los no tribunal: José Bonifácio, poeta romântico, professor de Direito no Largo São Francisco, conhecido como “o Moço”. Segundo o historiador, a ideia da família era ter como defensor um advogado que não fosse identificado com a escravidão. Bonifácio era um político liberal e abolicionista. De fato, anos depois do caso, ele partici- paria como senador da campanha pelo fim do regime. No processo do comendador, porém, defendeu os escravocratas. Curiosamente, o argumento jurídico de Bonifácio, que contestou o trecho do testamento que libertava os cativos, começava de maneira um pouco culpada: “Sem opor-me à liberdade, mas…”. Para Lima, ao longo do processo, Bonifácio “jogou sua imagem de abolicionista no lixo”. “Se ele começou escrevendo que não se opunha à liberdade, no restante da ação agiu como um escravocrata confesso, defendendo de maneira ensandecida a família do comendador”, aponta o historiador. No auge do processo, quando a causa ganhou repercussão em jornais da corte, Luiz Gama contou estar sofrendo ameaças de morte. Mencionou o fato em dois textos escritos em uma mesma semana de setembro de 1870, quando houve uma audiência importante do caso: Ao jornal Correio Paulistano, revelou uma trama da chefia da polí- cia para matá-lo. Já em uma carta ao filho, que tinha apenas 11 anos na época, escreveu o seguinte: “Lembra-te de que escrevi essas linhas em momento supremo, sob ameaça de assassinato.” Porém, apesar da pressão da elite escravocrata, o juiz de Santos deu ganho de causa ao argumento de Gama, em tese libertando os 217 cati- vos. Mas Bonifácio apelou a outras instâncias no interior de São Paulo, numa chicana jurídica que prolongou o processo e adiou a libertação das vítimas. Em 1872, o julgamento do mérito finalmente chegou ao Supremo Tribunal de Justiça, a última instância, no Rio de Janeiro. No tribunal, Gama foi representado por um amigo, o advogado Saldanha Marinho, pois a corte não aceitava sua atuação fora de São Paulo. O abolicionista escreveu a sustentação final, apresentada por Marinho, e acompanhou o julgamento no palácio da Justiça. Os ministros concordaram com a tese de Gama, mas a vitória não foi completa. Eles determinaram um prazo de 12 anos para a libertação dos 217 escravizados a partir da feitura do testamento, de 1866. Ou seja, os cativos tiveram que prestar serviços forçados para os herdeiros do co- mendador até 1878, quando finalmente foram libertados. “Essa liberdade condicional foi uma derrota para Gama, mas a vitória dele no mérito da causa, uma alforria coletiva, foi uma coisa escandalosa 7 Ano XLIV Rio de Janeiro Quarta-feira 12 de maio de 2021 Nº083 para a época. Isso nunca tinha acontecido no Brasil. São raríssimas as libertações coletivas no sistema escravocrata das Américas, o que dirá de uma alforria de 217 pessoas”, explica Lima. A vitória histórica de Gama na maior corte do país não foi noticiada com destaque na imprensa paulista, bastante ligada a fazendeiros escra- vocratas. Temia-se que a repercussão da história pudesse gerar novos pro- cessos. “Saiu apenas uma pequena nota em um jornal, e ela só informava o final da causa”, diz o historiador. Ao final do prazo, em 1878, um jornal paulista noticiou uma grande festa em comemoração pela libertação dos cativos do comendador Fer- reira Netto. No entanto, das 217 pessoas representadas por Gama, apenas 130 ainda estavam vivas para gozar a liberdade finalmente conquistada, segundo a publicação. “No fim das contas, Gama não se sentiu vitorioso, talvez por isso ele pouco tenha falado dela depois. Mesmo tendo ganho o mérito, 80 vidas foram perdidas”, diz Lima. Maior ação coletiva A “Questão Netto” foi a maior causa de libertação defendida por Luiz Gama. Segundo Bruno Lima, ela chegou a ser citada brevemente por his- toriadores nas décadas seguintes, mas caiu no esquecimento. A segunda maior ação de Gama, por exemplo, tinha 18 pessoas, e correu em Pindamonhangaba, interior de São Paulo. Portanto, dado que o advogado foi o maior ativista do abolicionismo jurídico do país, o caso dos 217 cativos pode ser o maior processo do tipo na história do Brasil. O historiador Tâmis Parron, da UFF, vai mais longe: o catatau en- contrado e analisado por Bruno Lima pode ser a maior ação coletiva de libertação de escravizados conhecida nas Américas até hoje. “Nos Estados Unidos e no restante da América, os processos de alfor- ria eram bem distintos. Nos EUA, por exemplo, a alforria não dependia apenas da vontade do senhor, como no Brasil, mas sim da autorização de várias instâncias da burocracia estatal. Era difícil ter ações coletivas. Nunca li nada na historiografia do abolicionismo sobre um processo que envolvesse tantas pessoas”, diz. Para Lima, a descoberta abre brechas importantes nas pesquisas sobre o abolicionismo brasileiro e sobre a trajetória de um de seus maiores expoentes. Em seu doutorado, ele analisa principalmente os argumen- tos jurídicos das partes,mas outros aspectos da ação ainda podem ser pesquisados. “Há muito a se estudar ainda sobre esse processo: quem eram esses escravizados? O que aconteceu com eles depois? Outro ponto é que ele joga luz sobre a figura de José Bonifácio, visto historicamente como um grande abolicionista, mas que na ação defendeu escravocratas de maneira bastante enfática”, aponta o historiador. Apagamento Existem algumas biografias sobre Luiz Gama, mas sua obra completa e sua atuação como advogado ainda não são de todo conhecidas. Há di- versas razões para explicar os motivos desse esquecimento. “Primeiro, existe um problema estrutural da pesquisa acadêmica no Brasil que é o subfinanciamento. É uma vergonha que a obra de Luiz Gama não esteja toda publicada. Se ele fosse americano, dada a sua im- portância histórica, tudo o que ele escreveu já estaria na vigésima edição. Qualquer assunto da história do Brasil ainda é um terreno a se desbravar”, diz Tâmis Parron. Para ele, outro problema afeta os estudos sobre o abolicionismo. “Com o racismo estrutural e o negacionismo em relação à escravidão e às desigualdades sociorraciais, não é difícil entender por que esse grande abolicionista da história mundial não tem sua obra estudada no país”, completa. Já Zulu Araújo, ex-presidente da Fundação Palmares e doutorando em Relações Internacionais pela Universidade Federal da Bahia, acredita que a elite brasileira tentou “branquear” a história ao associar o fim da escravidão apenas à Princesa Isabel, que assinou a Lei Áurea em 1888, e não ao trabalho incessante dos abolicionistas. “Tentou-se apagar a escravidão da história do país com a assinatura de uma senhora da elite. Esse tipo de narrativa apaga a participação popu- lar no processo abolicionista e as lideranças que tinham origem popular, como Luiz Gama”, diz. “Ele era um negro que viveu todas as instâncias da escravidão: nasceu livre, foi vendido pelo próprio pai, tornou-se escra- vo e depois se libertou para defender outros escravizados.” Segundo Zulu, o movimento negro, depois dos anos 1970, escolheu Zumbi dos Palmares como seu maior símbolo na luta contra o racismo. “Para se contrapor à Princesa Isabel, escolheu-se uma figura guerreira como referência. Foi uma escolha histórica. Acredito que hoje, com o maior acesso da população negra às universidades, outras pessoas impor- tantes voltarão a ser estudadas. Acredito que uma das saídas para o mo- vimento é resgatar outros símbolos da nossa história, como Luiz Gama”, diz. Era isso, Senhor Presidente. Obrigado. O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Obrigado, Vereador. A próxima oradora inscrita é a nobre Vereadora Thais Ferreira, que dispõe de 10 minutos. Boa tarde, Vereadora. A SRA. THAIS FERREIRA – Boa tarde, Presidente. Muito boa tarde a todos que nos assistem. Hoje também trago um texto escrito pela Flávia Ribeiro Rodrigo Ve- loso, assessora da nossa mãedata, para que a gente possa compartilhar a educação política e também compartilhar conhecimento sobre a memória dos locais de nossa cidade. Esse texto tem a motivação da chacina do Jacarezinho. Vamos conhe- cer um pouquinho mais desse território tão importante no Rio de Janeiro: “Do quilombo ao cativeiro social – A história do Jacarezinho revela um pacto social pendente. A história do Jacarezinho nos remete ao período do Império. Toda a região onde se localiza a favela, até o século XVIII, era uma fazenda de missionários jesuítas que acabaram expulsos pela Corte portuguesa, dando lugar a um loteamento de terras para grandes engenhos que faziam uso da mão de obra de negros e índios escravizados. Em 1808, com a mudança da Família Real para o Rio de Janeiro, e sua consequente instalação no casarão de um mercador de escravos na Quinta da Boa Vista, houve um impulso ao desenvolvimento da região, que se situava no entorno do que se tornaria o novo palácio real. Inclusive, a então comarca do Engenho Novo, aos quais pertenciam o Jacarezinho, o Engenho da Rainha e o Engenho de Dentro. Nas grutas dessa região, num lugar conhecido como Preto Forro, era onde se escondiam os negros que conseguiam escapar das fazendas dos senhores de engenho localizadas na Serra do Matheus e na Boca do Mato. A região onde o Jacarezinho cresceu, portanto, como diversas outras da cidade, era como um quilombo urbano. Primeiramente, na parte alta do morro, hoje conhecida como Azul. Para dificultar as incursões dos capitães do mato, e, depois, as da Polícia Militar, criada pela Coroa, e que, aos pou- cos, foi recebendo principalmente os desabrigados de sucessivos projetos urbanísticos com remoção das habitações de pessoas pobres, majoritaria- mente negras, nos bairros centrais da cidade, onde havia cortiços e vilas. No período da República e, mais fortemente, no Período Vargas, com impulso à industrialização nos arredores, a exemplo do Polo de São Cristóvão, a demanda por trabalhadores aumentou significativamente. A maior parte dessa demanda, no entanto, foi suprida pela imigração em massa de europeus católicos, para substituir os negros no trabalho. Uma prática financiada pelo Estado para ‘branquear’ a nação brasileira. Para os negros, restou quase sempre o emprego formal (sic), precário, muitas vezes, sem pagamento regular de salários, ou pequenos escambos – tipos de ocupação que predominaram entre os primeiros moradores do Jacarezinho, enquanto a vigência da Lei de Terras na prática também im- possibilitava, mesmo os negros que obtinham recursos de ocupar imóveis nas melhores localidades. Já na segunda metade do século, quando a indústria nacional entraria em declínio e em fase de reorganização da sua produção, esvaziando os antigos galpões, houve diminuição da oferta de bons empregos, levando à pobreza extrema uma parte considerável das pessoas que moravam por ali. Foram estes, talvez, os mais afetados pelo que os economistas chama- ram de ‘desindustrialização’ do Brasil. 8 Ano XLIV Rio de Janeiro Quarta-feira 12 de maio de 2021 Nº083 Em 2010, o último levantamento do IBGE demonstrou que, dos 160 bairros da capital fluminense, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Jacarezinho era o quarto pior da lista. A métrica envolve aná- lises de renda, escolaridade, condições de moradia, expectativa de vida, entre outros dados. A posição do Jacarezinho, então, reflete condições negativas em todas essas dimensões. Olhando para essa história, é possível notar que a última operação po- licial no Rio, que resultou em uma chacina, virá se somar a diversas ou- tras; virá acrescentar continuidade histórica dos ossos que se encontram disponíveis para visitação, na Capela das Almas, construída na Região do Jacarezinho, em memória dos que foram assassinados nos quilombos da região. A pobreza e a violência vêm se reproduzindo nesse território há pelo menos três séculos, maquiadas, muitas vezes, sob o discurso de mora- lização e de modernização, sem que, na verdade, o Estado se preocupe com o desenvolvimento econômico sustentado, dando oportunidade de formação educacional, bons empregos e infraestrutura de moradia digna. Está na hora de dizer ‘Basta!’. Não podemos falhar, como civilização, em modificar a perspectiva racista que vem perpetuando nessa localidade as tragédias sociais. Temos um pacto social pendente. O Rio de Janeiro não será bom para ninguém enquanto, no Jacarezinho, o único braço do Poder Público presente for a corporação de elite das polícias. Assim encerro o texto”. Seguindo os ensinamentos do Vereador Cesar Maia, peço que seja dado como lido e que seja publicado no Diário Oficial. Também vou co- piar no grupo dos vereadores, para facilitar a transcrição. Muito obrigado pelo espaço de fala, Senhor Presidente. O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Ok, nobre Vereadora Thais Ferreira, a Presidência acolhe, então, o pedido de Vossa Excelência. O próximo orador inscrito é o nobre Vereador Paulo Pinheiro, que dispõe de 10 minutos. O SR. PAULO PINHEIRO – Boa tarde, Presidente, Vereador Eliel doCarmo. Boa tarde a todos os vereadores e vereadoras da Casa. Boa tarde para os nossos amigos, profissionais da Rio TV Câmara e da Câmara de Vereadores que estão no seu trabalho presencial, nos dando sustentação, para podermos conversar com vocês. Vou compartilhar na tela, daqui a pouco, um vídeo. Mas eu queria me referir a esse vídeo. Eu queria que os senhores vissem e ouvissem com atenção o que vão dizer três médicos que aparecerão nesse vídeo. Eu queria falar sobre a necessidade de as pessoas entenderem o momento que estamos vivendo. Houve uma comoção nacional em relação à morte do ator Paulo Gustavo. Houve o encantamento que as pessoas têm por esse ator, que é uma coisa muito importante – foi um grande artista da nossa vida; um gran- de brasileiro que foi embora. E ele serviu de símbolo, e acho que essa matéria é um símbolo, para que as pessoas que não acreditam, para as pessoas que acham que isso é uma brincadeira, para as pessoas que acham que é um exagero que está acontecendo e que está para aconte- cer, e o que vai acontecer com cada um de nós, nesses momentos, aqui no Brasil. Nós estamos diante de um país onde a vacinação anda devagar, onde as vacinas estão faltando para todos e onde as pessoas estão muito iludi- das com a questão da vacinação. Vacinam e acham que estão absoluta- mente livres. Muitos acham que, por serem jovens, podem tranquilamen- te fazer o que acham que devem fazer. O exemplo do Paulo Gustavo. Era um jovem sem comorbidades, com saúde, muita saúde, saudável, e nós vimos o que aconteceu, porque essa doença é muito grave. Vemos os nossos representantes, Presidente da República, governado- res, prefeitos fazendo coisas que são indevidas, maus exemplos. Prefeito da cidade aparece cantando no final de semana, sem máscara, em um gru- po enorme de pessoas, todo mundo sem máscara. Não é aceitável que a gente tenha esse tipo de conduta. O Prefeito pode se desculpar 400 vezes, mas é ele que sabe perfeitamente o que está acontecendo. Ele sabe como ninguém a importância de dar o exemplo à população. Foi um grave erro, um gravíssimo erro cometido pelo Prefeito Eduardo Paes. Eu queria que cada um de vocês ouvisse, agora, essa matéria que foi ao ar, no domingo, no Fantástico. São dois minutos e meio, e depois eu encerro, para que vocês prestem atenção no que essas pessoas estão di- zendo. Acreditem nessas pessoas. Tem um problema de adaptação, aqui, da nossa rede, mas vai entrar rapidamente. A gente vai ouvir dois minutos de vídeo, agora. Nós es- tamos tentando resolver esse problema com o pessoal da Assima. Vou passar esse vídeo a seguir, em outro horário, em outro momento. Vou só concluir: o que a gente queria mostrar para todos... Depois, a gente vai passar esse vídeo para vocês verem as opiniões que são dadas sobre a situação que nós vivemos hoje. Na opinião dada pela equipe médica que atendeu o Paulo Gustavo do início ao fim, eles mostram, com todos os detalhes possíveis, foram muitos detalhes, que a doença é traiçoeira. Essa doença é muito grave, pega pessoas que não estão acreditando nisso, pessoas que são quistas, não tinham nenhuma comorbidade. Nada deveria ter levado ele a uma situação tão grave, às complicações apresentadas. Ao final, a equipe mé- dica fala e pede para entenderem esses casos como um exemplo na vida de todos nós. Pessoas jovens, pessoas fortes e sem comorbidades podem ter a doença. A única coisa que o salvaria, a única coisa que teria salvo o Paulo Gustavo e tantos outros aqui brasileiros, seria a vacina. A explica- ção sobre isso, mesmo a gente vacinado, mesmo a gente tomando duas doses da vacina, mesmo passando o período, temos que entender que a transmissibilidade continua alta nas cidades brasileiras, continua sendo um risco de você contaminar ou ser contaminado pelas pessoas. Vacina- do, você provavelmente não terá a doença tão grave, mas você continuará transmitindo às pessoas. É um cuidado, e é uma avaliação que esses profissionais de Saúde fizeram sobre um caso tão importante, mostrando para todos nós que os cuidados são essenciais. Nós não voltamos à vida normal neste momento, nós não temos como voltar à vida normal. Não adianta forçar a barra, porque isso vai trazer transtornos para muitas pessoas. Nós continuamos vendo que a transmissibilidade é muito alta, que a vacina é muito importante. Nós não podemos deixar de vacinar. Pessoas como o Paulo, e outras que estivessem vacinadas, provavel- mente teriam a doença de uma forma mais branda. Mas a razão que nós temos em relação a isso é que a sociedade, que a população, indepen- dente das suas posições, independente do que vocês acham, acreditem nas pessoas que estão, neste momento, convivendo com essa situação. Acreditem, acreditem, não tenham dúvidas, não se arrisquem, não façam essas loucuras que nós estamos vendo as autoridades fazendo por aí. Não façam, não façam isso, porque não dá para contar todas as pessoas que estão morrendo, por que morreram. A gente está vendo um caso como esse, um exemplo muito claro do que nós deveríamos ter feito, mas não fizemos: não compramos as vaci- nas. Nós, hoje, temos um problema muito grave. Hoje, temos, vacinamos em torno de 35 milhões de brasileiros, 35 milhões de brasileiros com a primeira dose. Temos em torno de 17 mi- lhões de brasileiros com a segunda dose. Só a lista do Programa Nacional de Imunizações, as pessoas que necessitavam ter prioridade, as pessoas com alto risco de ter a doença, seriam 80 milhões de brasileiros. Nós não chegamos nem na metade da vacinação da primeira dose dos brasileiros que precisam muito, mais do que qualquer outro, dessa vacina. Nós estamos vendo que para vacinarmos 65% da população vai nos custar muito tempo, 70% da população vai nos custar muito tempo. E é esse o momento em que a gente pode fazer alguma coisa. É exatamente esse o momento, quando tivermos 70% da população vacinada, que nós vamos ter condições de começar a pensar em como é que nós vamos nos movimentar mais na rua. O que tentei fazer e vou tentar depois apresentar, quando tiver uma oportunidade, são essas explicações dos profissionais da Saúde, para mais uma vez tentar convencer, porque a gente acha que as pessoas estão convencidas e aí se surpreende com uma coisa dessas, com esse vídeo do Prefeito da Cidade. Isso é muito triste, porque as pessoas têm o exemplo. O exemplo vem de quem aparece mais, de quem tem mais exposição. Esse exemplo não pode deixar as pessoas nessa dúvida. É lamentável o que aconteceu e eu espero que o Prefeito não só peça desculpas, mas tam- 9 Ano XLIV Rio de Janeiro Quarta-feira 12 de maio de 2021 Nº083 bém participe um pouco mais, faça um pouco mais do seu Governo em relação ao isolamento das pessoas e à necessidade do isolamento social. Ainda tenho tempo ou terminou, Senhor Presidente? O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Ainda há tempo, nobre Vereador Paulo Pinheiro. O SR. PAULO PINHEIRO – Só vou tentar agora, o pessoal da Assi- ma está me avisando que é para a gente passar o vídeo. Pessoal fala rápi- do assim mesmo. É uma médica que era produtora do Paulo Gustavo, ela fala muito rápido. Parece que o vídeo está rápido, mas é assim mesmo. Pode passar, por favor. (Exibe-se o vídeo) O SR. PAULO PINHEIRO – Essa é a explicação dos profissionais, os três que falaram são médicos: a médica, o Doutor Drauzio Varella e o chefe do CTI do Copa Star. É só um lembrete para as pessoas acredita- rem na ciência, para entenderem que nós não estamos exagerando; que não queremos prejudicar a economia. Nós não queremos fazer campanha contra o Governo Federal e nem contra o Governo Estadual, queremos fa- zer uma campanha em favor da vida. E esse caso mostrou para os profis- sionais que o atenderam a gravidade da doença, a maneira como a doença violentamente atacou o corpo de um jovem com saúde. Portanto, meus amigos, o que estamos pedindo, mais uma vez, é que tenhamos calma, tranquilidade, e que aceitemos o que vem acontecendo no momentoe o que devemos fazer. Não adianta achar que, se vacinar- mos, vamos para rua, estamos livres, vamos ao supermercado. Não é as- sim que vai funcionar! Nós ainda temos uma população contaminando muito na rua, uma pessoa contamina duas ou três pessoas lá, ainda temos que ter o distanciamento social. Eu sei que as crianças têm que voltar para escola, eu sei que as crian- ças precisam estudar, mas é necessário entender que essas crianças, esses profissionais e seus familiares ficarão muito mais expostos nesse momen- to; não adianta dizer que em casa a criança está largada, não é isso! A escola não é um depósito. Então, eu queria fazer esse apelo e essa história que eu tentei passar aqui. Fico muito impressionado, muito preocupado em relação a um caso como esse, que é exemplar; é um caso que mostra para as pessoas enten- derem que não é para ter medo, é para ter cuidado, acreditar e fazer aquilo que devemos fazer. Senhor, Presidente, muito obrigado pelo espaço e agradeço ao pessoal da Assima pela ajuda que nos deu. O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Obrigado, nobre Ve- reador Paulo Pinheiro. Não havendo mais orador inscrito, a Presidência franqueia a palavra. Com a palavra franqueada, o nobre Vereador Cesar Maia, que dispõe de 10 minutos. O SR. CESAR MAIA – Obrigado, Senhor Presidente; obrigado, Ve- reador Paulo Pinheiro. Trata-se de um texto que faz parte da série, no Diário do Rio, sobre ruas do Rio de Janeiro. É mais um texto de Altair Alves, publicado no dia 7 de maio, agora. Peço seja dado como lido e que seja publicado no Diário da Câmara Municipal. O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – A Presidência acolhe a solicitação de Vossa Excelência. O SR. CESAR MAIA – “Quem foi Cesário de Melo? A Avenida Cesário de Melo é uma das principais e mais extensas vias da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ela atravessa diversos bairros da região, como Santa Cruz, Paciência, Cosmos, Inhoaíba, Campo Grande e Sena- dor Vasconcelos. É parte integrante do antigo Caminho Imperial, uma via que unia o Rio ao Sertão, passando pela Fazenda dos Jesuítas, ao longo da então Capitania do Rio de Janeiro, nos séculos XVII e XVIII. Na região, localizam-se as garagens de ônibus da Expresso Pégaso e das antigas Transportes Zona Oeste e Viação Algarve. Na avenida tam- bém abriga o Colégio Nossa Senhora do Rosário, Hospital Estadual Ro- cha Faria, Cemitério de Campo Grande. Com intensa movimentação de veículos, sobretudo no trecho de Cam- po Grande, a Cesário de Melo possui acessos para diversas estações do BRT TransOeste, entre elas: Vila Paciência, Três Pontes, Cesarinho, 31 de outubro, Santa Eugênia, Júlia Miguel, Parque São Paulo. Mas afinal, quem foi Cesário de Melo? Júlio Cesário de Melo foi um médico e político nascido em Pernam- buco, em 1876. Aos 18 anos, já órfão de pai, viajou para o Rio de Janeiro para estudar Medicina. Sua mãe queria que ser tornasse padre. Sem voca- ção, prometeu-lhe que faria da medicina um sacerdócio. Quando chegou ao Rio, em 1894, começou a trabalhar numa farmácia e acabou formando-se Farmacêutico, por ser um curso mais rápido e que lhe traria os meios financeiros para custear o curso de Medicina. Cesário de Melo continuou os estudos e passou a ser interno da Santa Casa de Misericórdia, tendo se graduado doutor em medicina pela Uni- versidade do Brasil, em 1905. Apesar de ter sido convidado para tornar-se o primeiro cirurgião da Santa Casa, preferiu dar outro rumo à carreira. Pelos braços do Sr. Au- gusto Frederico Burle, foi apresentado a Santa Cruz e as visitas ao bair- ro apresentaram ao médico a grave situação da saúde pública local. Em 1906 foi convidado a tornar-se médico microscopista do Matadouro de Santa Cruz e aceitou a proposta. Nesse mesmo ano, entrou para a vida política filiando-se ao Partido Libertador. Ao ingressar na política, Dr. Júlio entendeu que somente represen- tando o povo de Santa Cruz junto ao Governo, conseguiria despertar a vontade política para transformar o bairro. Após ser eleito por dois man- datos em 1924 e 1930, Júlio Cesário de Mello chegou a Senador em 1935 e ainda se elegeu a vereador em 1948, mas renunciou por já estar muito doente. Viveu da política, porque em virtude da promessa feita à mãe, não co- brava seus serviços médicos; em seu consultório e nas visitas domicilia- res que frequentemente realizava pelo “sertão carioca”, eram igualmente atendidos aqueles que podiam e que não podiam pagar. O ex-senador faleceu em 28 de dezembro de 1952, aos 76 anos. Seu corpo foi velado na sua residência por mais de 15 mil pessoas e o cortejo fúnebre tinha mais de cinco mil pessoas. Júlio Cesário de Melo foi casado com Maria Antonieta Rodrigues Ce- sário de Mello, com quem teve 7 filhos.” Obrigado, Presidente. O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Obrigado, nobre Ve- reador Cesar Maia. Não havendo orador inscrito, a Presidência franqueia a palavra. O SR. REIMONT – Senhor Vereador, por favor. O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Com a palavra fran- queada, o nobre Vereador Reimont, que dispõe de 10 minutos. O SR. REIMONT – Senhor Presidente, senhores vereadores e verea- doras, nós ainda estamos sobre o impacto daquilo que nos aconteceu na semana passada: o massacre, a matança, a chacina na Favela do Jacarezi- nho. No dia do massacre, à noite, eu conversava com algumas lideranças do Jacarezinho e uma delas me trouxe uma frase que não tenho condições de esquecer nem se por duzentos anos viver. Dizia ela: “o Estado vê a favela pela mira do fuzil”. Há muitas perguntas a serem feitas e nós precisamos talvez com- preender para onde que a humanidade está caminhando, qual o lugar que nos está reservado, se fazemos esse caminho de barbárie, de matança, de chacina, de massacre. O Governador do Estado vem aos meios de comunicação dizer que a Polícia estava cumprindo o seu papel de atender a uma demanda do 10 Ano XLIV Rio de Janeiro Quarta-feira 12 de maio de 2021 Nº083 Ministério Público. O Governador do Estado, como as autoridades da segurança pública – porque aquela ação não foi uma ação de segurança pública, porque segurança pública se faz de forma diferente, se faz com inteligência – têm responsabilidade sobre o massacre do Jacarezinho. Nós não podemos deixar que isso caia no esquecimento. Nós precisa- mos compreender, primeiro, que o Brasil não tem no seu Código Penal a pena de morte. Nós precisamos compreender que, no Brasil, quando nós falamos dos empobrecidos, nós falamos de uma história de um racismo estrutural, de uma estruturação de cidades, de grandes cidades onde o povo trabalhador vive nas periferias e nas favelas. Tenho um amigo da favela do Chapéu Mangueira/Babilônia que, ao contrário do que algumas pessoas dizem, e as pessoas andam dizendo isso: o dia que a favela descer..., mas esse meu amigo do Chapéu Man- gueira/Babilônia diz exatamente o contrário: o dia em que a favela não descer, o dia em que os moradores das periferias cruzarem os braços, o dia em que a favela disser “hoje não desceremos”, a nossa cidade entra em colapso. Então, compreender isso é compreender que o estado não pode olhar para a Cidade do Rio de Janeiro, que é uma cidade com quase sete milhões de habitantes, onde a cada três cariocas um deles mora em favela, em periferia, e compreender que o único caminho a ser feito da segurança pública é fazer o que aconteceu no Jacarezinho. Não é, definitivamente não é. Não é essa a sociedade que queremos, não é essa a segurança pú- blica que desejamos, não é esse o estado por que nós ansiamos. O estado que nós queremos construir é um estado que representa sim, os direitos humanos, um estado que compreende que há possibilidades de que as pessoas que cometem crimes tenham o direito de pagar por seus crimes e não pagar com o rompimento da própria vida. Então, nós estamos ainda muito impactados com tudo isso. Está correta a minha amiga do Jacarezinho que dizia para mim, na quinta-feira passada: “Reimont, o estado nos vê pela mira do fuzil”.A pergunta é simples, precisamos responder a essa pergunta. Depois do que aconteceu no Jacarezinho, acabou o tráfico de drogas e o tráfico de armas no Rio de Janeiro? Depois do que aconteceu no Jacarezinho, será que nós sentimos a nossa ira aplacada porque 28, 29 pessoas, um policial e 28 civis perderam a sua vida no confronto do Jacarezinho? Será que alguém pode dizer que essa foi uma operação exitosa? Êxito é combate à fome. Êxito é ter oportunidade para as pessoas viverem com dignidade. O esta- do pode dizer-se exitoso quando ele provê as necessidades do cidadão ou luta para que políticas públicas provejam as necessidades dos cidadãos e cidadãs e não quando o seu aparato policial entra na favela e tira a vida de 28 pessoas, de 29 pessoas, 28 civis e um policial. O estado, portanto, é preciso dizer isso com todas as letras, o estado cometeu um massacre, uma matança, uma chacina, o Estado do Rio de Janeiro, no dia 6 de maio, e isso não tem borracha que apague, não tem tinta que cubra, não tem história que desmonte esta história! O Estado cometeu um crime! O Estado abateu 29 pessoas: um policial e 28 civis. E nós precisamos, como parlamentares que somos, compreender qual é o nosso papel nessa história toda. Compreender quando falamos aqui do aumento do armamento na cidade; compreender quando falamos do com- bate às drogas, que, no fundo é combate aos pobres. Quando a gente fala de “guerra às drogas”, ao fim e ao cabo, está falando de guerra aos pobres. Porque nós temos clareza! Nenhum de nós aqui é pouco inteligente a ponto de achar que a plantação de maconha ou o refino de cocaína se dê em algum galpão das favelas do Rio de Janeiro! Nenhum de nós aqui é pouco inteligente para achar que em uma favela no Rio de Janeiro exista uma subsidiária, uma filial, da Taurus. Nós somos inteligentes o bastante para compreender que nas nossas favelas existem trabalhadores! E, aí, está correto o meu amigo do Chapéu-Mangueira, Morro da Ba- bilônia: no dia em que a favela não descer, no dia em que os pobres cruzarem os braços, se nós olharmos a situação da sociedade brasileira, nós haveríamos de compreender que vivemos ainda – e oxalá esse tempo passe – sob a égide de um racismo estrutural. Em uma blitz armada pela Polícia Militar, em qualquer lugar dessa cidade, se eu passo dirigindo, e ao lado, ou à minha frente, ou atrás de mim, passa um amigo meu, negro, dirigindo, a opção é parar o meu ami- go, e não a mim! Todos nós nos lembramos o que aconteceu na Estrada do Galeão, com o Evaldo, músico, que levou mais de 100 tiros no seu carro, por soldados. Um senhor negro, com sua família dentro do carro. Esse racismo estru- tural precisa parar. Eu quero lembrar aqui uma grande figura da América Latina, um bis- po salvadorenho, Dom Oscar Romero, mártir da América Latina; para nós, católicos, elevado à honra de Santidade pelo Papa Francisco. Dom Oscar Romero foi assassinado dentro da sua igreja na hora da elevação da eucaristia. Pistoleiros adentraram a sua igreja e o alvejaram. Tiraram a sua vida quando ele estava no altar celebrando a missa! Em um dos últimos discursos feitos por Dom Oscar Romero, ele tinha uma palavra de ordem, que hoje está nas favelas do Rio de Janeiro, em um movimento que o povo negro tem cunhado e feito, na Cidade do Rio de Janeiro, de maneira muito coerente! Dom Oscar Romero dizia: “Em nome de Deus, parem de matar!” E nas favelas do Rio de Janeiro, o grito do povo – e eu me associo a esse grito, muitos de nós nos associamos: parem de nos matar! Parem de nos matar! Então, quando nós viemos discutir, Vereador Eliel, vereadoras e ve- readores, discutir o tema, é preciso compreender que Segurança Pública não é para tirar a vida do outro! “Ah, mas o outro é criminoso!” Ele é criminoso, que pague pelo seu crime! E, no Brasil, que eu saiba, pelo que eu entendo, não há pena de morte! Eu me lembro muito bem quando houve uma apreensão de 117 fuzis num condomínio na Barra da Tijuca, uma amiga minha, Dona Sônia, mãe de um garoto que foi assassinado na chacina do Borel, virou para mim, botou a mão nos meus ombros e disse assim: “Se descobrissem um fuzil na minha favela, pelo menos três meninos desceriam mortos na mala dos carros.” Senhor Presidente, senhores vereadores e vereadoras, a minha fala, aqui, hoje, é uma fala de reflexão, para a gente entender qual a sociedade que nós estamos construindo. E quero afirmar: nenhum de nós, aqui, é pouco inteligente para achar que a “guerra às drogas” é guerra às drogas. Não é! É guerra aos pobres! Para achar que na favela do Rio existe um refino de cocaína ou plan- tação de maconha para exportação. Ou de achar que na favela do Rio tem uma filial da Taurus produzindo armas. Nenhum de nós é pouco inteligente. Todos nós sabemos que nada disso é verdade. O que há é extermínio do povo pobre. E eu preciso en- tender que cada um de nós tem um papel importantíssimo para fazer do Parlamento que ocupamos. Muito obrigado, Senhor Presidente. O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Obrigado, Vereador. Não havendo orador inscrito, a Presidência fraqueia a palavra. O SR. CESAR MAIA – Senhor Presidente, Cesar Maia. O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Com a palavra, o no- bre Vereador Cesar Maia, que dispõe de 10 minutos. O SR. CESAR MAIA – Senhor Presidente, recebi de uma mãe da Escola Municipal Doutor Cícero Penna um comunicado, um WhatsApp, que a mim me mobilizou muito. Hoje mesmo e ontem entrei em contato com o Presidente Carlo Caia- do, que me asseverou que a lei de tombamento irá para a pauta na pró- xima terça-feira. Com certeza, palavra do Vereador Carlo Caiado é algo que ninguém discute. Peço para dar como lido na íntegra e publicar no Diário Oficial da Câmara Municipal. Vou postar no grupo de vereadores para facilitar a transcrição. O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – A Presidência acolhe a solicitação de Vossa Excelência. O SR. CESAR MAIA – Obrigado, Presidente. Diz ela assim: 11 Ano XLIV Rio de Janeiro Quarta-feira 12 de maio de 2021 Nº083 “Para Cesar Maia. Escola Municipal Doutor Cícero Penna. Mãe e re- presentante do CEC, Conselho Escola Comunidade. Excelentíssimo Senhor” – ex- – “Prefeito Cesar Maia. Já nos falamos anteriormente através de ‘e-mails’ quando estávamos sem professor generalista no início do ano passado. E, graças ao seu apoio indispensável, conseguimos vencer esse obstáculo. Mais uma vez recorri a seu apoio dias atrás quando tivemos a notícia de que o terreno da Escola Municipal Doutor Cícero Penna seria vendido para a construção de um imóvel residencial, e o senhor deu início ao pro- jeto de tombamento da escola. Agora venho através deste pedido dizer-lhe que sou mãe represen- tante do CEC, Conselho Escola Comunidade, e mãe de Carolina N. C. Melito, que hoje se encontra matriculada na Escola Municipal Doutor Cícero Penna, situada na Avenida Atlântica, nº 1.976, em Copacabana. Informo que minha filha, neste ano de 2021, encontra-se cursando o 3º ano do Ensino Fundamental. Porém, iniciou os seus estudos na referi- da escola desde a Educação Infantil, onde foi criteriosamente escolhida como a primeira escola para a vida dela por ter um ensino de qualidade, mesmo com todas as dificuldades que enfrentamos nas escolas do Muni- cípio do Rio de Janeiro. Venho pelo presente manifestar a minha discordância com a proposta da Prefeitura de vender o terreno onde está localizada a escola. Nossa escola possui mais de 50 anos de existência e possui 622 alunos matriculados. Dentre esses alunos constam os de Educação Especial, do Peja, que atende também, portanto, a adultos. Funciona durante todo o dia, com turmas na parte da manhã e da tarde, e à noite para os adultos. Sendo assim, venho por meio desta pedir o seu apoio para retirar a referida escola do rol dos imóveis que fazem parte do Anexo 1, item 8, do Projeto de Lei Complementar nº 16, de 2021, de autoria do Poder Execu- tivo, que pede autorização da Câmara Municipal do Rio de Janeiro para vender o referidoterreno. Sem mais, aguardamos sua atenção e, se possível, uma breve respos- ta” – coisa que fiz imediatamente. “Atenciosamente, Cláudia C. Melito.” Já temos 35 assinaturas no pedido de tombamento da escola, e solicito às senhoras e aos senhores vereadores que se acrescentem. O ideal mes- mo é de chegarmos, em vez de 35, a todos os vereadores, dada a impor- tância histórica e educacional da Escola Municipal Doutor Cícero Penna. Diria que basta mandar uma mensagem de WhatsApp dizendo: “Que- ro me agregar ao tombamento da Escola Municipal Cícero Penna.” Nem precisa enviar aquela lista toda. Basta uma informação para o WhatsApp que, imediatamente, será incluído. Era isso, Senhor Presidente. Agradeço. O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Ok. Obrigado, Verea- dor Cesar Maia. A palavra continua franqueada. Com a palavra franqueada, o Senhor Vereador Reimont, que dispõe de 10 minutos. O SR. REIMONT – Presidente, eu quero aproveitar esse momento, ainda no calor da fala do Vereador Cesar Maia, para parabenizá-lo. Já sou signatário do pedido de tombamento de Vossa Excelência. Pedi inclusive a coautoria, porque acho esse projeto muito importante. Eu tenho falado inclusive com familiares do Doutor Cícero Penna, que têm nos procurado: a Ana Penna, o Leandro Penna, tem um morador do Pará e outra moradora de Petrópolis. Todos estão muito sensibilizados. A família do Doutor Cícero Penna reconhece exatamente isso que Vossa Excelência coloca: a importância de fazer o tombamento. Ficamos muito felizes. Eu, pelo menos, me sinto muito feliz de saber que há esse com- binado com o Vereador Carlo Caiado para que o projeto seja votado na próxima terça-feira. Portanto, daqui a uma semana. Oxalá, Vereador Cesar Maia – acho que os vereadores têm essa sensi- bilidade – nós tenhamos as 51 assinaturas. Que nós tenhamos a totalidade dos vereadores. Para que isso aconteça, acho que há uma necessidade de sensibilidade do Prefeito Eduardo Paes, que poderia também retirar o projeto daquele rol de 15 projetos. Isso, de maneira nenhuma, prejudican- do a proposição de Vossa Excelência. A proposição de Vossa Excelência para o tombamento da escola já de certa forma sinaliza o que a Câmara Municipal pode fazer. Eu quero entender. Não sei como a Prefeitura está demorando. Não sei o motivo pelo qual está demorando tanto em reconhecer que a co- locação desse terreno no rol de terrenos/prédios a serem alienados não tenha se configurado como um equívoco da Prefeitura. É inadmissível! Ali, naquele espaço onde tem aquela belíssima escola, uma construção belíssima de 1920, cujo terreno e prédio foram doados à antiga Prefeitura do Distrito Federal e, depois, construída aquela escola. A intenção do doador era exclusivamente para uso educacional. Quero aproveitar aqui o espaço que estava disponível logo após a fala de Vossa Excelência, Vereador Cesar Maia. Quero parabenizá-lo e me juntar a essa luta, que considero muito importante. Obrigado, Presidente. O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Obrigado, Vereador Reimont. A palavra continua franqueada. Com a palavra franqueada, o Senhor Vereador Paulo Pinheiro, que dispõe de 10 minutos. O SR. PAULO PINHEIRO – É só para seguir na mesma linha do Vereador quando falou sobre a proposta do Vereador Cesar Maia. Eu tam- bém, no sábado, tive uma reunião com um grupo de mães, profissionais de educação e moradores daquela área. Estão todos muito preocupados. Eu, da mesma maneira que o Vereador Reimont, estou ainda impres- sionado e querendo saber por que o Governo ainda não se apresentou. O Secretário Ferreirinha, eu tenho cobrado constantemente. Cobrei inclusi- ve nas redes sociais. Em vez de ser o Secretário Ferreirinha a responder, foi o Secretário de Saúde quem respondeu. O Secretário de Saúde não é o de Educação, mas ele foi em defesa do seu colega dizendo que lá se pode construir uma escola melhor do que aquela. Não existe escola melhor do que aquela. Não existe. Essa conversa não vai nos enrolar. Não existe escola melhor do que aquela. Aquela es- cola está pronta há muito tempo. Ela faz um trabalho brilhante de inclu- são, um trabalho com o PEJA, que é superimportante e tem mais de 120 pessoas. Eu acho que é muito importante que os vereadores entendam a reper- cussão disso. A repercussão disso, o simbolismo de tirarmos uma escola para construirmos um prédio. Não é possível! O Secretário Pedro Paulo deu uma entrevista dizendo que era normal isso. Eu quero dizer que não é normal, não, Secretário. Não é normal! Poder ser normal para o senhor, mas não é normal para a maioria das pessoas entender que você vai abrir mão de uma escola que funciona bem dessa maneira e vai construir ou- tra. Se tem dinheiro para construir outra, resolve aquelas que estão para- das, que estão precisando ser consertadas, conserte as outras que estão precisando ser consertadas, ao invés de gastar dinheiro numa escola que está pronta, e apenas por um interesse imobiliário nós estamos com essa discussão. Eu queria lembrar que também já assinei, quero confirmar, pedir tam- bém a coautoria ao Vereador Cesar Maia e lembrar que nós precisamos um pouco mais, nós precisamos exigir a retirada desse projeto. Inclu- sive, eu estou preparando, eu quero conversar com os vereadores que quiserem, não quero tumultuar o ambiente já da assinatura do pedido de tombamento. Tenho muito medo de tombamento. Acho que tombamento é importante, mas eu não sei se daqui a quatro, cinco anos algum vereador resolve destombar, e a gente tem essa preocupação que é muito grande. Eu queria propor, ver se a gente consegue entrar em acordo, aqueles vereadores que acham que isso é importante, além em primeiro lugar do tombamento, assinando o tombamento, e eu queria propor e vou apresen- tar uma proposta de uma emenda. Vou apresentar uma emenda. Espero que consiga as assinaturas suficientes. Vereador Reimont, vereadores da bancada do PT, do PSOL, Vereador Cesar Maia e outros vereadores. Uma 12 Ano XLIV Rio de Janeiro Quarta-feira 12 de maio de 2021 Nº083 emenda que é muito simples, uma emenda retirando aquele terreno da lista de terrenos que podem ser vendidos. Estou preparando essa proposta, vou apresentar nos próximos dias para aqueles que quiserem assinar, como coautores, não tem de ser uma coisa pessoal. Eu estava aguardando que a Prefeitura tivesse o bom senso de fazer isso, retirar isso. Mas se não tirar, é outro caminho que nós te- mos junto com o tombamento, é retirar, apresentar uma emenda retirando aquele imóvel da lista de imóveis a serem vendidos pela Prefeitura. Eu espero que os vereadores que concordam possam assinar esse docu- mento junto. É um documento coletivo, não é um documento individual, para que a gente possa ter mais um elemento para impedir esse crime que, infelizmente, a Prefeitura do Rio não tem necessidade. Infelizmente o Se- cretário de Educação não se posiciona. Eu queria saber o que o Secretário Ferreirinha acha da retirada, da venda daquela escola da sua secretaria. Obrigado, Senhor Presidente. O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Obrigado, nobre Ve- reador Paulo Pinheiro. A palavra continua franqueada. Não havendo quem se manifeste, a Presidência suspende a Sessão até as 15h40. Está suspensa a Sessão. (Suspende-se a Sessão às 15h23 e reabre-se às 15h40, sob a Presidên- cia do Sr. Vereador Marcio Santos, a convite) O SR. PRESIDENTE (MARCIO SANTOS) – Está reaberta a Sessão. Terminada a Primeira Parte do Grande Expediente, passemos à Se- gunda Parte. O orador inscrito é o nobre Senhor Vereador Cesar Maia, que dispõe de 20 minutos. O SR. CESAR MAIA – Senhor Presidente, é um texto do editorial do Estado de São Paulo, de 2 de maio de 2021. Peço para ser dado como lido. O SR. PRESIDENTE (MARCIO SANTOS) – A Presidência acolhe a solicitação de Vossa Excelência. O SR. CESAR MAIA – “Uma oportunidade para a América Latina. Ao longo do século XX, a América Latina estava associada aos maio- res índices de desigualdade. Mas, nas últimas
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