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Luana Soares Aula III e IV - Módulo I – P4 Exame da Genitál ia Externa Feminina EXAME DA VULVA E DO PERÍNEO • O exame da vulva e do períneo deve ser realizado de forma sistemática, abrangendo a área desde o monte púbico até o ânus. • Os linfonodos inguinais também devem ser palpados, pois tanto as neoplasias como as infecções podem afetá-los. • Observa-se pele e trofismo vulvar, eventuais alterações como eritema e outras mudanças na coloração da pele, lacerações perineais, secreções e lesões, aspecto do hímen e carúnculas himenais, pequenos lábios e clitóris. • Prolapsos urogenitais podem ser investigados, pedindo-se que a paciente faça esforço (manobra de Valsalva). • As glândulas vestibulares (glândulas de Bartholin) normalmente não são vistas nem identificadas à palpação. • A uretra também deve ser observada quanto à eventual presença de secreções que podem indicar infecções ou a alterações de coloração ou irregularidade da superfície associadas ao prolapso uretral. CONDIÇÕES BÁSICAS • Ambiente confortável e silencioso • Desnudamento da paciente por partes, de acordo com a área a ser examinada • Esvaziar a bexiga anteriormente • Bom foco luminoso • Material adequado • O ideal: sala com banheiro • Recomendável a presença de um auxiliar durante o exame • Se tiver estudantes, informar o paciente anteriormente • Conhecer a semiotécnica Luana Soares Aula III e IV - Módulo I – P4 INSPEÇÃO ESTÁTICA • São avaliadas as condições anatômicas, a distribuição pilosa e o trofismo da pele e semimucosa. • As estruturas avaliadas incluem o monte da pube (monte de Vênus), lábios maiores (grandes lábios), lábios menores (pequenos lábios ou ninfas), clitóris com seu prepúcio e frênulo, vestíbulo da vagina, glândulas vestibulares maiores (glândulas de Bartholim), orifícios excretores das glândulas vestibulares menores (glândulas de Skene), meato uretral, hímem ou suas carúnculas, fúrcula, região perineal e perianal e inguinal. • Lesões existentes no tegumento vulvar devem ser avaliadas quanto ao tipo, número, localização, dimensões, cor, mobilidade e sensibilidade. • Inspeção da Vulva o Implantação dos pelos; o Aspecto da fenda vulvar; o Umidade; o Secreções; o Hiperemias; o Ulcerações; o Distrofias; o Neoplasias; o Dermatopatias; o Distopias; o Malformações • Inspeção do Períneo e Uretra o Secreções Luana Soares Aula III e IV - Módulo I – P4 o Prolapso uretral o Integridade o Cicatrizes • Inspeção do Ânus o Hemorróidas o Plicomas o Fissuras o Prolapso da mucosa o Malformações INSPEÇÃO DINÂMICA Ao esforço solicitado (valsalva), observar procidência das paredes vaginais anterior ou posterior, do útero PALPAÇÃO • Região inguinal • Região femoral EXAME ESPECULAR • MATERIAIS o Mesa ginecológica; o Foco; o Banco; o Luvas. o Espéculos; • AVALIAÇÃO DA VAGINA E DO COLO o Paredes vaginais o Rugas vaginais o Conteúdo o Identificação do Epitélio Escamoso, Epitélio Glandular e Metaplásico e Junção Escamo-Colunar (JEC). Luana Soares Aula III e IV - Módulo I – P4 • AVALIAÇÃO DA FLORA VAGINAL o Flora vaginal bacteriana normal: lactobacilos, que mantém o Ph vaginal entre 3,8 e 4,2; o Secreção vaginal fisiológica sofre influências hormonais, orgânicas e psíquicas. constituída de secreção sebácea, esfoliação vaginal e cervical e secreção das glândulas de Bartholin e Skene • AVALIAÇÃO DO COLO UTERINO o Forma o Tamanho o Posição o Superfície o Coloração o Orifício Externo o Muco Cervical o Zona de Transição • DESCRIÇÃO SIMPLIFICADA DO ÚTERO E LOCALIZAÇÃO DA JUNÇÃO ESCAMOCOLUNAR (JEC) AO LONGO DO CICLO DE VIDA FEMININO TOQUE VAGINAL • Mão enluvadas, pode-se lubrificar os dedos indicador e médio; • Examinador à frente da paciente; • Introduzir no canal vaginal, fazendo pressão uniforme para trás enquanto os pequenos lábios são afastados; • Palpação da musculatura pélvica, as paredes vaginais, o colo uterino e os fundos de saco vaginais; • Palpação do útero: Luana Soares Aula III e IV - Módulo I – P4 o Uma mão comprime-se no abdome e a outra desliza pelo canal vaginal; o Avaliar: volume, posição, mobilidade, consistência, regularidade da superfície e dor à mobilização do colo uterino; o Tubas uterinas normalmente não são palpáveis; o Ovários: podem ser palpáveis, nas mulheres não obesas; o Fundo de Saco de Douglas: busca de tumores. POSSÍVEIS ACHADOS • Ectopia Cervical o No período de atividade menstrual, fase reprodutiva da mulher, geralmente, a JEC situa-se no nível do orifício externo ou para fora deste, caracterizando ectopia ou eversão. Logo, a ectopia é uma situação fisiológica, não demandando intervenções. • Cistos de Naboth o Oriunda da obstrução dos ductos excretores das glândulas endocervicais subjacentes; o Sem significado patológico. • Pólipos Cervicais o São projeções da mucosa do canal do colo uterino, podendo levar a sangramento vaginal fora do período menstrual e principalmente após relação sexual; o Quando localizados externamente, são visualizados no momento do exame; o São benignos na maioria dos casos. TOQUE RETAL • O toque retal não é feito rotineiramente em todas as consultas. • É útil nas avaliações de pacientes com dor ou massa pélvica identificada, suspeita de endometriose ou neoplasia, na presença de sintomas intestinais ou sangramento ou, ainda, quando for considerada a possibilidade de um tumor nessa área. COLETA CITOPATÓLOGICA • A coleta da amostra deve ser pelo menos 5 dias após o término da menstruação, 3 dias sem relação sexual e sem uso de creme vaginal • No entanto, caso seja esta a única oportunidade e a mulher esteja menstruada, podem se adicionar gotas de ácido acético a 2% à solução fixadora, buscando melhorar a qualidade da amostra. • Nas mulheres grávidas, não há inconvenientes em realizar o exame, caso seja necessário realizar a coleta citológica, esta deve ser feita preferencialmente apenas com a espátula de Ayre; • Nas mulheres após a menopausa, em decorrência do déficit de estrogênio, a visualização da JEC pode ser prejudicada pela atrofia: Luana Soares Aula III e IV - Módulo I – P4 − Creme de estrogênios conjugados 0,5g ou Creme de estriol 1%, durante 21 dias, coleta após 5 a 7 dias da parada do uso. • TÉCNICA o Material necessário o Introduz de forma oblíqua do espéculo em relação ao períneo, aprofundando em direção ao fundo da vagina, ao mesmo tempo em que é feita a rotação para a direita até a posição transversa. Dessa forma, evita-se pressionar a uretra e provocar dor. o Além da inspeção da vagina e do colo do útero, esse exame permite coleta de secreção vaginal, endocervical, células para citopatológico (CP) de colo uterino, colposcopia, entre outros. o Para coleta na ECTOCÉRVICE utiliza-se espátula de Ayre, do lado que apresenta reentrância. Encaixar a ponta mais longa da espátula no orifício externo do colo, apoiando-a firmemente, fazendo uma raspagem em movimento rotativo de 360° em torno de todo o orifício cervical, para que toda superfície do colo seja raspada e representada na lâmina, procurando exercer uma pressão firme, mas delicada, sem agredir o colo, para não prejudicar a qualidade da amostra. o Para coleta na endocérvice, utilizar a escova endocervical. Recolher o material introduzindo a escova endocervical e fazer um movimento giratório de 360°, percorrendo todo o contorno do orifício cervical Luana Soares Aula III e IV - Módulo I – P4 TESTES REALIZADOS NA CITOPATOLOGIA Teste de Whiff • Coleta do material vaginal; • aplicação de 1 a 2 gotas de KOH a 10%; • Teste positivo: odor de peixe, associado a vaginose bacteriana. Teste do Ácido Acético • Aplicação de Ácido Acético a 3 a 5%; • Desidratação das células escamosas displásicas,em 30 a 60 segundos; • Positivo: alteração acetobranca (reflexo à luz do material nuclear das células displásicas, que adquirem coloração esbranquiçada); • Intensidade e duração do efeito diretamente relacionadas com a gravidade da lesão. Teste de Schiller • Solução de Iodo (Lugol); • Células ricas em glicogênio coram e tornam-se marrom-escuras: Iodo positivo, Schiller negativo; • Células desprovidas de glicogênio (células glandulares e displásicas) não coram e tornam-se mostarda: Iodo negativo. Schiller positivo; • Áreas de ectopia não se coram LESÕES VULVARES Candidíase • Mancha ou placa hiperemiada com maceração do tecido ou erosões superficiais e descamação na periferia da lesão; • Prurido vulvar intenso, associado ou não a corrimento vaginal. Dermatite Seborreica • Lesão eritematosa difusa e simétrica com fina descamação em cima da base eritematosa; • Prurido vulvar • Associa-se à produção aumentada de sebo • Acomete outros locais Líquen Plano Vulvar • Pápulas ou placas eritematosas descamativas e, eventualmente, erosivas; • Principal localização: lábios menores, pode evoluir com fusão; • Prurido crônico; • Não aumenta risco de câncer. Luana Soares Aula III e IV - Módulo I – P4 Líquen escleroso e atrófico (LEA) • Pápulas branco-nacaradas, opacas, com aspecto apergaminado • Região anogenital • Atrofia importante – formato em “8” • Prurido, irritação local, disúria, dispauremia, fissuras e dor • Doença crônica e benigna • Fatores imunológicos • Pode evoluir para lesão maligna Vitiligo • Manchas hipocrômicas, bem delimitadas, sem sintomas associados • Geralmente está presente em outras localizações extragenitais • Problema cosmético Aglutinação ou Aderência Labial • Sinéquia de pequenos lábios; • Processo inflamatório crônico associado à falta de estrogênios estão associados à aderência dos pequenos lábios. Herpes Simples • Pródromos: prurido, queimação e formigamento; • Vesículas dolorosas que rapidamente rompem • Ulceração, Crosta; • Sintomas sistêmicos: febre, cefaléia, mal-estar (geralmente na primoinfecção); • Lesões genitais - HSV-2; Sífilis Primária (Treponema pallidum) • Cancro duro – úlcera clássica, isolada, firme ao toque, com bordas arredondadas, levemente elevadas e uma base íntegra não infectada. • Pode ocorrer secreção serosa • Indolor Cancro Mole (Haemophilus ducrei) • Pápula eritematosa que evolui para pústula e sofre ulceração em 48hs; • Úlceras dolorosas com bordas irregulares, com limites eritematoso, sem enduração; • Base avermelhadas e granular; • Recobertas com material purulento com odor fétido; • Fúrcula vulvar, vestíbulo, clitóris e grandes lábios; Luana Soares Aula III e IV - Módulo I – P4 • Linfadenopatia inguinal móvel uni ou bilateral; Donovanose (Klebsiella granulomatis) • Nódulos inflamatórios indolores que progridem para úlceras altamente vascularizadas, avermelhadas e carnudas, (sangram com facilidade ao contato); • Cicatrizes semelhantes a quelóides. • É uma DST Linfogranuloma Venéreo (LGV) (Chlamydia trachomatis (L1, L2 e L3) • Infecção divide-se em três fases: o Vesícula ou pápula pequena; o Linfadenopatia inguinal ou femoral “BULBÃO” 🡪 drenagem espontânea; o Fase crônica: prurido retal e descarga mucóide pelas úlceras retais, obstrução linfática, fibrose de reto, sangramento retal, estenose de uretra e da vagina. • É uma DST Cistos do ducto de Bartolin ATENÇÃO: dor, calor, rubor e presença área de flutuação ou de drenagem de secreção purulenta. Condiloma acuminado • HPV (papilomavírus) - DST • Verrugas em vulva, períneo, perianal, vagina e útero. • Coloração variada • Aspecto de couve-flor Neoplasia Intraepitelial Vulvar • Lesões elevadas, de superfície áspera, com margens bem demarcadas; • Pode ser subdividido em duas categorias: verrucoso e basalóide; • Geralmente associa-se a infecção crônica pelo HPV • Diagnóstico: Biópsia Câncer de vulva • Nódulo vermelho, rosa ou branco, de superfície áspera ou rugosa, na vulva • Ardência, dor ou coceira na área genital • Sangramento fora do período menstrual • Principal: carcinoma escamocelular (CEC) Luana Soares Aula III e IV - Módulo I – P4 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DAS VULVOVAGINITES NORMAL VAGINOSES BACTERIANA CANDIDÍASE TRICOMONÍASE SINTOMAS - Odor que piora após relação sexual Prurido Leucorreia volumosa Prurido Disúria Desconforto vulvovaginal Fissuras na vulva Lesões de caçadura Prurido 70% são assintomáticos ASPECTO DA SECREÇÃO VAGINAL Branca, inodora Aderente à parede vaginal Odor de putrefação Grumosa Branca Aderente à parede vaginal Amarelada ou esverdeada Bolhosa PH VAGINAL 3,8 – 4,2 >4,5 <4,5 >4,5 TESTE DE WHIFF COM KOH Negativo Positivo Negativo Positivo EXAME A FRESCO COM NaCl Lactobacilos > 20% de clue cells Pseudo-hifas Diminuição de lactobacilos Protozoários visíveis Leucócitos RASTREAMENTO DO CÂNCER DE COLO UTERINO • O rastreamento deve ser realizado a partir de 25 anos em todas as mulheres que iniciaram atividade sexual, a cada três anos, se os dois primeiros exames anuais forem normais. Os exames devem seguir até os 64 anos de idade; • A coleta da amostra deve ser pelo menos cinco dias após o término da menstruação. No entanto, caso seja esta a única oportunidade e a mulher esteja menstruada, podem-se adicionar gotas de ácido acético a 2% à solução fixadora, buscando melhorar a qualidade da amostra.
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