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Diário 
Oficial
Câmara Municipal do Rio de Janeiro • Poder Legislativo
Mesa Diretora Lideranças
Ano XLIV • Rio de Janeiro
Sexta-feira • 14 de maio de 2021
CHEFE DE GABINETE DA PRESIDÊNCIA
CESAR ABRAHÃO
SECRETÁRIA-GERAL DA MESA DIRETORA
TANIA MARA MARTINEZ DE ALMEIDA
SUMÁRIO
Nº.085
PRESIDENTE
CARLO CAIADO • DEM
1º VICE-PRESIDENTE
TÂNIA BASTOS • REPUBLICANOS
2º VICE-PRESIDENTE
LUCIANO VIEIRA • AVANTE
1º SECRETÁRIO
RAFAEL ALOISIO FREITAS • CIDADANIA
2º SECRETÁRIO
MARCOS BRAZ • PL
1º SUPLENTE
JONES MOURA • PSD
2º SUPLENTE
TAINÁ DE PAULA • PT
LÍDER DO GOVERNO
ÁTILA A. NUNES
BLOCOS E PARTIDOS
BLOCO JUNTOS PELO RIO
Líder: CESAR MAIA
PARTIDO SOCIAL 
DEMOCRÁTICO • PSD
Líder: GABRIEL MONTEIRO
PARTIDO DEMOCRÁTICO
TRABALHISTA • PDT
Líder: WELINGTON DIAS
PARTIDO LIBERAL • PL
Líder: MARCOS BRAZ 
REPUBLICANOS
Líder: INALDO SILVA
PARTIDO SOCIALISMO E
LIBERDADE • PSOL
Líder: TARCÍSIO MOTTA
CIDADANIA
Líder: TERESA BERGHER
NOVO
Líder: PEDRO DUARTE
PROGRESSISTAS
Líder: VERA LINS
PARTIDO DOS 
TRABALHADORES • PT
Líder: LINDBERGH FARIAS
ATOS DA CÂMARA MUNICIPAL ............................................................... 
MESA DIRETORA ......................................................................................... 
PRECEDENTE REGIMENTAL ................................................................... 
EXPEDIENTE DESPACHADO PELO PRESIDENTE ............................. 
PLENÁRIO ....................................................................................................2 
Grande Expediente ........................................................................................2 
Prolongamento do Expediente ....................................................................13 
Ordem do Dia ..............................................................................................13 
Expediente Final ............................................................................................. 
EXPEDIENTE 
Ofícios ...........................................................................................................26 
Projetos de Emenda à Lei Orgânica .............................................................. 
Projetos de Lei Complementar ...................................................................27 
Projetos de Lei ..............................................................................................30 
Projetos de Decreto Legislativo ....................................................................... 
Projetos de Resolução ...................................................................................... 
Requerimentos .............................................................................................40 
Indicações .....................................................................................................44 
CONSULTORIA E ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO ...................48 
COMISSÕES ...............................................................................................55 
ATOS E DESPACHOS 
Mesa Diretora ..............................................................................................68 
Presidente ......................................................................................................... 
Secretário ......................................................................................................... 
Procurador-Geral ............................................................................................ 
Diretoria-Geral de Administração .............................................................69 
Diretor de Pessoal ............................................................................................ 
EDITAIS, CONTRATOS E BALANCETES ............................................70 
ERRATAS ....................................................................................................70
2
Ano XLIV
Rio de Janeiro
Sexta-feira
 14 de maio de 2021
Nº085
PLENÁRIO
11ª LEGISLATURA 1ª SESSÃO LEGISLATIVA
1º Período Ordinário de Sessões
ATA DA 33ª SESSÃO ORDINÁRIA,
EM 13 DE MAIO DE 2021
Presidência dos Srs. Vereadores Tânia Bastos, Primeiro Vice-Presi-
dente; e a convite, Eliel do Carmo e Marcio Santos. 
Às 14 horas, em ambiente híbrido, com a presença dos Srs. Vereadores 
Alexandre Isquierdo, Átila A. Nunes, Carlo Caiado, Carlos Bolsonaro, 
Celso Costa, Cesar Maia, Chico Alencar, Dr. Carlos Eduardo, Dr. Gil-
berto, Dr. João Ricardo, Dr. Marcos Paulo, Dr. Rogério Amorim, Eliel do 
Carmo, Felipe Michel, Gabriel Monteiro, Inaldo Silva, Jair da Mendes 
Gomes, João Mendes de Jesus, Jorge Felippe, Lindbergh Farias, Luciano 
Medeiros, Luciano Vieira, Luiz Ramos Filho, Marcelo Arar, Marcio Ri-
beiro, Marcio Santos, Marcos Braz, Monica Benicio, Paulo Pinheiro, Pe-
dro Duarte, Prof. Célio Lupparelli, Rafael Aloisio Freitas, Reimont, Re-
nato Moura, Rocal, Rosa Fernandes, Tainá de Paula, Tânia Bastos, Tar-
císio Motta, Teresa Bergher, Thais Ferreira, Ulisses Marins, Vera Lins, 
Veronica Costa, Vitor Hugo, Waldir Brazão, Welington Dias, William Siri 
e Zico 49 (quarenta e nove), assume a Presidência o Sr. Vereador Eliel 
do Carmo e ocupa o lugar de Secretário o Sr. Vereador Dr. Marcos Paulo, 
ambos a convite.
O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Havendo número le-
gal, “Invocando a Deus pela grandeza da Pátria e a paz entre os Homens, 
dou por aberta a Sessão”.
Convido o nobre Vereador Dr. Marcos Paulo para proceder à leitura 
da 
Ata da Sessão anterior.
Com a palavra, Sua Excelência.
(É lida e considerada aprovada, na forma regimental, a Ata da Sessão 
anterior)
O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Obrigado ao nobre 
Vereador Dr. Marcos Paulo. 
Aprovada a Ata, passemos ao Grande Expediente.
Passa-se ao
Grande Expediente
O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Boa tarde aos verea-
dores, aos Servidores desta Casa e aos que nos acompanham pela Rio TV 
Câmara. 
Na Primeira Parte do Grande Expediente, o primeiro orador inscrito é 
o nobre Vereador Chico Alencar, que dispõe de 10 minutos.
O SR. CHICO ALENCAR – Boa tarde, Presidente Eliel. Vereadoras, 
Vereadores e todos os que acompanham esta Sessão, boa tarde! Boa tarde 
aos Servidores, porque fazem essa Câmara Municipal existir! Servidoras 
e Servidores!
Treze de Maio! Eu não posso fugir à simbologia desta data, como 
velho Professor de História que sou! 
Na minha infância ou juventude, um samba-enredo, não sei se era do 
Salgueiro ou da própria Mangueira, falava que a liberdade tinha vindo 
graças à Princesa Isabel, que, promulgando a Lei Áurea, “nos livrou de 
cativeiro tão cruel”. Era aquela narrativa heroica, de grandes personalida-
des, como as principais fazedoras da história brasileira – e até do mundo! 
Ela era centrada só nos palácios, nas elites. É claro que elites e palácios 
têm peso, têm hegemonia em processos históricos. E é verdade que a 
princesa regente, Dona Isabel, que substituía seu pai, o Imperador Pedro 
II, promulgou uma Lei aprovada pela Assembleia do Império. A partir de 
muita luta dos Abolicionistas, os Emancipacionistas, de muita resistência 
dos Quilombolas, de todo um processo de afirmação do chamado traba-
lho livre, não tão livre e quase sempre pessimamente remunerado, e de 
repúdio a essa mancha da nossa história, que levou, até nos primórdios da 
República, o Ministro Rui Barbosa, inadequadamente, a queimar todos 
os arquivos da escravidão no Brasil, jogando fora documentos históricos 
importantes que atestavam e confirmavam essa forma de exploração do 
trabalho humano, na qual o senhor, o proprietário, detém poderes de vida 
e morte sobre o que chamavam à época de “elemento servil”, “peças de 
ébano”, “fôlegos vivos”. É a coisificação das pessoas.
Portanto, hoje em dia, nessa revisão permanente de conceitos e ca-
racterização, já não se fala nem em “o escravo negro”, mas, sim, em “o 
negro”, “o africano”, de diferentes culturas... o afro-brasileiro já nascido 
aqui, escravizado. Escravo sintetiza pessoa e exploração. E isso não é 
adequado.
Pois bem, é verdade quea Lei Áurea colocou a Corte, o Rio de Janei-
ro de então, em festa. Houve celebração, houve festa popular inclusive, 
houve um certo alívio com o fim da escravidão legal e inscrita na Consti-
tuição brasileira. Mas é bom lembrar que essa compreensível celebração 
ocorreu em um tempo em que o trabalho escravo, a escravização para 
exploração do trabalho humano, já não tinha o peso de décadas atrás na 
sociedade brasileira. Representava, se tanto, 10% da mão de obra no Bra-
sil daquele tempo.
A verdadeira abolição seria quando o trabalho escravo representasse 
30%, 40%, 50%, 60%, 70% do trabalho no Brasil, no início do próprio 
império, que foi um império escravocrata – é preciso não esquecer isso. 
Menos mal, a Lei Áurea representou um avanço, mas eivada de insufi-
ciência. Aliás, era uma lei concisa. Eu concordo com os que dizem que 
a melhor lei é aquela mais simples, mais substantiva. Mas lá se dizia: 
“Fica revogada a escravidão no Brasil. Revogam-se as disposições em 
contrário”. É muito pouco para garantir a inserção do ex-escravizado na 
sociedade brasileira, tanto que há levantamentos e pesquisas que indicam 
que, nos anos 20 do século XX, portanto 30 anos depois da abolição, já 
na República brasileira, os negros que tinham trabalho formal, e que eram 
uma minoria entre a população negra, recebiam 80% a menos do que os 
brancos nas mesmas funções.
Continuou a existir uma tremenda discriminação pelo trabalho. Eu 
comecei falando de um samba da minha adolescência e juventude, que 
me chamou muito a atenção, que eu creio que se chamava “História da li-
berdade no Brasil”, e falava da Princesa Isabel como uma grande promo-
tora dessa liberdade. Pois no centenário da abolição, e eu trabalhava na 
Secretaria de Educação da gestão ultrademocrática de Saturnino Braga, 
nós estimulamos que as escolas fizessem um trabalho sobre o centenário 
da abolição. 
E foi muito bonito a alunada toda discutindo durante meses esse cen-
tenário da abolição, que começou no ano de 1988, com a vitória da Escola 
de Samba Estação Primeira de Mangueira desfilando na avenida com o 
samba-enredo lindo que falava, lá pelas tantas, sobre o povo negro no 
Brasil e, especialmente, no Rio: “Livres do açoite da senzala, presos na 
miséria da favela”. A mesma Mangueira que, no ano retrasado, também 
vitoriosa, lembrou da história que não é contada, do Brasil que não está 
no retrato, e que não veio do céu nem das mãos de Isabel, a liberdade.
Foi um processo histórico de massas, de reivindicação e de luta. Por 
isso, ao longo da nossa história, a gente tem muitos grandes eventos per-
cebidos só de um foco. Parece que os de baixo, os pequeninos, os opri-
midos são só, no máximo, beneficiários de uma atitude paternal de quem 
está em cima, no topo, no andar de cima. 
Ora, é importante a gente olhar na perspectiva desses oprimidos e des-
sas maiorias. Infelizmente, o 13 de maio de 2021 no Brasil já é percebido 
por grandes parcelas da sociedade como uma data não propriamente para 
celebrar, mas para relembrar e refletir e para continuar na luta contra o 
chamado “racismo estrutural”. 
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Ano XLIV
Rio de Janeiro
Sexta-feira
 14 de maio de 2021
Nº085
No Brasil, há um supremacismo branco disfarçado. No Brasil, temos 
um Presidente da República que debocha dos quilombolas, daqueles que 
buscam o território original da sua luta pela liberdade, que é secular no 
Brasil. Um presidente que os coisifica ao dizer, na Hebraica do Rio de 
Janeiro, que, visitando um quilombo, viu que o seu líder pesava não sei 
quantas “arrobas”, que é uma medida de peso usada para qualificar, ca-
racterizar animais, e que “nem para reproduzir devia servir”. Quer dizer, 
é a total animalização do ser humano vinda de um presidente, esse mes-
mo que disse, quando ainda era candidato, que não daria um centímetro 
de terras a mais para índios ou quilombolas.
Então, esse tipo de visão supremacista branca e racialista continua 
muito forte na nossa sociedade. E é contra isso que os questionadores do 
13 de maio, que preferem, aí sim, celebrar o 20 de novembro, data sim-
bólica da morte de Zumbi dos Palmares, um quilombo que durou quase 
um século na Serra da Barriga em Alagoas, como a sua data nacional... 
É, inclusive, o Dia Nacional da Consciência Negra, consciência que vem 
crescendo felizmente num país como o nosso, que é pluriétnico e mul-
tirracial. Basta ver – e que bom que a Câmara Municipal representa essa 
diversidade – que estamos sendo presididos pelo Presidente Pastor Eliel 
do Carmo, afrodescendente.
Antigamente, eu mesmo, que tenho raízes nordestinas – meu pai era 
piauiense, e minha mãe era paulista, branquinha, olhos claros. Meu pai 
era um mulato, como se diz, e que já é questionado esse termo também, 
mas alguém que tinha uma ascendência negra. Lembro, na minha infân-
cia, a pressão para eu não deixar o meu cabelo encaracolar ou carapinhar, 
como se dizia. Tinha um produto até para se passar no cabelo e ele ficar 
lisinho, chamado Gumex. Era uma espécie de laquê. Isso revela como, 
nos mínimos detalhes, uma visão da supremacia branca ou do padrão 
europeu prevalecia. E isso sutilmente era introjetado em nós.
Felizmente, essa concepção está sendo superada e, olha, devemos à 
educação pública em especial, à universidade tão atacada hoje, pública, 
gratuita e de qualidade, essa mudança na visão da nossa história, na histo-
riografia, na narrativa a partir do ponto de vista das maiorias. Todo ponto 
de vista é a vista de um determinado ponto.
Portanto, encerrando, Presidente, chamar a todos não só para a mani-
festação de hoje, que vai haver neste dia contra este continuado racismo 
e, muitas vezes, o massacre das populações pobres e negras, que é histó-
rico e secular no Brasil; bem como para a manifestação de amanhã, tam-
bém, no Largo de São Francisco, também às 17 horas, uma manifestação 
em defesa da universidade pública, que está estrangulada no Brasil.
Obrigado, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Obrigado, nobre Ve-
reador Chico Alencar.
O próximo orador inscrito é o Senhor Vereador Cesar Maia, que dis-
põe de 10 minutos.
O SR. CESAR MAIA – Obrigado, Presidente.
Apenas um ligeiro comentário sobre a Lei Áurea. Ela tem um grande 
mérito, que foi prever a desapropriação daqueles que ainda eram escra-
vos, ou seja, o governo não tinha que pagar nenhum tipo de indenização. 
Chamo a atenção disso porque, na lei de libertação dos escravos nos Es-
tados Unidos, o governo teve que pagar a indenização para os donos de 
escravos. Então, foi um avanço aqui na Lei Áurea. 
O SR. CHICO ALENCAR – Prefeito, só um adendo.
O SR. CESAR MAIA – Perfeitamente.
O SR. CHICO ALENCAR – Vossa Excelência tem toda razão. Essa 
desapropriação do escravizado em relação aos seus proprietários não foi 
bancada pelo Estado, tanto que gerou uma reação do núcleo mais conser-
vador e tradicional dos donos de terra, que eram os fazendeiros do nosso 
Vale do Paraíba, em especial, e que passaram até oportunisticamente a 
apoiar a proclamação da República. “Queremos a República com indeni-
zação”, diziam os despeitados. 
O SR. CESAR MAIA – Certamente, o que mostra que a Lei Áurea 
teve esse mérito, pelo menos. 
Mas, hoje, na Folha de S.Paulo, em um texto do Tayguara Ribeiro, no 
meio do texto, ele lista quem eram alguns dos principais abolicionistas. 
Peço para dar o texto como lido e publicar no Diário Oficial. Vou postar 
na rede de vereadores.
O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – A Presidência acolhe 
o pedido de Vossa Excelência.
O SR. CESAR MAIA – Obrigado, Senhor Presidente.
“Entenda o fim da escravidão no Brasil e as consequências do 13 de 
maio de 1888
Em 13 de maio de 1888, há 133 anos, o Brasil oficializava o fim da 
escravidão no país, com a assinatura da Lei Áurea. A data, entretanto, não 
é celebrada pelo movimento negro. Um dos motivos alegados é que, ape-
sar da lei, a situação dos que se tornaram ex-escravos quase nada mudou 
à época.
O governo brasileiro, seja o então Império, seja a República procla-
mada no ano seguinte, nãorealizou projetos de inserção dos ex-escravos 
na sociedade, tampouco indenizou-os após gerações permanecerem es-
cravizadas por mais de 300 anos.
As mazelas desse período apresentam reflexos em desigualdades so-
ciais que ocorrem até os dias de hoje, outro dos motivos pelos quais o 
movimento negro não celebra a data. O processo também é chamado de 
‘abolição não concluída’.
O tráfico de negros para o país começou no século 16. Estima-se que 
mais de 12 milhões de africanos cruzaram o Atlântico, trazidos à força, e 
desembarcaram em terras do continente americano durante o período. A 
maior parte deles, mais de 5 milhões, foram trazidos para o Brasil.
Confira alguns aspectos do processo de abolição da escravatura 
brasileira.
Como foi a escravidão no Brasil? Milhões de pessoas foram escravi-
zadas no Brasil pelos portugueses após a chegada dos europeus, em 1500.
Em um primeiro momento, os índios — nativos do território — eram 
usados como mão de obra para o trabalho forçado. Depois de algumas 
décadas, os negros começaram a ser trazidos à força para o país, vindos 
da África.
Entre as principais atividades que utilizavam pessoas escravizadas 
estavam o cultivo da cana-de-açúcar e a mineração. Além de trabalhos 
forçados, os africanos e seus descendentes eram comercializados e rece-
biam punições físicas.
Quanto tempo durou a escravidão no Brasil? Mais de três séculos. O 
tráfico de negros ao Brasil começou nas primeiras décadas do século 16 e 
a escravidão terminou somente em 1888, com a assinatura da Lei Áurea.
Os escravos eram trazidos nos porões de navios, em condições sub-
-humanas e com alimentação e higiene precárias. Milhares de pessoas 
morreram durante as viagens.
Segundo Kleber Amâncio, professor de história da UFRB (Universi-
dade Federal do Recôncavo da Bahia), a maioria das pessoas escraviza-
das chegaram ao Brasil no século 19, inclusive, no momento em que o 
tráfico de escravos já estava proibido.
Quantas pessoas foram trazidas da África para o Brasil à força? O 
Brasil recebeu a maior parte dos cerca de 12 milhões de africanos trazidos 
à força para as Américas. O país abrigou também o maior porto de recep-
tação de escravos da história, no Rio de Janeiro. Ao todo, mais 5 milhões 
de pessoas foram traficadas da África para o Brasil, ao longo do período, 
sendo que mais de 600 mil morreram durante a viagem.
Quando foi oficializado pelo governo brasileiro o fim da escravidão? 
Em 13 de maio de 1888, a princesa Isabel, filha do imperador dom Pedro 
2º, assinou a Lei Áurea, que marcou o fim da escravidão no país.
Como foi o processo de abolição? A abolição está longe de ter sido 
uma consequência da benevolência da monarquia que governava o Brasil 
à época.
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Ano XLIV
Rio de Janeiro
Sexta-feira
 14 de maio de 2021
Nº085
O fim da escravidão foi resultado de um processo complexo e longo 
que envolveu diversos fatores, como o crescimento das adesões ao mo-
vimento abolicionista, pressões políticas externas e as revoltas e fugas 
organizadas pela população negra.
Em 1850, o tráfico de escravos foi proibido. Apesar disso, a escravi-
dão prosseguiu. Alguns anos depois, foi decretada a liberdade das crian-
ças negras nascidas no Brasil, embora seus pais continuassem a ser escra-
vos, em sua maioria.
Pouco depois, foi implantada a liberdade para os escravos sexage-
nários, embora a expectativa de vida de uma pessoa negra que exercia 
trabalho forçado fosse muito menor do que 60 anos.
Além disso, o Brasil foi pressionado pela Inglaterra, que desejava ex-
pandir o mercado consumidor de seus produtos. Esse foi um dos fatores 
que impulsionou o debate sobre o fim do trabalho escravo na primeira 
metade do século 19.
Pressionados pela expectativa de um fim total da escravidão, agricul-
tores de várias províncias começaram a buscar alternativas, e a fuga de 
pessoas negras se intensificou.
Como foi a luta pela abolição? Entre as formas de resistência, esta-
vam debates, manifestações artísticas, revoltas e fugas de escravos.
Ao longo de séculos de escravidão, ocorreram diversos momentos de 
luta protagonizados pelos negros como a Revolta dos Malês, a Rebelião 
de Santana e a Revolta de Carrancas.
Os negros também organizaram quilombos, locais nos quais os escra-
vos fugidos recebiam abrigo e que serviam como símbolo de resistência, 
sendo o mais famoso deles o Quilombo dos Palmares, liderado por Zum-
bi (1655-1695).
Em 1884, quatro anos antes do governo brasileiro, a província do Cea-
rá decretou o fim da escravidão, impulsionada por movimentos locais.
A mobilização seguiu mesmo após a libertação oficial. A luta passou 
a ser pela implantação de políticas de inserção, distribuição de terras para 
os ex-escravos e indenizações. Entretanto, nenhuma dessas medidas foi 
implementada pelos governos brasileiros.
Quem eram alguns dos principais abolicionistas?
Luiz Gama 
Ex-escravo, virou advogado e ativista. Entrou com processos para 
conseguir a libertação de escravos na Justiça. A estimativa é que ele tenha 
conseguido libertar centenas de pessoas.
André Rebouças 
Engenheiro, nascido em uma família negra livre. A partir da década 
de 1870, ele intensificou sua participação nas manifestações pelo fim da 
escravidão, se tornando um dos principais articuladores do movimento 
abolicionista. Ele defendia o fim da escravidão, acesso à terra e integra-
ção à sociedade.
Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar
Participou do movimento abolicionista no Ceará. Na década de 1880, 
ele liderou uma greve entre os jangadeiros que levavam os negros escra-
vizados para navios que os transportavam a outras províncias.
Maria Firmina dos Reis
Maranhense, negra e livre, ela se tornou professora e publicou no ano 
de 1859 o romance ‘Úrsula’, que tratava de questões ligadas à abolição. 
Maria Firmina também publicava poemas e textos contrários à escravi-
dão na imprensa do Nordeste.
A Lei Áurea foi a única lei relacionada ao fim da escravidão? O Brasil 
teve algumas leis antes de oficializar o fim da escravidão, entre as mais 
famosas estão a Lei do Ventre Livre e a Lei dos Sexagenários.
Em 1850, a Lei Eusébio de Queirós proibiu o tráfico de escravos no 
país e está relacionada às pressões britânicas sobre o governo brasileiro 
para o fim da escravidão.
Em 1871, foi decretada a Lei do Ventre Livre, que dava liberdade a 
todos os negros nascidos no país a partir daquela data. Embora na prática 
não funcionasse muito bem, já que os pais das crianças seguiam escra-
vizados, a lei é considerada um dos primeiros passos concretos para a 
oficialização do fim da escravidão no Brasil.
Em 1885, foi instituída a Lei dos Sexagenários, que concedia liber-
dade aos escravos com mais de 60 anos de idade. Finalmente, no dia 13 
de maio de 1888, a princesa Isabel, que substituía seu pai, d. Pedro 2º, no 
governo, assinou a Lei Áurea.
O Brasil demorou para abolir a escravidão? O Brasil foi o último país 
independente das Américas a abolir completamente a escravatura.
Por que os negros não comemoram o 13 de maio? Embora a data mar-
que oficialmente o fim da escravidão no Brasil, ela não é celebrada pelo 
movimento negro. Um dos motivos alegados é o tratamento dispensado 
aos ex-escravos.
É criticada a falta de políticas públicas para que a população negra 
fosse inserida na sociedade brasileira. Após mais de três séculos como 
escravos, essa população não recebeu nenhum tipo de indenização ou 
ajuda.
Historiadores apontam este como uma das origens para problemas 
sociais enfrentados até hoje, como a profunda desigualdade social no 
Brasil.
Qual a diferença entre as datas de 20 de novembro e 13 de maio? O 
dia 13 de maio está associado à assinatura da Lei Áurea pela princesa 
Isabel. O episódio costuma ser retratado como um ato de generosidade 
da elite branca da época, o que ofuscaria o papel dos próprios negros no 
processo de conquista da liberdade.
Por isso, o dia 20 de novembro, que faz referência à morte do líder 
negro Zumbi dos Palmares, foi escolhido como o Dia da Consciência Ne-
grapara simbolizar a resistência dos próprios negros contra a escravidão, 
com a formação de quilombos, por exemplo.”
Agregaria a esse texto do Tayguara que o André Rebouças fez parte 
de um grupo de engenheiros que, entre outras coisas, transferiu o porto da 
Praça XV para onde é hoje, na Praça Mauá, o que foi uma decisão muito 
importante. 
Como ainda tenho um tempo bastante largo para fazer os meus co-
mentários, eu gostaria de ler outro texto que me pareceu muito impor-
tante, que é o editorial do Estado de S. Paulo, do dia 8 de maio, chamado 
“Cidades Inclusivas”. Peço para dar como lido e publicar no Diário Ofi-
cial. Também vou postar na rede de vereadores.
O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – A Presidência acolhe 
o pedido de Vossa Excelência.
O SR. CESAR MAIA – Obrigado, Senhor Presidente.
“Na era industrial, o desenvolvimento urbano nas Américas obedeceu 
a um padrão: crescimento rápido, desordenado e focado no transporte 
individual. O resultado são as chamadas cidades 3D: distantes, dispersas 
e desconectadas. Mas, se nos EUA a expansão se deu com subúrbios de 
baixa densidade ocupados pela classe média, nas cidades brasileiras pre-
valeceu a segregação de pessoas de baixa renda nas periferias, de onde 
realizam longos deslocamentos diários em transportes públicos precários 
para acessar ofertas de emprego, educação, saúde, lazer e serviços nas 
regiões centrais.
Muitos municípios brasileiros estão em vias de implementar ou re-
visar seus Planos Diretores. Oportunamente, o Banco Interamericano de 
Desenvolvimento lançou um guia para a implementação do Desenvolvi-
mento Orientado para o Transporte (DOT).”
O DOT envolve a articulação dos componentes urbanos com os sis-
temas de mobilidade para estimular a concentração de habitações e ativi-
dades socioeconômicas próximas aos corredores e estações de transporte 
público de massa. O objetivo é reverter o modelo 3D para uma cidade 3C: 
compacta, conectada e coordenada.
Isso implica a redução no tempo dos deslocamentos; a otimização do 
uso de recursos e serviços; a contenção do crescimento dispersivo; e a 
redução das emissões de gás carbônico. O modelo DOT envolve tipica-
mente uma multiplicidade de núcleos adensados e de uso misto, envoltos 
por áreas de menor densidade. Isso viabiliza um zoneamento equilibrado 
que promove a habitação socialmente diversa; a interconexão de serviços 
e atividades produtivas; e um espaço público e verde condizente com os 
padrões internacionais de bem-estar.
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Rio de Janeiro
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A viabilidade dos projetos de DOT depende da concatenação de 6 
linhas estratégicas: i) mecanismos de governança que superem barreiras 
institucionais e facilitem a cooperação entre setores públicos e privados; 
ii) marcos legais capazes de viabilizar os projetos; iii) ferramentas que in-
tegrem a gestão do solo ao planejamento espacial e às redes de transporte 
público; iv) instrumentos econômicos e fiscais para mobilizar recursos; 
v) mecanismos de integração de políticas setoriais e de desenvolvimento 
urbano; e vi) a verificação e modelagem dos impactos ambientais, sociais 
e econômicos resultantes de uma intervenção.
A publicação oferece diversos estudos de caso em que estas estra-
tégias foram aplicadas com sucesso. Em Washington, o bairro Noma 
se destacou pela utilização de formas inovadoras de atração de atores 
privados para prover sustentabilidade econômica a um projeto DOT. 
Bilbao, na Espanha, foi um caso particularmente bem sucedido de con-
jugação de interesses locais com estratégias e instituições regionais e 
nacionais. Tóquio é um exemplo de revalorização do solo urbano por 
meio de mecanismos de reajuste de terras e de modelos de financiamento 
por intermédio de parcerias público-privadas. Em Londres, foi possível 
reverter uma situação urbana de baixa densidade e degradação em torno 
da estação de metrô de King’s Cross por meio de um consórcio privado 
aliado à gestão pública nacional.
No caso de uma federação ampla e heterogênea, como o Brasil, a 
governança depende crucialmente de uma coordenação de arranjos insti-
tucionais e de políticas públicas entre os setores e jurisdições envolvidos. 
O estudo oferece diversas estratégias de incorporação dos princípios do 
DOT aos quadros legais. Também oferece novos instrumentos para a ope-
racionalização dos projetos.
Para financiá-los, é necessário aperfeiçoar os mecanismos de arreca-
dação; implementar instrumentos de recuperação do valor fundiário; e di-
versificar formas de participação entre investidores públicos e privados. 
No plano concreto, essas estratégias devem promover a melhoria da rede 
de transporte coletivo e sua integração com a cidade, concomitantemente 
com a inibição da circulação de veículos individuais.
Ao confinar os cidadãos em suas casas, a pandemia os separou de sua 
cidade. Essa introversão forçada é uma oportunidade para repensar um 
modelo de desenvolvimento urbano 3I: intenso, inteligente e inclusivo.
Objetivo do DOT é tornar as cidades compactas, conectadas e 
coordenadas”.
Farei apenas um comentário final a esse excelente editorial. Por 
exemplo, o planejamento inicial do Porto Maravilha foi completamente 
equivocado. O que, enfim, produziu a sua não ocupação. Agora, estariam 
fazendo modificações para tornar o Porto Maravilha mais DOT, portanto 
mais intenso, inteligente e inclusivo.
Era isso. Obrigado, Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Obrigado, nobre Ve-
reador Cesar Maia. 
O próximo orador inscrito é o Senhor Vereador Paulo Pinheiro, que 
dispõe de 10 minutos.
O SR. PAULO PINHEIRO – Boa tarde, Presidente, senhoras e senho-
res vereadores, todos aqueles da Rio TV Câmara e os nossos funcionários 
da Câmara, em geral, que nos dão condição de trabalhar remotamente, e 
a todos aqueles e aquelas que nos assistem pelo YouTube.
Senhor Presidente, anteontem tivemos uma Audiência Pública com o 
Secretário de Saúde para prestação de contas do 2º e 3º quadrimestre de 
2020 que pertenceu ao governo anterior. O que não havia sido feito antes 
foi feito agora, nesta semana pela Comissão de Higiene, Saúde Pública e 
Bem-Estar Social e pela Comissão de Finanças, Orçamento e Fiscaliza-
ção Financeira. 
Nessa reunião, cobrei do Secretário de Saúde algumas coisas muito 
confusas que estão acontecendo com a Empresa Municipal de Saúde, 
a RioSaúde, e também fiz uma cobrança com relação à nova maneira 
de administrar a saúde do Rio de Janeiro. O Governo Eduardo Paes 
tem optado, desde janeiro quando assumiu a gestão, por desfazer os 
contratos que estavam sendo tocados em muitas unidades de saúde pela 
RioSaúde. 
O governo anterior decidiu retirar algumas OSs; tirou o Iabas, a Viva 
Rio. O modelo de gestão do governo passado foi entregar a gestão à Rio-
Saúde. Praticamente, mais da metade das unidades de saúde do Rio de 
Janeiro estavam sob o comando da RioSaúde, que é uma empresa que 
inchou, cresceu muito, tem hoje 17 mil colaboradores e eu perguntava ao 
secretário o que aconteceu. A atual Prefeitura resolveu, de uma maneira 
diferente, ao assumir, tirar a RioSaúde da gestão das unidades, começou 
pela Atenção Básica, pela Atenção Primária. 
Os contratos por área de planejamento foram retirados da RioSaúde; 
foi aberta licitação e o que nos surpreendeu, ontem, foi a vitória quase 
que constante de uma OS, a Viva Rio, que começou a ganhar de janei-
ro até abril, mês passado. Tinha a gestão de muitas unidades de saúde, 
perdeu quando foi desqualificada lá em 2017 ou 2018 e, depois, quando 
mudou para o atual governo, essa OS passou a ser novamente contratada. 
Ela assumiu, para os senhores terem uma noção, a partir de janeiro 
desse ano, os contratos de saúde da AP-2.2, que tem Tijuca, Vila Isabel, 
Grajaú e adjacências, um contrato de R$ 100 milhões; assumiu da AP-
3.1, Ramos, Olaria e Bonsucesso, um valor de R$ 133 milhões; assumiu 
também a AP-5.2, de Campo Grande, num valor juntamente com a UPA 
de Manguinhos e do Alemão, de mais de R$ 426 milhões. Ou seja,até 
aí ela tinha R$1,011 bilhão de contratos com a Prefeitura só na Atenção 
Primária. 
Posteriormente, também ganhou a licitação para administrar o Hos-
pital Albert Schweitzer, mais R$ 96 milhões e agora, na última semana, 
também ganha a licitação para administrar as unidades de saúde da AP-
5.1, Bangu, Realengo e adjacências, portanto, chegando a R$ 1,4 bilhão.
Sabendo que o orçamento da Saúde é em torno de R$ 5 bilhões, nós 
vamos ter uma OS apenas, gerenciando mais de 20% do orçamento da 
Saúde no Rio de Janeiro e tem até uma lei do Prefeito Eduardo Paes 
para que haja diversificação entre as OSs. Achamos muito estranho tudo 
isso, primeiro pela maneira como tudo está acontecendo, uma OS que é 
descredenciada no governo anterior pela Procuradoria do Município. Não 
foi o Crivella quem descredenciou, foi a Procuradoria do Município, em 
função de uma série enorme de irregularidades, muitas confirmadas pelo 
Tribunal de Contas.
A OS, no último mês do governo anterior, entra com uma liminar na 
Justiça e suspende o descredenciamento. Uma liminar é algo transitório, 
todos nós sabemos, e surpreendentemente passa a ter condições de já 
voltar a ter contrato com o governo que entra. E o governo que entra 
acha que tudo aquilo que foi dito anteriormente não é verdade e assume a 
possibilidade de, apenas pendurada numa liminar, passar a entregar, para 
uma instituição onde há muitas dúvidas sobre como ela funciona, R$ 1,5 
bilhão.
É muito estranho tudo isso e ontem fomos surpreendidos, ao perguntar 
sobre isso ao Secretário de Saúde, que disse que absolutamente não era 
uma decisão dele, que era uma decisão da Justiça. Eu falei que essa mesma 
Procuradoria está tentando, e em março tentou novamente desqualificar a 
instituição, e ele disse que neste momento não está assim, que ele apenas 
manteve as licitações abertas, essa OS ganhou das outras e ela, na opinião 
dele, não tinha nenhuma anormalidade.
Ontem nós fomos surpreendidos com uma matéria no RJ TV, mos-
trando uma série de problemas que terão que ser reavaliados. Por exem-
plo, o RJ TV mostra que uma funcionária que assessora a Secretaria de 
Saúde levou inclusive um documento da OS Viva Rio para a Secretaria, 
foi a responsável pelo encaminhamento do documento, essa senhora é 
casada com o advogado da Viva Rio. Tudo bem, mas é algo estranho e, 
mais do que isso, essa senhora, que é casada com o advogado da Viva 
Rio, é sócia de uma empresa privada junto com o Senhor Alcoforado, 
que vem a ser o Presidente da Rio Saúde. Isto é algo que não está muito 
bem esclarecido.
O que a gente está fazendo? Em relação a tudo isso, já encaminhamos 
semana passada uma representação ao Ministério Público, para que ele 
adote as medidas cabíveis para avaliar a possibilidade de essa gestão ser 
mantida dessa maneira. Como uma Organização Social teve tantos pro-
blemas há alguns meses e os problemas sumiram? Ela era ruim anterior-
mente e agora passou a ser boa? 
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Precisamos que o Ministério Público avalie essa maneira de contratar 
e de fazer um bloco de contratos, são muitos contratos que representam 
R$ 1,5 bilhão, é muito dinheiro.
Nós já sabemos, e aí eu queria lembrar mais uma vez que desde 2009 
meu mandato tem tido uma luta muito grande. Eu sou frontalmente con-
trário à administração por OSs porque aqui no Rio de Janeiro elas re-
presentam o que os técnicos chamam de um case de insucesso. Foi exa-
tamente o que foi feito por uma das OSs que foi o ponto principal para 
o impeachment do Governador Wilson Witzel, quando ele achou que a 
OS era muito boa, enfim, essa coisa de achar que a OS é muito boa não 
é bom. Ele achou que a OS era muito boa e requalificou a OS UNIR na 
época e aí veio todo esse rosário de irregularidades.
Nós estamos desde 2009, quando as OSs foram introduzidas na Pre-
feitura do Rio de Janeiro, são mais de 84 auditorias no Tribunal de Con-
tas, mostrando centenas de irregularidades e esse modelo infelizmente... 
Quero deixar bem claro que o governo atual tem todo o direito de esco-
lher o modelo de gestão. Só que ele também tem o direito de ouvir as 
críticas sobre esse modelo de gestão. 
Com quatro, cinco meses de governo, temos uma situação complexa, 
quando a Viva Rio passa a ser a OS queridinha da Prefeitura. Quatro 
meses atrás, a mesma Procuradoria da Prefeitura mostrou as razões para 
desqualificá-la e impedi-la, inclusive, de participar de outros certames 
de licitação. Então nós achamos muito grave essa situação porque são 
muitos recursos, é muito complexo.
As denúncias apresentadas ontem são graves, complexas, e nós acha-
mos que cabe, neste momento, ao Ministério Público intervir ou investi-
gar o que está acontecendo com essa malfadada relação entre o governo 
e as organizações sociais.
Nós apresentamos uma representação e estamos aguardando as medi-
das do Ministério Público em relação a isso.
Muito obrigado, Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Obrigado, nobre Ve-
reador Paulo Pinheiro.
Não havendo orador inscrito, a Presidência franqueia a palavra.
A SRA. THAIS FERREIRA – Por favor, Senhor Presidente.
O SR. CESAR MAIA – Eu me inscrevo depois, então.
O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Com a palavra fran-
queada, a nobre Vereadora Thais Ferreira, que dispõe de 10 minutos.
A SRA. THAIS FERREIRA – Muito obrigada. Sempre bom ter um 
espaço de fala garantido. Obrigada ao nobre Vereador Cesar Maia pelo 
espaço também.
Nós estamos vindo aqui hoje para rememorar a história do dia 13 de 
maio e também sem esquecer e dar o devido destaque a esse lugar de uma 
semana, nesse tempo de uma semana da tragédia do Jacarezinho, lem-
brando que hoje a Coalizão Negra por Direitos e muitas outras entidades 
organizadas farão um ato simbólico demonstrando sua indignação por 
esse massacre, por essa chacina.
Na data de hoje, dia 13 de maio, a gente estaria – estaríamos, caso 
houvesse políticas de reparação de fato instituídas – comemorando os 
133 anos da abolição da escravatura e também deveriam ser 133 anos de 
busca pela restituição da humanidade, pela reparação histórica plena. In-
felizmente, devido a esse contexto que a gente vem atravessando, devido, 
infelizmente, à ineficácia do próprio poder público, do Estado brasileiro, 
não temos muito o que comemorar.
Tivemos outros colegas falando. Agradeço ao nobre Vereado Chico 
Alencar, que faz parte da minha bancada, também, por se colocar à dis-
posição enquanto aliado nessa luta, de se colocar à disposição enquanto 
brasileiro que entende as necessidades que nós temos de travar, de fato, 
uma batalha contra qualquer tipo de discriminação. 
Existem muitas pessoas que acabam achando que nós, pessoas negras, 
pessoas pretas, cariocas, brasileiras, reivindicam apenas pautas identitá-
rias, mas nós estamos falando de pautas que, de fato, são pertinentes para 
todo o Brasil. A luta contra o racismo é uma luta global. Não à toa, enfren-
tamos diariamente os lugares de morte, os lugares de miséria, os lugares 
de extrema vulnerabilidade. Por isso, nós hoje, da nossa mãedata, vamos 
trazer um texto para leitura, um texto, mais uma vez, escrito pela nossa 
assessoria, um texto de que a gente se orgulha de poder declamar. Só peço 
que aguardem um minutinho porque minha conexão está instável.
(LENDO)
“O Brasil, de maioria negra, ainda odeia os negros. Aprendemos nos 
livros de História a importância da Lei Áurea, responsável por extinguir 
a escravização no Brasil. Sancionada em 13 de maio de 1888, pela então 
Princesa Regente do Império, a lei, que tão somente declarava a extinção 
da escravidão, no entanto abandonou os negros e negras à própria sorte. 
Durando mais de três séculos, a escravidão foi como parte natural na pai-
sagem. Foi o pilar sobre o qual se construiu toda a estrutura social, econô-
mica e política. Ou seja, as estruturas da sociedade do Estado brasileiro. 
Foi com a escravidão também que os alicerces burocráticos lusitanos fo-
ram financiados. Ela estava, e aindaestá, com seus resquícios, enraizada 
na cultura nacional, permanecendo como elemento importante para a so-
brevivência econômica e capitalista do país. Nosso processo de abolição 
foi particularmente lento e gradual, impulsionado, principalmente, por 
revoltas antiescravagistas pelos quilombos, que eram urbanos e rurais, e 
pela formação de grupos abolicionistas.”
(INTERROMPENDO A LEITURA)
Destacamos aqui os nomes de grandes figuras nesse processo, como 
Luiz Gama, Luísa Mahin, Mariana Crioula e Manuel Congo, heróis e 
heroínas da luta abolicionista.
Quando outros países finalmente aboliram a escravatura, o Brasil ain-
da resistia e driblava as fiscalizações marítimas nas rotas de navegação. 
Leis anteriores à Lei Áurea que tinham objetivo de diminuir a dependên-
cia da escravidão – como a de Eusébio de Queirós, em 1850, que proibia 
o traslado de pessoas negras escravizadas do continente africano para cá; 
a Lei do Ventre Livre, de 1871, que considerava livres as crianças nasci-
das de mães escravizadas a partir daquela data; e a Lei do Sexagenário, 
de 1885, que tornava livres os escravizados com mais de 60 anos – foram 
sucessivamente colocadas de lado, e não raramente desrespeitadas.
Além disso, cada lei editada trazia consigo uma problemática às pes-
soas que dizia beneficiar. A Lei Eusébio de Queirós, por exemplo, que 
proibia o traslado de pessoas negras escravizadas, fez com que o tráfico 
se tornasse uma atividade muito mais lucrativa, uma vez que possuir es-
cravizados em sua propriedade era algo que demonstrava status social.
As Leis do Ventre Livre e do Sexagenário, para que fossem validadas, 
era necessário que o dono de escravos, dono de pessoas escravizadas, 
fosse indenizado por perder sua propriedade. Já a Lei Áurea, que aboliu a 
escravidão, não trouxe consigo nenhuma política pública que garantisse 
dignidade aos libertos, perpetuando, após a sua promulgação, a relação 
de dependência entre os negros e senhores de terras.
Após a abolição da escravidão, Florestan Fernandes, sociólogo, nos 
explica, em sua obra “A Integração do Negro na Sociedade de Classes”, 
de 1964, que as classes dominantes não contribuíram para a inserção dos 
ex-escravizados no novo formato de trabalho. Segundo ele, “os senhores 
foram eximidos da responsabilidade pela manutenção e segurança dos 
libertos, sem que o Estado, a Igreja ou qualquer instituição assumisse 
cargos especiais, que tivessem por objeto prepará-los para o novo regime 
de organização da vida e do trabalho”.
Portanto, a partir do dia 14 de maio de 1888, a população negra dei-
xou a condição formal de escravização para assumir, com frequência, um 
papel de problema social. Restou, no processo, sem moradia, sem empre-
go, sem nenhuma estrutura que lhe tornasse cidadã, isso porque o Estado, 
desde o Império, através de suas normas, dificultou qualquer forma de 
o negro ascender na sociedade, tanto por mecanismos legais, como o de 
salvaguarda política para violações cometidas contra os negros ou pelas 
leis que não admitiram os escravizados nas escolas, quanto pelas ações 
imigratórias que garantiram com privilégios a imigração, a posse de ter-
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ras e o trabalho de estrangeiros brancos; o Brasil nunca se preocupou em 
promover a igualdade de direitos. A população negra segue até hoje sen-
do discriminada, perseguida e morta em favelas e periferias, ocupando 
empregos informais de baixíssima remuneração, sem acesso ao ensino 
completo e as garantias da qualidade de vida e de bem viver. 
É reflexo disso a última e mais letal chacina do Rio de Janeiro, que 
completa hoje uma semana, ocorrida na favela do Jacarezinho, considerada 
a mais negra entre as favelas da cidade e que tem um dos piores índices 
de desenvolvimento humano, onde também a polícia é o único braço do 
Poder Público que atua de forma constante naquele território.
Só conquistamos, a duras penas, os direitos que temos hoje, tais como 
as ações afirmativas, que vêm garantindo aos poucos, e demoradamente, 
a possibilidade de melhor acesso da população negra aos direitos consti-
tucionais, através de tecnologias sociais, desenvolvidas nas margens das 
cidades, onde negros cooperaram mutuamente para sobreviver e avançar, 
apesar da desigualdade, além de muita luta dos movimentos negros. 
Devemos a esses que lutaram pela nossa sobrevivência. E agora apa-
rece como a nossa principal tarefa avançar ainda mais pelos caminhos 
por eles abertos. Quando dizemos que os nossos passos vêm de longe, 
são passos que buscam liberdade, e nunca deixaremos que interrompam a 
nossa caminhada nem aqui, na institucionalidade, nenhum espaço social. 
Estaremos firmes e de pé em busca da emancipação de toda e qualquer 
população oprimida, em busca da emancipação e da autonomia de todas 
as maiorias minorizadas.
Muito obrigada pela palavra, Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Obrigado à nobre Ve-
readora Thais Ferreira.
O próximo orador inscrito é o nobre Vereador Cesar Maia, que dispõe 
de 10 minutos.
O SR. CESAR MAIA – Presidente, é um texto do economista Adria-
no Pires, publicado no dia 11 de maio de 2021, no Jornal O Estado de 
São Paulo.
Peço para dar como lido e publicar no Diário Oficial.
O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – A Presidência acolhe 
a solicitação de Vossa Excelência.
O SR. CESAR MAIA – Obrigado, Senhor Presidente.
“PIRES, Adriano. Futuro está na união da agenda social com a 
ambiental.
O Estado de São Paulo, São Paulo, 11 de maio de 2021.
Futuro está na união da agenda social com a ambiental
Com a realização da reunião Leaders’ Climate Summit, a cúpula de 
líderes sobre o clima, o Presidente Biden cumpriu mais uma promessa da 
sua campanha e se projeta como uma grande liderança mundial dos pró-
ximos anos. A pandemia trouxe para o centro de debate duas questões. A 
primeira é a preservação do meio ambiente, chamando a atenção para as 
consequências graves que podem atingir a humanidade com as mudanças 
climáticas. A segunda questão é a concentração de renda: os pobres fica-
ram miseráveis; e os ricos, mais ricos nesse ciclo.
A preocupação com o meio ambiente tinha perdido um pouco o foco 
com o negacionismo liderado pelo ex-presidente Trump. Durante o Go-
verno Trump, os Estados Unidos abandonaram o Acordo de Paris. Agora, 
com a eleição de Biden, o país volta com força e com metas mais ambi-
ciosas do que as colocadas no Governo Obama.
Um dos focos principais que vai permitir atingir essas metas é o se-
tor de energia. A chamada transição energética até aqui tem tido como 
grande estrela o gás natural, que é reconhecido como a ponte para uma 
matriz com emissão zero. O mundo foi e ainda é dominado pelo consumo 
das fontes fósseis: petróleo e carvão. Uma característica nos últimos dois 
séculos foi o monopólio do carvão mineral, que viabilizou a Revolução 
Industrial inglesa, e o petróleo, grande responsável pela hegemonia polí-
tica e econômica dos Estados Unidos.
As transições energéticas são lentas. Foi assim com o carvão para o 
óleo e o próprio crescimento do gás natural na matriz energética mun-
dial. O protagonismo do gás natural na matriz energética mundial tem 
duas explicações: o fato de ser a energia fóssil mais limpa, e o aumento 
da sua oferta em função da tecnologia da liquefação e do surgimento da 
produção de shale gas (gás de xisto) no mercado norte-americano. Isso 
possibilitou uma queda no preço do gás, descolando a sua trajetória dos 
preços do petróleo.
Nos Estados Unidos, o gás substituiu o carvão nas térmicas e agora 
começa a competir com o diesel como combustível para caminhões, na-
vios e trens. Porém, diferentemente do carvão e do petróleo, o gás não 
tem e nem terá posição monopolista na oferta de energia. A tendência é 
termos matrizes cada vez mais diversificadas que aproveitem as vanta-
gens comparativas como produtoras de energia das diferentes regiões do 
mundo.
Mas por que o gás é a energia da transição? Porque as energias re-
nováveis,como a eólica e a solar, que são as grandes apostas do Plano 
Biden, têm como característica serem intermitentes e, no curto e médio 
prazo, vão atingir no máximo 20% da matriz energética mundial. 
Além disso, com o processo de eletrificação do mundo, um dos de-
safios será aumentar o consumo per capita de energia dos países mais 
pobres. Nesse caso, a solução são as térmicas, o gás natural e as nuclea-
res. O gás funcionaria como uma espécie de bateria virtual para as reno-
váveis, garantindo a segurança de abastecimento. As baterias capazes de 
armazenamento, hoje, ainda são muito caras. A energia nuclear também 
deve ser a solução na configuração atual, em que há a busca pela redução 
de emissões em prol do clima global, ao tempo em que garante a resi-
liência do sistema elétrico, que dará suporte ao processo de eletrificação.
Outro fato a ser destacado é que as transições energéticas se darão em 
tempos distintos nas várias regiões e países do mundo. E isso está dire-
tamente ligado ao nível de renda e ao consumo per capita de energia por 
região do mundo. O mundo é muito desigual e, nesse contexto, o maior 
esforço para reduzir as emissões obrigatoriamente tem de vir dos países 
ricos, que também são os principais emissores. Enquanto o Brasil é res-
ponsável por 3% das emissões, os Estados Unidos, 15%, e a China, 28%.
Diante disso, a agenda ambiental precisa andar de mãos dadas com 
uma agenda que combata e crie soluções para desconcentrar a renda e 
eleve o consumo per capita de energia para os países mais pobres. Da 
mesma forma que temos de preservar o meio ambiente, temos de dar uma 
condição digna e qualidade de vida para todos no planeta. Existe uma 
correlação direta entre o consumo de energia e a qualidade de vida das 
populações. A solução ambiental, assim como a de uma melhor distribui-
ção de renda, tem de ser global, precisa atingir a todos. Caso contrário, 
por melhor que sejam as intenções de diferentes governos, das grandes 
empresas e dos fundos de investimento, vai crescer o abismo climático – 
e o social – entre países ricos e pobres.”
Muito obrigado, Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Obrigado, Vereador 
Cesar Maia. 
O próximo orador inscrito é o nobre Vereador Dr. Marcos Paulo, que 
dispõe de 10 minutos.
O SR. DR. MARCOS PAULO – Muito obrigado, Senhor Presidente 
Eliel do Carmo.
Primeiramente, boa tarde ao Presidente da Mesa, Senhor Eliel do Car-
mo. Boa tarde às vereadoras e aos vereadores, aos servidores da Rio TV 
Câmara, que é a TV da Câmara de Vereadores do Município do Rio de 
Janeiro, e a todas e a todos que estão nos assistindo pelo YouTube.
Trago aqui hoje, Senhor Presidente, um assunto muito importante e 
que já venho cobrando desde 2019. Existe um programa de imunização 
contra a raiva que é praticado no Brasil desde 1973. Essa campanha anual, 
que tradicionalmente é feita em todo mês de setembro, é fundamental. 
Ela vacina os animais – cães e gatos – no Brasil inteiro e previne contra 
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uma doença viral extremamente grave e que, no mundo inteiro, só cinco 
pessoas contaminadas sobreviveram, que é a raiva – essa raiva humana. 
A raiva é uma zoonose. O que é uma zoonose? É uma doença que 
o ser humano pode transmitir para o animal e o animal pode transmitir 
para o ser humano. Então, mesmo que os Governos Federal, Estadual e 
Municipal não se preocupem com os animais, eles deveriam se preocupar 
com os seres humanos. Na minha concepção e na minha defesa, tanto os 
animais quanto os seres humanos deveriam ser tratados e deveriam ter 
uma preocupação por parte desses governos na prevenção.
Nós sabemos que a prevenção é muito mais barata – eu falo do ponto 
de vista da saúde pública –, pois é muito mais barato prevenir que tratar 
o paciente, seja ele em toda e qualquer doença, sem falar na morte e no 
sofrimento que a doença pode causar. Então, em todos os aspectos possí-
veis, a prevenção sempre é a melhor arma em todo e qualquer país sério 
que prima pela saúde e pelo bem-estar da sua população.
No ano de 2018, três morcegos foram encontrados mortos e conta-
minados com o vírus da raiva no Município do Rio de Janeiro. Saliento 
bem: em 2018. Já em 2019, aumentou mais de cinco vezes: foram 16 
morcegos mortos encontrados no Município do Rio de Janeiro, em vários 
bairros, em várias regiões da cidade – indo da Zona Sul à Zona Oeste, 
passando pelo Centro do Rio de Janeiro e pela Zona Norte. 
Isso demonstrava o quê: se existiam morcegos mortos no Município 
do Rio de Janeiro com vírus da raiva, é porque o aumento da circulação 
do vírus estava acontecendo em toda a cidade. Era nos bairros de Campo 
Grande, de Vila Isabel, Tijuca, Leblon, vários bairros do município, em 
todas as regiões, com os morcegos mortos. E isso nos trazia uma grande 
preocupação. Porque se, em 2018, foram encontrados três; e, em 2019, 
um ano após, foram encontrados 16. Então era de suma importância para 
a população de humanos e para a população de cães e gatos, que ocorres-
se a vacinação. 
Só que, infelizmente, no ano de 2019, não ocorreu essa vacinação 
anual que, tradicionalmente, ocorria nos meses de setembro. Não ocor-
reu. O meu mandato falou, várias vezes, no Plenário cobrando que as au-
toridades tomassem providência. Eu tive que entrar com representação no 
Ministério Público Federal e no Ministério Público Estadual, para cobrar 
do Ministério da Saúde, do Governo do Estado e da Prefeitura, que ocor-
resse a vacinação. Nós cobramos, nós entramos no Ministério Público, e, 
em 2020, felizmente, ocorreu a vacinação. 
Só que o número de doses que são enviadas pelo Ministério da Saúde 
para os estados, e esses estados distribuem para os municípios, foi um 
número de doses menor do que o necessário. Lembrando que esse pro-
grama é um programa nacional e que, em 2019, poucos estados do país 
receberam as doses. O Rio de Janeiro não foi contemplado, e, no ano de 
2020, o Ministério da Saúde enviou um número aquém da necessidade. 
E a gente percebe que esse Ministério da Saúde, esse Governo Fede-
ral – está aí a pandemia de Covid-19 – não é muito afeito à vacina. Quer 
dizer: da raiva, tivemos problema; da Covid-19, nós vemos aí, na CPI, 
o que está acontecendo lá no Congresso, que houve um lapso de tempo 
muito grande entre a oferta por parte da fabricante e a manifestação de 
interesse por parte do Ministério da Saúde, do Governo Federal. 
Então, a gente percebe que há um descaso muito grande no interesse, 
na preocupação em vacinar. E, aí, a gente sabe que a vacina é funda-
mental, não só no caso da raiva, no caso da Covid-19, mas para todas as 
doenças que são preveníveis com a vacina.
E aí no caso, em 2019, quando não houve a vacinação, ficou um jogo 
de empurra. O Ministério da Saúde diz que a Secretaria Estadual de Saú-
de não teria solicitado as vacinas no tempo hábil. Já a Secretaria Estadual 
de Saúde diz que foi o Ministério da Saúde que não forneceu. E tem aque-
le ditado: filho feio não tem pai. Então, um ficou jogando para o outro. O 
fato é que, com a nossa representação nos Ministérios Públicos Federal e 
Estadual, nós conseguimos que ocorresse a vacinação em 2020. E, agora, 
nós queremos – e estamos já cobrando das autoridades que essa campa-
nha tão importante para todos os animais e às pessoas do Município do 
Rio de Janeiro – que ocorra em 2021. 
Já estamos cobrando da Secretaria Municipal de Saúde, da Secretaria 
Estadual de Saúde e, também, do Ministério da Saúde, porque quando 
eu comecei a cobrar e a falar neste Plenário, em 2019, eu já anunciava 
que, se a vacinação não fosse retomada de maneira adequada e regular, 
estaríamos à frente de uma tragédia anunciada. 
E, aí, é claro, nós precisamos da imunização para que as taxas de an-
ticorpos estejam elevadas na população e, caso o morcego venha morder 
o animal ou o ser humano, eles estão já com níveis altos de anticorpos e 
podendo combater essa infecção viral. Não bastasse todo esse meu relato, 
em janeirode 2020, ou seja, em janeiro do ano passado, um adolescente 
foi mordido por um morcego em Angra dos Reis e faleceu, em março do 
mesmo ano, vítima de raiva. 
Era uma doença que, há décadas, já não acometia humanos no Esta-
do do Rio de Janeiro e, nesse caso que eu relato e que já é um sinal de 
gravidade, um cão foi mordido por um morcego em Duque de Caxias, no 
início de maio, e morreu de raiva, nesta semana. Então, há 26 anos, não 
havia um óbito por raiva animal no Estado do Rio de Janeiro e, infeliz-
mente, esse cão que foi mordido por um morcego em Duque de Caxias, 
e foi submetido a necrópsia no Instituto de Medicina Veterinária Jorge 
Vaitsman, aqui no município, e foi constatada a presença do vírus da 
raiva no cérebro do animal. 
Duque de Caxias é um município vizinho ao Rio. A Secretaria Mu-
nicipal de Saúde já avisou que nos sábados, dias 15 e 22, fará no Rio a 
campanha de vacinação nos bairros próximos a Duque de Caxias, que são 
Vigário Geral, Parada de Lucas e Jardim América; e acredito e espero que 
o Município de Duque de Caxias também trate essa doença infecciosa 
com a seriedade e gravidade que o caso merece. 
Então, fica aqui a minha indignação e a minha fala para que a Prefei-
tura do Rio de Janeiro, o Estado do Rio de Janeiro, a Secretaria Municipal 
de Saúde, a Secretaria Estadual de Saúde e o Ministério da Saúde tratem 
o assunto, com a preocupação e o zelo devidos, para preservar a saúde da 
população humana e dos cães e gatos que habitam no nosso Município. 
Muito obrigado, Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Obrigado, nobre Ve-
reador Dr. Marcos Paulo. 
O próximo orador inscrito é o nobre Vereador Reimont, que dispõe 
de 10 minutos.
O SR. REIMONT – Boa tarde, Senhor Presidente, Vereador Eliel do 
Carmo; senhoras e senhores vereadores que nos acompanham de maneira 
remota e os que se encontram aqui na Câmara Municipal. 
Cumprimento também todas as trabalhadoras e os trabalhadores aqui 
da Câmara, que nos permitem fazer esse trabalho de forma híbrida, al-
guns no Plenário, alguns de casa. Eu, particularmente, tenho feito as ses-
sões de minha casa, mas hoje vim aqui. 
Pela manhã, participei e presidi uma Audiência Pública, que co-
meçou às 10 horas e terminou quase às 13h30, e tratava da questão da 
moradia no Centro da Cidade; não para discutir exatamente o projeto 
Reviver Centro, mas da perspectiva exclusiva da moradia popular e 
de interesse social. E uma das questões levantadas nesse Debate, onde 
estavam conosco o Secretário Washington Fajardo desde as 10 horas 
até 11h30, 11h40, quando ele se retirou para vir para outra reunião, 
também aqui na Câmara. 
Estavam conosco a Subsecretaria de Habitação, representando o Se-
cretário de Habitação do Município do Rio de Janeiro, Nilton Caldei-
ra. Estava conosco também a Defensoria Pública do Estado, Núcleo de 
Terras e Habitação. Estavam conosco diversos professores universitários. 
Estavam, nessa Audiência Pública, diversos movimentos sociais: a Cen-
tral de Movimentos Populares (CMP); o Movimento União de Moradias; 
a ocupação Manoel Congo, diversas ocupações da Cidade; Observatório 
das Metrópoles, que discute, no Centro da Cidade, uma questão que mui-
tos de nós abandona e que não pode ser abandonada, que é a presença dos 
cortiços no Centro da Cidade do Rio de Janeiro. 
Uma das questões levantadas – e que nós não abrimos mão de fazê-la 
o tempo todo nas discussões do nosso mandato – é que não se pode dis-
cutir o Centro, deixando do lado de fora dessa discussão as pessoas que 
vivem, moram ou trabalham no Centro da Cidade. Um exemplo simples: 
o trabalhador do comércio ambulante muitas vezes mora, por exemplo, 
na região de Santa Cruz, mas trabalha no Largo da Carioca. Esse traba-
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lhador, ele perde no tráfego, no trânsito, de lá para cá, na sua mobilidade, 
às vezes cinco horas por dia. 
Então, se nós estamos pensando em moradia de interesse social no 
Centro da Cidade, temos que pensá-la em discussão com esses atores. A 
população em situação de rua – deem uma volta agora aqui nesse qua-
drilátero do Decreto nº 48.806, do Prefeito Eduardo Paes, e aqui na Ci-
nelândia não tem mais o carrinho da pipoca. O banco da praça, morador 
em situação de rua, se ele se sentar, daqui a pouquinho chegam e dizem: 
levante-se, porque aqui não pode. Então, senhoras e senhores, é preciso 
fazer essa discussão. 
Maria Lucia Pereira, liderança nacional do Movimento de População 
em Situação de Rua, já nos dizia: “Não fale de nós sem nós”. Não dis-
cutam a moradia no Centro sem a presença das ocupações, dos cortiços, 
dos camelôs, da população de rua, daqueles que discutem esse tema no 
Centro da Cidade. 
Então, essa Audiência Pública, foi uma Audiência Pública muito rica 
e que trouxe para nós muitos elementos para emendar o Projeto Reviver 
Centro que, nós soubemos, eu cheguei à reunião, cheguei no finalzinho 
da outra reunião, porque estava na nossa Audiência Pública da nossa 
Comissão de Moradia, mas que parece já ter um encaminhamento para 
pegar o parecer das Comissões, para encaminhar a discussão, o debate 
e a votação em Plenário. Nós faremos o debate, estamos alinhados com 
o povo do Centro para discutir o tema do Reviver Centro. Não adianta, 
não adianta, nós não podemos esquecer os pobres. Se nós esquecermos 
os pobres, será em vão o nosso trabalho, será inútil o nosso discurso, será 
ineficaz o nosso fazer político, será ineficiente a nossa ação. 
Esse foi um debate muito rico e, por conta desse debate, Vereador 
Eliel do Carmo, eu não estive presente na Reunião com o Secretário Pe-
dro Paulo, que discutia a questão dos camelôs, que eu acompanho aqui 
na Cidade do Rio de Janeiro há 12 anos e que felizmente muita gente 
acompanha hoje – o que é muito bom. 
Quanto mais gente discutir as pautas da Cidade, melhor é. Sei que lá 
estavam diversos vereadores com o Secretário Pedro Paulo e que já foi 
encaminhado o pagamento do Auxílio Emergencial para a próxima sema-
na. Que bom, que bom que essas discussões estão sendo feitas. 
Às nove da manhã, no entanto, antes da Audiência Pública da 
Comissão de Moradia, eu fiz uma reunião com diversos camelôs e 
com a Coordenadoria de Licenciamento e Fiscalização (CLF). Esta-
vam conosco a servidora Lara Mansur, da CLF, que no relato que nos 
fez, da nossa preocupação, é o cancelamento das licenças para o traba-
lho. Nos diz que, nos quatro meses, fizeram quatro mil cancelamentos 
de licença para trabalhadores ambulantes. A pergunta é esta: por que 
tanto cancelamento? E a resposta era: porque falta prova de vida ou 
então porque houve fraude. Se há fraude, a gente quer saber onde é 
que está a fraude, que nós não defendemos a banalização do trabalho, 
nós não defendemos o trabalhador a qualquer custo, a qualquer preço, 
de qualquer forma, nós defendemos o trabalhador ambulante porque 
o camelô é trabalhador e ele faz parte da cadeia de produção econô-
mica da nossa cidade, ele precisa ser defendido. Achamos um absurdo 
o cancelamento de 4.000 licenças dos camelôs na Cidade do Rio de 
Janeiro. 
Fizemos, hoje, na parte da manhã, esse debate com a Lara Mansur da 
Coordenadoria de Licenciamento e Fiscalização, estavam comigo alguns 
camelôs, uns seis ou sete camelôs. E eu queria aproveitar, Vereador Eliel 
do Carmo, esse momento aqui e apresentar esse papel que tem uma afir-
mação e uma pergunta. Afirmação é “Defendo a democracia” e a pergun-
ta é “E você?”. Defendo a democracia. E você?
 Foi aprovado na Câmara dos Deputados um projeto de lei e o deputa-
do Arthur Lira, Presidente da Câmara dos Deputados, já disse que já vai 
valer a partir da quinta-feira. Projeto de lei que esvazia o trabalho do Par-
lamento, projeto de lei que diminui a possibilidade de a oposição intervir, 
projeto de lei que facilita com que o governo, seja qual for, passe os seus 
projetos sem que haja muita discussão. É preciso mandar um recado cla-
ro para os parlamentos brasileiros, para Câmara dos Deputados, daquia 
pouquinho vamos ter esses projetos chegando nas Câmaras Municipais e 
na Câmara do Rio de Janeiro, cerceando o poder de encaminhamento dos 
líderes partidários, cerceando o poder de discussão e debate dos diversos 
temas. Por isso, a minha pergunta se faz depois de uma afirmação “Eu 
defendo a democracia. E você?”. 
A gente está vendo o que está acontecendo em Brasília, na CPI da 
Covid-19, uma vergonha. Senador daqui do Estado do Rio de Janeiro vira 
para outro senador e chama “Vagabundo” e o senador que recebeu a ofen-
sa devolve para ele perguntando “Vagabundo sou eu ou é você que pega-
va o dinheiro dos seus assessores e colocava no bolso?”. Olha a baixaria 
que nós estamos vivendo no Senado Federal com a CPI da Covid-19. 
O Governo estressadíssimo, preocupadíssimo com a CPI da Co-
vid-19. Quem não deve não teme, responda sobre a falta de oxigênio 
em Manaus. O Ministro da Saúde Eduardo Pazuello esteve visitando um 
shopping center sem máscara de bermuda, no sábado, e na terça-feira não 
podia ir na CPI da Covid-19, porque estava possivelmente contaminado. 
Onde é que nós estamos? O Secretário de Comunicação diz que só não 
tomou cloroquina quando esteve contaminado porque ainda não existia 
cloroquina. Onde é que nós estamos? E a cloroquina – para encerrar aqui, 
estou vendo que meu tempo acabou – que deve ser usada lá no Norte do 
país para o combate à malária lá não chega, mas é incentivada para o 
combate ao Covid-19.
 Então, a pergunta é essa, o atual governo não defende a democracia, 
outra afirmação. E eu afirmo, eu defendo a democracia, e você? 
O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) - Obrigado ao nobre 
Vereador Reimont. Não havendo orador inscrito, a Presidência franqueia 
a palavra.
O SR. CESAR MAIA – Senhor Presidente, se não houver nenhum 
outro vereador inscrito, eu me inscreveria, embora sabendo que eu ficaria 
para depois.
O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Com a palavra fran-
queada o nobre Vereador Cesar Maia, que dispõe de 10 minutos.
O SR. CESAR MAIA – Presidente, peço para dar como lido e publi-
car no Diário da Câmara Municipal o texto do Roberto Anderson. Publi-
cado no Diário do Rio.
O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – A Presidência acolhe 
o pedido de Vossa Excelência.
O SR. CESAR MAIA – “Como mudam os espaços públicos cariocas.
As suas formas e os seus elementos variaram ao longo do tempo, de-
terminadas por essas demandas.
 As praças e parques públicos da cidade são lugares que amamos 
e que foram criados de acordo com as demandas de uso de cada mo-
mento. As suas formas e os seus elementos variaram ao longo do tempo, 
determinadas por essas demandas. O primeiro parque público da cidade, 
e do Brasil, o Passeio Público, foi criado no século XVIII, como reflexo 
de hábitos que haviam surgido na Europa no século anterior. As classes 
dominantes passeavam ao ar livre em jardins abertos ao público. Proje-
tado pelo Mestre Valentim, como um jardim francês, com eixo de sime-
tria e caminhos retilíneos, tinha canteiros de plantas nativas e exóticas. 
O parque terminava numa fonte ladeada por pirâmides, e num mirante, 
onde se apreciava a vista do mar, um prazer estético que mais tarde seria 
valorizado pelo advento do romantismo.
No século seguinte surgiram novos parques na cidade, como o Campo 
de Santana e a Quinta da Boa Vista, concebidos por Auguste F. M. Gla-
ziou, com o uso da linguagem do jardim inglês, o que alcançou o próprio 
Passeio Público, remodelado de acordo com o novo gosto. O repertó-
rio de elementos desses parques incluía lagos, pontes, grutas, morrotes 
e árvores de portes variados, crescendo livres de podas que definissem, 
de forma drástica, as suas formas. Nas praças começaram a ser instala-
dos monumentos e chafarizes em ferro fundido, vindos da Fundição Val 
D’Osne, na França, muitos deles até hoje resistindo à ação do tempo e, 
principalmente, à ação do vandalismo.
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Nas primeiras décadas do século XX vimos surgir tanto a Praça Paris, 
com sua rememoração da geometrização dos arbustos, como o Jardim 
de Alah, com seus caramanchões. Ambos se utilizaram de esculturas ar-
tísticas, canteiros geométricos e a presença da água, no chafariz, ou no 
próprio Canal do Leblon. Ali se podia circular em barcos a remo, que 
encostavam nas escadinhas providenciadas pelo projeto. São também 
dessa época os bancos de pranchas de madeira sobre estruturas de ferro 
fundido, chamados bancos Paris. Com um belo desenho e funcionalidade 
até hoje insuperada, ainda resistem em algumas praças.
Nas décadas seguintes foram realizadas praças em profusão na cida-
de, providas de chafarizes, coretos, jardins floridos, bancos de ripas de 
madeiras formando um S, um clássico desse momento, caramanchões e 
canteiros ora geométricos, ora sinuosos. Eram a medida da qualidade de 
vida dos bairros, ponto de encontro das crianças, mães e babás, lugar de 
pausa na faina do trabalho, de encontros românticos e, muitas vezes, va-
lorizavam a área como pontos comerciais para o surgimento de cinemas 
e cafés. Exemplo disso é a Praça Saens Peña, projetada por José da Silva 
Azevedo Neto, mas já muito alterada.
Mais tarde os jardins de Burle Marx e de tantos quantos seguiram sua 
linha projetual e passaram a ter bancos de concreto muitas vezes sinuo-
sos, canteiros ameboides, pedras encontradas no terreno, plantas exóti-
cas, e plantas nativas que, de tão desconhecidas, pareciam exóticas. Mas 
é interessante notar que enquanto lugares emblemáticos, como o Parque 
do Flamengo e a Praça Salgado Filho, seguiam essa nova tendência, de-
zenas de outras praças continuavam a ser feitas na cidade segundo proje-
tos mais anônimos e cânones mais tradicionais.
O fim do século XX foi pródigo em praças com pergolados, muitas 
vezes em concreto armado, que, por falta de manutenção, estão quase 
fadados à demolição. Foi também o período em que muito se investiu 
em gradeamento de praças, na vã tentativa de se aumentar a segurança 
e o controle do uso das mesmas. É desse momento a instalação ad nau-
seam em praças da cidade do conjunto mesinha de jogos e banquinhos de 
concreto, de pouco inspirado design. Ao longo do tempo demonstraram 
ser também frágeis. Hoje, após anos de maus cuidados, é fácil encontrar 
apenas suas bases com as ferragens à mostra ou as lacunas deixadas nos 
conjuntos.
Em seguida, viu-se o surgimento dos espaços cobertos para os equi-
pamentos de jogos, como na Praça Afonso Pena, na Tijuca, e em centenas 
de outras praças da cidade. Esse novo grupamento de mesas de jogos e 
coberturas em estrutura de madeira e telhas cerâmicas formaram o novo 
arsenal das intervenções nas praças, instalados independentemente de seu 
projeto original. Em função do aumento da pobreza e de pessoas que 
passaram a morar nas ruas, em diversos locais já há quem defenda a sua 
erradicação como forma de impedir que sirvam de abrigos para essas 
pessoas. Na Praça de Cascadura eles foram sumariamente demolidos pelo 
Poder Público, o mesmo que os edificou.
Quiosques de flores e de alimentação também passaram a ser parte do 
repertório das praças, defendidos como equipamentos de ampliação da 
segurança dos espaços públicos. E pistas de skate, das mais variadas for-
mas, foram incorporadas aos equipamentos existentes nas praças, assim 
como quadras de futebol e basquete. Em algumas praças mais bem aqui-
nhoadas, essas quadras são cobertas e até contam com iluminação para 
jogos noturnos. Quadras de tênis ainda permanecem exceções, encontra-
das, por exemplo, no Parque do Flamengo. Já os parquinhos, inicialmen-
te dotados do singelo quarteto gangorra, balanço, escorrega, trepa-trepa, 
em algumas praças ganharam brinquedos mais sofisticados, como pontes 
pênseis, cordas bambas e túneis.
O paisagista Fernando Chacel trouxe questões importantes para se 
pensar nos projetos dos espaços públicos, como a recuperação da flora lo-
cal, que ele denominou de ecogênese. O Bosque da Barra, de sua autoria, 
assim como a Praça Mozart Firmeza,no Recreio dos Bandeirantes, são 
exemplos dessa linha de trabalho. No entanto, esse modelo não foi capaz 
de se firmar em larga escala. Nos inúmeros condomínios da Barra há ex-
celentes praças, bem servidas por equipamentos, mas o jeitão ostentação 
e as restrições indiretas, como cancelas e guaritas, não contribuem para 
um amplo uso desses espaços.
Um equipamento de altíssima demanda nos últimos tempos é o cha-
mado “parcão”, espaço exclusivo para cães circularem sem coleiras. Em 
2015, pesquisa do IBGE indicou que o Estado do Rio de Janeiro teria 
2,117 milhões de domicílios com cães, o que representaria 35% do total. 
Na capital esse índice deve ser bem maior. É possível arriscar que há mais 
militância pela construção de espaços para cães nas praças, do que para 
a construção de parquinhos para as crianças, os quais demandam áreas 
até menores. 
Se lá no início da construção de espaços públicos apenas os hábitos 
das classes dominantes eram contemplados, pode-se dizer que, com o 
tempo, ocorreu uma democratização desses espaços. Assim, os jogos das 
turmas de idosos, as quadras e as pistas de skate dos mais jovens e o 
churrasco e a bebida dos boêmios passaram a ser também contemplados. 
Mas o design da exclusão cobrou seu preço. Bancos de praças receberam 
divisórias para impedir que as pessoas se deitem, e chafarizes andaram 
sendo desligados para se evitar o banho dos moradores de rua.
Duas perspectivas já existentes poderiam nortear os novos projetos 
de espaços públicos da cidade. Uma delas seria o lazer ativo, existente 
no Parque de Madureira, em que é permitido banhar-se na cascata. A 
outra é a noção de que espaços públicos podem e devem colaborar para a 
prestação de serviços ambientais à cidade. Assim, mais áreas permeáveis, 
florestas de bolso, jardins de chuva e espaços com menos necessidade de 
cuidados paisagísticos, ou seja, soluções baseadas na natureza, seriam 
elementos a serem incorporados ao novo repertório de nossos parques 
e praças. Mas como vimos, esses elementos só serão incorporados aos 
espaços públicos caso se tornem demandas da sociedade.
(INTERROMPENDO A LEITURA)
Era isso, Senhor Presidente. Obrigado. 
O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Obrigado, nobre Ve-
reador Cesar Maia.
A palavra continua franqueada.
Não havendo manifestação por parte dos senhores vereadores, a Pre-
sidência suspende a Sessão até as 15h40.
Está suspensa a Sessão.
(Suspende-se a Sessão às 15h25 e reabre-se às 15h40)
O SR. PRESIDENTE (ELIEL DO CARMO) – Está reaberta a Sessão.
Terminada a Primeira Parte do Grande Expediente, passa-se à Segun-
da Parte.
O orador inscrito é o nobre Vereador Tarcísio Motta, que dispõe de 
20 minutos. 
O SR. TARCÍSIO MOTTA – Boa tarde, nobre Vereador Eliel do Car-
mo, que preside esta Sessão; boa tarde vereadores aqui presentes; boa 
tarde a todos os trabalhadores da Câmara Municipal que nos auxiliam 
nesta Sessão híbrida; boa tarde também a todos aqueles que estão nos 
assistindo pela Rio TV Câmara. 
Hoje é dia 13 de maio de 2021. No dia 13 de maio, lembramos de 
uma data muito importante na história brasileira: a data da abolição da 
escravidão. Uma data que lembro, na infância, que era comemorada nas 
salas de aula, nas escolas. Mas me lembro também de que desde muito 
cedo era uma data muito criticada pelos movimentos negros, pelos movi-
mentos sociais, ao nos lembrar sobre os limites daquilo que aconteceu. É 
sobre isso, Presidente Eliel do Carmo, que eu gostaria de falar hoje, neste 
momento, nesta segunda parte do Grande Expediente. 
“Não veio do céu, nem das mãos de Isabel, a liberdade é um dragão 
no mar de Aracati.”
Nesse fantástico samba da Mangueira de 2019, de autoria da Manu 
da Cuíca e do Luiz Carlos Máximo, tem a primeira parte do que eu 
queria dizer aqui. A gente tem sempre que lembrar que a abolição da es-
cravidão, que o 13 de maio, foi na verdade o final de um longo processo 
de lutas dos abolicionistas, de uma série de movimentos de lutadores e 
lutadoras que ao longo do Brasil abominavam a escravidão, denuncia-
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vam a escravidão como algo a ser extirpado, a ser abolido na sociedade 
brasileira. 
A referência que o samba faz ao “dragão do mar de Aracati”, aos 
jangadeiros cearenses, ao Chico da Matilde, uma das suas lideranças que 
organizou os jangadeiros que se negaram a trazer, para o Rio de Janeiro, 
africanos que lá eram escravizados para serem vendidos no tráfico inter-
no, depois que o tráfico internacional de escravos havia sido proibido no 
Brasil. Ou seja, pega um exemplo, e por isso inclusive o Ceará declarou 
extinta a escravidão legal. A escravidão legal no Ceará foi extinta quatro 
anos antes do restante do Brasil, fruto da luta desse abolicionista. 
Assim como ele, podemos lembrar o André Rebouças, o José do Pa-
trocínio, o Luiz Gama, um conjunto de movimentos de abolicionistas que 
faziam comícios, reuniões; que faziam protestos; que angariavam fundos 
para comprar cartas de alforria de africanos que estavam escravizados, 
para libertar esses escravos; que escondiam africanos que fugiam dos 
seus ditos donos em quilombos, muitas vezes quilombos urbanos. 
A escravidão foi um processo de muita luta. Leis que foram decreta-
das nos parlamentos do então Império brasileiro foram leis muitas vezes 
para retardar o final da escravidão, mas também fruto de respostas a essas 
lutas. Foi assim a chamada Lei do Ventre Livre, promulgada em 1871, 
que dizia que as crianças nascidas de ventres de mães escravizadas se 
tornariam livres, mas, ao mesmo tempo, nessa lei estava embutida uma 
reivindicação histórica do movimento abolicionista de que a compra do 
título da alforria não poderia ser negado mais pelos supostos donos da-
queles escravos. 
Portanto, é um processo de muita luta. E o 13 de maio é apenas o 
culminar desta luta. A Cidade do Rio de Janeiro inclusive viveu uma fes-
ta. Jornais da época falam num verdadeiro carnaval na Cidade do Rio 
de Janeiro no pós-13 de maio. Era um ato inclusive de uma monarquia 
moribunda, de uma monarquia que já caia aos pedaços, numa tentativa 
de recuperar parte da sua popularidade com um ato que deveria ter sido 
tomado muito antes. Era uma monarquia escravista declarando o fim da 
escravidão e tentando surfar nessa onda, tal qual determinados governos 
que eram negacionistas da vacina e agora querem dizer que são responsá-
veis pela vacinação do povo. 
Vou deixar um pouco de lado as comparações imediatas entre o pas-
sado e o presente. Portanto, a abolição da escravidão, o 13 de maio de 
1888 foi, sem sombra de dúvida, um momento importante, histórico. Mas 
a redentora Princesa Isabel foi uma construção posterior a isso. Não veio 
do céu, não foi um produto da natureza das leis históricas, que só os seres 
humanos as fazem. Não veio do céu nem das mãos de Isabel. A liberdade 
é um dragão no Mar de Aracati. A liberdade foi conquista de negros e 
negras, de abolicionistas que brigaram muito para que acontecesse.
Mas, por outro lado, há um segundo elemento para o qual eu queria 
fazer uso de um outro samba, esse do Hélio Turco, do Jurandir e do Alvi-
nho, também da Mangueira: “Livre do açoite da senzala, preso na miséria 
da favela”.
A constatação sobre qual foi o resultado imediato da própria abolição, 
quais foram os limites da abolição. Caro, Prof. Célio Lupparelli, a lei da 
abolição da escravidão é uma lei que é fácil de decorar, já que ela tem 
apenas dois artigos: “está extinta a escravidão no Brasil; revogam-se as 
disposições em contrário”.
Todo o debate que, então, se fazia do ponto de vista de que esta deve-
ria ser uma lei que pensasse também em formas de integração do negro à 
sociedade brasileira, de alguma forma, e que se discutisse, por exemplo, 
a posse de terra para aqueles que seriam, então, ex-escravos, passou ao 
largo, não estava presente na letra da lei. Fruto, inclusive, da pressão dos 
proprietários de escravos que, por sua vez, desejavam, grande Vereador 
Célio Lupparelli, ser

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