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Evangelho de João: A Palavra que dá Vida

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Prévia do material em texto

Evangelho de João 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Silvio Dutra 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEZ/2015 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
João 1 3 
João 2 19 
João 3 25 
João 4 33 
João 5 49 
João 6 57 
João 7 69 
João 8 83 
João 9 95 
João 10 105 
João 11 114 
João 12 127 
João 13 142 
João 14 154 
João 15 175 
João 16 184 
João 17 192 
João 18 201 
João 19 213 
João 20 228 
João 21 239 
 
 
 
 
 
3 
 
João 1 
 
Jesus O Verbo e a Luz Divinos 
 
“1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o 
Verbo era Deus. 
2 Ele estava no princípio com Deus. 
3 Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que 
foi feito se fez. 
4 Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. 
5 E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a 
compreenderam.”. (João 1.1-5) 
 
A palavra “verbo” do texto foi traduzida do original grego 
“logos”, que significa “palavra”. 
Mas como “verbo” é palavra indicadora de ação, a maior 
parte das traduções da língua portuguesa traz “verbo” em vez 
de “palavra”. 
Ambos podem ser usados e estão corretos, mas “palavra” 
define melhor o pensamento de João ao usar o referido 
termo para se referir à Pessoa de Jesus, porque certamente 
ele tinha em mente demonstrar que Jesus foi quem tomou 
parte na criação ao lado de Deus e do Espírito Santo, sendo a 
Palavra que tudo criou, porque é dito que o mundo foi criado 
pela Palavra de Deus, uma vez que Ele disse em cada ato da 
criação: “haja” ou “faça-se”. 
“Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o 
exército deles pelo sopro da sua boca.” (Sl 33.6). 
“Pela fé entendemos que os mundos foram criados pela 
palavra de Deus; de modo que o visível não foi feito daquilo 
que se vê.” (Hb 11.3). 
“Pois eles de propósito ignoram isto, que pela palavra de 
Deus já desde a antiguidade existiram os céus e a terra, que 
foi tirada da água e no meio da água subsiste;” (II Pe 3.5). 
4 
 
Ao fazer uso da palavra Verbo, João a associou aos atos da 
criação dos céus e da terra, conforme se vê no verso 3. 
E ao identificar Jesus como sendo o Logos, a Palavra, ou Verbo 
eterno, podemos também considerar que a mente eterna de 
Deus foi revelada a nós por meio dEle. 
Os pensamentos puros, perfeitos e conhecedores de tudo o 
que há em Deus, são inerentes a Cristo e Ele os revelou a nós. 
É somente por meio dEle que os selos do livro da vida são 
removidos para que os mistérios da verdade sejam revelados 
a nós. 
Se Ele não tivesse se manifestado ao mundo nós 
permaneceríamos nas trevas quanto a esta vida do Espírito 
Santo, que se manifesta nos que têm fé nEle. 
Vida de poder espiritual e de comunhão em amor celestial. 
Vida de frutos e dons espirituais que são comunicados entre 
aqueles que têm sido vivificados pela luz de Cristo, a qual, 
quando permanecemos nela, faz com que a vida de Cristo se 
manifeste em nós. 
Neste sentido, pode-se dizer então que Cristo é a fonte 
mesma da qual procede toda a Palavra que sai da boca de 
Deus, sendo que Ele mesmo é Aquele por quem se expressa 
esta Palavra. 
Daí ter dito que a Palavra que Ele proferia não provinha dEle 
próprio, mas do Pai, isto é, tudo o que o Pai expressa pela 
Palavra, Ele o faz por meio do Filho, de maneira que João 
havia apreendido este ensino e verdade de Jesus aos 
apóstolos em Seu ministério terreno, e pôde compreender 
que o mundo foi feito pela Palavra liberada pelo próprio 
Cristo, daí dizer que Ele é a Palavra (Verbo) pela qual todas as 
coisas foram feitas, e que sem Ele nada do que foi feito se fez 
(v. 3); isto é, o Pai nada fez sem a participação de Cristo. 
Somente Jesus tem as palavras de vida eterna. Pedro teve 
este reconhecimento que é dEle que emana a palavra que dá 
vida aos pecadores (Jo 6.68), e a experiência comprova isto 
em todos os testemunhos de conversão. 
5 
 
“Segundo a sua própria vontade, ele nos gerou pela palavra 
da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas 
criaturas.” (Tg 1.18). 
“tendo renascido, não de semente corruptível, mas de 
incorruptível, pela palavra de Deus, a qual vive e permanece.” 
(I Pe 1.23). 
Os textos destacados acima de Tiago e Pedro revelam o ato 
da nova criação espiritual pela Palavra. 
Esta Palavra é a verdade, e Jesus disse também ser esta 
verdade, que liberta e dá vida. 
Há então, poder e ação envolvidos nesta Palavra, aqui 
referida pelo apóstolo, e a que é citada em todas as 
passagens bíblicas que se referem a ações de criação, de 
salvação, de santificação, e de tudo o mais que dependa da 
liberação do poder pela Palavra de Cristo. 
Por isso Jesus havia dito que as suas palavras são espírito e 
vida (Jo 6.63). E também que o homem não vive somente de 
pão, mas de toda palavra que procede da boca de Deus (Mt 
4.4), porque é pela palavra de ação poderosa, que novas 
criaturas com a vida que procede do céu são geradas. 
È também, pela prática da Sua palavra, isto é, tê-la em devida 
consideração e vivendo segundo o seu poder, que se tem a 
vida solidamente firmada num fundamento inabalável (Mt 
7.24). 
Era com a Sua palavra de ordem que Jesus expulsava 
demônios e curava enfermos, e que ainda o faz através 
daqueles que nEle creem (M 8.16). 
É por isso que as palavras de Jesus jamais passarão porque 
são eternas assim como Ele é eterno (Mt 24.35). 
Desta forma, crer de fato em Jesus é permanecer nEle, e 
permanecer nEle é permanecer portanto na Sua palavra; e 
como esta palavra é a vida eterna, aquele que a guarda jamais 
morrerá eternamente (Jo 8.31; 51; 14.24). 
Como Jesus é santo, é a sua Palavra que nos santifica (Jo 15.3; 
17.17). 
6 
 
Foi por isso que a Igreja Primitiva tinha poder para pregar o 
evangelho, porque eles viviam e pregavam somente a Palavra 
(At 4.29, 31; 5.20; 6.2, 7; 8.4, 25;10.44; 11.14; 12.24; 13.5, 44, 
48, 49; 14.3, 25; 15.35, 36; 16.32; 17.11; 18.5, 11; 19.10, 20; 
20.32). 
A fé é gerada por se ouvir a Palavra (Rom 10.17). 
Nós vemos nas palavras de Paulo em I Cor 1.17; 2.1, 4, 13; I 
Tes 1.5 que a pregação desta Palavra viva é muito mais do 
que simplesmente exposição verbal de conceitos teológicos, 
ou de meras citações bíblicas, mas a liberação da porção da 
verdade, conforme está revelada nas Escrituras, em 
exposição, com palavras ensinadas pelo Espírito, no poder do 
Espírito, conforme esta é revelada pelo mesmo Espírito ao 
coração e mente do pregador (Ef 6.19): 
“Porque Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar 
o evangelho; não em sabedoria de palavras, para não se 
tornar vã a cruz de Cristo.” (I Cor 1.17). 
“E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o 
testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou 
de sabedoria.” (I Cor 2.1). 
“A minha linguagem e a minha pregação não consistiram em 
palavras persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do 
Espírito de poder;” (I Cor 2.4). 
“as quais também falamos, não com palavras ensinadas pela 
sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito 
Santo, comparando coisas espirituais com espirituais.” (I Cor 
2.13). 
“porque o nosso evangelho não foi a vós somente em 
palavras, mas também em poder, e no Espírito Santo e em 
plena convicção, como bem sabeis quais fomos entre vós por 
amor de vós.” (I Tes 1.5). 
Esta Palavra já existia antes que houvesse mundo, antes da 
existência do tempo cronológico, ao que João chama de “no 
princípio” mostrando que era, que é e sempre será. 
Cristo sempre esteve em coexistência com o Pai. Ele estava, 
está e sempre estará com Deus. De maneira que crer em 
7 
 
Cristo é crer em Deus Pai, porque o Pai e o Filho coexistem 
em perfeita unidade e são inseparáveis. 
Somente Jesus estava qualificado para efetuar a nossa 
redenção porque Ele conhece perfeitamente a nossa 
constituição total, de espírito alma e corpo porque Ele nos 
criou, assim como todas as coisas. 
Ele deve receber, portanto a nossa adoração também como 
Criador, e não apenas como Salvador e Senhor. 
João afirma no verso 4 que a vida estava em Cristo, e que esta 
vida era a luz dos homens. 
A luz condenará as obras infrutíferas dastrevas naqueles que 
permanecem no pecado, porque fará a exposição do que se 
ocultava nas trevas: 
“Mas todas estas coisas, sendo condenadas, se manifestam 
pela luz, pois tudo o que se manifesta é luz.” (Ef 5.13). 
É pela luz da revelação divina que o pecado pode ser 
condenado ou extirpado. 
 João nos diz que a vida está em Jesus, e que esta vida era a 
luz dos homens; isto é, somente quando a vida poderosa de 
Jesus se manifesta em alguém, é que tal pessoa poderá vir 
para a luz de Deus e conhecer a Deus e compreender as coisas 
espirituais e divinas. 
Assim, fora de Cristo, não há esta possibilidade, porque vida 
e luz para os homens procedem dEle, e ambas são 
inseparáveis. 
A vida eterna que nós necessitamos para escapar da morte 
eterna está somente em Cristo Jesus, e é nEle portanto que 
devemos buscá-la, e João nos indica o meio de obtê-la, a 
saber, por meio da Palavra e pelo andar na luz. 
É a luz de Cristo que ilumina o nosso entendimento e espírito 
para compreendermos as Escrituras. 
Elas permanecem como um livro fechado para nós até que 
Cristo abra o nosso entendimento e se revele ao nosso 
espírito para que possamos compreendê-las; como fizera 
com os dois discípulos no caminho de Emaús, aos quais lhes 
8 
 
abriu o entendimento para compreenderem tudo o que 
estava escrito acerca dEle nas Escrituras. 
Não foi João quem conceituou Jesus como luz, pois Ele 
próprio fizera tal afirmação acerca de Si mesmo durante o Seu 
ministério terreno, confirmando aquilo que as Escrituras do 
Velho Testamento afirmam sobre Ele, especialmente de que 
Ele seria luz para os gentios. (Mt 4.16; Jo 3.19; Jo 8.12) 
 
 
Jesus o Autor de Toda Vida - João 1 
 
“6 Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João. 
7 Este veio para testemunho, para que testificasse da luz, 
para que todos cressem por ele. 
8 Não era ele a luz, mas para que testificasse da luz. 
9 Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem 
que vem ao mundo. 
10 Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo 
não o conheceu. 
11 Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. 
12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de 
serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; 
13 Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da 
carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. 
14 E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua 
glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de 
verdade.” 
 
O apóstolo diz que João Batista havia sido enviado por Deus 
para dar testemunho da luz, não da sua luz, mas da fonte da 
verdadeira luz que é Cristo. 
João Batista veio para testificar da luz, clamando no deserto 
para que todos cressem nAquele que é a luz e que é a única 
que pode iluminar a todo homem que chega à existência 
neste mundo. 
9 
 
Fora dEle há somente trevas e morte. Mas os que estão nEle 
encontram luz e vida. 
Jesus criou o mundo, e se manifestou ao mundo, mas o 
mundo não pode conhecê-lo, senão aqueles que vêm para a 
Sua luz (v. 10). 
Este testemunho de João que ele havia aprendido 
diretamente do próprio Cristo de ser Ele o criador do mundo, 
acaba com todo o debate acerca da divindade de Jesus, 
porque ninguém, a não ser somente um ser divino poderia ter 
criado o mundo. 
João usa o verbo no passado “estava no mundo”, ao se referir 
ao Senhor, porque vários anos já haviam se passado desde 
que Ele havia ressuscitado e subido ao céu, quando João 
escreveu este seu evangelho. 
Então ele está dizendo do que havia visto acerca do 
ministério terreno de Jesus, e especialmente da sua rejeição 
pelos judeus, rejeição esta que continuaria ocorrendo por 
causa do endurecimento deles. 
A nação de Israel se recusou a receber ao Senhor, mas todos 
aqueles que dentre os judeus, e todos os gentios, que O têm 
recebido, a estes Ele tem dado o poder de se tornarem filhos 
de Deus, pela simples fé nEle, pela qual alcançam o 
arrependimento, a justificação, a regeneração, a santificação 
e a glorificação que são por meio dEle (v. 12). 
Estes que são tornados filhos de Deus, foram regenerados 
pelo Espírito Santo, conforme a vontade de Deus em relação 
a eles, e não por nascimento natural (laços de sangue), nem 
da vontade da carne, nem da vontade do homem. Não foi por 
um planejamento dos desejos e nem da vontade da alma do 
homem que alguém é transformado num filho de Deus, mas 
pelo Seu exclusivo poder e vontade (v. 12, 13). 
Foi para este propósito que Jesus (o Verbo) encarnou e veio a 
este mundo tendo habitado entre os homens, e manifestado 
aos seus discípulos a sua glória como Filho unigênito de Deus 
Pai, estando cheio de graça e de verdade. 
Jesus não deixou de ser o Verbo e a Luz quando encarnou. 
10 
 
Muitos haviam permanecido no batismo de João e não 
avançaram, além disto, e assim não chegaram a conhecer a 
verdadeira luz da qual o próprio João veio dar testemunho, 
com a luz da fonte que é Cristo que ardeu no próprio João por 
um breve tempo, no seu curto ministério no deserto. João 
não era o Noivo, mas o amigo do Noivo. Não era o Príncipe, 
mas o seu precursor. Não era a luz, mas o reflexo da luz. O 
próprio João reconheceu que não era ele que deveria ser 
seguido, mas o Cristo do qual ele dava testemunho. 
De igual maneira, nós não devemos ser seguidores e 
adoradores dos ministros do evangelho, mas somente 
dAquele para o qual eles devem apontar, que é Cristo. Eles 
não são nossos senhores, e nem têm domínio sobre a nossa 
fé, mas são apenas ministros por meio de quem nós cremos 
porque deram testemunho da luz como mordomos na casa 
de Deus. 
Ninguém deve se deixar conduzir por uma fé cega nos 
homens, por mais santos que eles sejam, porque não são eles 
aquela luz que veio ao mundo e pela qual os homens recebem 
uma nova vida de Deus, mas temos que dar atenção e receber 
o testemunho deles porque são enviados pelo próprio Deus 
como testemunhas da luz que dá vida aos homens. 
Se João Batista tivesse fingido ser ele próprio a luz, ele não 
teria sido uma testemunha fiel da luz de Jesus. 
Aqueles que usurpam a honra e a glória de Cristo terão que 
prestar contas a Deus do mau uso que fizeram da mordomia 
deles. 
 
João Batista Testificou da Graça e Verdade de Jesus - João 1 
 
“15 João testificou dele, e clamou, dizendo: Este era aquele 
de quem eu dizia: O que vem após mim é antes de mim, 
porque foi primeiro do que eu. 
16 E todos nós recebemos também da sua plenitude, e graça 
sobre graça. 
11 
 
17 Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade 
vieram por Jesus Cristo. 
18 Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que 
está no seio do Pai, esse o revelou.” 
 
O apóstolo havia dito nos versos anteriores que João Batista 
havia dado testemunho da luz, e aqui ele começa a mostrar 
qual foi o testemunho que ele havia dado, conforme a palavra 
que Deus havia revelado a ele acerca de Cristo. 
João Batista disse que Jesus viria após ele, mas que já existia 
antes dele ter vindo ao mundo, e que era dEle que nós 
recebemos da sua plenitude e graça sobre graça (v. 15, 16). 
A razão disto é que Ele não veio nos trazer a Lei como fora 
dada a Moisés, mas a graça e a verdade do evangelho, pelas 
quais somos salvos e transformados em novas criaturas (v. 
17). 
Jesus é a expressa imagem de Deus Pai, porque é da mesma 
essência que Ele, de maneira que o Deus invisível, que 
ninguém nunca havia visto, foi revelado por meio do Seu 
Filho unigênito (v. 18). 
Jesus se manifestou cheio de graça e de verdade para poder 
repartir da Sua plenitude dando-os como dons aos homens. 
Ele tem toda a suficiência de graça e de verdade para salvar 
os pecadores e torná-los semelhantes a Ele próprio. 
Nós devemos então olhar para Jesus com os olhos da fé, da 
maneira que convém ser olhado, isto é, como alguém que 
está completamente cheio de toda graça, virtude, verdade, 
dons, enfim, tudo o que for necessário para o nosso 
aperfeiçoamento espiritual, e para que tenhamos um viver 
em verdadeira vitória perante Ele, recebendo dEle toda a 
provisão que necessitamos.Ele está cheio de graça e de verdade e os que esperam nEle 
não terão falta alguma. 
Ele é uma fonte inesgotável, e o Espírito que nos tem dado é 
um rio de águas vivas que flui para a eternidade e cujas águas 
jamais se esgotarão. 
12 
 
Por isso, nunca devemos ficar satisfeitos e imóveis com a 
medida de graça que tivermos no presente, porque somos 
chamados a avançar de medida de graça sobre graça até à 
perfeita maturidade em Cristo Jesus. 
O apóstolo Paulo havia experimentado abundantemente 
desta fonte e viu que sempre havia muito mais para ser 
experimentado, e assim ele falou de uma graça 
superabundante, de uma suprema riqueza da graça 
inescrutável de Cristo (Rom 5.20; Ef 1.7; 2.7; 3.8). 
É, graça sobre graça para fazer avançar a própria graça na 
nossa vida, e não propriamente para atender a desejos 
caprichosos terrenos. 
Das nossas necessidades terrenas Deus cuidará, mas elas não 
podem nos melhorar e aperfeiçoar um só milímetro, por isto 
a graça é concedida para que sejamos revestidos da plenitude 
de Deus em nosso próprio ser. 
Uma graça é para melhorar, confirmar e aperfeiçoar outra 
graça. 
Nós somos transformados à imagem divina de glória em 
glória. 
De um grau de graça glorioso para outro (II Cor 3.18). 
Por isso se diz que àquele que tem, ser-lhe-á dado mais, 
porque onde há a verdadeira graça ela será aumentada por 
Deus, e tanto mais, quando for mais abundante (Lc 8.18; Tg 
4.6). 
 
João Testificou que Jesus é o Messias - João 1 
 
“19 E este é o testemunho de João, quando os judeus 
mandaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para que lhe 
perguntassem: Quem és tu? 
20 E confessou, e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo. 
21 E perguntaram-lhe: Então quem? És tu Elias? E disse: Não 
sou. És tu profeta? E respondeu: Não. 
22 Disseram-lhe pois: Quem és? para que demos resposta 
àqueles que nos enviaram; que dizes de ti mesmo? 
13 
 
23 Disse: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o 
caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías. 
24 E os que tinham sido enviados eram dos fariseus. 
25 E perguntaram-lhe, e disseram-lhe: Por que batizas, pois, 
se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? 
26 João respondeu-lhes, dizendo: Eu batizo com água; mas no 
meio de vós está um a quem vós não conheceis. 
27 Este é aquele que vem após mim, que é antes de mim, do 
qual eu não sou digno de desatar a correia da alparca. 
28 Estas coisas aconteceram em Betânia, do outro lado do 
Jordão, onde João estava batizando.” (João 1.19-28) 
 
Nos versos 15 a 18 nós vimos o testemunho geral que João 
dava de Jesus, e aqui nestes versos 19 a 28 nós temos 
registrado o testemunho que ele deu em certa ocasião 
quando os judeus lhe enviarem sacerdotes e levitas de 
Jerusalém para lhe perguntarem quem ele era (v. 19). 
João confessou que não era o Cristo. 
Que ele não era o grande profeta prometido desde Moisés 
(Dt 18.18). 
Disse também que não era o profeta Elias, que eles pensavam 
que voltaria à terra por causa da profecia de Malaquias 4.5; 
que era de fato uma referência a João Batista sob o codinome 
de Elias (Mt 17.10-13), mas isto não significava que João fosse 
de fato Elias. 
Ele viria no mesmo tipo de espírito e poder do profeta Elias, 
conforme o anjo preanunciou o nascimento de João a seu pai 
Zacarias (Lc 1.17). 
João disse aos sacerdotes e levitas que ele era aquele do qual 
havia falado o profeta Isaías. 
A voz que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor. 
Ele mostrou a eles que o seu ministério estava apoiado nas 
Escrituras. 
Aqueles sacerdotes e levitas que eram fariseus não 
retrucaram a resposta que João lhes dera, mas questionaram 
14 
 
ainda por que ele batizava, já que não era o Cristo, nem Elias 
e nem o profeta. 
João lhes respondeu que ele batizava com água, mas já se 
encontrava entre os judeus Alguém que eles não conheciam, 
e que viria após ele, apesar de ser antes dele (até mesmo de 
Abraão e de tudo e de todos) do qual ele disse humildemente 
não ser digno sequer de lhe desatar a correia da sua sandália. 
Este serviço era prestado pelos escravos de mais baixa 
categoria aos seus senhores. 
Deste modo João testificou a respeito da dignidade dAquele 
que veio anunciando. 
É dito que na ocasião que João proferiu estas palavras ele se 
encontrava na cidade de Betânia, do outro lado do Jordão, 
onde estava batizando. 
Esta Betânia não era a mesma que ficava próxima de 
Jerusalém, porque é dito que ficava do outro lado do rio 
Jordão, cidade esta que era chamada também de Betabará. 
Era de se esperar que aqueles que tanto se dedicavam ao 
estudo das Escrituras, que fossem eles os primeiros a 
reconhecerem a vinda de João Batista e do próprio Cristo. 
No entanto, a grande maioria deles não chegou a conhecê-lo 
apesar do testemunho das Escrituras acerca deles, e a própria 
manifestação deles entre os judeus. 
Isto comprova que é possível Deus estar se manifestando e 
operando em nosso meio, e ainda assim não ser percebido e 
conhecido por muitos que estiverem dentre aqueles aos 
quais Ele estiver se manifestando. 
Os escribas e fariseus formaram a própria ideia deles sobre o 
reino do Messias, e elaboraram o seu próprio sistema para a 
justificação do pecado, de maneira que não se submeteram à 
justiça de Deus revelada em Cristo. 
O orgulho lhes impediu de renunciarem às suas convicções 
para que pudessem ser convencidos pela verdade de Deus. 
Eles não podiam entender que o reino não consiste em 
palavras e que nem vem em aparência visível porque é um 
reino espiritual que se manifesta espiritualmente. 
15 
 
Assim, não podiam discernir as coisas do Espírito e 
permaneciam cegos. 
 
Os Primeiros Discípulos de Jesus - João 1 
 
“37 E os dois discípulos ouviram-no dizer isto, e seguiram a 
Jesus. 
38 E Jesus, voltando-se e vendo que eles o seguiam, disse-
lhes: Que buscais? E eles disseram: Rabi (que, traduzido, quer 
dizer Mestre), onde moras? 
39 Ele lhes disse: Vinde, e vede. Foram, e viram onde morava, 
e ficaram com ele aquele dia; e era já quase a hora décima. 
40 Era André, irmão de Simão Pedro, um dos dois que 
ouviram aquilo de João, e o haviam seguido. 
41 Este achou primeiro a seu irmão Simão, e disse-lhe: 
Achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo). 
42 E levou-o a Jesus. E, olhando Jesus para ele, disse: Tu és 
Simão, filho de Jonas; tu serás chamado Cefas (que quer dizer 
Pedro).”. 
“43 No dia seguinte quis Jesus ir à Galileia, e achou a Filipe, e 
disse-lhe: Segue-me. 
44 E Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro. 
45 Filipe achou Natanael, e disse-lhe: Havemos achado 
aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas: Jesus 
de Nazaré, filho de José. 
46 Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? 
Disse-lhe Filipe: Vem, e vê. 
47 Jesus viu Natanael vir ter com ele, e disse dele: Eis aqui um 
verdadeiro israelita, em quem não há dolo. 
48 Disse-lhe Natanael: De onde me conheces tu? Jesus 
respondeu, e disse-lhe: Antes que Filipe te chamasse, te vi eu, 
estando tu debaixo da figueira. 
49 Natanael respondeu, e disse-lhe: Rabi, tu és o Filho de 
Deus; tu és o Rei de Israel. 
50 Jesus respondeu, e disse-lhe: Porque te disse: Vi-te 
debaixo da figueira, crês? Coisas maiores do que estas verás. 
16 
 
51 E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo que daqui em 
diante vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e 
descendo sobre o Filho do homem.”. 
 
Nós temos nestes versos 37 a 42 o registro da forma como 
André e Pedro se tornaram discípulos de Jesus. 
André havia seguido ao Senhor depois do testemunho que 
havia ouvido João dar a respeito dele, quando passava por 
eles. 
Tendo Jesus mostrado onde morava a André e ao outro 
discípulo de João que estava com ele, ambos passaram 
aquele dia em Sua companhia. 
André se apressou a contar a Pedro que havia achado o 
Messias, e levou Pedro até a casa de Jesus, onde este lhe deu 
o apelido de Pedro (do hebraico Cefas, e do grego Petros), 
porque o seu nome era Simão, que significa caniço. 
Este Pedro vem do grego petros, que significa pedra,e não 
petra, cujo significado é rocha. 
Quando Jesus disse mais tarde a Pedro (Petros) que edificaria 
a sua igreja sobre aquela pedra (petra, rocha), estava falando 
de si mesmo, e não de Pedro, porque o original grego nos 
ajuda a entender o significado das palavras diferentes que 
Jesus usou naquela ocasião: petros para Pedro, e petra, para 
Si mesmo. 
Nós vimos nos versículos 37 a 41 do primeiro capítulo de 
João, que André foi quem conduziu Pedro a Jesus. 
E na passagem dos versos 43 a 51 nós vemos que foi Filipe 
que conduziu Natanael a Ele. 
Este é o modo de se propagar a fé, através do nosso 
testemunho acerca de Cristo a outros, e nos esforçando para 
levá-los a conhecerem ao Senhor. 
Não está em nós o poder de dar tal conhecimento do Senhor 
às pessoas. 
É Ele próprio que se revela a elas, como fizera com Natanael. 
Filipe era da mesma cidade de Pedro e André, e é dito no 
texto que Jesus o achou e disse-lhe para que O seguisse. 
17 
 
O verdadeiro cristianismo consiste em seguir a Cristo, porque 
Ele disse que onde Ele estiver ali devem estar também os Seus 
servos. 
Quando Filipe disse a Natanael que havia encontrado aquele 
sobre o qual Moisés e os profetas haviam falado nas 
Escrituras, e que era Jesus, filho de José, da cidade de Nazaré, 
esta menção à naturalidade de Jesus fez com que Natanael 
apresentasse a objeção que fizera quanto ao fato de que 
Jesus pudesse ser de fato o Messias sendo de Nazaré, porque 
não havia, segundo o seu entendimento das Escrituras, 
nenhum profeta de Deus que tivesse sido levantado na região 
da Galileia. 
No entanto, ele desconhecia que Jesus não nascera na 
Galileia, mas em Belém de Judá. 
Jesus não era natural de Nazaré, mas de Belém. 
Ele residiu por muito tempo em Nazaré, mas havia nascido 
em Belém, fato que Natanael desconhecia. 
As próprias Escrituras testificavam que o Messias nasceria em 
Belém. 
Mas apesar da objeção de Natanael, Filipe o conduziu assim 
mesmo a Jesus. 
Natanael ficou maravilhado com o fato de Jesus 
ter declarado que estava com o seu olhar sobre ele, quando 
se encontrava fora do alcance da sua vista, sentado debaixo 
de uma figueira. 
Ele creu imediatamente e disse que Jesus era de fato, o Filho 
de Deus e Rei de Israel. 
O Senhor se agradou da manifestação da fé de Natanael nEle, 
ainda que diante de uma única evidência do Seu poder, que 
lhe havia manifestado. 
Mas, para mantê-lo firme na sua convicção disse-lhe que ele 
veria coisas ainda maiores do que aquela, e que daquele 
momento em diante ele viria o céu aberto e os anjos de Deus 
subindo e descendo sobre o Filho do homem. 
Jesus tem sempre muito mais para realizar 
sobrenaturalmente com o Seu poder, de maneira que aqueles 
18 
 
que se aproximam dEle possam ter a fé deles cada vez mais 
fortalecida e confirmada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
João 2 
 
O Primeiro Milagre de Jesus - João 2 
 
“1 E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em Caná da 
Galileia; e estava ali a mãe de Jesus. 
2 E foi também convidado Jesus e os seus discípulos para as 
bodas. 
3 E, faltando vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Não têm vinho. 
4 Disse-lhe Jesus: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é 
chegada a minha hora. 
5 Sua mãe disse aos serventes: Fazei tudo quanto ele vos 
disser. 
6 E estavam ali postas seis talhas de pedra, para as 
purificações dos judeus, e em cada uma cabiam dois ou três 
almudes. 
7 Disse-lhes Jesus: Enchei de água essas talhas. E encheram-
nas até em cima. 
8 E disse-lhes: Tirai agora, e levai ao mestre-sala. E levaram. 
9 E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho (não 
sabendo de onde viera, se bem que o sabiam os serventes 
que tinham tirado a água), chamou o mestre-sala ao esposo, 
10 E disse-lhe: Todo o homem põe primeiro o vinho bom e, 
quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu 
guardaste até agora o bom vinho. 
11 Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galileia, 
e manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele.” 
(João 2.1-11) 
 
O terceiro dia ao qual o autor do evangelho se referiu foi em 
relação ao dia em que Jesus retornou da tentação do deserto, 
e quando passou por João Batista; sendo que no primeiro, foi 
seguido por André; no segundo recebeu a Natanael, no relato 
que lemos no capítulo anterior, e agora, no terceiro dia 
depois de ter alcançado a André, Pedro, Filipe e Natanael, 
20 
 
Jesus se dirigiu a um casamento na cidade de Caná da Galileia 
porque fora convidado para a festa com seus discípulos. 
É dito que Maria, sua mãe, encontrava-se presente. 
Provavelmente poderia ter sido o casamento de algum 
parente de Maria ou então ela deveria privar de intimidade 
com aquela família, o que se pode inferir da sua intervenção 
junto a Jesus e aos serventes quando o vinho acabou. 
Segundo o relato de João, até esta altura nós podemos 
deduzir que os discípulos de Jesus, que estiveram na festa e 
que presenciaram o milagre da transformação da água em 
vinho, eram André e o outro discípulo de João Batista, o qual 
o nome não foi citado neste evangelho; Pedro, que seguiu 
Jesus juntamente com ele; Pedro, Filipe e Natanael. 
Segundo João, este foi o primeiro sinal feito por Jesus que 
manifestou a sua glória perante os seus discípulos, que 
tiveram por confirmado com aquele milagre que Ele era de 
fato o Messias. 
Jesus não havia sequer começado a pregar a Sua doutrina. 
O evangelho não havia ainda sido proclamado publicamente, 
senão em privado a estes poucos discípulos que haviam se 
reunido a Ele naquele curto espaço de três dias. 
Como os milagres teriam principalmente a função de 
confirmar que Ele era de fato o Messias, dando testificação à 
Palavra que seria pregada, então o Senhor teve uma atitude 
reservada em mostrar a Maria que os milagres que Ele faria 
não tinham o propósito de serem exibições caprichosas do 
Seu poder, mas sinais que seriam concedidos pelo Pai, pelo 
poder do Espírito, para marcarem o Seu ministério. 
Jesus não fez seu primeiro milagre em Jerusalém, mas num 
lugar distante e obscuro de Israel, porque Caná ficava na 
Galileia, no território da tribo de Aser. 
Isto demonstra claramente que Ele não estava buscando 
honra de homens, e todos os Seus ministros deveriam seguir 
o Seu exemplo nisto. A Sua doutrina e milagres seriam 
colocados mais à disposição dos humildes galileus do que dos 
rabinos orgulhosos e preconceituosos de Jerusalém. 
21 
 
O Senhor não necessitava ter ordenado aos serventes que 
enchessem as seis talhas com água até a borda para produzir 
vinho. 
Ele poderia tê-las enchido ainda vazias, mas para evidenciar 
que realizaria de fato um milagre porque aqueles serventes e 
os discípulos testemunharam que haviam sido enchidas com 
água, não haveria como afirmar que aquelas talhas já 
continham vinho caso Jesus as enchesse estando vazias. 
Apresentamos a nossa água a Cristo com fé e Ele a transforma 
em vinho. 
Apresentamos o nosso pouco e Ele transforma em muito. 
Apresentamos nossas tristezas e Ele as transforma em 
alegria; nossas enfermidades em saúde, nossas maldições em 
bênçãos. 
Tudo lhe é possível. 
Aquilo que Ele nos dará é excelente, assim como o vinho que 
Ele fez era de qualidade superior a todo o vinho que já tinha 
sido servido naquela festa. 
 
Jesus Repreende o Comércio no Templo - João 2 
 
“12 Depois disto desceu a Cafarnaum, ele, e sua mãe, e seus 
irmãos, e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias. 
13 E estava próxima a páscoa dos judeus, e Jesus subiu a 
Jerusalém. 
14 E achou no templo os que vendiam bois, e ovelhas, e 
pombos, e os cambiadores assentados. 
15 E tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora 
do templo, também os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro 
dos cambiadores, e derribou as mesas; 
16 E disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes, e não 
façais da casa de meu Pai casa de venda. 
17 E os seus discípulos lembraram-se do que está escrito: O 
zelo da tua casa me devorará. 
18 Responderam, pois, os judeus, e disseram-lhe: Que sinal 
nosmostras para fazeres isto? 
22 
 
19 Jesus respondeu, e disse-lhes: Derribai este templo, e em 
três dias o levantarei. 
20 Disseram, pois, os judeus: Em quarenta e seis anos foi 
edificado este templo, e tu o levantarás em três dias? 
21 Mas ele falava do templo do seu corpo. 
22 Quando, pois, ressuscitou dentre os mortos, os seus 
discípulos lembraram-se de que lhes dissera isto; e creram na 
Escritura, e na palavra que Jesus tinha dito.” (João 2.12-22) 
 
Ao sair de Caná, Jesus se dirigiu com Maria e seus discípulos 
para Cafarnaum, e permaneceu ali alguns dias, (é possível 
que Jesus tenha ido à residência de Pedro, o qual apesar de 
ser natural de Betsaida, residia em Cafarnaum - Mt 17.24,25); 
tendo subido depois para Jerusalém para a festa da páscoa; 
porque importava que cumprisse todas as ordenanças da Lei, 
inclusive as cerimoniais, de maneira que cumprindo toda a Lei 
foi achado inculpável diante de Deus, de maneira que 
pudesse morrer no lugar dos pecadores, carregando sobre Si 
a culpa deles. 
Ele cumpriu a própria Lei, que Ele instituiu e deu a Moisés, 
para que fosse cumprida pelos homens. 
Chegando ao templo ele açoitou com um azorrague os 
cambistas e vendilhões, que haviam estabelecido um 
comércio no templo de Jerusalém, para obterem lucro 
financeiro para si e para os sacerdotes, que exploravam os 
serviços deles. 
Em vez de homens de Deus aqueles sacerdotes haviam se 
transformado em meros políticos e comerciantes. 
Jesus mostrou que estava comissionado de autoridade divina 
para fazer o que havia feito porque quando foi interpelado 
pelos judeus que sinal Ele faria para lhes mostrar que tinha a 
autoridade do Messias para fazer aquilo, lhes disse que o 
sinal seria que em três dias ele levantaria o templo caso eles 
o derrubassem, mas Ele lhes falava da ressurreição do Seu 
próprio corpo como o sinal dado do céu de que Ele era de fato 
divino. 
23 
 
Mas pensaram que Ele se referia ao templo de Herodes que 
foi construído durante 46 anos, pelos acréscimos e 
embelezamentos que foram acrescidos ao templo dos dias de 
Zorobabel, depois que os judeus retornaram de Babilônia. 
Jesus respondeu aos seus interpeladores com uma parábola 
relativa à Sua ressurreição, de maneira que lhes disse a 
verdade de uma maneira que não poderiam compreender. 
Eles não estavam buscando conhecer a verdade, mas 
desqualificá-lo. 
Ao exercer juízos corretivos sobre as coisas que se faziam no 
templo nosso Senhor santificou o nome de Deus e manifestou 
publicamente que a vontade dEle nada tinha a ver com 
aquele comércio, ao contrário há um juízo dEle sobre todos 
aqueles que fazem da sua santa religião uma ocasião para 
ganho mundano. 
O templo de Jerusalém era uma instituição divina, porque 
existia por uma ordenação de Deus para o Velho Testamento. 
Esta ação de Jesus despertou contra ele o ódio e inveja dos 
sacerdotes do templo e os seus discípulos se lembraram do 
Salmo 69.9, que era uma referência ao zelo do qual Jesus 
estava completamente tomado pela casa de Deus. 
Jesus é zeloso da Sua Igreja que é o templo vivo no qual Deus 
habita e habitará para todo o sempre. 
Ele tem zelo por esta casa espiritual viva e tudo fará para 
purificá-la mais do que ao templo de pedra de Jerusalém. 
 
Jesus Sabe o Que é a Natureza Humana Pecaminosa - João 2 
 
“23 E, estando ele em Jerusalém pela páscoa, durante a festa, 
muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome. 
24 Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos 
conhecia; 
25 E não necessitava de que alguém testificasse do homem, 
porque ele bem sabia o que havia no homem.”. (João 2.23-
25) 
 
24 
 
Jesus não se confiou a muitos que haviam professado ter 
crido nEle por causa dos muitos milagres que Ele havia feito 
em Jerusalém. 
O evangelista diz que Jesus não confiava neles porque sae 
que a natureza terrena de todas as pessoas é pecaminosa, e 
pode muito bem disfarçar uma confiança e fidelidade que na 
verdade não existem. 
A muitos que declararam ter crido em Jesus; Ele lhes disse 
que evidenciariam terem crido pela prática da Sua Palavra (Jo 
8.31). 
Não se pode dizer que os sinais que Jesus havia feito em 
Jerusalém foram em vão por causa destes falsos cristãos, uma 
vez que muitos outros foram convencidos posteriormente, 
vindo a se converter por causa dos sinais que haviam visto Ele 
fazer em Jerusalém, como por exemplo os galileus que 
tinham subido à festa da páscoa e que deram boa acolhida ao 
Senhor quando Ele retornou de Jerusalém para a Galileia 
(João 4.43). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
João 3 
 
Jesus Veio Salvar e Não Condenar - João 3 
 
“1 E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, 
príncipe dos judeus. 
2 Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem 
sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém 
pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele. 
3 Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te 
digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino 
de Deus. 
4 Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo 
velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua 
mãe, e nascer? 
5 Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que 
aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar 
no reino de Deus. 
6 O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do 
Espírito é espírito. 
7 Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de 
novo. 
8 O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não 
sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele 
que é nascido do Espírito. 
9 Nicodemos respondeu, e disse-lhe: Como pode ser isso? 
10 Jesus respondeu, e disse-lhe: Tu és mestre de Israel, e não 
sabes isto? 
11 Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que 
sabemos, e testificamos o que vimos; e não aceitais o nosso 
testemunho. 
12 Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como 
crereis, se vos falar das celestiais? 
13 Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o 
Filho do homem, que está no céu. 
26 
 
14 E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim 
importa que o Filho do homem seja levantado; 
15 Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha 
a vida eterna. 
16 Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu 
Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não 
pereça, mas tenha a vida eterna. 
17 Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que 
condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por 
ele. 
18 Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está 
condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho 
de Deus. 
19 E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os 
homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas 
obras eram más. 
20 Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem 
para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. 
21 Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que 
as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” 
 
Os sinais que Jesus havia feito em Jerusalém e a sua pregação 
do evangelho haviam impactado profundamente a um dos 
líderes dos fariseus chamado Nicodemos. 
Jesus falou sobre o novo nascimento do Espírito a Nicodemos, 
e ele não pôde discernir as coisas que Jesus lhe disse porque 
são celestiais e espirituais, e Nicodemos tentou compreendê-
las apenas com a sua mente natural. 
E como lhe faltou a necessária iluminação do Espírito Santo, 
Jesus lhe disse que ele não estava compreendendo as Suas 
palavras porque não estava aceitando pela fé o testemunho 
que Ele estava dando da verdade acerca da iluminação e 
operação necessária do Espírito Santo para que as pessoas 
possam receber uma nova natureza celestial (regeneração) 
de maneira que possam ver o reino de Deus. 
27 
 
Este reino é espiritual e pode ser discernido somente 
espiritualmente pela iluminação e instrução do Espírito Santo 
ao nosso espírito. 
Para confirmar esta verdade, quando Nicodemos pensou que 
Jesus estava falando de um novo nascimento natural, deste 
mundo,nosso Senhor lhe disse que a carne somente pode 
gerar carne, e que estava falando, portanto de um novo 
nascimento do espírito, o qual só pode ser gerado pelo 
Espírito Santo. 
Nicodemos estava convencido de que a obra de Jesus era de 
Deus, porque de outro modo não poderia fazer os sinais que 
estava fazendo. 
Ele chamou Jesus de Rabi, reconhecendo que era Mestre. 
No entanto, deve ter temido até aquele momento, que os 
fariseus soubessem que Ele tinha ido a Jesus, e por isso talvez 
tenha ido ter com Ele à noite. 
Isto explica em muito a dificuldade que ele teve para ser 
instruído pelo Espírito quanto às coisas que Jesus lhe falava. 
Nicodemos disse que reconhecia que Jesus era Mestre, mas 
não disse que sabia que era o Messias, ou Filho de Deus 
porque lhe faltou tal ajuda do Espírito, porque ninguém pode 
reconhecer e dizer que Jesus é o Senhor a não ser pelo 
Espírito. 
Mas, Jesus deve ter vislumbrado a sinceridade daquele 
homem, apesar de todas as suas cautelas humanas, e 
também a possibilidade de uma conversão futura, diante de 
maiores evidências acerca do evangelho e da Sua Pessoa 
divina, tanto que o Senhor não lhe falou por parábolas e lhe 
disse as verdades centrais do evangelho de maneira muito 
direta, para ajudá-lo a um ato de entrega completa a Ele. 
Devemos lembrar que este diálogo aconteceu quando o 
ministério de Jesus estava começando, e Ele viria ainda a 
ensinar e a fazer muitas coisas pelo poder do Espírito. 
Dentro de aproximadamente três anos, Jesus iria para a cruz, 
e Nicodemos poderia testemunhar acerca das palavras que o 
Senhor lhe havia ensinado. 
28 
 
É bem possível que ele tenha se convertido na ocasião da 
morte de Jesus, porque nós o encontramos não somente 
defendendo o Senhor perante o Sinédrio quando haviam 
enviado guardas para prendê-lo, como também acompanhou 
de perto a sua crucificação, tendo levado consigo cerca de 
cem libras de uma mistura de mirra e aloés para colocar no 
corpo do Senhor, depois que o tiraram da cruz (João 7.50; 
19.39). 
Jesus também disse a Nicodemos que este novo nascimento 
do Espírito não é feito com base na exclusiva vontade do 
homem, muito pelo contrário, pela exclusiva vontade do 
Espírito Santo, porque tal como o vento, Ele sopra aonde 
quer, e o homem não tem qualquer domínio para alterar as 
correntes dos ventos que sopram sobre a terra, porque isto 
foi fixado por Deus. 
De igual maneira, os que nascem do Espírito, como o 
evangelista já havia afirmado no primeiro capítulo deste 
evangelho, não nascem do sangue e da carne, isto é, da 
vontade do homem, senão da vontade de Deus. 
Até porque todos os homens foram feridos pela picada 
mortal do pecado, e somente o olhos da fé podem 
contemplar o Cristo crucificado para sermos curados da 
morte espiritual e eterna, tal como o contemplar a serpente 
de bronze no deserto nos dias de Moisés foi o único remédio 
provido por Deus para curar os israelitas da morte física por 
causa do veneno das serpentes abrasadoras que vieram 
sobre eles como manifestação do Seu juízo, por causa do 
pecado que eles haviam praticado. 
A serpente é uma criatura que foi amaldiçoada por Deus e por 
isso Jesus fez a comparação, não que Ele seja uma serpente, 
mas porque Ele se fez voluntariamente, por amor de nós, 
maldição no nosso lugar, porque está escrito na Lei que todo 
aquele que for pendurado em madeiro é maldito de Deus. 
Assim Cristo se fez maldição por nós para que pudéssemos 
ser livrados da maldição e sermos abençoados por Deus, 
recebendo o Espírito Santo. 
29 
 
Deste modo, Jesus, na presente dispensação da graça, não 
veio para julgar e condenar o mundo, mas para salvar aqueles 
que do mundo, o contemplam pela fé, crucificado pelos 
nossos pecados. 
Antes que Jesus se manifestasse, todo o mundo, 
especialmente as nações gentias, encontravam-se em 
completa treva espiritual, sem o conhecimento do verdadeiro 
Deus, e sem qualquer esperança de salvação. 
Daí Jesus ter afirmado de Si mesmo ser Ele próprio a luz que 
dá vida ao mundo que se encontra morto no pecado (João 
8.12). 
A luz de Cristo manifestada através do evangelho está 
destinada a brilhar em todo o mundo, e não com o brilho 
fosco da Antiga Aliança, como ocorria nos dias do Velho 
Testamento, basicamente apenas no território de Israel. 
A base da condenação será este fechamento de olhos para a 
luz porque o livramento da condenação é simplesmente pelo 
ato de fé e arrependimento que consiste em vir para a luz. 
Deus está perdoando gratuita e livremente a todo e qualquer 
que venha para a luz. 
Ele está salvando por pura graça e não por nenhuma 
qualificação especial ou obra dos que são salvos. 
Por isso Jesus disse que aqueles que praticarem a verdade do 
evangelho, virão para a luz, para que a suas obras sejam 
manifestas, porque elas serão feitas em Deus. 
Mas aqueles que praticam o mal, odeiam a luz e não virão 
para a luz para que as suas obras não sejam 
reprovadas. Testificou a Supremacia de Jesus - João 3 
 
“22 Depois disto foi Jesus com os seus discípulos para a terra 
da Judeia; e estava ali com eles, e batizava. 
23 Ora, João batizava também em Enom, junto a Salim, 
porque havia ali muitas águas; e vinham ali, e eram batizados. 
24 Porque ainda João não tinha sido lançado na prisão. 
25 Houve então uma questão entre os discípulos de João e os 
judeus acerca da purificação. 
30 
 
26 E foram ter com João, e disseram-lhe: Rabi, aquele que 
estava contigo além do Jordão, do qual tu deste testemunho, 
ei-lo batizando, e todos vão ter com ele. 
27 João respondeu, e disse: O homem não pode receber coisa 
alguma, se não lhe for dada do céu. 
28 Vós mesmos me sois testemunhas de que disse: Eu não sou 
o Cristo, mas sou enviado adiante dele. 
29 Aquele que tem a noiva é o noivo; mas o amigo do noivo, 
que lhe assiste e o ouve, alegra-se muito com a voz do noivo. 
Assim, pois, já esta minha alegria está cumprida. 
30 É necessário que ele cresça e que eu diminua. 
31 Aquele que vem de cima é sobre todos; aquele que vem 
da terra é da terra e fala da terra. Aquele que vem do céu é 
sobre todos. 
32 E aquilo que ele viu e ouviu isso testifica; e ninguém aceita 
o seu testemunho. 
33 Aquele que aceitou o seu testemunho, esse confirmou que 
Deus é verdadeiro. 
34 Porque aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus; 
pois não lhe dá Deus o Espírito por medida. 
35 O Pai ama o Filho, e todas as coisas entregou nas suas 
mãos. 
36 Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que 
não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele 
permanece.” 
 
Ao deixar Jerusalém Jesus se dirigiu com os seus discípulos 
para a região da Judeia, que ficava ao norte de Jerusalém, e 
ao sul de Samaria. 
Naquela ocasião estava fazendo convertidos que estavam 
sendo batizados não propriamente por Ele, mas pelos 
apóstolos conforme afirmado em João 4.2. 
Próximo do lugar em que Jesus se encontrava, João Batista 
estava também batizando na localidade de Enom, próximo de 
Salim. 
31 
 
Alguns pretenderam argumentar com João que somente ele 
tinha o direito de batizar nas águas para a purificação dos 
pecados; julgando que Jesus e os seus discípulos estavam se 
intrometendo na missão divina que João havia recebido para 
cumprir. 
Então, João se apressou em desfazer o equívoco, lhes 
explicando que ele era apenas o amigo do Noivo. A noiva de 
Cristo é a Igreja e João afirmou que ela não lhe pertence 
senão a Cristo. Ele estava alegre em ser apenas o amigo do 
Noivo. 
Não havia nenhuma intromissão de ministérios, mas uma 
clara definição de papéis de alguém que estava a serviço de 
Deus e que era terreno (João) e de Alguém para o qual 
existem todos os ministérios terrenos, e que é do céu (Cristo). 
Aqueles que haviam tomado partido de João contra Jesus, 
ainda que bem-intencionados necessitariam nascer de novo 
para que pudessem entender que era a Jesus que eles 
deveriam seguir e servir. 
Eles precisavam avançar do batismo de João para o batismo 
de Cristo. De uma visão natural do reino de Deus para uma 
visãoespiritual que poderiam ter somente estando em Cristo. 
Por isso João tratou de lhes ensinar a verdade relativa à sua 
missão que era apenas a de apontar Cristo aos homens para 
que pudessem ser salvos e ter vida eterna nEle. 
João sabia que o ofício que havia recebido do céu era 
temporário, e não eterno como o de Cristo. 
Assim o seu ministério diminuiria cada vez mais, e o de Cristo 
aumentaria e jamais cessaria. 
Ele fez questão de ressaltar que o testemunho que estava 
dando agora já havia sido dado por ele antes, a respeito de 
Jesus, de maneira que não cabiam aquelas colocações que 
seus discípulos estavam fazendo contra o batismo do Senhor, 
porque na verdade, importava que fossem batizados por Ele. 
Os discípulos de João estavam vendo a Cristo e seus apóstolos 
como rivais de João. 
32 
 
Nós devemos ter cuidado para não dividirmos o reino de Deus 
e a obra do evangelho por causa das nossas preferências 
pessoais a favor de pessoas e denominações. 
Todos aqueles que são verdadeiramente de Deus e que estão 
fazendo uma obra verdadeira que procede dEle, fazem parte 
do mesmo corpo e deveriam evitar este espírito dos 
discípulos de João, e seguir o exemplo do mestre deles, que 
se apressou em instruí-los quanto à unidade que há no reino 
de Deus, entre os diversos ministérios diferentes que o 
próprio Deus estabeleceu pelo Seu próprio poder. 
Apesar de muitos terem rejeitado as palavras celestiais e 
verdadeiras que Jesus estava pregando, no entanto, outros 
aceitariam o Seu testemunho destas coisas celestiais e 
divinas, confirmando que Deus é verdadeiro, pela 
transformação e poder que seriam operados em suas 
próprias vidas, conforme a doutrina que Jesus estava 
pregando, especialmente as da justificação, redenção, 
regeneração e santificação. 
Jesus não havia recebido uma medida do Espírito Santo, 
como os profetas do Velho Testamento e todos os demais 
servos de Deus, porque sendo divino, habitou nEle toda a 
plenitude do Espírito Santo, em todos os poderes e dons 
divinos, e isto explica a onisciência de Jesus em Seu ministério 
terreno como comprovou no caso de Natanael, da mulher 
samaritana, da moeda no ventre do peixe e em muitas outras 
ocasiões. 
Realmente o Espírito Santo habitava em Jesus de uma 
maneira singular, e por isso João disse que Ele não havia 
recebido de Deus Pai o Espírito por medida (v. 34). 
Foi do agrado do Pai que toda a plenitude habitasse no Filho, 
e por isso Lhe sujeitou todas as coisas; de maneira que a vida 
eterna é obtida somente pela fé no Filho de Deus, e todos 
aqueles que se mantêm rebeldes contra Cristo, a ira de Deus 
permanece sobre eles. 
 
 
33 
 
João 4 
 
Jesus Vai da Judeia para a Galileia - João 4 
 
“1 E quando o Senhor entendeu que os fariseus tinham 
ouvido que, ele, Jesus, fazia e batizava mais discípulos do que 
João 
2 (Ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os seus 
discípulos), 
3 Deixou a Judeia, e foi outra vez para a Galileia.” (João 4.1-
3) 
 
No capítulo anterior (3) nós vimos no verso 22 que Jesus havia 
entrado na Judeia depois da festa em Jerusalém, e agora ele 
havia deixado a Judeia cerca de quatro meses antes da 
colheita, como é dito no verso 35 deste quarto capítulo, de 
modo que isto é computado de modo a se entender que Jesus 
tinha permanecido na Judeia cerca de seis meses. 
Aqueles que se convertiam com a pregação de Jesus na Judeia 
eram batizados nas águas, não propriamente pelo próprio 
Jesus, mas pelos seus discípulos. 
O próprio João batizava os seus discípulos porque batizava 
como um servo, mas o batismo de Jesus era feito pelos 
apóstolos porque estes batizavam como servos daquele que 
era também o Senhor do próprio batismo de João. 
É dito que Jesus havia feito e batizado mais discípulos do que 
João, e isto certamente não somente naquela ocasião, mas 
muito mais do que João tivesse feito em todo o tempo do seu 
ministério, porque dos milagres, as curas, a palavra pregada 
pelos próprios lábios do Senhor, somente se poderia esperar 
um tal resultado, melhor do que o realizado através de 
qualquer homem. 
Quando os fariseus o souberam, que multidões estavam se 
convertendo e sendo batizadas, isto gerou uma grande inveja 
neles. Eles estavam certamente contentes com o fato de João 
34 
 
ter sido aprisionado, e pensavam que estavam livres de 
qualquer competição, mas agora surge um incômodo muito 
maior para eles na pessoa do próprio Jesus. 
O sucesso do evangelho sempre suscitará uma grande fúria 
naqueles que são seus inimigos. 
Como o Senhor seria perseguido duramente até mesmo à 
morte, e como não era ainda chegada a Sua hora, pois havia 
muita coisa ainda a ser realizada em Seu ministério, Ele 
decidiu deixar a Judeia e retornar à Galileia novamente. 
E como na Galileia não havia tantos religiosos como em 
Jerusalém com uma grande concentração de escribas e 
fariseus, Ele seria menos importunado lá. 
 
O Evangelho Vence o Preconceito - João 4 
 
Isto aprendemos especialmente na narrativa relativa ao 
encontro de Jesus com a mulher samaritana, conforme 
registrado no quarto capítulo do evangelho de João, capítulo 
4, versículos 4 a 42: 
 
Versiculos 4 a 26 
 
“4 E era-lhe necessário passar por Samaria. 
5 Foi, pois, a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, junto da 
herdade que Jacó tinha dado a seu filho José. 
6 E estava ali a fonte de Jacó. Jesus, pois, cansado do 
caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isto quase à 
hora sexta. 
7 Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-
me de beber. 
8 Porque os seus discípulos tinham ido à cidade comprar 
comida. 
9 Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, 
me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? 
(porque os judeus não se comunicam com os samaritanos). 
35 
 
10 Jesus respondeu, e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de 
Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, 
e ele te daria água viva. 
11 Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que a tirar, e 
o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva? 
12 És tu maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, 
bebendo ele próprio dele, e os seus filhos, e o seu gado? 
13 Jesus respondeu, e disse-lhe: Qualquer que beber desta 
água tornará a ter sede; 
14 Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá 
sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de 
água que salte para a vida eterna. 
15 Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água, para que 
não mais tenha sede, e não venha aqui tirá-la. 
16 Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido, e vem cá. 
17 A mulher respondeu, e disse: Não tenho marido. Disse-lhe 
Jesus: Disseste bem: Não tenho marido; 
18 Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu 
marido; isto disseste com verdade. 
19 Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta. 
20 Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em 
Jerusalém o lugar onde se deve adorar. 
21 Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que 
nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. 
22 Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que 
sabemos porque a salvação vem dos judeus. 
23 Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros 
adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque 
o Pai procura a tais que assim o adorem. 
24 Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem 
em espírito e em verdade. 
25 A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o 
Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo. 
26 Jesus disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo.” 
 
36 
 
Quando Jesus se dirigia da Judeia para a Galileia seria 
necessário passar por Samaria, e havia aqui um povo misto 
que era o resultado da união de israelitas com os povos que 
o rei da Assíria havia deixado lá depois do cativeiro das dez 
tribos, cerca de 722 a.C. 
Eles adoravam somente o Deus de Israel para o qual eles 
haviam erguido um templo no monte Gerizim, em 
competição com o templo de Jerusalém. 
Havia grande inimizade entre eles e os judeus, e foi por isso 
que os samaritanos não queriam darpousada a Jesus numa 
outra ocasião, porque o seu aspecto era como o de quem ia a 
Jerusalém (Lc 9.52,53). 
Tal era a inimizade entre eles que os judeus quando queriam 
ofender alguém chamavam a pessoa de “este samaritano”. 
É importante frisar que não era ainda o momento de se 
pregar o evangelho em Samaria ou em qualquer região dos 
gentios porque como o próprio Jesus afirmou, o seu 
ministério terreno seria junto à circuncisão, isto é, junto às 
ovelhas perdidas da casa de Israel, porque importava que o 
evangelho fosse primeiro pregado a eles, e em face da 
rejeição deles, seria estendido aos gentios. 
Então o que ocorreu com a mulher de Samaria e com aqueles 
que viriam a se converter através do testemunho dela, foi 
uma migalha que havia caído da mesa do Mestre, tal como 
ocorrera com a mulher sirofenícia. 
E, passando por Samaria rumo à Galileia, Jesus parou numa 
das cidades de Samaria de nome Sicar, porque ali havia uma 
fonte, e Ele estava cansado e sedento em razão da viagem. 
Nós vemos nisto, que Ele era verdadeiramente homem e 
estava sujeito às fraquezas e necessidades comuns da 
natureza humana. 
Vemos também, que Ele era pobre, senão estaria fazendo a 
sua viagem a cavalo ou em carruagens, mas como sempre, Ele 
viajava a pé. 
37 
 
Quando Jesus chegou em Samaria, os discípulos haviam ido à 
cidade comprar comida, mas Jesus ficou ali junto à fonte de 
exausto que estava. 
Nisto veio uma mulher de Samaria pegar água na fonte. 
Mas foi certamente pela Providência divina que ela foi 
inspirada a buscar água naquela hora do dia em que o sol 
estava muito forte. 
O Pai estava atraindo a pecadora ao Filho para que fosse 
salva. 
Jesus começou a sua conversa com a mulher samaritana 
pedindo-lhe que lhe desse de beber. 
Ele fez isso nem tanto pela sua própria necessidade mas pelo 
Seu desejo de recompensar aquela mulher pela oportunidade 
que estava lhe dando de servi-lo. 
A mulher não se negou a atender ao pedido de Jesus, mas 
estranhou que Ele apesar de ser um judeu estivesse falando 
com ela, por ser samaritana. 
Os judeus afirmavam que os samaritanos não teriam 
nenhuma parte na ressurreição e os excomungavam e os 
amaldiçoavam em nome de Jeová, e diziam que nunca 
comeriam nada das mãos de um samaritano, porque era o 
mesmo que estar comendo carne de porco. 
Então a mulher estranhou que um judeu (Jesus) estivesse lhe 
pedindo de beber. 
Ela ficou perplexa com o fato de Jesus não ter agido da 
maneira preconceituosa dos judeus. 
Ele não rejeitou se aproximar dela pelo fato de ter uma 
religião diferente da dEle, como teria feito qualquer outro 
judeu. 
Estas disputas religiosas podem endurecer de tal modo o 
coração que os homens são afastados da verdadeira religião 
que nos ordena amar os nossos inimigos, amar o nosso 
próximo, ser misericordiosos para com todas as pessoas. 
Então Jesus renunciou à objeção dela quanto à questão 
religiosa entre os judeus e samaritanos e nos deixou um 
exemplo nisto porque muitas diferenças são melhor curadas 
38 
 
sendo desprezadas, e evitando-se entrar em disputas acerca 
delas. 
Jesus conduziria aquela mulher à conversão sem esquentar o 
debate em torno do assunto de que a adoração dos 
samaritanos era cismática (embora o fosse), mas revelando a 
própria ignorância dela e imoralidade, e consequentemente 
a sua necessidade de um Salvador, porque Deus tem imposto 
o dever ao homem que Ele criou de que este seja santo, e que 
tenha coberta a sua dívida de pecados, e não é possível se 
chegar a isto sem um Salvador. 
Jesus iria ajudar aquela mulher samaritana a ver que Ele não 
era simplesmente um judeu cansado de sua viagem, mas o 
Messias do qual ela havia ouvido falar que viria ao mundo. 
Ele lhe disse que havia um dom de Deus que ela ignorava, e 
Ele falava de si mesmo, porque Ele é o dom de Deus aos 
homens, do qual dependem todos os demais dons, inclusive 
o próprio dom do Espírito Santo, porque se Ele não tivesse 
morrido na cruz, o Espírito não poderia ser dado. 
A mulher o tinha visto como um simples judeu viajante, mas 
Ele revelaria a ela que havia muito mais em relação a Ele que 
ela não sabia, e além do que se via apenas na aparência. 
Jesus é o dom de Deus, a riqueza do amor de Deus trazida a 
nós, e o tesouro mais rico de tudo que possa haver de bom 
para nós, e um tesouro que nos é dado gratuitamente sem 
que seja exigido qualquer mérito ou trabalho da nossa parte. 
E é um grande privilégio poder ter este presente de Deus que 
nos é oferecido, e ter uma oportunidade de abraçá-lo. 
Com o que disse acerca do dom de Deus, Jesus mostrou à 
samaritana que se ela O conhecesse não lhe teria dado uma 
resposta tão rude. 
Mas como aqueles que desejam conhecer a Cristo terão que 
procurá-lo, ainda que Ele esteja muito próximo deles, tal 
como aquela mulher samaritana, Ele continuaria em seu 
diálogo com ela para poder facilitar o encontro que a 
transformaria numa filha de Deus. 
39 
 
E é exatamente isto que Ele continua fazendo até hoje, para 
que possa ser achado por aqueles que O buscam. 
Ele lhes ajuda na sua cegueira e morte espiritual por causa do 
pecado para que possam vir a enxergar e a viver, de modo 
que possam se comunicar com Deus e adorá-lo em espírito, 
tendo uma vez sido vivificados pela vida eterna que há em 
Cristo, o dom de Deus aos pecadores, para que possam sair 
do estado de completa incomunicabilidade com as coisas 
espirituais, celestiais e divinas em razão da separação que foi 
ocasionada pelo pecado original. 
Então Jesus diz à mulher que caso ela O conhecesse, porque 
é Ele que é o dom de Deus, Ele lhe daria água viva. 
Jesus estava então prometendo uma fonte espiritual que 
jorra continuamente no interior dos que O conhecem. 
Uma fonte que sacia completamente a sede da alma, porque 
as graças e os confortos do Espírito Santo satisfazem à alma, 
porque somente esta água viva pode satisfazer às 
necessidade da alma. 
Nada mais poderá saciá-la. 
E Jesus dará o Espírito Santo a todo aquele que lho pedir. 
É por isso que Ele disse à samaritana que o faria caso ela lhe 
pedisse água viva. 
Mas, a mulher não entendeu que Ele falava de coisas 
espirituais, e pensou que ele estivesse se referindo a uma 
fonte de água natural que fluísse continuamente, e que ela 
era o proprietário dela. 
Ela falou da impossibilidade dele fazê-lo, porque não era 
maior do que o patriarca de todos os judeus (Jacó) que havia 
deixado aquele poço como herança a eles. 
Como boa conhecedora da região, ela devia saber que não 
havia nas cercanias um poço melhor do que aquele tal a sua 
grande profundidade. 
E como Jesus poderia cavar mais fundo do que aquilo? Como 
ele poderia tirar água de uma fonte escondida para ela, a não 
ser cavando muito? 
De onde ele tiraria tais águas? 
40 
 
Ela, como a maioria das pessoas, não consegue enxergar que 
Cristo tem o poder de abrir fontes onde bem Lhe aprouver. 
Ele pode fazer todo o bem quiser tanto em relação ao mundo 
natural; quanto ao espiritual, porque é o criador e 
sustentador de todas as coisas. 
Além disso, nós não precisamos saber de onde procede a 
fonte da vida que Ele nos concede, porque esta fonte se 
encontra escondida nEle próprio. 
Para nós basta sabermos que Ele é a fonte, e não é necessário 
saber como é que fluem todas as bênçãos através desta fonte 
para nós. 
Então Jesus lhe disse que a água do poço de Jacó era uma 
provisão que satisfazia necessidades passageiras, de modo 
que a água natural necessita ser bebida toda vez que se tem 
sede. 
Mas há uma água espiritual que extingue a sede espiritual 
definitivamente, de modo que a pessoa não mais morrerá de 
sede pelo temor de que esta água venha a lhe faltar 
futuramente, porque esta água, diferente da natural, jamais 
falha ou falta, e será provida pela eternidade afora. 
Apesar de Jesus ter dito à samaritana que a água viva que Ele 
lhe estava oferecendo era uma fonte para a vida eterna, ela 
continuou pensando apenas no que era natural e material e 
lhe pediu então que lhe desse daquela água para que não 
tivesse maiso trabalho de ter que ir àquele poço para buscar 
água. 
Então Jesus começaria a trabalhar diretamente na vida 
daquela mulher, derrubando as fortalezas da sua alma para 
que ela pudesse receber a verdade. 
Ele sabia que ela era uma pessoa sedenta de vida, mas estava 
tentando satisfazer esta sede da maneira errada pois já se 
encontrava no seu sexto relacionamento conjugal. 
Ela estava buscando no homem aquilo que somente pode ser 
achado em Deus, a saber, descanso e paz para a nossa alma. 
41 
 
Jesus, conhecedor deste fato, por revelação espiritual, fez 
com que aquela mulher entendesse que Ele era mais do que 
um simples judeu viajante. 
Quando a mulher samaritana manifestou interesse em 
receber a água prometida, ainda que não estivesse 
entendendo que Ele lhe falava de realidades espirituais, Jesus 
pediu que ela fosse chamar o seu marido, e que viesse com 
ele à Sua presença. 
A mulher foi sincera em dizer que não tinha marido, e Jesus 
não somente confirmou que ela não havia casado com o 
homem com que ela se relacionava, como também havia tido 
cinco maridos antes dele. 
Isto gerou na mulher a convicção de que Jesus era um profeta, 
conforme ela mesma declarou. 
Assim, o Senhor lhe ensinaria que o Messias procederia de 
Israel, e não de Samaria, como também lhe mostraria que a 
questão da verdadeira adoração não dependeria mais do 
lugar certo para adorar, com a Sua chegada, como era exigido 
na Antiga Aliança (no templo de Jerusalém), porque a Nova 
Aliança ampliaria totalmente a questão do lugar certo da 
adoração do templo de Jerusalém, para o próprio corpo do 
adorador, porque toda adoração deve ser em espírito, uma 
vez que Deus é espírito, e também em verdade, porque Deus 
é a verdade. 
 
Versículos 27 a 42 
 
“27 E nisto vieram os seus discípulos, e maravilharam-se de 
que estivesse falando com uma mulher; todavia nenhum lhe 
disse: Que perguntas? ou: Por que falas com ela? 
28 Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, e foi à cidade, e disse 
àqueles homens: 
29 Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto tenho 
feito. Porventura não é este o Cristo? 
30 Saíram, pois, da cidade, e foram ter com ele. 
42 
 
31 E entretanto os seus discípulos lhe rogaram, dizendo: Rabi, 
come. 
32 Ele, porém, lhes disse: Uma comida tenho para comer, que 
vós não conheceis. 
33 Então os discípulos diziam uns aos outros: Trouxe-lhe, 
porventura, alguém algo de comer? 
34 Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade 
daquele que me enviou, e realizar a sua obra. 
35 Não dizeis vós que ainda há quatro meses até que venha a 
ceifa? Eis que eu vos digo: Levantai os vossos olhos, e vede as 
terras, que já estão brancas para a ceifa. 
36 E o que ceifa recebe galardão, e ajunta fruto para a vida 
eterna; para que, assim o que semeia como o que ceifa, 
ambos se regozijem. 
37 Porque nisto é verdadeiro o ditado, que um é o que 
semeia, e outro o que ceifa. 
38 Eu vos enviei a ceifar onde vós não trabalhastes; outros 
trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho. 
39 E muitos dos samaritanos daquela cidade creram nele, 
pela palavra da mulher, que testificou: Disse-me tudo quanto 
tenho feito. 
40 Indo, pois, ter com ele os samaritanos, rogaram-lhe que 
ficasse com eles; e ficou ali dois dias. 
41 E muitos mais creram nele, por causa da sua palavra. 
42 E diziam à mulher: Já não é pelo teu dito que nós cremos; 
porque nós mesmos o temos ouvido, e sabemos que este é 
verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo.”. 
 
Logo depois que Jesus revelou à samaritana que Ele era o 
Messias, os seus discípulos chegaram e ficaram admirados 
que Ele estivesse conversando com uma mulher, e ainda por 
cima samaritana. 
Jesus não agiria em nome dos costumes de Israel e nem 
discriminaria a ignorância dos samaritanos, mas lhes falaria 
como se fosse um deles para poder salvá-los. 
43 
 
E vendo os bons motivos, como sempre havia no Senhor 
deles, os discípulos não ousaram lhe perguntar sobre o que 
estava conversando com a samaritana, e esta deixou até 
mesmo de lado o cântaro de água porque a água viva que 
estava agora nela a impulsionou a dar testemunho acerca de 
Jesus como sendo o Messias esperado. 
Ela já tinha esta convicção no seu coração de que Ele era o 
Messias, mas colocou para os seus conterrâneos que eles o 
constatassem por si mesmos vindo a ter com Ele. 
Por isso ela falou com eles na forma de pergunta: “Vinde, 
vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. 
Porventura não é este o Cristo?” (v. 29), como a dizer: “já que 
Ele me disse tudo quanto tenho feito, como poderia deixar de 
ser o Cristo que nós aguardamos?” 
O Senhor sabia que o Pai atrairia outros a ele ali naquela 
região de Samaria, e por isso se recusou a comer ainda que os 
discípulos insistissem com Ele, porque sabiam o 
quanto estava faminto, tanto quanto eles. 
Mas Jesus se recusou terminantemente a fazê-lo porque 
sabia que havia ainda muito trabalho a fazer pela pregação 
do evangelho aos samaritanos que viriam ao seu encontro 
por causa do testemunho da samaritana. 
Ela havia deixado a água para trás para cuidar dos interesses 
do reino de Deus, e o Mestre dela estava deixando também a 
necessidade de se alimentar fisicamente por causa da sede e 
fome espiritual que seria saciada de muitos com a conversão 
deles pela Palavra de salvação que o Senhor lhes anunciaria. 
Jesus fez a honra de se fazer conhecido à samaritana, e agora 
ela estava dando-Lhe a honra de fazê-lo conhecido a outros. 
A samaritana se tornou uma missionária na sua cidade. 
Jesus havia desvendado a condição da vida interior 
pecaminosa da samaritana para que ela pudesse conhecer a 
sua real condição perante Deus que exige santidade daqueles 
que dEle se aproximam. 
Jesus não somente fez o diagnóstico da doença como 
prescreveu a ela o remédio, a saber, o arrependimento e a fé 
44 
 
nEle, para que ela recebesse a água viva que Ele havia 
prometido. 
Foi a isto que ela certamente se referiu quando disse aos 
samaritanos da cidade que o Senhor havia dito a ela tudo 
quanto ela havia feito. 
A mulher convenceu os samaritanos a conversarem com 
Jesus não para satisfazerem à curiosidade deles, mas para 
constatarem por si próprios que Ele era de fato o Messias 
pelas coisas que diria a eles, e pelo poder que havia nas Suas 
palavras. 
Toda aquela maravilhosa pesca de homens fez com que Jesus 
se esquecesse do Seu próprio cansaço e fome, e certamente 
Ele foi fortalecido em Sua fraqueza física, pelo Espírito Santo, 
para realizar o trabalho que deveria fazer para a glória do Pai, 
cumprindo a Sua missão de Salvador do mundo. 
O trabalho que Jesus fazia para o Pai era a Sua comida e 
bebida. 
A mulher samaritana havia feito o trabalho de evangelização 
que os próprios discípulos não haviam feito em Samaria, e 
agora, cabia a eles, firmar aqueles discípulos na verdade e 
orientá-los sobre o modo como deveriam viver para o inteiro 
agrado de Deus. 
Assim, eles estariam ceifando as almas que a mulher 
samaritana havia plantado com o seu testemunho e 
evangelização. 
Para esta colheita de almas não há necessidade de se esperar 
meses como ocorre com a colheita de cereais. 
O campo estará sempre pronto para ser ceifado porque Deus 
não somente nos prometeu uma colheita todos os anos, mas 
todos os meses, semanas e dias. 
Sempre é tempo de se colher na Sua lavoura espiritual. 
Tal foi a alegria da salvação entre os samaritanos que eles 
insistiram que Jesus permanecesse entre eles, e o Senhor se 
permitiu permanecer ali ainda dois dias. 
45 
 
Nós lembramos que ele estava a caminho da Galileia, mas Ele 
sempre se deterá onde quer que haja alguém que o hospede 
em seu coração. 
Assim, foi preanunciada naqueles samaritanos a boa 
recepção que os gentios dariam ao Senhor e à Palavra do 
evangelho, diferentemente da grande maioria dos judeus, 
para os quais Ele viera, e que o estavam rejeitando e que 
ainda rejeitariam. 
Deus iria provar então, que um verdadeiro israelita não é 
conhecido pela circuncisão do prepúcio, mas pela circuncisão 
do coração.A Cura do Filho de um Nobre João 4 
 
“43 E dois dias depois partiu dali, e foi para a Galileia. 
44 Porque Jesus mesmo testificou que um profeta não tem 
honra na sua própria pátria. 
45 Chegando, pois, à Galileia, os galileus o receberam, vistas 
todas as coisas que fizera em Jerusalém, no dia da festa; 
porque também eles tinham ido à festa. 
46 Segunda vez foi Jesus a Caná da Galileia, onde da água 
fizera vinho. E havia ali um nobre, cujo filho estava enfermo 
em Cafarnaum. 
47 Ouvindo este que Jesus vinha da Judeia para a Galileia, foi 
ter com ele, e rogou-lhe que descesse, e curasse o seu filho, 
porque já estava à morte. 
48 Então Jesus lhe disse: Se não virdes sinais e milagres, não 
crereis. 
49 Disse-lhe o nobre: Senhor, desce, antes que meu filho 
morra. 
50 Disse-lhe Jesus: Vai, o teu filho vive. E o homem creu na 
palavra que Jesus lhe disse, e partiu. 
51 E descendo ele logo, saíram-lhe ao encontro os seus 
servos, e lhe anunciaram, dizendo: O teu filho vive. 
52 Perguntou-lhes, pois, a que hora se achara melhor. E 
disseram-lhe: Ontem às sete horas a febre o deixou. 
46 
 
53 Entendeu, pois, o pai que era aquela hora a mesma em que 
Jesus lhe disse: O teu filho vive; e creu ele, e toda a sua casa. 
54 Jesus fez este segundo milagre, quando ia da Judeia para 
a Galileia.” (João 4.43-54) 
 
Jesus teve uma grande acolhida entre os samaritanos, mas 
importava pregar o evangelho em todas as partes de Israel, e 
por isso ele partiu dois dias depois para a Galileia. 
Ele não retornou para Nazaré, cidade onde residiu até 
começar o Seu ministério, porque havia testificado que um 
profeta não tem honra na sua própria terra, entre aqueles 
que conviveram com ele, porque sempre o olharão como 
mero homem e não enxergarão a comissão e a autoridade 
divina que recebeu do alto para ministrar com poder. 
Por isso os ministros do evangelho não devem se aplicar em 
permanecer em lugares em que não sejam respeitados e não 
recebam a devida honra que lhes é devida, por estarem 
comissionados por Deus para fazer a Sua obra. 
Mas na Galileia Jesus foi bem acolhido pelos galileus não 
como mero homem, mas como profeta, porque haviam visto 
as coisas que Ele havia feito em Jerusalém, quando lá 
estiveram na festa da páscoa. 
Quando chegou em Caná da Galileia, pela segunda vez, 
porque lá estivera antes quando transformou água em vinho; 
veio ao seu encontro um nobre de Cafarnaum cujo filho 
estava à morte. 
Cafarnaum estava situada ao lado de Betsaida e Corazim, 
cidades endurecidas para o evangelho, e Jesus não havia 
recebido a devida acolhida deles. 
Talvez o motivo de ter se recusado a descer com o nobre, para 
visitar seu filho em Cafarnaum, tenha sido o de que já teria 
sacudido a poeira dos Seus pés em relação àquela cidade, 
conforme vemos nos evangelhos sinópticos. 
No entanto, o Senhor não se negou a curá-lo diante da súplica 
humilde do seu pai. 
47 
 
Ele não iria à cidade, mas atenderia àqueles que daquela 
cidade lhe procurassem com fé. 
Assim Jesus curou aquele enfermo à distância, e quando o pai 
chegou em casa encontrou-o perfeitamente são, e os seus 
servos confirmaram que a hora em que ele foi restabelecido 
foi justamente a hora em que Jesus havia liberado a Sua 
palavra de ordem para que ele fosse curado. 
Jesus deixou evidenciado para aquele nobre, antes de curar o 
seu filho, que crer nEle para a salvação é mais importante do 
que receber dEle um sinal ou maravilha. 
O milagre da cura seria uma maravilha e um sinal que Ele 
operaria, mas não é efetivamente o melhor caminho para se 
crer nEle, porque há muitos falsificadores e enganadores 
espalhados por Satanás, pelo mundo afora, que também 
realizam sinais e maravilhas para enganar os incautos, 
mantendo-os na incredulidade deles em relação à Palavra de 
Deus, na qual importa crermos para sermos salvos. 
É dito que o nobre e toda a sua casa creram diante da 
evidência da cura, mas não podemos atestar acerca da 
qualidade da fé deles, isto é, se foi a fé que salva, ou 
simplesmente fé para ser curado, tal como a dos judeus das 
cidades que creram para serem curados mas que não se 
arrependeram dos seus pecados, de maneira que receberam 
a justa repreensão de Jesus, dizendo-lhes que Sodoma e 
Gomorra achariam menos rigor no juízo do que tais cidades 
(Mt 10.15; 11.24). 
Muitos procuram Jesus apenas para serem aliviados de suas 
aflições, de suas circunstâncias difíceis, mas lhe negam a 
honra que é devida de ser servido e adorado como Senhor. 
Mas temos que reconhecer que há muitos que são como 
Tomé, os quais creem com fé salvadora, mas somente se 
virem sinais e prodígios. 
O Senhor, julga mais bem-aventurado que se creia sem ver, 
porque isto honra a Sua Pessoa, por uma fé que não necessita 
de evidências para crer na Sua Palavra. 
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Afinal, a essência da fé não é a convicção daquilo que vemos, 
mas daquilo que não vemos; e também não é a incerteza do 
que esperamos; mas a plena certeza de que o Senhor é fiel e 
cumprirá tudo o que tem prometido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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João 5 
 
A Cura do Enfermo do Tanque de Betesda 
 
“1 Depois disto havia uma festa entre os judeus, e Jesus subiu 
a Jerusalém. 
2 Ora, em Jerusalém há, próximo à porta das ovelhas, um 
tanque, chamado em hebreu Betesda, o qual tem cinco 
alpendres. 
3 Nestes jazia grande multidão de enfermos, cegos, mancos e 
paralíticos, esperando o movimento da água. 
4 Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e 
agitava a água; e o primeiro que ali descia, depois do 
movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que 
tivesse. 
5 E estava ali um homem que, havia trinta e oito anos, se 
achava enfermo. 
6 E Jesus, vendo este deitado, e sabendo que estava neste 
estado havia muito tempo, disse-lhe: Queres ficar são? 
7 O enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho homem 
algum que, quando a água é agitada, me ponha no tanque; 
mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim. 
8 Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma o teu leito, e anda. 
9 Logo aquele homem ficou são; e tomou o seu leito, e 
andava. E aquele dia era sábado. 
10 Então os judeus disseram àquele que tinha sido curado: É 
sábado, não te é lícito levar o leito. 
11 Ele respondeu-lhes: Aquele que me curou, ele próprio 
disse: Toma o teu leito, e anda. 
12 Perguntaram-lhe, pois: Quem é o homem que te disse: 
Toma o teu leito, e anda? 
13 E o que fora curado não sabia quem era; porque Jesus se 
havia retirado, em razão de naquele lugar haver grande 
multidão. 
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14 Depois Jesus encontrou-o no templo, e disse-lhe: Eis que 
já estás são; não peques mais, para que não te suceda alguma 
coisa pior. 
15 E aquele homem foi, e anunciou aos judeus que Jesus era 
o que o curara. 
16 E por esta causa os judeus perseguiram a Jesus, e 
procuravam matá-lo, porque fazia estas coisas no sábado.” 
(João 5.1-16) 
 
Deus havia proibido aos israelitas, debaixo da Antiga Aliança, 
que se fizesse no dia de sábado atividades que visassem ao 
lucro e interesse próprios ou aquelas coisas que se fazem 
habitualmente nos demais dias da semana, de maneira que 
houvesse uma atitude de coração voltada para a consagração 
do dia do descanso à Sua adoração. 
No entanto, nunca foi o Espírito da lei de Moisés, impedir a 
realização de qualquer tipo de ação neste dia, conforme os 
fariseus estavam ensinando o povo nos dias de Jesus. 
Eles confundiram consagração com ociosidade total, criando 
um preceito humano que nunca estivera sequer no 
pensamento de Deus. 
Jesus nunca descumpriria qualquer preceito da Lei que Ele 
mesmo havia dado a Moisés, porque importava que fosse em 
tudo obediente perfeitamente à Lei, para que pudesse 
morrer no lugar dos pecadores. 
Mas depois da Sua morte e ressurreição Ele revogaria a 
Antiga Aliança pela inauguração da Nova Aliança no Seu 
sangue, e consequentemente os preceitos civis e cerimoniais 
da Lei de Moisés, inclusive as prescrições relativas ao Sábado 
sagrado dos judeus, seriam revogados. 
Era de se esperar que Deus manifestasse

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