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Silvio Dutra Lei x Graca



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Lei 
X 
Graça 
 
 
 
 
 
 
Silvio Dutra 
 
 
 
 
 
DEZ/2015 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A474 
 Alves, Silvio Dutra 
 Lei x Graça./ Silvio Dutra Alves. – Rio de 
 Janeiro, 2015. 
 402p.; 14,8x21cm 
 
 1. Teologia. 2. Alianças. 3. Condenação 
 4. Testamentos. 5. Justificação. 6. Libertação 
 I. Título. 
 
 CDD 230 
 
3 
Sumário 
 
Introdução..................................................... 6 
É Irrevogável e Indissolúvel Porque é 
Eterna........................................................... 
 
 10 
Deixar que a Graça nos Conduza................ 12 
Não é por Persuasão, mas por Graça.......... 14 
A Graça Está Destinada a Vencer................ 16 
Senhor Justiça Nossa................................... 22 
A Firmeza da Nossa Aliança com Cristo....... 27 
O Que é Estar Debaixo da Graça e Não da 
Lei................................................................. 
 
 34 
A Graça não Condena.................................. 38 
Graça Sobre Graça....................................... 42 
A Troca da Antiga Aliança pela Nova........... 44 
Jesus Não Veio Condenar Mas Salvar......... 56 
A Justiça do Evangelho Não é Juízo............ 59 
O Real Significado da Graça......................... 62 
Uma Nova Aliança Diferente da Antiga......... 65 
Uma Aliança Firmada em Graça................... 67 
A Bênção da Graça Perdoadora................... 73 
A Graça Está Sujeita a Decadências............ 81 
Alianças e Dispensações Para um Único 
Propósito....................................................... 
 
 83 
A Graça Nunca Desconsidera o Viver 
Pecaminoso.................................................. 
 
 94 
A Graça se Manifesta na Nossa Fraqueza... 101 
A Justiça do Evangelho Testemunhada pela 
Lei e pelos Profetas...................................... 
 
106 
A Justiça Manifestada sem Lei..................... 111 
A Luz da Lei e a do Evangelho..................... 122 
É Pela Graça mas Não é Fácil Conforme 
Possa Parecer .............................................. 
 
124 
Impossível para a Lei mas Não para a 
Graça que Opera pela Fé............................. 
 
126 
4 
Uma Graça que Cresce................................ 131 
Todo Mérito é da Graça................................ 132 
O Recebimento é Gratuito Mas é 
Condicional................................................... 
 
138 
Graça............................................................ 140 
Justa Cooperação da Graça com a Vontade 
Consciente.................................................... 
 
143 
A Dispensação do Espírito Santo................. 145 
A Graça Opera Pela Obediência.................. 149 
A Graça Supera a Aflição............................. 151 
Cobre como as Águas do Dilúvio................. 154 
A Graça não Condena.................................. 156 
O Modo de Concessão da Graça.................. 160 
A Aliança da Graça – 2 Samuel 7................. 162 
Características do Evangelho Verdadeiro..... 171 
Como Saber Qual é o Evangelho 
Verdadeiro?................................................... 
 
174 
O Evangelho Não Condena.......................... 179 
Por Que Jesus Não Veio Condenar?............ 182 
O Que é Estar Debaixo da Graça e Não da 
Lei................................................................. 
185 
Aceitos por Causa da Justificação................ 189 
Quem Condenará a Quem Deus Justifica?.. 191 
Resgatados da Ira e da Maldição................. 194 
Cristo, Nossa Redenção, Justiça e 
Santificação................................................... 
 
196 
O Que é a Antiga Aliança.............................. 243 
O Que é a Nova Aliança............................... 246 
A Graça Exige Perseverança........................ 261 
Pregar o Evangelho a Toda Criatura............ 273 
Uma Nova Esperança para Adúlteros e 
Ladrões......................................................... 
 
283 
O Que é a Caducidade da Letra................... 295 
O Jugo da Lei de Moisés e o de Jesus......... 299 
Fazer a Vontade de Deus é Mais do que 
Cumprir a Lei Moral....................................... 
 
307 
5 
Como o Crente Está Morto Para a Lei?....... 312 
O Espírito Santo é uma Promessa da Nova 
Aliança.......................................................... 
 
317 
A Antiga Aliança Era Figura da Nova............ 328 
A Finalidade da Lei....................................... 332 
Jesus Livrou o Crente do Jugo da Lei........... 338 
Breve Comentário de Gálatas 4.................... 342 
Breve Comentário de Gálatas 5.................... 370 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
Introdução 
 
Há cerca de vinte anos, em uma visão noturna, 
vi escrito em letras douradas gigantes as 
palavras do nosso título, como se estivessem em 
chamas, escritas exatamente na forma como as 
estamos apresentando. 
Junto com a visão fui instruído em espírito com 
as seguintes palavras: “você escreverá um livro 
sobre este assunto”. 
Ao que repliquei: “Senhor tu conheces a 
dificuldade que tenho para entender de modo 
adequado qual é a relação que existe entre a lei 
e a graça. 
Ao que simplesmente respondeu: “eu te darei 
entendimento”. 
Era uma madrugada fria de inverno, e por cerca 
de três horas despertei do meu sono, e ainda 
naquela mesma noite comecei a escrever, com 
a Bíblia aberta à minha frente, as coisas que me 
vinham à mente na referida ocasião. 
Animado pela visão comecei a estudar o assunto 
com maior afinco e recordo que cheguei a 
preparar um esboço de livro com cerca de cento 
e cinquenta página, todavia, sentia que algo de 
substancial faltava à minha exposição, de 
maneira que não tendo desistido de prosseguir 
7 
interessado no tema, abandonei a ideia de 
escrever o livro. 
Posteriormente, em nova revelação, cerca de 
dez anos depois da primeira, foi-me ordenado 
em sonho que “fosse aos puritanos e a Martyn 
LLoyd Jones”, sem que nada mais fosse 
acrescentado. 
Até a ocasião, por incrível que possa parecer, 
pois já havia sido ordenado ao pastorado, nunca 
tinha ouvido falar sobre os mesmos. 
Creio que esta instrução tinha a ver com a 
primeira visão, para que eu fosse conduzido a 
um melhor entendimento do significado do 
Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, e como 
é que a Lei de Deus se relaciona a ele. 
Desde então, comecei a escrever 
abundantemente sobre o assunto em diversos 
artigos, sem no entanto condensá-los em um 
livro – tarefa à qual estou me entregando neste 
fim do ano de 2015. 
Em vez de apresentar o assunto de forma 
didática e acadêmica, optei por uma forma mais 
direta e simples, sem me ater a qualquer arranjo 
prévio quanto à divisão do assunto em capítulos. 
Na verdade, se o fizesse, ficaria muito limitado 
no desenvolvimento do tema, pois quantos 
capítulos seriam suficientes para abranger de 
modo profundo um assunto que é em sua 
8 
natureza infinito e eterno, a saber, o da lei e a 
graça de Deus? 
Com a apresentação livre dos diversos artigos, 
cremos que poderemos observar melhor o 
assunto em seus diversos ângulos, de modo a 
obtermos uma maior compreensão de tudo o 
que é de vital importância para o nosso 
conhecimento. 
Estamos fazendo uma consideração prática do 
tema porque ele tem muito a ver com a nossa 
vida prática. 
Não se trata de algo para apenas satisfazera 
nossa curiosidade ou desejo de ampliar nossos 
conhecimentos, mas temos diante de nós algo 
que se relaciona à vida ou à morte; à bênção ou à 
maldição eternas. 
Como poderíamos então tratá-lo de modo 
descuidado ou não objetivo? 
Tenho testemunhado que muitos que andavam 
na graça, vieram a decair da mesma, e não 
acharam qualquer auxílio na Lei para serem 
reerguidos. 
Como pode ser então isto? 
Não é a Lei proveniente do mesmo Deus de toda 
a graça? 
9 
Esta e muitas outras questões serão respondidas 
ao longo das páginas deste livro, que espero, seja 
de grande ajuda para reerguer os caídos e 
manter em firmeza os que continuam de pé na 
presença do Senhor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
É Irrevogável e Indissolúvel Porque é 
Eterna 
 
Deus fez uma aliança eterna com os cristãos, e 
prometeu isto desde os dias dos profetas, e o 
prometeu especialmente a Davi. 
Sendo eterna não pode ser anulada. 
Sendo aliança em seu caráter matrimonial onde 
Ele é o esposo, e a igreja a noiva, o que se requer 
então dos aliançados é que eles sejam fiéis. 
Deus sempre será fiel porque não pode se negar 
a si mesmo. 
Todavia, os cristãos, por causa do resquício de 
corrupções que remanescem na natureza 
terrena, são exortados a serem fiéis em tudo 
durante a sua peregrinação terrena, porque, tal 
casamento, do Criador com a criatura, requer 
isto. 
Deus continuará amando seus filhos adúlteros, 
mas os sujeitará à disciplina da aliança. 
Ele não os repudiará porque tem prometido 
manter o compromisso por toda a eternidade. 
Diante de tal caráter imutável da promessa que 
Ele fez, não resta aos aliançados senão a 
alternativa de serem também fiéis, de modo que 
11 
se viva de modo agradável Àquele com os quais 
se aliançaram numa união de amor indissolúvel 
e eterno. 
Ao falar do caráter eterno da Nova Aliança que 
faria com os crentes por meio da fé em Jesus 
Cristo, Deus disse que esta consistiria na fiéis 
misericórdias que havia prometido a Davi. 
“Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a 
vossa alma viverá; porque convosco farei uma 
aliança perpétua, que consiste nas fiéis 
misericórdias prometidas a Davi.” (Isaías 55:3) 
Esta promessa de Isaías 55.3 foi confirmada em 
Atos 13.34. 
Davi fizera menção ao caráter eterno desta 
aliança em suas últimas palavras antes de 
morrer: 
“Não está assim com Deus a minha casa? Pois 
estabeleceu comigo uma aliança eterna, em 
tudo bem definida e segura. Não me fará ele 
prosperar toda a minha salvação e toda a minha 
esperança?” (II Samuel 23.5) 
 
 
 
 
12 
Deixar que a Graça nos Conduza 
 
“Por isso, pondo de parte os princípios 
elementares da doutrina de Cristo, deixemo-
nos levar para o que é perfeito,” (Hebreus 6.1) 
Este “deixemo-nos levar para o que é perfeito” 
se refere à vocação de Deus para todos os 
cristãos de crescerem na graça e no 
conhecimento de Jesus Cristo, até a estatura de 
varão perfeito. 
Não que eles chegarão ao estado de perfeição 
moral absoluta sem qualquer pecado enquanto 
estiverem neste mundo, mas que devem chegar 
à perfeição espiritual, à plenitude do 
desenvolvimento das suas faculdades, para 
poderem discernir tanto o bem quanto o mal, o 
que é possível somente para aqueles que 
chegarem à plenitude do seu amadurecimento 
espiritual, de maneira a estarem aptos a darem 
um correto e adequado testemunho da verdade, 
no poder do Espírito (Pv 4.18; I Cor 2.6; II Cor 
13.11; Ef 4.13; Fp 3.15; Col 1.28; 2.6; 4.12; II Tim 
3.16,17; Hb 5.12-14; Tg 1.4). 
Esta perfeição é atingida se aperfeiçoando a 
santidade no crescimento da graça e do 
conhecimento de Jesus Cristo (II Cor 7.1; Ef 4.12; 
Hb 13.21; I Pe 5.10). 
13 
Do mesmo modo que há uma perfeição a ser 
esperada no porvir que é total e absoluta, sem 
qualquer pecado, há também uma perfeição que 
é para ser buscada e atingida enquanto ainda 
estamos neste mundo e que se refere ao nosso 
amadurecimento espiritual pelo crescimento 
progressivo em santificação até atingir tal 
medida de perfeição que foi proposta por Deus 
aos cristãos, e conforme foi exigida ao próprio 
Abraão: “Anda na minha presença e sê 
perfeito.” (Gên 17.1). 
O cristão deve ser confirmado por Deus, depois 
de ter sido aperfeiçoado na fé, no amor e na 
esperança, pela renovação de sua mente e 
caráter, através do processo da santificação. 
Somente assim, poderá se achar fortificado e 
fundamentado (I Pe 5.10). 
Assim, o “deixemo-nos levar” do texto significa 
permitir e cooperar voluntariamente com 
trabalho da graça na nossa vida, especialmente 
pela paciência nas tribulações e aflições. 
Sabendo que tudo coopera juntamente para o 
seu bem o cristão perseverante na fé e na 
santificação há de experimentar graus cada vez 
maiores desta perfeição relativa ao seu 
amadurecimento espiritual, conforme lhes 
serão concedidos por Deus. 
 
 
14 
Não é por Persuasão, mas por Graça 
 
Uma pessoa não é salva por Cristo por meio de 
argumentos humanos persuasivos. 
Ainda que alguém pudesse compreender 
nocionalmente todos os mistérios espirituais 
concernentes à justificação pela fé, à 
regeneração e santificação do Espírito Santo, ele 
não poderia ser salvo e santificado a menos que 
estas realidades espirituais lhe fossem 
comunicadas de modo experimental pela graça 
divina. 
Sem uma experiência real de conversão, sem 
que o próprio Espírito Santo opere em nós esta 
salvação, continuaremos os mesmos de sempre, 
só que com a diferença de possuir agora 
conhecimentos religiosos. 
Por isso a fé não é apenas o assentimento da 
nossa mente às verdades reveladas, ou seja, a 
nossa aceitação de que a Palavra de Deus seja a 
verdade. 
Além deste assentimento é necessário a 
confiança em Cristo que nos leva a nos entregar 
inteiramente a Ele e ao Seu trabalho e cuidado. 
Isto consiste em se apropriar do conhecimento 
da verdade ao qual demos o nosso assentimento 
que se torna real e prático na nossa confiança no 
15 
Senhor e na disposição de cumprir os Seus 
mandamentos e vontade. 
Deus honrará este tipo de fé que é mais do que 
mero conhecimento e assentimento relativo à 
verdade. 
E responderá com a concessão da Sua graça e 
poder para operar a nossa transformação 
(conversão, santificação etc). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
A Graça Está Destinada a Vencer 
 
Satanás arremete contra nós, procurando nos 
destruir, quando estamos enfraquecidos e 
doloridos. 
Tal como Simeão e Levi deram sobre os 
siquemitas, quando estavam abatidos em dores, 
pela circuncisão (Gên 34.25). 
Todavia, Cristo nos fortalece na nossa fraqueza, 
e habita com o quebrantado de coração (Is 61.1). 
Não desprezemos o trabalho de humilhação de 
nossas almas, pelo qual o Senhor administra a 
nós a Sua graça em maior medida. 
Sempre é deixado algo para que os cristãos 
lutem, de modo que entendamos que 
necessitamos de Cristo, para que possamos 
exalar o Seu bom perfume. 
Mas ainda que possa parecer um paradoxo, são 
estes corações quebrados como canas, e estes 
pavios fumegantes que fazem as orações mais 
preciosas diante de Deus, por causa da 
dependência dos gemidos inexprimíveis do 
Espírito, através deles. 
Quão preciosas são para o Senhor as orações 
que fazemos com um coração quebrantado! 
17 
Assim, ao falarmos de pavio fumegante 
devemos ter em conta que isto tem o propósito 
de nos lembrar que a menor fagulha da graça é 
preciosa. 
Há uma bênção especial nesta pequena faísca. 
Jesus não veio salvar justos e sãos, mas 
pecadores e enfermos. 
Deus se agradade que nos alegremos com os 
humildes começos. 
Ele se agrada em usar grãos de mostarda e 
formar grandes arbustos a partir destas 
pequenas sementes. 
Ele preferiu a pequena cidade de Belém Efrata, e 
não Jerusalém, para nos trazer o Salvador. 
Ele não começou a Igreja com pessoas notáveis, 
poderosas, nobres, importantes e nem mesmo 
com um grande número de seguidores. 
O Seu método é primeiro provar fidelidade no 
pouco, para depois conduzir ao muito. 
O Seu ministério é restaurador e nos deu um 
exemplo disto na reconstrução dos muros e 
portas de Jerusalém com Neemias. 
E muito mais do que muros e portas, Ele está 
interessado em restaurar vidas. E fará isto 
principalmente com paciência e amor. 
18 
Os pastores devem então, ser pessoas simples e 
humildes, seguindo o exemplo do Senhor deles, 
e exporem a verdade de maneira clara, e nunca 
de forma obscura. 
A verdade não teme algo tanto quanto o 
encobrimento, e não deseja algo tanto que seja 
exposta clara e abertamente à visão de todos. 
Daí Jesus ter dito que tudo o que ensinou 
reservadamente aos discípulos deveria ser 
proclamado de cima dos telhados. 
 Paulo era profundo, no entanto se tornou como 
ama acariciando seus filhos (I Tes 2.7), e se fez 
fraco com os fracos (I Cor 9.22). 
Cristo desceu do céu e se esvaziou de Sua 
majestade, para se oferecer a nós, como oferta 
suave de amor. E não desceremos de nossas 
elevadas vaidades para fazermos o bem a 
qualquer alma necessitada de salvação? 
Devemos nos guardar daquele espírito que em 
vez de exibir paciência, longanimidade, 
mansidão e misericórdia aos homens, 
demonstra fúria, exaltação e ira obstinada, 
ainda que em nome de fazer prevalecer a 
verdade. 
Devemos lembrar que não podemos fazer 
prevalecer a verdade agindo contra a verdade. 
19 
Devemos nos lembrar sempre que o fruto da 
justiça é semeado em meio à paz, sobretudo, a 
paz interior dos nossos corações, enquanto 
ministramos. 
No exercício da disciplina na Igreja devemos nos 
acautelar para não tentar matar uma mosca na 
testa de alguém com um martelo. O poder que é 
dado à Igreja é para edificação e não para 
destruição. 
O amor cobre uma multidão de transgressões. 
Não foi exatamente isto que Deus fez conosco ao 
perdoar todos os nossos pecados, quando nos 
salvou em Cristo? 
O Espírito Santo está contente em habitar em 
almas fumegantes e ofensivas. Que nós 
pudéssemos reter algo desta mesma disposição 
misericordiosa! 
A graça não reside em almas perfeitas neste 
mundo. Lembremos sempre disto. 
Como nenhum cristão se encontra em estado de 
perfeição absoluta deste outro lado do céu, 
então nós temos que nos exercitar sempre em 
espírito de misericórdia, de perdão e mansidão. 
Por isso, nunca devemos nos julgar, de acordo 
com os nossos sentimentos presentes, porque 
nas tentações nós veremos muita fumaça 
desprendendo de pensamentos incorretos. 
20 
Nós devemos nos precaver do falso raciocínio, 
porque nosso fogo não é como o dos demais, ou 
então por parecer que não há qualquer fogo em 
nós. 
As portas de Jerusalém estavam queimadas, 
mas Deus providenciou para que fossem 
restauradas através de Neemias, de forma que 
erraram todos aqueles que pensavam que 
Jerusalém permaneceria sem portas para 
sempre. 
 Devemos lembrar que estamos na Aliança da 
Graça, em que nem toda medida é como fogo 
pleno, pois há muita faísca, que deve ser 
também vista como chama. 
Todos os cristãos têm a mesma fé preciosa (II Pe 
1.1) por meio da qual obtiveram a perfeita justiça 
de Cristo. 
Uma mão fraca pode pegar uma joia preciosa. 
Algumas uvas mostrarão que a planta é uma 
videira e não um espinheiro. 
Uma coisa é ser deficiente na graça e outra coisa 
não ter qualquer graça. 
Deus sabe que nós não temos nada de nós 
mesmos, então na aliança da graça Ele não 
requer nada além do que Ele dá, e que sempre 
nos dá o que Ele requer. 
21 
Se não pudermos trazer um cordeiro, então 
permitirá que tragamos duas pombas e uma rola 
(Lev 12.8). 
O evangelho é uma moderação misericordiosa, 
em que a obediência de Cristo é estimada como 
sendo a nossa (Rom 5.19). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
Senhor Justiça Nossa 
 
No capítulo 23 de Jeremias o Senhor repreende 
a infidelidade e a corrupção dos sacerdotes e 
anciãos de Israel (pastores do povo naquela 
dispensação) e os profetas que falavam em Seu 
nome sem terem sido levantados por Ele, os 
quais haviam feito o Seu povo se desviar da Sua 
presença. 
O protesto de Deus se fundamenta no fato deles 
nunca terem ensinado a Sua Palavra, conforme 
fora revelada e escrita para eles, senão, aquilo 
que eles afirmavam ser a Sua Palavra, quando na 
verdade, era a própria palavra deles, ensinada 
para atender aos seus propósitos cobiçosos, 
interesseiros, carnais e egoístas. 
Isto pode ser visto claramente nas palavras de 
repreensão dirigidas contra eles como as da 
seguinte passagem: 
“28 O profeta que tem um sonho conte o sonho; 
e aquele que tem a minha palavra, fale fielmente 
a minha palavra. Que tem a palha com o trigo? 
diz o Senhor. 
29 Não é a minha palavra como fogo, diz o 
Senhor, e como um martelo que esmiúça a 
pedra? 
23 
30 Portanto, eis que eu sou contra os profetas, 
diz o Senhor, que furtam as minhas palavras, 
cada um ao seu próximo. 
31 Eis que eu sou contra os profetas, diz o 
Senhor, que usam de sua própria linguagem, e 
dizem: Ele disse.” (Jer 23.28-31). 
O efeito que era produzido no povo, de andarem 
contrariamente com o Senhor, era uma prova 
evidente de que a vida e o ensino destes pastores 
e profetas não eram segundo a verdadeira 
Palavra de Deus, porque o efeito dela é sempre o 
de produzir temor e santidade no Seu povo, 
como o próprio Senhor se expressou em relação 
a isto da seguinte maneira: 
“21 Não mandei esses profetas, contudo eles 
foram correndo; não lhes falei a eles, todavia 
eles profetizaram. 
22 Mas se tivessem assistido ao meu conselho, 
então teriam feito o meu povo ouvir as minhas 
palavras, e o teriam desviado do seu mau 
caminho, e da maldade das suas ações.” (v. 
21,22). 
O que eles ensinavam e profetizavam não 
provinha do céu senão dos seus próprios 
corações enganosos e corrompidos: 
“25 Tenho ouvido o que dizem esses profetas 
que profetizam mentiras em meu nome, 
dizendo: Sonhei, sonhei. 
24 
26 Até quando se achará isso no coração dos 
profetas que profetizam mentiras, e que 
profetizam do engano do seu próprio coração? 
27 Os quais cuidam fazer com que o meu povo se 
esqueça do meu nome pelos seus sonhos que 
cada um conta ao seu próximo, assim como seus 
pais se esqueceram do meu nome por causa de 
Baal.” 
Isto é um grande alerta para os ministros do 
evangelho, para que não incorram no mesmo 
erro deles, deixando de pregar a genuína 
Palavra do Senhor, no poder do Espírito. 
Quando se desvia deste rumo os resultados 
sempre serão funestos. 
Há muitos sonhadores que desejam conduzir a 
Igreja de Cristo pelas visões do seu próprio 
coração, afirmando que são revelações 
recebidas da parte de Deus. 
Se estas visões não estiverem de acordo com a 
Palavra revelada na Bíblia, em gênero, número e 
grau, em vez de serem proclamadas, devem ser 
esquecidas e abominadas, porque não será 
apenas o povo que será prejudicado por elas, 
mas o próprio Deus terá a Sua ira despertada 
contra tais pastores ou profetas, como se vê 
neste capítulo de Jeremias. 
Como o quadro que havia prevalecido em Israel 
por séculos, sempre foi este de o povo não 
25 
receber a devida instrução por parte da grande 
maioria de seus pastores e profetas, entãoo 
Senhor mesmo seria o Pastor do Seu povo, e o 
faria através de pastores que estariam debaixo 
da justiça de um Rei justo que procederia da 
descendência de Davi, nosso Senhor Jesus 
Cristo, e estando assim justificados por Ele, 
tanto eles, seus pastores, quanto o rebanho de 
Deus sobre o qual seriam constituídos, seriam 
conhecidos pelo nome de O SENHOR JUSTIÇA 
NOSSA. 
Este Rei justo viria então a se manifestar em dias 
futuros para buscar as ovelhas perdidas da casa 
de Israel que haviam sido dispersadas por todos 
os maus pastores e profetas que haviam 
presidido sobre elas. 
“3 E eu mesmo recolherei o resto das minhas 
ovelhas de todas as terras para onde as tiver 
afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e 
frutificarão, e se multiplicarão. 
4 E levantarei sobre elas pastores que as 
apascentem, e nunca mais temerão, nem se 
assombrarão, e nem uma delas faltará, diz o 
Senhor. 
5 Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que 
levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, 
reinará e procederá sabiamente, executando o 
juízo e a justiça na terra. 
26 
6 Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará 
seguro; e este é o nome de que será chamado: O 
SENHOR JUSTIÇA NOSSA.” (v.3 a 6). 
Esta promessa está vinculada à da Nova Aliança, 
constante do capítulo 31. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
A Firmeza da Nossa Aliança com Cristo 
 
No sétimo capítulo de Romanos nós vemos o 
caráter firme e seguro da nossa aliança com 
Jesus, e pela qual somos libertados da 
condenação de uma aliança segundo a lei. 
Deus como o Grande Legislador e Juiz de todo o 
universo, criou o homem e fez com que ele fosse 
responsável perante Ele segundo a norma da lei 
moral que ele inscreveu em sua consciência, 
instalando ali um tribunal que age no próprio 
homem condenando-o naquilo que é reprovável 
e aprovando-o naquilo que é louvável. 
Mas, segundo a Lei Régia há a exigência da 
perfeita obediência, conforme foi revelado a 
Adão, e que a penalidade para qualquer ato de 
desobediência é a morte, e todo homem 
responde à referida Lei até hoje. 
Posteriormente, nos dias de Abraão, Deus 
acrescentou novos mandamentos para serem 
guardados pelas pessoas da descendência do 
patriarca, com as quais formaria um povo para 
Si, para se revelar ao mundo através do mesmo, 
e principalmente para que por este povo nos 
fosse dado o Messias. 
O caráter da obediência completa exigida de 
toda a humanidade da Lei Régia foi ainda mais 
detalhado com os mandamentos que foram 
28 
dados através de Moisés. E desde então, até que 
viesse o Messias, o modo de agradar a Deus, 
passava obrigatoriamente pelo cumprimento 
dos mandamentos da Lei. 
A pena de morte espiritual e eterna para os 
desobedientes foi mantida porque se afirma na 
Lei de Moisés que é maldito todo aquele que não 
permanece em todas as coisas da Lei, para 
cumpri-las. 
Isto descreve a condição de miséria espiritual e 
de condenação que paira sobre toda a 
humanidade, porque todos são pecadores, e não 
têm em si mesmos a condição e o poder para 
obedecerem perfeitamente a todos os 
mandamentos da Lei. 
Como poderia então Deus se prover de filhos 
semelhantes a Cristo? 
Se todos estão obrigados à Lei, como poderão ter 
vida, estando mortos; como poderão ser livres, 
estando condenados? 
Só havia um modo de Deus nos libertar da 
condenação da Lei e nos dar vida eterna, 
permanecendo Justo, por não remover ou 
contrariar a Lei. Isto Ele fez nos considerando 
como mortos para a Lei, por ter feito com que a 
morte de Jesus na cruz fosse a nossa própria 
morte. 
29 
Ele visitaria o Seu próprio Filho Unigênito com o 
castigo que era destinado a nós pecadores. Ele 
executaria a sentença de morte exigida pela Lei 
nEle, fazendo com que fosse feito pecado e 
maldição no nosso lugar. 
Assim, a Lei não seria removida, mas nós 
seríamos resgatados por meio de Cristo de 
debaixo da sua condenação e maldição. 
É basicamente isto que Paulo expõe no sétimo 
capítulo de Romanos; de modo que toda a 
argumentação que ele fizera quanto à condição 
de não se fazer o bem que queremos, e fazer o 
mal que não queremos, pelo pecado que opera 
na nossa carne, é sobretudo uma condição que 
explica sobretudo a condição em que se 
encontram aqueles que permanecem debaixo 
da Lei e não da graça do evangelho, a saber as 
pessoas que não foram regeneradas pelo 
Espírito Santo. 
Elas podem dizer isto, por não terem 
encontrado a solução que Paulo havia 
encontrado: "miserável homem que sou". Isto 
porque não têm a Cristo que é o único que pode 
nos livrar do corpo desta morte. 
Este livramento que se obtém somente por 
Cristo e em Cristo, não é decorrente do fato de 
que agora os próprios crentes são perfeitos 
segundo a Lei, porque sempre haverá resquícios 
de pecado e de desobediência em sua natureza 
30 
terrena que ainda carregam neste mundo, mas 
sim, e exclusivamente pelo fato de que foram 
resgatados da condenação da Lei por terem 
morrido para a Lei em Cristo. 
Uma Lei não tem autoridade sobre quem já está 
morto. Assim, os crentes já não são julgados ou 
condenados por Deus com base na Lei, porque 
não estão mais debaixo da Lei, quanto ao que se 
refere ao seu poder de condenação daqueles 
que pecam contra os seus mandamentos. Eles 
são julgados agora pela lei da liberdade, 
respondendo, livres que são, não mais a um Juiz, 
mas a um Pai de amor, que os corrige e dirige 
como filhos amados, por causa de Jesus Cristo. 
Haverá ainda um grande conflito entre o 
Espírito e a carne, entre a velha e a nova 
natureza, em todos os crentes, mas juntamente 
com Paulo eles podem dizer em uníssono: 
"Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor." 
Não serão mais condenados por não serem tão 
bem sucedidos nesta guerra contra as suas 
almas, quanto gostariam de ser. Contudo, 
sabem que são amigos de Deus, que amam a 
Deus, que odeiam o diabo e o pecado, e que por 
fim serão transformados à perfeita imagem de 
Jesus, ainda que isto ocorra somente na glória. 
Todavia, esta grande verdade central do 
evangelho não deve servir de motivo para que 
abusemos da liberdade que foi conquistada para 
nós por um preço elevadíssimo de sangue, e não 
31 
de um sangue qualquer, senão o puro e 
imaculado sangue do Cordeiro de Deus que tira 
o pecado do mundo. Preço este que foi pago para 
que livres do pecado, pudéssemos viver em 
novidade de vida santificada perante Deus. 
Afinal, foi para isto que fomos chamados e 
justificados. 
Para vivermos esta vida santa sem a qual não 
podemos manter nossa comunhão com Deus, 
necessitamos de poder do alto. 
Veja que quando os apóstolos viram todos os 
sinais que Jesus havia realizado, Sua 
ressurreição e ascensão, a uma mente carnal 
pareceria que isto seria o suficiente para que 
eles saíssem pelo mundo afora dando 
testemunho das coisas que haviam visto e 
ouvido. 
Todavia, nosso Senhor lhes falou da 
necessidade de permanecerem em oração, e 
aguardando em Jerusalém o batismo do Espírito 
Santo, para que fossem revestidos de poder, pois 
quem dá e sustenta o testemunho de Cristo em 
nós é o poder do Espírito Santo. 
Por este motivo vemos o apóstolo Paulo 
dirigindo a Timóteo as seguintes palavras, para 
o cumprimento adequado do seu ministério: 
“Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que 
está em Cristo Jesus.” (2 Tim 2.1) 
32 
E a todos os cristãos: 
“Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e 
na força do seu poder.” (Ef 6.10) 
Vemos assim a nossa necessidade vital de 
estarmos permanentemente fortalecidos na 
graça de Jesus, mediante o poder do Espírito 
Santoque em nós opera. 
Muitos pensam erroneamente que quando se 
fala em batismo do Espírito Santo, revestimento 
de poder do Espírito, ou enchimento do Espírito, 
que isto signifique simplesmente receber um 
poder sobrenatural que operará em nossas 
vidas independentemente das condições 
morais e espirituais em que nos encontremos. 
Todavia, se examinarmos com mais cuidado 
não somente o texto bíblico, mas a nossa própria 
experiência prática em relação a este assunto, 
verificaremos que é muito mais do que isto o 
significado do poder da graça e do Espírito Santo 
atuando em nossas vidas. 
Antes de tudo, devemos lembrar que este poder 
nos é dado para sermos cheios do fruto do 
Espírito Santo, que tem a ver com as nossas 
atitudes, com o nosso comportamento, com a 
transformação progressiva do nosso caráter e 
coração. 
É um poder para nos habilitar a sermos 
obedientes aos mandamentos de Deus, para 
33 
aprendermos a ser mansos e humildes de 
coração, a sustentarmos um bom testemunho 
de comportamento em nossa vida cristã, de 
modo a nos tornarmos exemplo para ser 
seguido por outros. 
Trata-se de ser cônjuges exemplares, filhos 
exemplares, servos exemplares, líderes 
exemplares, cidadãos exemplares, enfim, 
sermos achados em todas as áreas de relações 
humanas como homens e mulheres de Deus, 
que trazem estampada em suas vidas a imagem 
de Jesus Cristo, conforme veremos no estudo do 
oitavo capítulo de Romanos, no qual se afirma 
que fomos predestinados por Deus para tal 
propósito. 
Nada disto poderá existir sem que haja uma 
transformação do nosso coração. E por isso 
necessitamos crucialmente deste poder do alto, 
porque como o próprio Senhor Jesus afirmou, 
sem Ele nada podemos fazer, notadamente no 
que tange às coisas que são celestiais, 
espirituais, e divinas. 
Em cumprimento à promessa que nos fez em 
relação à Nova Aliança (Jeremias 31.31-35) Deus 
já nos deu um coração de carne em substituição 
ao coração insensível de pedra às coisas 
concernentes ao reino dos céus que tínhamos 
antes da nossa conversão a Cristo. 
 
34 
O Que é Estar Debaixo da Graça e Não da 
Lei 
 
Não encontramos nas Escrituras a expressão 
pacto de obras, ou aliança de obras. 
Todavia, ambas as formas, especialmente a 
primeira é muito empregada para definir a 
condição de Deus como o Grande Juiz e 
Legislador que exige perfeição absoluta para 
que possamos estar eternamente em Sua 
presença. 
 
A falta desta condição implica em morte 
espiritual e eterna. 
 
Em sua infinita sabedoria, bondade e 
misericórdia, o Senhor tem conhecido pela sua 
onisciência, que nenhum descendente de Adão 
está habilitado para atender a tal demanda desta 
Lei Eterna que emana da própria natureza 
perfeitamente santa e justa de Deus. 
 
Assim, entendemos que Ele não tem proposto a 
pecadores uma opção de salvação por este modo 
de se cumprir perfeitamente a Sua vontade e 
mandamentos. 
 
Isto sempre será feito por pura graça, 
misericórdia, e simplesmente mediante a fé, 
como foi proposto ao próprio Adão quando o 
Senhor foi procurá-lo com a promessa da 
redenção quando ele se escondeu 
35 
envergonhado da sua nudez atrás das árvores do 
jardim. 
 
Não pode entretanto, ser removida esta lei que 
exige perfeição absoluta, e por isso Jesus não 
morreu apenas como nosso substituto para 
quitar a culpa do nosso pecado, como também 
para nos revestir dessa perfeição requerida pela 
justiça divina, que há de ser absoluta na glória, e 
mediante o trabalho da santificação da graça 
pelo Espírito Santo e aplicação da Palavra de 
Deus aos nossos corações, conforme o penhor 
do trabalho da nossa transformação e 
purificação já iniciado aqui na Terra a partir da 
nossa conversão. 
O grande mandamento de Deus foi revelado por 
Jesus como sendo o amor de uns pelos outros 
com o mesmo amor com o qual ele nos amou; ou 
seja, o dever imposto é o de amar com o amor de 
Deus. 
Então quando Tiago alude a isto, ele se reporta 
em sua epístola à questão da acepção de pessoas 
que estava ocorrendo na igreja em favor dos 
mais abastados e contra os pobres e 
necessitados do rebanho. 
Isto era um pecado claro e contundente 
contrário ao que Ele chama de Lei Régia, ou seja 
a Lei do Rei, esta Lei que está amarrada à própria 
natureza e essência de Deus, que é amor. 
36 
“Se vós, contudo, observais a lei régia segundo a 
Escritura: Amarás o teu próximo como a ti 
mesmo, fazeis bem;” (Tiago 2.8) 
Não convinha que aqueles que foram resgatados 
da morte espiritual e eterna, inclusive e 
principalmente por se transgredir tal 
mandamento do amor, que é o principal de 
todos, continuassem transgredindo o mesmo. 
“Falai de tal maneira e de tal maneira procedei 
como aqueles que hão de ser julgados pela lei da 
liberdade.” (Tiago 2.12) 
A esta lei da liberdade da condenação em Cristo, 
aludiu também o apóstolo Paulo em Rom 8.2: 
“Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, 
te livrou da lei do pecado e da morte.” 
Então, se não fosse por Cristo, todo o nosso 
esforço em cumprir perfeitamente a Lei – ao 
qual devemos nos dedicar com sinceridade e 
amor – seria totalmente perdido caso viéssemos 
a transgredir um único ponto da lei que está 
indissoluvelmente ligada à natureza de Deus, 
porque é Legislador e Juiz conforme demanda a 
sua justiça que haja perfeita conformação à sua 
santidade e amor. 
“Pois qualquer que guarda toda a lei, mas 
tropeça em um só ponto, se torna culpado de 
todos.” (Tiago 2.10) – Este é o caráter da lei para 
aqueles que não estão debaixo da cobertura do 
sangue de Jesus. Daqui vemos quão ineficaz é a 
37 
tentativa de se justificar por meio das obras da 
lei. 
Assim, devemos clamar e dar graças a Deus por 
nos ter dado Jesus Cristo, juntamente com o 
apóstolo quanto à nossa condição natural de 
sermos achados mortos em delitos e pecados 
que pode ser somente revertida por estarmos no 
Senhor: 
Rom 7:24 Desventurado homem que sou! Quem 
me livrará do corpo desta morte? 
Rom 7:25 Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso 
Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, 
com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, 
segundo a carne, da lei do pecado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
A Graça não Condena 
 
Deus não está condenando a qualquer pessoa 
na presente dispensação da graça, conforme 
afirmação de Jesus de que não veio condenar, 
mas salvar. 
A natureza de Deus é longânima, perdoadora, 
misericordiosa, amorosa, e por isso uma 
das características do amor destacada em I Cor 
13.5 é que ele não é facilmente provocado, ou 
seja, ele não se exaspera. 
Deus se ira contra o pecado, mas não tem 
qualquer prazer na morte dos ímpios, ou seja, de 
todos aqueles que não Lhe amam e aos Seus 
mandamentos. 
A ira pode ser definida como uma oposição 
séria e violenta de espírito contra qualquer mal, 
real ou suposto, ou devido a qualquer falta ou 
ofensa, porque isto está contra a natureza do 
amor. 
Nós somos chamados por Cristo a desejar o bem 
e a orar para o bem de todos, até mesmo de 
nossos inimigos, e até daqueles que zombam de 
nós e nos perseguem (Mat 5:44); e a regra dada 
pelo apóstolo é: “Abençoai aos que vos 
perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis.” (Rom 
12.14), quer dizer, nós devemos desejar o bem e 
39 
orar para o bem de todos, e em nenhum caso 
desejar o mal. 
Porque como imitadores de Deus, na busca da 
sua imagem e semelhança, é justamente o que 
devemos fazer, porque isto é parte da essência 
divina. 
Dizemos que é um dever porque o evangelho 
veio trazer a restauração em nós, da imagem e 
semelhança, não com Adão, antes daqueda no 
pecado, mas a do próprio Cristo, conforme se 
afirma amplamente na Bíblia. 
O que temos em Cristo, quanto ao trato com as 
imperfeições que há na humanidade? Graça, 
amor, bondade, misericórdia, perdão, 
reconciliação, e justiça (a sua justiça que nos 
justifica). 
Os próprios juízos divinos na presente 
dispensação, têm em vista contribuir para a 
continuidade da referida restauração, e são 
corretivos e decorrentes da rejeição obstinada 
da graça que nos está sendo oferecida. 
As obras más ou boas de todas as pessoas serão 
somente passadas em revista no grande dia do 
Juízo Final. 
Por isso toda vingança é proibida por Deus, já 
que Ele afirma que toda a vingança lhe pertence. 
40 
A regra é: “Não te vingarás nem guardarás ira 
contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu 
próximo como a ti mesmo: Eu sou o Senhor.” 
(Lev 19.18); e o apóstolo diz: “Não vos vingueis a 
vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; 
porque está escrito: A mim me pertence a 
vingança; eu retribuirei, diz o Senhor.” (Rom 
12.19), de forma que toda a ira que contém um 
desejo de vingança, é contrária ao cristianismo 
e proibida por Deus. 
Disto Cristo falou em Mat 5.22: “Eu, porém vos 
digo que todo aquele que (sem motivo) se irar 
contra seu irmão estará sujeito a julgamento;”. 
Se uma pessoa se permitir ficar muito tempo 
irada com uma outra, logo esta ira se 
transformará em ódio. 
Assim, nós achamos que na verdade acontece 
com aqueles que retêm um rancor nos seus 
corações contra outros, durante semana depois 
de semana, e mês depois de mês, e ano depois de 
ano. 
Eles virão no fim, a odiar verdadeiramente as 
pessoas contra as quais se deixaram irar assim 
deste modo. 
Este é um pecado mais terrível à vista de Deus. 
Então, não é de se admirar que esta seja a 
principal estratégia do diabo para nos afastar de 
Deus, e para nos manter sob julgamentos em 
41 
nossas almas, e ainda a ficarmos à mercê de 
sermos oprimidos por ele. 
Assim, toda vigilância e sabedoria é ainda pouco 
para ter um coração manso, sofredor, paciente, 
perdoador. 
Mais do que isto, necessitamos do derramar 
abundante do amor de Deus nos nossos 
corações que é operado sobrenaturalmente 
pelo Espírito Santo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
Graça Sobre Graça 
 
“12 E o Senhor vos aumente, e faça crescer em 
amor uns para com os outros, e para com todos, 
como também o fazemos para convosco; 
13 Para confirmar os vossos corações, para que 
sejais irrepreensíveis em santidade diante de 
nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus 
Cristo com todos os seus santos.” (I Tes 3.12,13). 
As graças operadas pelo Espírito Santo são a 
fonte da nossa santidade, no aumento delas em 
nós pelo trabalho da santificação. 
Nada se perde deste trabalho progressivo do 
Espírito nos cristãos, porque uma graça não é 
substituída por outra, senão acrescentada, 
conforme dizer do apóstolo Pedro: 
“5 E vós também, pondo nisto mesmo toda a 
diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à 
virtude a ciência, 
6 E à ciência a temperança, e à temperança a 
paciência, e à paciência a piedade, 
7 E à piedade o amor fraternal, e ao amor 
fraternal a caridade.” (II Pe 1.5-7). 
O que foi conquistado será mantido por 
vigilância e oração, e será aumentado pelo 
43 
recebimento de outras graças (virtudes e poder) 
que também serão aperfeiçoadas em seu 
crescimento. 
O que não aprendeu ainda a ser misericordioso 
será com certeza aperfeiçoado em misericórdia. 
O de mau temperamento será aperfeiçoado em 
mansidão. 
O modo do Espírito Santo implantar estas 
virtudes é pela formação de hábitos. 
Assim como aprendemos determinadas 
habilidades e comportamentos pelo hábito de 
repeti-las. 
A santificação é pois em seu progresso um 
hábito que é incorporado em nós, em relação a 
todos os nossos deveres espirituais, à medida 
que eles nos vão sendo ensinados e implantados 
em nós pelo Espírito Santo, consoante a 
aplicação da doutrina da Palavra de Deus. 
 
 
 
 
 
44 
 
A Troca da Antiga Aliança pela Nova 
 
“Quando ele diz Nova, torna antiquada a 
primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e 
envelhecido está prestes a desaparecer.” 
(Hebreus 8:13) 
 
Toda vez que abrirmos as páginas do Velho 
Testamento, devemos sempre colocar como 
pano de fundo o Evangelho de Cristo, para que 
não tomemos ao pé da letra, como mandamento 
divino ordenado aos discípulos de Jesus, muitos 
dos preceitos da antiga dispensação, que durou 
de Moisés a João Batista (Mt 11.13; Lc 11.16), os 
quais não podem e não devem ser aplicados na 
nova dispensação em que estamos vivendo há 
cerca de dois milênios. 
A Lei Antiga, determinada por Deus para vigorar 
em Israel, por cerca de 1440 anos prescrevia: 
 morte por apedrejamento em razão de 
determinadas transgressões daquela Lei 
dada por meio de Moisés. 
 como maldito de Deus deveria se 
anunciar a si mesmo publicamente o 
leproso. 
 proibidos estavam vários alimentos 
classificados como impuros. 
 sacrifícios de animais oferecidos para 
cobrir o pecado. 
45 
 e muitos outros preceitos civis e 
cerimoniais, além dos morais. 
Deus, pela Lei, revelava que era o Juiz do Seu 
povo e ensinava ao mesmo tempo o quanto é 
oposto ao pecado. 
Todavia, em sendo Juiz, é também pai bondoso, 
amoroso, misericordioso, perdoador e salvador. 
Como revelou isto, já que os preceitos da Lei 
antiga poderiam ofuscar tais atributos relativos 
à Sua completa longanimidade, amor e 
bondade? 
Ele o fez trazendo uma nova lei por meio de 
Cristo, para substituir a antiga. 
Jer 31:31 Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que 
firmarei nova aliança com a casa de Israel e com 
a casa de Judá. 
Jer 31:32 Não conforme a aliança que fiz com 
seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para 
os tirar da terra do Egito; porquanto eles 
anularam a minha aliança, não obstante eu os 
haver desposado, diz o SENHOR. 
Jer 31:33 Porque esta é a aliança que firmarei 
com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o 
SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas 
leis, também no coração lhas inscreverei; eu 
serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. 
46 
Jer 31:34 Não ensinará jamais cada um ao seu 
próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: 
Conhece ao SENHOR, porque todos me 
conhecerão, desde o menor até ao maior deles, 
diz o SENHOR. Pois perdoarei as suas 
iniquidades e dos seus pecados jamais me 
lembrarei. 
Heb 8:7 Porque, se aquela primeira aliança 
tivesse sido sem defeito, de maneira alguma 
estaria sendo buscado lugar para uma segunda. 
Heb 8:13 Quando ele diz Nova, torna antiquada a 
primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e 
envelhecido está prestes a desaparecer. 
Heb 9:15 Por isso mesmo, ele é o Mediador da 
nova aliança, a fim de que, intervindo a morte 
para remissão das transgressões que havia sob a 
primeira aliança, recebam a promessa da eterna 
herança aqueles que têm sido chamados. 
 Heb 10:9 então, acrescentou: Eis aqui estou para 
fazer, ó Deus, a tua vontade. Remove o primeiro 
para estabelecer o segundo. 
Heb 10:10 Nessa vontade é que temos sido 
santificados, mediante a oferta do corpo de 
Jesus Cristo, uma vez por todas. 
A Lei da nova aliança, do novo testamento, do 
evangelho, da graça, pela qual se revogou a 
primeira, é chamada pelo apóstolo de lei régia 
(Tg 2.8), porque prescreve o amor ao próximo, 
47 
sem qualquer tipo de condenação legal, 
conforme ocorria na primeira, apesar de 
também prescrever o amor ao próximo. 
Assim, a lei do amor de Cristo não vigora pelo 
cumprimento de ordenanças cerimoniais e 
civis, como aprimeira, mas simplesmente por 
fé, graça, misericórdia e arrependimento. 
A punição dos malfeitores é designada para as 
autoridades civis de cada nação, conforme 
determinação da parte de Deus. 
Não é uma característica ou atribuição do 
evangelho, pelo qual se oferta a libertação do 
espírito do jugo e condenação do pecado. 
A lei do evangelho é amar a Deus acima de tudo 
e ao próximo como a si mesmo. 
O amor nunca busca o mal, ou que seja do 
próprio interesse, não se conduz 
inconvenientemente, não é preconceituoso, 
enfim, o amor faz somente o bem ao seu 
semelhante. 
Mat 22:35 E um deles, intérprete da Lei, 
experimentando-o, lhe perguntou: 
Mat 22:36 Mestre, qual é o grande mandamento 
na Lei? 
48 
Mat 22:37 Respondeu-lhe Jesus: Amarás o 
Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda 
a tua alma e de todo o teu entendimento. 
Mat 22:38 Este é o grande e primeiro 
mandamento. 
Mat 22:39 O segundo, semelhante a este, é: 
Amarás o teu próximo como a ti mesmo. 
Mat 22:40 Destes dois mandamentos dependem 
toda a Lei e os Profetas. 
Rom 13:10 O amor não pratica o mal contra o 
próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o 
amor. 
Poderia haver uma lei melhor do que essa? 
No episódio da mulher adúltera que Jesus livrou 
da condenação por apedrejamento, podemos 
constatar o quanto Ele realmente mudou a 
antiga lei por uma nova, porque pela antiga, ela 
deveria morrer apedrejada. 
É por isso que é ordenado por Cristo aos cristãos, 
na Bíblia, que façam o convite da salvação pelo 
evangelho a todas as pessoas e em todos os 
lugares da terra. 
Mar 16:15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo e 
pregai o evangelho a toda criatura. 
49 
Este convite consiste basicamente no 
oferecimento gratuito que Ele está fazendo da 
Sua própria justiça divina, amor e misericórdia, 
para perdoar todos os nossos pecados e 
justificar a todos os que nEle crerem, de modo 
que sejam livrados da condenação, e para o 
recebimento da vida eterna. 
Todavia, em havendo recusa em se ouvir a 
mensagem do evangelho, o próprio Cristo 
ordena que não haja insistência. 
Luc 10:16 Quem vos der ouvidos ouve-me a mim; 
e quem vos rejeitar a mim me rejeita; quem, 
porém, me rejeitar rejeita aquele que me 
enviou. 
Mar 6:11 Se nalgum lugar não vos receberem 
nem vos ouvirem, ao sairdes dali, sacudi o pó 
dos pés, em testemunho contra eles. 
O evangelho é o tempo da paciência, da 
misericórdia, da longanimidade de Deus para 
com todos os pecadores. 
A ninguém Deus está condenando, enquanto 
durar esta dispensação. Ao contrário, está 
salvando. 
João 12:47 Se alguém ouvir as minhas palavras e 
não as guardar, eu não o julgo; porque eu não 
vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo. 
50 
João 12:48 Quem me rejeita e não recebe as 
minhas palavras tem quem o julgue; a própria 
palavra que tenho proferido, essa o julgará no 
último dia. 
O evangelho é a lei divina, se assim podemos nos 
referir a ele, na presente dispensação da graça, 
e esta lei de justiça oferecida para a nossa 
justificação e perdão, a ninguém condena. 
É a rejeição do evangelho, segundo nosso 
Senhor Jesus Cristo, que será o motivo da 
condenação no último dia, como Ele o afirma 
em João 12.48. 
João 3:16 Porque Deus amou ao mundo de tal 
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que 
todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida 
eterna. 
João 3:17 Porquanto Deus enviou o seu Filho ao 
mundo, não para que julgasse o mundo, mas 
para que o mundo fosse salvo por ele. 
João 3:18 Quem nele crê não é julgado; o que não 
crê já está julgado, porquanto não crê no nome 
do unigênito Filho de Deus. 
Mar 16:15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo e 
pregai o evangelho a toda criatura. 
Mar 16:16 Quem crer e for batizado será salvo; 
quem, porém, não crer será condenado. 
51 
Esta nova dispensação do evangelho substituiu 
a chamada antiga dispensação da lei de Moisés, 
porque Jesus se ofereceu a si mesmo como 
sacrifício, em nosso lugar, para satisfazer a 
exigência da justiça divina. 
Não é do teor e essência do evangelho condenar 
as pessoas pelos seus maus atos e até mesmo 
pensamentos, porque até os próprios cristãos 
que fazem a oferta do evangelho também são 
pecadores, que foram remidos pela graça, 
mediante a fé em Jesus. 
Aos que têm abraçado a fé no evangelho, Cristo 
lhes impõe a disciplina da nova aliança, pela 
admoestação mútua à prática do amor e das 
boas obras. 
Outra característica do convite do evangelho é 
que não se deve fazer distinção de qualquer 
pessoa, que não deve haver preconceito de raça, 
religião, condição social, ou de qualquer outra 
natureza. 
Desta forma, aqueles que têm sentimentos 
preconceituosos, não estão de modo algum 
anunciando o verdadeiro evangelho de Cristo, 
tal como ele se encontra registrado nas páginas 
da Bíblia. 
Rom 3:21 Mas agora, sem lei, se manifestou a 
justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos 
profetas; 
52 
Rom 3:22 justiça de Deus mediante a fé em Jesus 
Cristo, para todos e sobre todos os que creem; 
porque não há distinção, 
Rom 3:23 pois todos pecaram e carecem da 
glória de Deus, 
Porque isto seria uma contradição, uma vez que 
não se pode conciliar preconceito com o fato de 
Jesus não fazer acepção, distinção de qualquer 
pessoa, e de igual modo, devem agir aqueles que 
falam em Seu nome. 
Por outro lado, deixar de anunciar o evangelho, 
em desobediência ao mandamento de Deus, 
para o bem eterno dos ouvintes que o 
receberem, por livrar o espírito da condenação 
eterna a ser proferida no dia do Juízo Final, seria 
então uma grande prova de falta de amor e de 
misericórdia para com nossos semelhantes, 
esconder deles esta mensagem, ou então 
adulterá-la. 
Por isso é também ordenado nas Escrituras que 
se deve ter cautela com o ensino de falsos 
pastores, profetas e mestres que falam em nome 
de Cristo, e que se dizem cristãos, e 
mensageiros genuínos do evangelho, quando na 
verdade não são, e o fazem por motivo 
interesseiro e por torpe ganância. 
Mat 7:16 Acautelai-vos dos falsos profetas, que 
se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas 
por dentro são lobos roubadores. 
53 
2Pe 2:1 Assim como, no meio do povo, 
surgiram falsos profetas, assim também haverá 
entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, 
dissimuladamente, heresias destruidoras, até 
ao ponto de renegarem o Soberano Senhor. 
2Pe 2:2 E muitos seguirão as suas práticas 
libertinas, e, por causa deles, será infamado o 
caminho da verdade; 
 Mat 10:16 Eis que eu vos envio como ovelhas 
para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes 
como as serpentes e símplices como as pombas. 
Mat 10:17 E acautelai-vos dos homens; porque 
vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas 
suas sinagogas; 
Mat 10:25 Basta ao discípulo ser como o seu 
mestre, e ao servo, como o seu senhor. Se 
chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto 
mais aos seus domésticos? 
A prudência da serpente é recomendada pelo 
Senhor aos que se empenham na obra da 
pregação do evangelho, ao lado da simplicidade 
das pombas. 
As serpentes evitam confrontos desnecessários, 
mas atacam quando são atacadas. Por isso o 
cristão deve reter apenas a prudência da 
serpente, e associá-la à inofensividade das 
pombas, que nunca atacam quando são 
atacadas. 
54 
Por fim, ao concluir esta breve explanação, deve 
ser dito que a ninguém deve ser imposto o 
evangelho como uma forma de obrigação a ser 
cumprida, e nem mesmo nas congregações de 
Cristo, porque Deus quer ser amado e adorado 
em espírito e de modo voluntário. 
Ninguém deve ser condenado ou acusado por 
conta da religião ou costumes que tenha 
adotado, evidentemente,é claro, desde que não 
infrinjam as normas legais e os costumes de 
cada sociedade à qual se pertença, mas isto não 
é um encargo dos cristãos enquanto cristãos, 
mas das autoridades constituídas. 
Os mensageiros do evangelho devem ser 
promotores da paz, e por isso é dito por Cristo 
que bem-aventurados são os pacificadores. 
Para este propósito, da promoção da paz e do 
bem estar dos seus semelhantes, devem orar 
em favor de todos os homens. 
1Tm 2:2 Antes de tudo, pois, exorto que se use a 
prática de súplicas, orações, intercessões, ações 
de graças, em favor de todos os homens, 
1Tm 2:2 em favor dos reis e de todos os que se 
acham investidos de autoridade, para que 
vivamos vida tranquila e mansa, com toda 
piedade e respeito. 
1Tm 2:3 Isto é bom e aceitável diante de 
Deus, nosso Salvador, 
55 
1Tm 2:4 o qual deseja que todos os homens 
sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento 
da verdade. 
Devem também os cristãos serem modelos de 
bom comportamento e de conduta, como pais, 
filhos, empregados, empregadores, ou o que for. 
Devem estar sujeitos às autoridades, porque 
conforme afirmado na Bíblia, não há autoridade 
genuína que não tenha sido instituída por Deus. 
Rom 13:1 Todo homem esteja sujeito às 
autoridades superiores; porque não há 
autoridade que não proceda de Deus; e as 
autoridades que existem foram por ele 
instituídas. 
O evangelho não é pregado por mero dever de 
consciência ou por obediência ao mandamento 
divino, mas sobretudo porque os discípulos de 
Jesus são movidos em amor a fazê-lo, pelo 
mesmo Espírito Santo que neles habita, e que 
também atuava em nosso Senhor Jesus Cristo. 
“como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o 
Espírito Santo e com poder, o qual andou por 
toda parte, fazendo o bem e curando a todos os 
oprimidos do diabo, porque Deus era com ele;” 
(Atos 10:38) 
 
 
56 
Jesus Não Veio Condenar Mas Salvar 
 
Marcos 2:17 Tendo Jesus ouvido isto, 
respondeu-lhes: Os sãos não precisam de 
médico, e sim os doentes; não vim chamar 
justos, e sim pecadores. 
João 12:47 Se alguém ouvir as minhas palavras e 
não as guardar, eu não o julgo; porque eu não 
vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo. 
 
Dê a devida atenção a estas palavras de nosso 
Senhor Jesus Cristo. 
Até que Ele volte, a porta da salvação estará 
aberta para todo aquele que se arrepender dos 
seus pecados e buscar viver para Ele. 
Amados leitores, nosso Senhor mesmo definiu a 
Sua principal missão em ter vindo a este mundo 
há cerca de 2.000 anos atrás, como sendo a de 
salvar e não a de condenar pecadores. 
Então, enquanto perdurar esse tempo de 
graça até que Ele volte, Deus está abrindo uma 
grande oportunidade para todas as pessoas que 
queiram ser livradas da manifestação da ira 
vindoura, em forma de juízo de uma 
condenação eterna, que há de vir sobre todos os 
que viveram neste mundo, sem terem se 
convertido a Cristo. 
57 
Por isso, queremos ser muito claros, sinceros e 
diretos em todas as mensagens transmitidas aos 
amados leitores, mantendo o foco do evangelho 
que aponta somente para Jesus Cristo para que 
sejamos salvos de tal condenação em razão do 
pecado. 
É bom lembrar que um único pecado praticado 
ao longo de toda a vida já sujeita o seu praticante 
à condenação eterna. 
Portanto, não há um único justo, de si mesmo, 
pela sua própria justiça, diante de Deus. 
Por isso Jesus morreu em nosso lugar na cruz, 
carregando sobre si toda a culpa dos nossos 
pecados. 
Em suma, tudo o que se refere à necessidade de 
um viver reto, do dever de se guardar os 
mandamentos de Deus, e tudo o mais que se 
refira à santificação de nossas vidas, somente 
pode ser praticado e vivido caso sejamos 
convertidos a Cristo, e estando em comunhão 
com Ele, por meio do Espírito Santo. 
Assim, se a Lei santa de Deus lhe condena 
justamente por causa do pecado, lembre que 
pela fé em Jesus, nos está sendo oferecida 
gratuitamente a libertação de tal condenação, 
ao mesmo tempo que somos por Ele capacitados 
a viver de modo aprovado pela justiça divina, 
pelo poder da graça de Jesus, mediante o 
trabalho do Espírito Santo em nossos corações. 
58 
Não há qualquer condenação no evangelho, 
porque Jesus, pelo evangelho que nos trouxe, ou 
seja, por esta maravilhosa notícia, que é o 
significado desta palavra no original grego do 
Novo Testamento, tem se oferecido para ser a 
nossa justiça, de modo que Deus possa se 
agradar de nós e se reconciliar conosco. 
A rejeição do evangelho. Desta oferta de justiça 
da pessoa de Jesus, tão graciosa, é que traz 
condenação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
59 
 
A Justiça do Evangelho Não é Juízo 
 
O propósito de Deus, 
jamais pode ser frustrado. 
Então o que faria para tornar justo 
o pecador culpado? 
Que se opondo ao seu Criador 
e não querendo se sujeitar à sua vontade, 
segue o seu caminho de vaidade? 
Que resistindo a se entregar a Jesus 
resiste também ao recebimento da Sua graça? 
E sem a graça, sabemos, somente há ruína, 
perdição, ódio, desobediência e morte. 
Ah! Que situação difícil para ser resolvida! 
Difícil para nós, mas não para Deus, 
a quem tudo é fácil e possível. 
 
60 
Difícil e penoso seria sim, 
o único modo pelo qual 
o pecador poderia ser justificado. 
Deus visitaria o seu pecado, 
com juízos, no Seu Filho Amado. 
Colocaria sobre Ele nossas transgressões, 
resistências e descaminhos, 
e com o grande golpe do seu juízo 
castigaria o próprio Cristo, 
fazendo com que a justiça exigida 
fosse por fim atendida. 
Jesus tem desde então justiça, 
e não juízo para oferecer, 
pelo Evangelho. 
Quem quiser ser justo, 
para receber a graça 
salvadora e transformadora, 
61 
basta vir a Cristo, 
com a mão do coração estendida, 
e Ele a concederá com agrado 
para apagar nosso pecado. 
Por isso Ele diz que não veio 
a este mundo para condená-lo, 
mas sim, para salvá-lo. 
Oh! Senhor amado! 
Muito obrigado por sua justiça! 
Felizes são os que têm fome e sede 
desta sua maravilhosa justiça, 
pela qual, nós perdidos pecadores, 
somos saciados, 
justificados e abençoados! 
 
 
 
 
62 
O Real Significado da Graça 
 
Há um grande paradoxo no entendimento 
carnal relativo à graça divina, uma vez que se 
costuma considerar como sendo graça 
exatamente o oposto daquilo que a graça que 
nos foi dada em Cristo é na verdade; pois os dons 
naturais e comuns de Deus para toda a 
humanidade são buscados por pessoas 
religiosas como se fossem o grande propósito da 
vida cristã. 
Geralmente visa-se tão somente ao que é 
externo, e não propriamente o que seja 
espiritual, celestial e divino, para ser aplicado à 
transformação do próprio caráter e vida, 
segundo o propósito de Deus na concessão da 
Sua graça que nos foi dada em Cristo. 
Todavia, a Bíblia não nos deixa cegos quanto a 
este importantíssimo assunto, conquanto 
podemos observar na grande maioria das 
passagens bíblicas referentes à graça, qual é o 
propósito de Deus quanto à sua concessão. 
Antes de tudo a graça não é dogma, mas o poder 
de Deus para o atingimento do objetivo da fé, a 
saber, a nossa salvação. E é no conhecimento da 
mesma graça que devemos crescer com vistas 
ao nosso aperfeiçoamento espiritual. 
63 
O maior dom que temos recebido da graça de 
Deus é a vida do próprio Cristo e a habitação do 
Espírito Santo em nós. As demais graças são 
consequência desta referida e gravitam em 
torno da mesma. 
Quando estamos na graça, esta produz um bom 
estado na alma que pode ser discernido em 
espírito tanto por nós, quanto poraqueles que 
estiverem na mesma condição. 
A graça divina é o maior poder operante neste 
mundo, pois somente ela é mais forte do que o 
poder do pecado. 
O nosso acesso a esta graça, na qual estamos 
firmes, e sem correr o risco de sermos 
rejeitados por Deus, custou um alto preço a 
nosso Senhor Jesus Cristo – o preço do seu 
sofrimento e derramamento do seu sangue 
numa terrível morte de cruz. 
É impróprio, por conseguinte, o pensamento 
associado à palavra graça, de ser algo fácil ou 
barato. 
A salvação é de fato gratuita, mas custou o preço 
de morte para Cristo, carregando os nossos 
pecados, e para nós, ela exige o pagamento do 
preço da nossa consagração a Deus, uma vez 
tendo sido convertidos mediante a simples fé no 
Senhor. 
64 
Fomos comprados por preço para vivermos para 
Deus. 
Com o advento de Jesus Cristo foi inaugurada 
uma nova dispensação para substituir a antiga 
que vigorou desde os dias de Moisés. Daí ser 
chamada de dispensação da graça, enquanto a 
antiga era chamada de dispensação da Lei. 
Deus está sendo longânimo nesta dispensação 
em relação a todos os pecadores, concedendo-
lhes assim a oportunidade de se arrependerem 
e crerem em Cristo, de modo a serem livrados 
da condenação eterna. Esta é uma das 
características essenciais da citada 
dispensação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
65 
Uma Nova Aliança Diferente da Antiga 
 
Devemos ter o devido cuidado ao estudarmos a 
Bíblia, especialmente o Antigo Testamento, nas 
partes relativas ao Antigo Pacto, porque ali 
encontramos muitas figuras de realidades que 
se cumpriram em Cristo, e muitos preceitos que 
foram revogados e alterados por Cristo com a 
instituição da Nova Aliança, que revogou a 
Antiga, de modo que não pratiquemos na 
dispensação da graça aquelas coisas e atitudes 
que eram determinadas e aceitas por Deus no 
Antigo Pacto, mas que de modo algum podem 
ser aceitas nesta nova dispensação, em que 
novas diretrizes foram dadas para substituírem 
muitas das diretrizes antigas, como por exemplo 
a lei do olho por olho, dente por dente; o ofício 
sacerdotal com a apresentação de animais em 
sacrifício; as guerras santas ordenadas por Deus 
para extermínio de povos idólatras etc. 
A Nova Aliança não é ministério de morte, mas 
de vida. Isto é, os ministros de Deus estão 
encarregados de levar a vida de Cristo aos 
homens, e não a condenação e a morte. 
Isto fica agora exclusivamente nas mãos de 
Deus, e a Igreja de Cristo não é mais a espada de 
Deus, como Israel foi no mundo antigo para 
exercer juízos de Deus sobre o mundo de ímpios. 
Deus é o Juiz exclusivo do que se refere a tirar ou 
não a vida de qualquer pessoa, de modo que não 
deseja nenhuma cooperação da Igreja neste 
66 
sentido, ao contrário, foi vedado à Igreja na 
presente dispensação toda e qualquer forma de 
juízo, e daí Cristo ter determinado que o crente 
a ninguém deve julgar neste sentido, porque o 
juízo sobre vida ou morte está agora 
exclusivamente nas mãos de Deus. 
À Igreja cabe pregar o evangelho, e aqueles nos 
quais Cristo será cheiro de morte para a morte e 
não aroma de vida para a vida, é assunto que se 
encontra fora da alçada da Igreja, e que está 
totalmente nas mãos do Grande e único Juiz 
O dever do qual a Igreja está incumbida é o de 
levar a mensagem de salvação e se empenhar 
muito para a salvação de alguns, porque Jesus, 
na dispensação da graça, se empenha não em 
condenar os pecadores, mas salvá-los. 
 
 
 
 
 
 
 
 
67 
Uma Aliança Firmada em Graça 
 
Em Isaías 55 vemos que o evangelho é para os 
que têm fome e sede de justiça. 
A mesa do banquete está pronta e tudo o que de 
nós se exige é apetite. É tudo de graça. 
Por isso o convite da salvação é dirigido a todos 
os que têm sede para que venham às águas da 
salvação, e que poderão adquirir (comprar) o 
vinho espiritual da alegria, e o leite racional que 
nos alimenta que é a graça de Cristo, que 
acompanha o evangelho, para sermos 
alimentados por ela, sem dinheiro e sem preço 
(Is 55.1). 
Diz-se que todo esforço e gasto de dinheiro para 
obter a salvação é vão, porque a salvação 
verdadeira que Deus está operando pelo Filho, é 
completamente gratuita. 
A boa comida espiritual, e o tutano divino são 
achados somente na mesa de Cristo, e não nas 
mãos dos que fazem da religião ocasião de 
comércio (Is 55.2). 
A mensagem do evangelho deve ser ouvida 
atentamente, pela voz dos ungidos do Senhor, 
através dos quais Cristo fala, para que pessoas se 
convertam a Ele, para entrarem na aliança 
68 
eterna, que Ele havia prometido como sendo 
firmes beneficências a Davi (v. 3). 
Estas firmes beneficências a Davi são citadas 
também em passagens do Novo Testamento, 
como em At 13.34. 
“Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, 
e a vossa alma viverá; porque convosco farei 
uma aliança perpétua, dando-vos as fiéis 
misericórdias prometidas a Davi.” (Is 55.3). 
É maravilhoso saber que as últimas palavras que 
Davi falou pelo Espírito, apontaram para esta 
aliança segura e eterna. 
Deus fez uma aliança conosco em Jesus Cristo, e 
nós aprendemos das Suas palavras pela boca de 
Davi que é uma aliança perpétua. 
Perpétua em si mesma e na forma do seu 
caráter, manutenção, continuação e 
confirmação. Deus diz também pela boca de 
Davi que é bem ordenada e segura (v. 5). 
Esta aliança está bem ordenada por Deus em 
todas as coisas que dizem respeito a ela. 
Esta ordenação perfeita trabalhará em meio às 
imperfeições dos cristãos e os aperfeiçoará 
progressivamente, para a glória de Deus, de 
modo que se a obra não for completada na terra, 
ele o será no céu. 
69 
Para isso a aliança possui um Mediador e um 
Consolador para promover a santidade e o 
conforto dos cristãos. 
Está ordenado também QUE TODA 
TRANSGRESSÃO NA ALIANÇA NÃO LANÇARÁ 
FORA A QUALQUER DOS ALIANÇADOS. 
Por isso Jesus afirma que na lançará fora de 
modo nenhum, a qualquer que vier a Ele. 
Assim, a segurança da salvação não é colocada 
nas mãos dos cristãos, mas nas mãos do 
Mediador. 
É dito que a aliança é segura porque está assim 
bem ordenada por Deus. 
Ela foi planejada de tal modo a poder conduzir 
pecadores ao céu. 
Ela está tão bem estruturada que qualquer um 
deles pode ter a certeza de que estará sendo 
aperfeiçoado na terra e a conclusão desta obra 
de aperfeiçoamento será concluída no céu. 
E uma das razões para que o aperfeiçoamento 
não seja concluído na terra, é para que se saiba 
que a aliança é de fato para pecadores, e não 
para quem se considera perfeitamente justo, 
embora todos os aliançados sejam chamados 
agora a se empenharem na prática da justiça. 
70 
As misericórdias prometidas aos aliançados é 
segura, e operarão de acordo com as condições 
estabelecidas em relação à necessidade de 
arrependimento e fé. 
A aplicação particular destas misericórdias para 
santificar os cristãos é segura. 
É segura porque é suficiente. 
Nada mais do que isto nos salvará, porque a base 
da salvação repousa na fidelidade de Deus em 
cumprir a promessa que Ele fez à casa de Davi, a 
todo aquele que for encontrado nela, por causa 
da sua fé no descendente, no Filho de Davi que é 
Cristo. 
É somente disto que a nossa salvação depende. 
Muitos podem pensar que quando se conclama, 
na profecia de Isaías, ao ímpio a deixar o seu 
caminho e o homem maligno os seus 
pensamentos para se voltar para o Senhor, para 
achar misericórdia e perdão, porque se diz que 
Deus é rico em perdoar, que isto não se aplique 
às pessoas perversas. 
No entanto, é um convite a todas as pessoas 
porque não há quem não peque, e Cristo veiosalvar e justificar ímpios (Rom 4.5), de forma 
que aquele que se julgar justo e bom a seus 
próprios olhos jamais poderá ser salvo por 
Cristo, porque Ele salva aqueles que se 
reconhecem pecadores. 
71 
Para esclarecer este ponto, para que ninguém 
fizesse uma avaliação errada relativa à sua real 
condição diante de Deus, Ele declarou que os 
seus pensamentos não são os nossos 
pensamentos, nem os nossos caminhos os seus 
caminhos (Is 55.8). 
Se nos compararmos com outras pessoas é 
possível que nos achemos bons e justos. 
Mas se contemplarmos os que estão no céu, 
especialmente ao próprio Deus em sua perfeita 
santidade e glória, nós veremos quão 
imperfeitos somos. 
Clamaremos tal como Isaías fizera no capítulo 
sexto, quando viu a santidade e glória com que 
os serafins louvavam ao Senhor no Seu trono de 
glória. 
Por isso se ordena que olhemos para Cristo para 
que sejamos salvos, porque somente quando 
contemplamos a majestade da sua santidade, é 
que podemos enxergar qual é o nosso real 
quadro de miséria e de necessidade que temos 
de sermos salvos por Ele. 
Então esta salvação não será achada em nós 
mesmos. Porque ela nos vem inteiramente 
destes caminhos e pensamentos elevados de 
Deus que procedem do céu e não da terra. 
É do alto que a graça e o Espírito são 
derramados, e por isso somos conclamados a 
72 
olhar para o alto, para Cristo, para o tesouro do 
céu e não para o que é terreno, quando o assunto 
se refere à nossa salvação. 
Esta salvação vem do alto, mas a Palavra que 
salva foi revelada por Cristo na terra, e está não 
apenas na Bíblia, mas junto da nossa boca e 
coração, para que façamos a confissão da fé no 
Seu nome e senhorio, para que sejamos salvos. 
Deus pôs esta autoridade para nos salvar na Sua 
Palavra. A palavra do evangelho é a semente que 
contém a vida eterna. 
De maneira que todo o que crê na Palavra da 
verdade será salvo, porque esta Palavra gerará 
em seu coração a fé pela qual Deus o salvará. Por 
isso Ele afirma o que se lê em Is 55.10,11. 
Estes que crerem no evangelho e forem salvos 
sairiam dando testemunho por todas as partes 
com a alegria e a paz com que seriam guiados 
pelo Espírito Santo, e por onde passarem 
anunciando as boas novas, a maldição será 
transformada em bênção porque se diz que em 
vez de espinheiros e sarças, cresceriam a faia e 
a murta que são plantas ornamentais. E isto 
seria para o Senhor um nome e um sinal eterno 
que nunca se apagará (v. 12, 13). 
 
 
73 
A Bênção da Graça Perdoadora 
 
Se nada mais fosse dito além das coisas 
referidas nos capítulos anteriores ao 30º do livro 
de Deuteronômio, e o livro fosse fechado com as 
palavras do capítulo precedente (29º), não 
haveria nenhuma esperança para Israel 
prosseguir como povo da aliança feita com 
Abraão, Isaque e Jacó, e mesmo da aliança feita 
com eles no Sinai, porque a maldição da Lei os 
baniria para sempre da presença de Deus 
quando invalidassem a aliança com os seus 
pecados. 
Entretanto, o capítulo 30º de Deuteronômio é 
iniciado com a promessa de Deus de usar de 
misericórdia para com eles, quando na terra do 
seu cativeiro eles se voltassem arrependidos de 
seus pecados para Ele. 
A Lei colocou diante deles a escolha da bênção 
ou da maldição, conforme o seu 
comportamento diante do Senhor e dos Seus 
mandamentos. 
Haveria bênçãos no caso de obediência, e 
maldições no caso de desobediência. 
Servir ou não a Deus não seria uma opção que 
não afetaria as suas vidas. 
74 
Ao contrário, seria uma questão de vida ou de 
morte. 
A Aliança que eles fizeram com o Senhor não 
gerou um compromisso de serem meramente 
religiosos, mas um compromisso que afetaria 
profundamente o rumo das suas vidas; quer 
para o bem, quer para o mal. 
O bem por escolherem ouvir o Senhor e 
guardarem os Seus mandamentos, e o mal, em 
caso contrário. 
Mas eles são lembrados que não estavam diante 
de um Deus inflexível e implacável, pois Ele 
sabia perfeitamente que o homem é carnal e 
dado a se desviar dos Seus caminhos, e não 
andará neles caso não seja assistido pela Sua 
graça e misericórdia, e também pelo temor que 
Lhe é devido. 
Assim como Ele disse que não destruiria mais a 
terra com as águas do dilúvio, por saber que o 
homem é carnal; de igual modo Ele fez 
promessas de misericórdia para que Israel 
pudesse retornar para Ele depois que eles Lhe 
tivessem voltado as costas para servirem a 
outros deuses. 
Ele aceitaria a esposa infiel de volta, desde que 
esta deixasse os seus amantes e voltasse para o 
Seu marido. 
75 
O Senhor sabia em todo o tempo que estava 
entrando em aliança com uma esposa que lhe 
seria infiel em várias ocasiões, mas nem por isso 
deixou de desposá-la (a nação de Israel) porque 
a amava. 
De igual modo, os cristãos da Igreja de Cristo, 
apesar de suas infidelidades para com o Senhor, 
não podem romper o laço matrimonial que têm 
com Ele porque são laços indissolúveis em razão 
da perfeita fidelidade do Senhor, que 
permanece fiel ao que nos tem prometido, 
apesar da nossa infidelidade. 
Afinal, foram libertados da escravidão ao 
pecado, por Cristo, para viverem em obediência 
completa a Deus, mas como carregam a 
fraqueza da carne neste mundo, há esta ação da 
misericórdia restauradora do Senhor operando 
em suas vidas para serem curados de suas 
apostasias e pecados. 
 
Por esta promessa de misericórdia e 
restauração da Antiga Aliança, vemos que o 
caráter de Deus é realmente perdoador e 
compassivo. 
Nenhum pecador, por pior que seja, poderá se 
desculpar em juízo de não ter alcançado a 
salvação, porque a misericórdia do Senhor é 
infinita. 
76 
Ele tem prometido que usa de misericórdia com 
qualquer um, independentemente de seus 
méritos. 
Isto significa que ninguém poderá impugnar a 
decisão de Deus de usar de misericórdia para 
com o pior dos pecadores, porque Ele 
determinou em Sua Soberania usar de 
misericórdia com quem Ele quisesse, isto é, 
conforme a Sua própria vontade, e nada mais. 
Ninguém poderá se desculpar pelo fato de se ter 
desviado e não ter buscado reconciliação com o 
Senhor e com a Sua Igreja, porque ninguém está 
excluído de alcançar misericórdia quando se 
arrepende e se volta para Deus. 
O verso 10 fala de conversão e do modo desta 
conversão: 
 
“quando obedeceres à voz do Senhor teu Deus, 
guardando os seus mandamentos e os seus 
estatutos, escritos neste livro da lei; quando te 
converteres ao Senhor teu Deus de todo o teu 
coração e de toda a tua alma.” 
 
Os versos 11 a 14 falam da possibilidade e alcance 
próximo desta conversão, uma vez que a 
vontade revelada de Deus é conhecida na Sua 
Palavra, e o que crê na Palavra do Senhor e se 
dispõe a obedecê-la, será salvo. 
Estas palavras de Moisés citadas nos versos 11 a 
14 são usadas pelo apóstolo Paulo em Rom 10.6-
8 para se referir ao evangelho de Cristo, que 
77 
salva mediante a mesma conversão em se dizer 
não ao pecado e se voltar para Deus e para a Sua 
Palavra: 
“Porque este mandamento, que eu hoje te 
ordeno, não te é difícil demais, nem tampouco 
está longe de ti. Não está no céu para dizeres: 
Quem subirá por nós ao céu, e no-lo trará, e no-
lo fará ouvir, para que o cumpramos? Nem está 
além do mar, para dizeres: Quem passará por 
nós além do mar, e no-lo trará, e no-lo fará ouvir, 
para que o cumpramos? Mas a palavra está mui 
perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a 
cumprires.” (Rom 10.11 a 14). 
O que tanto Moisés quanto Paulo querem se 
referir é que a Palavra de Deus para a salvação já 
foi revelada por Ele de uma vez para sempre e 
está registrada na Bíblia.