Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6491-5 9 7 8 8 5 3 8 7 6 4 9 1 5 Código Logístico 58653 Walter Franco Lopes da Silva Planejam ento Financeiro e Orçam entário W alter Franco Lopes da Silva Planejamento Financeiro e OrçamentárioCódigo Logístico 58653 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6491-5 9 7 8 8 5 3 8 7 6 4 9 1 5 Este livro trata do tema planejamento financeiro e orçamentário, tendo como ponto de partida a sua importância para uma eficiente e eficaz administração do dia a dia das empresas. O objetivo primordial é compreender as mais recentes tendências do conceito de finanças corporativas e sua evolução como ferramenta de gestão voltada à geração de valor aos acionistas. Fazendo uma análise teórica combinada com exemplos práticos, esta obra reflete sobre a importância de o gestor financeiro se manter alinhado à realidade econômica do país, compreendendo a forma como as variáveis da economia e do mercado impactam o desempenho organizacional. São discutidas as mais novas responsabilidades e funções atualmente exigidas dos gestores financeiros das empresas, somadas a uma série de outras variáveis que, direta e indiretamente, produzem alterações nos resultados do negócio. Planejamento financeiro e orçamentário IESDE 2019 Walter Franco Lopes da Silva Todos os direitos reservados. © 2019 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Phongphan/iStockphoto CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ S584p Silva, Walter Franco Lopes da Planejamento financeiro e orçamentário / Walter Franco Lopes da Silva. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2019. 94 p. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6491-5 1. Administração financeira. 2. Empresas - Finanças. 3. Controle financeiro. I. Título. 19-59057 CDD: 658.15 CDU: 658.15 IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Walter Franco Lopes da Silva Mestre em Economia Latino-Americana pela University of London e em Filosofia Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Especialista em Economia de Empresas e graduado em Administração de Empresas pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP). Professor nos cursos de graduação e pós- -graduação em Economia e Administração. Pesquisador da University of St Andrews e da St Mary’s College. Possui destacada atuação como profissional do mercado financeiro e de capitais. Sumário Apresentação 7 1 A gestão corporativa moderna 9 1.1 Gestão financeira moderna: análise e perspectiva histórica 9 1.2 Evolução, tendências e importância da gestão financeira no século XXI 12 2 Objetivos e desafios do administrador no século XXI 19 2.1 Medindo objetivos e metas das empresas 19 2.2 Papel do gestor financeiro 22 2.3 Gestão financeira baseada em valor 25 3 A tomada de decisões de investimento e financiamento 29 3.1 Tomada de decisão: investimento e financiamento 29 3.2 Economia nacional e seu impacto nos negócios das empresas 32 4 O planejamento de caixa e seus fundamentos 37 4.1 Análise do fluxo de caixa da empresa 37 4.2 Planejamento, apresentação e elaboração dos tipos de fluxos de caixa 41 5 A administração do capital de giro e análise risco/retorno do negócio 49 5.1 Conceito e administração do capital de giro 49 5.2 Análise de risco, retorno do negócio e financiamento do capital de giro 55 6 A estrutura das demonstrações contábeis 59 6.1 Uma visão das demonstrações contábeis 59 6.2 Estrutura e análise dos resultados 65 7 Planejamento financeiro, orçamentos e investimento empresarial 75 7.1 O planejamento e o desenvolvimento de uma cultura de orçamentos na organização 75 7.2 O orçamento da empresa e a questão do investimento inicial 78 Gabarito 87 Apresentação Buscamos, neste livro, tratar do tema planejamento financeiro e orçamentário tendo como ponto de partida a sua importância para uma eficiente e eficaz administração do dia a dia das empresas. Nosso objetivo primordial é compreender as mais recentes tendências do conceito de finanças corporativas e sua evolução como ferramenta de gestão voltada à geração de valor aos acionistas. Fazendo uma análise teórica combinada com exemplos práticos, refletiremos sobre a importância de o gestor financeiro se manter alinhado à realidade econômica do país, compreendendo a forma como as variáveis da economia e do mercado impactam o desempenho organizacional. Ao estudarmos o conceito de administração financeira com foco na geração de valor aos acionistas, trazemos para o nosso debate as mais novas responsabilidades e funções hoje exigidas dos gestores financeiros das companhias. Essas responsabilidades devem também se somar a uma série de outras variáveis que, direta e indiretamente, produzem alterações nos resultados do negócio. Assim, discutiremos a tomada de decisões de investimento e financiamento de curto, médio e longo prazos, além das questões culturais, ambientais e sociais cuja relevância vem ganhando espaço no trabalho diário dos administradores. Por fim, aprofundaremos nossa análise estudando o capital de giro, os custos e a viabilidade dos investimentos e financiamentos pensando sempre no trabalho de administração do caixa e no equilíbrio financeiro do negócio no longo prazo. Como toda obra de planejamento financeiro e orçamentário exige que os números reportados sejam precisos e confiáveis, concluiremos nossos estudos com uma breve análise das demonstrações contábeis, parte essencial do acompanhamento do desempenho econômico-financeiro e gerencial do negócio. Bons estudos! 1 A gestão corporativa moderna A contabilidade é fonte de diversas informações essenciais para o entendimento, a gestão e o planejamento do negócio aos públicos interno e externo de uma empresa. Com base nas informações de caráter quantitativo, é possível avaliar a situação estática do negócio em um momento específico, além das tendências e do desenvolvimento das atividades realizadas ao longo do tempo. Assim, e com base nas informações disponibilizadas pela contabilidade, torna-se possível observar e avaliar o comportamento do negócio por meio da comparação (gerencial) dos resultados atuais com os números previamente publicados. Portanto, nesta obra estudaremos o resultado de alguns trabalhos desenvolvidos pelos departamentos de contabilidade e de finanças das empresas, áreas que objetivam oferecer detalhadamente a gestores, acionistas e público externo informações econômico-financeiras voltadas à geração de valor do negócio. Tal processo gerencial de análise de desempenho do negócio possibilita constante gestão do valor efetivamente gerado por sua atividade-fim, tornando-se também base para um trabalho ainda mais complexo de planejamento financeiro e orçamentário. Neste capítulo, são apresentadas as definições e os objetivos da gestão financeira moderna voltada à administração do valor e à evolução das companhias na atualidade. Deve-se lembrar que o trabalho de mensuração, comparação e entendimento dos números (diante do planejamento orçamentário previamente executado) aproxima a contabilidade da gestão financeira e do planejamento estratégico, além de possibilitar a expansão do número de usuários das informações contábeis produzidas. Tal processo de democratização e publicação das informações econômico-financeiras da empresa não é apenas um importante aliado do mercado financeiro e do público em geral no entendimento do desempenho da companhia, mas um valioso instrumento para o gestor (interno) no momento de planejar e decidir investimentos em curto, médio e longo prazos, por exemplo. 1.1 Gestão financeira moderna: análise e perspectiva histórica Iniciamos os estudos a respeito da moderna gestãofinanceira lembrando que, no passado recente, informações sobre o desempenho econômico-financeiro de qualquer empresa se resumiam, quase unicamente, à análise (relativamente simples!) dos números fornecidos pelos demonstrativos financeiros. Atualmente, ao nos referirmos à gestão organizacional, pensamos também nas atribuições dadas aos administradores das empresas, sejam eles voltados aos controles financeiro, administrativo, fiscal ou de pessoal, por exemplo. No que se refere à administração financeira (foco deste estudo), percebe-se que modificações ocorridas nas últimas décadas vêm alterando a própria forma de gestão e a importância desta no sucesso empresarial. É nesse sentido que a controladoria Planejamento financeiro e orçamentário10 vem se consolidando como um dos principais centros de informação econômico-financeira e gerencial da empresa. Esse departamento não apenas fornece aos acionistas, gestores e mercado os números efetivamente obtidos decorrentes da operação do negócio, mas também permite que o controller administre tais resultados reportados nos demonstrativos e indicadores financeiros disponibilizados. Conforme descrito por Gitman (2012), nos últimos anos o profissional de finanças sofreu com mudanças nos ambientes econômico, competitivo e regulamentador, que aumentaram a importância e a complexidade de suas tarefas. Segundo o autor, “o administrador financeiro de hoje está mais ativamente envolvido com o desenvolvimento e a implementação de estratégias empresariais que têm por objetivo ‘o crescimento da empresa’ e a melhoria de sua posição competitiva. Por isso muitos altos executivos vêm da área financeira” (GITMAN, 2012, p. 4). Outra característica central, que também tem sido tendência no mundo da gestão corporativa, é a globalização das atividades empresariais. A cada dia, mais empresas percebem a importância da internacionalização (ou globalização) de suas atividades, a qual se mostra essencial aos mais significativos ganhos de eficiência, produtividade e de mercado. Tal processo, a princípio irreversível no contexto das empresas atuais, colocou sob a incumbência do gestor um peso significativo e uma enorme responsabilidade. Isso implica ao financista perceber novas formas de ganhos na esfera econômico-financeira do negócio, os quais extrapolam, por exemplo, simples reduções de custos e despesas típicas de políticas observadas em décadas passadas. Portanto, atualmente o foco vem sendo dado também à redução de riscos de mercado e às melhorias constantes na administração e no fluxo de caixa de longo prazo das companhias, ações sempre voltadas à preservação do valor do negócio no tempo. Por isso, e a despeito do ainda existente valor e da importância dada aos números contábeis (formalmente publicados pelas empresas em seus balanços e demonstrativos de resultados e demais relatórios econômico-financeiros), a análise do desempenho econômico-financeiro do negócio não se resume mais ao simples estudo desses dados. Tal trabalho exige uma nova visão voltada à capacidade de a empresa gerar valores crescentes, em longo prazo, a acionistas ou controladores – seja por meio da distribuição de dividendos ou da percepção de mercado a respeito do potencial de valorização dos papéis (ações) em bolsa de valores. Isso decorre do fato de, apesar de os demonstrativos financeiros serem, sem dúvida, importantes instrumentos gerenciais que comunicam os principais fatos e eventos sobre entidades e empresas, o entendimento dos números (aliado a um profundo conhecimento do negócio) passou a ser essencial na análise de criação de valor do negócio e de geração de informações imprescindíveis à tomada de decisões. Dessa forma, todas as informações contábil-financeiras, ou a respeito de operações ou fatos ocorridos na empresa serão ponto de partida para definir a alocação de investimentos ou desinvestimentos e a aplicação de recursos em determinado mercado. Além disso, essas informações servem como base ao trabalho interno de planejamento financeiro e orçamentário das empresas. Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (2002, p. 21), em todo processo de gestão financeira, cabe ao administrador encontrar respostas a três importantes perguntas: “Quais investimentos a longo prazo a empresa deve fazer?”; “Como devem ser levantados os recursos para financiar Controller: profissional da controladoria. A gestão corporativa moderna 11 tais investimentos?”; “Como a empresa deve gerir suas atividades monetárias e financeiras em seu dia a dia?”. Veremos, no decorrer deste estudo, que parte dessas respostas se encontra no entendimento da importância do capital de giro na gestão do negócio, bem como na disponibilidade e no custo dos recursos que os gestores precisarão para financiar suas atividades. A gestão financeira moderna vem, portanto, modificando-se nas últimas décadas. Além disso, conforme destacado anteriormente, está se afastando da simples análise e da administração de números e resultados contábeis comuns das décadas de 1980 e 1990, por exemplo. Tal realidade de administração tem se aproximado gradativamente de um trabalho mais complexo e robusto, o qual exige um entendimento e um conhecimento mais amplo por parte dos gestores. Assim, o atual foco sobre a missão das entidades empresariais, conforme defendido por Padoveze (2015, p. 3), estaria centrado no conceito de criação de valor para os acionistas. O autor ainda afirma que esse valor seria “representado pelo preço de mercado da ação ordinária da companhia, o qual, por outro lado, é uma função das decisões de investimento, financiamento e dividendos da empresa”. Dessa forma, quando nos referimos a planejamento financeiro e orçamentário de uma empresa, estamos muito mais preocupados com a criação, agregação ou adição de valor ao longo do tempo aos acionistas do que com os números relativos ao faturamento, às margens operacionais ou aos lucros contábeis reportados. Vejamos, a seguir, uma notícia recente a respeito de uma oferta pública de ações1 (OPA, ou IPO em inglês) da empresa Uber, companhia de tecnologia voltada ao transporte de passageiros, com atuação praticamente global. Esse caso exemplifica bem a discussão sobre a percepção de valor aos acionistas segundo a gestão corporativa moderna: O aplicativo de transporte Uber decidiu vender US$ 10 bilhões em ações em sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), informou a agência de notícias Reuters, que conversou com pessoas familiarizadas com o assunto. A empresa fará o registro público da abertura de capital nesta quinta-feira, 11. Esse valor em ações faria do IPO do Uber um dos maiores de empresas de tecnologia de todos os tempos [...]. O Uber está buscando uma avaliação entre US$ 90 bilhões e US$ 100 bilhões, influenciado pela performance ruim das ações de sua rival Lyft, que fez IPO no mês passado. Bancos de investimentos chegaram a dizer ao Uber que a empresa valeria até US$ 120 bilhões. O Uber recentemente foi avaliado em US$ 76 bilhões no mercado privado. A maioria das ações vendidas seria emitida pela própria empresa, enquanto uma parcela menor seria de propriedade de investidores do Uber, disse uma das fontes à Reuters. (COM US$..., 2019) Perceba que o mercado ajuda a empresa a “precificar” o negócio por meio de avaliações e análises baseadas nos dados fornecidos pela própria companhia, que os obtêm como parte de seu 1 Esse conceito é muito importante. A oferta pública de ações (cuja sigla em inglês é IPO, de Initial Public Offering) é o ato empresarial de ofertar ou colocar à venda, em determinado mercado de ações, uma quantidade de seu capital (referenciado em ações) por determinado preço inicial. Com a OPA, a empresa pretende obter recursos (caixa) para seus planos de investimentos sem precisar se endividar com bancos. Com essa venda de ações, a empresa ganha novos sócios e sua ação passa – logo após o preço inicial de venda na bolsa de valores – a ter preços determinados pelo“apetite” dos investidores, podendo subir ou descer dependendo dos desempenhos da empresa ou de notícias, riscos e outras variáveis da economia e política local. Planejamento financeiro e orçamentário12 trabalho interno de planejamento financeiro e orçamentário. Esse fato ocorre porque tal avaliação do negócio terá sempre como ponto de partida os demonstrativos financeiros publicados pela empresa e as informações relativas à expectativa de seu desempenho futuro. Portanto, o valor dos papéis (ações) em bolsas de valores seria determinado pela combinação do desempenho atual nos negócios – segundo os demonstrativos financeiros – e, não menos importante, pela perspectiva de desempenho futuro do negócio nos mercados em que atua. A seguir veremos uma análise que mostra a reação do mercado após o lançamento das ações da Uber. Poderemos perceber como os mercados reagiram em relação ao comportamento de seus preços a partir da oferta pública de ações (OPA). Ao longo do dia do lançamento das ações em bolsa de valores, elas atingiram a casa dos US$ 44,85. No entanto, voltaram a cair e fecharam o dia inclusive abaixo do preço inicial daquela data (US$ 42,00), ou seja, antes da OPA: Apesar da grande expectativa do mercado, as ações da Uber (código UBER) derraparam no primeiro dia de negociações na bolsa de Nova Iorque (NYSE). Os papéis terminaram a sexta-feira cotados em US$ 41,60, uma queda de mais de 7% em relação ao preço estipulado na abertura de capital (US$ 45) [...]. A justificativa pode estar atrelada a vários fatores. John Tuttle, executivo-chefe de operações da NYSE (bolsa de Nova Iorque), disse, em entrevista ao site Yahoo Finance, que “há duas variáveis que costumam impactar no preço do IPO: as condições do mercado e como duas companhias comparáveis estão performando dentro desse mercado”. (FURLANI, 2019) Nesse contexto, podemos refletir sobre como a empresa e seus gestores atualmente vêm se preocupando em não apenas demonstrar que o negócio em si é valioso aos acionistas, mas importante para a estratégia e sobrevivência dele em longo prazo. Percebemos até aqui toda uma mudança de grau e complexidade do papel da gestão financeira nas últimas décadas. Somada a essa realidade, uma enorme responsabilidade passou a ser creditada à função do gestor financeiro: não apenas à sua capacidade de gerir contábil e financeiramente o negócio, mas à sua habilidade para agregar um pensamento estratégico e global voltado à geração de valor do business no tempo. 1.2 Evolução, tendências e importância da gestão financeira no século XXI Com o desenvolvimento do capitalismo, novas formas de gestão dos negócios foram gradualmente incorporadas pelos administradores, a fim de atenderem às metas estabelecidas pelos conselhos de administração e sócios controladores das empresas. Portanto, não raro percebemos que o uso de novas tecnologias, o pensamento globalizado e a incorporação de modernas ferramentas de gestão e de melhorias de resultados vêm sendo gradualmente agregados ao dia a dia das empresas, com o objetivo de maximizar resultados e gerar valor ao negócio. Exemplos de tal mudança ocorrida pela incorporação de novas tecnologias – e, por que não, valores? – ao cotidiano das empresas são o uso e a democratização das redes sociais, que vêm apresentando claro e importante impacto na gestão dos negócios corporativos. A gestão corporativa moderna 13 Por exemplo, a notícia a seguir, publicada em um jornal de grande circulação no Brasil, chama atenção para esse fator, que vem sendo determinante na mudança organizacional percebida atualmente em todo o mundo. Nesse caso, podemos avaliar o grau de influência que a tecnologia da informação vem tendo na gestão, no planejamento e na administração financeira e orçamentária dos negócios. Os Impactos Econômicos – As tecnologias de blockchain, a internet das coisas (IoT), a impressão em três dimensões (3D) e a inteligência artificial facilitam a formação de uma rede de mercados com base em plataformas de pequenas empresas. Manufaturas podem ser estruturadas em menor escala e com cadeias de fornecimento mais curtas. Novos modelos de negócios fundamentados em alta tecnologia têm o potencial de contribuir para a redução da desigualdade em regiões subdesenvolvidas. Por outro lado, essas tecnologias também podem formar grandes monopólios globais, pois reduzem drasticamente os custos marginais e permitem enormes economias de escala. Estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – O Futuro da Produtividade – mostra que as empresas que investem mais em tecnologias digitais e se baseiam no conhecimento se distanciam da concorrência. Empresas como Google, Amazon e Facebook não só eliminam seus competidores, como também começam a dominar outros setores. (VENDRAMINI; MAGALHÃES, 2018, p. 41) Quando pensamos em um negócio, é comum que a primeira coisa a vir à mente seja o lucro. É interessante notar que, apesar de sua importância e do fato de esse ser o objetivo de qualquer empresário, conforme discutimos anteriormente, com o tempo o conceito de contábil deixou de ser a única prioridade dos gestores das empresas. Assim, somadas à relevância do lucro obtido na operação do negócio, outras variáveis, como a perpetuação da atividade empresarial ao longo do tempo, tornaram-se também um dos principais objetivos dos administradores. Ou seja, além dos resultados financeiros, é interesse dos gestores que a operação do negócio esteja “conectada” às novas formas de tecnologia e comunicação modernas e que o empreendimento tenha vida longa, gerando resultados também no futuro. Assim, percebemos que a administração financeira do século XXI preocupa-se com muitas outras variáveis, atribuindo aos responsáveis (gestores) um papel mais amplo e variado, cuja complexidade trataremos a partir de agora. No entanto, antes de prosseguirmos, vamos analisar o ponto de vista de um importante pesquisador do tema. Segundo Gitman (2012, p. 4), Os administradores financeiros são responsáveis pela gestão dos negócios financeiros das organizações de todos os tipos – financeiras ou não, abertas ou fechadas, grandes ou pequenas, com ou sem fins lucrativos. Eles realizam as mais diversas tarefas financeiras, tais como planejamento, concessão de crédito a clientes, avaliação de propostas que envolvam grandes desembolsos e captação de fundos para financiar as operações da empresa. Nos últimos anos, as mudanças nos ambientes econômico, competitivo e regulamentador aumentaram a importância e a complexidade das tarefas desse profissional. O administrador financeiro de hoje está mais ativamente envolvido com o desenvolvimento e a implementação de estratégias empresariais que têm por objetivo o “crescimento da empresa” e a melhoria de sua posição competitiva. Planejamento financeiro e orçamentário14 Portanto, nesse estágio dos estudos, cabe uma reflexão a respeito da forma como a globalização do mercado modificou a gestão dos negócios e de que modo tal mudança “cria” e “padroniza” novas formas e expectativas dos gestores em relação aos resultados em um cenário competitivo e dinâmico como o dos mercados internacionais. Assim sendo, as empresas, a despeito do país onde atuam, precisam estar sempre em conformidade com essa nova cultura e observa os modernos princípios de gestão. Atuando no Brasil ou nos Estados Unidos, por exemplo, toda companhia necessita observar princípios de gestão, ética, procedimentos e tarefas muitos semelhantes, independentemente do local de operação do negócio. Portanto, nos mercados altamente competitivos da atualidade, não é aceitável um negócio ser gerenciado (e aqui podemos lembrar que não nos referimos unicamente à gestão financeira) sem que seus administradores sigam padrões e procedimentos normalmente exigidos e esperados por clientes, mercados, competidores, governos e demais autoridades. Gitman (2012) vai além nessa importante análise e afirma ainda que devemos nos lembrardas mais variadas formas jurídicas que encontramos organizadas nas empresas ao redor do mundo. Esse autor define a princípio três tipos (ou modelos) de empresas: as individuais, as limitadas (Ltda.) e as sociedades por ações (S.A.). Vejamos, a seguir, uma breve descrição dessas classificações e alguns exemplos para o caso brasileiro. 1.2.1 Negócio individual Trata-se de uma empresa que pertence a uma só pessoa, portanto objetiva operar e gerar lucros (resultados) unicamente ao proprietário. Esse tipo de empresa vem crescendo no mundo, muitas vezes em razão do atual foco no empreendedorismo e nas mudanças comportamentais que, de certa forma, incentivam os indivíduos a desenvolver os próprios negócios fora das tradicionais estruturas organizacionais. Ou seja, o objetivo profissional é desenvolver um negócio com base em uma ideia, e não mais unicamente conseguir um emprego em uma sólida empresa. Nesse sentido, veremos a seguir alguns dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre como o empreendedorismo recentemente vem sendo um fator modificador do quadro de geração de emprego no Brasil. Para o IBGE, atualmente um dos maiores fenômenos nas organizações é o que denominamos de empreendedorismo. Ele muitas vezes nasce da ação de um indivíduo (portanto, da criação de um negócio individual) e vem se desenvolvendo e se tornando fator decisivo no crescimento econômico. Em 2015, existiam 25.796 empresas de alto crescimento, aquelas que aumentaram – em média – pelo menos 20% ao ano o número de empregados, por um período de três anos consecutivos, e tinham 10 ou mais pessoas ocupadas assalariadas no ano inicial de observação. Embora as empresas de alto crescimento representem apenas 1,0% do total de empresas ativas com ao menos uma pessoa ocupada assalariada, respondem por mais da metade A gestão corporativa moderna 15 dos empregos gerados por elas neste período (67,7%). Entre 2012 e 2015, as empresas de alto crescimento apresentaram um crescimento de 172,1% no pessoal ocupado, passando de 1,3 milhão de pessoas em 2012, para 3,5 milhões em 2015, um incremento de 2,2 milhões de postos de trabalho. (IBGE, 2017) Quando pensamos no chamado empreendedorismo, podemos perceber que, apesar de ser já um termo comum e muito utilizado e discutido no Brasil, ainda carece de detalhamento e análise a respeito de sua real importância econômica. Por mais que as realidades sociais e econômicas estejam levando os brasileiros a abrir o próprio negócio, muitas vezes, o sucesso de tal empreitada exige muito mais que a combinação de ideia inovadora, iniciativa e disposição para trabalhar e correr riscos. A criação e a administração de um negócio efetivamente produtivo e revolucionário (mercadologicamente falando) demandam muitas variáveis, por exemplo: profundo conhecimento de mercado; intenso uso de tecnologia e demais novidades; administração financeira efetivamente voltada ao resultado e à geração de valor ao acionista. 1.2.2 Sociedade de pessoas Também chamadas de empresa limitada (Ltda.), a sociedade de pessoas refere-se àquelas organizações constituídas por dois ou mais sócios que atuam para obter lucros com os negócios, sendo normalmente estabelecidas com recursos (capital) dos acionistas. Segundo Gitman (2012, p. 4), “esse tipo de sociedade responde por cerca de 10% de todas as empresas dos Estados Unidos e costuma ser maior do que as firmas individuais. Elas estão mais presentes nos ramos financeiro, de seguros e imobiliário”. As empresas limitadas são constituídas por um Contrato Social que define as responsabilidades de cada membro segundo suas participações nele estabelecidas. 1.2.3 Sociedade por ações Trata-se daquela cujos proprietários são os acionistas e cujo direito de propriedade (ou equity) se faz pelo montante detido de ações ordinárias e/ou de ações preferenciais. De acordo com Gitman (2012, p. 5), essas sociedades apresentam como característica uma organização “democrática”, em que os acionistas proprietários votam periodicamente para eleger os membros do conselho de administração e decidir sobre diversas questões de interesse da empresa. Segundo a definição da Comissão de Valores Mobiliários2 (CVM), as ações no Brasil são classificadas em: ação ordinária (ON), cuja principal característica é conferir ao seu titular o direito a voto nas assembleias de acionistas; e ação preferencial (PN), sem direito de voto, mas com prioridade na distribuição de dividendos e/ou no reembolso de capital. Neste momento, devemos pensar a respeito do importante papel do conselho de administração como efetivo “gestor” da empresa, responsável por deliberar e decidir sobre, por 2 Segundo a CVM, o estatuto social das companhias define as espécies de ações conforme os direitos que concedem aos acionistas. O estatuto é o conjunto de regras dos administradores e acionistas que define as características de cada espécie de ação. No que se refere às ações preferenciais, estas podem ser divididas entre as classes A e B (ESPÉCIES..., 2019). Planejamento financeiro e orçamentário16 exemplo, planos e objetivos estratégicos, estabelecimento de metas operacionais e gerenciais, definição de posicionamento comercial e financeiro do negócio, planos de investimento e políticas de remuneração dos colaboradores. 1.2.4 Papel normatizador e de vigilância exercido pela CVM no Brasil Deve-se conhecer o importante papel desempenhado no Brasil pela Comissão de Valores Mobiliários. Criada em 7 de dezembro de 1976, pela n. Lei n. 6.385 (BRASIL, 1976), a CVM: é uma entidade autárquica em regime especial, vinculada ao Ministério da Economia, com personalidade jurídica e patrimônio próprios, dotada de autoridade administrativa independente, ausência de subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes, e autonomia financeira e orçamentária. (CVM, 2019) O objetivo desse órgão é fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários no país. Em outras palavras, a CVM atua como entidade reguladora e vigilante do mercado de capitais, buscando garantir segurança e definir regras de conduta às empresas de capital aberto e a seus gestores voltadas ao bem comum da sociedade brasileira. O estudo e a discussão inicial a respeito da gestão financeira das empresas feito até aqui objetiva enfatizar os principais aspectos que caracterizam sua recente evolução, as suas tendências e a sua importância diante de nossa realidade como economia inserida em um mundo globalizado e tecnologicamente conectado. Buscamos salientar que não é possível pensar em gestão financeira sem incorporarmos em nossa análise o papel desempenhado pelos gestores alinhado às realidades dos mercados externos à empresa. Esse é o caso, por exemplo, do importante papel de controle, regulação e vigilância das atividades das empresas de capital aberto (S.A.) exercido pelo governo por meio da CVM, conforme tratamos anteriormente. Assim, a administração financeira exige que o profissional conheça profundamente essas variáveis e entenda que as decisões no âmbito financeiro de qualquer negócio definem o próprio sucesso e, principalmente, geram impactos sociais significativos. As organizações são entidades operantes nos mercados (sociedades), logo, são impactadas pelas realidades à sua volta e exercem, concomitantemente, papel importante como influenciadoras dessas mesmas sociedades. Considerações finais O papel exercido atualmente pelo administrador financeiro extrapola os limites da empresa. Dessa forma, a controladoria age no sentido de oferecer as linhas mestras da atuação desse profissional, sempre voltada ao atingimento dos objetivos, a saber: a perpetuação do negócio, a garantia de retornos positivos dos negócios ao longo do tempo e a maximização dos lucros (com a consequente distribuição de dividendos aos acionistas). Discutimos até aqui que a contabilidade é também a ciência que extrai da empresa as principais e maisrelevantes informações a respeito do desempenho do negócio. Tais informações contábil-financeiras possibilitam aos gestores determinarem as principais linhas de atuação. O trabalho do contador e do gestor financeiro, portanto, envolve uma enorme lista de atribuições e A gestão corporativa moderna 17 sempre terá papel essencial e central na gestão do negócio, na geração de valor aos acionistas e na coleta e organização (gerencial) das informações mais relevantes voltadas às decisões estratégicas. Dessa forma, podemos enxergar o valor da empresa como intimamente ligado e dependente do correto e preciso trabalho desenvolvido pelos profissionais de finanças. Portanto, torna-se prioritário administrar tendo em mente a geração máxima de valor ao acionista e gerir o negócio com competência, eficiência e conhecimento técnico, exigidos pelo mercado e pelos acionistas controladores. Discutimos também a realidade da nova tecnologia da informação, que modificou significativamente a maneira como as empresas têm atuado neste início de século. Como consequência, a gestão financeira do negócio vem incluindo tal realidade em seu trabalho diário de coleta, organização e uso dos dados econômico-financeiros do negócio em questão. Atualmente, a controladoria encontra-se, mais do que nunca, no centro das informações e das tomadas de decisão das companhias. Além disso, ela é uma das grandes usuárias das diversas tecnologias disponíveis para o atingimento dos principais objetivos das empresas. Ampliando seus conhecimentos • GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2012. O livro Princípios de administração financeira, de Lawrence Gitman, é uma sugestão de leitura voltada à ampliação de seus conhecimentos sobre o tema deste capítulo. Sugerimos a leitura do Capítulo 1 (“O papel e o ambiente da administração financeira”), que explora detalhadamente esse importante aspecto na gestão financeira. • ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. O livro Administração financeira, de Stephen Ross, Randolph W. Westerfield e Jeffrey F. Jaffe, em seu Capítulo 1 (“Introdução às finanças de empresas”), procura definir e relacionar os conceitos apresentados neste capítulo, sempre enfatizando o crescimento do valor do negócio aos acionistas. Atividades 1. Reflita a respeito da importância do modelo de gestão das empresas no século XXI; da relevância do planejamento; do levantamento de informações contábil-financeiras; do processo decisório e da tecnologia da informação. Como você define um modelo ideal de gestão em finanças para uma empresa operando no Brasil? O que você define como essencial ao sucesso e ao atingimento das metas organizacionais em razão de todas as características da economia e da sociedade brasileira e dos mercados internacionais? Planejamento financeiro e orçamentário18 2. Como você vê a importância da correta contabilização das operações das empresas, de modo a publicar demonstrativos financeiros – como balanço e demonstrativos de resultados – que reflitam sua verdadeira situação? Quais riscos você enxerga à sociedade e aos acionistas nos casos de números errados serem publicados nos demonstrativos? 3. Sabemos que resultados de vendas e lucros são ainda os grandes determinantes de qualquer negócio. No entanto, ultimamente o valor das ações (preço do papel no mercado) vem ganhando espaço na gestão financeira devido à importância que a percepção dos investidores têm no sucesso dos negócios. Com base nisso, reflita a respeito das razões pelas quais uma empresa pode ser avaliada como excelente opção de investimento mesmo sem apresentar – em determinado momento – vendas ou lucros extraordinários. Quais outras variáveis você incluiria em sua análise? 4. Imagine uma empresa de capital aberto (ou seja, com muitos sócios detentores de ações em bolsa de valores) que tem a intenção de fazer um grande e vultoso investimento em uma nova fábrica. De que forma esse aporte de capital deve ser discutido interna e externamente? Quais papéis você vê sob responsabilidade do tesoureiro e do controller nesse processo? Referências BRASIL. Lei n. 6.385, de 7 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 7 dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6385.htm. Acesso em: 31 jul. 2019. COM US$ 10 bi em ações, abertura de capital do Uber pode ser o maior de 2019. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 10 abr. 2019. Disponível em: https://link.estadao.com.br/noticias/empresas,com-us-10-bi-em-acoes- abertura-de-capital-do-uber-pode-ser-a-maior-do-ano,70002786288. Acesso em: 31 jul. 2019. CVM. Sobre a CVM. 2019. Disponível em: http://www.cvm.gov.br/menu/acesso_informacao/institucional/ sobre/cvm.html. Acesso em: 31 jul. 2019. ESPÉCIES de ações. Portal do Investidor. Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: http://www.investidor.gov.br/ menu/Menu_Investidor/valores_mobiliarios/Acoes/especies_de_acoes.html. Acesso em: 31 jul. 2019. FURLANI, B. De carona com a Uber? Ações derrapam no 1º pregão e tem queda de mais de 7%. Seu Dinheiro. São Paulo, 10 maio 2019. Disponível em: https://www.seudinheiro.com/acoes-da-uber-comecam- a-ser-negociadas/. Acesso em: 31 jul. 2019. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2012. IBGE. Estatísticas de empreendedorismo: empresas de alto crescimento geraram 67,7% dos postos de trabalho entre 2012 e 2015. Agência de notícias. Rio de Janeiro, 17 nov. 2017. Disponível em: https:// agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/18016- estatisticas-de-empreendedorismo-empresas-de-alto-crescimento-geraram-67-7-dos-postos-de-trabalho- entre-2012-e-2015. Acesso em: 31 jul. 2019. PADOVEZE, C. L. Planejamento orçamentário. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015. ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. VENDRAMINI, A.; MAGALHÃES, R. Os impactos da quarta revolução industrial. GV-executivo, v. 17, n. 1, jan./fev. 2018. Disponível em: https://rae.fgv.br/sites/rae.fgv.br/files/gv_v17n1_ar3.pdf. Acesso em: 31 jul. 2019. 2 Objetivos e desafios do administrador no século XXI Sempre que nos referimos aos objetivos e desafios do administrador na atualidade, podemos, primeiramente, pensar na constante e difícil busca por eficiência e produtividade nas organizações. A gestão moderna está bastante conectada e preocupada com esses aspectos em razão do foco que as empresas vêm dando, em maior ou menor grau, ao alcance de ambiciosas metas de resultados. Portanto, mesmo que as empresas ainda se encontrem preocupadas com a manutenção de diversos outros valores culturais, morais e éticos – os quais devem fazer parte dos objetivos de qualquer negócio –, a ausência de compromisso com a constante busca por eficiência e produtividade poderá resultar no fracasso diante dos dinâmicos e competitivos mercados atuais. Desse modo, esta obra busca oferecer ferramentas para que estudantes e profissionais de finanças possam compreender e analisar, de modo crítico, a maneira pela qual a gestão do negócio vem sendo efetuada em uma empresa e para que sejam capazes de propor soluções e aprimoramentos nos procedimentos e controles financeiros existentes. Assim, a despeito de seu objeto ou ramo de atividade – seja a fabricação ou a comercialização de produtos, ou a prestação de serviços –, toda empresa deve se preocupar em concentrar ações em alguns aspectos hoje considerados cruciais na gestão de sua rotina organizacional. É o caso, por exemplo, da maximização dos lucros, dos corretos controles de procedimentos, do comportamento ético e profissional de seus colaboradores e, não menos importante, do valor do negócio para os acionistas em curto, médio e longo prazos. Sabemos, obviamente, que o lucro da atividade é o principal objetivo empresarial. Entretanto, não deve ser apenas por meiode uma gestão centrada em resultados contábil-financeiros e ganhos de eficiência e de produtividade que o administrador financeiro contribuirá com o futuro do negócio. Cabe ao gestor moderno preocupar-se também com princípios éticos de conduta e com metas que atendam à companhia e à sociedade na qual está inserida. Por isso, essa será também a razão pela qual estudaremos neste capítulo as modernas definições de objetivos e metas organizacionais. Combinando (incorporar) o já “tradicional” objetivo de maximização do lucro com o maior valor econômico do negócio, a maximização da riqueza ao acionista e, por fim, a preocupação com a sustentabilidade do negócio no tempo em sintonia com as expectativas do mercado como um todo. 2.1 Medindo objetivos e metas das empresas A moderna gestão financeira e orçamentária possibilita à organização obter os resultados desejados, extrapolando, ainda assim, o antigo conceito de administração centrada na simples garantia de crescentes vendas e resultados ao longo do tempo. Segundo Assaf Neto e Lima (2014, p. 19): Planejamento financeiro e orçamentário20 É necessário que se avalie, outrossim, que o processo de tomada de decisões financeiras seja desenvolvido tendo sempre em conta o equilíbrio entre risco e retorno. Evidentemente, não se exige que a empresa procure priorizar a maximização do risco, mas que trabalhe basicamente dentro da expectativa de promover uma remuneração (retorno) condizente com o risco assumido. Tal afirmação dos autores implica que a realidade contemporânea e os mercados altamente competitivos imponham, juntos, um desafio bem mais complexo ao gestor financeiro: acompanhar o desempenho operacional, financeiro (retorno do investimento) e social do negócio sob a perspectiva do risco envolvido na operação. O gestor deve realizar essa tarefa de modo a ganhar maior protagonismo, oferecendo análises orçamentárias, estratégicas, de risco-retorno e concorrenciais, por exemplo, em sintonia com as “tradicionais” funções contábil-financeiras. Portanto, podemos afirmar que tal acúmulo de responsabilidades posiciona o profissional de finanças no centro da tomada de decisões, agindo em conjunto com a alta administração na manutenção e no desenvolvimento do negócio em longo prazo. Esse tema bastante atual nos força a compreender de que maneira as organizações vêm sendo geridas. Portanto, incorporamos a este estudo uma nova ótica: a do valor gerado ao acionista. Tal conceito é bem recente no mundo acadêmico e defende – em poucas palavras – que todo planejamento financeiro e orçamentário deve voltar-se à geração de valor ao acionista. Ultimamente, tanto o planejamento financeiro e orçamentário quanto o papel do gestor ganham destaque exatamente em razão da importância que os mercados têm dado à maximização do valor do negócio ao acionista, conforme discutiremos em seguida. De acordo com Gitman (2012), devemos ver a gestão do negócio e seus objetivos para muito além da maximização dos lucros contábeis. Não que o resultado contábil seja desprezível ou pouco importante (pelo contrário), todavia é preciso lembrar que a contabilidade se modernizou e que atualmente o trabalho do contador ou do financista, além de essencial e prioritário, extrapola em muito o simples fornecimento de dados e informações aos administradores ou ao público externo da empresa. Segundo o autor, as sociedades por ações costumam medir sua lucratividade em termos de lucros por ação (LPA), que representa o montante ganho em cada período (ano ou período fiscal) para cada ação ordinária em circulação. O LPA é calculado dividindo-se o lucro total do período disponível para os acionistas ordinários da empresa pelo total do número de ações ordinárias em circulação. (GITMAN, 2012, p. 12) Tal contexto coloca o trabalho do gestor financeiro no centro do fornecimento de informações econômico-financeiras essenciais ao planejamento financeiro e orçamentário e à estratégia orçamentária da empresa. No entanto, o que realmente se modificou com o tempo foi o objetivo da gestão financeira nas organizações. Hoje, buscam-se também o desenvolvimento e a capacidade de interpretação e utilização das informações fornecidas pelas demonstrações contábeis sob uma perspectiva mais ampla e global. Ou seja, somado ao já conhecido trabalho de análise econômico-financeira Objetivos e desafios do administrador no século XXI 21 interno da companhia, existe o desenvolvimento de uma nova metodologia de uso das informações fornecidas. Desse modo, tornou-se importante saber apresentar o conteúdo e discutir o significado, as bases e as limitações de cada demonstração contábil publicada. Por esse motivo, todo relatório emitido e publicado pela empresa (seja o Balanço Patrimonial, a Demonstração de Resultados do Exercício, a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, a Demonstração dos Fluxos de Caixa ou a Demonstração do Valor Adicionado, obrigatória às companhias abertas1) ganhou enorme importância como fonte de informação aos públicos interno (gestores) e externo (mercados, governos e agentes)2. Assim, pode-se dizer que compreender os números das demonstrações e saber analisá-los corretamente é mais que a simples integração ao processo de tomada de decisões de uma empresa. Do mesmo modo, caberá sempre ao gestor discutir a consistência, a relevância e a importância de cada conta representativa das mais diversas operações realizadas pela empresa em suas atividades industriais, comerciais, financeiras ou de prestação de serviços, a fim de apresentar, consequentemente, uma análise coerente. Esse exercício é, por assim dizer, talvez um dos mais importantes no trabalho de planejamento financeiro e orçamentário. O fato é que todo esse conjunto de informações sobre o desempenho exige do financista profundo conhecimento do que representa cada conta em particular e o impacto que o conjunto dessas contas apuradas e reportadas nos balanços e demonstrativos tem ao desempenho do negócio. No que tange ao trabalho de orçamento, faz-se necessário também projetar e definir matematicamente como essas contas vão se comportar no tempo com o decorrer das operações da empresa. Gitman (2012, p. 13-17) enfatiza que, além da questão da maximização dos lucros discutida anteriormente, cabe ao gestor ater-se a outras variáveis, como desempenho do fluxo de caixa, riscos envolvidos no processo, maximização da riqueza do acionista, governança corporativa, ética empresarial e questão de agency ou o chamado conflito de agência3. Em relação ao fluxo de caixa, o mesmo autor afirma que “os lucros não resultam necessariamente em fluxos de caixa disponíveis para os acionistas. Os proprietários recebem fluxos de caixa sob a forma de dividendos em dinheiro que lhes são pagos, ou dos proventos da venda de suas ações a um preço maior do que o originalmente pago” (GITMAN, 2012, p. 13). Primeiramente, é importante compreendermos que, por exemplo, um maior lucro por ação (LPA) ao final de determinado período fiscal de uma empresa não significa que dividendos 1 Lei das Sociedades por Ações. Veja os detalhes e as regulamentações que regem as obrigações das firmas para com a publicação de demonstrativos na Lei n. 6.404/1976 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM, 2019). 2 Instruções e regras emitidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Veja em mais detalhes o objetivo, o alcance, as definições e a finalidade das demonstrações contábeis no Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1). Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1) – Apresentação das Demonstrações Contábeis, p. 1-7. Disponível em: www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=57. Acesso em: 23 jul. 2019. 3 Agency ou conflito de agência é o confronto de interesses existente entre os acionistas de uma empresa e os seus gestores. Planejamento financeiro e orçamentário22 serão obrigatoriamente distribuídos a todos os acionistas4. Em segundo lugar, devemos lembrarque a política de dividendos de uma empresa é, essencialmente, uma decisão administrativa (orçamentária) e que a maximização dos lucros nunca deve ser o único e prioritário objetivo do administrador, simplesmente porque existem outras prioridades. É claro que dividendos são destinados quando há lucro reportado no Balanço Patrimonial. Porém, antes, é necessário que a empresa tenha caixa (recursos disponíveis) para essa distribuição. Do contrário, apesar de reportar lucros, pode não ser possível distribuí-los sob a forma de dividendos aos acionistas. Portanto, muitas vezes, o acionista obterá ganhos apenas pela venda de suas ações na bolsa de valores e, ainda assim, conseguirá algum resultado positivo (lucro) caso o preço de mercado (em bolsa de valores) seja superior ao preço (histórico) no momento da compra da ação pelo investidor. Ainda no que se refere aos riscos envolvidos no processo, Gitman (2012, p. 13) lembra que “uma premissa básica da administração financeira é a de que existe um trade-off entre retorno (fluxo de caixa) e risco”. Ou seja, como o investidor sempre estará avesso à tomada de riscos muito significativa (considerando que buscará sempre a maximização de sua riqueza), ele vai procurar, sempre que possível, medi-lo (compará-lo) com base no que espera obter sob a forma de dividendos ou valorização da ação em bolsa, conforme explicamos anteriormente. De todo modo, as informações disponibilizadas pela empresa via demonstrativos e o planejamento financeiro e orçamentário auxiliam precisamente nessa análise na tomada de decisão de investimento. Portanto, decorre desse fato o interesse dos mercados, de investidores e demais agentes financeiros pela periodicidade, exatidão e solidez das informações contábil-financeiras fornecidas e publicadas. 2.2 Papel do gestor financeiro Quando se discute o papel do gestor financeiro na atualidade, enfatiza-se que é ele quem toma as decisões financeiras da empresa, estabelece objetivos e controla (gerencialmente) o atingimento das metas segundo princípios e normas organizacionais e critério racional. Tal conceito de racionalidade passa necessariamente por considerações a respeito do que denominamos governança corporativa5 e, não menos importante, pelo entendimento do impacto financeiro de cada medida tomada pelos gestores no valor do negócio no tempo. A importância, portanto, do controle exercido pelos gestores na condução da empresa em direção ao atingimento dos seus objetivos e dos interesses dos acionistas é o ponto central da administração contemporânea. Nesse caso, Padoveze (2016, p. 23) reitera que: 4 O conceito de dividendos (dividendos por ação) refere-se ao montante do lucro líquido do período que a administração decide distribuir a todos os acionistas que fazem jus, dividido pelo total de ações existentes. Muitas vezes, a empresa pode apresentar lucros contábeis em determinado ano fiscal, mas não desejar (ou não poder) distribuí- los aos acionistas. Nem sempre o aumento do lucro de um ano para o outro significa, efetivamente, aumento do valor, distribuído sob a forma de dividendo. 5 Apesar de amplo, o conceito de governança corporativa refere-se a todo tipo de processo, hábito, política, lei ou instituição normalmente utilizados no dia a dia empresarial, voltados à sua efetiva administração segundo os objetivos dos seus acionistas. Objetivos e desafios do administrador no século XXI 23 O controle é um processo contínuo e recorrente que avalia o grau de aderência entre os planos e sua execução, compreendendo a análise dos desvios ocorridos, procurando identificar suas causas e direcionando ações corretivas. Além disso, deve observar a ocorrência de variáveis no cenário futuro, visando assegurar o alcance dos objetivos propostos. Dentro do enfoque sistêmico, o controle faz também o papel de feedback ou retroalimentação do sistema. Um bom exemplo é a forma como as grandes empresas – altamente profissionalizadas – tratam e administram a questão de sua governança corporativa. Certamente, quanto maior e mais internacionalizada é a empresa, maiores são as exigências dos mercados e demais interessados na sua “transparência” e no trato das informações fornecidas. Vejamos, por exemplo, a forma como a Petrobras, a maior empresa brasileira, trata a questão da governança corporativa, analisando um comunicado publicado em seu site que enfatiza a importância de suas políticas e práticas corporativas. Buscamos aprimorar constantemente as nossas práticas e instrumentos de governança. Conheça as instâncias que integram essa estrutura. [...] Seguimos procedimentos de governança compatíveis com as normas dos mercados em que atuamos, de modo a garantir a adoção de padrões internacionais de transparência. Dessa forma, buscamos reforçar nossa credibilidade no mercado e aprimorar o relacionamento com nossos públicos de interesse: acionistas, investidores, clientes, fornecedores, empregados e sociedade, entre outros. Nosso modelo de governança e gestão tem como objetivos aumentar a transparência de nossas atividades, adequar a filosofia de gestão à visão do nosso plano estratégico, aperfeiçoar o mecanismo de responsabilização dos nossos gestores, reforçar nosso compromisso com a conformidade e intensificar a geração de valor para os nossos acionistas. (PETROBRAS, 2019a) Podemos notar a preocupação da administração com ações voltadas a uma gestão seguindo rígidos padrões e condutas éticas local e internacionalmente aceitas. Ações estas, aliás, alinhadas com padrões de reporting para empresas de capital aberto e com ações transacionadas em bolsa de valores em seu país e no exterior. Ou seja, quando nos referimos à governança corporativa, tratamos, basicamente, de uma metodologia de controle e de tomada de decisão de caráter puramente ético e profissional. Esse conceito e essa preocupação com as melhores práticas de governança – normalmente obrigatórias a grandes corporações – são relevantes principalmente em razão de o Brasil ser uma economia em desenvolvimento e cujos mercados financeiro e de capitais ainda estarem amadurecendo. Tal realidade nos impõe o desafio de atrairmos capital e investimento estrangeiro de longo prazo. E, para o mercado financeiro e de capitais, a vitrine geralmente serão as grandes empresas nacionais ou estrangeiras aqui sediadas que operem nesses mercados como tomadoras de recursos. Assaf Neto e Lima (2014, p. 23-24) destacam que, para o caso brasileiro, “as decisões financeiras em condições ideais de equilíbrio são bastante prejudicadas pela persistente insuficiência de recursos de longo prazo para as empresas”. A ausência de capitais e de linhas de investimento de longo prazo a juros internacionalmente baixos, bem como condições favoráveis ao empresário em geral, não apenas reduz as perspectivas de desempenho futuro das companhias, mas também impede planejamentos orçamentários mais precisos e realistas. Planejamento financeiro e orçamentário24 Portanto, pensar o planejamento financeiro e orçamentário no início do século XXI certamente exige uma abordagem que extrapola os cumprimentos de princípios contábeis e financeiros. Devemos incorporar uma política de governança alinhada às mais modernas práticas internacionais. Na medida em que tais instrumentos de controle e de gestão (voltados ao atendimento dos objetivos organizacionais) se aprimoram, podemos observar melhorias no tratamento de questões importantes voltadas à saudável relação entre a organização, comunidade em que se insere e a sociedade. A reportagem “Alto custo de capital e inviabilidade de investimentos são impasses no Brasil”, publicada no site do jornal DCI, trata do custo de capital, de seu impacto nas empresas e das consequências ao crescimento da economia nacional. Segundo essa análise: “Especialistas afirmam que a taxa de investimentos no País está 7 pontos percentuais inferior à necessária e criticam o encarecimento dos juros nos financiamentos trazido pela TLP neste ano” (DCI,2018). Por fim, concluímos essa análise tratando da chamada questão de agency, já mencionada anteriormente e que define os administradores como os únicos responsáveis diante dos acionistas pelo atingimento das metas organizacionais. Tal realidade é muito importante exatamente por delinear as responsabilidades e limitá-las segundo os poderes de cada agente (ou gestor) no corpo administrativo da empresa – tudo isso observando o comportamento ético alinhado às políticas e aos princípios estabelecidos originalmente na Lei Sarbanes-Oxley6, de 2002. Considerando essa realidade e o fato de muito dos problemas presentes nas organizações derivarem, de certo modo, de conflitos existentes entre proprietários e administradores, Gitman (2012, p. 17) propõe que esses problemas de agency sejam enfrentados, primeiramente, pelas chamadas forças de mercado (acionistas, investidores institucionais, seguradoras e fundos de pensão), as quais forçam a gestão a agir conforme as práticas éticas e contábil-financeiras esperadas. Outra estratégia citada pelo mesmo autor é o chamado custo de agency, que é representado por uma estrutura de governança corporativa nas organizações e tem o papel de monitorar o comportamento de seus gestores. Portanto, antes de poder desenvolver seu trabalho de gestão financeira, cabe a todo profissional estar bem informado e conhecer profundamente princípios, modelos, práticas e procedimentos de conduta pessoal e profissional alinhados aos princípios éticos da empresa e à realidade à sua volta. Vimos até aqui que não se administra um negócio no mundo globalizado pensando apenas nos resultados contábeis e financeiros de uma empresa ou de um país. Toda organização está atualmente conectada e, de certa forma, integrada a uma cadeia global de informações, expectativas e regras de conduta e procedimentos éticos que demandam muito mais que um simples desafio gerencial. É um arcabouço de responsabilidades que conduz o gestor financeiro e a função de 6 Segundo Gitman (2012, p. 15), a partir do ano 2000, vários órgãos reguladores nos EUA descobriram e combateram uma série de improbidades administrativas e más condutas de gestores e empresas que causaram problemas em razão de fraudes na publicação de relatórios financeiros e nos comunicados aos mercados. Em muitos casos, a ausência da devida comunicação a respeito de conflitos de interesse entre a empresa e analistas, auditores e seus acionistas gerou muitos prejuízos e graves impactos nos mercados de capitais internos. Tal realidade forçou o estabelecimento de uma nova legislação nos EUA, chamada Lei Sarbanes-Oxley, de 2002, cujo objetivo é coibir ou eliminar problemas de divulgação e conflitos de interesses nas organizações que possam causar impacto financeiro a acionistas e ao mercado como um todo. Objetivos e desafios do administrador no século XXI 25 planejamento financeiro e orçamentário ao centro de um enorme debate a respeito do papel das empresas na sociedade. Tal discussão só será vencida por meio de um profundo conhecimento de contabilidade, finanças, controles e regras de conduta e de comportamentos éticos em sintonia com as melhores práticas gerenciais do mundo. 2.3 Gestão financeira baseada em valor Até muito recentemente, o valor de um negócio era representado quase integralmente pelo valor contábil presente nos Demonstrativos de Resultados e Balanço Patrimonial das empresas. Entretanto, com a dinâmica dos mercados e as novas formas de avaliação, investidores passaram a analisar, em maior profundidade, os números das empresas. Assim, desenvolveram-se novas metodologias de avaliação (e o termo valuation), as quais incluem outros valores e conceitos nessa análise tradicional e contábil do valor do negócio. Atualmente, o conceito de valor da empresa7 passa, portanto, a contemplar de maneira muito simplificada a somatória e o valor presente de toda capacidade de geração de caixa futuro líquido do negócio. Esse conceito (abordado superficialmente nesta obra) possibilita, em poucas palavras, avaliar o negócio de maneira mais precisa e em consonância às expectativas de seu desempenho futuro. Segundo Padoveze (2016), o efetivo valor da empresa será determinado por sua rentabilidade futura ou seu fluxo de benefício futuro, desse modo: “o valor da empresa deve ser calculado segundo a melhor competência dos gestores empresariais, lembrando sempre que a importância do valor da empresa está em se ter o melhor parâmetro para a gestão de Controladoria, que é o processo de criação de valor” (PADOVEZE, 2016, p. 13-14). Para melhor compreender a importância da gestão baseada em valor, leia a notícia a seguir, publicada pela Petrobras sob a forma de fato relevante: Petrobras conclui a venda da TAG – Rio de Janeiro, 13 de junho de 2019 – A Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras, em continuidade ao comunicado de 25/04/2019, informa que concluiu a venda de 90% de sua participação na Transportadora Associada de Gás S.A. (“TAG”) para o grupo formado pela ENGIE e pelo fundo canadense Caisse de Dépôt et Placement du Québec (CDPQ). O fechamento da transação ocorreu hoje com o pagamento total de R$ 33,5 bilhões para a Petrobras, sendo aproximadamente R$ 2 bilhões destinados à liquidação da dívida da TAG com o BNDES. A Petrobras continuará a utilizar os serviços de transporte de gás natural prestados pela TAG, por meio dos contratos já vigentes entre as duas companhias, sem qualquer impacto em suas operações e na entrega de gás natural para seus clientes. Essa operação está alinhada à otimização do portfólio e à melhoria de alocação do capital da companhia, visando à geração de valor para os nossos acionistas. (PETROBRAS, 2019b) Perceba como o texto enfatiza que “o fechamento da transação ocorreu hoje com o pagamento total de R$ 33,5 bilhões para a Petrobras [...]” (PETROBRAS, 2019b). Devemos, porém, pensar em algumas questões: Como a empresa determina o valor de tal transação? O que precisamos contemplar nessa análise para precificar esse ativo da Petrobras e ofertá-lo ao 7 Deriva do termo enterprise value (EV) – valor da empresa. Planejamento financeiro e orçamentário26 mercado? Como tal valor predeterminado no processo de avaliação pode obter interessados, pelo menos no preço mínimo do leilão? Essas respostas e o cálculo do valor do negócio podem ser efetuados de diversas maneiras. Então, quando se analisa no exemplo a questão dos R$ 33,5 bilhões pagos pelos investidores por meio da subsidiária de operação de gasodutos da Petrobras (TAG), vê-se que os compradores pagaram pelos ativos presentes e reportados nos demonstrativos financeiros e, efetivamente, pelo potencial futuro de geração de caixa (valor) do negócio. Para concluir, pode-se destacar que esse trabalho de valuation e seus modelos de avaliação derivam diretamente de um planejamento financeiro e orçamentário bem-feito. Tal exercício matemático oferece dados e informações econômico-financeiras mais realistas possíveis, os quais possibilitam entender o desempenho passado da empresa e estimar como será o desempenho projetado (orçado). Considerações finais Considerando o momento pelo qual passam as economias mundiais, todo trabalho de planejamento financeiro e orçamentário bem-feito será sempre um esforço e um enorme desafio aos gestores das organizações. A necessidade de informações financeiras precisas e constantes, o rigor na elaboração de relatórios e demonstrativos contábeis e o significativo grau de exigência dos mercados externos para com os números publicados são atualmente fundamentais a qualquer negócio que deseje ser bem-sucedido em longo prazo. Somado a isso, princípios morais, éticos e sociais permeiam as empresas da atualidade e exigem, assim, muito mais do que precisão na esfera econômico-financeira. A todo instante, buscam- -se ações e uma gestão voltadas aos princípios, às demandas sociais, às demandas dos mercados financeiros e de capitais do Brasil, bem como dos mercados com os quais a empresase relaciona. Tal realidade deriva do processo de globalização em curso, o qual modificou a gestão corporativa oferecendo simultaneamente novos mercados e novas perspectivas de ganhos e crescimentos. No entanto, ao mesmo tempo, cresceu a responsabilidade do gestor nesse contexto, pois, além do cuidado com a contabilização, montagem e publicação de demonstrações contábeis, relatório da diretoria, notas explicativas e parecer dos auditores, espera-se do gestor maior exatidão nas informações publicadas. Junto a essa capacidade de desenvolver tal trabalho, bem mais complexo, somou-se a necessidade de maior controle contábil-financeiro e orçamentário. Desse modo, compreender as análises das demonstrações como parte do planejamento é a base para todo o processo de tomada de decisões. Portanto, atualmente exige-se desse profissional profundo conhecimento do que representa cada conta em particular e seus impactos no valor do negócio. Nesse sentido, discutir a relevância e importância de cada conta representativa das mais diversas operações realizadas pela empresa (seja em suas atividades industriais, comerciais, financeiras ou de prestação de serviços) é a base de qualquer trabalho sério e voltado ao atendimento das demandas de acionistas e controladores. Objetivos e desafios do administrador no século XXI 27 Ampliando seus conhecimentos • ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Demonstrações financeiras e fluxo de caixa. In: ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. p. 39-45. O segundo capítulo da obra Administração financeira dará a você uma visão bastante ampliada a respeito das relações entre as mais importantes demonstrações financeiras de publicação obrigatória pelas empresas e os demonstrativos de fluxos de caixa, sendo estes essenciais para a administração da liquidez e definição do valor do negócio ao acionista. • CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 00 (R1) – Estrutura Conceitual para a Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro. Disponível em: http://static. cpc.aatb.com.br/Documentos/147_CPC00_R1.pdf. Acesso em: 6 ago. 2019. Indicamos a leitura do texto para conhecer em maiores detalhes o site do CPC. Toda a riqueza de informações nele existente é essencial e muito valiosa ao profissional e estudante de finanças da atualidade. Essa leitura em particular é vantajosa por oferecer as regras e as estruturas das demonstrações contábeis em linha com as exigências legais para o caso brasileiro. • CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento técnico (CPC 26 – R1) – Apresentação das Demonstrações Contábeis. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com. br/Documentos/312_CPC_26_R1_rev%2013.pdf. Acesso em: 6 ago. 2019. Esse texto apresenta os requisitos gerais para a apresentação das demonstrações contábeis, diretrizes para a sua estrutura e os requisitos mínimos para seu conteúdo, além de aprofundar ainda mais o tema tratado neste capítulo ao trazer a definição e o uso de cada um dos demonstrativos contábeis, caso a caso. Atividades 1. Como pensar a resolução de conflitos existentes entre as exigências de elaboração e publicação de uma série de demonstrativos contábeis e a administração de informações confidenciais e estratégicas da empresa? Será que é possível ser “transparente” com o mercado e acionistas nas informações financeiras e, ao mesmo tempo, cuidar do que é confidencial e estratégico para a companhia? 2. Considerando os deveres e as responsabilidades do gestor financeiro quanto aos recursos financeiros da empresa, quais as habilidades e condições exigidas para que esse profissional possa trabalhar executando o seu trabalho de coleta, elaboração e publicação de demonstrativos financeiros dentro dos mais rígidos princípios éticos e profissionais? 3. Com base nos deveres e nas responsabilidades do gestor financeiro quanto à correta avaliação do negócio de uma empresa pelo conceito de valuation, qual a importância de uma companhia de capital aberto, como a Petrobras, fornecer avisos aos acionistas e ao mercado Planejamento financeiro e orçamentário28 em geral? Analise de que forma esses comunicados podem impactar e modificar a percepção dos acionistas a respeito do futuro e do valor da empresa. Referências ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Curso de administração financeira. São Paulo: Editora Atlas, 2014. CVM. Lei 6404/76. Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: http://www.cvm.gov.br/legislacao/leis-decretos/ lei6404.html. Acesso em: 31 jul. 2019. DCI. Alto custo de capital e inviabilidade de investimentos são impasses no Brasil. São Paulo, 5 set. 2018. Disponível em: https://www.dci.com.br/economia/alto-custo-de-capital-e-inviabilidade-de-investimentos- s-o-impasses-no-brasil-1.737942. Acesso em: 31 jul. 2019. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. São Paulo: Pearson, 2012. PADOVEZE, C. L. Planejamento orçamentário. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016. PETROBRAS. Modelo e diretrizes de governança. Relações com investidores. Rio de Janeiro, 2019a. Disponível em: https://www.investidorpetrobras.com.br/pt/governanca-corporativa/modelo-e-diretrizes- de-governanca. Acesso em: 31 jul. 2019. PETROBRAS. Petrobras conclui a venda da TAG. Relações com investidores. Rio de Janeiro, 2019b. Disponível em: https://www.investidorpetrobras.com.br/ptb/14989/9512_696003.pdf. Acesso em: 31 jul. 2019. 3 A tomada de decisões de investimento e financiamento Neste capítulo, teremos dois grandes objetivos de aprendizagem. Primeiramente, vamos discutir o importante papel das decisões de investimento e financiamento no dia a dia das empresas. Em seguida, trataremos da relação entre a gestão financeira de uma companhia e a realidade econômica do país e do mercado na qual está inserida. Nos dois casos, o gestor financeiro precisa estar plenamente familiarizado com os números apurados nos mais diversos demonstrativos financeiros disponibilizados pelas empresas, além de conhecer princípios e compreender a dinâmica de como a situação econômica de um país impacta significativamente nos resultados corporativos. Nesse sentido, percebemos que tanto as decisões de investimento e financiamento quanto o devido conhecimento dos impactos da realidade econômica do país na gestão dos negócios são importantes e essenciais para um correto planejamento orçamentário da empresa. Portanto, o planejamento e o controle financeiro – somados à administração de ativos e passivos – são determinantes para efetivas e adequadas decisões de investimentos. Considerando o conjunto dessas funções financeiras, faz-se necessário incluir o que denominamos decisão de alocação de resultado líquido (ou decisão de dividendo). Ou seja, todo planejamento financeiro e orçamentário precisa focar no desempenho e nos resultados das atividades empresariais (indústrias, serviços ou comércios) e contemplar, ao final da apuração do lucro líquido, a distribuição de parte desse resultado aos acionistas sob a forma de dividendos. 3.1 Tomada de decisão: investimento e financiamento Devemos sempre lembrar que todo investimento de capital é a base que possibilita à empresa atingir seus objetivos, ou seja, a maximização da riqueza dos proprietários no longo prazo e a garantia do retorno esperado aos acionistas. Tais investimentos de longo prazo são o que efetivamente sustentam a empresa no atingimento de seus objetivos. Somado a isso, e conforme defendem Assaf Neto e Lima (2014), a administração financeira de uma empresa deve concentrar sua atuação em quatro essenciais funções, a saber: execução do planejamento financeiro, controle financeiro, administração de ativos e administração de passivos. Na execução do planejamento financeiro, o administrador deve contemplar as necessidades de crescimento da empresa e antecipar eventuais dificuldades. Tal planejamento deve possibilitar- -lhe selecionar com maior segurança “os ativos mais rentáveis e condizentes com os negóciosda empresa, de forma a estabelecer uma rentabilidade mais satisfatória sobre os investimentos” (ASSAF NETO; LIMA, 2014, p. 12). Um efetivo controle financeiro deve possibilitar aos gestores avaliarem o desempenho organizacional por meio das informações disponibilizadas pelos diversos demonstrativos Planejamento financeiro e orçamentário30 contábeis. Nesse sentido, o controle financeiro dá acesso aos números de vendas, custos, despesas, margens e lucros, além de possibilitar a análise “de desvios que venham a ocorrer entre os resultados previstos e realizados, assim como propostas de medidas corretivas necessárias” (ASSAF NETO; LIMA, 2014, p. 12). A correta e efetiva administração de ativos possibilita ao gestor mensurar e avaliar adequadamente o nível de investimentos, viabilizando assim um gerenciamento mais eficiente dos riscos e retornos existentes no negócio. No que se refere à administração do capital de giro, deve- se efetuar uma administração dos ativos que resulte no controle efetivo das necessidades de caixa (recursos) do negócio no tempo, em razão das “defasagens que podem ocorrer entre entradas e saídas de dinheiro de caixa” (ASSAF NETO; LIMA, 2014, p. 12). É necessário definir uma estrutura de capital próprio e de terceiros do negócio da forma mais adequada possível “em termos de liquidez, redução de seus custos e risco financeiro” (ASSAF NETO; LIMA, 2014, p. 12). Consequentemente, deve-se possibilitar uma administração de passivos (recursos de terceiros) dentro de limites que atendam à necessidade da empresa, à manutenção e à expansão de seus negócios, acionistas e credores. Ainda segundo os autores, todas as decisões de investimento objetivam criar valor ao negócio. Quando nos referimos a esse conceito, estamos pensando no valor da empresa ao acionista (representado pelo efetivo preço das ações da companhia no mercado) e na sua capacidade de gerar lucros e pagar dividendos. Assim: Todo investimento mostra-se economicamente atraente quando o seu retorno esperado exceder a taxa de retorno exigida pelos proprietários de capital (credores e acionistas), ou seja, ao custo total do capital. É importante destacar que essas decisões se inserem no âmbito do planejamento estratégico da empresa, e são reflexo de planos futuros traçados para a condução dos negócios. Refletem, em outras palavras, um compromisso com a continuidade e viabilidade do empreendimento. (ASSAF NETO; LIMA, 2014, p. 13) É importante perceber que tal definição coloca sob a responsabilidade da gestão financeira o trabalho de análise e a seleção do investimento de longo prazo da empresa. Isso porque, segundo os autores, cabe ao gestor medir o montante de recursos empenhados no negócio, administrar o fluxo de caixa do período e aplicar adequadamente as técnicas apropriadas de tomada de decisões com base nos resultados obtidos. Com o tempo, ativos imobilizados em máquinas e equipamentos e demais itens diretamente ligados à atividade-fim do negócio se tornam obsoletos e desatualizados, o que exige manutenções e substituições por itens de maior valor agregado ou tecnologicamente mais avançados. Desse modo, Gitman (2012, p. 236) afirma que “toda decisão financeira na empresa normalmente precisará passar pela análise do Orçamento de Capital que […] engloba a avaliação e seleção dos investimentos voltados a atender o objetivo empresarial de maximização de riqueza dos acionistas”. Segundo o autor, As empresas costumam fazer muitos tipos de investimento de longo prazo, mas os mais comuns entre as indústrias são em ativos imobilizados, que abrangem terrenos, instalações e equipamentos. Esses ativos, às vezes chamados de ativos geradores de lucros, costumam dar base à rentabilidade e ao valor do negócio. (GITMAN, 2012, p. 326) A tomada de decisões de investimento e financiamento 31 No entanto, qual a razão do investimento de capital na companhia? Todo investimento de capital objetiva possibilitar à empresa continuar a produzir bens ou prestar serviços em longo prazo. Ou seja, trata-se de todo desembolso em aquisição de ativos imobilizados1, ou gastos com substituição, reforma ou melhoria tecnológica de máquinas e equipamentos, que possibilitem a expansão das operações e o consequente retorno positivo para a empresa no futuro. Ainda assim, e com o objetivo de conhecer melhor a estratégia de tomada de decisão de investimentos, precisamos analisar o orçamento de capital como parte da rotina do gestor financeiro da atualidade. Gitman (2012) divide o processo de orçamento em cinco etapas, as quais possibilitam analisar e tomar decisões de investimento e, não menos importante, ter maior precisão de estimativas de fluxo de caixa por parte dos administradores. O processo contempla na sua etapa inicial a geração de proposta, feita nos mais diversos níveis organizacionais, e seus valores. Em seguida, o autor menciona a etapa de revisão e análise de toda a viabilidade econômico-financeira do investimento proposto. Em terceiro, a etapa de tomada de decisão determina os valores e limites de dispêndios por departamento, função ou área dentro da empresa. Por fim, as etapas de implementação e acompanhamento possibilitam a efetiva concretização e o monitoramento de todas as demais etapas, a fim de concluir o projeto dentro dos limites financeiros predefinidos. O Plano diretor de negócios e gestão (entre 2019 e 2023) da Eletrobras (ELETROBRAS, 2018), grande estatal do setor elétrico brasileiro, é uma excelente fonte de informação a respeito de como um trabalho de investimento de capital é efetivamente desenvolvido e aplicado por uma companhia de capital aberto. No referido PDNG da Petrobras, vemos de maneira bastante sucinta etapas, objetivos, estratégias e custos de investimentos envolvidos em sintonia com o planejamento financeiro e orçamentário da companhia para um período de cinco anos. Logo no início do PDNG da empresa, o disclaimer2 afirma que: Riscos e incertezas conhecidos incluem, mas não se limitam a: condições econômicas, regulatórias, políticas e comerciais gerais no Brasil e no exterior, variações nas taxas de juros, inflação e valor do Real, mudanças nos volumes e padrão de uso de energia elétrica pelo consumidor, condições competitivas, nosso nível de endividamento, a possibilidade de recebermos pagamentos relacionados a nossos recebíveis, mudanças nos níveis de chuvas e de água nos reservatórios usados para operar nossas hidrelétricas, nossos planos de financiamento e investimento de capital, regulamentações governamentais existentes e futuras, e outros riscos descritos em nosso relatório anual e outros documentos registrados perante a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e U.S. Securities and Exchange Commission (SEC). (ELETROBRAS, 2018, p. 4) 1 Segundo Assaf Neto e Lima (2014, p. 207), “os investimentos são considerados permanentes quando não destinados à negociação, mas dirigidos para produzirem benefícios à investidora mediante sua participação nos resultados de empresas investidas, ou para obtenção de bom relacionamento com os clientes ou fornecedores [...]”. Os autores destacam ainda que o imobilizado “inclui todos os bens de longa duração (permanentes), que não se destinam a venda, e utilizados nos negócios da empresa” (ASSAF NETO; LIMA, 2014, p. 207). 2 O uso de um disclaimer (resumo explicativo) é prática comum nas empresas de Sociedade Anônima (S.A.) de capital aberto quando da apresentação de informações econômico-financeiras e operacionais relacionadas à sua atividade, a orçamentos, a fatos relevantes e a planejamentos para o público externo que possam, direta ou indiretamente, impactar no valor do negócio e na decisão de investimentos por parte dos acionistas ou do mercado. Vide slide de número quatro do Plano diretor de negócios e gestão, do período entre 2019 e 2023 (ELETROBRAS, 2018). Planejamento financeiro e orçamentário32 É importante lembrar que todo planejamento estratégico de investimentos engloba e exige a correta
Compartilhar