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Transtorno do Espectro Autista

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA
Neurologia
Recife, Agosto de 2021
Transtorno do Espectro Autista (TEA)
1. Definição
O transtorno do espectro autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento infantil que compromete as habilidades sociais e comunicativas dos indivíduos que estão dentro do espectro. O autismo é um transtorno definido pelo comportamento, caracterizado por deficiências qualitativas na comunicação social, interação social e imaginação social, com uma gama restrita de interesses e comportamentos repetitivos e maneirismos frequentemente estereotipados. Hipossensibilidades sensoriais ou hipersensibilidades ao ambiente são características comuns. 
O autismo é um transtorno do desenvolvimento evidente desde a infância, sua prevalência global é estimada em 1 a cada 160 crianças. No entanto, sua identificação clínica requer um diagnóstico complexo e especializado. Os relatos de preocupação dos pais datam a partir dos dois primeiros anos de vida da criança, quando ela começa a apresentar alguns sinais característicos do autismo como: comportamentos repetitivos e interesses restritivos, não responder quando chamado pelo nome, não olhar nos olhos de outra pessoa, ter uma socialização limitada e apresentar dificuldade com a linguagem ou de expressar seus sentimentos através da fala. É a partir daí onde muitos pais procuram orientação profissional e maioria dos diagnósticos são dados.
A dificuldade de comunicação e socialização é um problema que tende a permanecer por toda vida. No entanto, o padrão de neurodesenvolvimento pode ser alterado de acordo com o grau de prejuízo cognitivo — indivíduos com prejuízo cognitivo grave têm menor probabilidade de desenvolver linguagem e maior chance de apresentar comportamentos de autoagressão — mas, em geral, a maioria dos indivíduos tende a se desenvolver melhor com a idade quando recebe o tratamento apropriado. A causa do TEA não é bem compreendida e sua etiologia é complexa, envolvendo fatores genéticos e ambientais como: insultos pré-natais, como infecção por rubéola, distúrbios metabólicos não tratados, como fenilcetonúria, anticonvulsivantes tomados na gravidez, lesões localizadas como na esclerose tuberosa e pós-natal e é provável que vários genes estejam envolvidos e os estudos de ligação identificaram possíveis genes candidatos nos cromossomos 2q, 7q, 16p e 19p.
2. Alguns sinais de alerta de possível TEA
· Falta de sorriso social;
· Atenção insuficiente;
· Interação social prejudicada;
· Falta de expressão;
· Falta de contato visual;
· Ignora as pessoas;
· Prefere a solidão;
· Incapacidade de brincar com outras crianças;
· Atraso na linguagem;
· Sensibilidade excessiva ao som ou ao toque;
· Fala de interesse por outras crianças;
· Variedade limitada de brincadeiras.
3. Diagnóstico 
O autismo era anteriormente reconhecido principalmente em indivíduos com níveis graves de deficiência, muitas vezes com deficiência intelectual. Hoje, compreende-se que as dificuldades básicas do autismo podem se manifestar de diversas formas e gravidade — podendo haver deficiência intelectual ou não. A identificação precoce do perfil de forças e dificuldades de uma criança, com oportunidades para realizar intervenções apropriadas e direcionadas, provavelmente reduzirá o risco de dificuldades comportamentais secundárias adicionais e, assim, ajudará a criança a maximizar seu potencial futuro. 
Apesar da base orgânica do transtorno, os critérios diagnósticos foram derivados por consenso, ao invés de ser de base orgânica; nenhum “teste” biológico existe para o autismo. Os pontos de corte de diagnóstico têm sido difíceis de definir, porque a manifestação das principais deficiências e comportamentos do autismo variam muito de pessoa para pessoa. O diagnóstico do autismo é essencialmente clínico, realizado por meio de observação direta do comportamento do paciente e de uma entrevista com os pais ou cuidadores. 
Os instrumentos diagnósticos atuais abordam diretamente os aspectos sociais e emocionais da síndrome. No entanto, o controle motor sustenta o envolvimento social, a expressão emocional e o desenvolvimento cognitivo, e crianças com TEA apresentam um claro déficit de movimento observável desde o nascimento e evidente ao longo da vida. O diagnóstico preciso não é uma tarefa fácil para o profissional, já que pode haver problemas para distinguir entre crianças com autismo e crianças não-verbais com déficits de aprendizado ou prejuízo da linguagem. No entanto, aos três anos de idade, as crianças tendem a preencher os critérios de autismo em uma variedade de medidas diagnósticas. Atualmente, existem vários instrumentos que podem ser utilizados em crianças em diferentes estágios da vida, tais como: Checklist for Autism in Toddlers (CHAT); Pervasive Developmental Disorders Screening Test (PDDST); Screening Tool for Autism in two year old, Checklist for Autism in Toddlers-23 (CHAT-23) e Modified Checklist for Autism in Toddlers (M-CHAT).
3.1 Importância do diagnóstico precoce
Os melhores preditores do desenvolvimento subsequente são tanto o nível de comunicação quanto as habilidades cognitivas durante os anos pré-escolares. Desta forma, há razões suficientes para aumentar os esforços na identificação e intervenção para crianças com autismo, o mais precocemente possível. Porém, o diagnóstico no período pré-escolar é muito raro e isso deve-se, parte, a falta de conhecimento sobre o desenvolvimento normal de crianças. Visto que, as maiores preocupações acerca do desenvolvimento de crianças autistas surgem a partir do atraso da fala. 
Atrasos desnecessários no diagnóstico têm implicações práticas importantes, já que o desenvolvimento de estratégias de comunicação efetivas, ainda que simples, em um estágio precoce da vida, auxiliam a prevenir piores prognósticos. Além disso, o diagnóstico precoce também pode proporcionar a família a oportunidade de se adequar o quanto antes as limitações e comportamentos da criança e desencadear recursos necessários, quando possível, para um melhor tratamento profissional.
Embora o diagnóstico e a intervenção precoces pareçam oferecer a melhor chance de melhoria significativa da saúde, o diagnóstico do autismo permanece complexo e muitas vezes difícil de obter. Atualmente, conta com experiência médica especializada, com instrumentação de diagnóstico que depende da codificação interpretativa das observações da criança, entrevistas com os pais e testes manuais. Esses instrumentos são demorados e clinicamente exigentes. Dessa forma, o diagnóstico médico pode ser retido por muitos anos devido aos tempos de lista de espera ou incerteza no ajuste do diagnóstico clínico. Entretanto, a incerteza diagnóstica não deve excluir uma criança dos primeiros programas de intervenção social / comunicação. Visto que, a intervenção precoce aumenta as chances de um melhor desenvolvimento da criança que está dentro do espectro autista.
3.2 Diagnóstico diferencial
Os diagnósticos diferenciais podem incluir atraso global no desenvolvimento, problemas auditivos ou distúrbios específicos de linguagem. Prejuízos nos primeiros comportamentos comunicativos sociais aos 2 anos de idade podem ajudar a distinguir entre os itens acima. É importante notar que exemplos isolados de brincadeiras de faz de conta, mudança de olhar e comportamento imitativo não podem descartar um diagnóstico de TEA.
4. Tratamento 
Alguns autores afirmam que, o planejamento do tratamento deve ser estruturado de acordo com as etapas de vida do paciente. Portanto, com crianças pequenas, a prioridade deveria ser terapia da fala, da interação social/linguagem, educação especial e suporte familiar. Já com adolescentes, os alvos seriam os grupos de habilidades sociais, terapia ocupacional e sexualidade. Com adultos, questões como as opções de moradia e tutela deveriam ser focadas. Aparentemente, não existe uma única abordagem que seja totalmente eficaz para todas as crianças, em todas as diferentes etapas da vida. Ou seja, uma intervençãoespecífica que pode ter um bom resultado em certo período de tempo (anos pré-escolares) pode apresentar eficácia diferente nos anos seguintes (adolescência). Outra questão que se deve ter em mente é a necessidade de focar em toda a família e não somente no indivíduo com transtorno invasivo do desenvolvimento.
A literatura também salienta quatro alvos básicos de qualquer tratamento:
· Estimular o desenvolvimento social e comunicativo.
A maioria das crianças autistas apresenta dificuldades de compreensão de linguagem abstrata ou dificuldade para lidar com sequências complexas de instruções que necessitam ser decompostas em unidades menores. Crianças com grande déficit em sua habilidade de comunicação verbal podem requerer alguma forma de comunicação alternativa. A escolha apropriada do sistema depende das habilidades da criança e do grau de comprometimento. Sistemas de sinais têm sido amplamente utilizados nesses casos, como o de Makaton, por exemplo, que incorpora símbolos e sinais. Este recurso é amplamente utilizado no Reino Unido, ainda que a evidência de melhora significativa na comunicação de crianças autistas seja limitada.
· Aprimorar o aprendizado e a capacidade de solucionar problemas. 
Alguns estudos sugerem que, com educação apropriada, mais crianças autistas são capazes de utilizar as habilidades intelectuais que possuem para avançar em níveis acadêmicos. Os estudos sobre programas de ensino demonstram a importância da organização do ambiente, do uso de pistas visuais e o trabalho com base nas habilidades prévias da criança, em vez de focar na tentativa de superar os principais déficits do autismo. Há evidência de que prover educação formal de forma precoce a partir dos dois aos quatro anos, aliada à integração de todos os profissionais envolvidos, é a abordagem terapêutica mais efetiva. 
· Diminuir comportamentos que interferem com o aprendizado e com o acesso às oportunidades de experiências do cotidiano. 
É importante que a modificação de comportamentos desafiador esse já feita gradualmente, sendo a redução da ansiedade e do sofrimento o objetivo principal. Existem algumas diretrizes úteis, incluindo o estabelecimento de regras claras e consistentes (quando o comportamento não é admitido ou permitido); modificação gradativa; identificação de funções subjacentes, tais como ansiedade ou incerteza; modificações ambientais (mudança nas atitudes ou tornar a situação mais previsível) e transformação das obsessões em atividades adaptativas.
· Ajudar as famílias a lidarem com o autismo. 
Mães das crianças com autismo apresentam estresse e depressão significativamente mais elevados, além de intimidade matrimonial menor do que as mães de crianças com desenvolvimento típico e mães de crianças com síndrome de Down. A identificação das preocupações parentais e o fornecimento de suporte são cruciais, pois o estresse parental pode afetar o desenvolvimento da criança. Chamou-se a atenção para a importância de aconselhar os pais sobre as vantagens e desvantagens relativas a diferentes tratamentos. Ainda que seja importante não parecer tão pessimista, existe também a necessidade de demonstrar que os tratamentos diferem em seus fundamentos e que avaliações sistemáticas ainda têm que ser demonstradas para a maioria deles.

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